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Resenha Theory meets reality

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Universidade de Brasília - FT - EFL 
Conservação de Recursos Naturais - ECL0010 
Professor Carlos Henke de Oliveira 
Ana Maria Rodrigues dos Santos - 19/0097485 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resenha crítica 
Theory meets reality: How habitat fragmentation research has transcended island 
biogeographic theory (Laurance, William 2008) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília, 2023 
Inicialmente, o artigo discute a influência da teoria biogeográfica de ilhas, 
desenvolvida por MacArthur e Wilson em 1963 e 1967, nas áreas de biogeografia, 
ecologia, evolução e conservação biológica. A teoria teve um impacto significativo no 
estudo da diversidade de espécies, especialmente em relação ao tamanho das reservas e à 
conectividade na manutenção da diversidade. No entanto, é argumentado que a IBT é uma 
simplificação da realidade, capturando apenas alguns elementos importantes de um 
sistema e ignorando outros. O autor avalia criticamente a utilidade conceitual e as 
limitações da IBT no estudo de ecossistemas fragmentados. 
O autor faz uma breve revisão histórica sobre como a IBT moldou o pensamento 
sobre a fragmentação do habitat nas últimas quatro décadas. No entanto, destaca que a 
pesquisa sobre fragmentação de habitats transcendeu a teoria, utilizando descobertas de 
uma variedade de ecossistemas terrestres. Isso implica que a pesquisa atual não se limita 
mais aos princípios da IBT, mas considera uma série de fatores adicionais que afetam a 
fragmentação do habitat e suas consequências ecológicas. 
A IBT despertou a conscientização sobre a importância da conservação da 
natureza. Grandes reservas contêm mais espécies, perdem espécies mais lentamente e 
sofrem menos efeitos negativos do isolamento do habitat em comparação com reservas 
menores. A vantagem principal, de acordo com a IBT, é que as espécies individuais podem 
manter populações maiores em áreas grandes, e populações grandes têm menos extinções 
locais do que populações pequenas. Grandes reservas também são melhores para 
preservar a gama completa de comunidades sucessionais e dinâmicas de manchas nos 
ecossistemas. A importância presumida das extinções dependentes da área deu origem a 
termos evocativos, como "supersaturação", "relaxamento de espécies", "colapso 
faunístico" e "decadência do ecossistema", que ajudaram a reforçar a importância da 
vastidão na imaginação científica e popular. 
A teoria também refinou o entendimento do isolamento do habitat. O isolamento 
é ruim, a conectividade é boa. Se um pouco de isolamento é prejudicial, então muito 
isolamento é ainda pior. Portanto, reservas isoladas de outras áreas de habitat por grandes 
extensões de paisagem degradada e hostil sustentarão menos espécies de conservação do 
que aquelas mais próximas a habitats intactos. Isso ocorre por duas razões: reservas 
fracamente isoladas são facilmente colonizadas por novas espécies e recebem imigrantes 
cujas contribuições genéticas e demográficas podem reduzir as taxas de extinção local 
dentro da reserva. 
A teoria biogeográfica de ilhas estimulou uma ampla gama de pesquisas em 
ecossistemas insulares e nos ensinou muito sobre fragmentação do habitat. No entanto, 
em um sentido estrito, ela tem uma relevância limitada para a fragmentação, pois não 
considera alguns dos fenômenos mais importantes em paisagens fragmentadas. 
A conversão de habitats não ocorre de maneira aleatória. Os agricultores 
preferem desmatar áreas planas em terras baixas com solos produtivos e bem drenados. 
A perda de habitat também se espalha de forma contagiosa, com áreas próximas a 
rodovias e cidades sendo desmatadas mais rapidamente do que as mais distantes dos 
assentamentos humanos. Na Amazônia brasileira, por exemplo, a maior parte do 
desmatamento ocorre em uma faixa de 50 km ao longo das estradas. Devido a esse 
desmatamento não aleatório, os remanescentes de habitat são frequentemente encontrados 
em áreas íngremes, solos mais pobres, altitudes mais elevadas e terras parcialmente 
inundadas. Além disso, os fragmentos de habitat próximos a estradas e cidades tendem a 
ser mais antigos, isolados e menores do que os localizados mais distantes, onde a 
destruição do habitat é mais recente. A influência da perda não aleatória de habitat em 
comunidades fragmentadas tem sido pouco estudada, mas evidências sugerem que as 
curvas espécies-área subestimam a extensão das extinções quando o desmatamento ocorre 
de forma contagiosa, como é comum. Independentemente disso, é importante reconhecer 
que a biota dos fragmentos de habitat provavelmente já foi afetada pela perda não 
aleatória de habitat muito antes dos efeitos da fragmentação se manifestarem. 
