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Introdução
    A contemporaneidade vem evidenciando o surgimento ininterrupto de novas possibilidades de práticas físicas, dentre elas aquelas ligadas à natureza. Nesse sentido, as atividades de aventura surgem em decorrência de uma série de fatores no contexto social como a racionalização do tempo, configuração atual do trabalho, necessidade de expressão e mudanças no ser humano, (re)encontro com o meio natural, prática física, contemplação, superação dos próprios limites, lazer, experimentar sensações de prazer e ou libredade, enfim atributos relacionados à promoção da saúde e qualidade de vida (PAIXÃO, 2009).
    As diferentes modalidades que compõem as atividades de aventura na natureza configuram-se como possibilidades de lazer, turismo, competição e mais recentemente como propostas de temas nas aulas de Educação Física escolar.
    Dado ao fato dessas práticas físicas ocorrerem em diferentes ambientes naturais e pela preocupação atual com as questões ambientais, fornecem subsídios suficiente para pensarmos uma abordagem da educação ambiental no âmbito da Educação Física escolar por meio das atividades de aventura. Com base no tema transversal meio ambiente contido nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs para a Educação Básica torna-se possível a transmissão de comportamentos de respeito e de preservação do meio natural, bem como da aprendizagem e vivências diferenciadas do esporte convencional que ainda mantém sua hegemonia nas aulas de Educação Física escolar no país.
    Nessa perspectiva, o presente estudo objetivou discutir possibilidades em se considerando a relação entre as atividades de aventura na natureza, bem como a viabilidade da educação ambiental por meio desta prática física no âmbito escolar.
Atividade de aventura: prática física no meio natural
    As atividades de aventura na natureza apresentam crescente número de adeptos nas mais variadas modalidades. Estas apresentam as mesmas características positivas da prática desportiva, como os conhecidos benefícios para a saúde, a capacidade de promover a socialização e a consciência comunitária, além de oferecer a sensação de prazer (TUBINO, 1992). Caracterizam-se por serem praticados em espaços naturais permeados pelas noções de aventura, risco calculado, adrenalina, prazer. Trazem consigo diferentes terminologias como, por exemplo, Novos Desportos, Esportes Radicais, Esportes em Liberdade, Californianos, Selvagens, Extremos, Atividades Físicas de Aventura, na Natureza, Esportes de Aventura e Risco na Natureza entre muitos outros dentre (BETRÁN e BETRÁN, 1995; MARINHO, 2007). Essas atividades físicas na natureza adotam concepções físicas recreativas diferentes do esporte tradicional, variando tanto o grau de motivação, quanto às condições e meios utilizados pelo praticante em sua realização.
    Existe uma perda das emoções nos esportes tradicionais devido as diversas regras, e a grande disputa acima de tudo entre os atletas, fatos que tendem a canalizar as emoções. Dessa forma, as atividades de aventura na natureza ganham cada vez mais adeptos, devido ao fato de serem imprevisíveis e excitantes, e estarem abertos a qualquer pessoa seja qual for idade ou sexo (ELIAS e DUNNING, 1990).
    Não se pode negar que o contato com a natureza, através das práticas de aventura, apresenta um viés positivo e outro negativo. Por um lado, pode, por exemplo, aumentar a consciência ecológica dos envolvidos com a prática esportiva, pode inibir a ação predatória em seus locais de prática e contribuir para a melhoria da qualidade de vida. No entanto, quando não planejadas, essas mesmas práticas esportivas podem interferir negativamente nos fatores ambientais, podendo ocasionar danos aos ambientes onde são praticados. Costa (2000) menciona que embora divulguem que essas práticas junto à natureza são preservacionistas, pode haver um desequilíbrio nos ecossistemas, devido à construção de infra-estruturas de apoio à sua realização. Acrescenta-se ainda a poluição sonora e ambiental, lixo, devastação e erosão nos locais utilizados para a prática.
Atividades de aventura, educação ambiental e Educação Física escolar
    Os PCN’s (1998) recomendam uma Educação Física que extrapole suas atividades curriculares, e que vise a construção de uma escola comprometida com a transformação social que favoreça o conhecimento crítico da realidade. É nesse sentido que o trabalho com as questões ambientais nas aulas de Educação Física escolar a partir das atividades de aventura se apresenta como uma proposta instigante no currículo da Educação Básica.
    Ao se pensar as atividades de aventura como parte integrante dos conteúdos da Educação Física escolar, tomaremos às idéias de Darido (2005, p.65) ao afirmar que “... quando nos referimos a conteúdos, estamos englobando conceitos, idéias, fatos, processos, princípios, leis científicas, regras, habilidades cognoscitivas, modos de atividade, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudos, de trabalho, de lazer e de convivência social, valores, convicções e atitudes”.
