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Intencionalidade comunicativa teorias e implicações para a cognição social infantil

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Estudos de Psicologia I Campinas I 27(3) I 413-420 I julho - setembro 2010
11111 Universidade Federal da Paraíba, Departamento de Psicologia. Conjunto Humanístico, Bloco IV, Cidade Universitária, 58059-900, João Pessoa, PB, Brasil.
Correspondência para/Correspondence to: F.S. BRAZ. E-mail: <fabiolabrazaquino@gmail.com>.
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Intencionalidade comunicativa: teorias e implicações
para a cognição social infantil
Communicative intentionality: theories and
implications for infant social cognition
Fabíola de Sousa Braz AQUINO1
Nádia Maria Ribeiro SALOMÃO1
Resumo
Esse artigo explora a questão da intencionalidade comunicativa dos bebês e a aquisição dessa habilidade no primeiro ano de
vida. Apresenta pontos de vista teóricos acerca dessa temática, pesquisas que assinalam a dimensão sociocomunicativa da
linguagem, suas contribuições para a cognição social infantil, e o papel do adulto na coconstrução dessa habilidade. Destaca,
ainda, a relação estreita entre intenção comunicativa e contextos triádicos, os diferentes pontos de vista acerca do momento
evolutivo em que surgem tais habilidades e as nuances na investigação dos atos comunicativos infantis, principalmente quando
tais atos incorporam o elemento intencional.
Unitermos: Cognição social. Intenção. Linguagem. Relação mãe-criança.
Abstract
This paper explores babies’ communicative intentionality and the acquisition of this ability in the first year of life. It presents a theoretical
discussion of this theme, looking at research that points to the social-communicative dimension of language and its relevance to the child’s
social cognition, as well as the adult’s role in developing this ability. It also emphasizes the narrow relationship between triadic contexts and
communicative intention, the different points of view on the evolutional moments in which this ability emerges and the nuances of the
investigation into the infant’s acts of communication, mainly when such acts incorporate the intentional element.
Uniterms: Social cognition. Intention. Language. Mother-child relations.
A relevância dos estudos concernentes à inten-
cionalidade comunicativa e suas repercussões nos
debates relativos à compreensão do desenvolvimento
humano tem sido demonstrada por pesquisas que
investigam a cognição social no primeiro ano de vida.
(Bates, O’Connell & Shore, 1987; Bruner, 1980; Corkum &
Moore, 1998; Meltzoff, Gopnik & Repacholi, 1999;
Papaeliou & Trevarthen, 2006; Tomasello & Carpenter,
2007). Há nas primeiras redes de interações estabe-
lecidas entre bebês e adultos uma gama de habilidades
que dão suporte ao desenvolvimento de potenciali-
dades tipicamente humanas, tais como a capacidade
de apreender significados pelo compartilhar de ativi-
dades culturalmente construídas. Discutem-se nessa área
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Cleveland, Kobiella e Striano (2006); Rochat (2007);
Sabbagh e Baldwin (2007) e Tomasello (2003), o momento
no qual os bebês demonstram a capacidade de comu-
nicação intencional, os fatores implicados nessa aqui-
sição, as estratégias metodológicas e conceituais adota-
das para o estudo da comunicação intencional, e o
período a partir do qual o bebê interpreta um comporta-
mento do adulto como intencional.
 O presente artigo aborda a importância da
intenção comunicativa para a ontogênese da comuni-
cação por entender que a habilidade intencional é
fundamental para o desenvolvimento sociocognitivo
infantil. Essa discussão inicia-se com um breve percurso
histórico acerca dos estudos nessa área e com a expo-
sição de argumentos teóricos propostos para explicar a
gênese e os fatores envolvidos na compreensão da
dimensão comunicativa da linguagem. Num segundo
momento, são apresentadas pesquisas que enfatizam a
relação entre intenção comunicativa e habilidades pré-
-linguísticas evidenciadas por bebês para responder ao
ambiente social. Acrescenta-se à discussão o papel dos
adultos na coconstrução dessa dimensão do desen-
volvimento e, por fim, questionamentos e propostas
para futuros estudos.
