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N_Imunologia Do Basico ao Aplicado - Wilma C N Forte-16

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10MIGRAÇÃO 
TRANSENDOTELIAL
A migração transendotelial ou transmigração é o fenôme-
no pelo qual os leucócitos saem da circulação sanguínea, atra-
vessando a parede dos vasos sanguíneos por entre as células 
endoteliais. A transmigração se dá em vasos de endotélio de 
vênulas pós-capilares ou de endotélio altamente especializado 
ou de endotélio alto (HEV – high endothelial venules), já exis-
tentes de órgãos linfoides periféricos ou recém-formadas em 
tecidos com processos infecciosos (Figura 10.1).
A transmigração acontece quando linfócitos antigenica-
mente comprometidos precisam deixar a circulação para de-
fender contra antígenos presentes em tecidos ou interstício ou 
quando linfócitos naïve (sem comprometimento antigênico) 
devem popular órgãos linfoides secundários. A migração ocor-
re após a união de diversas moléculas de adesão, expressas por 
indução antigênica. Assim, na presença de antígenos, tanto leu-
cócitos quanto células endoteliais passam a expressar moléculas 
de adesão, havendo união entre as moléculas expressas por es-
tas células. Como consequência, os leucócitos que estavam até 
o momento circulando pela circulação sanguínea e que agora 
são necessários para a defesa imunológica unem-se às células 
endoteliais e deixam o vaso sanguíneo por entre essas células.
Migração transendotelial e quimiotaxia são fenômenos 
diferentes entre si. Transmigração refere-se à saída de leucó-
citos por entre células endoteliais. Quimiotaxia é a migração 
dirigida do leucócito ao antígeno ou o direcionamento reto do 
leucócito por meio de fatores quimiotáticos. Assim, a quimio-
taxia ocorre após a transmigração.
MIGRAÇÃO TRANSENDOTELIAL DE 
LINFÓCITOS E EOSINÓFILOS
Linfócitos maduros antigenicamente comprometidos cir-
culam constantemente pelo organismo, o que é um dado posi-
tivo para a defesa imunológica, pois sempre haverá tais células 
próximas ao local onde o organismo necessitar de defesa. Es-
tima-se que, em cada hora, 1% a 2% dos linfócitos recirculem 
por todo o organismo, permitindo que grande quantidade de 
linfócitos antígeno-específicos entre em contato com os antí-
genos. Linfócitos naïve ou virgens, ou seja, sem contato prévio 
Figura 10.1. Na migração transendotelial ou transmigração, leucócitos deixam a cir-
culação, passando por células endoteliais de vênulas de endotélio altamente especiali-
zado, como as vênulas de órgãos linfoides periféricos ou as vênulas recém-formadas em 
tecidos com processos infecciosos crônicos.
MIGRAÇÃO TRANSENDOTELIAL
É o fenômeno pelo qual leucócitos deixam a 
circulação, passando por entre células de vênulas 
pós-capilares (ou vênulas de epitélio altamente especializado)
Célula endotelial de 
vênula pós-capilar
 Célula endotelial de 
vênula pós-capilar
Leucócito
86 IMUNOLOGIA DO BÁSICO AO APLICADO
com o antígeno, também circulam, podendo popular os ór-
gãos linfoides secundários.
Os linfócitos deixam a circulação principalmente através de 
vênulas pós-capilares ou de endotélio altamente especializado 
de linfonodos e de tecidos linfoides associados às mucosas. No 
baço, aparecem vênulas esplênicas funcionalmente semelhan-
tes, com endotélio altamente especializado. Nos linfonodos, 
cerca de 25% de linfócitos podem deixar a circulação por essas 
vênulas. Em casos de infecções crônicas, nos tecidos afetados 
há o aparecimento de vênulas funcionais com epitélio especia-
lizado, permitindo melhor afluxo de linfócitos para tais locais. 
Nas vênulas, os linfócitos apresentam menor velocida-
de, pois há menor turbulência, o que permite um período 
de maior contato dos linfócitos com o endotélio das vênulas. 
Além disso, as células de vênulas pós-capilares podem expres-
sar grandes quantidades de moléculas de adesão. Tais fatos fa-
vorecem a transmigração de leucócitos.
A presença de antígenos faz com que linfócitos e células 
de vênulas pós-capilares expressem moléculas de adesão. Ini-
cialmente, o linfócito expressa selectina-L (CD62L), também 
conhecida como LAM-1 (molécula-1 de adesão leucocitária). 