A fragmentação do habitat envolve a redução da quantidade total de habitat 
original na paisagem e a divisão do habitat remanescente em fragmentos de tamanhos e 
graus de isolamento variados. Distinguir os impactos desses processos na biodiversidade 
é desafiador, pois geralmente estão interligados. Em paisagens com grande 
desmatamento, os fragmentos remanescentes tendem a ser pequenos e isolados, enquanto 
em paisagens com pouco desmatamento, ocorre o oposto. Portanto, os declínios na 
biodiversidade observados em paisagens fragmentadas podem ser mais resultado da perda 
de habitat do que da própria fragmentação do habitat. 
A Teoria enfatiza análises na escala de fragmentos individuais, mas a melhor 
maneira de quantificar a importância relativa da perda de habitat em comparação com a 
fragmentação é conduzir análises comparativas em escala de paisagem. Estudos mostram 
que a perda de habitat geralmente tem efeitos mais fortes na biodiversidade do que a 
fragmentação em si, embora haja incertezas, especialmente em relação a florestas 
tropicais. Pesquisadores têm tentado distinguir os efeitos da perda de habitat e da 
fragmentação por meio de experimentos controlados e comparações entre diferentes 
paisagens, buscando índices de fragmentação não correlacionados com a quantidade de 
habitat em cada paisagem. Os resultados têm sido variados, e compreender os efeitos 
complexos da perda de habitat e fragmentação ainda é um desafio para aqueles que 
buscam entender os mecanismos da perda de biodiversidade em paisagens fragmentadas. 
Os efeitos de borda são fenômenos físicos e biológicos que ocorrem nas 
fronteiras artificiais dos fragmentos de habitat. Eles envolvem a proliferação de vegetação 
intolerante à sombra, mudanças no microclima e regimes de luz, "chuva de sementes" 
invasoras e animais provenientes de habitats externos, aumento de mortalidade de árvores 
devido a ventos mais fortes, impacto de predadores generalistas, competidores e parasitas 
em aves e mamíferos florestais. Esses efeitos alteram a estrutura, o microclima, a 
dinâmica e a composição de espécies nos ecossistemas fragmentados. 
No entanto, a Teoria da Biogeografia de Ilhas (IBT) não considera esses efeitos 
de borda, pois assume que a biota nos fragmentos é influenciada apenas pela colonização 
e extinção. Os efeitos de borda são particularmente importantes em fragmentos de 
florestas densas, onde o microclima escuro e úmido contrasta com as condições secas, 
duras e ventosas dos habitats abertos circundantes. Distinguir os efeitos de borda e os 
efeitos de área em estudos de fragmentação é desafiador, pois os efeitos de borda 
aumentam em intensidade à medida que o tamanho do fragmento diminui, havendo uma 
correlação confusa entre esses efeitos em paisagens fragmentadas. 
Compreender os efeitos de borda é relevante porque os modelos de efeito de 
borda têm previsões diferentes da IBT sobre os efeitos da fragmentação nos ecossistemas 
e na biota. Esses modelos preveem grandes mudanças ecológicas em fragmentos de 
diferentes tamanhos e formatos, ao longo das margens, mesmo em fragmentos grandes, e 
especialmente em áreas com múltiplas bordas próximas. Esses modelos também 
fornecem previsões sobre as respostasdas espécies à fragmentação, como a correlação 
das abundâncias de espécies de florestas interiores com áreas centrais não alteradas dos 
fragmentos, a correlação de espécies especialistas de borda com o comprimento total das 
bordas dos fragmentos e a correlação de espécies insensíveis aos efeitos de borda, mas 
dependentes de habitats primários, com a área total dos fragmentos. 
