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Desigualdades Sociais em múltiplas dimensões da Saúde – PNS, 2013 Marilisa Barros DSC/FCM/UNICAMP IV Fórum de Monitoramento do Plano de Ações Estratégicas para o enfrentamento das DCNT e Seminário de Avaliação da Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências. Nov 2019 Década de 90: Iniciativas de agências, fundações e países OMS – força tarefa com iniciativa de 1996 OPAS –destaque para iniqüidades em várias reuniões, financiamento de pesquisas, ONU , UNICEF, BANCO MUNDIAL, FMI – 1997 - NHP Fundação Rockfeller – Global health equity iniciative União européia – prioridade para questões de pobreza e desigualdade – publicações Estados Unidos – conferências e agenda política As diferenças sociais em saúde são inaceitavelmente amplas e mostram-se crescentes em vários países. Informações de rotina muitas vezes não conseguem detectar essas desigualdades. Equity in health and health care: a WHO iniciative (WHO, 1996) Eqüidade em saúde precisa fazer parte das agendas políticas dos governos de todos os países Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde da OMS (CSDH) • Objetivo: promover tomada de consciência sobre a importância dos DSS e a necessidade de combater as iniquidades por eles geradas. • Implantada em março de 2005, com mandato até março de 2008 No Brasil é criada a Comissão Nacional dos DSS em 2006-2008. Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais em Saúde – OMS Presidência: Michael Marmot Rio de Janeiro – outubro de 2011 Desigualdade social Eqüidade Justiça social Iniqüidades em saúde são diferenças que além de evitáveis são também injustas. Margareth Whitehead, 1992: International Society for Equity in Health (ISEqH) - 2000 Eqüidade corresponde a ausência de diferenças sistemáticas, potencialmente modificáveis, em um ou mais aspectos da saúde entre grupos ou subgrupos populacionais definidos social, econômica, demográfica ou geograficamente. (Macinko & Starfield, 2002) Temas dos Congressos de Epidemiologia da ABRASCO I Congresso Brasileiro de Epidemiologia – 1990 em Campinas, SP Epidemiologia e desigualdade social: os desafios do final do século (1500 participantes). III Congresso Brasileiro de Epidemiologia – Salvador em 1995 – A epidemiologia na busca da equidade em saúde (3500 participantes) VII Congresso Brasileiro de Epidemiologia - Porto Alegre em 2008 – Epidemiologia na construção da saúde para todos – métodos para um mundo em transformação. X Congresso Brasileiro de Epidemiologia – Florianópolis, 2017 – Epidemiologia em defesa do SUS: formação, pesquisa e intervenção. O cenário da concentração da renda O contexto atual A concentração de renda no mundo havia declinado entre 1910 e 1970 A tendência de declínio se inverteu em 1980 Em 2010 atinge patamares similares aos de 1910/20. Thomas Piketty O Capital no século XXI Sem medidas ativas, como imposto sobre o capital a concentração tende a piorar ainda mais. World Wealth Report, Banco Credit Suisse, 2014 http://www.cartacapital.com.br/revista/873/no-mundo-de-os-miseraveis-5584.html/piketty.jpg-8545.html Cenário da concentração da riqueza no mundo e no Brasil 1% mais rico com riqueza = dos demais 99% 700 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, vivendo com menos de U$ 1,90 por dia 5% mais rico com riqueza = dos demais 95% 6 pessoas com riqueza = a de 100 milhões dos brasileiros mais pobres O 10º. entre 140 países. Apresenta a maior concentração no 1% mais rico MUNDO BRASIL Oxfam- Brasil, 2017 World Wealth Report, Banco Credit Suisse, 2014 Nas últimas décadas: 28 milhões de pessoas retiradas de abaixo do limiar de pobreza. 