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PLASTICIDADE-CEREBRAL

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1 
 
 
A)Quatro a seis 
 
PLASTICIDADE CEREBRAL 
 2 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho 
de um grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de 
cursos de Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma 
entidade capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior. 
O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de co-
nhecimento, aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na 
sua formação continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos 
científicos, técnicos e culturais, que constituem patrimônio da humanidade, 
transmitindo e propagando os saberes através do ensino, utilizando-se de pu-
blicações e/ou outras normas de comunicação. 
Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cul-
tura, de forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de 
construir uma base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecno-
lógica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, 
conquistar o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cur-
sos de qualidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
 
 
 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 
1. PLASTICIDADE CEREBRAL.......................................................... 4 
1.1 Neurogênese................................................................................. 9 
1.2 Sinaptogênese ............................................................................. 10 
1.3 Reorganização cerebral ............................................................... 11 
1.4 Poda neural ............................................................................... 12 
2. BASES DA NEUROPLASTICIDADE ............................................ 14 
2.1 Memória e plasticidade ................................................................ 21 
2.1.1 Primeira unidade funcional .................................................... 24 
2.1.2 Segunda unidade funcional ................................................... 24 
2.1.3 Terceira unidade funcional .................................................... 25 
3. NEUROPLASTICIDADE E CIRCUITO ......................................... 28 
4. REFERÊNCIAS ............................................................................ 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
 
 
 
1. PLASTICIDADE CEREBRAL 
 
Costuma-se falar em neuroplasticidade principalmente em referência à 
capacidade do cérebro de se reorganizar e se recuperar após uma lesão. Trata-
se de um termo relativamente recente, uma vez que a concepção corrente nas 
neurociências até meados da década de 1980 era de que neurônios não se 
regeneram e perdas neuronais, portanto, seriam praticamente irreversíveis. 
Além disso, a possibilidade de outros neurônios assumirem as funções 
dos neurônios perdidos ou a modificação da estrutura e da atividade neuronal 
eram vistas com desconfiança. De fato, nascemos praticamente com todos os 
neurônios que apresentaremos durante toda a vida e há poucas modificações 
em termos quantitativos. No entanto, observações clínicas mais detalhadas e 
pesquisas recentes nos mais diversos campos têm apontado para uma 
capacidade do cérebro de se transformar e se adaptar mesmo em circunstâncias 
adversas. 
Não é incomum ouvirmos histórias de crianças que, ao nascerem com 
alguma malformação ou adquirirem determinada lesão cerebral , recebem 
prognósticos de profissionais da saúde de que não poderão andar, correr, 
acompanhar a escola, ler e escrever e assim por diante. Contudo, algumas 
dessas crianças surpreendem positivamente e superam esse prognóstico. Isso 
deve à plasticidade cerebral. 
Se essa capacidade que o sistema nervoso tem de se transformar e 
superar obstáculos é, de certa forma, imprevisível e surpreendente, também não 
se pode ser ingênuo e acreditar que o cérebro é capaz de tudo. A plasticidade 
cerebral é grande, mas também é limitada. Depende de muitos fatores, como a 
idade da pessoa, o grau de desenvolvimento da função cerebral perdida, a 
estimulação do ambiente , a extensão e o local da lesão cerebral. Um mecanismo 
muito comum na plasticidade cerebral é os neurônios adjacentes adotarem a 
função da área danificada, modificando as próprias funções e resgatando em 
parte ou na totalidade a função perdida. Em adultos, a capacidade está presente, 
mas em menor intensidade se comparados às crianças: a plasticidade é mais 
 5 
 
 
intensa nos primeiros anos de vida e persiste por toda a vida, diminuindo ao 
longo do tempo. 
Para além das lesões, o cérebro é capaz de se reorganizar também como 
resultado da experiência. Um cérebro saudável se transforma de acordo com o 
tipo de experiência a que é exposto e com o uso. As interações com o ambiente 
fazem com que sinapses se estabeleçam e se mantenham ou, então, que 
enfraqueçam ou sejam bloqueadas. 
Como em um círculo vicioso, um organismo sedentário,que não pratica 
atividades físicas regulares, tem dificuldades em começar e manter exercícios 
físicos e afastar-se gradualmente de uma condição saudável. Um cérebro pode 
ser sedentário também. Uma mente que não é desafiada e não tem novas 
aprendizagens tende apenas a repetir os circulos de sinapses que já existem – 
e mesmo estes, se não forem utilizados, tendem a perder força. Alguém que 
costuma conhecer novos lugares e pessoas, assistir a filmes, séries e programas 
novos e mais complexos e ler livros que vão além do usual está seguramente 
exercitando seu cérebro. Por outro lado, quem não lê, não estuda, não viaja e se 
limita a assistir sempre a mesma coisa na televisão está sendo cognitivamente 
sedentário e deixando de aproveitar o potencial cerebral da plasticidade. 
Porém, o aumento do conhecimento sobre o cérebro mostrou que este é 
muito mais maleável do que até então se imaginava, modificando-se sob o efeito 
da experiência, das percepções, das ações e dos comportamentos. 
Deste modo, podemos referir que a relação que o ser humano estabelece 
com o meio produz grandes modificações no seu cérebro, permitindo uma 
constante adaptação e aprendizagem ao longo de toda a vida. Assim, o processo 
da plasticidade cerebral torna o ser humano mais eficaz. 
A plasticidade cerebral explica o fato de certas regiões do cérebro 
poderem substituir as funções afetadas por lesões cerebrais. Como tal, uma 
função perdida devido a uma lesão cerebral pode ser recuperada por uma área 
vizinha da zona lesionada. Contudo, a recuperação de certas funções depende 
de alguns fatores, como a idade do indivíduo, a área da lesão, o tempo de 
exposição aos danos, a natureza da lesão, a quantidade de tecidos afetados, os 
mecanismos de reorganização cerebral envolvidos, assim como, outros fatores 
ambientais e psicossociais. 
 6 
 
 
Porém, a plasticidade cerebral não é apenas relevante em caso de lesões 
cerebrais, uma vez que ela está continuamente ativa, modificando o cérebro a 
cada momento. Os mecanismos através dos quais ocorrem os fenômenos de 
plasticidade cerebral podem incluir modificações neuroquímicas, sinápticas, do 
receptor neuronal, da membrana e ainda modificações de outras estruturas 
neuronais. 
A plasticidade cerebral indica o fato de certas regiões do cérebro 
substituírem as funções afetadas por lesões cerebrais. 
 
