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AULA 03 AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO NEURO

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AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO 
NEUROPSICOPEDAGÓGICA NAS 
DIVERSAS DIFICULDADES E 
TRANSTORNOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Luciana Trad 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Estamos em uma etapa importante da disciplina, na qual aplicaremos, na 
prática, os conhecimentos teóricos adquiridos durante o curso de 
Neuropsicopedagogia. O neuropsicopedagogo, com base em seu arcabouço 
teórico-prático, utilizará métodos, técnicas e testes para o levantamento de 
hipótese e diagnóstico. “Os aplicadores de testes responsáveis têm obrigações 
antes, durante e após um teste ou qualquer procedimento de mensuração ser 
administrado” (Cohen; Swerdlik; Sturman, 2014, p. 27). 
Os temas desta aula serão: conceito, objetivos e tipos de observação; 
conceito, objetivos e tipos de entrevistas aplicadas à avaliação 
neuropsicopedagógica; conceitos, formato, procedimentos e aplicação de testes; 
ambiente e rapport entre avaliador e avaliando; e direitos do avaliando. 
CONTEXTUALIZANDO 
A avaliação neuropsicopedagógica é um processo que se inicia a partir de 
uma demanda sobre dificuldade de aprendizagem, que pode vir por intermédio da 
própria pessoa com dificuldades, de familiares, equipe pedagógica ou 
institucional. O neuropsicopedagogo, baseando-se em seu arcabouço teórico-
prático, utilizará métodos, técnicas e testes para o levantamento de hipótese e 
diagnóstico. Para Urbina (2007, p. 261), 
Existem, é claro, muitas vias que podem ser usadas em vez de ou em 
conjunção com testes para se obterem informações para avaliar e tomar 
decisões a respeito das pessoas. Dados biográficos ou estudo de caso, 
entrevistas, observações, históricos acadêmicos ou ocupacionais, bem 
como referências de professores e supervisores estão entre as 
ferramentas mais usadas na avaliação dos indivíduos. 
 Os resultados, associados à fundamentação teórica que embasa a 
neuropsicopedagogia, enriquecem a qualidade da avaliação. Os cuidados com a 
preparação do ambiente, rapport entre avaliador e avaliando, domínio do uso de 
instrumentos e análise dos resultados são fundamentais para a qualidade de uma 
avaliação neuropsicopedagógica. A responsabilidade ética sobre a avaliação 
existe antes, durante e após o processo de avaliação. 
 
 
 
3 
TEMA 1 – OBSERVAÇÃO 
Quando precisamos compreender como uma pessoa se comporta em 
determinado ambiente ou situação, naturalmente, observamos. Em se tratando de 
uma avaliação ou pesquisa, a observação é um instrumento muito importante que 
gera informações relevantes sobre quem ou o que está sendo observado. 
De acordo com Marconi e Lakatos (2010), a observação é uma técnica de 
coleta de dados para obter informações e com a qual, por meio dos sentidos, o 
observador possa, além de ver e ouvir, examinar os fatos ou situações que se 
deseja investigar. 
Ander-Egg (1978), citado por Marconi e Lakatos (2010, p. 175), apresenta 
quatro modalidades de observação, que podem variar conforme as circunstâncias: 
de acordo com os meios utilizados, a participação do observador, o número de 
observações e o local de observação. Cada uma delas será descrita a seguir, de 
acordo com Marconi e Lakatos (2010): 
 Segundo os meios utilizados: Observação assistemática ou não 
estruturada – a técnica de observação não estruturada, ou assistemática, 
constitui-se da coleta de dados e registro dos fatos, sem o emprego de 
meios técnicos especiais ou de questionamentos diretos. O registro dos 
dados é um fator essencial para a fidelidade das informações. O sucesso 
para utilização desta técnica vai depender da atenção do observador aos 
fenômenos observados, de sua perspicácia, percepção, habilidade e 
prontidão; Observação estruturada ou sistemática – a observação 
sistemática, ou estruturada, consiste em responder a um propósito 
preestabelecido, em condições controladas e como apoio de instrumentos. 
O observador sabe o que procura e o que é relevante em determinada 
situação; deve ser objetivo, reconhecer possíveis erros e eliminar sua 
influência sobre o que coleta. 
 Segundo a participação do observador: Observação não participante – 
na observação não participante, o observador informa-se sobre a situação, 
grupo ou realidade observada, sem envolver-se. No entanto esta 
observação tem caráter sistemático. Observação participante – o 
observador se integra ao grupo, que deve compreender a importância e o 
objetivo da investigação. A observação participante pode ser natural, 
 
