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Manifestação (Em Processo de Registro) Petição de Marca 850230191407 29409172303288405 26/04/2023 17:17 928314979Número do Processo: 850230191407Número da Petição: Dados Gerais Nome: TEKHOUSE ENERGIA SOLAR LTDA CPF/CNPJ/Número INPI: 30496086000156 Endereço: Av. Andrade Neves, 1379 - Conj. 01 - Centro Cidade: Campinas Estado: SP CEP: 13013-161 Pais: Brasil Natureza Jurídica: Empresa de Pequeno Porte assim definidas em lei e-mail: processo@icamp.com.br Dados do Procurador/Escritório 54675251000103CNPJ: Nome: Icamp Marcas e Patentes Ltda Nº API: 119 e-mail: processo@icamp.com.br CPF: 42767148853 Nome: Adauto Silva Emerenciano UF: SP Nº OAB: 163405SP Procurador: Escritório: MANIFESTAÇÃO COM SUBSÍDIOS Assunto da Petição Página 1 de 23 Nome do ArquivoDescrição Anexos 12.01.2023 - TEKHOUSE ENERGIA SOLAR LTDA.pdf Procuração MANIFESTACAO COM SUBSIDIOS - 928.314.979.pdf Manifestação com subsídios Esta petição foi enviado pelo sistema e-Marcas (Verso 4) em 26/04/2023 às 17:17 Declaro, sob as penas da lei, que todas as informações prestadas neste formulário são verdadeiras. A partir de agora, o número 850230191407 identificará a sua petição junto ao INPI. Portanto guarde-o, a fim de que você possa acompanhar na Revista Eletrônica da Propriedade Industrial - RPI (disponível em formato .pdf no portal www.inpi.gov.br) o andamento da sua petição. Contudo, tratando-se de serviço pago, a aceitação da petição está condicionada à confirmação do pagamento da respectiva GRU (Guia de Recolhimento da União), que deverá ter sido efetuado previamente ao envio deste Obrigado por acessar o e-Marcas. Página 2 de 23 PROCURAÇÃO TEKHOUSE ENERGIA SOLAR LTDA - EPP, pessoa jurídica de direito privado, regularmente inscrita no CNPJ sob o nº 30.496.086/0001-56, com sede localizada na Av. Andrade Neves, 1379 – Conjunto 1 – Centro, município de Campinas, Estado de São Paulo, (CEP 13013-161), neste ato representada por seu administrador, Sr. MARCIO LIGERI SACOMANO, brasileiro, divorciado, empresário, inscrito no CPF n° 296.745.118-57, RG n° 27.250.935-8 SSP/SP, por meio deste instrumento, nomeia e constitui seus procuradores: ICAMP MARCAS E PATENTES LTDA. com sede à Avenida Dr. Heitor Penteado n.º 1654, no município de Campinas, estado de São Paulo, regularmente inscrita no CNPJ sob o nº 54.675.251/0001-03, bem como seus representantes: ROSANGELA LIMA LINS EMERENCIANO, brasileira, casada, Agente da Propriedade Industrial inscrita no INPI sob o n.º 124 e inscrita no CPF sob o n.º 492.659.207-00; e os (as) advogados (as) ADAUTO SILVA EMERENCIANO, brasileiro, casado, inscrito na OAB/SP sob o n.º 163.405 e Agente da Propriedade Industrial inscrito no INPI sob nº 119; MARCELO DOMINGOS, brasileiro, casado, inscrito na OAB/SP sob o n.º 201.440 e Agente da Propriedade Industrial inscrito no INPI sob n.º 259; LUIS GUSTAVO DAVOLI RAMOS, brasileiro, casado, inscrito na OAB/SP sob o n.º 164.562; BRUNO COSTA DE PAULA, brasileiro, casado, inscrito na OAB/SP sob o nº 247.595; ROSE MARY DA ROCHA OLIVEIRA, brasileira, casada, inscrita na OAB/SP sob o nº142.835; e FERNANDA LINS EMERENCIANO, brasileira, solteira, inscrita na OAB/SP sob o n.º 356.686, aos quais confere amplos poderes de representação perante o INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL (INPI) para: requerer e obter registros de marcas, de desenhos industriais, de programas de computador; processar depósito de pedido de patentes de invenção e de modelo de utilidade; promover consultas, averbações e registros de contratos tecnológicos, como fornecimento ou transferência de tecnologia, licença e ou cessão de marcas, patentes ou desenhos industriais e prestação de serviços de assistência técnica; pagar taxas e retribuições para obtenção, manutenção e prorrogação de direitos; apresentar provas de uso e exploração; retirar certificados; apresentar oposições, impugnações, contestações e demais manifestações administrativas; prestar e pedir esclarecimentos; promover pedidos de anotação de alteração de nome, endereço e demais transferências; apresentar réplicas; interpor recursos; apresentar pedidos de caducidade, reconsideração e nulidade; receber e passar recibos de restituições de taxas, de devolução de documentos e valores; notificar e contranotificar; desistir e renunciar processos, podendo ditos (as) procuradores (as) agir em conjunto ou separadamente, independente da ordem de nomeação; ratificar e/ou retificar atos já eventualmente praticados, sendo os aludidos poderes extensivos, no que couber, para os assuntos perante as serventias extrajudiciais em geral assim como perante as juntas comerciais de todos os estados da Federação e o Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração; enfim, praticar todos os demais atos