 
Imagem: 1 
 
O conceito de “plasticidade”, o qual, em sentido amplo, é reflexo da 
capacidade de adaptação. Oda,Sant’Ana e Carvalho (2002, p.175) atestam que 
a plasticidade, enquanto capacidade que se encontra em todos os organismos 
vivos, é o que possibilita mudanças de características morfofuncionais de acordo 
com as exigências do ambiente. Nos seres humanos, entretanto, a reflexão 
sobre a plasticidade pode ser vista sob uma ótica mais complexa: ainda que com 
cérebros similares (do ponto de vista anatômico, fisiológico e bioquímico), 
humanos podem apresentar comportamento que difere de uma pessoa para 
outra, e tal diferença no comportamento reflete a plasticidade do cérebro para se 
adaptar ao meio. 
 7 
 
 
Nesse viés, essa “Plasticidade” geral, enquanto capacidade adaptativa 
que contempla contingências filogenéticas e ontogenéticas, pode estar atrelada 
especificamente ao cérebro, ao sistema nervoso, aos neurônios ou às sinapses, 
o que nos permite a interpretação/ sistematização descrita a seguir: 
 
▶Plasticidade cerebral: referente ao cérebro e sua capacidade de 
modificação ao longo da vida. No que tange a esse aspecto, cumpre elucidar 
que, há alguns anos, aceitavase que o tecido cerebral não contava com 
capacidade regenerativa. Por conseguinte, não se podia aclarar como, apesar 
disso, pacientes com lesões severas invalidantes, por exemplo, conseguiam 
determinadas recuperações. 
► Plasticidade neural: A plasticidade neural pode ser definida 
genericamente: como uma mudança adaptativa na estrutura e nas funções do 
sistema nervoso que ocorre em qualquer estágio da ontogenia, como função de 
interações com o ambiente interno ou externo ou, ainda, como resultado de 
injúrias, de traumatismos ou de lesões que afetam o ambiente neural (ODA; 
SANT’ANA; CARVALHO, 2002, p. 173, citando PHELPS, 19904, e VILLAR et 
al., 19985). 
Por essa concepção, e em comparação com o conceito de plasticidade 
cerebral supracitado, podemos destacar que este último trata do SNC, enquanto 
o primeiro conceito trata de todo o SN, composto tanto pelo SNC quanto pelo 
Sistema Nervoso Periférico (SNP). 
Tendo em vista que o processo evolutivo “resultou em cérebros com uma 
abundância de circuitos neurais que podem ser modificados pela experiência” 
(ODA; SANT’ANA; CARVALHO, 2002, p. 171), e que tais circuitos neurais 
podem passar por modificações na estrutura neuroquímica de seus elementos, 
sobretudo no nível morfológico, podemos englobar tais modificações também 
dentro do conceito de “plasticidade neuronal”. 
Além disso, é fundamental considerar que tal plasticidade neural “está 
presente em todas as etapas da ontogenia, inclusive na fase adulta e durante o 
envelhecimento” (ODA; SANT’ANA; CARVALHO, 2002, p. 171). Essa premissa 
é recente: a capacidade de modificação do sistema nervoso em função de suas 
experiências, tanto em indivíduos jovens como em adultos e idosos, foi 
reconhecida apenas nas últimas décadas, com base em Rosenzweig (1996). 
 8 
 
 
▶Plasticidade neuronal: referente aos neurônios. Como os neurônios não 
se dividem, sua destruição representa uma perda permanente, contudo, seus 
prolongamentos “dentro de certos limites podem se regenerar” (ODA; 
SANT’ANA; CARVALHO, 2002, p. 172; com base em GARTNER; HIATT, 1999; 
e JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999). A plasticidade neuronal é máxima durante o 
desenvolvimento, mas está retida em parte no SNC adulto, manifestando-se 
como uma resposta a alterações de níveis hormonais, aprendizado de novas 
habilidades, resposta a alterações do meio e lesões (ROSENZWEIG, 1996). 
Entre os tipos e modificações que caracterizam a plasticidade neuronal 
distinguem-se: 
 ►modificações que permitem manter as características dos 
elementos funcionais do sistema nervoso perante agressões, sejam físicas, 
químicas ou metabólicas; 
 ▶variações observadas no curso da diferenciação e 
amadurecimento do sistema nervoso; e 
 ►mudanças no curso do processamento de informações e 
conduta adaptativa, que incluem distintos tipos de aprendizagem e 
armazenamento de informações. 
 ▶Plasticidade sináptica: referente às sinapses (entre os 
neurotransmissores). 
 
Plasticidade sináptica pode ser definida como sendo as mudanças que 
ocorrem nas conexões interneuronais como plasticidade da expressão de 
moléculas neuroativas e que levam a um aumento ou redução de síntese de 
diferentes neurotransmissores, desse modo o termo plasticidade é usado em 
tantas situações que ocorrem o risco de perda do seu significado original e o 
valor que tem para descrever alguns processos típicos e característicos do 
sistema nervoso (VILLAR et. al., 19987 apud ODA; SANT’ANA; CARVALHO, 
2002, p. 174). 
A plasticidade sináptica a longo prazo é o conjunto de mudanças na 
eficácia sináptica que permanecem por mais de meia hora; a plasticidade 
sináptica a curto prazo, as que duram menos. 
portanto, a plasticidade cerebral pode ser entendida como esse conceito 
maior, amplo, que trata de modo generalista das funções adaptativas do cérebro. 
 9 
 
 
Por outro lado, as delimitações mais específicas do conceito apontam para 
divergências do objeto em questão: a “plasticidade cerebral” refere-se ao SNC, 
a “plasticidade neural” refere-se ao SN, a “plasticidade neuronal” refere-se aos 
neurônios e a “plasticidade sináptica” refere-se às sinapses, com base na 
literatura da área (ODA, SANT’ANA; CARVALHO, 2002). 
 
