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arte e datas comemorativas D IA DO ÍNDIO PLANO DE AULA Objetivos: • Identificar aspectos culturais de povos originários do Brasil; • Conceber e desenhar padronagens a partir de formas naturais encontradas em animais; • Diferenciar concepções de arte para os povos indígenas e não-indígenas. Tempo estimado: 3 a 4 aulas Materiais: ETAPA 1 • papel sulfite • lápis grafite ETAPA 3 • canetinha • padrões desenhados nas aulas anteriores • papel sulfite • lápis grafite • borracha Saiba mais: • Sobre arte indígena no site do Instituto Socioambiental: http://goo.gl/3YFWLM • Vídeo sobre o grafismo indígena dos Asurini do Xingu: http://youtu.be/onah4R4uhUE ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS ••••••• Contextualização ••••••• A arte dos povos indígenas brasileiros possui atri- butos muito relevantes sobre a cultura de cada tribo. Em cada objeto, é possível transcrever profundos signi- ficados acerca das intenções e sentimentos impressos durante o processo de criação. Desta forma, a arte in- dígena não pode ser apreciada somente em museus ou galerias. Assim como uma parte da produção contem- porânea de artistas não-indígenas, é feita para ser usada e apreciada no dia a dia. Este plano de aula tem como objetivo estimular os alunos a reconhecer e valorizar o conceito de arte pre- sente nos artefatos indígenas e entender as diferenças entre os conceitos de arte das obras feitas para museus e das obras criadas para o cotidiano, sempre levando em conta os valores particulares de cada concepção. Trabalhar essa ideia desde os primeiros anos, incentiva que as crianças compreendam à arte indígena como um todo, evitando que se reduza a atividade artística indígena à noção de artesanato mecânico e repetitivo, isento de criação. O tipo de desenho mais usado pelos indígenas se chama padronagem. A técnica consiste em estabeler uma unidade mínima de desenho, chamada de elemen- to-padrão, e repeti-la até formar uma nova peça. Usada desde os tempos mais remotos por muitos povos do mundo todo, a padronagem permite que a ordenação do elemento-padrão aconteça de infinitas maneiras, dependendo da função, vontade e estratégia de criação do(s) desenhista(s). Uma das formas de criação dos indígenas é prestar atenção em padrões gráficos naturais presentes na pele, casco e pelagem de bichos e transformar essas obser- vações em formas geométricas ou orgânicas que são simplificadas até chegarem no elemento-padrão. Por exemplo, a forma do peixe é insinuada por seu con- torno losangular; a da cobra, por um ziguezague; a da tartaruga, pelas manchas quadradas do seu casco; já a onça é representada pelas manchas em forma de col- chete de sua pelagem. Os grupos indígenas inventaram diferentes padrona- gens, criando uma espécie de sistema de comunicação e de identificação a partir de seus desenhos. No entanto, há muitos motivos que se repetem, como a espinha de peixe, o casco de jabuti, os rastros da cobra, do veado e da onça. Potes de cerâmica, cestos trançados, tangas, colares, armas de caça e pesca e artefatos como estes são ornamentados com desenhos altamente significa- tivos para as pessoas que os produziram, assim como são fundamentais para a comunicação com pessoas de outras tribos. As pinturas corporais são criadas para compartilhar uma grande variedade de informações, como a posição social de determinado indivíduo na tribo, o momento de vida em que o indígena se encontra (como o nasci- mento de filhos ou uma situação de luto) e uma posi- ção de responsabilidade numa festa ou numa luta. Ge- ralmente, a pintura corporal é função feminina. A proposta deste plano de aula é incentivar os alu- nos a criarem padronagens que simbolizem caracterís- ticas ou preferências do grupo. A partir desses padrões, as crianças se identificarão como parte de um grupo determinado. ••••••• Desenvolvimento ••••••• ETAPA 1: Desenho para colocar em todo lugar Explique o que são padronagens, o que é o elemen- to-padrão e técnicas