análogos, necessários para preservação dos direitos do (a) mandante e ao fiel desempenho do presente mandato, podendo os (as) aludidos (as) representantes receber citação nos termos dos artigos 216 e 217 da Lei nº 9.279 de 1996, ratificando-se todos atos já praticados, podendo ainda substabelecer, com ou sem reserva de iguais poderes. Cláusula especial de renúncia, substabelecimento e validade: Em caso de renúncia e substabelecimento dos poderes expressos nesta procuração e para estes fins, ficam eleitos, desde já, o advogado ADAUTO SILVA EMERENCIANO e a Sra. ROSANGELA LIMA LINS EMERENCIANO que, assinando isoladamente, representarão todos e todas que figurem neste instrumento ou que venham a ter poderes conferidos posteriormente. Os (as) outorgados (as), nomeados (as) no presente instrumento ou por substabelecimento, poderão agir somente enquanto integrantes, direta ou indiretamente, do escritório ICAMP MARCAS E PATENTES LTDA, considerando automaticamente revogados e, independente de qualquer notificação os poderes daquele (s) que, por qualquer motivo, deixar (em) de integrar o referido escritório. Campinas, 12 de janeiro de 2023. TEKHOUSE ENERGIA SOLAR LTDA - EPP MARCIO LIGERI SACOMANO Página 3 de 23 1 ILUSTRÍSSIMO SENHOR DOUTOR DIRETOR CHEFE DA DIRETORIA DE MARCAS – DIRMA – DO INPI Processo: 928.314.979 de 11/10/2022 Marca: “TECHOUSE ENERGIA SOLAR” (M) Classe: NCL (11) 35 – Assessoria, consultoria e informação ao consumidor sobre produtos e respectivos preços, através de websites, em conexão com comércio realizado pela internet;Comércio (através de qualquer meio) de aparelhos e instrumentos para conduzir, interromper, transformar, acumular, regular ou controlar eletricidade;Comércio (através de qualquer meio) de cabos e fios de metal comuns não elétricos;Franchising [sistema pelo qual empresa detentora de uma marca registrada, processo patenteado de produção ou direitos similares concede a outras empresas licença de utilização dessas marcas ou processos, sob certas condições ? administração de negócios];Gestão de franquia;Intermediação na compra e venda de energia e capacidade elétrica;Licenciamento, compra e venda, leasing de marcas e patentes (intermediação de negócios comerciais);Provimento de mercado on-line para compradores e vendedores de produtos e serviços [marketplace];Representação comercial;Serviços de agências de importação-exportação;comércio através de qualquer meio de placas solares; comércio através de qualquer meio de materiais elétricos TEKHOUSE ENERGIA SOLAR LTDA., por seus procuradores in fine assinados, vem, mui respeitosamente, perante esse r. Instituto apresentar a MANIFESTAÇÃO COM SUBSÍDIOS para análise do Pedido de Registro da Marca em epígrafe, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos: Página 4 de 23 2 PRELIMINAR: Da Fundamentação legal para o ato de peticionar neste Instituto. A Manifestante exerce seu direito de apresentar esta petição, o que lhe é assegurado constitucionalmente, no artigo 5º, XXXIV, alínea ‘a’, da CFB/88, a seguir reproduzido: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquernatureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; Grifo nosso. O exercício do direito de peticionar neste Instituto se complementa juridicamente com a disposição do artigo 220 da LPI, a seguir reproduzido: Art. 220. O INPI aproveitará os atos das partes, sempre que possível, fazendo as exigências cabíveis. Grifos nossos. Assim, lança-se mão desta petição a fim de subsidiar o examinador deste Instituto para efeito da tomada de decisão com a maior segurança e retidão de argumentos. I – DO QUADRO FÁTICO E DAS ATIVIDADES DA MANIFESTANTE Trata-se a Manifestante de uma sociedade empresarial séria e honrada, que tem os atos constitutivos de empresa regularmente arquivados na Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP) desde o mês de maio de 2018 e explora, com ética, Página 5 de 23 3 profissionalismo e organização, a atividade econômica de comércio varejista de artigos de iluminação, comércio de coletor solar fotovoltaica, Comercio de Inversores e Transformadores, Comércio de Motobombas, Comércio de Filtros de água, Comercio de Vaso de Expansão, Comércio de material hidráulico, Comércio de material elétrico, Comércio de Equipamentos para piscina, Comercio de Cisternas e Caixa de água, Comercio de Trocadores de Calor, Comercio de Metais Sanitários e Duchas; Prestação de serviços de Projetos de Energia Solar Fotovoltaica, de Aquecedor; Solar de Água, de Bombas de Calor, de Refrigeração, de Hidráulica, de Elétrica e de Piscinas; Prestação de serviços em instalação, manutenção e conserto de equipamentos de aquecimento, iluminação, equipamentos de sauna, ar condicionados e purificadores e umidificadores de ar. Dentro de uma atuação e condução natural de seus negócios