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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADES
ACH1027 - GEOTECNIA AMBIENTAL
PROFESSOR THIAGO PEREIRA DOS SANTOS
GERENCIAMENTO DE ÁREAS CONTAMINADAS
GRUPO 1
BRENDA HELENA D'OLIVEIRA - 11883570
LUÍS HENRIQUE SOUZA REGO - 11209625
MIRELLA YUMI KUBAGAWA - 11384650
STEFANO JERICÓ DAMINELLO - 11768800
São Paulo
2023
1. Introdução ao gerenciamento de áreas contaminadas
Área contaminada é uma porção de espaço com presença de moléculas de ocorrência
não natural pelo ambiente delimitado e, de acordo com os critérios da CETESB (s.d.) O que
são áreas contaminadas, a definição também contempla o desbalanceamento químico
ocasionado pela poluição. Portanto, o termo serve tanto para áreas comprovadamente
poluídas quanto contaminadas, onde a poluição é a presença de um composto ou corpo em
concentração maior do que a ocorrência natural e contaminação é a presença de um composto
onde ele não ocorre naturalmente.
São inúmeros os tipos de compostos contaminantes, orgânicos e inorgânicos, podendo
ser combustíveis, metais, polímeros, medicamentos, fertilizantes e outros. As áreas também
podem ser contaminadas biologicamente por organismos como as cianobactérias, que liberam
toxinas em corpos hídricos (MUTOTI, 2023). Pode-se destacar algumas fontes causadoras de
áreas contaminadas, como indústrias que não passam seus efluentes por uma estação de
tratamento e o agronegócio com o uso exacerbado de agrotóxicos e fertilizantes por
pulverização. O próprio descarte inadequado de resíduos industriais, como substâncias
químicas perigosas, pode ocorrer através de práticas inadequadas de descarte de resíduos, seja
diretamente no solo, em corpos d'água ou em aterros inadequados, o que pode resultar na
contaminação do solo e aquíferos subterrâneos.
2. Etapas do gerenciamento de áreas contaminadas
O Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC) é um processo amplo e complexo,
realizado por meio de um conjunto de medidas adotadas para eliminar ou minimizar o risco
das áreas contaminadas à população e ao meio ambiente. Para isso, é preciso seguir as
diretrizes contidas em âmbito federal, como a Resolução CONAMA nº 420, de 28 de
dezembro de 2009, ou em âmbito estadual específico, como no Estado de São Paulo, cuja
regulamentação é feita pela CETESB na sua Decisão de Diretoria nº 038/2017/C, de 07 de
fevereiro de 2017, considerada referência sobre esse tema para todo o Brasil.
Basicamente, são 6 etapas contidas no Gerenciamento de Áreas Contaminadas, sendo elas:
1. Avaliação preliminar, que consiste na identificação e avaliação inicial da possível
contaminação, incluindo histórico de uso do local e indícios de contaminação, para
determinar a necessidade de investigação adicional;
2. Investigação confirmatória, que consiste na confirmação da contaminação através
de coleta de amostras e análise laboratorial, visando obter evidências sólidas da
presença de contaminantes;
3. Investigação detalhada, que faz a análise mais aprofundada da extensão e
concentração dos contaminantes, identificando potenciais riscos à saúde e ao meio
ambiente;
4. Avaliação de risco, que compõe a avaliação dos riscos à saúde humana e ao
ecossistema causados pela contaminação, com base nos dados obtidos nas
investigações;
5. Plano de intervenção, que acompanha o desenvolvimento de estratégias de
remediação, controle institucional e de engenharia para reduzir ou eliminar os riscos
identificados.
6. Monitoramento ambiental, que consiste no acompanhamento contínuo da
efetividade das medidas de intervenção adotadas e da evolução da contaminação,
garantindo a segurança ambiental a longo prazo.
3. Necessidade do gerenciamento de áreas contaminadas
As consequências que uma área contaminada pode gerar no meio ambiente são
inúmeras. Começando pela saúde humana, podemos destacar a desregulação metabólica,
insuficiência de diversos órgãos e incômodo e mal-estar ao respirar pelo odor ocasionado
pela volatilização dos contaminantes. Sobre esse último efeito na saúde humana, segundo
levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição do ar provoca a morte de
mais de 50 mil pessoas por ano no Brasil. Corroborando com essa informação, um estudo
realizado pelo Ministério da Saúde (MS) estimou a ocorrência de 44.228 mortes por doenças
crônicas não transmissíveis atribuídas à poluição do ar no País, em 2016 (BRASIL, 2019).