 
4 
quando o participante faz parte da comunidade ou grupo que investiga, ou 
artificial, quando o observador se integra ao grupo para obter informações. 
 Segundo o número de observações: Observação Individual – feita por um 
observador, pode ocorre de forma negativa ou positiva. Neste caso, de 
forma negativa, podem ocorrer distorções ou inferências devido à limitada 
possibilidade de controle. De forma positiva, pode intensificar a objetividade 
das informações, por meio de registros cuidadosos de dados reais e das 
interpretações feitas pelo observador. Observação em equipe – em uma 
equipe, a mesma situação é observada por vários ângulos diferentes. Os 
observadores registram individualmente e, posteriormente, confrontam 
seus dados para verificar as predisposições. 
 Segundo o lugar onde se realiza: Observação efetuada na vida real – são 
observações feitas em ambiente real, no qual as situações observadas 
ocorrem naturalmente e os registros são feitos, espontaneamente, à 
medida que forem acontecendo. Observação realizada em laboratório – 
é feita a observação de uma ação ou conduta, em condições próximas da 
situação natural, porém em ambiente controlado, de forma que o observado 
não sofra influências indevidas pela presença do observador ou seus 
instrumentos de medida e registro. Muitos aspectos da vida humana não 
podem ser observados sob condições idealizadas de laboratório. 
A técnica de observação está, quase sempre, presente nos processos de 
avaliação diagnóstica. “A observação geralmente é utilizada em ambientes 
escolares, hospitais e clínicas, e também residências ou mesmo em laboratórios 
para examinar comportamentos de crianças e interação de pais com filhos” (Hutz, 
et al., 2015). 
Cohen, Swerdlik e Sturman (2014) pontuam que a observação 
comportamental é utilizada como auxílio diagnóstico e como auxílio para planejar 
uma intervenção terapêutica, tanto em contextos clínicos quanto institucionais. 
Segundo esses autores, a observação comportamental naturalista, feita em 
ambiente real, “tendem a ser mais frequentes em sala de aula, clínicas, prisões e 
em outros contextos em que os observadores tenham acesso fácil aos 
avaliandos”. 
O neuropsicopedagogo poderá fazer a sua observação em ambiente clínico 
ou institucional. Ela poderá ser estruturada, com auxílio de instrumentos, como 
um checklist de comportamentos, bem como não estruturada para observar 
 
 
5 
situações espontâneas ou casuais, muitas vezes demonstradas por meio de 
mensagens não verbais que devem ser levadas em consideração. Esse tipo de 
observação pode acontecer durante uma aula na escola, durante o recreio ou, até 
mesmo, no consultório quando, ao responder um teste, o avaliando emite uma 
mensagem não verbal que deve ser analisada qualitativamente. A falta de 
resposta, ou de expressão, também revela informações importantes. 
O neuropsicopedagogo deve estar consciente do objetivo de sua 
observação, verificando o comportamento do avaliando, o ambiente, a interação 
entre os pares, entre outras situações que possam influenciar no processo de 
aprendizagem. 
TEMA 2 –ENTREVISTA 
A entrevista é um procedimento de investigação utilizada para coleta de 
dados para auxílio no diagnóstico ou intervenção, por meio de comunicação face 
a face. Para Richardson (1999, p. 207): 
O termo entrevista é construído a partir de duas palavras, entre e vista. 
Vista refere se ao ato de ver, ter preocupação com algo. Entre indica a 
relação de lugar ou estado no espaço que separa duas pessoas ou 
coisas. Portanto, o termo entrevista refere-se ao ato de perceber 
realizado entre duas pessoas. 
A entrevista pode ser definida como “um método de obter informações por 
intermédio de comunicação direta envolvendo troca recíproca” (Cohen; Swerdlik; 
Sturman, 2014. p. 27). 
 Segundo Marconi e Lakatos (2010), os tipos de entrevista variam conforme 
o propósito do entrevistador, podendo ser: 
a. Padronizada ou estruturada: é aquela em que o entrevistador segue um 
roteiro, previamente, estabelecido, as perguntas feitas ao indivíduo são 
predeterminadas. Ela é feita de acordo com um formulário elaborado e, de 
preferência, com pessoas selecionadas de acordo com um plano. 
b. Despadronizada ou não estruturada: o entrevistador tem a liberdade para 
desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequada. 
É uma forma de poder explorar, mais amplamente, uma questão. Em geral, 
as perguntas são abertas e podem ser respondidas dentro de uma 
conversação informal. 
c. Painel: consiste na repetição de perguntas, de tempo em tempo, às 
mesmas pessoas, a fim de estudar a evolução das opiniões em períodos 
 