Intencionalidade comunicativa
O interesse pelo estudo da capacidade de
comunicação intencional e pela análise das primeiras
condutas comunicativas pré-linguísticas infantis
fortaleceu-se a partir da década de 1970, com estudos
que buscavam encontrar relações evolutivas entre a
comunicação pré-verbal e a comunicação linguística,
além daqueles que investigavam a ontogênese da
comunicação. Esses trabalhos assinalavam como sendo
o marco do desenvolvimento comunicativo o surgi-
mento da habilidade de comunicação intencional em
bebês já no primeiro ano de vida (Bates et al.,1987;
Brazelton, 1979; Bruner, 1975; Halliday, 1979; Harding &
Golinkoff, 1979; Trevarthen, 1979). As pesquisas relaciona-
das à área sociocomunicativa e pragmática centram
suas formulações na importância dessa dimensão da
linguagem para uma análise mais detalhada e global,
ressaltando o pressuposto de que a linguagem deveria
ser analisada num contexto de ação e, portanto, nas
interações sociais efetivas.
Sarriá (1991) expõe uma retrospectiva nessa área
ao destacar a influência do enfoque interacionista na
psicologia evolutiva e o crescimento dos estudos na
área pragmática no campo da psicolinguística como
elementos decisivos para o impulsionar de programas
de investigação em torno da comunicação intencional
e sua emergência durante a infância. Para Sarriá (1991,
p.360) autora, “... a importância concedida pelos enfoques
pragmáticos à intenção do falante, à função da emissão
e ao contexto no qual se produz enfraqueceu a tese da
especificidade das capacidades linguísticas e de seu
desenvolvimento e levou a conceber o desenvolvi-
mento da linguagem como integrado ao desenvolvi-
mento de uma capacidade comunicativa mais geral”. É
nesse contexto que aumenta o interesse pelo estudo
da competência comunicativa e pela ideia de que a
linguagem deve ser tratada essencialmente como uma
forma de ação num contexto real e intersubjetivo (Austin,
1990).
Ainda segundo Sarriá (1991), o enfoque na di-
mensão pragmática conduziu à defesa do estudo da
linguagem como instrumento de comunicação, reper-
cutindo em programas de intervenção psicológica e
redimensionando os objetivos de investigações no cam-
po da psicopatologia infantil com o estudo de alterações
graves na comunicação, tais como o autismo. Sarriá
(1991) menciona que o primeiro estudo empírico sobre
intenção comunicativa foi realizado em 1973 por Susan
Sugarman, que identificou a comunicação intencional
como a coordenação, por parte da criança, das ações
dirigidas a um objeto externo e a outra pessoa, visando
satisfazer seus objetivos. Em outras palavras, a criança
que capta a atenção do adulto e lhe transmite seu de-
sejo está utilizando dele como meio para alcançar um
fim associado a um objeto. Além dessa investigação,
podem ser citados os estudos realizados por Dore (1974),
Halliday (1979), Harding e Golinkoff (1979) e Bruner (1975),
os quais constituem marcos no estudo da dimensão
intencional e comunicativa da linguagem, também ins-
pirados na noção de atos de fala de Austin (1962/1990)
e Searle (1969/1995).
Os estudos que se detêm sobre essa temática
derivam, ainda, de um conjunto de pressupostos que
se apóiam, principalmente, (a) na influência do modelo
sociocultural de Vygotsky e Luria; (b) nos trabalhos
recentes no campo da neuropsicologia do desenvol-
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vimento, especificamente na função pré-frontal cortical
cerebral; (c) na inquietação com os problemas da cons-
ciência, e, mais recentemente, (d) em pesquisas sobre
as crenças das crianças sobre a mente - teoria damente
(Olson, Astington & Zelazo, 1999).
