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Farmacotécnica I
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Rosana Maria Zanoli
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin 
Introdução à Farmacotécnica
Introdução à Farmacotécnica
 
 
• Apresentar os conceitos históricos, técnicos e científicos da Farmacotécnica.
OBJETIVO DE APRENDIZADO 
• História e Introdução à Farmacotécnica;
• Classificação de Formas Farmacêuticas;
• Vias de Administração;
• Revisão de Cálculos I;
• Revisão de Cálculos II.
UNIDADE Introdução à Farmacotécnica
História e Introdução à Farmacotécnica
A história da Farmácia é longa. Remonta à origem da Humanidade.
A Farmacotécnica é uma Disciplina na qual a prática farmacêutica é implícita e uma 
Área da Farmacologia, portanto, é Ciência e profissão de medicamentos relacionada 
diretamente à Saúde Pública. 
Ao longo da História, o conhecimento dos medicamentos e de suas aplicações era tra-
duzido em poder. Allen et al. (2013) relacionam o épico de Homero. O termo pharmakon 
(Gr.), que deu origem à palavra farmácia, conota uma poção, um remédio ou uma droga 
que podem ser usados para o bem ou para o mal. 
Talvez o mais famoso documento seja o papiro de Ebers, contendo mais de 800 
fórmulas e cerca de 700 substâncias utilizadas como possíveis ativos, de origem vegetal, 
animal e mineral, datado de 1600 a.C. 
Recebeu o nome de Georg Ebers, egiptologista alemão que o descobriu e, com o auxí-
lio de outros acadêmicos, traduziu-o parcialmente durante a última metade do século XIX. 
Allen et al. (2013) descrevem que, embora não tenha ocorrido unanimidade quanto às 
interpretações do papiro de Ebers, acredita-se que, por volta de 1550 a.C., os egípcios usa-
vam como veículo cerveja, vinho, leite e mel, algumas substâncias, formas farmacêuticas 
e utensílios e equipamentos empregados até hoje, como:
• Supositórios;
• Gargarejos;
• Pílulas;
• Inalações;
• Loções;
• Pomadas;
• Emplastros; 
• Enemas;
• Gral e pistilo; 
• Moinhos;
• Tamises;
• Balanças.
No decorrer da História, vários nomes marcaram o desenvolvimento da Farmacotéc-
nica como a conhecemos hoje, como:
• Hipócrates (460-377 a.C.): médico grego que descreveu centenas de medicamentos. 
Nessa época, pharmakon teve a conotação alterada para produtos purificados 
utilizados para propósitos benéficos;
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• Dioscórides (I. d.C.): Médico e botânico grego que publicou De Matéria Médica, 
um marco no estudo de produtos medicinais naturais, evidenciando a importância 
dos trabalhos investigativos, no qual descreveu:
» Drogas vegetais como ópio;
» A arte da identificação e da coleta de produtos naturais;
» Os métodos adequados de armazenamento; 
» Meios de detectar adulterações e contaminações;
• Clá udio Galeno (130-200 d.C.): Médico e farmacêutico grego, seus trabalhos 
incluem a descrição de várias substâncias de origem natural, bem como fórmulas 
e métodos de manipulação. Galeno formulou preparações com insumos vegetais 
pela mistura e fusã o dos componentes, originando o termo “Farmá cia Galê nica”, 
utilizado até os dias atuais. Entre as formulações de Galeno, temos o cold cream, ou 
Cerato de Galeno, utilizado, atualmente, com algumas modificações, assim como 
outras bases de emulsões;
• Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493-1541): Paracelso, 
mé dico e quí mico suí ç o que influenciou a transformaç ã o da Farmá cia, a qual pas-
sou a ter a Quí mica, além da Botânica, como base. 
Da Arte Farmacêutica à Ciência Farmacêutica, no início do século XIX, ocorreu a des-
coberta dos primeiros princípios ativos e, em seu decorrer, a análise química, a química 
orgânica e outros ramos da química permitiram a obtenção de novos medicamentos com 
o desenvolvimento da fisiologia e da farmacologia experimental (CABRAL; PITA, 2025).
Allen et al. (2013) destacam farmacêuticos europeus como Pelletier e Sertü rner que, 
durante o final do século XVIII e o início do século XIX, aplicaram a Arte e a Ciência 
da Farmácia na preparação de medicamentos com as mais altas qualidades de pureza, 
uniformidade e eficácia que a sua época permitia. 
O farmacêutico alemão Friedrich Sertü rner (1783-1841), em 1805, isolou a morfina 
a partir do ópio. 
Joseph Caventou (1795- 1877) e Joseph Pelletier (1788-1842) isolaram a quinina e a 
cinchonina a partir da cinchona.
Allen et al. (2013) esclarecem que a extração e o isolamento de constituintes ativos de 
drogas vegetais levaram ao desenvolvimento de formas farmacêuticas com concentração 
uniforme de agentes terapêuticos de origem natural eficazes, levando à produção em 
pequena escala, e aumentada para atender às necessidades da comunidade local. 
Com o objetivo de estabelecer padrão para fármacos e medicamentos, de forma a as-
segurar a qualidade, foram desenvolvidas e publicadas monografias e livros de referência 
contendo as especificações para o preparo de medicamentos. Ao conjunto de monogra-
fias, denomina-se Farmacopeia, do grego pharmakon, e poiein (“fazer”).
Em 1820, foi publicada a primeira USP (United States Pharmacopeia), e as farma-
copeias locais de Londres, Edinburgo e Dublin, que já existiam em 1864, foram substi-
tuídas pela British Pharmacopeia (BP).