e interesses, a Manifestante não poderia deixar de proteger os ativos que compõem seu estabelecimento empresarial, sobretudo os intangíveis. Assim, ingressou perante este Instituto com pedido, e obteve concessão, do registro das marcas “TEK-HOUSE”: Número Prioridade Marca Situação Titular Classe 902452363 29/03/2010 TEK-HOUSE Registro de marca em vigor TEKHOUSE ENERGIA SOLAR LTDA NCL(9) 35 910488495 07/01/2016 TEKHOUSE Registro de marca em vigor TEKHOUSE ENERGIA SOLAR LTDA NCL(10) 11 Além das marcas registradas acima, tem-se ainda o registro de domínio eletrônico homônimo https://tekhouse.com.br/ : Página 6 de 23 4 Em continuação das expansões de proteção das marcas “TEKHOUSE”, mais recentemente depositou novos pedidos de registros de marcas, conforme a seguir: Número Prioridade Marca Titular Classe 930.200.276 24/04/2023 TEKHOUSE TECHOUSE ENERGIA SOLAR LTDA NCL(11) 37 930.200.667 24/04/2023 TEKHOUSE TECHOUSE ENERGIA SOLAR LTDA NCL(11) 42 Assim, foi com grande surpresa e irresignação que a Manifestante se deparou com a publicação do pedido do registro da marca em tela “TECHOUSE ENERGIA SOLAR”, articulado pela TECHOUSE ENERGIA SOLAR LTDA, sua concorrente de mercado: Página 7 de 23 5 Número Prioridade Marca Situação Titular Classe 928314979 11/10/2022 TECHOUSE ENERGIA SOLAR Aguardando exame de mérito A.L.V. DE OLIVEIRA LTDA NCL(11) 35 Da simples observância, constata-se a PROXIMIDADE GRÁFICA, FONÉICA e IDEOLÓGICA existente entre as marcas em epígrafe, sendo hialino que a eventual concessão do sinal distintivo, além de imitar indevidamente a marca da Manifestante, causará confusão e dúvidas junto aos consumidores, em patente afronta a legislação da Propriedade Industrial. A Manifestante é consciente de que foi graças à sua marca que se fez conhecer do público; que conseguiu consolidar sua imagem institucional, afirmar sua reputação corporativa, seus princípios, missão, visão e valores, assim como a qualidade dos produtos disponibilizados no mercado, não podendo permitir que a Manifestada, prejudique todo o esforço por ela até então empregado para a expansão de seus negócios. Logo, não há que se questionar a ilegalidade da situação e os evidentes danos materiais e morais que poderá a Manifestante sofrer caso o pedido da Manifestada não seja indeferido. II – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA DA ANTERIORIDADE DO USO DA MARCA E DA FLAGRANTE IMITAÇÃO DA MARCA DA MANIFESTANTE O direito sobre a propriedade das marcas possui respaldo em nossa Constituição Federal, no artigo 5º, inciso XXIX, in verbis: Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Página 8 de 23 6 País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País. (Grifo Nosso) Tal direito é atribuído àquele que PRIMEIRO DEPOSITOU O PEDIDO DE REGISTRO DA MARCA, tendo em vista que a pretensão ao direito de propriedade de marca nasce da criação de um sinal como signo marcário vinculado a uma atividade (produto ou serviço). A Lei de Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96), nos artigos 129 e 130, dispõe que o titular detém para si direitos de EXCLUSIVIDADE de exploração, por todo o território nacional, sobre o conjunto marcário protegido, podendo defende-lo da ameaça de terceiros: Art. 129 – A propriedade da marca adquire-se pelo registro validamente expedido, conforme as disposições desta lei, sendo assegurado ao titular seu uso exclusivo em todo território nacional, observado às marcas coletivas e de certificação o disposto nos artigos 147 e 148. (Grifo Nosso) Art. 130 – Ao titular da marca ou ao depositante é ainda assegurado o direito de: I – ceder seu registro ou pedido de registro; II - licenciar seu uso; III – zelar pela sua integridade material ou reputação. (Grifo Nosso) Em complemento, o artigo 124, XIX, da LPI, estabelece que terceiros não podem utilizar-se de designação marcaria já tutelada juridicamente: Art. 124. Não são registráveis como marca: [...] XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia. (Grifo Nosso) Página 9 de 23 7 Transformando o texto legal em doutrina, nos ensina Gama Cerqueira: O registro da marca, qualquer que seja o sistema adotado pela lei, tem como efeito assegurar a sua propriedade e uso exclusivo. O direito de uso exclusivo, assegurado ao titular de registro, importa, em seu aspecto negativo, o de impedir que terceiros empreguem marcas idênticas ou semelhantes à sua.1 (Grifo Nosso) O E. Superior Tribunal de Justiça no mesmo sentido se pronuncia: CIVIL E COMERCIAL. CAUTELAR DE BUSCA E APREENSÃO. RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. MARCA. DEPÓSITO EFETUADO JUNTO AO INPI. PENDÊNCIA DE REGISTRO. INTERESSE DE AGIR. CONFIGURAÇÃO. [...] 