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TICs-na-Física

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XX Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF 2013 – São Paulo, SP 1 
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 21 a 25 de janeiro de 2013 
ENSINO DE FÍSICA MEDIADO POR TECNOLOGIAS DE 
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 
 
Alessandro Luiz de Lara1, Letícia Beraldi Mancia2, Luiza Sabchuk3, Angela 
Emilia Almeida Pinto4, Paula Mitsuyo Yamasaki Sakaguti5 
 
1UTFPR/Departamento Acadêmico de Física,alellara@hotmail.com 
2UTFPR/Departamento Acadêmico de Física,leticiabmancia@gmail.com 
3UTFPR/Departamento Acadêmico de Física, luizasabchuk@gmail.com 
4UTFPR/Departamento Acadêmico de Física, angelae@utfpr.edu.br 
5IEPPEP/Grupo de Recursos para Altas Habilidades/Superdotação, paulasakaguti@uol.com.br 
Resumo 
Este trabalho situa-se no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a 
Docência (PIBID), da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, financiado pela CAPES. 
Teve como motivação a necessidade de pesquisar e relatar as funções que as Tecnologias 
de Informação e Comunicação (TIC) têm desempenhado dentro das escolas, assumindo o 
papel de elemento mediador do processo de ensino e aprendizagem na disciplina de Física 
para o Ensino Médio. Com esse objetivo, nós, pesquisadores e bolsistas, desenvolvemos 
um projeto de pesquisa baseado na produção de uma Oficina de Tecnologias de Informação 
e Comunicação, voltada à inserção em sala de aula, que foi dividida em quatro atividades 
aplicadas diretamente dentro de um colégio estadual localizado na região central de nossa 
cidade, tendo como público-alvo estudantes do grupo de altas habilidades/superdotação, 
bem como de turmas regulares do ensino médio. Envolvendo temas como Astronomia, 
Mecânica Básica e Forças Fundamentais, trabalhamos estes conteúdos mediados pelas TIC 
com foco pedagógico. Em cada uma dessas quatro atividades foram utilizados diferentes 
recursos tecnológicos, como o computador, o projetor, multimídias/multimeios (materiais 
audiovisuais), aplicativos (jogos pedagógicos, softwares educacionais) sempre buscando 
trabalhar com a contextualização dos elementos do cotidiano dos estudantes e suas 
concepções prévias sobre os temas, como forma de criar um ambiente propício ao diálogo 
fomentador de dúvidas, questionamentos e principalmente da curiosidade do estudante em 
fazer o que foi proposto. Ao final, concluímos que no âmbito tecnológico muitas vezes 
podemos utilizar uma abordagem humanista, definindo as TIC como um elemento motivador 
da curiosidade e da apuração do senso crítico e observador dos estudantes, assim 
beneficiando o processo de ensino-aprendizagem no contexto escolar. 
Palavras-chave: Tecnologias de Informação e Comunicação, PIBID, 
Oficinas, Relato de caso. 
Introdução 
A relação sociedade e tecnologia sempre foi algo de profundas discussões, 
em especial a relação de dependência que desenvolvemos desses recursos. Alguns 
autores sinalizam essa conturbada situação que se reflete nas relações pessoais e 
na vida acadêmica e profissional das pessoas. Vivemos num regime em que, 
segundo Postman (1994): 
“(...) a tecnologia se apodera imperiosamente de nossa terminologia mais 
importante. Ela redefine liberdade, verdade, inteligência, fato, sabedoria, 
memória, história – todas as palavras com que vivemos. E ela não para 
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para nos contar. E nós não paramos para perguntar” (POSTMAN, 1994, p. 
3). 
Em relação ao contexto educacional, ao observar a sala de aula percebemos 
que essa mentalidade se conserva. Segundo o Guia de Tecnologias Educacionais 
(GTE) do MEC, Brasil (2008): 
“Embora se considere importante o uso de uma tecnologia, vale 
lembrar que esse uso se torna desprovido de sentido se não estiver aliado a 
uma perspectiva educacional comprometida com o desenvolvimento 
humano, com a formação de cidadãos, com a gestão democrática, com o 
respeito à profissão do professor e com a qualidade social da educação” 
(BRASIL, 2008). 