A selectina-L une-se a adressinas vasculares, as quais são molé-
culas de adesão e assim chamadas porque direcionam o tráfego 
de linfócitos (endereço). Entre as adressinas vasculares encon-
tra-se a molécula de adesão GlyCAM-1 (molécula-1 glicano de 
adesão celular), que contém o grupamento sialil sulfatado. A 
selectina-L do linfócito une-se à porção sialil contida na Gly-
CAM-1 da célula vascular. Como consequência dessa união, 
o linfócito aproxima-se de células endoteliais. Essas moléculas 
de adesão apresentam baixa afinidade, o que permite que os 
linfócitos se liguem à célula endotelial e se desliguem dela, su-
cessivamente, podendo até mesmo retornar à circulação. Esse 
estágio é conhecido como “rolamento” do linfócito pelo endo-
télio. Assim, a selectina-L e a adressina vascular GlyCAM-1 
iniciam um endereçamento (homing) e um rolamento para os 
linfócitos. Esse fenômeno é potencializado por interleucina-1 
(IL-1) e Fator de Necrose Tumoral (TNF) (Figura 10.3). 
Ao permanecerem estímulos antigênicos, linfócitos pas-
sam a expressar uma b2-integrina: LFA-1 (antígeno-1 associa-
do à função leucocitária), constituído por grupamentos de di-
ferenciação (CD11a/CD18). As células endoteliais expressam 
uma molécula da superfamília das imunoglobulinas, a ICAM-1 
(molécula-1 de adesão intercelular). Outra molécula de LFA-1 
pode se unir à ICAM-2, consolidando a união entre linfócito e 
célula endotelial (Figura 10.3).
Para finalizar a migração transendotelial, são expressas b1-in-
tegrinas em linfócitos: VLA-1, 2, 3, 4, 5 e 6 (antígenos 1 a 6 de ativa-
ção muito tardia ou integrinas a1b1 a a6b1). Essas b1-integrinas 
unem-se, sequencialmente, a várias moléculas VCAM (molécula 
de adesão da célula vascular) do endotélio. A VLA-4 é expressa 
em maiores quantidades durante a diferenciação de linfócitos em 
células efetoras. A ligação entre as integrinas VLA e VCAM torna 
estável a união dos linfócito à célula endotelial (Figura 10.4). 
Figura 10.2. Linfócito expressa selectina-L, que se une ao grupamento sialil da adressina 
GlyCAM-1, expressa por células endoteliais vasculares. A união entre as duas moléculas dá 
início ao direcionamento aos locais que os linfócitos se devem dirigir (endereço) e ao rola-
mento desses leucócitos na vênula pós-capilar, diminuindo sua velocidade na circulação 
sanguínea (o que contribui para as próximas uniões entre moléculas de adesão). A IL-1 
e o TNF aumentam a expressão das moléculas de adesão, aumentando a transmigração.
MIGRAÇÃO TRANSENDOTELIAL DO LINFÓCITO
1. ENDEREÇO E ROLAMENTO
Selectina-L (CD62L) 
GlyCAM-1 
(grupamento sialil)
IL-1 e TNF
Linfócito
 Células endoteliais
Figura 10.3. Continuidade do processo de migração transendotelial, com expressão 
por linfócitos de LFA-1, uma β2-integrina. A célula endotelial expressa ICAM-1. Há, 
ainda, síntese por quimiocinas, e os linfócitos que apresentam receptores para essas 
citocinas passam a ter aumento da afinidade às integrinas. A partir daí, torna-se pouco 
provável que o linfócito volte a circular no vaso sanguíneo. 
2. UNIÃO MAIS FORTE AO ENDOTÉLIO
LFA-1 (β2-integrina)
ICAM-1
Linfócito
 Células endoteliais
LFA-1 (β2-integrina)
ICAM-2
Linfócito
3. SAÍDA DA CIRCULAÇÃO
 Células endoteliais
VLA-1, 2, 3, 4, 5 e 6
(β1-integrinas)
VCAM
Linfócito
Figura 10.4. Final do processo de migração transendotelial: linfócitos expressam 
β1-integrinas VLA (very late activation antigen) 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Cada uma dessas molé-
culas une-se à VCAM. As quimiocinas também aumentam a afinidade dessas integrinas.
87capítulo 10 MIGRAÇÃO TRANSENDOTELIAL 
O resultado da união entre as diversas moléculas de adesão 
é a saída do linfócito da circulação por entre duas células en-
doteliais (Figura 10.5). 
CXCR5 em linfócitos B naïve; CCL19 e CCL21 – com receptor 
CCR7 em T naïve. Tais quimiocinas, em conjunto com a união 
de moléculas de adesão, direcionam os linfócitos T e B naïves 
para as diferentes regiões dos linfonodos.
Figura10.5. Migração transendotelial completa de linfócitos, fenômeno que resulta 
na saída desses leucócitos da circulação sanguínea, em direção ao local onde se encon-
tram os patógenos, a fim de que possa ocorrer a defesa imunológica. 