 
6 
curtos. As perguntas devem ser formuladas de maneira diversa, para que 
o entrevistado não distorça as respostas com repetições. 
Segundo Hutz, Bandeira e Trentini (2015), durante a entrevista, o 
entrevistador faz anotações e observações. Embora esse procedimento seja, 
fundamentalmente, baseado em um processo de interação verbal, exige do 
entrevistador o olhar atento aos gestos, tons de voz, hesitações e expressões 
faciais do entrevistado, que podem trazer muitas mensagens importantes, por isso 
a necessidade de treinamento do profissional antes de realizar esse 
procedimento. Esses autores classificam as entrevistas diagnósticas em: 
 Estruturada: segue um roteiro organizado de perguntas com objetivos 
específicos que permitam o levantar hipóteses diagnósticas ou produzir 
comparações entre pessoas entrevistadas. 
 Semiestruturada: tem um roteiro elaborado, porém o entrevistador não 
fica preso a ele, podendo explorar, com mais profundidade, informações 
que possam surgir durante a entrevista. 
 Entrevista informal ou não estruturada: não apresenta roteiro 
preestabelecido, entretanto o entrevistador planeja, antecipadamente, 
questões importantes sobre o que precisa explorar. 
Em neuropsicopedagogia, a entrevista é uma ferramenta de coleta de 
dados de bastante importância, com diferentes finalidades e com vários objetivos 
em um processo de avaliação; como já dissemos, pode ser utilizada em ambiente 
clínico, institucional e pesquisa. 
Como exemplo, podemos citar entrevista inicial, anamnese (entrevista 
sobre o histórico de vida) e entrevista devolutiva, descritas nas seções a seguir, 
mas há outras como entrevista com a criança, entrevista com equipe pedagógica 
etc. 
2.1 Entrevista inicial 
A entrevista inicial, em avaliação neuropsicopedagógica, tem o objetivo de 
investigar a demanda apresentada. A queixa principal é o motivo da consulta, 
portanto deve ser registrada, precisamente, como foi relatada pelo avaliando, pais 
ou responsáveis. Como alertam Rotta, Ohlweiler e Riesgo (2006), “Nem sempre 
 