3. A finalidade da proteção ao uso das marcas é dupla: por um lado protegê- la contra usurpação, proveito econômico parasitário e o desvio desleal de clientela alheia e, por outro, evitar que o consumidor seja confundido quanto à procedência do produto. 4. O art. 129 da Lei 9.279/96 subordina o direito de uso exclusivo da marca ao seu efetivo registro no INPI, que confere ao titular o direitoreal de propriedade sobre a marca. Mas a demora na outorga do registro não pode andar a favor do contrafator. [...]2 (Grifos nossos) Aplicando-se o até então exposto ao caso concreto, depreende-se que a Manifestante DEPOSITOU e conseguiu o REGISTRO da marca “TEK- HOUSE”, ANTES do depósito do pedido de registro da marca “TECHOUSE ENERGIA SOLAR” pela Manifestada. Evidente, pois, que a eventual concessão do registro da marca “TECHOUSE ENERGIA SOLAR” da Manifestada caracteriza eminente VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DA MARCA, vez que corresponde à 1 Tratado da Propriedade Industrial, 2ª. Edição, Volume 2, Editora Revista dos Tribunais. 2 REsp 1032104/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/08/2011, DJe 24/08/2011. Página 10 de 23 8 CÓPIA das marcas da Manifestante (primeiro idealizadas e registradas), passível de levar qualquer pessoa a confusão ou associação indevida: MARCAS DA MANIFESTANTE MARCA DA MANIFESTADA TEK-HOUSE TEKHOUSE TECHOUSE ENERGIA SOLAR TEKHOUSE – TECHOUSE ENERGIA SOLAR – TEKHOUSE – TECHOUSE ENERGIA SOLAR – TEKHOUSE – TECHOUSE ENERGIA SOLAR – TEKHOUSE – TECHOUSE ENERGIA SOLAR – TEKHOUSE – TECHOUSE ENERGIA SOLAR – TEKHOUSE Inclusive no presente caso, é notável a existência de imitação não apenas nominativa, mas do conjunto que compõem as marcas, veja-se: MARCAS DA MANIFESTANTE MARCA DA MANIFESTADA Página 11 de 23 9 Não é necessário ser nenhum especialista em análise de colidência para verificar que ao criar sua marca, não houve por parte da Manifestada qualquer tipo de criatividade no sentido de provocar uma distinção entre a sua marca e as marcas anteriores da Manifestante, conformando precisamente na hipótese do supratranscrito artigo 124, XIX, da Lei da Propriedade Industrial. Até porque, não seria razoável entender que a mera diferença de logotipo seria suficiente para permitir a coexistência pacífica das marcas. É sabido que no ramo comercial e de serviços, o reconhecimento e fama de uma marca se dá através de sua menção verbal, pouco importando sua configuração visual. Conforme dispõe o Manual de Diretrizes para Análise de Marcas (Resolução INPI/PR nº 177/2017), tal “proximidade” configura IMITAÇÃO, uma vez que esta “refere-se ao sinal que tenta reproduzir o estilo, a maneira, o modelo ou a ideia invocada por marca alheia”, abrangendo “toda aproximação gráfica, fonética e/ou ideológica da marca pleiteada com relação à anterioridade de terceiro, podendo ser confundida ou associada por semelhança com essa última”. Sobre a indução do consumidor a erro em decorrência da “imitação ideológica ou ideal”, leciona Gama Cerqueira: Há marcas que despertam a ideia do produto a que se aplicam ou de alguma de suas qualidades, ou que sugerem uma ideia qualquer, sem relação direta com o produto assinalado. O emprego de marca que desperta a mesma ideia que a marca legítima, mesmo que seja materialmente diversa, pode estabelecer confusão no espírito do consumidor, induzindo-o a erro.3 Para que não restem dúvidas de que as marcas são PARECIDAS e CONFLITANTES, destaca-se a lição do jurista José Carlos Tinoco Soares: 3 “Tratado da Propriedade Industrial”, vol. II, Tomo II, parte III, Ed. Ver Forense, 1956, pág. 917/918 Página 12 de 23 10 A reprodução distingue-se em total, parcial ou com acréscimo. (...) A reprodução em parte ou com acréscimo é a cópia quase integral de marca anteriormente registrada para distinguir os mesmos ou artigos afins. Nesta figura os usuários ou requerentes de pedidos de registro suprimem ou acrescentam letras ou sílabas às marcas registradas, de modo que o consumidor tenha uma variação da marca principal. Este é levado a erro, pensando adquirir novo produto ou da mesma origem daquele que já está habituado a comprar. A reprodução, algumas vezes, é flagrante, noutras é preciso exame apurado por parte dos examinadores para chegar a comprovar a malícia com que foi levado o pretendente. A sua punição deverá ser feita com mais severidade, não se admitindo a coincidência dada a intenção que tem o requerente em se aproximar de marca anteriormente registrada.2 (Grifo Nosso) Também a Manifestante ressalta que as marcas encontram- se nas mesmas classes NCL, voltadas às mesmas atividades em suas especificações. O próprio E. Superior Tribunal de Justiça já aclarou que a diferença de classes é irrelevante quando há afinidade entre os produtos e serviços identificados pelas marcas colidentes: DIREITO MARCÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE REGISTRO DE MARCA. 