A Teoria da Biogeografia de Ilhas (IBT) tem sido amplamente utilizada para 
compreender os efeitos da fragmentação florestal, mas apresenta uma limitação 
significativa ao ignorar a influência da matriz de terras modificadas que cercam os 
fragmentos. Esse texto destaca a importância da matriz na conectividade dos fragmentos 
e como ela afeta a composição de espécies e os efeitos de borda. 
A matriz, que pode ser composta por diferentes tipos de paisagens modificadas, 
exerce uma influência significativa na sobrevivência e no deslocamento das espécies 
nativas. Matrizes com estrutura e microclima diferentes do habitat primário tendem a ser 
mais hostis às espécies nativas. Por exemplo, na Amazônia, fragmentos florestais 
cercados por pastagens de gado sofrem perdas de espécies muito maiores em comparação 
com aqueles cercados por floresta em regeneração. No entanto, algumas espécies, como 
primatas, pássaros formadores de bandos e abelhas euglossinas, são capazes de 
recolonizar fragmentos à medida que a floresta secundária jovem se regenera ao redor 
deles. A caça intensiva nas áreas da matriz pode criar um efeito de "sumidouro 
populacional" para espécies exploradas ou perseguidas, prejudicando ainda mais as 
populações locais. 
Além disso, a matriz também influencia a natureza e a magnitude dos efeitos de 
borda nos fragmentos. Fragmentos cercados por floresta em regeneração tendem a 
experimentar mudanças menos intensas no microclima e menor mortalidade de árvores 
relacionada à borda em comparação com fragmentos adjacentes a pastagens de gado. A 
evitação de borda por aves que habitam o interior da floresta também é reduzida quando 
os fragmentos estão próximos a áreas em regeneração. Os padrões de regeneração de 
plantas nos fragmentos florestais também são influenciados pela composição de espécies 
da matriz, pois os fragmentos podem receber uma grande quantidade de sementes 
provenientes da matriz próxima. 
Essas descobertas destacam a importância de considerar a matriz ao estudar a 
fragmentação florestal, pois ela desempenha um papel crucial na conectividade dos 
fragmentos, na composição de espécies e nos efeitos de borda. Ignorar a influência da 
matriz pode levar a uma compreensão incompleta dos efeitos da fragmentação e 
comprometer estratégias de conservação eficazes. 
A resenha analisa a importância da Teoria da Biogeografia de Ilhas (IBT) na 
ecologia contemporânea, destacando-a como uma das teorias mais relevantes e elegantes. 
A IBT fornece um arcabouço conceitual fundamental para compreender a fragmentação 
de habitats e continua sendo uma referência para os pesquisadores atualmente. A teoria 
estimulou muitas pesquisas, impulsionando significativamente o estudo de habitats 
fragmentados e insulares. 
No entanto, o artigo reconhece que o estudo dos ecossistemas fragmentados se 
expandiu além dos limites da IBT. Com uma visão retrospectiva, a teoria pode parecer 
simplista a ponto de parecer caricatural e não aborda alguns dos fenômenos mais 
importantes que afetam as paisagens fragmentadas. Atualmente, a pesquisa sobre 
fragmentação é diversificada e abrange uma ampla gama de subdisciplinas, como 
ecologia de paisagem, dinâmica de metapopulações, genética da conservação e análise de 
viabilidade populacional. Embora todos os pesquisadores dessas áreas reconheçam a 
importância das percepções iniciais da IBT, a pesquisa sobre fragmentação avançou além 
do escopo original da teoria. 
Ademais, reconhece a importância histórica e a influência duradoura da IBT no 
campo da ecologia, especialmente no estudo da fragmentação de habitats. No entanto, 
destaca que a pesquisa atual sobre fragmentação se expandiu consideravelmente, 
incorporando uma variedade de disciplinas e perspectivas, abordando fenômenos e 
conceitos que vão além do escopo original da IBT. O trabalho sugere que a IBT 
estabeleceu as bases para a compreensão da fragmentação, mas agora é necessário 
avançar e explorar abordagens mais abrangentes e integrativas para compreender a 
complexidade desses ecossistemas fragmentados. 
 
Referências Bibliográficas 
Laurence, Willian. Theory meets reality: How habitat fragmentation research has 
transcended island biogeographic theory. ELSEVIER/BIOLOGICAL CONSERVATION, 
2008. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/journal/biological-conservation. 
Acesso em junho de 2023 
https://www.sciencedirect.com/journal/biological-conservation

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