 
7 
ocorre uma proporção entre a gravidade da queixa principal e a percepção dela 
por parte dos familiares”. 
 O neuropsicopedagogo poderá utilizar uma entrevista semiestruturada em 
um roteiro de perguntas, mas sem ficar preso a elas, dessa forma, terá a 
oportunidade de se aprofundar em pontos importantes que surgirem durante a 
entrevista. Ao se aprofundar em alguma informação, o entrevistador deve ter o 
cuidado para não fugir ao seu objetivo inicial, para que o entrevistado não se sinta 
invadido. Com base nessa coleta de dados, o profissional terá condições para 
levantar hipóteses iniciais e traçar os objetivos, o planejamento e a escolha dos 
instrumentos a serem utilizados durante a avaliação. 
2.2 Anamnese 
A anamnese tem como objetivo avaliar a queixa atual e a evolução do 
paciente durante o seu desenvolvimento. Deve conter os históricos familiar, 
gestacional, do nascimento, do desenvolvimento neuropsicomotor, do quadro de 
saúde atual, do desempenho escolar, bem como do comportamento em casa, no 
ambiente escolar e em convívio social. Alguns autores pontuam que 80% das 
hipóteses diagnósticas podem ser levantadas pela anamnese, logo, quanto mais 
detalhada a entrevista, melhor será a coleta de informações, o que exige do 
avaliador treino e bom embasamento teórico (Rotta; Ohlweiler; Riesgo, 2006). 
De acordo com Weiss (2006), na anamnese, são estudados levantamentos 
paralelos como: 
1. História das primeiras aprendizagens ocorridas com a mãe, ou sua 
substituta, e todos os momentos importantes de aprendizagem não 
escolares ou informais, por exemplo, como aprendeu a usar a mamadeira, 
a colher, a canequinha, a armar joguinho etc. 
2. Evolução geral, ou seja, como se processou seu desenvolvimento, 
controles, aquisição de hábitos, interiorização de normas, aquisição da fala, 
alimentação, sono, sexualidade etc. É preciso saber se os padrões de 
desenvolvimento estavam numa faixa de normalidade, se houve 
defasagens significativas e se ocorreram problemas neurológicos ou 
acidentes nesse percurso. A evolução psicomotora, sendo um caso 
particular desse desenvolvimento geral, deve ser analisada, também, no 
aspecto qualitativo: quando começou a andar, se era inseguro, se mostrava 
coragem ao subir escadas, por exemplo. Como a história do paciente 
 
 
8 
começa no momento da concepção, é importante saber se a gravidez foi 
desejada, acidental ou indesejada, bem como se houve alterações 
perinatais, como má oxigenação, lesõese ainda quais as condições de 
alimentação, de saúde, se a criança foi criada por terceiros e a mãe não 
tem condições de levantar dados sobre seus desenvolvimentos físico, 
intelectual e afetivo. 
3. História clínica com relação a problemas, soluções e ambiente familiar 
quando o paciente tem crises de bronquite, alergia, asma ou ainda viroses 
próprias da infância, bem como o quadro geral de cirurgias, internações, 
doenças diversas e suas consequências, tratamentos a que se submeteu, 
como fonoaudiológico ou psicológico, a conduta dos profissionais com o 
paciente e a família, os diferentes laudos. É importante pesquisar também 
se houve traumatismos, doenças e deficiências ligadas à atividade nervosa 
superior, se há consciência da família em relação à existência de sequelas; 
caso haja um, é preciso o parecer do neurologista. Outro aspecto básico 
refere-se às condições dos órgãos cujo mau funcionamento pode prejudicar 
a aprendizagem, como a existência de problemas visuais e auditivos. 
4. História da família nuclear com relação a fatos marcantes dos pais antes, 
durante e depois da entrada do paciente na família. Considero fundamental 
que se investiguem situações negativas, vividas pela criança em razão de 
alterações familiares, como o nascimento de irmãos, mudanças, mortes, 
desemprego, separação etc. 
5. História da família ampliada, ou seja, as famílias materna e paterna em 
suas influências passadas e presentes sobre os pais e pacientes. É 
importante localizar interferências e ligações com as diferentes pessoas 
das duas famílias, bem comoos quadros patológicos existentes nelas. 
6. Histórico escolar das instituições como creche, pré-escola, escola regular, 
cursos de inglês, aulas de balé e diversas escolinhas de clubes (natação, 
tênis, futebol) considerando como se foi seu ingresso e os aspectos 
positivos e negativos de sua passagem por essas instituições, bem como 
avaliar como se processou a alfabetização, qual a metodologia, a exigência 
da escola, dos pais nesse momento e a reação do paciente. 
 
