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Propriedade Intelectual- concorrência desleal

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA- UNEB
CAMPUS IV JACOBINA
ANDRESSA SANTANA DA SILVA
DIAGNE VITÓRIA XAVIER
DIEGO CRUZ
NATÁLIA INGRID SILVA
YASMIN SENA
STEFANY CARVALHO
Concorrência Desleal e Propriedade Intelectual: Como a propriedade
intelectual está relacionada às práticas de concorrência desleal
Trabalho apresentado como requisito
parcial para obtenção de nota no
componente curricular Propriedade
Intelectual do curso de Direito da UNEB.
Docente: Rildo Santos
Jacobina-BA
I- Introdução
● Propriedade Intelectual
A Propriedade Intelectual surge como uma importante ferramenta constante
do Direito que protege tudo o que provém da criatividade dos seres humanos. Tal
ramo ganhou importante dimensão e discussão na sociedade contemporânea, a
medida em que fornece a proteção para bens imateriais formados pela arte,
literatura, ciência e tecnologia.
Segundo a Convenção da Organização Mundial da Propriedade intelectual, a
define como “a proteção aos direitos relacionados às criações artísticas, literárias,
científicas, e invenções, marcas, desenhos industriais, e muitos outros”.
No que tange a obras intelectuais, estas estão definidas na Lei que versa
sobre Direitos autorais (Lei no. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998) como:
Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do
espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer
suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no
futuro.
II- Concorrência na propriedade intelectual;
A concorrência é um vetor de fundamental importância para a manutenção do
equilíbrio do livre comércio nas mais diversas áreas. Na Propriedade Intelectual,
pode ser visto como uma forma de garantir exclusividade do produto e da
remuneração por este.
Por muito tempo, essa dicotomia colocou a exclusividade da Propriedade
Intelectual como opositora da livre concorrência, mas esse antagonismo tem perdido
as forças no cenário econômico atual, uma vez que embora sejam institutos
diferentes, visam, basicamente a mesma finalidade, que é a aprimoração e incentivo
de produtos e serviços. O que acontece, apenas, é a diferença pelo meio que isso
se dá.
Não há qualquer razão em argumentos que alegam que a exclusividade da
Propriedade Intelectual possa opor qualquer obstáculo ao crescimento comercial,
principalmente o tecnológico, visto que sua linha do tempo demonstra exatamente o
contrário.
A partir de 2001, a United States Patent Office (USPTO) notou-se que o
número de patentes ultrapassou o dobrou, assim como as ações judiciais que as
envolviam. Revelando que, na verdade, houve um impulsionamento nessas
vertentes. Além disso, a tecnologia é também foi abraçada pelas criações da
Propriedade Intelectual, se mostrando como um importante pilar para o equilíbrio e
crescimento econômico, tal qual a concorrência.
III- O princípio da livre concorrência
O princípio da livre concorrência, está previsto no art. 170 da Constituição
Federal de 1988, em seu inciso IV, sendo, um dos princípios da ordem econômica e
financeira, como desdobramento do princípio da liberdade de iniciativa, presente no
“caput” do mesmo artigo:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital
nacional de pequeno porte.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos
públicos, salvo nos casos previstos em lei.
A livre concorrência baseia-se na premissa de que diferentes empresas e
empreendedores podem e devem ter liberdade para competirem na comercialização
de produtos e serviços oferecidos aos consumidores, de forma que, seja
assegurado o funcionamento eficiente do mercado, promovendo a inovação, a
eficiência na produção e a melhoria da qualidade desses produtos e serviços.
Ademais, tal princípio é uma forma de proteção aos usuários/consumidores, pois a
competição entre as empresas permite preços mais baixos e uma maior variedade
de produtos e serviços disponíveis.
O princípio aqui discutido, assegura a oportunidade igualitária para todos os
agentes, com o intuito de coibir a concentração do poder econômico nas mãos de
poucos empresários. Como forma de garantir a livre concorrência é necessário que
não existam práticas anticompetitivas, práticas de dumping ou acordos de
exclusividade que limitem a entrada de novos concorrentes.
Em 2011, foi promulgada a Lei 12. 529, em 30 de novembro, estruturando o
Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência - SBDC que é formado pelo CADE e
pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério, com atribuições
previstas na legislação, cujos objetivos estão dispostos no art. 1 da referida lei:
Art. 1º- dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações
contra a ordem econômica, orientada pelos ditames
constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência,
função social da propriedade, defesa dos consumidores e
repressão ao abuso do poder econômico.