Dado esse contexto, é de suma importância ter atenção em como se dá o levantamento
dos estudos sobre o risco de uma área possivelmente ou já contaminada, visto os perigos
decorrentes de uma exposição de um receptor ao contaminante. Para evitar acidentes como
esse, foram pensadas metodologias que identificam e quantificam os impactos relacionados a
áreas contaminadas, levando em consideração os processos associados e os possíveis
impactos.
Abaixo, as etapas de um processo de avaliação de risco da saúde humana:
Fonte: Guia de elaboração de planos de intervenção para o gerenciamento de áreas contaminadas, 2014
Acerca do meio ambiente natural, a presença de poluentes e/ou contaminantes diminui
a qualidade dos serviços ecossistêmicos prestados, o que pode ter consequências como a
impossibilidade de ocupação da área, a falta de vegetação e a falta de agentes polinizadores
bióticos e outros animais. No caso de contaminação de corpos hídricos, pode ocorrer tanto em
corpos d'água superficiais, como rios, lagos e oceanos, quanto em águas subterrâneas. A
presença de substâncias químicas tóxicas pode comprometer a qualidade da água, tornando-a
imprópria para uso humano (seja para consumo ou lazer) e prejudicando os ecossistemas
aquáticos. Em relação à contaminação do solo, a presença desses contaminantes pode afetar a
fertilidade, reduzir a biodiversidade do ecossistema, contaminar os alimentos cultivados e
gerar riscos para a saúde humana. Também pode levar à lixiviação de substâncias químicas
para as águas subterrâneas, ampliando ainda mais o alcance da contaminação.
A partir dos impactos causados pelas áreas contaminadas, pode-se perceber a
necessidade de gerenciamento desses espaços. Destacam-se dois motivos principais, sendo o
primeiro o próprio direito da população civil, faunística e florística de viver em espaços que
propiciem bem-estar satisfatório e também o direito de existência e permanência biótica,O
segundo principal motivo é que diminuir a qualidade ambiental pode afetar os serviços
ecossistêmicos trazendo consequências devastadoras diretamente para a economia e
indiretamente para os outros setores da sociedade, já que o orçamento público precisará
contemplar uma parcela de dinheiro para serviços que a própria natureza realizava
gratuitamente.
4. Cenários de aplicação do GAC
Tendo definida a necessidade de gerenciamento, é preciso entender o objetivo a ser
alcançado, através de estudos e investigações detalhadas que permitam entender a natureza e
a extensão da (possível) contaminação, além da origem dos poluentes presentes no local.
Se os estudos confirmarem um perfil de contaminação no local, então o próximo
objetivo é avaliar os riscos envolvidos. Nessa etapa estima-se o potencial impacto na saúde
das áreas adjacentes e da população, bem como na flora e fauna em contato com a área em
questão. Seguido da etapa de avaliação, definem-se as estratégias de contingência, mitigação
e, consequentemente, a remediação dos riscos identificados.
As estratégias são definidas de acordo com o contexto de utilização do GAC.
Algumas das principais situações em que o gerenciamento é necessário incluem:
- Remediação ambiental: Quando uma área é identificada como contaminada, seja por
meio de monitoramento, investigações ou denúncias, o gerenciamento é acionado para
avaliar os riscos à saúde humana e ao meio ambiente. O objetivo é desenvolver planos
de remediação adequados para reduzir ou eliminar os riscos e restaurar a qualidade
ambiental.
- Monitoramento de atividades industriais: Empresas que trabalham com substâncias
químicas ou atividades potencialmente poluidoras devem implementar medidas de
monitoramentoe gerenciamento para evitar a contaminação do solo, água e ar. O
gerenciamento nesses casos visa garantir o cumprimento das regulamentações
ambientais e a prevenção de danos ambientais.
- Licenciamento ambiental: Durante o processo de licenciamento ambiental de novos
empreendimentos, é necessário avaliar os potenciais impactos ambientais e a
possibilidade de contaminação de áreas adjacentes. O gerenciamento é essencial para
definir medidas de controle e prevenção para minimizar os impactos negativos e
garantir a sustentabilidade do projeto.
- Identificação de áreas potencialmente contaminadas: Em muitos casos, áreas
urbanas e industriais antigas podem ter histórico de atividades poluidoras, tornando-as
suspeitas de contaminação. Nesses casos, o gerenciamento é utilizado para investigar
e confirmar a presença de contaminação, bem como para definir ações de mitigação,
se necessário.