 
 
9 
2.3 Entrevista devolutiva 
A entrevista devolutiva, na avaliação neuropsicopedagógica, tem como 
objetivo relatar ao indivíduo, ou responsáveis, o resultado da avaliação, seu 
diagnóstico, as sugestões de intervenção e, ainda, os encaminhamentos, se 
necessário. Essa entrevista tem uma característica mais informal, porém é 
importante seguir roteiro de informações porque demonstra com clareza os 
procedimentos aplicados e os resultados, geralmente de acordo com o relatório 
apresentado. A entrevista devolutiva será feita, primeiramente, com o solicitante 
da avaliação, pais ou responsáveis. Quando o avaliado for criança ou 
adolescente, os resultados sempre serão discutidos com seus responsáveis. Esse 
é o momento em que serão pontuados os resultados e os esclarecimentos sobre 
o diagnóstico. A devolutiva poderá ser apresentada a outros profissionais de 
saúde e equipe pedagógica, mediante autorização da família do avaliado. 
TEMA 3 – TESTES 
Cohen, Swerdlik e Sturman (2014, p. 6) afirmam que “O teste pode ser 
definido simplesmente como um dispositivo ou procedimento de medida. Quando 
é precedida de um modificador, a palavra teste se refere a um dispositivo ou 
procedimento que visa medir uma variável relacionada àquele modificador”. O 
Teste de Desempenho Escolar – TDE (Stein, 1994), por exemplo, tem como 
objetivo medir as capacidades fundamentais para o desempenho escolar, tais 
como leitura, escrita e aritmética. 
Segundo Urbina (2007, p. 13), os testes, geralmente, “envolvem a 
avaliação de algum aspecto do funcionamento cognitivo, conhecimento, 
habilidades ou capacidades de uma pessoa”. Esses instrumentos de avaliação 
podem diferir quanto ao conteúdo, formato, procedimentos de administração, 
procedimentos de pontuação e de interpretação. Cohen, Swerdlik e Sturman 
(2014, p. 6) explicam que 
Quanto ao conteúdo (assunto): irá variar de acordo com o foco do teste; 
quanto ao formato: diz respeito a forma, ao plano, à estrutura, ao arranjo 
e ao leiaute dos itens dos testes, limites de tempo, ainda com relação a 
forma como é administrado: computadorizado, escrito, etc.; quanto ao 
procedimento de administração: a aplicação pode ser individual ou 
coletiva. A aplicação pode envolver a demonstração de várias tarefas 
para o avaliando e observação treinada quanto ao desempenho; Quanto 
à pontuação e interpretação, alguns testes são pontuados pelos próprios 
testandos, outros por computador outros requerem contagem dos 
examinadores treinados. Alguns testes, apresentam manual sobre os 
 
 
10 
critérios de pontuação, assim como a natureza das interpretações a 
partir das pontuações. 
O uso de testes em neuropsicopedagogia deve ser avaliado 
cuidadosamente. De acordo com Goldman (1971 citado em Urbina, 2007, p. 255), 
os usuários de testes em potencial devem considerar as seguintes perguntas: 
1. Que tipo de informações eu pretendo obter com a testagem? 
2. Como essas informações serão usadas? 
3. Quais dessas informações já estão disponíveis em outras fontes? 
4. Que outras ferramentas podem ser usadas para obter as informações que 
busco? 
5. Quais as vantagens de usar testes em lugar de, ou julgamento com, outras 
fontes de informação? 
6. Quais as desvantagens ou custos, em termos de tempo, esforço e dinheiro, 
de usar testes em vez de outras fontes de informação? 
Urbina (2007) ressalta que a fundamentação teórica para o uso do teste e 
a aplicação esperada de seus resultados precisam estar explícitas desde o início 
da apresentação do teste, a fim de evitar o mau uso, ou uso desnecessário, do 
instrumento. 
Hutz, Bandeira e Trentini (2015) alertam que existem cuidados importantes 
a serem considerados para que o teste padronizado seja apropriado, como: a 
fundamentação teórica adequada e ampla, a definição clara do constructo, 
objetivos e contextos do uso, o fornecimento de informações claras sobre a 
correção e informações dos escores do teste, a descrição clara das etapas de 
aplicação e correção, bem como especificidades do ambiente e materiais 
utilizados ao longo da aplicação 
Devemos ter claro que o treinamento e a preparação para o uso de 
instrumentos são essenciais para se realizar com qualidade uma avaliação 
neuropsicopedagógica. Esta aula apenas introduz o conhecimento sobre 
métodos, técnicas e outros instrumentos de avaliação e demonstra a 
complexidade de tais procedimentos, portanto vale ressaltar a fundamental 
importância do estudo aprofundado e do treinamento para sua aplicação. 
 