Bloom (1993) propôs que os bebês adquirem a
habilidade de se comunicar intencionalmente a partir
dos contatos que estabelecem com sua cultura e com
as convenções sociais, devido às interpretações dadas
pelos adultos em tais intercâmbios. Essa mesma autora
evidencia em seus trabalhos o caráter ativo da criança
nas interações e a influência de suas características nas
trocas estabelecidas com os demais. Em outras palavras,
o que a criança pensa ou tem em mente - seu estado
intencional em qualquer momento - determinaria suas
ações e interações no mundo e consequentemente o
seu desenvolvimento.
Ao discutir essa questão, Bruner (1999) postula a
existência de dois tipos de intenções que os bebês e as
crianças desenvolvem: (a) intenções epistêmicas: quan-
do as crianças reconhecem que o outro está atento a
alguma coisa (objeto, evento ou estado), e (b) intenções
instrumentais: quando as crianças reconhecem inten-
ções dirigidas a metas inerentes às ações dos outros.
Ainda sobre essa questão, Bruner (1999) ressalta que
todo o processo de sofisticação da habilidade comu-
nicativa intencional torna-se possível devido ao sistema
de suporte social que existe na comunidade linguística,
que auxilia a criança a se apropriar da linguagem refe-
rencial, ou seja, a assistência colaborativa dos adultos
funcionaria como um elo por meio do qual a criança
estabeleceria a relação entre um sinal e seu referente.
Rivero (2003), discutindo a relação entre inten-
cionalidade comunicativa e as configurações da lin-
guagem nos primeiros anos de vida, defende que as
análises das trocas comunicativas adulto-bebê devem
privilegiar a noção de comunicação como um processo
social e relacional. Nessa linha de raciocínio, o desen-
volvimento comunicativo não é um processo de trocas
cognitivas ou linguísticas independentes das ações e
das interações concretas, uma vez que o processo co-
municativo está circunscrito nas trocas interpessoais
que geram as representações mentais e as dotam de
sentido. Nessa ótica, a intencionalidade comunicativa
passa a ser concebida como um processo social e,
portanto, abordada a partir de intenções expressas por
meio de condutas não verbais, tais como os gestos, as
expressões faciais, os movimentos e as posturas do corpo
de parceiros de uma interação.
Autores como Rochat (2007, p.9) definem a in-
tencionalidade como “... a capacidade mental dos indiví-
duos para se referirem a um objeto, quer esse objeto
exista ou não”. Para ele, de forma geral, a intenciona-
lidade seria uma capacidade cognitiva para representar
objetos e planos de ação que vão além do “aqui-e-agora”
da percepção. Esse mesmo autor propõe ainda que a
intencionalidade pode ser expressa por meio de ações
intencionais que começam a ser evidenciadas aos dois
meses de vida do bebê, e que o mecanismo responsável
por tal desenvolvimento é a maneira única e tipica-
mente humana de comunicação recíproca e intencional
entre o bebê e seus progenitores. Para Rochat (2007), as
trocas recíprocas, o espelhamento afetivo e a imitação
mútua possibilitam ao bebê uma oportunidade única
para estabelecer distinções entre o “eu” e a perspectiva
do outro.
No presente artigo defende-se, tal como Rivero
(2003) e Rochat (2007), que a peça-chave para a expli-
cação da intencionalidade comunicativa infantil
encontra-se nas primeiras interações sociais conside-
radas necessárias para o desenvolvimento da comuni-
cação intencional. Para Rochat (2007), a reciprocidade
presente nas interações sociais é um mecanismo que
possibilita à criança tornar-se intencional por permitir a
dissociação de perspectivas entre o eu e o outro sobre
os objetos, as pessoas e sobre si mesmo.
Essa questão já havia sido objeto de estudo de
Vygotsky (2000), que afirmou que a construção da
intencionalidade parte da internalização das atividades
socialmente enraizadas e historicamente desenvolvidas,
constituindo o aspecto característico da psicologia
humana e o ponto de partida para o salto qualitativo da
psicologia animal para a psicologia humana. Vygotsky
(1932/1996) mencionou que o balbucio, o choro, as
risadas, os sons inarticulados e as primeiras palavras
seriam demonstrações nítidas de estágios de desenvol-
vimento da fala e de meios de contato social, já evidentes
no primeiro ano de vida.