Constata-se, dessa forma, a necessidade de certa orientação pedagógica 
para a aplicação desses recursos. Em análise, outros trabalhos da área observam 
apego a teorias pedagógicas como, por exemplo, cognitivas de Piaget, sócio 
interacionistas de Vygotsky e a aprendizagem significativa de Ausubel e Moreira. 
Suas utilizações se dão em muito pelo aparente sucesso dessas metodologias na 
aplicação em sala de aula, por priorizarem uma abordagem humanista. 
Em relação ao processo de ensino e aprendizagem mediado pelo uso das 
TIC o principal objetivo seria a melhoria dessa relação, auxiliando na compreensão 
deconceitos abstratos, visto que os estudantes podem alterar variáveis e verificar as 
mudanças resultantes, além da contribuição pedagógica que os modelos trazem 
para a compreensão de conceitos teóricos (LARA, MANCIA, SABCHUKet al.,2011) 
As práticas pedagógicas que podem estar associadas ao processo 
mediadas pela utilização dessas diversas tecnologias, são apenas uma de muitas 
opções para os professores utilizarem destes meios como “estímulo” ao aprendizado 
a partir do contexto escolar. Estas práticas estão em sintonia com uma visão de 
construção do conhecimento em um processo que envolve principalmente a 
superação das abordagens e práticas tradicionalistas do processo: 
“A prática docente deve responder às questões reais dos estudantes, que 
chegam até ela com todas as suas experiências vitais, e deve utilizar-se 
dosmesmos recursos que contribuíram para transformar suas mentes fora 
dali.Desconhecer a interferência da tecnologia, dos diferentes instrumentos 
tecnológicos, na vida cotidiana dos estudantes é retroceder a um ensino 
baseado na ficção” (SANCHO, 1998, p.40). 
Segundo Corrêa (2004) sobre a funcionalidade das tecnologias, nos diz que: 
“A tecnologia empregada funciona como força impulsionadora da 
criatividade humana, da imaginação, devido à visibilidade de material que 
circula na rede, permitindo que a comunicação se intensifique, ou seja, as 
ferramentas promovem o convívio, o contato, enfim. Uma maior 
aproximação ente as pessoas” (CORRÊA, 2004, p. 3). 
As ‘portas’ da sala de aula estão se abrindo, facilitando cada vez mais o 
processo de consulta, ensino, aprendizado e colaboração entre estudantes, 
professores e profissionais de várias áreas do conhecimento. Uma modesta parcela 
dos educadores já percebeu o valor das TIC e como elas podem aprimorar o 
processo de aprendizado. Todavia, é preciso ampliar esse número de modo a gerar 
multiplicadores para que uma parcela maior da sociedade possa se beneficiar. 
Portanto, no mundo tecnológico em que vivemos, a inserção das tecnologias 
no cotidiano torna-se algo natural e ao mesmo tempo complexo. Diversas relações 
acabam sendo mediadas por computadores, notebooks, tablets e celulares enquanto 
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a velocidade de produção e transmissão de informações faz com que a cada minuto 
sejamos bombardeados por milhares de informações. 
Os estudantes de hoje, desde crianças, já estão integralmente inseridos na 
era digital, e artefatos como computadores, vídeo games, players de música, 
câmeras de vídeo, celulares fazem parte do cotidiano deles. Dessa forma, a 
inserção das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) como elemento 
mediador no ensino de Física torna-se uma estratégia interessante e pode contribuir 
significativamente para o processo de ensino e aprendizagem. 
Frente a esse pressuposto, a proposta deste trabalho é a realização de uma 
Oficinapara estudantes do ensino médio na disciplina de Física, mediada pelas 
Tecnologias de Informação e Comunicação. A principal característica da oficina seria 
a estratégia do “fazer pedagógico” em que o espaço de construção e reconstrução 
do conhecimento são suas principais ênfases e poderia ser considerada como o 
espaço ideal para pensar, descobrir, indicar, criar e recriar experiências práticas e de 
vivenciar ideias de forma individual e coletiva através de um fator crucial: a 
curiosidade. 
Esta Oficina tem como objetivo utilizar tecnologias educacionais para 
explicar conceitos físicos como “Lançamento de Projéteis” e “Partículas e Forças”, e 
assim contribuir para melhorar o processo aprendizagem, além de mostrar aos 
estudantes e professores a viabilidade do uso de jogos de computador no ensino de 
Física. 