Parágrafo único. A coletividade é a titular dos bens jurídicos
protegidos por esta Lei.
Os mecanismos para que a livre concorrência se mantenha nos limites
estabelecidos pela Lei, são fiscalizados pelo Conselho Administrativo de Defesa
Econômica - CADE e pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério
da Fazenda, com as atribuições previstas na referida Lei. O Cade é uma entidade
judicante com jurisdição em todo o território nacional, que se constitui em autarquia
federal, vinculada ao Ministério da Justiça, com sede e foro no Distrito Federal, e
competências previstas na lei.
IV- Concorrência Leal
A concorrência leal pode ser definida como a concorrência legal, permitida
constitucionalmente e amparada pelo Estado. É por meio dela que se assegura a
disputa saudável entre as empresas e indústrias, viabilizando o andamento do
mercado financeiro para que os consumidores não fiquem prejudicados ou à mercê
do monopólio de bens e serviços.
As empresas que vendem o mesmo produto ou oferecem o mesmo serviço
são incentivadas a promover a concorrência justa e aberta no mercado, estimulando
a busca por eficiência e qualidade, favorecendo o desenvolvimento econômico e o
bem-estar social, fazendo com que essas estejam em constante busca pelo avanço
tecnológico, aprimorando técnicas e fornecendo produtos de qualidade com preço
acessível ao consumidor. Por meio desta concorrência, as empresas se preocupam
em sempre serem melhores, para terem destaque e no fim, isso traz benefícios para
sociedade em geral.
Sabendo-se que a concorrência leal refere-se a um princípio de ética nos
negócios que visa garantir uma competição justa e equilibrada entre empresas, ela
também é um mecanismo que visa proteger os direitos de propriedade intelectual.
Nesse contexto, exige-se que as empresas respeitem e cumpram as leis de direitos
autorais, marcas registradas, patentes e segredos comerciais, evitando práticas
errôneas, como falsas alegações de qualidade ou publicidade enganosa, e não
devem se envolver em atividades fraudulentas ou desleais para obter uma
vantagem competitiva.
Alguns exemplos de como essas práticas podem ser evitadas no âmbito da
propriedade intelectual, é que haja respeito aos direitos autorais, evitando a
reprodução não autorizada de obras protegidas por tais direitos, pois a
desobediência de tal preceito configura uma violação da concorrência leal. Que não
ocorra o uso de outras marcas registradas sem autorização, evitando assim, a falsa
representação ou a confusão com marcas existentes já registradas no mercado.
Ademais, o uso não autorizadode uma invenção patenteada, devendo as
empresas, a caso necessário, obter licenças para utilizar as tecnologias
patenteadas.
No entanto, também é importante ressaltar que a livre concorrência não
significa a total ausência de regulação ou intervenção do Estado no mercado. Pelo
contrário, o Estado tem o papel de criar um ambiente propício para a concorrência,
estabelecendo regras claras, fiscalizando o cumprimento dessas regras e atuando
para correção de distorções que possam prejudicar a concorrência ou os
consumidores. A inobservância desses requisitos configurariam violação e na
maioria das vezes leva a uma concorrência desleal.
De acordo com ULHOA (2008), a diferenciação do dois tipos de concorrência-
leal e a desleal, não é uma tarefa simples de diferenciar, pois, para ele, o
empresário teria o intuito de prejudicar seus concorrentes, “retirando-lhes, total ou
parcialmente, fatias do mercado que haviam conquistado”, sendo assim, estaria
presente tanto na concorrência lícita, quanto na ilícita a intencionalidade de causar
dano para a outra empresa/indústria. O que irá distingui-las, é a forma que estas
são empregadas para ganhar consumidores.
V- Concorrência desleal- pressupostos
A propriedade intelectual está diretamente relacionada às práticas de
concorrência desleal, como a apropriação indébita de ideias e a falsificação de
produtos, pois a proteção dos direitos de propriedade intelectual visa garantir que os
criadores e detentores de determinada inovação, seja ela uma ideia, invenção,
marca ou obra autoral, tenham o direito exclusivo de explorar e comercializar esses
ativos.
GAMA CERQUEIRA aduz essa concorrência como sendo aquela praticada
por competidor que, agindo através de meios desonestos e contrários às boas
normas, prejudica os negócios alheios ou desviar clientela para proveito próprio.