- Proteção da saúde pública: Quando uma área contaminada representa um risco
direto à saúde humana, seja pela presença de substâncias tóxicas no solo ou na água
subterrânea, o gerenciamento é essencial para proteger a população afetada e tomar
medidas corretivas para minimizar os efeitos adversos.
5. Legislação e regulamentações
O documento legal específico sobre o Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC)
em nível federal é a Resolução CONAMA nº 420/2009, a qual teve como base a Lei nº
13.577/2009 do Estado de São Paulo e foi alterada parcialmente pela Resolução CONAMA
nº 460/2013.
Em resumo, a Resolução CONAMA nº 460/2013 diz que: “Dispõe sobre critérios e
valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e
estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas
substâncias em decorrência de atividades antrópicas.”
Aspectos legais
- Varia nos âmbitos das esferas federal, estadual e municipal. Os estados e municípios
possuem autonomia para definição da sua própria legislação.
Introdução
- Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981 – “Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências”.
Legislação de referência Federal
- Resolução CONAMA nº 420 de 2009 (alterada pela Resolução CONAMA
nº460/2013) – “Dispõe sobre o critério e valores orientadores de qualidade do solo
quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o
gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência
de atividades antrópicas”.
Legislação de Referência Estadual
São Paulo
- Decisão de Diretoria nº 103/2007 – CETESB – Estabelece o “Procedimento para
Gerenciamento de Áreas Contaminadas”.
- Decisão de Diretoria nº 256/2016/E – CETESB - Dispõe sobre a “Aprovação dos
Valores Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo”.
- Decisão de Diretoria nº 038/2017/C – CETESB - Estabelece o “Procedimento para
Proteção da Qualidade do Solo e da Água Subterrânea”, revisa o “Procedimento para
Gerenciamento de Áreas Contaminadas” , e determina as “Diretrizes para
Gerenciamento de Áreas Contaminadas no âmbito do Licenciamento Ambiental”.
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=601
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2009/lei-13577-08.07.2009.html
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/2009/lei-13577-08.07.2009.html
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=676
http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=676
Princípio da responsabilidade ambiental
“CONAMA Nº 420 / 2009✓ Artigo 34 – Os responsáveis pela contaminação da área
devem submeter ao órgão ambiental competente proposta para a ação de intervenção a ser
executada sob sua responsabilidade, devendo a mesma, obrigatoriamente, considerar: I – O
controle ou a eliminação das fontes de contaminação; II – O uso atual e futuro do solo da área
objeto e sua circunvizinhança; III – Avaliação de risco à saúde humana; IV – Alternativas de
intervenção consideradas técnica e economicamente viáveis e suas consequências; V –
Programa de monitoramento da eficácia das ações estudadas; VI – Os custos envolvidos na
implementação das alternativas propostas para atingir as metas estabelecidas.”
Arcabouço técnico - CETESB
- ABNT 15.515-1:2007 - Investigação de Passivos Ambientais – Parte 1: Avaliação
Preliminar.
- ABNT 15.515-2:2011 – Investigação de Passivos Ambientais – Parte 2: Investigação
Confirmatória.
- ABNT 15.515-3: 2013 – Investigação de Passivos Ambientais – Parte 3: Investigação
Detalhada.
- ABNT 16.209:2013 – Avaliação de Risco à Saúde Humana para fins de investigação
de áreas contaminadas - Procedimento.
- ABNT 16.210: 2013 – Modelo Conceitual no gerenciamento de áreas contaminadas.
- ABNT 16.435:2015 – Controle da qualidade na amostragem para fins de investigação
de áreas contaminadas.
6. Desafios no gerenciamento de áreas contaminadas
Ao se deparar com áreas contaminadas, os órgãos públicos e os técnicos ambientais
enfrentarão diversos desafios decorrentes da complexidade que as áreas contaminadas
possuem por prejudicar os espectros ambiental, social e econômico, simultaneamente. O
primeiro deles é identificar e avaliar corretamente a extensão da contaminação presente. Isso
requer técnicas precisas de amostragem e análises laboratoriais confiáveis para determinar a
natureza e concentração dos contaminantes no solo e na água subterrânea. Outro desafio é a
grande diversidade de contaminantes que podem ser encontrados nessas áreas, variando desde
produtos químicos industriais até combustíveis fósseis advindos de vazamentos de tanques de
postos de gasolina e materiais radioativos decorrentes de atividades hospitalares. Cada tipo de
contaminação exige abordagens específicas para remediação e tratamento adequado. Além
disso, há a questão das responsabilidades legais e regulatórias associadas. Identificar quem é
responsável pelos danos ambientais e pelos custos de limpeza pode ser uma tarefa complexa,
especialmente quando a contaminação é histórica ou quando várias partes podem ser culpadas
pela poluição. Seguindo sobre o desafio da limpeza, ela pode ser tecnicamente desafiadora e
custosa, principalmente quando a contaminação atinge camadas profundas do solo ou está
presente em aquíferos.