O desenvolvimento da Oficina 
Em nosso trabalho no PIBID de Física fomos convidados por uma escola 
estadual situada no centro de Curitiba, para ministrar uma Oficina para um grupo de 
estudantes com altas habilidades/superdotação. Essa escola da rede pública 
estadual do Paraná, além das aulas para turmas regulares, tem como proposta 
pedagógica o enriquecimento extracurricular através da oferta de Oficinas diversas, 
abertas a estudantes de toda a rede estadual, identificados como superdotados 
(BLOG IEPPEP;RENZULLI, 2004). 
Com as relações e conclusões obtidas na seção anterior, nos lançamos à 
elaboração e aplicação dessa Oficina de Física, composta por quatro atividades, 
uma por semana com duração de uma hora cada e duração total de 4 horas de 
atividades, todas mediadas por Tecnologias de Informação e Comunicação. 
Oficinas se constituem em um ambiente destinado ao desenvolvimento de 
competências e habilidades, mediante atividades laborativas em que devem estar 
disponíveis diferentes tipos de equipamentos e materiais para o ensino. Em 
particular, esta Oficina foi produzida abordando os temas curriculares de Ensino 
Médio e desenvolvida em um âmbito de vivência da transposição didática do 
conhecimento científico e tecnológico para o conhecimento escolar aplicado, através 
de atividades criativas, participativas e interativas. Teve como objetivo geral 
proporcionar aos pesquisadores do PIBID um espaço de produção acadêmica para 
a inserção das TIC em sala de aula de uma forma não tradicional e relacionar os 
possíveis benefícios dessa inserção ao processo de ensino aprendizagem. 
A oficina foi realizada no contra turno das aulas dos estudantes e foi aberta, 
ou seja, só participava da Oficina aqueles que realmente se interessassem. Isto 
porque as atividades realizadas pelo grupo de altas habilidades da instituição 
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acontecem em uma sala de recursos da escola. Por este motivo, o estudo em 
questão contou com um grupo reduzido de participantes. Na primeira atividade foi 
composto por dois estudantes com superdotação, e ao longo da oficina foi aberta 
para os estudantes das turmas regulares. Assim, na quarta e última atividade a 
Oficina já contava com a presença de nove estudantes, todos oriundos de escolas 
públicas, com idades variando entre 14 e 16 anos. 
As atividades da Oficina 
Foram planejadas quatro atividades em grau crescente de conceitos físicos 
e de manejo com as tecnologias. 
No primeiro encontro foi realizada uma apresentação geral das atividades 
planejadas com seus objetivos, metodologias e considerações gerais. 
Desenvolvemos uma apresentação com o Adobe Flash® para dinamizar o processo 
(Figura 1, foto da esquerda). 
Depois, passamos para a apresentação e a utilização do software 
astronômico educativo Stellarium. O uso desse software é relativamente simples e, 
de início, preparamos um tutorial de utilização e optamos por trabalhar o tema 
astrologia com eles em função da grande divulgação desse tema no cotidiano dos 
estudantes. Partindo de alguns conhecimentos básicos de mitologia, identificamos 
os signos utilizando a opção de visualizar as constelações e os desenhos que dão 
origem a seus respectivos no mesmo software. Supondo que a origem dos signos se 
dá pela posição do Sol no céu na data de nascimento da pessoa e em qual 
constelação ele se encontra, fizemos algumas previsões sobre o possível signo dos 
estudantes (Figura 01, foto da direita). Juntamente a isso procuramos buscar e 
indicar elementos que caracterizam e diferenciam a astrologia da astronomia. 
 
Figura 01: Apresentação em Adobe Flash® usada na oficina e a direita a imagem do 
software Stellarium mostrando a posição do Sol diante das constelações. 
Também aproveitamos para trabalhar a questão mitológica envolvida e 
alguns conceitos de astronomia geral, como movimento planetário, afélios e periélios 
e estações do ano. Vários outros trabalhos mostram diferentes atividades que 
podem ser desenvolvidas como as de Bernardes & Santos (2008) e Bernardes 
(2009). 