1.1 Neurogênese 
 
A neurogênese é o processo de formação de novos neurônios 
Costumava-se acreditar que não havia neurogênese em adultos, que todos os 
neurônios surgiam da proliferação neural durante a gestação. Descobertas 
recentes mostram, no entanto, que novos neurónios são produzidos ao longo de 
toda a vida. Essa produção não ocorre em todas as áreas e da mesma maneira, 
o que provavelmente dificultou a descoberta da neurogènese em crianças, 
adolescentes e adultos. A formação de novos neurônios é relativamente 
pequena se comparada com a totalidade das células nervosas e ocorre apenas 
em algumas regiões especificas, como o hipocampo, região responsável pela 
consolidação e criação de novas memorias Acredita-se que os novos neuronios 
do hipocampo possam substituir neurônios envolvidos em um circuito de 
memoria que porventura tenham morrido ou ainda que possam ser acrescidos a 
esse circuito com o fim de fortalecê-lo. A neurogenese faz parte do mecanismo 
de plasticidade cerebral. Pesquisas apontam que condições ambientais podem 
influenciar na neurogênese. Por exemplo, Garbin, Faleiros e Lago (2012) 
apontam, conforme mencionamos anteriormente, que as situações em que 
roedores são expostos a um ambiente de enriquecimento ambiental, com mais 
estimulos e com desafios, acabam por favorecer também o surgimento de novos 
neurônios (além de potencializar os neuronios já existentes). Esse processo 
provavelmente ocorre com a espécie humana também. A produção de novos 
neurônios pode igualmente sofrer influências negativas. A presenca de um indice 
elevado de estresse, por exemplo, pode diminuir a neurogênese, Joca, 
Padovane Guimaraes (2003) indicam que a presença de estressores diminui a 
produção de neurônios no hipocampo de animais de laboratório, incluindo 
primatas. 
 10 
 
 
 
 
1.2 Sinaptogênese 
 
 
Imagem: 2 
 
 
No inicio da gestação, os neurônios são formados em uma quantidade 
maior do que a necessária para um funcionamento ideal do cérebro. Esse 
excedente é previsto, pois muitas células são descartadas durante o processo 
de migração neuronal porque não encontram seu destino, não conseguem criar 
as sinapses necessárias ou ainda porque as sinapses realizadas não estão 
corretas ou não se tornam funcionais. Se a produção de neurônios é 
incomparavelmente maior durante a gestação do que ao longo da vida, a morte 
neuronal durante a gestaçãotambém é mais intensa do que após o nascimento 
Assim, nesse processo, muitissimos neuronios são criados e vários são 
descartados, mas, na contagem total, o saldo é bastante positivo, havendo mais 
neuronios do que os essencialmente necessarios. 
 
 11 
 
 
1.3 Reorganização cerebral 
Ainda durante a migração, muitos neurônios jovens já começam a 
desenvolver um axônio que cresce em direção às células-alvo com as quais ele 
estabelece contatos especializados. Chegando à região-alvo, a ponta do axônio 
ramifica-se densamente, passando por um processo de arborização. Começa, 
então, a formação de sinapses (sinaptogênese) com as células do entorno. A 
maior intensidade desse fenômeno em todo o processo de desenvolvimento 
ocorre durante essa fase e nos primeiros anos de vida. 
No que se refere à aprendizagem, não é o número total de neurônios que 
de fato importa, mas as sinapses entre eles. Se as sinapses são mais intensas 
no inicio da vida, isso significa que a aprendizagens acontecem mais 
intensamente nesse periodo, afinal, trata-se de um grande esforço de adaptação 
ao novo ambiente. Ao longo da vida, temos neurônios suficientes para aprender, 
mas as conexões que fazemos com eles é que. garantem que a aprendizagem 
realmente ocorra. 
 
 
Imagem: 3 
 12 
 
 
Neurônios são formados e formam novas sinapses entre si, o que garante 
a aprendizagem, mas ela não necessariamente se mantém a mesma. Redes 
sinapticas são formadas e consolidadas, mas também podem se enfraquecer e 
se reestruturar, permitindo que uma nova aprendizagem ocorra. Essa 
reorganização cerebral é facilmente observada nas situações que envolvem o 
mapeamento cortical dos sentidos. 
A superfície sensorial corporal, as sensações auditivas e as sensações 
visuais são representadas por mapas no cortex cerebral com regiões bem 
delimitadas. Neurônios específicos respondem a estimulações específicas de 
certas regiões do corpo, frequências sonoras ou pontos na retina. Quanto maior 
a sensibilidade, mais neurônios representam a região no cortex. Diversas 
pesquisas mostram que esse mapa cortical é modificado pela experiência. 
Quando os nervos de um dedo de um macaco são cortados, a região do cortex 
que correspondia a esse dedo é ativada quando o dedo ao lado é estimulado. 
Macacos estimulados à ouvir certa frequência sonora desenvolvem um aumento 
na representação cortical desse tom. Pessoas com membros amputados podem 
continuar sentindo o membro (o fenómeno do membro fantasma), às vezes até 
mesmo junto com regiões do corpo que ainda existem situação que pode mudar 
com o tempo. Essas situações ilustram o quanto o cérebro é capaz de mudar 
para atender a novas condicões. 
 