indígenas de construção das suas padronagens. Conte sobre os variados usos e funções da padrona- gem para a arte indígena. DIA DO ÍNDIOArte e datas comemorativas 1 Observe com as crianças as ilustrações deste plano de aula e as desafie a perceber qual é o elemento-pa- drão das pinturas corporais de cada indígena retratado. Como esse elemento é organizado para que se transfor- me em padronagem? Por exemplo, é repetido sempre para o mesmo lado ou para lados opostos? É organizado horizontal ou verticalmente? Depois de observarem e descobrirem, peça para que as crianças desenhem estes elementos-padrão várias ve- zes, para que adquiram facilidade em reproduzi-los. A seguir, peça para que eles os organizem de uma maneira diferente da ilustração do plano de aula. A ideia é que os alunos compreendam a lógica da construção da pa- dronagem e experimentem muitas formas diferentes de organizar o mesmo elemento-padrão. ETAPA 2: O desenho nosso de cada dia As crianças conhecerão as funções das padronagens de alguns povos indígenas e criarão um sistema de códigos para os padrões que criaram na aula anterior. Converse sobre os diferentes conceitos de arte ex- postos na contextualização acima e valorize todas as formas de fazer arte. Explique que cada grupo indígena criou um sistema de padronagens com diferentes signi- ficados para comunicação e expressão. A partir dos padrões criados nas aulas anteriores, peça para as crianças criarem um código de significação. Nesta brincadeira, cada padronagem terá um signi- ficado dentro da turma. Uma pode se referir às crian- ças que possuem irmãos mais velhos, e outra se referir a irmãos mais novos; uma padronagem pode indicar os que gostam de jogar bola, outra, os que gostam de brincar de amarelinha. Enfim, a ideia é estimulá-los a usarem os padrões de uma forma semelhante a que os indígenas usam. Após a criação dos códigos, as crianças podem apli- car as padronagens em seus cadernos e outros objetos pessoais como forma de indicar preferências e caracte- rísticas. Depois, é possível brincar de adivinhar de quem é o desenho só pelos significados das padronagens. ETAPA 3: Desenho para ornamentar o corpo Nesta aula, as crianças conhecerão os usos e funções sociais de algumas pinturas corporais e experimentarão aplicar as padronagens que inventaram na aula anterior em seus próprios corpos. Explique as diferentes funções das pinturas corpo- rais, ressaltando que por meio delas, os índios são ca- pazes de falar e mandar recados. Além das funções já citadas, conte que as comunidades indígenas utilizam este recurso também para se proteger do sol, dos in- setos e para garantir boa sorte na caça, na guerra, na pesca e na viagem. Explique que, para pintar o corpo, eles utilizam pigmentos naturais como o urucum (cor vermelha), o genipapo (azul bem escuro), pó de carvão sobre camada de suco de pau-de-leite, calcáreo ou ta- batinga (branco), açafrão (amarelo). As mulheres pin- tam usando gravetos, taquaras, os dedos ou, em certas sociedades, carimbos feitos com caroços de frutas par- tidos ao meio e mergulhados na tinta. Para essa atividade, as crianças podem pintar as padronagens no rosto e braços com canetinha ou guache (a canetinha oferece maior firmeza para de- senhar na pele, mas um pincel fino com tinta guache também serve). Na impossibilidade de desenhar nos próprios corpos, as crianças podem desenhar a si mesmas ou a um amigo num papel e aplicar a padro- nagem neste retrato. Os desenhos podem se tornar retratos simbólicos das preferências e características das crianças e somente quem entender o código esta- belecido, saberá decifrar! ••••••• Avaliação ••••••• Avalie se a criança respeita diferentes conceitos de arte; se entende o que é um desenho de padronagem; se compreende o que é o elemento-padrão; se conse- gue reproduzir o elemento-padrão ordenadamente; se atribui um significado para sua padronagem; se aplica em seus objetos e se aprecia os desenhos criados por seus colegas. 2 Arte edatas comemorativas D IA DO ÍNDIO