O objetivo específico desta primeira atividade foi conhecer o público-alvo e 
motivá-los a continuar comparecendo e se interessando nas próximas três 
atividades que ainda estariam por vir. 
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No segundo encontro trabalhamos conceitos de mecânica básica, 
especificamente “Movimento de Projéteis”. A partir disto, decidimos optar pela 
utilização de dois recursos tecnológicos, o jogo AngryBirds® e o software livre de 
vídeo análise Tracker (OLIVEIRA, BEZERRA JUNIOR, SAAVEDRA FILHO et al., 
2010). 
O objetivo específico foi através destes dois aplicativos, calcular a 
aceleração da gravidade e relacionar um conteúdo básico da Mecânica a uma 
atividade lúdico-tecnológica inserida no cotidiano, o jogo, através da utilização de um 
software computacional gratuito. Foi explicado aos estudantes sobre as grandezas e 
os conceitos físicos envolvidos no jogo. Explicamos os procedimentos de utilização 
do programa, quais seriam os parâmetros utilizados e por fim a marcação dos 
pontos e a plotagem dos gráficos. Utilizamos a parábola descrita pelo passarinho 
arremessado pelo elástico, para associar o que acontece no jogo, com o que 
acontece no dia-a-dia, e sua relação direta com a aceleração da gravidade local. 
(Figura 02). 
 
Figura 02: O jogo Angry Birds analisado pelo software Tracker. 
Diante da curiosidade dos participantes sobre assuntos ligados a forças na 
segunda atividade, decidimos pela utilização de outro jogo, o SPRACE, para mediar 
nosso terceiro e quarto encontros: uma discussão sobre partículas e forças 
fundamentais. Essas atividades foram dedicadas à construção de um quadro teórico 
sobre as forças fundamentais e a tentativa de unificação das teorias físicas. 
Utilizamos vários aspectos do cotidiano para contextualizar as manifestações destas 
forças e como elas originam outras e também a necessidade de partículas para 
explicar vários fenômenos e como ocorre a interação entre estas. 
Alguns participantes fizeram forte alusão a conceitos vistos nas aulas de 
química, como por exemplo, modelos de átomos e moléculas. Com algumas dúvidas 
que surgiram pudemos fundamentar as discussões e passar para a próxima fase. Ao 
final da terceira atividade, usamos um trecho do documentário ‘‘Universo 
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Elegante’’(2003) da BBC sobre a teoria das cordas e sua proposta de unificar a 
Física. Com uma parte destinada as forças fundamentais, vários conceitos 
mostradosna oficina passaram a fazer sentido no pensamento crítico dos 
estudantes. 
Especificamente no nosso quarto e último encontro, o foco foi jogar o 
SPRACE. No começo fizemos uma rápida revisão, em especial porque haviam 
novos inscritos, apresentamos jogo, sua história e com essas ferramentas deixamos 
que eles passassem pela fase de tutorial do jogo devido ao senso intuitivo e 
familiaridade dos estudantes (Figura 03). 
Ao final fizemos uma conversa de avaliação sobre as oficinas, o seu 
andamento e os objetivos atingidos. 
 
Figura 03: Jogo SPRACE utilizado como ponte entre as forças fundamentais e o mundo das 
partículas. 
Reflexões sobre a oficina e nossas conclusões 
Através dessa oficina, mostramos e trabalhamos diferentes conceitos da 
Física mediados pelas TIC. Dessa forma, o papel do estudante não é de apenas um 
recipiente e sim de um fomentador da criação do conhecimento. Pela característica 
dos encontros como um evento facultativo, os estudantes já vinham com uma 
motivação inicial. Inicialmente contávamos com apenas dois estudantes, mas ao 
final tínhamos nove e muitos relataram que ao tomarem conhecimento das 
atividades que seriam desenvolvidas se sentiram interessados em participar. 
Com relação aos estudantes, os dois que iniciaram pertenciam ao grupo de 
altas habilidades/superdotação da escola, mas também estudavam no ensino 
regular da mesma, e os outros que entraram no decorrer desta eram das turmas 
regulares. Nesse quesito não houve qualquer diferença de comportamento entre 
esses dois grupos. 