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UNIDADE Introdução à Farmacotécnica
Além da Farmacopeia Brasileira, outros Compêndios internacionais são aceitos como 
referência no Brasil, para complementar a ausência de Monografias oficiais.
São elas (Resolução Ministério da Saúde nº 37, de 6 de julho de 2009):
• Farmacopeia alemã;
• Farmacopeia americana (USP);
• Farmacopeia argentina;
• Farmacopeia britânica (BP);
• Farmacopeia europeia;
• Farmacopeia francesa;
• Farmacopeia internacional (OMS);
• Farmacopeia japonesa;
• Farmacopeia mexicana;
• Farmacopeia portuguesa.
A produção industrial de produtos farmacêuticos nos Estados Unidos se estabeleceu 
por volta de 1880, e o isolamento de metabólitos secundários vegetais com atividade 
farmacológica levou ao conhecimento de sua estrutura química, surgindo métodos de 
síntese orgânica e manipulação de sua estrutura molecular, ou seja, esses metabólitos 
serviram como protótipos para novos fármacos.
No final do século XIX, surgem e se consolidam Indústrias Farmacêuticas, ocorrendo 
o desenvolvimento das especialidades farmacêuticas.
De acordo com Cabral e Pita (2015), entre 1914 e 2014, com o desenvolvimento da 
Indústria Farmacêutica, surgem novas formas farmacêuticas, como comprimidos e inje-
táveis e novas Áreas Farmacêuticas, como a Biofarmácia e a Farmacocinética. 
Em 2005, foi publicada a primeira edição da USP Pharmacists’ Pharmacopeia, 
dirigida às necessidades dos farmacêuticos que atuam em Farmácias, sendo a USP – NF 
(USP – National Formulary) referência sobre os padrões farmacêuticos direcionados 
à Indústria Farmacêutica.
De acordo com Allen et al. (2013), o termo “produtos” é, geralmente, utilizado para des-
crever medicamentos industrializados e “preparações” para medicamentos manipulados.
Hipócrates (460-377 a.C.) USP (1820)
British Pharmacopeia
(1864)
Dioscórides (I d.C.)
Friedrich Sertürner
(1783-1841), Joseph
Caventou (1795- 1877) e
Joseph Pelletier (1788-1842) 
Produção industrial
de medicamentos
(meados de 1880)
Galeno (130-200 d.C.) Paracelso (1493-1541 d.C.)
Biofarmácia e a
Farmacocinética
(1912-2014) 
Figura 1
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Mediante a história da Farmácia e, necessariamente, da Farmacotécnica impressa no 
ato do desenvolvimento e manipulação de um medicamento, é imperioso ao farmacêuti-
co ter consciência de seu papel relevante na Sociedade, seja por meio de sua identidade 
atuante na Farmácia, seja científica. 
As Ciências Farmacêuticas possuem um passado de prestígio, um presente 
imprescindível à Ciência e à Sociedade e, por isso mesmo, um futuro relevante 
aberto aos desafios da Sociedade moderna e articulada a outras profissões na 
saúde (CABRAL; PITA, 2015).
Classificação de Formas Farmacêuticas
Antes de falarmos sobre as diferentes formas farmacêuticas encontradas nas espe-
cialidades farmacêuticas ou nas fórmulas manipuladas emfarmácias, vamos citar bre-
vemente os fatores envolvidos no delineamento de formas farmacêuticas, de maneira 
que você se conscientize que os estudos e os testes que antecedem a produção ou a 
manipulação de um fármaco veiculado em determinada forma farmacêutica determina 
sua eficácia e segurança.
Korolkovas (1988) aludiu o fármaco à farinha e a especialidade farmacêutica ao pão, 
comparando quantos tipos de pães diferentes se pode fazer com uma única espécie de 
farinha e, dessa forma, explica que vários Laboratórios podem produzir a mesma espe-
cialidade farmacêutica, porém, não necessariamente elas serão bioequivalentes.
O termo “delineamento de formas farmacêuticas” é utilizado em Ciências Farmacêu-
ticas abrangendo todas as etapas associadas ao desenvolvimento de um medicamento.
Aulton e Taylor (2016) descrevem-no como todas as operações a que o fármaco é sub-
metido a partir da descoberta ou da síntese, seu isolamento e sua purificação, além de en-
saios sobre os efeitos farmacológicos benéficos e a ausência de efeitos toxicológicos graves. 
Portanto, delinear formas farmacêuticas significa transformar um fármaco em medi-
camento.
A droga ou o fármaco contido em um medicamento exerce efeito farmacológico 
sobre um Sistema Biológico, alterando suas funções. Aulton e Taylor lembram que 
termos como “ingrediente ativo” podem sugerir que, num medicamento, os outros 
ingredientes não têm função alguma, o que é um erro, visto que os medicamentos 
são sistemas de liberação de fármacos, ou seja, constituem um meio de administrar 
um fármaco de maneira segura e eficaz e, para tanto, exigem a presença de ad-
juvantes farmacotécnicos – excipientes – para sua transformação em uma forma 
farmacêutica, o que, por sua vez, introduz o conceito de formulação.
A compreensão dos Sistemas Fisiológicos e do percurso que os fármacos seguem até 
chegarem ao tecido alvo após a administração (biofarmacêutica) é de vital importância 
para o delineamento da forma farmacêutica – formulação de medicamentos.
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UNIDADE Introdução à Farmacotécnica
De forma resumida, o desenvolvimento da forma farmacêutica é realizado com enfo-
que nos parâmetros:
• Em pequena escala e intermediária (em escala piloto), primeiramente;
• Prevenção contra microrganismos nos medicamentos (microbiologia farmacêutica 
e esterilização);
• Testes de desempenho (dissolução, liberação do fármaco e estabilidade). 