1.4 Poda neural 
 
 
Como as sinapses estão associadas à aprendizagem, pode haver a falsa 
impressão de que, quanto mais sinapses um neurônio é capaz de fazer, maior é 
a qualidade da aprendizagem correspondente. Com efeito, várias sinapses são 
melhores que poucas, mas um excesso de conexões pode gerar informação 
redundante e contraditória. 
 13 
 
 
 
Imagem: 4 
 
E por isso que, em determinados momentos do desenvolvimento ocorre o 
fenômeno da poda neural (ou poda sináptica), em que o número de sinapses 
que um neuronio realiza chega a cair pela metade. A poda fortalece as sinapses 
mais robustas e desfaz as que são mais tênues. 
Depois do nascimento, a adolescência é o período mais importante de 
transformação e desenvolvimento cerebral. É na adolescência que a poda neural 
ocorre com maior intensidade, fortalecendo as sinapses estabilizadas durante a 
infância e cortando as sinapses que não foram tão consolidadas. De acordo com 
Herculano-Houzel (2005), o tédio comumente vivenciado na adolescência tem 
relação com a poda neural no sistema linbico, especialmente no circuito de 
recompensas. É por isso que situações e atividades que satisfaziam a criança, 
como sair com os pais e brincar em um parquinho, podem ser entediantes para 
o adolescente, boa parte das sinapses que davam prazer nesses contextos foi 
enfraquecida. 
Embora não seja o único fator associado, há indicios também de uma 
diminuição do fenomeno da poda neural no transtorno de espectro autista 
(Belmonte et al. 2004), sendo possível considerar que uma pessoa que 
 14 
 
 
apresenta o transtorno precisa lidar com um volume de processamento de 
informações maior do que alguém com desenvolvimento neurotipico. 
 
2. BASES DA NEUROPLASTICIDADE 
 
O cérebro nos permite interagir com o mundo, pois reúne as estruturas 
determinantes para essa interação. A organização cerebral é diferente nas 
etapas da vida e em cada momento, visto que reflete as experiências 
vivenciadas por cada um. As relações entre os eventos ambientais e o repertório 
de respostas comportamentais são produto da história filogenética, ontogenética 
e cultural de cada individuo e resultam em alterações na forma, no tamanho e 
nas funções do sistema nervoso. Portanto, trata-se de estruturas adaptáveis, de 
transformações e, por isso, são denomina das plásticas. O cérebro é 
responsável pela aprendizagem humana e, em razão das mudanças que nele 
ocorrem, este torna-se muito importante para o processo de desenvolvimento 
humano. Essa capacidade de adaptar-se é chamada plasticidade cerebral. 
"Ainda, a plasticidade cerebral pode, em lugar de ser entendida com ênfase no 
cérebro, ser definida como a capacidade adaptativa do SNC, permitindo 
modificações na sua própria organização estrutural e funcional" (Oda; Sant'Ana; 
Carvalho, 2002, p. 173). 
A plasticidade cerebral é a capacidade do cérebro de adaptar-se ao SNC. 
O cérebro muda sua organização estrutural e funcional de acordo com as 
experiências promovidas no ambiente. 
 
 15 
 
 
 
Imagem: 5 
 
 
 Para se adaptar, ele se reestrutura criando novas conexões entre os 
neurônios. 
A neuroplasticidade acontece ao longo da vida em três momentos: 
1- durante o desenvolvimento: abrange desde a fase infantil até a fase 
senil. 
2- na aprendizagem: que ocorre ate o fim da vida. 
3- em virtude de um dano ( um derrame ou outro tipo de lesão); cérebro 
muda fisiológica e funcionalmente. 
Existem diferentes conceitos relacionados à plasticidade: plasticidade 
cerebral, neural, neuronal e sinática. Detalhamos, a seguir, cada uma 
delas: 
► Plasticidade cerebral: diz respeito à capacidade de mudanças do 
cérebro ao longo da vida. Acreditava-se que o cérebro não tinha a capacidade 
de regeneração após uma lesão. 
▶ Plasticidade neural: em razão das experiências vividas, o sistema 
nervoso reestrutura-se e favorece todas as pessoas todas as pessoas desde a 
mais nova até a mais idosa. 
▶ Plasticidade neuronal: prolongamentos dos neurônios recuperam-se 
dentro de certo limite, pois não se dividem. 
 16 
 
 
 
Entre os tipos e modificações que caracterizam a plasticidade neuronal 
distinguem-se: (1) modificações que permitem manter as características 
dos elementos funcionais do sistema nervoso perante agressões, sejam 
físicas, químicas ou metabólicas; (2) variações observadas no curso da 
diferenciação e amadurecimento do sistema nervoso; e (3) mudanças 
no curso do processamento de informações e conduta adaptativa, que 
incluem distintos tipos de aprendizagem e armazenamento de 
informações. E morfologicamente evidencia-se: (1) crescimento de 
novas terminações; (2) crescimento de botões sinápticos; (3) 
crescimento de espinhas dendri ticas; (4) crescimento de áreas 
sinápticas funcionais, e (5) estreitamento da fenda sináptica, (Oda, Sant 
‘Ana; Carvalho, 2002, p. 173). 
 
 
Plasticidade sinaptica: corresponde à comunicaçãoentre os neurônios - 
"pode ser definida como sendo as mudan ças que ocorrem nas conexões 
interneuronais, como plasticidade da expressão de moléculas neuroativas que 
levam a um aumento ou redução de sintese de diferentes neuro transmissores" 
(Aguilar Rebolledo, 1998, p. 463). 
 