Figura 10.6. O acesso de linfócitos para determinados locais implica a expressão 
das moléculas já descritas e, ainda, de outras. Assim, na migração de linfócitos para 
a pele há necessidade da expressão de antígeno associado ao leucócito cutâneo (CLA) 
por linfócito e selectina-E por célula endotelial. Em mucosas, a selectina-L do linfócito 
une-se à molécula-1 de adesão celular adressina de mucosa (MAdCAM-1) do endotélio 
de mucosas. No pulmão, a selectina-E e a selectina-P expressas por linfócitos unem-se 
ao ligante-1 glicoproteína selectina-P (PSGL-1). As β1-integrinas VLA-1, 2, 3, 4, 5 e 6 
do linfócito unem-se à matriz extracelular do tecido conjuntivo.
Figura 10.7. As moléculas de adesão para a transmigração são as mesmas entre lin-
fócitos e eosinófilos (com predomínio de VLA-4 para eosinófilos) e entre neutrófilos e 
monócitos.
A migração para os diferentes órgãos requer as moléculas 
de adesão descritas, além de algumas outras. Assim, o acesso 
de linfócitos à pele implica também a expressão da molécula 
“antígeno associado ao leucócito cutâneo” (CLA – cutaneous 
leucocyte antigen) em linfócitos, que se une à selectina-E de 
células endoteliais de vasos da pele. Em mucosas, a selectina-L 
do linfócito une-se à “molécula-1 de adesão celular adressi-
na de mucosa” (MAdCAM-1 – mucosal vascular addressin cell 
adhesion molecule-1) do endotélio de mucosas. No pulmão, a 
selectina-E e a selectina-P de linfócitos unem-se ao “ligante-1 
glicoproteína da selectina-P” (PSGL-1 ligante-1 glicoproteína 
selectina-P – P-selectin glycoprotein ligand-1). As b1-integrinas 
VLA-1, 2, 3, 4, 5 e 6 podem se unir à laminina ou à fibronec-
tina da matriz extracelular do tecido conjuntivo (Figura 10.6).
Embora à microscopia óptica comum da migração tran-
sendotelial sejam vistos “estrangulamentos” na célula seme-
lhantes a pseudópodes, essa passagem não é dada por diape-
dese, uma vez que foi demonstrada ausência de ativação de 
miofibrilas necessárias para a formação de pseudópodes. Em 
vez disso, é observado um intumescimento das células endote-
liais, à medida que expressam moléculas de adesão, intumesci-
mento esse que permite à célula passar por entre duas células 
endoteliais.
Linfócitos naïve atingem os linfonodos, populando sem-
pre as mesmas áreas deles, fenômeno denominado “segrega-
ção anatômica de linfócitos”. O início é dado pela expressão 
de selectina-L, que se une à integrina contendo o grupamento 
sialil, direcionando, então, os linfócitos para o linfonodo. A se-
gregação linfocitária é também decorrente da presença de qui-
miocinas produzidas por células estromais, que atraem dife-
rentes subpopulações de linfócitos: CXCL13 – com receptores 
MIGRAÇÃO TRANSENDOTELIAL DO LINFÓCITO 
ATRAVÉS DE ENDOTÉLIOS DE DIFERENTES LOCAIS
Outras moléculas de adesão que são expressas:
Em pele
CLA
Selectina-E
Linfócito
Em mucosas
Selectina-L
MAdCAM-1
Linfócito
Em pulmões
Selectina-L e P
PSGL-1
Linfócito
Em tecido conjuntivo
VLA-1, 2, 3, 4, 5 e 6
Laminina
Fibronectina
Linfócito
MIGRAÇÃO TRANSENDOTELIAL DE 
DIFERENTES LEUCÓCITOS 
Linfócitos e eosinófilos
Neutrófilos e monócitos 
Expressam as mesmas moléculas de adesão, apresentando 
semelhante migração transendotelial
MIGRAÇÃO TRANSENDOTELIAL DO LINFÓCITO
 Células endoteliais
Selectina-L
GlyCAM-1
(grupamento 
sialil)
LFA-1
ICAM-1 ICAM-2 VCAM
LFA-1 VLA-1, 2, 3, 4, 5 e 6
Linfócito
Linfócito
88 IMUNOLOGIA DO BÁSICO AO APLICADO
Da mesma forma, linfócitos antigenicamente comprometi-
dos também sofrem ação de quimiocinas. Após a expressão de 
certas quimiocinas, a ligação entre moléculas de adesão torna- 
-se mais forte, tornando pouco provável que o linfócito retorne 
à circulação. Células dendríticas apresentadoras de antígenos 
e presentes no linfonodo promovem a síntese de quimiocinas 
e a expressão de moléculas de adesão. Linfócitos T auxiliares 
passam a expressar CD40L e CXCR5, migrando em direção 
ao folículo linfoide, enquanto linfócitos B expressam CD40 e 
CCR7 e migram em direção às células T. Os linfócitos farão 
parte do centro germinativo do folículo linfoide secundário. 