Quando uma substância em processo de desenvolvimento se torna promissora a fár-
maco, caracterizada quanto à atividade biológica, são avaliadas:
• As propriedades físicas e químicas do fármaco;
• As considerações biofarmacêuticas, como o motivo pelo qual a via de adminis-
tração afeta a velocidade e a extensão da absorção de um fármaco no organismo 
(AULTON; TAYOR, 2016);
• Os aspectos terapêuticos da patologia, indicando qual a forma farmacêutica mais 
adequada, a posologia e as vias de administração adequadas.
As características químicas e físicas a serem consideradas no estudo de pré-formula-
ção envolvem os itens apresentados a seguir.
Solubilidade
Importante!
Leia e estude os termos: solução, solubilidade, dissociação, as características e os prin-
cipais fatores envolvidos em solubilidade na literatura Aulton. Delineamento de formas 
farmacêuticas, disponível em: https://bit.ly/3jYOgeB
Allen et al. (2013) destacam que o aumento da solubilidade aquosa pode ser alcan-
çado por obtenção de derivados mais solúveis, tais como sais e ésteres, complexação 
química ou redução do tamanho de partícula do fármaco.
A formação de sal é um dos métodos mais utilizados para alterar características físico-
-químicas como solubilidade, taxa de dissolução e higroscopicidade de substâncias ácidas 
ou básicas que possuem efeitos farmacológicos, a fim de facilitar ou até mesmo viabilizar 
o desenvolvimento de fármacos a partir dessas substâncias (GLANZNER; SILVA, 2010).
A velocidade de dissolução para uma substância, o uso de sua forma ácida, básica ou 
sal, assim como a forma física, como o tamanho de partícula, pode ocasionar diferenças 
substanciais na velocidade de dissolução.
Coeficiente de partição
A lipofilia é uma das propriedades mais importantes relacionadas a ADME (Absorção/
Distribuição/Metabolização/Excreção) e a atividade biológica, estando diretamente 
correlacionada a propriedades como solubilidade, permeabilidade, metabolismo 
e biodisponibilidade.
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A capacidade do fá rmaco de atravessar as barreiras biológicas é baseada em sua afi-
nidade pelos lipídios (lipofilia) x sua afinidade por uma fase aquosa (hidrofilia). 
O coeficiente de partição de um fármaco é a medida de sua distribuição em um 
sistema lipofí lico-hidrofí lico e indica sua capacidade de penetrar em sistemas bioló gicos 
multifá sicos (ALLEN et al., 2013).
Forma física
Um fármaco no estado sólido pode ser:
• Amorfo, ou seja, sem uma estrutura reticular regular de moléculas;
• Cristalino;
• Anidro;
• Possuir vários graus de hidratação;
• Dureza variada;
• Forma e tamanho do cristal variados. 
Aulton e Taylor (2016) salientam que muitos fármacos podem existir em mais de uma 
forma, com diferentes arranjos de empacotamento molecular no retículo cristalino – 
propriedade denominada polimorfismo – e diferentes polimorfos podem ser preparados 
por manipulação das condições de formação de partículas durante a cristalização, como 
solventes, temperatura e velocidade de resfriamento. 
Os diferentes polimorfos variam em suas propriedades físicas, como dissolução e 
estabilidade do estado sólido, bem como seu comportamento tecnológico em termos de 
fluxo de pós e compactação durante a formulação em alguns casos.
Allen et al. (2013) citam como as formas cristalina ou amorfa e/ou o tamanho de 
partícula de um pó podem afetar a velocidade de dissolução e, portanto, a velocidade e 
a extensão de absorção de vários fármacos. 
Por exemplo, por meio da redução do tamanho de partícula e do aumento da área 
superficial de um fármaco pouco solúvel em água, sua velocidade de dissolução e 
sua absorç ã o sã o aumentadas (mediante a maior exposiç ã o do fá rmaco ao fluido do 
trato gastrintestinal).
Estabilidade
Ensaios de estabilidade em várias condições de temperatura e umidade relativa (40°C 
e 75% UR, 30°C e 60% UR), presença de luz, ar e tipo de material de acondicionamento 
são essenciais para assegurar a estabilidade do medicamento. 
As informações de estabilidade do medicamento, adquiridas no desenvolvimento das 
formas farmacêuticas, são muito importantes para determinar as instruções de uso e ar-
mazenamento, além da determinação do prazo de validade e da embalagem adequada.
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UNIDADE Introdução à Farmacotécnica
O produto farmacêutico e ́ formulado de acordo com as informações obtidas nos es-
tudos de pre-́formulação, envolvendo a dose adequada, a forma farmacêutica e a via de 
administração desejada nos estudos clínicos e do produto comercial proposto.
Allen et al. (2013) descrevem que, dessa forma, dependendo do desenho do protocolo 
clínico e do produto final desejado, formuladores podem desenvolver uma forma farma-
cêutica específica (por exemplo, cápsula, supositório, solução) com uma ou mais concen-
trações para ser utilizada pela via de administração desejada (por exemplo, oral, retal, IV).
Você encontra as definições e as peculiaridades das formas farmacêuticas e vias de admi-
nistração descritas de forma clara e sucinta na Literatura Medicamentos: noções básicas, 
tipos e formas farmacêuticas, Cap. II – Formas Farmacêuticas e Vias de Administração. 
Disponível em: https://bit.ly/3jYOgeB
Importante!