Vygotsky (1996) propôs que o primeiro ano de
vida do bebê exercia impacto sobre a gênese das mani-
festações sociais, pois todo o comportamento infantil
estaria imerso no social. As relações sociais dos bebês,
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desde muito precocemente, não poderiam ser pensadas
de forma separada nem diferenciada do contexto so-
ciocultural a que eles pertencem. Nesse processo,
A comunicação com o adulto é a esfera fundamental
onde se revela a própria atividade da criança, pois
quase toda a atividade pessoal do bebê se integra
em suas relações sociais. A atitude dos bebês ante o
mundo exterior se revela sempre através de outras
pessoas. Portanto, a conduta individual do bebê está
imersa, entrelaçada com o social, e todas as mani-
festações sociais do bebê estão dentro da situação
concreta, formando com ela um todo único e indivi-
sível (Vygotsky, 1932/1996; p.303).
Explorando essa dimensão sociocomunicativa
da linguagem já enunciada por Vygotsky (1932/1996),
Carpenter, Nagell e Tomasello (1998) acrescentaram a
ideia de que nas primeiras interações que os bebês esta-
belecem com os adultos desenvolve-se a intenção
comunicativa, habilidade que estaria estreitamente
relacionada à aquisição da capacidade de atenção
conjunta, que pode ser definida como “... episódios nos
quais a criança alterna seu olhar entre uma terceira
entidade e um adulto demonstrando que ela não está
apenas focada na mesma coisa que o adulto mas tam-
bém coordenando seu foco de atenção num engaja-
mento conjunto” (Akthar & Gernsbacher, 2007). De
acordo com essa perspectiva, comportamentos como
o choro, o balbucio, os sons desarticulados e as risadas
dos bebês que apresentam uma função primordial-
mente social nos primeiros meses de vida da criança
passam por modificações gradativas e adquirem uma
natureza intencional já no final do primeiro ano de vida.
Pesquisadores como Tomasello (2000) defendem
que em torno do primeiro ano de vida os bebês passam
a compreender que quando outras pessoas produzem
determinados sons elas estão tentando chamar sua aten-
ção para algo. Essa compreensão, que se dá em torno
dos nove aos doze meses de idade, é uma expressão de
momentos de mudança na maneira como os bebês
compreendem outras pessoas e ocorre pelo surgimento
quase simultâneo de uma gama de habilidades de
atenção conjunta. Esse percurso feito pelo bebê seria,
antes, sustentado pelo meio cultural no qual a criança
se insere desde seu nascimento, quando entra em
contato com seus coespecíficos. Para Tomasello (2003,
p.108), esse “... habitus humano que cria o contexto para
o desenvolvimento cognitivo infantil e inscreve a criança
em formas exclusivamente humanas de herança
cultural”, pode ser designado nicho ontogenético.
Segundo propõe Tomasello (2003), quando as
crianças começam a compreender as ações dos outros
como intencionais, elas, em geral, também começam a
compreender as ações comunicativas dos outros como
intencionais, dirigindo a atenção do outro intencional-
mente. Essa discussão foi mais recentemente aprofun-
dada por Tomasello, Carpenter, Call, Behne e Moll (2005),
que sustentam que os bebês possuem uma habilidade
especial de caráter social que os provê de motivação e
capacidade cognitiva para sentir, trocar experiências e
agir em conjunto com os outros, sendo essa habilidade
designada intencionalidade compartilhada. Como ele-
mentos que subjazem a essa habilidade, destaca-se a
existência de relações muito estreitas entre a evolução
do comportamento intencional de bebês e a capacidade
de estabelecer períodos de engajamento conjunto,
básicos parao desenvolvimento da linguagem.