1. MARCAS SEMELHANTES. DUPLICIDADE DE REGISTRO. CLASSES DISTINTAS. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. ATUAÇÃO NO MESMO [...] 1. Na esteira dos precedentes do STJ, o registro de marcas semelhantes, ainda que em classe distintas, porém destinadas a identificar produtos ou serviços que guardem relação de afinidade, inseridos no mesmo segmento mercadológico, devem ser obstados. 2. O princípio da especialidade não se restringe à Classificação Internacional de Produtos e Serviços, devendo levar em consideração o potencial concreto de se gerar dúvida no consumidor e desvirtuar a concorrência. Precedentes. [...]4 (grifos nossos) 2 SOARES José, Comentários ao Código da Propriedade Industrial, Editora Resenha Universitária, São Paulo, 1981, pág. 178. 4 REsp 1258662/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/02/2016, DJe 05/02/2016. Página 13 de 23 11 A Manifestante não pode correr o risco de, pela utilização indevida de suas marcas, vir a ser prejudicada, moral e materialmente, ou ainda perder a boa fama e respeito que conquistou ao longo dos anos no ramo em que atua. A Manifestada, por outro lado, está claramente tentando se aproveitar ilegalmente do bom conceito e do reconhecimento das marcas da Manifestante, para poupar gastos com marketing e divulgação, tendo em vista que copia termo já difundido e aceito no mercado. Portanto, dada a afinidade mercadológica e identidade gráfica, fonética e ideológica entre os signos, é evidente que a marca da Manifestada IMITA a marca da Manifestante, conformando precisamente a hipótese do supramencionado art. 124, XIX, da LPI. Exatamente nesse sentido, já se manifestou o r. INPI, no Manual de Diretrizes para Análise de Marcas (Resolução INPI/PR nº 249/2019): Página 14 de 23 12 Persiste, por conseguinte, a NÃO REGISTRABILIDADE da marca da Manifestada, dada a COLIDÊNCIA entre os signos marcários e a ANTERIORIDADE do registro da marca da Manifestante. DO APROVEITAMENTO PARASITÁRIO DE MARCA E FAMA ALHEIA PROTAGONIZADO PELA MANIFESTADA Conforme demonstrado, qualquer consumidor, ao ler “TECHOUSE ENERGIA SOLAR” associará a marca a Manifestante, acarretando graves prejuízos a esta e ao público em geral. Isso porque, se por ventura, o serviço ou produto de qualquer das partes gerar o descontentamento do público, a parte inocente será prontamente atingida, ocasionando, na diluição da marca por motivo alheio, risco que ninguém deseja suportar. O ordenamento jurídico, visando minimizar tais externalidades negativas, condena as empresas que tentam ilicitamente auferir benefício gracioso às custas do renome das marcas de terceiro, caracterizando tal conduta como PRÁTICA DE CONCORRÊNCIA DESLEAL OU PARASITÁRIA. A par do assunto, este E. Instituto emitiu parecer intitulado “Aproveitamento parasitário da fama do signo distintivo alheio no exame de pedido de registro de marcas no Brasil”, no qual destaca-se o seguinte entendimento: Página 15 de 23 13 A concorrência parasitáriaconsiste na procura, por um concorrente, de inspiração nas realizações do outro, no tirar partido, indevidamente do resultado dos esforços e das inovações do concorrente no plano tecnológico, artístico ou comercial, sem estar agindo em manifesta violação dos direitos do concorrente. Os atos do parasita, tomados isoladamente, não constituíram atos ilícitos; mas a sua repetição, a sua constância e o claro objetivo de “colar- se” na direção tomada pelo concorrente, indicam uma situação de concorrência parasitária. Neste mesmo sentido nos ensina José Roberto D’Affonseca Gusmão: [...] No entanto, em se tratando de marca afamada, a apropriação pretendida resulta num prejuízo ao título original, à reputação da marca em si e, finalmente, num ato de enriquecimento sem causa. O exercício do direito, portanto, não é mais regular; ao contrário, é irregular, abusivo, fraudador do espírito da lei. Gera dano ao valor atrativo da marca afamada como também enriquecimento sem causa àquele que deposita e se aproveita do seu renome sem qualquer mérito. 1. Que o depósito de marca constituída de signo de terceiro, ainda que para assinalar produto ou serviço distinto e inconfundível, constitui-se, objetivamente, de aproveitamento parasitário da fama e prestígio alheios. 