 
 
11 
TEMA 4 – AMBIENTE E RAPPORT NA AVALIAÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA 
Como já foi pontuado anteriormente, os profissionais aplicadores de testes 
têm responsabilidades durante todo o processo de avaliação. Responsabilidade 
ética profissional, fundamentação teórica apropriada à sua práxis, segurança 
quanto à aplicação e ao uso de instrumentos de avaliação. Todo processo de 
avaliação diagnóstica requer cuidados quanto ao preparo do ambiente, ao rapport 
entre avaliador e avaliando e à aptidão do avaliador. 
4.1 Ambiente apropriado para avaliação 
 Quanto à preparação do ambiente, Urbina (2007) destaca que o ambiente 
em que ocorrerá a testagem deverá ser isento de fontes distratoras. A sala deve 
ter iluminação e ventilação adequadas, os assentos e as mesas devem ser 
adequados e confortáveis para realização dos testes. Quando a avaliação for 
individual, não deve ser permitida a presença de qualquer pessoa além do 
examinador e do testando na sala de testagem, a fim de evitar a distração ou a 
influência no processo de testagem. Em situações especiais, para testandos com 
dificuldade de comunicação devido à pouca idade, à origem linguística ou à 
deficiência, a presença dos pais ou intérpretes será permitida e deverá informado 
no relatório de resultados. 
4.2 Rapport entre avaliador e avaliando 
No processo de avaliação individual ou coletiva, o rapport pode ser de 
fundamental importância. Urbina (2007) explica que 
No contexto de testagem rapport se refere a relação harmônica que deve 
existir entre testando e examinador. Para maximizar a fidedignidade e 
validade dos resultados, uma atmosfera amigável precisa ser 
estabelecida desde o início da testagem e o rapport deve variar de bom 
a excelente. 
De acordo com Urbina (2007), o desempenho do teste pode ser afetado 
negativamente caso não haja o estabelecimento de rapport entre testando e 
examinador, portanto o examinador deve despertar o interesse e a colaboração 
do testando, para que haja um bom desempenho nas respostas das tarefas 
propostas. 
O rapport pode ser estabelecido quando examinador e examinado são 
apresentados e dialogam; também, no momento em que as regras e instruções 
 
 
12 
do teste forem apresentadas, é essencial demonstrar por que é importante que o 
avaliando realize da melhor forma possível. 
Com crianças assustadas, “o rapport poderia abranger técnicas mais 
elaboradas, como envolver a criança no brinquedo ou em alguma outra atividade 
até que se adapte ao examinador e ao ambiente” (Cohen; Swerdlik; Sturman, 
2014, p. 30). Os autores ressaltam que o rapport não deve interferir nas regras ou 
na administração do teste. 
TEMA 5 – DIREITOS DO AVALIANDOA avaliação neuropsicopedagógica é um processo que se inicia a partir de 
uma demanda sobre uma dificuldade de aprendizagem e pode vir por intermédio 
da pessoa, de familiares, equipe pedagógica ou institucional. 
Assim como outros profissionais que fazem avaliações diagnósticas, o 
neuropsicopedagogo precisa atentar quanto aos direitos dos avaliandos. 
Algumas indicações importantes se aplicam ao processo de avaliação 
neuropsicopedagógica: 
O testando tem o direito ao consentimento livre e esclarecido para a 
realização dos testes, de saber o porquê de estar sendo avaliado, de receber 
explicações antes da testagem, conhecer o seu objetivo, ter informações sobre os 
testes utilizados e conhecimento sobre os seus resultados. Em caso de 
deficiência ou dificuldade de compreensão, os testandos têm o direito de 
perguntar e de serem informados sobre possíveis adaptações. O direito à 
privacidade e à confidencialidade dos resultados e do direito ao rótulo menos 
estigmatizante (Urbina, 2007; Cohen, Swerdlik, Sturman, 2014). 
As pessoas com deficiências são avaliadas, exatamente, pelas mesmas 
razões que aquelas sem deficiências. Uma avaliação alternativa é feita por meio 
de uma adequação para o avaliando. Essa acomodação pode ser definida como 
uma adaptação de um teste, um procedimento ou uma situação, ou substituição 
de um teste por outro, para tornar a avaliação mais apropriada a um avaliado com 
necessidades especiais (Cohen; Swerdlik; Sturman, 2014). 
A avaliação alternativa é um procedimento, ou um processo avaliativo 
ou diagnóstico, que varia da forma habitual, costumeira ou padronizada 
da qual uma medida é derivada, ou em virtude de alguma acomodação 
especial feita par o avaliando ou por meio de métodos alternativos 
destinados a medir a mesma variável (Cohen, Swerdlik, Sturman, 2014, 
p. 33-34). 
 