2015: Brasil é retirado do mapa da fome no mundo. Expansão de serviços essenciais (água, saneamento, esgoto, luz elétrica) e acesso universal à educação básica. Valorização real do salário mínimo Formalização do trabalho Políticas afirmativas contra discriminação Presidente do Conselho Deliberativo da Oxfam Avanços na redução das desigualdades sociais no Brasil Crise Econômica e Políticas de Austeridade Pesquisas realizadas em vários países, que sofreram, após a crise de 2008, políticas neoliberais de austeridade fiscal revelaram os efeitos negativos sobre a saúde das populações e sobre as desigualdades sociais em saúde (Bacigalupe et al, 2016; Pujolar et al 2016; Maynou e Saez, 2016; Barroso et al, 2016) IJEH. Efeitos da crise econômica e das políticas de austeridade adotadas nas desigualdades sociais em saúde em países Europeus Health inequalities by socioeconomic characteristics in Spain: the economic crisis effect Clara Barroso, Ignacio Abásolo and José J. Cáceres Economic crisis and health inequalities: evidence from the European Union Laia Maynou and Marc Saez The impact of the Great Recession on mental health and its inequalities: the case of a Southern European region, 1997–2013 Amaia Bacigalupe, Santiago Esnaola and Unai Martín Health inequalities after austerity in Greece Marina Karanikolos and Alexander Kentikelenis Looking beyond the veil of the European crisis - the need to uncover the structural causes of health inequalities Antonio Escolar Pujolar, Amaia Bacigalupe and Miguel San Sebastian Int. J. Equity Health, 2016 Estilo de vida/Fatores de risco para DC Prevalência de doenças, limitações, deficiências físicas, incapacidades Condições de vida Uso de serviços de saúde Desigualdades Sociais em Saúde Desigualdades segundo renda Desigualdades demográficas e de condições de vida segundo estratos de decis de renda familiar per capita. PNS, 2013 Escolaridade: % de superior completo 6 12 21,1 43,8 78,4 0 20 40 60 80 100 Tem plano de saúde 14,2 31 43,2 65,5 86,9 0 20 40 60 80 100 1 2 a 4 5 a 6 7 a 9 10 Tem acesso à internet % % % Decis de renda RP= 19,7 RP= 6,6 RP= 13,2 27,1 34,7 43,3 58,2 74,6 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Raça-cor: % de brancos RP= 2,7 % 3 2,7 5,2 16,4 54,9 0 10 20 30 40 50 60 Comportamentos de Saúde 2 2,9 1,3 1,8 1,7 2,3 1,2 1,8 1,4 2,2 1,1 1,6 1,2 1,7 1 1,5 1 1 1 1 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 Fumante Exposto ao cigarro no trabalho Consumo de risco de álcool Inativo no lazer 1 2 a 4 5 a 6 7 a 92 10 Iniquidades em comportamentos não saudáveis segundo decis de renda. PNS, 2013 Decis de renda RP (RPs ajustadas por sexo e idade) Consumo de risco de álcool entre os que bebem; na pop: 15 a 16% 20,1% X 10,6% 24,6% X 9,3% 61,9% X 43,8% 78,2% X 45,0% Qualidade da alimentação e renda da população brasileira. PNS 2013. (RPs ajustadas por sexo, idade e região). 2,11 2,34 2,42 0,65 1,43 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 Verdura e legume cru Frutas Suco natural Feijão Peixe (1x) MEDINA, Lhais de Paula Barbosa et al. Desigualdades sociais no perfil de consumo de alimentos da população brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Rev. bras. epidemiol. [online]. 2019, vol.22, suppl.2 [citado 2019-11-08], E190011.SUPL.2. 1,22 4,48 0 1 2 3 4 5 Frango sem pele Leite desn semid 0,8 0,86 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 Alimentos doces Lanches, salgados ou pizzas 1o 2º e 4º 5º a 6º 7º a 9º 10ºdecil 5 ou+X sem 1 ou+X sem Opção c/redução de gordura Não consome ou até 2X sem Futebol: Única prática menos prevalente no quartil de maior renda RP 1 1 1 1 1 1 6,8 2,6 1,1 2,1 1,1 1,6 9,8 5,6 3,1 3,3 2,1 1,8 24,7 14,4 7,6 6,3 5,8 5,9 0 5 10 15 20 25 Corrida na esteira Natação Caminhada naesteira Musculação Hidroginástica Corrida na rua 1 1 1 1 1 1 1 3,3 1,7 1,7 1,3 1,7 0,9 1,3 2,6 2,5 1,8 3,5 1,2 1 1,3 5,6 4,4 4,4 3,8 3 0,8 1,9 0 1 2 3 4 5 6 Artes marciais Ginástica aeróbica Ginástica em geral Dança Basquete Futebol Caminhada RP Principal exercício físico ou esporte praticado segundo quartis de renda (RPs ajustadas por sexo e idade). PNS, 2013 1º. quartil 2º. quartil 3º. quartil 4º. quartil Lima et al, 2019 Não praticam: 69,5% Praticam: caminhada na rua 9,8%, futebol 6,8%, musculação 4,5%, ginástica aeróbica 1,7%, corrida na rua 1,4% Demais menos de 1% Caminhada na rua: menor desigualdade 1 1 1 1 1 1 1,3 1 1 1 1,2 1 1,5 1,4 1,5 2,1 1,6 1,5 1,8 2,3 2,8 4,1 2,5 3,1 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 Atividades sociais Participação política Exercício ou esporte Ativo no lazer (150min/sem) Faz trab remunerado Faz trab voluntário < 0,5 SM 0,5 < 1 1 a <3 3 e + Renda (SM) Envelhecimento ativo segundo estratos de renda em SM (RPs ajustadas por sexo, idade e região). PNS, 2013 RP SOUSA, Neuciani Ferreira da Silva et al. Desigualdades sociais na prevalência de indicadores de envelhecimento ativo na população brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Rev. bras. epidemiol. [online]. 