 
Imagem: 6 
 
O cérebro é sui generis, pois suas características não são idênticas entre 
os seres, além de não parar de trabalhar e criar. Essa característica 
individualizadora é possível em virtude e fatores ambientais, neurobiológicos e 
hereditários. 
 17 
 
 
Há maior capacidade de plasticidade no cérebro nos primeiros anos de 
vida e na adolescência. Após essas fases, há uma diminuição gradativa da 
plasticidade, mas existem maneiras para manter o órgão otimizado. Quando as 
potencialidades cerebrais são desenvolvidas e motivadas, cria-se a reserva 
cognitiva. Ou seja nas idades mais avançadas, o cérebro possui maior limitação 
de recuperar e processar informações. 
A área educacional tem grande importância no desenvolvimento das 
potencialidades cerebrais. O educador, com suas atividades de ensino, estimula 
o desenvolvimento de habilidades como pensar, compor, reforçar, criar e 
debater. Embora existam educandos que apresentam dificuldades, mediante 
estímulos apropriados, é possível ao cérebro reestruturar suas funções 
cerebrais. 
O cérebro necessita de atividade para se desenvolver e não perder ou 
esquecer o que já foi construído. A cada aprendizagem, novos ciclos neurais são 
ativados, novas sinapses são construídas. Aumentam-se as funções do 
neurônio, que não correrá mais o risco de desaparecer por causa da apoptose. 
As etapas da apoptose são: 
 
►retração da célula por causa da perda de aderência com outras células 
e com a substância extracelular; 
▶cromatina condensa-se e fica próxima à membrana nuclear,a qual não 
é lesionada; 
▶membrana celular forma prolongamentos conhecidos como "blebs": 
►núcleo desintegra-se em fragmentos, os quais estão envol tos pela 
membrana nuclear; 
▶aumenta se o número de prolongamentos da membrana; 
►prolongamentos rompem-se formando porções celulares envolvidas 
por membranas, estruturas chamadas de cor pos apoptoticos; 
► corpos apoptoticos são fagocitados (Santos 2021). 
 
A utilização das ideias concernentes à plasticidade cere bral são de 
diversas ordens, além disso, deve estar claro que "(1) Todo aprendizado é uma 
forma de plasticidade, e (2) A plasticidade continua por toda (a) vida como um 
 18 
 
 
dos mecanismos de obtenção dos ajustes necessários para responder às 
exigências funcionais” (Aguiar-Rebolledo, 1998, p.465). 
Mesmo diante da diminuição da plasticidade com o avançar da idade, é 
possível revigorar o cérebro aplicando-se os dez fundamentos da 
neuroplasticidade. Logo, é impossível que o cérebro não aprenda. Podem 
ocorrer bloqueios em certo momento, mas se adotados os direcionamentos cor 
retos, desenvolvem-se as potencialidades outrora engessadas. 
Os dez fundamentos da neuroplasticidade foram estabelecidos por 
Michael Merzenich no livro Soft-Wired: How the New Science of Brain Plasticity 
can Change Your Life, no qual são abordados os princípios para a remodelação 
do cérebro: 
 
1- Para o cérebro mudar, é preciso estar atento, motivado, preparado para 
agir. Nessas condições, o cérebro libera os neuroquímicos que 
processam a mudança. 
 
2- Quanto maior a dificuldade, mais é preciso estar focado, motivado e 
alerta. É necessário maior domínio do que se está fazendo, pois, assim, 
mais o cérebro experimentará mudanças. 
 
3- A mudança do cérebro acarreta mais conexões neurais e tem de incluir 
todos os elementos da experiência. Alterações nas conexões 
direcionadas para a aprendizagem aumentam a correlação célula a 
célula, o que é de suma importância para aumentar a confiabilidade. 
 
4- O cérebro reforça as conexões entre os grupos de neurônios em 
momentos distintos de eventos que acontecem confiavelmente em 
sucessão ao longo de um período de tempo. 
 
5- Mudanças iniciais não são perenes porque o cérebro, a priori, armazena 
a mudança e, depois, decide se esta se tornará definitiva ou não. 
 
6- O cérebro é modificado por um exercício mental interno, em que este 
controla as mudanças ocorridas em contato com o mundo externo. 
 19 
 
 
 
7- A memória orienta e controla boa parte do processo de aprendizado. À 
medida que aprende uma habilidade, o cérebro registra e lembra das boas 
tentativas, esquecendo-se das ruins. 
 
8- Todo processo de aprendizado estabiliza o cérebro. Quando o cérebro 
fortalece uma conexão e domina uma habilidade, enfraquece outras 
conexões de neurônios que não foram utilizadas no momento. 
 
9- É igualmente fácil promover mudanças negativas como positivas em 
relação à memória e às habilidades no cérebro. 
 
Estão envolvidos nas funções cerebrais fatores que interferem no mental 
dos educandos e que são de natureza mutável e imutável; os primeiros podem 
ser modificados por meio de ações orientadoras dos pais, da familia, dos 
professores; já os segundos referem-se a questões genéticas oriundas dos 
progenitores. 
Pode ocorrer de os educandos herdarem dos país alguma facilidade ou 
dificuldade em aprender línguas, ler e escrever, dançar, etc. Nesse caso, trata-
se, convém esclarecer, de dificuldades e não de impossibilidade de aprender 
algo. 
A cultura é outro fator de influência: em culturas diferentes, há 
peculiaridades como a alimentação, a vestimenta, o comportamento, os hábitos 
e as línguas faladas, características que igualmente atuam no processo. 
O desenvolvimento do educando é o meio social em que vive. A amizade 
é um fator primordial. A companhia, o coleguismo, as brincadeiras, entre outros, 
são importantes para a motivação e a afetividade. O afastamento entre colegas, 
independentemente da causa, é uma situação muito difícil de ser administrada 
pela criança e pelo adolescente. 
Também tem impacto no desenvolvimento a saúde física ou mental. 
Situações de desnutrição, enfermidades, deficiências, traumas físicos, entre 
outros, interferem no neurode senvolvimento dos educandos. As crianças que 
são portadoras de síndrome de Down, por exemplo, têm dificuldades na 
 20 
 
 
aprendizagem e necessitam de uma educação especial, voltada para atender 
suas necessidades. 
As emoções e as experiências educacionais também são fatores que 
interferem no neurodesenvolvimento das crianças, principalmente daquelas que 
vivem em contextos emocionais tensos e inseguros. Por exemplo, crianças 
expostas à violência doméstica tendem a ter dificuldades de aprendizagem e são 
fortes candidatas a abandonar a escola. 
 