2. que o aproveitamento parasitário constitui-se de claro e indiscutível desvio de função das regras de proteção à propriedade industrial, caracterizando-se como fraude à lei, portanto nulo, independentemente do elemento intencional; 3. que o examinador do INPI, seja em primeira instância recursal, ao tomar conhecimento do pedido de registro nestas condições, deve indeferi-lo com base no artigo 160, I, CC, por aproveitamento parasitário e fraude à lei. No presente caso, a tentativa da Manifestada de associar-se a expressiva marca “TEK-HOUSE” da Manifestante para beneficiar-se ilicitamente do apelo mercadológico que elas possuem, evidencia-se pela ausência de um elemento diferenciador/criativo na marca da Manifestada. É fato inegável que as marcas serão utilizadas num mesmo universo mercadológico, direcionadas ao mesmo público consumidor. Portanto, haja vista a AFINIDADE GRÁFICA, FONÉTICA, MERCADOLÓGICA e IDEOLÓGICA existente, grandes são as possibilidades Página 16 de 23 14 de o consumidor acreditar que produtos identificados pela marca da Manifestada são da Manifestante ou, vice-versa. Tal possibilidade é devastadora aos interesses da Manifestante, visto que configuram DESVIO DE CLIENTELA, soando em óbvia DESLEALDADE CONCORRENCIAL, a qual é veementemente banida pelo artigo 2º, V da LPI: Art. 2º - A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante: [...] V – repressão à concorrência desleal. (Grifo nosso) Vale dizer que a conduta da Manifestada de IMITAR expressão já utilizada por terceiro também esta tipificada como crime nos artigos 189 e 195, da LPI: Art. 189. Comete crime de registro de marca quem: I - reproduz, sem autorização do titular, no todo ou em parte, marca registrada, ou imita-a de modo que possa induzir confusão. II - altera marca registrada de outrem já aposta em produto colocado no mercado. Pena - detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. (Grifo nosso) Art. 195. Comete crime de concorrência desleal quem: [...] III - emprega meio fraudulento, para desviar, em proveito próprio ou alheio, clientela de outrem; [...] Pena - detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. (Grifo nosso) E, ainda, na legislação vigente sobre a matéria tem-se no artigo 4º, inciso VI do Código de Defesa do Consumidor o seguinte: Art. 4º. A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito a sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da Página 17 de 23 15 sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: [...] VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores; (Grifo nosso) De todo o exposto depreende-se que estão presentes os pressupostos para caracterização da CONCORRÊNCIA DESLEAL. Efetivamente, há a colisão de interesses sobre a mesma divisa, gerando um desrespeito ao direito marcário da Manifestante, na medida em que a Manifestada faz de um conjunto marcário que evoca o mesmo sentido que a marca previamente registrada “TEK-HOUSE”. Aliás, o pedido de registro da marca da Manifestada também encontra dirimente legal no dispositivo 124, inciso XXIII, da Lei da Propriedade Industrial, abaixo reproduzido, uma vez que por atuarem no mesmo seguimento de mercado, não há como alegar que a Manifestada não conhecia a marca da Manifestante, verbis: Art. 124. Não são registráveis como marca: [...] XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o requerente evidentemente não poderia desconhecer em razão de sua atividade, cujo titular seja sediado ou domiciliado em território nacional ou em país com o qual o Brasil mantenha acordo ou que assegure reciprocidade de tratamento, se a marca se destinar a distinguir produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com aquela marca alheia. De rigor, portanto, o indeferimento do pedido de registro da marca da Manifestada, tendo em vista a tentativa de aproveitar-se da confusão marcaria existente entre os signos em tela. DA JURISPRUDÊNCIA APLICÁVEL À ESPÉCIE Página 18 de 23 16 A jurisprudência do E. Superior Tribunal de Justiça, por igual, sufraga a linha de raciocínio imprimida na presente impugnação e, por consequência, o pleito da Manifestante. Vejamos: RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INTELECTUAL. DIREITO MARCÁRIO. AÇÃO DE NULIDADE. SINAIS EVOCATIVOS. REGISTRABILIDADE. SUFICIENTE DISTINTIVIDADE. IMITAÇÃO IDEOLÓGICA. OFENSA AO ART. 124, XIX, DA LEI DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL. 1- Ação ajuizada em 29/6/2012. Recurso especial interposto em 9/11/2016 e concluso ao Gabinete em 15/12/2017. 2- O propósito recursal é verificar a higidez do ato administrativo que concedeu o registro da marca MEGAFRAL ao primeiro recorrido, a partir da análise de eventual colidência ideológica com a marca BIGFRAL, titulada pelo recorrente. 3- Sinais evocativos ou sugestivos - aqueles formados por expressões que evocam ou sugerem características do produto ou serviço assinalado pela marca, mediante relações de referência indireta -, mesmo quando guardam relação com o produto ou serviço por eles designados, admitem registro marcário quando dotados de suficiente distintividade (art. 124, VI, parte final, da LPI). 4- A Lei 9.279/96 contém previsão específica que impede o registro de marca quando se constar a ocorrência de "reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia" (art. 124, XIX). 