O desenvolvimento de uma formulação e escolha da forma farmacêutica também leva 
em consideração as características do paciente e o objetivo da formulação.
Em síntese, o conhecimento prévio das características físico-químicas do fármaco de-
termina os adjuvantes farmacotécnicos a serem utilizados e as operações farmacêuticas 
adequadas a essas características,de forma que é necessário que o farmacêutico possua 
tanto conhecimentos de Ciências quanto de Farmacologia, de Físico-Química, de Química 
Orgânica, de Farmacêutica e de Analítica.
As especialidades farmacêuticas passaram por processo de identificação e caracte-
rização das características físico-químicas e estabilidade do fármaco durante os estudos 
de pré-formulação, porém, para as farmácias com manipulação, é realizada a pesquisa 
em base de dados científicas, referências em compêndios oficiais como as farmacopeias, 
Martindale, Merck Index e outras Literaturas Técnico-científicas conceituadas, sendo 
também viável consultas complementares sobre a existência de especialidades farmacêu-
ticas e adjuvantes utilizadas em casos de prescrições atípicas, isto é, não sendo veiculada 
em formas farmacêuticas consagradas e conhecidas pela estabilidade da formulação.
As formas farmacêuticas podem ser classificadas quanto ao estado físico em:
• Sólidas;
• Semissólidas;
• Líquidas.
Nesses grandes grupos de formas farmacêuticas, podemos encontrar subclassifica-
ções conforme a via de administração.
Por exemplo, as soluções podem ser: tópicas, nasais, otológicas, dentre outras, por-
tanto, é muito importante destacar no rótulo do medicamento a forma de uso – interno 
ou externo – e, na posologia, o modo de uso (via oral, via ocular, uso anal etc.).
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Veja o exemplo a seguir: 
Srª Belarmina Siqueira
Dr. Francisco Filipone
Uso Interno
Glucosamina sulfato 1,5g .................................... Envelope
Mande 30 envelopes
Dissolver o conteúdo de 1 envelope e tomar via oral, 1 x ao dia. 
Fab. XX/XX/XXXX Val. XX/XX/XXXX
Farmacêutico Responsável: Florinda Neves CRF-SP XXXXX
Pharmácia Florbela Ltda. CNPJ XXXXXXXXXXXX Endereço XXXXXXXXXXXXX Telefone 
XXXXXXXX
Formas Farmacêuticas Sólidas
De acordo com Allen et al. (2013), a maioria das matérias-primas farmacêuticas 
são sólidos amorfos ou cristalinos, apresentando várias estruturas morfológicas, sendo 
que o termo “pó” possui mais de uma conotação no âmbito da Farmácia, e pode ser 
empregado para descrever a forma física de um material, ou seja, uma substância seca 
constituída de partículas finamente divididas ou para designar um tipo de preparação 
farmacêutica, isto é , um pó medicamentoso destinado a uso interno (por exemplo, pó 
oral) ou externo (por exemplo, pó tópico). 
Estruturas amorfas são formadas por arranjos atômicos aleatórios e sem simetria, possuin-
do a propriedade peculiar de ausência de um ponto fixo de fusão, ao contrário dos sólidos 
cristalinos, que apresentam organização uniforme e ponto de fusão característico.
As formas sólidas normalmente são mais estáveis – depois de estudos de pré-formu-
lação e possíveis modificações necessárias – em comparação às demais formas farma-
cêuticas, podendo ser apresentadas em:
• Pós;
• Cápsulas;
• Comprimidos;
• Pastilhas;
• Supositórios.
Thompson et al. (2013) definem:
• Pós, citando a nova nomenclatura da USP para formas farmacê uticas, em que o 
termo “pó ” é definido de modo mais geral como “um só lido ou mistura de só lidos 
reduzidos a um estado finamente dividido”;
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UNIDADE Introdução à Farmacotécnica
• Cápsulas, como formas farmacêuticas sólidas em que o fármaco está encerrado 
em um invólucro solúvel mole ou duro. Os invólucros, em geral, são constituídos 
de gelatina;
• Comprimidos moldados, definidos pela preparação a partir da mistura de subs-
tâncias medicinais e um diluente, em geral, constituídos de sacarose e lactose em 
pó em diferentes proporções. Os pós são umedecidos com soluções contendo altas 
porcentagens de álcool. O pó umedecido é prensado em moldes, removido e seco;
• Pastilhas, sendo preparações sólidas destinadas a se dissolverem ou se desintegra-
rem lentamente na boca. Elas contêm um ou mais fármacos em uma base flavoriza-
da e edulcorada. As pastilhas podem ser preparadas por moldagem (base de sorbi-
tol – poliálcool – ou sacarose e/ou gelatina) ou por compressão de comprimidos à 
base de açúcar. Geralmente, são utilizadas no tratamento de irritações locais ou de 
infecções da boca ou da garganta, mas podem conter substâncias ativas destinadas 
à absorção sistêmica após deglutição”;
• Supositórios e óvulos, sendo corpos sólidos de vários pesos e formas, adaptados 
para introdução, respectivamente, no orifício retal e vaginal do corpo humano. 
O comprimido é formado pela compressão de pós – fármaco e adjuvantes, isto é, 
substâncias que favorecem a aglutinação e completam o peso de forma a propiciar 
a administração.
Em geral, fundem-se, amolecem ou se dissolvem à temperatura corporal. Um 
supositório pode agir como protetor ou paliativo dos tecidos no local administrado ou 
como carregador de agentes terapêuticos para exercer ação sistêmica ou localizada.