2019, vol.22, suppl.2, E190013.SUPL.2 31,1 24,6 8,6 9,6 9,2 4,1 2,3 2 2,7 2,1 18,2 14,7 8,7 4,2 4,7 4,9 3 3,9 0,6 1 0 5 10 15 20 25 30 Analfabeto Fundamental Médio Superior Doenças crônicas e escolaridade. PNS 2013. (Prevalências em %). Malta DC, et al. Social inequalities in the prevalence of self-reported chronic non-communicable diseases in Brazil: national health survey 2013. Int J Equity Health 2016; 15(1): 153. - Acesso - Sobrevida RP=1,17 RP=0,59 RP=2,52 RP=1,65 RP=1,39 RP=1,42 RP=1,22 RP=0,46 NS NS % Pop de 18 anos ou mais RP ajustadas por idade, sexo e região 2,63 5,85 2,76 0,75 2,34 2,59 2,2 5,7 7,66 8,94 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Analfabeto Fundamental Médio Superior Limitações provocadas por doenças crônicas segundo estratos de escolaridade da população brasileira. PNS 2013. (RPs ajustadas por idade, sexo e região) Malta et al. IJEH, 2016; 15:153 NS RP Limita intensa ou muito intensamente 1,1 2 2,7 2,9 1,1 1,9 2,5 2,6 1,1 1,8 2,3 2,3 1,1 1,5 1,7 1,8 1 1 1 1 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 Apresenta doença crônica Limitação moderada ou grave causada por DC Saúde Regular/Muito Ruim Saúde Bucal regular/Muito Ruim 1 2 a 4 5 a 6 7 a 9 10 Desigualdades de condições de saúde segundo decis de renda (RPs ajustadas por sexo idade e região). PNS, 2013 Decis de renda RP 37,7% 12,1% 43,1% 44,8% Prevalências no decil 1 Pop de 18 anos ou mais 6,7 5,8 5 3,6 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 perda de todos os dentes <0,25 0,25 a <0,5 0,5 a <1 1 a <3 3 ou + Edentulismo em adultos (18-59 anos) segundo estratos de renda (RPs ajustadas por sexo e idade). PNS, 2013 BASTOS, Tássia Fraga et al. Income inequalities in oral health and access to dental services in the Brazilian population: National Health Survey, 2013. Rev. bras. epidemiol. [online]. 2019, vol.22, suppl.2, E190015.SUPL.2. Renda (SM) RP 5,6% X 1,4% Nos idosos: 43,1% de perda de todos os dentes no segmento de renda inferior 19,5% no segmento de renda superior. Desigualdades no Uso de Serviços de Saúde 1 1 1 1 1 1 0,9 0,8 1,1 1 0,9 0,7 1,1 1 1 0,7 1,2 1,2 1,1 0,8 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 Consulta 12 meses Hipertensos com consulta regular Diabéticos que consultam regularmente Internação 12 meses Desigualdades no uso de serviços de saúde segundo decis de renda (RPs ajustadas por sexo e idade). PNS, 2013 RP decis de renda 1 1 1 1,1 1,1 1,1 1,3 1,2 1,3 1,7 1,3 1,6 1,9 1,3 2,3 0 0,5 1 1,5 2 2,5 Mamografia 2 anos (50-69 anos) Papanicolaou 3 anos ( 25 a 64 anos) Consulta dentista 12 meses 1 2 a 4 5 a 6 7 a 9 10 53,7% 67,3% 40,4% X 81,2% 71,6% 8,1% 32,3% X 70,0% 64,8% 39,6 16,3 27,5 2,4 14,3 <0,25 SM revisão tratamento extração aplic ortodont outra 65,9 16,8 2,8 4,8 9,6 3 SM ou + Motivos da consulta odontológica de adultos nos segmentos com renda <0,25 SM e 3 SM ou mais. PNS, 2013. BASTOS, Tássia Fraga et al. Income inequalities in oral health and access to dental services in the Brazilian population: National Health Survey, 2013. Rev. bras. epidemiol. [online]. 2019, vol.22, suppl.2, E190015.SUPL.2. A reversão do quadro Em 2017 a extrema pobreza cresceu 11% e atingiu 14,8 milhões de brasileiros. Relatório Luz da SC da Agenda 2030, julho de 2018 O contexto atual de aumento de desemprego, perda de direitos sociais e restrição dos gastos com políticas sociais tende a ampliar as iniquidades em saúde. Importância crescente neste contexto de manutenção e aprimoramento dos inquéritos de saúde e sistemas de informação em saúde em geral para monitorar níveis e desigualdades nos indicadores de saúde. Importantes iniquidades em saúde são detectadas no Brasil, mas o tamanho da iniquidade difere entre os indicadores. Importante avaliar a disparidade social em contextos específicos de regiões, estados e municípios. Os serviços de saúde prestados pelo SUS são capazes de reduzir o impacto da desigualdade socioeconômica na saúde à medida em que presta serviços de boa cobertura e qualidade atendendo os segmentos mais vulneráveis. Em síntese: FIM http://www.fcm.unicamp.br/centros-e-nucleos/ccas/ marilisa@unicamp.br
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