5- A imitação ideológica ocorre quando uma marca reproduz a mesma ideia transmitida por outra, anteriormente registrada e inserida no mesmo segmento mercadológico, levando o público consumidor à confusão ou à associação indevida. 6- Na espécie, contrapondo-se as marcas em disputa (BIGFRAL e MEGAFRAL), a conclusão inafastável é no sentido do reconhecimento da existência de sensível afinidade ideológica entre elas (pois transmitem a ideia de "fralda grande"),o que pode gerar confusão ou associação indevida por parte do público consumidor, caracterizando a hipótese fática defesa pelo art. 124, XIX, da LPI. 7- Vale consignar que, para a tutela da marca, basta a possibilidade de confusão, não se exigindo prova de efetivo engano por parte de clientes ou consumidores específicos. Precedentes. 8- No particular, contribui para evidenciar a impossibilidade de convivência das marcas em questão o fato de o próprio INPI ter negado dois pedidos de registro formulados pela empresa recorrida envolvendo a marca aqui impugnada, justamente com fundamento no inc. XIX do art. 124 da LPI. 9- Hipótese fática distinta daquela tratada em precedentes desta Corte que admitem a mitigação da regra de exclusividade do registro de marcas "fracas", haja vista Página 19 de 23 17 ter-se constatado, na espécie, a ocorrência de imitação ideológica. 10- RECURSO ESPECIAL PROVIDO.5 (grifos nossos) Na mesma linha são os recentes julgados dos E. Tribunais Federais e Estaduais de Segundo Grau: APELAÇÃO. ATO ADMINISTRATIVO. PROPRIEDADE INTELECTUAL. EMPRESAS ATUANTES NO RAMO ALIMENTÍCIO. MARCAS. SIMILARIDADE ORTOGRÁFICA E FONÉTICA. POSSIBILIDADE DE CONFUSÃO EVIDENCIADA. I. A proibição de reprodução ou imitação de marca alheia encontra-se regulamentada através do art. 124, incisos V e XIX, da Lei nº 9.279/96. II. Dos referidos dispositivos, infere-se que a negativa do registro de marca é baseada em dois requisitos, a saber, a similaridade ortográfica e fonética e a possibilidade de confusão pela sua utilização. III. In casu, de fato, de fato, como bem salientou a r. sentença recorrida, a marca cujo registro pretende ver reconhecido a apelante - "ZEBU" - reproduz de forma integral o nome de empresa anteriormente registrada - "DOCES ZEBU", a qual utiliza a mencionada denominação desde 1963. IV. Assim sendo, evidente é a possibilidade de confusão, podendo ser levado à uma associação equivocada quanto à origem dos serviços/produtos prestados pelas partes. V. Apelação da parte autora improvida.6 (grifos nossos) PROPRIEDADE INDUSTRIAL. APELAÇÃO CÍVEL. NULIDADE DA MARCA METALBO. PROVA PERICIAL DESNECESSÁRIA. POSSIBILIDADE DE CONFUSÃO OU ASSOCIAÇÃO INDEVIDA. OCORRÊNCIA. ANTERIORIDADE DA MARCA METABO. SEGMENTOS MERCADOLÓGICOS AFINS. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. INAPLICÁVEL. ART. 124, XIX E XXIII DA LPI. RECURSO DESPROVIDO. 1. Preliminarmente, acerca do indeferimento do pedido autoral de produção de prova pericial, pelo Juízo de primeiro grau, esta Egrégia Corte já decidiu reiteradas vezes que, em se tratando de matéria eminentemente de direito e/ou que traga discussão sobre marcas, cuja aferição da colisão possa ser percebida por outros meios de prova, como no caso em tela, afigura-se perfeitamente possível que o magistrado conheça do pedido e sentencie sem a realização de perícia, a qual é reservada para os casos de imprescindível exame técnico. Não houve cerceamento de defesa ou violação a qualquer princípio constitucional na condução do presente processo, ao contrário, o Juízo de primeiro grau atuou em estrita conformidade com o previsto no art. 464, § 1º, I e II do CPC/2015. 2. Na presente lide, observa- 5 STJ - Acórdão Resp 1721697 / Rj, Relator(a): Min. Nancy Andrighi, data de julgamento: 22/03/2018, data de publicação: 26/03/2018, 3ª Turma. 6 TRF3 - Acórdão Ap - Apelação Cível - 1723022 / Sp 0011310-65.2010.4.03.6100, Relator(a): Des. Fausto de Sanctis, data de julgamento: 21/08/2018, data de publicação: 28/08/2018, 11ª Turma Página 20 de 23 18 se que os sinais em análise são formados pelo mesmo elemento nominativo, com um simples acréscimo da letra “L” à marca da apelante (METABO x METALBO) e atuam no mesmo segmento mercadológico, relativo a área de ferragens, ferramentas, metais, máquinas. In casu, apesar de a marca da apelante ter sido registrada na forma mista, ao observar os elementos figurativos, percebe-se que a empresa apelante buscou aproximar-se da marca da apelada, não alcançando suficiente distintividade. Há nítida colidência entre as marcas em conflito, na medida em que são extremamente semelhantes e os produtos comercializados pelas partes estão inseridos em mercados afins. 