Sendo assim, observa-se que o desafio não gira em torno da capacidade dos técnicos
apenas, mas também da disponibilidade de recursos financeiros e tecnológicos adequados.
Pode ser extremamente oneroso o gerenciamento de áreas contaminadas, e a falta de recursos
adequados pode dificultar a implementação de medidas de remediação eficazes. Por fim,
pode também se relatar o desafio de alinhar cientistas, engenheiros, especialistas em direito
ambiental, e as esferas do setor público e privado.
7. Consequências negativas do gerenciamento de áreas contaminadas
O gerenciamento de áreas contaminadas traz diversos custos ambientais, sociais e
econômicos. Começando com as desvantagens para o meio ambiente, o tratamento e a
remediação de áreas contaminadas exigem o uso intensivo de recursos naturais, como água e
energia. Além disso, algumas técnicas de remediação podem perturbar o fluxo das águas
subterrâneas e, consequentemente, espalhar a contaminação para outros locais. Por fim, o
gerenciamento causa perturbações em habitats naturais, estressando a fauna e a flora locais.
Sobre a sociedade, a remediação de áreas contaminadas, em alguns casos, pode exigir
o deslocamento de comunidades locais, levando a questões sociais e de justiça ambiental.
Além disso, essa população afetada pode passar por preocupações intensas e episódios de
ansiedade, afetando negativamente a qualidade de vida e o bem-estar psicológico das
comunidades.
Por fim, para a economia, é notável a onerosidade financeira que o gerenciamento de
áreas contaminadas exige, especialmente se a contaminação for extensa e profunda. As áreas
afetadas passam por desvalorização imobiliária e sofrem impactos nas atividades econômicas
locais, por decorrênciade possíveis paralisações comerciais e industriais pode ocorrer perda
de empregos e redução na arrecadação de impostos. No espectro legal, empresas e entidades
responsáveis pela contaminação podem enfrentar processos judiciais e sanções financeiras.
8. Exemplos de aplicação (enfoque em casos nacionais/regionais/locais)
Um exemplo prático da atuação do gerenciamento de áreas contaminadas pode ser
evidenciado na gestão de águas subterrâneas. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo
- ANP, em 2015, existiam cerca de 8.960 postos revendedores de combustíveis automotivos,
que representavam 72% dos casos de contaminações de solo e/ou água subterrânea no Estado
de São Paulo, segundo a Cetesb (2017) (SPAGNOLI, 2019).
A água é um recurso natural que tem sua distribuição variável no tempo e no espaço,
sendo fundamental para o desenvolvimento social, econômico e cultural, além de impactar e
ser impactada diretamente pelo crescimento populacional. A gestão de uso e níveis de
qualidade do recurso é imprescindível, frente ao aumento de sua demanda para consumo.
Todavia, a contaminação dos solos e a impermeabilização de áreas urbanizadas traz inúmeros
riscos à subsistência de determinadas regiões, visto que pode acarretar em riscos à recarga
dos aquíferos e à qualidade das águas, comprometendo a disponibilidade hídrica subterrânea
(SPAGNOLI, 2019).
A atividade de revenda de combustíveis é caracterizada pela Resolução CONAMA no
237/1997 como potencialmente poluidora, visto que armazena grande quantidade de
combustíveis capazes de causar contaminação tanto em corpos hídricos superficiais, quanto
subterrâneos. Spagnoli (2019) afirma que a aplicação de controles ambientais, gerenciando os
postos revendedores, tem como objetivo minimizar ou extinguir a ocorrência de possíveis
acidentes. Todavia, mesmo com processos como o licenciamento ambiental, que estabelece
critérios e exigências rigorosas para a segurança das instalações, os vazamentos subterrâneos
de combustíveis, especialmente gasolina e diesel, continuam frequentes e de difícil
identificação em função do local de ocorrência.