Formas Farmacêuticas Semissólidas
As preparações farmacêuticas semissólidas são destinadas à aplicação tópica, para 
aplicação na pele ou nas mucosas. 
Podem ser divididas em:
• Pomadas;
• Cremes;
• Géis;
• Pastas;
• Colódio.
As preparações nas formas farmacêuticas semissólidas podem ser:
• Não medicamentosas: Utilizadas como protetoras ou lubrificantes, devido aos 
seus efeitos físicos;
• Medicamentosas de uso tópico: Utilizadas com finalidade de produzirem efeitos 
locais, isto é, o produto libera o fármaco na pele para o tratamento de alterações 
dérmicas, sendo a pele o órgão-alvo;
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• Medicamentosas de uso sistê micos: Utilizadas quando um produto transdé rmico 
libera o fá rmaco atravé s da pele (absorç ã o percutâ nea) para a circulaç ã o, com 
a finalidade de obter efeitos sistê micos, ou seja, a pele nã o é o ó rgã o-alvo.
Importante!
Atenção à administração de fármaco via transdérmica na utilização por gestantes ou 
lactantes, pois o faŕmaco pode chegar ao bebe ̂ pela corrente sanguińea fetal ou pelo 
leite materno.
Formas Farmacêuticas Líquidas
Allen et al. (2013) dividem as formas farmacêuticas líquidas em sistemas dispersos, 
como as suspensões e as emulsões, e as soluções, as quais descreve de acordo com os 
seguintes aspectos:
• Físico-químicos: As soluções podem ser preparadas a partir de qualquer combi-
nação de um dos três estados da matéria: sólido, líquido ou gasoso, sendo que, em 
Farmácia, o interesse em soluções costuma ser limitado a preparações de solutos 
sólidos e líquidos;
• Farmacêuticos: Soluções são “preparações líquidas que contém uma ou mais subs-
tâncias químicas dissolvidas em um solvente adequado ou em uma mistura de sol-
ventes miscíveis”;
• Finalidade de uso: Uma solução farmacêutica pode ser classificada em oral, oftál-
mica ou tópica;
• Composiç ã o: As soluções podem ser classificadas, ainda, como outras formas far-
macêuticas, como:
» Xaropes: soluções aquosas contendo açúcar;
» Elixir: soluções hidroalcoolicas edulcoradas; 
» Espíritos ou águas aromáticas: soluções de solutos aromáticos, são denomi-
nados espíritos quando feitas com solvente alcoolico e águas aromáticas quando 
preparadas com solvente aquoso;
» Tinturas ou extratos fluidos: soluções preparadas a partir da extração de compo-
nentes ativos de plantas, dependendo da concentração e do método de preparação;
» Injetáveis: soluções preparadas para serem estéreis e livres de pirogê nios, desti-
nadas à administração parenteral.
Os sistemas dispersos são preparações líquidas contendo fármacos imiscíveis que se 
encontram uniformemente distribuídos – fase dispersa – em veículo, o qual é denomina-
do fase ou meio dispersante, formando em conjunto um sistema disperso.
Vejamos os exemplos:
• Emulsões: A fase dispersa é um líquido insolúvel e imiscível na fase dispersante, 
sendo que a emulsificação resulta na dispersão do líquido em finas gotículas na 
fase dispersante. Para isso, utiliza-se um agente emulsificante ou tensoativo; 
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UNIDADE Introdução à Farmacotécnica
• Aerossol: A fase dispersa pode ser formada por pequenas bolhas de ar em umasolução 
ou emulsão. Trata-se de formas farmacêuticas pressurizadas que, ao serem acionadas, 
emitem uma fina dispersão de materiais líquidos e/ou sólidos, contendo fármacos em 
forma gasosa, dependem da embalagem com válvula e do gás propelente – adjuvante;
• Suspensão: Consiste em dispersões grosseiras, contendo partículas grandes, em 
geral de 10 a 50μm, assim como as presentes nas emulsões. Podem ser definidas 
como preparações que contêm partículas de um fármaco pouco solúvel divididas 
finamente – fase interna –, distribuídas uniformemente no veículo, podendo haver 
a adição de estabilizantes e outros adjuvantes farmacotécnicos, devido ao fato de 
apresentarem maior tendência a se separar do meio dispersante;
• Dispersões coloidais: As partículas dispersas possuem a dimensão coloidal, entre 
1nm e 0,5μm;
• Magmas e géis (sistemas semissólidos): Dispersões que contêm partículas de 
menor tamanho, conhecidas como dispersões finas (0,5 a 10μm), utilizadas por via 
oral, devido ao valor terapêutico da fase dispersa.
Muitos sólidos em suspensão tendem a se depositar no fundo do recipiente, devido à maior 
densidade que possuem em relação à fase dispersante. Líquidos emulsificados para uso oral 
são óleos e, em sua maioria, possuem menor densidade em relação ao meio aquoso no qual 
estão dispersos, tendendo a subir para a superfície. Portanto, a redistribuição uniforme da 
fase dispersa é essencial para a administração de doses exatas. Isso é conseguido com o uso 
de agentes suspensores e por meio da agitação moderada do recipiente.
Vias de Administração
Brunton et al. (2019) descrevem o termo biodisponibilidade como o percentual com 
que a dose de um fármaco administrado alcança seu local de ação ou um líquido biológico 
(em geral, circulação sistêmica) a partir do qual o fármaco tem acesso ao seu local de ação. 
Um fármaco administrado por via oral precisa primeiro ser absorvido pelo Trato GI 
(Gastrointestinal), mas a absorção final pode ser limitada antes que ele chegue à circula-
ção sistêmica, por fatores como:
• Características da preparação posológica;
• Propriedades físico-químicas do fármaco;
• Metabolismo intestinal;
• Transporte através do epitélio intestinal para a circulação porta;
• Metabolismo hepático e excreção biliar. 