3. Inviável a aplicação do princípio da especialidade com o fim de respaldar a coexistência das marcas em cotejo, pois, justamente ao contrário do que sustenta a empresa-apelante, há a possibilidade de ocorrência de erro, dúvida ou confusão a consumidor, ante a identidade gráfica e fonética das marcas, além da afinidade entre os produtos, inexistindo a afirmada distinção quanto ao público alvo. 4. Como a marca da apelante reproduz a marca da apelada, ainda que com acréscimo, ela é nula, nos termos do art. 124, XIX e XXIII da LPI, pois existe real possibilidade de associação indevida ou confusão entre as marcas, pelo consumidor - que pode inclusive acreditar se tratar de uma família de marcas. Ressalte-se que a marca da empresa apelada “METABO” foi depositada em sua forma nominativa em 08/03/1971 e em sua forma mista em 27/10/2000. Nos termos do inciso XXIII do art. 124 da LPI, a empresa ré não pode alegar desconhecimento da marca da ré ao depositar a marca mista “METALBO”, muitos anos depois, em 29/05/2009, especialmente por ambas as empresas atuarem em segmentos mercadológicos afins. 5. Aplicando-se o art. 85, § 11 do CPC, o qual faz remissão ao seu § 2º, o percentual de honorários sucumbenciais deve ser majorado, por força do dispositivo legal, em 1% (um por cento), passando para 11% (onze por cento) sobre o valor da causa atualizado. 6. Apelação desprovida.7 (grifos nossos) PROPRIEDADE INDUSTRIAL - NULIDADE DE REGISTRO DE MARCA - COLIDÊNCIA - MARCAS BAVÁRIA E BAVIERA HOUSE BEER - ARTIGO 124, XIX, DA LPI - Apelação interposta por CASA DA CERVEJA BAVIERA LTDA ME contra a sentença que julgou procedente o pedido de BAVARIA S/A, nos autos da ação ordinária prManifestada em face da apelante e do INPI - INSTITUTO NACIONAL DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL, visando a declaração da nulidade do registro nº 902.459.830, referente à marca BAVIERA HOUSE BEER. - A função principal das marcas é distinguir os produtos de outros idênticos, semelhantes ou afins, de origens diversas, nos termos do artigo 123, I, da Lei nº 9279/96, bem como de identificação da origem dos produtos. - Verifica-se que a marca mista "BAVIERA HOUSE BEER" foi registrada em 2010, na classe NCL(9) 35, 7 TRF2, Apelação Cível nº 0033016-77.2017.4.02.5101 (2017.51.01.033016-0), RELATOR: Desembargador Federal GUSTAVO ARRUDA MACEDO, Data de Julgamento: 17/01/2019, Data de Disponibilização: 23/01/2019 Página 21 de 23 19 para especificar "comércio (através de qualquer meio) de tabaco;Comércio (através de qualquer meio) de xaropes e preparações para bebidas;Comércio (através de qualquer meio) de produtos alimentícios;Comércio (através de qualquer meio) de gelo;Comércio (através de qualquer meio) de água mineral engarrafada; comercialização de água bruta". - Constata-se que os signos BAVÁRIA e BAVIERA decorrem do nome BAYERN, região da Alemanha, que traduzido para o latim torna-se "Bavaria", e para a língua portuguesa traduz-se como "Baviera", sendo, portanto, BAVÁRIA e BAVIERA, sinônimos, ou formas diferentes de se traduzir o nome "Bayern". - Os signos em tela possuem similaridade/identidade gráfica, fonética e ideológica. Uma vez as marcas encontrarem-se inseridas em segmento mercadológico afim, é razoável concluir ser perfeitamente possível a ocorrência de erro, dúvida e confusão em relação ao público consumidor. - Precedentes Jurisprudenciais. - Inteligência do artigo 124, inciso XIX, da Lei 9.279/96. - Recurso desprovido.8 (grifos nossos) Como se vê, é uníssono o entendimento jurisprudencial em prol da tese esgrimida pela Manifestante. III. DAS CONSIDERAÇÕESFINAIS E DO PEDIDO Despiciendo tecer maiores considerações, eis que hialina a IMITAÇÃO DE MARCA levada a efeito pela Manifestada, haja vista a AFINIDADE GRÁFICA, FONÉTICA, IDEOLÓGICA e MERCADOLÓGICA existente entre os sinais em debate. Inequívoco, ainda, que a Manifestante detém direitos de exclusividade sobre a marca “TEK-HOUSE”, em consonância com o PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE MARCÁRIA, bem como que a Manifestada incorreu em DESLEALDADE CONCORRENCIAL, o que merece a pronta e imediata repulsa do Órgão Técnico. Comprovada, dessa forma, a violação à Constituição Federal, art. 5º, XXIX; bem como aos artigos 124, incisos XIX e XXIII; 129, §1º; 195, incisos III e V, todos da Lei n.º 9.279/96. 8 TRF2, Apelação Cível nº 0009503-22.2013.4.02.5101 (TRF2 2013.51.01.009503-6), Relator: PAULO ESPIRITO SANTO; Data de decisão: 29/06/2015; Data de disponibilização: 02/07/2015. Página 22 de 23 20 DIANTE TODO O EXPOSTO e, em atenção aos argumentos anteriormente editados, requer o recebimento desta Manifestação, com o reconhecimento dos subsídios apresentados para o efeito de considera-los quando ocorrer o Exame de Mérito. São Paulo, 26 de abril de 2023. ADAUTO SILVA EMERENCIANO OAB/SP 163.405 BRUNO COSTA DE PAULA OAB/SP 247.595 Página 23 de 23 Registro de Marca Formulário Procuração Manifestação com subsídios 2023-04-26T17:17:23-0300 Brasil Documento Assinado - INPI