Síntese 
 
●O cérebro é um órgão primordial e de extrema complexidade, pois 
desempenha um papel decisivo em todas as funções do corpo humano. 
●As funções do cérebro estão associadas aos pensamentos e a todas as 
sensações experimentadas pelo corpo: as sensações, as pulsações do coração 
e os movimentos. 
●O cérebro é o órgão mais importante do sistema nervoso, tanto para o 
homem quanto para os animais, sendo formado por bilhões de células. 
●O sistema nervoso gerencia as atividades físicas, conscientes e 
inconscientes: mensagens internas e externas do corpo, estímulos do ambiente 
etc. 
●É importante saber que as unidades funcionais básicas do sistema 
nervoso são os neurônios, que são capazes de receber e transmitir informações 
por sinapses quimicas e elétricas. 
●A evolução do cérebro com o tempo garante ao homem realizar suas 
atividades desenvolvendo tecnologias, organizando a sociedade e a linguagem, 
assegurando sua exis tência no planeta. 
●Segundo a teoria do neurocientista Paul MacLean (1970), o ser humano 
desenvolveutrês cérebros (ou cérebro triúnico): cérebro reptiliano, cérebro 
límbico e cérebro neocórtex. 
●O sistema límbico ou sistema nervoso emocional é a parte interna do 
cérebro responsável pela emoção; é considerado como o inconsciente ou 
irracional, conforme a psicologia. 
● o cérebro se divide em hemisférios: direito e esquerdo. A hemisferidade 
representa as diferenças funcionais específicas de cada lado do órgão. 
 21 
 
 
● O hemisfério direito se encarrega das percepções sensoriais e das 
funções motoras do lado esquerdo do corpo, inclusive a imaginação e a 
criatividade. 
● O hemisfério esquerdo trabalha nas percepções sensoriais e nas 
funções motoras do lado direito do corpo. 
● O córtex cerebral desempenha importante função em relação à área 
neurocognitiva quando especifficamente trabalha a linguagem, a atenção ou a 
memória. 
 
2.1 Memória e plasticidade 
 
Viver e sobreviver no Planeta Terra, com sua diversidade de formas 
naturais (relevos, rios, vegetações e climas) e de espécies, capacitou o Homo 
sapiens a resolver problemas. A finalidade da cognição está em solucionar 
questões de forma eficaz. 
 
 
Imagem: 7 
 
O desenvolvimento da cognição humana tornou-se possível em virtude de 
um processo evolutivo que transpôs a comunicação por intermédio de gestos 
para a aquisição da fala. Graças a essa evolução, sucedeu a adequação corpo 
 22 
 
 
e cérebro. O aperfeiçoamento do cérebro permitiu que o ouvido esquerdo e o 
hemisfério esquerdo proferissem a expressão abstrata do pensamento de forma 
continuada. 
Movimentos básicos como amassar, partir, cortar, separar e ligar, 
efetuados em sequência, levaram à produção de instrumentos e à pronúncia de 
sons. Consequentemente, o exercício de movimentos direcionados à construção 
de algo cognitivamente localiza-se nas áreas frontais, sendo colocado em prática 
pelos sistemas motores descendentes. A combinação perfeita entre os 
processos psíquicos e motores evidencia a superioridade neurológica do 
homem. 
 
Trata-se mais exatamente das chamadas funções executivas do cérebro 
que presidem a todas as formas superiores de expressão do 
conhecimento ou de performance motora, onde se operam famílias de 
procedimentos e subprocedimentos cognitivos inter-relacionados e 
autorregulados, que transferem a dita planificação motora em 
programas e subprogramas de execução regulação e controle de 
condutas (Fonseca, 2015, p. 21). 
 
 
A linguagem surgiu como uma especialização do corpo e do sistema 
sensório-motor, em virtude da hemisferidade, que promove o processo evolutivo 
humano. 
A relação entre o corpo, o cérebro e o ecossistema é o resultado do 
processo de elaboração e reelaboração, da criação e recriação de 
conhecimento, da avaliação e rea valiação das soluções de problemas, pois no 
ser humano há uma dialética entre cérebro (parte biológica) e mente (parte 
psíquica). Portanto, o cérebro pode ser caracterizado como um órgão ligado ao 
sentir, ao interagir, ao pensar, ao comunicar e ao agir. 
 
O que é? 
 
A cognição permite perceber, conceber e transformar o envolvimento dos 
processos e dos produtos mentais superiores, como o conhecimento, a 
consciência, a inteligência, o pensamento, a imaginação, a criatividade, a 
produção de planos, as estratégias, a resolução de problemas, a inferência, a 
simbolização, entre outros. 
 23 
 
 
 
Na construção do saber, ou cognição, o cérebro, como órgão cognitivo, 
adquire e acumula informações, podendo trabalhá-las automaticamente nos 
tempos passado, presente e futuro. Afinal, "reflete a descontinuidade e a 
articulação de sistemas estruturados distintos: um sistema complexo baseado 
na modularidade, e não um sistema de resolucão de problemas baseados na 
globalidade. A cognição é certamente uma construção arquitetônica uniforme” 
(Fonseca, 2015,p.35). 
Para Alexander Romanovitch Luria (1902-1977), considerado o 
idealizador da neuropsicologia moderna, desenvolvedor da teoria do sistema 
funcional, cada compartimento do cérebro é especializado; no entanto, esses 
compartimentos trabalham de modo complexo, dinâmico e integrado, abarcando 
todo o sistema nervoso. 
A funcionalidade cerebral é um conjunto e não uma área particular; ela é 
completa e não causa prejuízos para se limitar à atuação complexa cerebral. 
Luria entende que a localização das áreas cerebrais informa se essas áreas 
estão em atividade conjunta na estruturação mental complexa. 
Luria pressupõe que o cérebro apresenta pluripotencialidade, pois todas 
as partes do órgão podem participar de inúmeros sistemas funcionais ao mesmo 
tempo. Assim, o autor propõe a existência de sistemas funcionais alternativos; 
em acréscimo, qualquer funcionalidade, como aprender, pode ser elaborada por 
vários desses sistemas, caracterizando o órgão de ilimitada plasticidade. "O 
cérebro debaixo de condições envolvimentais normais é um orgão plástico, e é 
nessas condições que o processo de aprendizagem decorre" (Fonseca, 2015, p. 
41). 
O cérebro desenvolve suas funções quer sejam nas praxias, quer sejam 
na linguagem. Essas são competências de aprendizagem que trabalham em 
cooperação com as zonas corticais e subcorticais. Se huver disfunção ou 
destruição dessas zonas, haverá perda das subfunções, mesmo que as funções 
não tenham danos totais na funcionalidade. 
Segundo Luria, o cérebro é subdividido em três unidades básicas. 
 