Conforme disposto na Convenção de Paris art. 10 bis (2°p.) para a
configuração do ato de concorrência desleal é necessário que o ato seja “contrário
aos usos honestos em matéria industrial ou comercial”.
E para que ocorra a configuração como sendo ato desleal tem-se
caracterizado alguns elementos necessários ao conceito jurídico a que se refere a
concorrência e deslealdade. Majoritariamente, a doutrina apresenta
costumeiramente a efetividade, o mercado pertinente, atualidade, geografia e
reprovabilidade moral da conduta.
Efetividade diz respeito a maestria que um “jogador” tem de usurpar, desviar
os clientes do outro; Mercado pertinente se refere ao contexto de mercado em que
duas empresas devem estar inseridos. Ou seja, o mercado consumidor deve ser o
mesmo;
A atualidade denota que a competição entre os envolvidos deve está inserida
num mesmo contexto atual, temporal e espaço geográfico, disputando a mesma
clientela”. (IAMAUCHI, 2018) O espaço geográfico deve ser analisado relativizado,
sendo importante verificar se ocorre conflito geográfico no exercício dos agentes em
análise. Isso porque não há como comparar, por exemplo, a área de atuação de
uma pizzaria que atua num bairro, com uma empresa que fabrica a farinha, a qual
poderá disputar todo o mercado brasileiro.
Já referente a reprovabilidade moral da conduta, esta deve ser condenável
pelos bons costumes na realidade fática que está inserida. Nesse sentido, a
propriedade intelectual está relacionada às práticas de concorrência desleal de
várias maneiras. Pois, a concorrência desleal envolve práticas comerciais que são
consideradas antiéticas e injustas com relação à concorrência.
Para combater essas práticas de concorrência desleal, é essencial que os
detentores de propriedade intelectual registrem e protejam seus direitos por meio de
patentes, registros de marcas e direitos autorais. Além disso, é importante estar
atento às violações desses direitos e recorrer às medidas legais disponíveis para
fazer valer seus direitos, como ações judiciais por violação de propriedade
intelectual e denúncias a órgãos competentes. As leis de propriedade intelectual
variam de um país para outro, portanto, é necessário conhecer e obedecer às leis
de cada jurisdição em que se deseja proteger seus direitos.
VI - Instituto da concorrência desleal
A concorrência desleal é mesclada no ordenamento brasileiro como ilícito
penal e ilícito civil.
A Lei da Propriedade Industrial, n° 9.279/96 apresenta um rol classificatório
ao que se refere aos atos penais e civis ilícitos.
O art. 195 da lei supracitada, versa sobre os ilícitos penais, enquanto nos
arts. 207 a 209 os cíveis. Entretanto, faz-se necessário salientar que atos tidos
como mais graves, o direito pátrio os considera como crimes, enquanto os que não
são tidos como crime, são caracterizados como ilícito civil, ou seja, os menos
graves, estando sujeitos à reparação por danos e perdas.
A repressão na esfera cível possibilita que a parte lesada pela prática desleal
busque a composição dos danos sofridos. Também, importa apresentar que quando
o ato tem tipificação de crime na lei mencionada anteriormente, especificamente no
art. 195, é passível a reparação civil.
Além do mais, havendo o ato aparentemente criminoso, não estando
classificado na lei 9.279/96, ainda com fundamento no artigo 209 é cabível a
indenização civil.
A legislação de propriedade industrial é utilizada
especificamente contra atos de concorrência desleal, e
subsidiariamente, os magistrados fazem uso de conceitos
doutrinários e legislação de outros ramos do direito para
fundamentar suas decisões sobre questões de
concorrência. (IAMAUCHI, 2018).
VII - Atos de concorrência desleal
Como já dito anteriormente, os atos de concorrência desleal, na legislação
pátria, ora são considerados como ilícitos penais, ora como ilícitos civis. A Lei
9.279/96, a qual “regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial” traz
tanto os ilícitos penais (art. 195) quanto os civis (arts. 207 a 209). Dessa forma,
além de alguns atos serem tratados como crimes, eles podem ensejar reparação
por perdas e danos na forma do Código de Processo Civil Brasileiro.
Promover a concorrência desleal pode, portanto, trazer inúmeros impactos
aos autores, desde danos financeiros até danos à reputação da marca, além de
trazer riscos à saúde e integridade dos clientes.