O que construímos serviu de base para toda a oficina, um ambiente em que 
a dúvida era bem vinda e a curiosidade era uma forma de darmos um passo à 
frente. Nesse ponto alguns estudantes não se sentem a vontade para participar por 
mais que estejam acompanhando o andamento das atividades, isso foi algo que 
tivemos que administrar. Pelas atividades propostas naturalmente ocorreu um 
abertura para nosso trabalho. Além dos jogos que são bem comuns e usuais pelos 
jovens, os temas astronomia e força sempre despertam a atenção deles. 
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Na aplicação das atividades da oficina ocorreram fatos curiosos e 
interessantes. A primeira ocorreu na atividade de astronomia, que foi um bom 
momento para os estudantes relatarem seus conhecimentos sobre a parte 
mitológica e de observação celeste. Como muitos nomes estelares são derivados da 
história houve grande interdisciplinaridade, que é outra característica interessante 
dessa estratégia. Eles também citaram suas tentativas frustradas de observar 
determinados corpos no céu e de fenômenos que poderiam ser observados no 
programa. 
 Na segunda atividade, ao usar o jogo e o Tracker, apareceram as 
dificuldades que os estudantes possuem em transpor os fenômenos para a 
linguagem matemática. Mesmo não se recorrendo a cálculos manuais avançados, 
observamos mazelas nas tentativas de quantificar a gravidade no jogo e compará-
los com os valores gravitacionais terrestres. 
Já a terceira e a quarta atividades revelaram perguntas sobre partículas e 
sobre o mundo microscópico. A ligação com a química foi inevitável, pois temas 
como átomo, elétrons e interações entre esses corpos são vistos na disciplina. 
Aspectos de ordem teórica também foram levantados como a questão da unificação 
da física e busca para uma explicação da criação do universo. 
Ao final realizamos uma avaliação sobre o andamento das atividades. Os 
participantes se mostraram bem contentes com o que foi passado e com os reflexos 
que isso estava causando nas aulas de física regulares, já que a professora 
supervisora do projeto esteve presente em dois encontros, um deles o de forças 
fundamentais. A proposta da oficina se mostrou marcante, em especial pelos 
aspectos “filosóficos” que assumiu, “não consigo mais observar um lápis sem 
imaginar os átomos lá” relata um participante. Outro diz: “olho para a parede e sei 
por que não posso atravessar ela (risos)”. Sobre o documentário um estudante nos 
contou que procurou por outros na internet e encontrou coisas estranhas como 
“ruídos do espaço sideral” e complementou, “achei estranho porque sempre pensei 
que não desse pra ouvir nada no espaço”. 
Após essas discussões seguimos numa conversa sobre pseudociência, a 
tom de Carl Sagan, e como alguns conceitos científicos podem ser deturpados por 
pessoas não detentoras do conhecimento, o que contribuiu significativamente para a 
apuração do senso crítico dos estudantes sobre conhecimento científico. 
O aspecto mais importante da realização dessa oficina foi a oportunidade 
que nós pesquisadores tivemos para usar as tecnologias com um caráter mais 
humano, crítico e racional, indo de encontro com a proposta de Postman (1994), que 
prevê esse tipo de uso para esses recursos. 
Em nossa conversa final com os estudantes, o aspecto mais citado não foi o 
computador, o projetor ou qualquer outro recurso ou artefato utilizado, e sim os 
benefícios que aquele ambiente proporcionou para as dúvidas e discussões e a 
forma com que essa oficina pode colaborar para a formação do senso crítico e de 
observação dos estudantes. Através do papel de mediação assumido pelas TIC 
nessas oficinas pudemos concluir que é uma estratégia que se utilizada 
corretamente e com objetivos bem definidos pelo professor, em sala de aula, 
beneficia o processo de ensino aprendizagem, como elemento motivador da busca 
pelo conhecimento. 
 
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Referências 
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BLOG IEPPEP. Blog de atendimento educacional especailizado, Grupo de Altas 
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<http://sraltashabilidades.blogspot.com.br/>. Acesso em:03 Out. 2012. 
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<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Avalmat/guia_de_tecnologias_educacionai
s.pdf>.Acesso em: 03 Out. 2012. 
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Acesso em: 03 Out. 2012. 
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Vídeo-Analise no Ensino de Física: Experiências com o Software Tracker. In: 
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