Para esses mesmos pesquisadores, a linguagem,
embora fundamental, seria derivada da habilidade so-
ciocognitiva para compartilhar e obter a atenção do
outro. Esses autores defendem que tal habilidade conduz
as crianças a se engajarem em atividades colaborativas
e de atenção conjunta com outros de forma única entre
as espécies. Asseveram que a linguagem deriva da habili-
dade unicamente humana para compreender e compar-
tilhar intenções com outros e que essa mesma habilida-
de seria a base para uma “teoria da mente” nas crianças.
Investigando a habilidade de comunicação
intencional em bebês no primeiro ano de vida, Cleveland
et al. (2006) observaram respostas diferenciais de bebês
aos quatro meses à face estática do adulto, quando
comparadas às interações cujo adulto se dirigia a eles
de forma afetuosa e expressiva. Também verificaram que,
em torno dos quatro meses, os bebês fizeram uso do
olhar mútuo para determinar o início de interações
sociais e para modificar seu próprio comportamento
em episódios triádicos.
Estudos (Papaeliou, Minadakis & Cavouras, 2002;
Papaeliou & Trevarthen, 2006) verificaram padrões de
entonação e de ritmo das vocalizações pré-linguísticas
de bebês no final do primeiro ano de vida que se dife-
renciaram quando dirigidas a um adulto ou a objetos.
De forma geral, esses estudos têm reforçado a tese de
que o bebê, desde os primeiros meses de vida, evidencia
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uma motivação especial para estabelecer com outros
trocas intersubjetivas (Trevarthen, 1979; 2004) e que os
padrões vocais e de entonação dos bebês auxiliam na
interpretação materna do comportamento infantil e
identificam a qualidade da comunicação, suas funções
e intenções comunicativas.
Sobre essa temática, pesquisadores (Striano &
Rochat, 2000; Woodward, 2007) encontraram relações
entre o comportamento de olhar referencial e evidências
de comunicação intencional em bebês no final do pri-
meiro ano de vida. Mencionam-se também investiga-
ções (Yale, Messinger, Cobo-Lewis & Delgado, 2003;
Striano & Liszkowski, 2005) que verificaram variação e
coordenação de expressão facial de emoções positivas
(sorriso) e negativas (franzir testa) com vocalização e o
olhar para a face dos adultos em bebês a partir dos qua-
tro meses de vida, indicativos do início da habilidade
de interpretar comportamentos e expressões dos outros.
Considera-se relevante mencionar estudos de
pesquisadores brasileiros que têm-se dedicado à busca
de dados empíricos relativos à ontogênese da comu-
nicação, frequentemente recorrendo ao fenômeno da
intersubjetividade e suas relações com a comunicação
inicial, a interação social e a afetividade (Nogueira &
Moura, 2007). Outros estudos ressaltam aspectos das
transformações nas trocas iniciais mãe-bebê, pressu-
pondo que as interações mediadas são matrizes nas
quais o conhecimento infantil se constrói (Ribas & Moura,
1999; Moura & Ribas, 2000). Pesquisadores como Lyra
(2000) propõem um modelo de comunicação inicial
mãe-bebê compreendida como um sistema de relações
entre parceiros sociais. Para essa autora, o desenvolvi-
mento é concebido como um processo histórico e rela-
cional, onde vários níveis organizacionais são atingidos
a partir da reorganização das trocas comunicativas
existentes anteriormente. Outros pesquisadores (Car-
valho & Pedrosa, 2003) analisam os precursores
filogenéticos e ontogenéticos da linguagem, desta-
cando aspectos como atenção conjunta, imitação e
percepção da intencionalidade. Pontuam-se ainda as
articulações de pesquisadores (Bosa, 2002; Lampreia,
2007) que abordam as formas possíveis de prejuízos na
capacidade de estabelecer trocas intersubjetivas
que repercutem no curso do desenvolvimento so-
ciocognitivo de crianças com distúrbios na comunica-
ção, como as autistas. Essas autoras enfatizam o papel
da atenção compartilhada como um elemento essencial
para o desenvolvimento da comunicação e assinalam
sua importância para a detecção precoce de distúrbios
de desenvolvimento.