 
 24 
 
 
2.1.1 Primeira unidade funcional 
 
Essa unidade está ligada às funções do tronco cerebral, como a 
administração do ciclo sono-vigília. É constituído pela medula, pelo tronco 
cerebral, pelo cerebelo, pelo sistema límbico e pelo tálamo, que estabelecem a 
ligação entre corpo e cérebro e a relação sensório-motora do corpo com o 
ambiente. A desorganização nessa unidade funcional ocasiona narcolepsia, 
insônia, desordem de atenção, hiperatividade e hipoativiadade. Sua finalidade é 
a filtragem e a integração sensório-tônica básica. Há também o impedimento do 
execesso de informações desnecessárias que causem problemas no processo 
cognitivo, de modo a interfir na função fixacional e de focagem. 
 
A função de alerta consiste na atividade que ocorre dentro do cérebro e 
que é responsável pela manutenção de um estado de vigilância. 
Atenção está interligada com o hipotálamo, que mantém o nível optimo 
de metabolismo fisiológico (exemplo: bem-estra, fadiga, motivação), 
componente crucial no desempenho de qulaquer atividade. (Fonseca, 
2015,p. 48). 
 
2.1.2 Segunda unidade funcional 
 
A segunda unidade funcional é constituída pela parte posterior do córtex 
cerebral, ou seja, contempla os lobos occipital, temporal e parietal. A finalidade 
dessa unidade é receber, analisar e armazenar informações. 
 
Imagem: 8 
 25 
 
 
 
As funções dessa unidade são a visão, a percepção tátil-cinestésica, a 
audição, a orientação espacial e a linguagem receptiva. Nessa unidade, ocorre 
a sensação e a percepção proporcionada pelos sentidos, e é de sua incumbência 
a recepção e a análise de informações encaminhadas aos órgãos sensoriais, 
nos quais são interpretados e os quais recebem significados. É nessa unidade 
funcional que se desenvolvem as aprendizagens precoces, da pré-escola e da 
fase escolar, pois a memória faz parte dessa unidade. 
As lesões nessa unidade provocam disfunções no processo sequencial 
da análise, ocasionando desordens no reconhecimento de informações. “ O 
termo codificação refere-se à análise, ao armazenamento e à recuperação da 
informação envolvendo a significação e a relação com base de dados já 
integrada no cérebro. A informação é codificada de duas formas: simultânea e 
sucessiva (sequencial)”(Fonseca, 2015, p.52). 
 
2.1.3 Terceira unidade funcional 
 
Na terceira unidade funcional acontecem as atividades de planejar, 
ajustar e verificar a atividade mental. Constituída pelo cortex cerebral, que se 
situa no lobo frontal, podemos identificar as atividades celebrais dessa unidade, 
que são: a mobilidade, a intencionalidade, o planejamento e a linguagem 
expressiva. 
As dimensões do lobo frontal estão diretamente relacionadas ao tamanho 
do corpo humano. Na faixa etária entre 6 e 12 anos se dá a consolidação dessa 
unidade funcional, definida finalmente no início da fase adulta. 
 
O termo "planificação envolve o desenvolvimento de uma sequência de 
ação ou uma série de manobras e procedi mentos para atingir um fim 
(objetivo-fim), Planificação poe em marcha um sistema de organização 
que inclui estratégias, metaplanos e programas de elaboração, 
regulação, execução, controle e monitorização de ações com validade 
ecologica, e resolução de problemas com soluções adequadas. 
(Fonseca, 2015, p. 56) 
 
 
Os fatores que interferem no desenvolvimento neuropsicológico são: 
mielinização, crescimento axodendritico, crescimento dos corpos celulares, 
 26 
 
 
sinaptogênese, estabelecimento de circuitos interneurais e eventos bioquimicos. 
Levando em consideração o desenvolvimento neuropsicológico, identificamos 
cinco etapas: 
 
1. Desenvolvimento da unidade de vigilância; 
2. Desenvolvimento das áreas motoras e sensoriais primárias; 
3. Desenvolvimento das áreas motoras e sensoriais secundárias; 
4. Desenvolvimento das áreas motoras e sensoriais terciárias de input 
(lóbulo parie 1); 
5. Desenvolvimento das áreas de planificação e de output terciárias 
(lóbulos pré-frontais). (Fonseca, 2015, p. 59) 
 
O processo de aprendizagem cognitiva, na perspectiva de Luria, é 
resultado de uma combinação de processos e subcomponentes cognitivos 
interligados e conectados. Estes englobam "processos de atenção e vigilância, 
de processos de integração e retenção, de processos sequenciais e simultâneos 
de dados multimodais e de procedimento de planificação e expressão da 
informação" (Fonseca, 2015, p. 62), que envolvem conhecimentos de psicologia 
cognitiva e da neuropsicologia experimental. 
Investiga-se, então, como se organiza o processo cognitivo em relação à 
aprendizagem, observando-se a capacidade de atenção e memória, 
contemplando o desenvolvimento imagens, simbolos e conceitos, resolução de 
problemas até a manifestação da informação e o comportamento 
correspondente. 
Observando o cérebro, é possivel perceber se ele aprendeu ou não 
avaliando-se sua performance o desempenho intectual, que indica cinco 
constituintes básicos da inteligência: “componentes de aquisição, componentes 
de rtenção, componentes de transferência, metacomponentes de controle 
(envovendo planificação e decisão) e componentes de desempenho” (Fonseca, 
2015,p. 63). 
A construção do cognitivo está relacionada às competências oriundas da 
construção do conhecimento e da cultura. 
 27 
 
 
A inter-relação do conhecimento com a cultura torna possível, por meio 
das informações agregadas na memória da pessoa e dos pocesos executados, 
verificar as competências cognitivas utilizadas em culturas diferentes. 
 