As formas farmacêuticas são desenvolvidas e testadas levando em consideração, de 
acordo com a via de administração, que apenas uma parte da dose do fármaco adminis-
trada chega à circulação sistêmica e será distribuída para os locais de ação, ou seja, os 
fatores anatômicos, fisiológicos e patológicos podem afetar a biodisponibilidade, sendo 
a escolha da via de administração de um fármaco nesses fatores.
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Na administração intravenosa, praticamente toda a dose do fármaco entra na circu-
lação sistêmica, pois não precisa ultrapassar as barreiras fisiológicas.
Veja na Tabela a seguir a comparação de algumas características das principais vias de 
administração utilizadas. Em seguida, citamos as vias de administração de medicamentos.
Tabela 1 – Algumas características de vias comuns de administração de fármacos
Via e 
Bidisponibilidade (F) Padrão de Absorção Utilidade Especial Limitações e Precauções
Intravenosa
F = 1 por definição
A absorção é evitada Valiosa para uso em emergências Aumenta o risco de
efeitos adversos
Efeitos potencialmente imediatos Permite a titulação da dose Em geral, as soluções preci-
sam ser injetadas lentamente
Conveniente para volumas grandes 
e substâncias irritantes ou misturas 
complexas quando diluídas.
Geralmente é necessária para 
proteínas de alto peso muscular e 
fármacos peptídicos
Inadequada para soluções 
oleosas ou substâncias
pouco solúveis
Subcutânea
0,75 < F < 1
Imediata no caso das soluções 
aquosas Adequada para algumas suspen-
sões pouco solúveis e para instila-
ção de implantes de liberação lenta
Inadequada para
grandes volumes
Lenta e prolongada no caso das 
preparações de depósito
As substâncias irritantes po-
dem causar dor ou necrose
Intramuscular
0,75 < F < 1
Imediata no caso das soluções 
aquosas
Adequada para volumes modera-
dos, veículos oleosos e algumas 
substâncias irritantes
Contraindicada durante o tra-
tamento anticoagulante
Lenta e prolongada no caso das 
preparações de depósito
Adequada para a autoadministra-
ção (p. ex., insulina)
Pode interferir na interpre-
tação de alguns exames 
diagnósticos (p. ex.,
creatina-cinase)
Ingestão oral
0,05 < F < 1 
Variável, dependendo de muitos 
fatores (ver texto)
Mais conveniente e econômica; 
geralmente mais segura
Depende da adesão
do paciente
A biodisponibilidade pode 
ser errática e incompleta
Fonte: Adaptada de BRUTON et al., 2019
Via oral
Método mais utilizado e mais seguro para administrar fármacos. 
Quadro 1
Vantagens
• Conveniente;
• Econômico.
Desvantagens
• Absorção limitada de alguns fármacos; 
• Vômitos causados pela irritação da mucosa GI;
• Destruição de alguns fármacos pelas enzimas digestivas ou 
pelo baixo ph gástrico;
• Irregularidades na absorção ou na propulsão devido à presença 
de alimentos ou outros fármacos; 
• Necessidade de contar com a colaboração do paciente;
• Metabolização intestinal e/ou hepática.
Esta via pode utilizar as seguintes preparações:
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UNIDADE Introdução à Farmacotécnica
• Preparações de liberação controlada: De acordo com Brunton et al. (2019), a taxa 
de absorção de um fármaco administrado na forma sólida depende, em parte, de sua 
taxa de dissolução nos líquidos GI, fator que constitui a base das preparações farmacêu-
ticas de liberação controlada, liberação prolongada, liberação retardada e longa ação.
As vantagens potenciais dessas preparações são:
 » Redução da frequência de administração do fármaco;
 » Manutenção do efeito terapêutico ao longo da noite; 
 » Redução da incidência e/ou intensidade dos efeitos indesejáveis; 
 » Redução dos níveis sanguíneos não terapêuticos do fármaco (por atenuação dos 
desníveis das concentrações).
• Preparações para administração sublingual: Apesar da superfície disponível para 
a absorção ser pequena, a drenagem venosa da boca faz com que o fármaco seja 
protegido do metabolismo rápido no intestino e na primeira passagem pelo fígado.
Vias parenterais
A biodisponibilidade costuma ser mais rápida e previsível quando um fármaco é ad-
ministrado por uma via parenteral.
Figura 2 – Representação esquemática da 
injeção subcutânea e intramuscular
Fonte: WHALEN et al., 2016
Quadro 2
Vantagens
• Emergências – Efeito rápido;
• Paciente inconsciente ou impossibilitado de deglutir ou em 
casos de êmese.
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Desvantagens
• Assepsia; 
• Dor;
• Dificuldade aos pacientes na autoaplicação;
• Intravenosa;
• Subcutânea;
• Intramuscular;
• Intra-arterial;
• Intratecal.
Via inalatória
Como o próprio nome da via faz referência, os fármacos são inalados e absorvidos 
através do epitélio pulmonar e das mucosas do trato respiratório.
Vantagens
• O acesso à circulação é rápido; 
• As gotículas minúsculas em suspensão no ar (aerossol) são inaladas pelo paciente;
• Absorção instantânea para a corrente sanguínea;
• Evita perda de primeira passagem hepática.
Via tópica
• Mucosas => Nasofaringe, orofaringe, vagina, colo, uretra e bexiga; 
• Olhos;
• Pele => Tópica;
• Absorção transdérmica.