No âmbito dessa discussão, privilegia-se o papel
das interações mãe-bebê no desenvolvimento da
comunicação intencional e a intersubjetividade inerente
a essas interações cuja manifestação possibilita a inser-
ção gradativa do bebê no universo sociocultural e
simbólico. Acrescenta-se que cada evento comunicativo
que se desmembra num plano interpsicológico e rela-
cional a todo o momento é permeado pelas ações
mediadoras dos adultos. A esse argumento não escapa
o papel das crenças, expectativas e valores dos adultos
de viabilizar o acesso gradativo dos infantes aos artefatos
socioculturais que circunscrevem esse tipo de recorte
interativo, por meio de processos intersubjetivos.
O papel do adulto na coconstrução da habilidade
de comunicação intencional infantil vem sendo desta-
cado por pesquisadores (Adamson & Bakeman, 1985;
Bloom, 1993; Dunn, 1999; Hobson, 1989; Karousou, 2003;
Rivero, 2003; Rochat, 2007) que enfatizam uma relação
estreita entre as primeiras manifestações de intenciona-
lidade comunicativa infantil e as interações entre bebês
e adultos. Defende-se, nessa vertente de estudos, que as
rotinas nas quais os bebês se envolvem têm um signifi-
cado afetivo tanto para os bebês quanto para os adultos,
e que nas primeiras trocas que se estabelecem entre
ambos as emoções seriam imprescindíveis para integrar
o sistema comunicativo do bebê às demais dimensões
do desenvolvimento infantil.
Autoras como Dunn (1999) pontuam que o cho-
ro, o sorriso ou uma agitação corporal dos bebês pode
não ter, inicialmente, um caráter intencional, mas o adul-
to percebe tais manifestações como um tipo de comu-
nicação intencional. As atribuições de intencionalidade
do adulto aos comportamentos dos bebês permitem
que eles desenvolvam a compreensão do significado
do seu choro para os outros. Sob esse prisma, as expres-
sões das emoções dos bebês são importantes pistas
para a atribuição de intenção dos pais a seus compor-
tamentos, já que as situações nas quais as crianças exi-
bem essa capacidade possuem uma espécie de “valência
emocional”.
Defende-se ainda (Feldman & Reznick, 1996;
Reznick; 1999; Reznick & Schwartz, 2001) que a crença
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dos pais na capacidade de comunicação intencional
das crianças pode influenciar as estratégias parentais e
mediar sua habilidade a fim de detectar e responder
aos estados e metas das crianças, afetar a dinâmica das
interações, o tipo de input e as respostas que os pais
promovem à criança durante as interações, o senti-
mento dos pais de eficácia ou rejeição em relação à
criança, e ainda a avaliação que os pais fazem de sua
criança em comparação com outras.
Os posicionamentos teóricos e estudos acima
referidos vêm corroborar a tese de que no primeiro ano
de vida os bebês humanos inauguram uma forma de
inserção no mundo sociocultural que os distinguem
marcadamente das demais espécies. Essa ideia filia-se
nos argumentos desenvolvidos por Tomasello (1995,
1999, 2000, 2003), principalmente naquele que coloca a
intencionalidade compartilhada como atributo tipica-
mente humano. Sobre esse aspecto, Tomasello e
Carpenter (2007) assumem que a intencionalidade com-
partilhada é o pilar psicológico para a cultura e o elo
entre as teorias biológicas e culturais que buscam uma
compreensão mais aprofundada do desenvolvimento
humano.
Para os referidos autores, a habilidade de inten-
cionalidade compartilhada “... serve como um funda-
mento psicológico para toda a cultura; ... reúne aspectos
do desenvolvimento que têm sido estudados separada-
mente, mas que devem ser estudados em conjunto,
tais como os processos motivacionais e cognitivos”
(Tomasello & Carpenter, 2007, p.124), porque, nessa
perspectiva, a habilidade e a motivação parao estabele-
cimento da intencionalidade compartilhada seriam
manifestações claras da adaptação biológica que habili-
ta as crianças a participarem de práticas culturais de
seu entorno.