É possível dividir os atos de concorrência desleal em:
● Atos que desviem a clientela: denigrem a empresa e seus produtos;
● Atos que criem confusão: aproveitam a imagem de outra empresa para
captar clientes (assemelhação indevida);
● Atos contrários à moral: ações que envolvam suborno de empregados ou
outras pessoas relacionadas à empresa;
Entre os atos caracterizados como concorrência desleal, podemos citar:
● Divulgar informação sigilosa, por exemplo segredos de negócio ou know how;
● Imitar na íntegra ou parte de um design que já seja patenteado;
● Divulgar falsa informação sobre um concorrente para obter alguma
vantagem;
● Apropriar-se indevidamente de um logotipo de outra marca com o intuito de
comercializar produtos;
VIII - Fontes de repressão à concorrência desleal
Sendo a concorrência desleal um ilícito, é preciso haver uma maneira de
repreendê-la e, assim, punir os infratores e tentar impedir que novos casos ocorram.
Isso precisa ser feito respeitando-se a livre concorrência, princípio previsto na
Constituição Federal de 1988.
Para que haja um combate efetivo à concorrência desleal, é preciso antes
distinguir bem o que é leal e o que é desleal.
A fonte de repressão presente no ordenamento jurídico brasileiro tem
embasamento na Lei 9.279/96. Como já citado anteriormente, esta lei indica
sanções penais e civis para quem cometer o ilícito. O art. 195 da lei supracitada
define a pena para os atos ilícitos cometidos, a saber, detenção, de 3 (três) meses a
1 (um) ano, ou multa. Já os arts. 207, 208 e 209 tratam das sanções civis,
elencando entre elas indenização e direito de “haver perdas e danos em
ressarcimento de prejuízos causados por atos de violação de direitos de
propriedade industriale atos de concorrência desleal não previstos nesta Lei”.
Ressalte-se que a ação criminal não impede que o prejudicado proponha ações
cíveis.
Algumas outras ações também são realizadas para impedir, por exemplo, a
circulação de produtos que ferem a concorrência leal:
● Busca e apreensão de produtos piratas, aqueles que imitam marcas famosas;
● Operações que tiram do ar sites piratas;
● Operações que visam desabilitar aplicativos que transmitem conteúdo pirata;
IX- Apropriação indébita;
Como já abordado ao longo do trabalho, a propriedade intelectual é um
instrumento que pode estimular a concorrência e incentivar inovações no mercado.
No entanto, nem sempre essa concorrência acontece de maneira saudável, como
visto no tópico anterior, existe por exemplo o fenômeno da concorrência desleal.
Essa concorrência desleal é simplesmente a prática industrial ou comercial
desonesta, um conjunto de condutas que, fraudulenta ou desonestamente, busca
gerar vantagens a uma determinada pessoa, em detrimento dos demais
concorrentes. Essa concorrência desleal configura-se apenas com a culpa do
agente, independentemente da sua intenção de causar dano ou não a outrem.
Dos atos que configuram a concorrência desleal podemos encontrar, dentre
outros, a indução ao erro, ou seja, a criação de uma falsa impressão sobre produtos
ou serviços; o descrédito aos concorrentes, ou seja, uma alegação falsa que faça
referência a um concorrente e possa lhe gerar prejuízos; e a obtenção de vantagem
sobre realizações de terceiro, o parasitismo.
Estes três atos supracitados, embora diretamente relacionados a aspectos
comerciais das relações de empresas, mercados de vendas/consumo e a disputa de
clientela, remetem-nos também a elementos e casos mais amplos onde está
presente a deslealdade, a proteção da propriedade intelectual e, em partes, o
fenômeno da concorrência. É o caso da apropriação indébita de ideias.
Genericamente, podemos conceituar “apropriação indébita” como a
apropriação de coisa alheia como se sua fosse, o ato de tornar seu alguma coisa
que é de outra pessoa, geralmente, com a intenção de obter vantagem própria.
Apenas com essa conceituação já podemos relacioná-la com as condutas
desonestas ou fraudulentas abordadas na concorrência desleal, porém, aqui essa
deslealdade passa a revelar-se na área das ideias, um campo intangível.