O Estado de São Paulo detém a maior quantidade de postos revendedores de
combustíveis automotivos, a maior malha rodoviária do país, assim como também a maior
atividade econômica nacional. No que se refere à esfera federal, o Ministério da Saúde,
através da Secretaria de Vigilância em Saúde instituiu programas para cadastrar e monitorar
os riscos à saúde das populações expostas às contaminações em solo e água subterrânea,
como o Vigiágua, para implementação das ações de vigilância da qualidade da água para
consumo humano e o Vigipeq, para realização de vigilância em saúde de populações expostas
a contaminantes químicos. Como parte integrante desse instrumento existe o Vigisolo que
consiste na vigilância das contaminações do solo e os riscos derivados de tais ocorrências
(SPAGNOLI, 2019).
Um grande desafio para as políticas ambientais trata-se da participação pública nos
processos decisórios, ou em comitês de bacias, tendo acesso a informações
quali-quantitativas acerca dos problemas hídricos da região, visto que estas implicam em
riscos à saúde humana. Contudo, a interação entre a gestão das águas subterrâneas e o GAC
no Estado de São Paulo ocorre apenas internamente à Cetesb e ao Departamento de Águas e
Energia Elétrica (DAEE).
9. Conclusão
O gerenciamento de áreas contaminadas é uma prática essencial para proteger o meio
ambiente, a saúde humana e garantir a qualidade dos serviços ecossistêmicos. As áreas
contaminadas podem resultar de várias fontes, incluindo atividades industriais e agrícolas, o
descarte impróprio de resíduos e até mesmo contaminação biológica. O processo de
gerenciamento de áreas contaminadas envolve várias etapas, desde a avaliação preliminar até
o monitoramento contínuo das medidas de intervenção adotadas. Os órgãos ambientais
competentes, tanto em nível federal quanto estadual, desempenham um papel fundamental na
regulamentação e implementação das medidas de controle e intervenção. Os desafios
enfrentados no gerenciamento de áreas contaminadas são complexos e incluem uma
identificação precisa da extensão da contaminação, a diversidade de contaminantes presentes
e a responsabilidade legal pela poluição. Além disso, o processo pode ser oneroso e requer
recursos financeiros e tecnológicos adequados.
10. Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Saúde
Ambiental, do Trabalhador e Vigilância das Emergências em Saúde Pública. Poluição
atmosférica na ótica do Sistema Único de Saúde: vigilância em saúde ambiental e
qualidade do ar [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em
Saúde, Departamento de Saúde Ambiental, do Trabalhador e Vigilância das Emergências em
Saúde Pública - Brasília : Ministério da Saúde, 2021. Disponível em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/poluicao_atmosferica_SUS_saude_ambiental.pd
f> Acesso em: 15 Jul. 2023
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente; CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
(Brasil). Resolução n.º 491, de 19 de novembro de 2018. Dispõe sobre padrões de qualidade
do ar. Brasília, DF: MMA: CONAMA, 2018. Disponível em:
<http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=740.> Acesso em: 15 Jul. 2023
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente; CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
(Brasil). RESOLUÇÃO CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Dispõe sobre a
revisão e complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento
ambiental. Disponível em:
<http://conama.mma.gov.br/?option=com_sisconama&task=arquivo.download&id=237>
Acesso em: 20 Jul. 2023
CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. O que são áreas
contaminadas. São Paulo, SP. Disponível em:
<https://cetesb.sp.gov.br/areas-contaminadas/o-que-sao-areas-contaminadas/>. Acesso em: 10
Jul. 2023.
MORAES, Sandra Lúcia de; TEIXEIRA, Cláudia Echevenguá; MAXIMIANO, Alexandre
Magno de Sousa. Guia de elaboração de planos de intervenção para o gerenciamento de
áreas contaminadas. 1. ed. rev. São Paulo: IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo : BNDES, 2014.
MUTOTI, Mulalo; EDOKPAYI, Joshua; MUTILENI, Ntwanano; DUROWOJU, Olatunde;
MUNYAI, Fhatuwani. Cyanotoxins in groundwater; occurrence, potential sources, health
impacts and knowledge gap for public health. Toxicon, Volume 226, 2023, 107077, ISSN
0041-0101, https://doi.org/10.1016/j.toxicon.2023.107077.
SPAGNOLI, Marcus Vinícius. Gerenciamento de áreas contaminadas e gestão
participativa das águas subterrâneas no Estado de São Paulo. Ilha Solteira: [sn], 2019.
90p. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Engenharia.
Ciências Ambientais, 2019.

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