Entende-se, dessa forma, que a intencionalidade
compartilhada seria ainda um termo-síntese que abar-
caria a compreensão de uma atenção compartilhada
que somente poderia ser compreendida no contexto
intersubjetivo de natureza comunicativa e intencional:
um fenômeno da cognição social a serviço dos diversos
planos de desenvolvimento. Nesse sentido, defende-se
que a comunicação intencional compartilhada é um
dos principais pilares para a aquisição da linguagem e
de habilidades sociocognitivas imprescidíveis para a
inserção na cultura.
Considerações Finais
Diante do exposto, percebe-se a relevância de
pesquisas acerca da intencionalidade comunicativa
dada a gama de variáveis incluídas em seu estudo, tais
como: seu período de emergência; o papel devotado
ao ambiente e a hereditariedade na explicação dessa
habilidade; os delineamentos metodológicos utilizados;
as relações propostas entre intencionalidade e a aqui-
sição de uma teoria da mente pelas crianças; o impacto
de determinadas funções cerebrais na explicação da
habilidade comunicativa intencional; as ligações entre
intencionalidade, ação intencional e percepção de si e
do outro como ser intencional; as repercussões das dife-
rentes definições adotadas no estudo da intenciona-
lidade comunicativa; e as contribuições de aspectos do
desenvolvimento infantil (cognitivo, afetivo, motor ou
linguístico) que podem estar diretamente relacionados
à explicação da comunicação de natureza intencional.
Estudos mais recentes (Eilan, 2007; Heal, 2007) se
dirigem às relações entre intencionalidade comuni-
cativa, atenção conjunta e desenvolvimento da cons-
ciência do bebê nos primeiros anos de vida. Além disso,
menciona-se (Akhtar & Gernsbacher, 2007) a importância
de analisar questões relativas às variações culturais que
influenciam nos tipos de interações nas quais adultos e
crianças se engajam, e de atentar para o estudo da inten-
ção comunicativa em contextos reais frequentemente
polidiádicos, os quais se caracterizam por interações
entre a criança e outros sujeitos ou grupos.
As reflexões em torno dessa temática permitem
sugerir a realização de pesquisas com díades mãe-bebê
no primeiro ano da vida na perspectiva de identificar as
relações entre intenção comunicativa e contextos triádi-
cos, analisando com cautela os diferentes pontos de
vista apresentados sobre o momento evolutivo em que
surgem as ações intencionais. Sobre esse aspecto,
defende-se no presente artigo que entender esse
percurso é fundamental para uma compreensão mais
abrangente e multifacetada da linguagem, visto que
seu estudo possibilita um aprofundamento nos debates
relativos à cognição social infantil e à detecção precoce
de prejuízos na comunicação. Adverte-se também para
as dificuldades em definir e investigar a conduta comu-
nicativa, principalmente quando lhe é incorporado o
elemento intencional.
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Propõe-se que o estudo da intencionalidade
comunicativa privilegie a análise dos tipos de contextos
e habilidades que emergem nas interações mãe-bebê,
investigando como se daria a transposição das habili-
dades comunicativas não intencionais para as habilida-
des comunicativas intencionais em bebês no primeiro
ano de vida, principalmente na população brasileira,
pois os estudos empíricos sobre essa temática são
escassos para essa população.
Nessa direção, ressalta-se a importância de futu-
ras pesquisas que verifiquem de que forma o cenário
interativo vai se reconfigurando devido às estruturas
interativas que emergem de habilidades evidenciadas
pelos comportamentos dos bebês, e ainda as possíveis
influências das percepções maternas acerca das habi-
lidades sociocomunicativas de bebês no primeiro ano
de vida, já que o surgimento de tais habilidades pode
mobilizar nas mães configurações interativas antes não
instauradas. Ademais, investigar de forma detalhada tais
percepções pode favorecer a identificação de possíveis
sinais nos bebês de prejuízos severos na comunicação,
como aqueles encontrados em crianças autistas.
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Recebido em: 2/4/2009
Versão final reapresentada em: 22/9/2009
Aprovado em: 1/2/2010

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