    A organização didático-pedagógica de um determinado conteúdo – neste caso, a ênfase recai sobre as atividades de aventura e suas diferentes modalidades – irá demandar do professor conhecimentos e habilidades que se configuram no domínio deste no processo instrucional, haja vista a sua completa assimilação e compreensão1 por parte do(a) aluno(a). Nesse sentido, o conteúdo, na perspectiva de Coll, Pozo, Sarabia e Valls (2000), organiza-se a partir de três dimensões classificadas como conceitual, procedimental e atitudinal.
    A dimensão conceitual refere-se ao que o aprendiz deverá aprender em termos de conceitos e fatos relacionados a um determinado conteúdo, como por exemplo: compreender a evolução das atividades de aventura como possibilidade de lazer e competição na natureza, contextualizar as modalidades existentes, enfocando, por exemplo, sua evolução, potencialidades e possíveis impactos no meio natural na contemporaneidade; conhecer as diferentes denominações atribuídas as atividades de aventura e especificidades para a sua prática em diferentes ambientes naturais; e perceber as práticas de aventura no meio natural como espaço para diferentes manifestações expressivas humanas.
A dimensão procedimental diz respeito ao que se deve saber fazer diante de uma situação concreta da prática de um determinado conteúdo, como: executar os procedimentos específicos de uma modalidade de aventura e relacioná-los com fatores de ordem cultural, social e emocional ligados a ela; vivenciar fortes emoções, vertigem, sensação do risco e adrenalina propiciados pela prática de uma modalidade nos diferentes ambientes naturais em que se efetiva; e adquirir os princípios essenciais para a prática de uma modalidade, como procedimentos de segurança, utilização correta de equipamentos, entre outros.
    A dimensão atitudinal refere-se ao que se deve ser, efetivada pela atitude do indivíduo em seu meio. Tem-se a compreensão da natureza numa perspectiva que ultrapassa a visão de simples cenário no qual ocorrem as atividades de aventura, mas também na urgência de valores e atitudes no sentido de preservá-la como bem comum; respeitar os limites corporais quando na realização das práticas físicas de aventura no meio natural; e vivenciar as modalidades tendo como princípios balizadores da prática atitudes de interação, solidariedade e companheirismo.
    Embora o profissional possa priorizar uma dimensão em relação às demais, nota-se que no decorrer do processo ensino-aprendzagem, essas dimensões muitas vezes ocorrem de forma imbricada, o que dificulta a distinção entre elas. No entanto, o seu conhecimento e sua consideração são essenciais para a assimilação dos aspectos e valores referentes a uma dada modalidade pelo(a) aluno(a).
Conclusão
Concluiu-se que essa proposta de aliarmos atividades de aventura e educação ambiental nas aulas de Educação Física apresenta possibilidades significativas. Não se pode negar o potencial motivador interveniente na busca por fortes sensações,no novo, no desconhecido e no não convencional que as atividades de aventura exercem sobre as pessoas, principalmente sobre o público jovem que se encontra inserido na Educação Básica.
    Apesar do custo elevado de alguns equipamentos específicos para a prática de determinadas modalidades de atividade de aventura, há aquelas que poderiam ser incluídas na escola. Mais especificamente, têm-se, como exemplo, o trekking, corridas de orientação, skate, caminhadas ecológicas, por serem atividades esportivas que se adaptam bem a realidade da maioria das escolas. Tratam-se de modalidades que não requerem equipamentos específicos, o que por sua vez, facilita sua inclusão.
    É importante a ênfase na ação crítica dos alunos nas relações que estabelecem com a natureza, apropriando-se de valores ambientais na prática das atividades de aventura junto à natureza, buscando certificar que essas práticas não estejam agredindo o meio no qual elas são realizadas. E que a natureza seja mais que um mero palco para as atividades, mas que haja uma relação de troca, de saber conviver e respeitar.
    Acreditamos que a ação de erigir junto aos alunos(as) uma relação consciente com a natureza faz-se necessária frente à tentativa de garantirmos a própria vida humana. Este estudo reconhece que o sistema no qual estamos inseridos se caracteriza por inúmeras contradições, uma delas é a necessidade de pensarmos na natureza, elemento por ele destruído e danificado, entretanto a garantia dos recursos naturais para nossa sobrevivência nos faz pensar práticas alternativas por dentro do próprio sistema, mas sem perder de vista as possibilidades também de mudanças.
Nota

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