Síntese 
 
 ●O cérebro humano tem inúmeras funções relativas ao movimento do 
corpo, da fala e dos sentimentos e tem papel crucial no processo de 
aprendizzagem. 
●É de suma importância aprender , a raciocinar, a utilizar estratégias de 
resolução de problemas para se adaptar às novas necessidades. Para isso, é 
essencial conhecer as aprendizagens mecâanica e significativa. 
●O reconhecimento ds aprendizagens mecãnicas e significativa constitui 
uma oposição que evidencia que o conhecimento sempre se situará entre o 
limiar desses dois polos. 
 ●A busca ou a consciência de como se aprende facilita todo o processo 
de aprendizagem, tornando-o mais profundo e, consequentemente, aumentando 
as possibilida des de sucesso. 
●A educação cognitiva tem como finalidade orientar os educandos para 
que saibam resolver suas questões, além da autonomia no sentido de direcionar 
sua aprendizagem. 
●De acordo com Luria, o cérebro apresenta pluripotencialidade, pois 
todas as partes do cérebro podem participar de inúmeros sistemas funcionais ao 
mesmo tempo. 
●O cérebro, segundo Luria, é subdividido em três unidades básicas: a 
primeira está localizada no tronco cerebral e apresenta a relação sensório-
motora do corpo com o ambiente; a segunda está localizada na parte posterior 
do córtex cerebral e analisa e armazena as informações; e a terceira está situada 
no córtex cerebral, no lobo frontal, e está ligada à motricidade, à 
intencionalidade, ao planejamento e à linguagem expressiva. 
●A memória é uma das funções neuropsicológicas mais complexas do ser 
humano, em razão do entrelaçamento dos processos de recepção, arquivamento 
e recordação de informações, permitindo a utilização das informações 
armazenadas como base para decisões presentes e futuras. 
 28 
 
 
● O cérebro tem a possibilidade de modificar suas características 
anatômicas e funcionais em consequência das influências do meio sobre o 
sistema nervoso. Tudo se dá pela cognição, que é influenciada pelas 
experiências culturais e o meio; por isso, é importante analisar os fatores 
emocionais, a motivação, a atenção e a plasticidade para superar as dificuldades 
de aprendizagem. 
● As principais dificuldades de aprendizagem dos alunos estão 
relacionadas a : dislexia, disgrafia, displasia, disglosia, dificuldades em 
matemática e comportamento (hiperatividade, impulsividade,desatenção etc). 
● A plasticidade cerebral é a capacidade do cérebro de se adaptar. O 
cérebro muda sua organização estrutural e funcional de acordo com as 
experiêncis promovidas no ambiente, criando novas coexões entre os neurônios. 
 
3. NEUROPLASTICIDADE E CIRCUITO 
 
 O ambiente que nos rodeia está normalmente ligado à neuroplasticidade 
porque nos apresenta, a cada dia, novas experiências e, portanto, é necessária 
adaptação na resposta. Para estudar a influência do ambiente no cérebro 
recorrem-se a condições experimentais nas quais os animais vivem em 
ambientes enriquecidos, melhorando as interações cognitivas e sociais bem 
como as capacidades sensitivas e motoras, o que potência a aprendizagem e 
memória. Este modelo experimental facilita, ainda, o estudo das alterações 
plásticas que ocorrem nos cérebros jovens e em animais envelhecidos. 
Os animais que vivem nestas condições mostram melhoria na 
aprendizagem e memória e têm uma redução nas respostas de muitos 
neurotransmissores ao stress, melhorando a neurogênese numa zona chamada 
giro dentado do hipocampo, aumentando o peso e o tamanho do cérebro e 
melhorando a gliogênese, bem como a ramificação das dendrites e a formação 
de novas sinapses em muitas áreas do cérebro. Estes ambientes enriquecidos 
fazem ainda com que os animais mostrem um aumento da expressão dos genes 
para o fator de crescimento nervoso (NFG), fator neurotrófico derivado da glia 
(GDNF) e fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) em muitas áreas do 
 29 
 
 
cérebro. O BDNF, em particular, parece ser necessário para o melhoramento na 
aprendizagem e na neurogênese produzida no hipocampo destes animais. 
Todos estes efeitos correlacionam-se com uma melhoria no desempenho dos 
animais envelhecidos em diferentes tarefas de aprendizagem. 
 Assim, a ideia de que o cérebro envelhecido é altamente receptivo a 
desafios é altamente pertinente. Torna-se, portanto, evidente que o sucesso de 
um cérebro envelhecido é possível se as pessoas mantiverem certos hábitos 
saudáveis ao longo da vida. 
 Estes hábitosincluem: o número de calorias ingeridas, composição e 
qualidade da dieta, exercício físico e mental, não fumar, ter uma vida social ativa, 
usar efetivamente inovações tecnológicas para a comunicação social, manter 
uma vida emocional ativa, e controlar o stress ao longo da vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 30 
 
 
 
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literatura. Revista acadêmica: Ciência Animal, v. 10, 2012. 
 HERCULANO-HOUZEL. S. A vantagem humana: como nosso cérebro se 
tornou superpoderoso. São Paulo: companhia das Letras, 2017. 
 JOCA, S. R. L.; PADOVAN, C. M.; GUIMARÃES, F. S. Estresse, 
depressão e hipocampo. Revista Brasileira de Psiquiatria, 2003. 
 ODA, J, Y.; SANTANA, D. M. G.; J. Plasticidade e regeneração funcional 
do sistema Nervoso. 
 SANTOS, V. S. dos . Apoptose. Brasil Escola. 2021.

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