 
13 
As adaptações podem ser feitas com certa cautela a fim de não 
comprometer a validade do teste. Um avaliando com dificuldades para ler letras 
pequenas pode ter o enunciado ampliado. Crianças com dificuldades para se 
concentrar, podem ter um intervalo maior entre um teste e outro. Pode-se também 
substituir um teste por outro equivalente. 
A avaliação neuropsicopedagógica é um processo, com entrevistas, 
observações, testagem, fundamento teórica, rapport e, acima de tudo, respeito às 
necessidades do avaliando, do início ao fim do processo, buscando a resposta 
para a queixa inicial, bem como direcionado para uma intervenção que possa 
beneficiar o avaliando em seu processo de integração, conhecimento e inclusão. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, foi possível compreender, por meio do estudo dos temas 1,2 e 
3, um pouco mais sobre os tipos de instrumentos utilizados em uma avaliação 
neuropsicopedagógica, como observação, entrevistas e testes, seus conceitos, 
tipos, peculiaridades e formas de aplicação. Conhecemos o ambiente apropriado 
para mais conforto durante a avaliação. Aprendemos, no tema 4, que o rapport 
estabelecido no processo diagnóstico é imprescindível, pois a falta do rapport 
entre avaliador e avaliando pode influenciar no resultado de um teste 
Para finalizar este estudo, analisamos os direitos do avaliando, 
consentimento livre esclarecido, conhecimentos sobre as testagens e seus 
resultados, avaliação alternativa com cautela e rótulo menos estigmatizante. 
Podemos, dessa forma, concluir que a responsabilidade do neuropsicopedagogo 
perpassa todo o processo de avaliação, antes (na capacitação teórica e prática), 
durante (na preparação do ambiente, rapport, entrevistas, observações, 
avaliações e diagnóstico) e após a avaliação (responsabilidade ética sobre o 
diagnóstico, intervenção e encaminhamentos). 
LEITURA OBRIGATÓRIA 
Texto de abordagem teórica 
COHEN, R.J.; SWERDLIK, M.E.; STURDMA, E.D. Testagem e avaliação 
psicológica: introdução a testes e medidas. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. 
HUTZ, C.S.; BANDEIRA, D.R; TRENTINI, CM. (Org.) Psicometria. Porto Alegre: 
Artmed, 2015. 
 
 
14 
URBINA, S. Fundamentos da testagem Psicológica. Porto Alegre: Artmed, 
2007. 
WEISS, M.L.L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas 
de aprendizagem escolar. 11. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro. DP&A, 2006. 
Texto de abordagem prática 
WEISS, M.L.L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas 
de aprendizagem escolar. 11. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro. DP&A, 2006. 
URBINA, S. Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artmed, 
2007. 
Saiba mais 
MARCONI, M.A; LAKATOS, E.M. Fundamentos de metodologia científica. 7. 
ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: 
Atlas, 1999. 
URBINA, S. Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artmed 
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WEISS, M. L. L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas 
de aprendizagem escolar. 11. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

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