A absorção dos fármacos que penetram na pele íntegra depende da área de superfí-
cie sobre a qual são aplicados e de sua lipossolubilidade.
Devemos lembrar que quando há ferimentos e queimaduras, a absorção sistêmica é 
mais rápida. 
Brunter et al. (2019) destacam que a absorção pela pele pode ser ampliada pela 
suspensão do fármaco em um veículo oleoso e pela fricção dessa preparação na pele. 
A disponibilidade de adesivos transdérmicos ou preparações como emulsões e géis 
que utilizam nanotecnologia e adjuvantes para aumentar a permeabilidade cutânea são 
formas tópicas de liberação como as que utilizam hormônios – testosterona e estrogê-
nio – para tratamentode reposição hormonal, os quais são muito utilizados atualmente.
21
UNIDADE Introdução à Farmacotécnica
 
Figura 3 – A) Representação esquemática de um adesivo transcutâneo 
B) desivo transcutâneo de nicotina aplicado no braço
Fonte: WHALEN et al., 2016
Via retal
Via com menor metabolismo da primeira passagem, entretanto, a absorção retal pode 
ser irregular e incompleta, e alguns fármacos podem causar irritação da mucosa retal. 
Recomendável, por exemplo, com opioides administrados em pacientes de cuidados 
paliativos, para liberação local e ampliação da eficácia com menos exposição sistêmica 
e para pacientes com êmese. 
Veja as vantagens e as desvantagens das principais vias de administração. 
Disponível em: https://bit.ly/3jYOgeB
Revisão de Cálculos I
Ansel e Stoklosa (2008) já diziam que, independentemente de o medicamento pres-
crito ser produzido pela Indústria ou manipulado em uma Farmácia de Manipulação, os 
farmacêuticos fazem cálculos para determinar as quantidades das substâncias a serem 
utilizadas, de forma a atingir o padrão de qualidade e a dosagem adequadas para admi-
nistração, sendo que a diferenças estão na quantidade de produto preparada.
De forma geral, os cálculos farmacêuticos utilizados em Farmácia de Manipulação 
incluem:
• Dados de Testes Físicos e Químicos, com a utilização de fórmulas e cálculos básicos;
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• Teor de princípio ativo presente na matéria-prima;
• Formulações farmacêuticas;
• Prescrições e ordens de manipulação;
• Dosagens de fármacos, posologia e taxas de administração de medicamentos.
Razão e proporção
O uso de razões e proporções possibilita a solução de muitos problemas relacionados 
à prática farmacêutica.
Por exemplo: se 3 comprimidos contêm 375mg de fármaco Y, quantos mg estarão 
contidos em 12 comprimidos?
3cp = 375 mg
12 cp = X mg
X = 1.500 mg
Portanto, em uma proporção ajustada adequadamente, é importante nomear as uni-
dades em cada posição. Por exemplo, mg e cp (comprimidos), de forma a assegurar a 
relação apropriada entre as razões de uma proporção.
As proporções podem conter números inteiros ou frações, sem alterar o método, 
para facilitar o cálculo, primeiramente as frações podem ser convertidas em decimais.
Veja:
Se 60 mililitros (ml) representam 1/6 do volume de uma prescrição, quantos mililitros 
representarão 1/4 do volume?
• 1º passo: 1/6 = 0,167 e 1/4 = 0,25
• 2º passo:
» 60 ml = 0,167 volume
» X ml = 0,25 volume
» X = 89,82 ou aproximadamente 90 ml.
Sistema Internacional de Medidas (SI)
O SI é um Sistema Decimal de pesos e medidas reconhecido internacionalmente, Sis-
tema Métrico Decimal adotou, inicialmente, três unidades básicas de medida: o metro, o 
quilograma e o segundo. Entretanto, o desenvolvimento científico e tecnológico passou 
a exigir medições cada vez mais precisas e diversificadas. 
O SI foi adotado também pelo Brasil, em 1962, e ratificado pela Resolução nº 12 (de 1988)
do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Conmetro, 
tornando-se de uso obrigatório em todo o Território Nacional, e o Inmetro obteve a com-
petência para atualizar o Quadro Geral de Unidades de Medida, que se encontra. Disponível 
em: https://bit.ly/3qCD0HA
23
UNIDADE Introdução à Farmacotécnica
Nas Farmácias de Manipulação, ao contrário dos Laboratórios Industriais Farmacêu-
ticos, a produção é realizada utilizando medidas de gramas e mililitros, devido à mani-
pulação personalizada de fórmulas magistrais.
As doses de fármacos são prescritas em miligramas (mg) ou microgramas (mcg) e 
preparadas em formas farmacêuticas sólidas ou líquidas. Nesta última, a dosagem é 
expressa em volume específico.
Por exemplo:
• Furosemida 10 mg/5 ml;
• Sulfeto de selênio 5%.
O farmacêutico é responsável por realizar a conferência da prescrição e realizar um 
estudo de pré-formulação, por meio do qual verifica informações nas quais precisará 
utilizar cálculos, como:
• Concentrações adequadas dos componentes da fórmula;
• Teores de matérias-primas; 
• Dose de fármaco de acordo com características do paciente, como idade, situação 
clínica e patologias.
A dose de fármacos, principalmente para crianças, pode ser calculada baseada no 
peso corporal e, portanto, expressa na Literaturas técnico-científicas e compêndios ofi-
ciais em mg/kg, ou seja, peso do fármaco em mg por peso corporal em kg.