Suponhamos que no ambiente de trabalho, uma ideia nova de projeto ou
atividade foi debatida entre dois colegas, aquele que apenas ouviu as ponderações
levou o fato adiante, pôs em prática o que apenas estava em ideais, mas não deu
qualquer crédito ou mérito a quem realmente desenvolveu/criou a novidade,
usufruindo dos benefícios e eventuais promoções decorrentes do ato como se
pensamento e criação seu fosse. Nesse caso, em uma concorrência desleal nas
relações de trabalho em busca de vantagem competitiva, caberia responsabilização
ou consequências para o fato?
Na concorrência desleal comercial, a Lei 9.279/96, Lei de Propriedade
Industrial — LPI, definiria a prática como crime, previsto no artigo 195, gerando,
juntamente com o Código Civil, uma série de consequências ao antiético, como o
ressarcimento a eventuais danos, à reputação ou a imagem alheia. Atos
considerados mais graves, inclusive, poderiam ser são atribuídos como ilícito penal.
É neste ponto que reside a diferença entre a deslealdade competitiva comercial e a
ideal, ambas merecem a proteção da propriedade intelectual e autoral, e foram
submetidas a condutas desleais, no entanto, como campo ideal é mais abstrato,
carece de meios comprobatórios e por tanto, não encontra a mesma proteção.
Desta forma, o correto é compreender apropriação indébita de ideias como
uma apropriação indébita intelectual, ou seja, a indução ao erro sobre a criação, o
descrédito do autor ou obtenção de vantagem sobre realizações de terceiro, ainda
estão presentes, mas só deve ou podem ser protegidas quando já
materializadas/formalizadas, seja em meio material tangível ou digital.
Assim, se houver a concorrência desleal, a conduta antiética ou o famoso
plágio sobre a ideia autoral expressa de alguém, apropriação indébita sobre
escritos, ou reprodução não autorizada de trabalhos com o fim de auferimento de
vantagens pessoais dentro de um mesmo ambiente competitivo, nada impede que
possam incidir as garantias e a devida responsabilização cabíveis e previstas na
LPI.
Ademais, a apropriação indébita intelectual ainda deve ser visualizada de
forma expansiva, de modo a proteger os direitos autorais de todas as áreas da
criatividade (desde que já expressas ou consolidadas), como a produção de textos
literários, livros, música, teatro, ciências, cinema..., incidindo sobre elas demais
responsabilizações, como a prevista no artigo 184, § 1o do Código Penal.
Conclui-se que a propriedade intelectual existe para proteger os direitos dos
criadores e proprietários, e pode ser aplicada a muitos tipos de criações intelectuais.
O uso não autorizado ou ilegítimo de ideias, conceitos ou outros bens intangíveis de
alguém, sem o devido crédito ou permissão do autor, devem sempre ser reprimidos,
sejam em âmbito de concorrência desleal (dentro ou fora do mercado competitivo),
seja para a obtenção de vantagens e benefícios próprios, ou por simples plágio sem
finalidade específica. Há legislações pertinentes que garantem proteção e preveem
a respectiva responsabilização para aqueles que não respeitam o direito alheio.
X- Falsificação de produtos;
https://pt.wikipedia.org/wiki/Apropria%C3%A7%C3%A3o_ind%C3%A9bita
https://pt.wikipedia.org/wiki/Apropria%C3%A7%C3%A3o_ind%C3%A9bita
Com o fim de garantir o interesse social e promover o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País, a Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso
XXIX, garante ao autor de inventos industriais proteção à propriedade das marcas.
A propriedade da marca é adquirida por registro validamente expedido,
assegurando ao seu titular o uso exclusivo daquela marca registrada em todo o
território nacional. É por meio da marca que o consumidor identifica e adquire os
bens e serviços que pretende, sendo desta forma o instrumento fundamental para a
formação de clientela.
A proteção legal concedida a marca evita a confusão passível, que distancia
o consumidor da mercadoria ou serviço que busca, impedindo deste modo a
concorrência desleal decorrente do desvio de clientela.
É cediço que marcas conhecidas e cobiçadas mundialmente são alvo de
incessantes investidas de falsificadores, que importam ou fabricam produtos,
imitação dos produtos originais, com o intuito de enganar o consumidor e atrair a
clientela pertencente aos titulares. A falsificação dos produtos gera vulgarização e
depreciação da reputação comercial do titular da marca, o qual poderá pleitear,
judicialmente, reparação por esse dano.