Revisão de Cálculos II
Números significativos
Números significativos, de acordo com Ansel e Stocklosa (2008), são números suces-
sivos que expressam o valor de um número denominado de forma suficientemente pre-
cisa para um propósito determinado, sendo que a exatidão varia conforme a quantidade 
de números significativos, que são todos absolutos em valor, com exceção do último, que 
é chamado de “incerto”.
A precisão do instrumento que utilizamos no Laboratório é um dos fatores que 
determina o grau de aproximação para apurar a medida, por exemplo:
• Uma proveta calibrada em unidades de 1 milímetro (ml) não pode nos fornecer a 
precisão do volume de 7,76ml, pois o número de casas decimais que utilizamos 
indica essa precisão;
• Uma balança com sensibilidade para pesar 0,01g não nos forneceria a precisão 
para pesar 25,563gramas (G), pois, embora tenhamos cinco números significa-
tivos, indicando a exatidão necessária ao nosso propósito e, por consequência, 
o número de casas decimais da balança indica que o seu grau de precisão está a 
seguir do necessário.
A exatidão demonstra que o valor da medida é próximo ao valor real, e a precisão 
indica o quanto as medidas repetidas estão próximas umas das outras.
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Portanto, ao registrar valores, não confunda “arredondar” “número de casas deci-
mais” e “números significativos”.
Veja ambos os casos para o valor 19,563428:
• Valor arredondado para cinco casas decimais => 19,56343;
• Valor arredondado para cinco números significativos => 19,563.
Regras de arredondamento
Diminuir ao máximo o número de casas decimais ao arredondar medidas nos fornece 
apenas um número incerto após a vírgula.
Ao eliminar números incertos em cálculos, adicione 1 ao último número se este for 
igual ou maior de 5.
Observe os exemplos:
• 3,34: arredonda-se para 3,3;
• 3,36: arredonda-se para 3,5.
Quando um instrumento possuir a capacidade de pesar com precisão a quantidade 
de acordo com as casas decimais de um determinado cálculo é inapropriado utilizar 
o arredondamento.
De acordo com a Norma ABNT NBR 5891, é recomendado arredondar apenas o 
resultado final das medidas ou dos cálculos.
Quando o algarismo seguinte ao último número que será mantido é um 5 seguido de 
zeros ou é somente um 5, expressaremos o resultado das seguintes maneiras:
• Se o último algarismo a ser mantido for par, ele é inalterado: Por exemplo: 
para se arredondar 3,450 para dois algarismos significativos, obtém-se 3,4. Ao se 
arredondar 8,105 para três algarismos significativos, obtém-se 8,10;
• Se o último algarismo a ser mantido for ímpar, ele é aumentado de 1: Por 
exemplo: ao se arredondar 7,855 para três algarismos significativos, obtém-se 7,86.
Em Síntese
Os algarismos que fornecem maior precisão a uma medida decimal são chamados de 
algarismos significativos, sendo que a magnitude de uma grandeza é determinada por 
instrumentos de medidas e, portanto, esses valores podem ser mais ou menos precisos, 
de acordo com o instrumento. Os algarismos corretos e o algarismo duvidoso constituem 
os “algarismos significativos”.
Ao pesarmos determinada matéria-prima em uma balança, podemos obter 1,3kg ou 
1,305kg, de acordo com a precisão da balança.
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UNIDADE Introdução à Farmacotécnica
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Vidraria básica – Algarismos Significativos. Equações Químicas (Aula 2, parte 1)
https://youtu.be/luBpBItJZYs
Vidraria básica – Algarismos Significativos. Equações Químicas (Aula 2, parte 2) 
https://youtu.be/BRnE9CWTmzQ
Vidrariabásica – Algarismos Significativos. Equações Químicas (Aula 2, parte 3)
https://youtu.be/oXRtF5WAu9Q
 Leitura
O Laboratório de Mecânica
https://bit.ly/3byG5nR
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Referências
ALLEN, L.; POPOVICH, N. G., ANSEL, Howard C. Formas farmacêuticas e sistemas 
de liberação de fármacos. [Recurso Eletrô nico]. 9. ed. Porto Alegre; Artmed, 2013. 
Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788565852852/
pageid/1>. Acesso em: 07/09/2020.
ANSEL, H. C.; STOKLOSA, M. J. Cálculos Farmacêuticos. 12. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2008.
AULTON, M. E.; TAYLOR, K. M. G. Aulton Delineamento de Formas Farmacêuticas. 
4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016/Grupo GEN, 2016. Disponível em: <https://inte-
grada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595151703/>. Acesso em: 09/10/2020.
BRUNTON, L. L.; HILAL-DANDAN, R.; KNOLLMAN B. As bases farmacológicas da 
terapêutica de Goodman & Gilman [Recurso Eletrônico]. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2019. 
Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580556155/>. 
Acesso em: 14/10/2020.
CABRAL, C.; PITA, J. R. Sinopse da História da Farmácia. Cronologia. Coimbra. 
Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra – 
CEIS20 (Grupo de História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia). 2015. Disponível 
em: <https://www.uc.pt/ffuc/patrimonio_historico_farmaceutico/publicacoes/catalo-
gosdeexposicoes/catalogo_sinopse.pdf>. Acesso em: 07/09/2020.
GLANZNER, A. L.; SILVA, D. M. A formação de sais no desenvolvimento de fárma-
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org.br/admin/files/artigos/artigos_pdf/57a7a66c4e73164a56498cc5fddbac9d.pdf>. 
Acesso em: 13/10/2020.
JULIANI, C. S. R. Medicamentos: noç õ es bá sicas, tipos e formas farmacê uticas. 
Sã o Paulo; É rica, 2014. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
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