A Lei da Propriedade Industrial tipifica as condutas de importar, vender,
oferecer ou expor à venda e ter em estoque produto assinalado com marca de
outrem, ilicitamente reproduzida, não exigindo que o comerciante também o tenha
fabricado.
Um estudo inédito realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil)
e pelo portal Meu Bolso Feliz que buscou entender como funciona o mercado de
réplicas e falsificados no Brasil e os motivos que levam o consumidor a esse tipo de
compra. A pesquisa revelou que 69% dos brasileiros já compraram produtos não
originais, isso representa que 45,3 milhões de pessoas já adquiriram réplicas ou
produtos falsificados, 48% dos entrevistados já foram enganados sobre a
legitimidade dos produtos na hora da compra. Ainda, segundo a mesma pesquisa,
os itens mais comercializados são roupas (39%), calçados (22%) e eletrônicos
(17%), a principal justificativa para a compra é o preço mais baixo.
Conforme dados do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade
(FNCP), em 2014, a soma dos prejuízos de 15 setores produtivos brasileiros
(vestuário, combustíveis, higiene pessoal, perfumaria e cosméticos,bebidas
alcoólicas, defensivos agrícolas, TV por assinatura, cigarros, material esportivo,
óculos, computadores de mesa, softwares, celulares, audiovisual, perfumes
importados e brinquedos) mais os impostos que deixaram de ser arrecadados pelo
governo atingiram R$ 100 bilhões em perdas. Em 2021, este número triplicou e
subiu para R$ 300 bilhões.
Neste sentido, além de afetar os detentores de marcas que passam a ter
sérios prejuízos com perda de mercado e prejuízos imensurável em decorrência da
depreciação da imagem da marca, a falsificação de produtos prejudica a própria
sociedade e o Estado na medida que se deixa de arrecadar milhões em tributos.
Sherwood (1999) aponta que em países onde há um regime positivo de
propriedade intelectual as empresas tendem a copiar de forma que se aproveite a
ideia do produto original, porém o melhore para que não seja idêntico e ilegal. Desta
forma, as empresas estão não apenas competindo de forma leal, como também
estão competindo melhor. Esse tipo de concorrência geralmente traz tecnologia
nova, melhoria de qualidade e segurança do produto.
Em um país onde o regime de propriedade intelectual é fraco, a cópia idêntica
do produto ou pirataria é recorrente, pois não há repressão eficaz contra essa
atividade (Sherwood, 1992: 158). O comércio de pirataria pode arruinar negócios
legítimos e por consistir em cópias baratas de produtos, não acrescenta nada de
inovador no mercado, não segue padrões de segurança e qualidade.
Portanto, além da concorrência desleal provocada pela pirataria prejudicar a
empresa concorrente, ela também prejudica o consumidor. Além de tudo isso,
acredita-se que a pirataria pode desestimular a empresa original a inovar, sobretudo
em países com fraco regime de proteção à Propriedade Intelectual, pois o
empreendedor estará condicionado a pensar que não obterá retorno para suas
inovações.
REFERÊNCIAS:
A balança da inovação entre o direito concorrencial e a propriedade
intelectual. Disponível em:
<https://www.jota.info/coberturas-especiais/inovacao-e-pesquisa/a-balanca-da-inova
cao-entre-o-direito-concorrencial-e-a-propriedade-intelectual-28102022>. Acesso
em: 27 nov. 2023.
A concorrência desleal no Brasil: características e sanções. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/a-concorrencia-desleal-no-brasil-caracteristicas-
e-sancoes/308558907. Acesso em: 28 nov. 2023.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado
Federal, 2023. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 24
BRASIL. Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9279.htm. Acesso em 29 nov. 2023.
nov 2023.
Concorrência desleal. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/concorrencia-desleal/180443426. Acesso em:
28 nov. 2023.
WHAT IS Intellectual Property (IP)? Disponível em:
https://www.wipo.int/about-ip/en/. Acesso em: 29 nov. 2023.
DUARTE, Melissa F.; BRAGA, Prestes C. Propriedade intelectual: Grupo A, 2018.
E-book. ISBN 9788595023239. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595023239/. Acesso em: 28
nov. 2023.
SHERWOOD, R. M. Propriedade Intelectual e Desenvolvimento Econômico. São
Paulo: EdUsp, 1992.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial, vol. 1. 21. ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2017, p. 219.
https://www.wipo.int/about-ip/en/
https://www.wipo.int/about-ip/en/

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