As duas subpopulações se encontram e podem interagir, ini-
ciando, a seguir, a proliferação, especialmente de B. 
Os eosinófilos expressam as mesmas moléculas de adesão 
que os linfócitos, enquanto as expressas por neutrófilos são 
semelhantes às de monócitos. Assim, linfócitos e eosinófi-
los têm migração transendotelial similar, o mesmo se dando 
entre neutrófilos e monócitos. Na migração transendotelial 
de eosinófilos há predomínio de VLA-4 entre as integrinas. 
As quimiocinas proeminentes para eosinófilos são a CCL5 
(RANTES) e CCL11 (eotaxina), as quais também fortalecem 
a união entre moléculas de adesão, aumentando o afluxo de 
eosinófilos para determinado local.
MIGRAÇÃO TRANSENDOTELIAL DE 
NEUTRÓFILOS E MONÓCITOS
Quando necessários à defesa imunológica, os neutrófilos 
e monócitos passam pelo mesmo processo de migração tran-
sendotelial, havendo certas diferenças em relação a linfócitos e 
eosinófilos, quanto às moléculas de adesão expressadas.
Assim, células endoteliais induzidas por antígenos, IL-1 e 
TNF passam a expressar selectina-E ou molécula-1 de adesão 
de leucócito-endotélio (ELAM-1 ou CD62E) e, posteriormen-
te, selectina-P (CD62P). As duas selectinas têm como recep-
tores ligantes sialil-Lewis sulfatado de glicoproteínas (CD15s) 
nos neutrófilos, resultando no direcionamento de neutrófilos 
para os locais de inflamação. Os neutrófilos habitualmente 
circulam nas zonas mais periféricas da corrente sanguínea. 
Na ligação às selectinas, o neutrófilo liga-se e desliga-se das 
células endoteliais, propiciando um rolamento lento, próximo 
às células endoteliais. A união entre selectinas e grupamen-
tos sialil-Lewis não é estável, havendo possibilidade de que os 
neutrófilos voltem a circular (Figura 10.8).
A seguir, os neutrófilos expressam as integrinas LFA-1 e 
Mac-1, que se unem à ICAM-1 e depois à ICAM-2 da célu-
la endotelial. Há síntese de quimiocinas, em especial CXCL-8 
(IL-8), as quais apresentam receptores em neutrófilos. As qui-
miocinas aumentam a afinidade de integrinas, tornando a 
união mais forte. Sequencialmente, VLA-4 de neutrófilos une- 
-se à VCAM de células endoteliais, com união estável e culmi-
nando com a migração transendotelial do neutrófilo por entre 
duas células endoteliais (Figura 10.9). 
Figura 10.8. Início da migração transendotelial por neutrófilos: expressão de sia-
lil-Lewis por neutrófilos e de selectina-E e P por células endoteliais de vênulas pós- 
-capilares de endotélio altamente especializado. Há união entre grupamento sialil e 
selectina-E, sialil e selectina-P.
Figura 10.9. Na migração transendotelial há expressão de diversas moléculas de 
adesão pelo neutrófilo e pela célula endotelial. O resultado é a saída de neutrófilos da 
circulação sanguínea, dirigindo-se ao local onde se encontra o antígeno.
A falta de sialil-Lewis em neutrófilos determina a deficiência 
de adesão leucocitária tipo 2 (LAD-2). Nessa imunodeficiên-
cia primária, não há migração transendotelial de neutrófilos, 
resultando em neutrofilia persistente, queda tardia do coto 
umbilical, falta da formação de pus (o pus é constituído por 
neutrófilos degenerados, além de macrófagos degenerados, te-
cido necrótico e líquido tecidual). Na LAD-1, mais rara, há de-
ficiência de LFA-1 (CD11a/CD18), quadro clínico semelhante, 
podendo haver retardo mental (Figura 10.10).
Os monócitos apresentam migração transendotelial se-
melhante à dos neutrófilos, ganhando importância no recru-
tamento dessas células a quimiocina CCL-2 (anterior MCP-1 
MIGRAÇÃO TRANSENDOTELIAL DO NEUTRÓFILO
Sialil-Lewis LFA-1
ICAM-1 ICAM-2 VCAM
LFA-1 VLA-4
Neutrófilo
Selectina-E 
Endereço União maisforte Saída da circulação sanguínea 
Selectina-P 
Neutrófilo Células endoteliais
MIGRAÇÃO TRANSENDOTELIAL DO NEUTRÓFILO
ENDEREÇO E ROLAMENTO DO NEUTRÓFILO
Sialil-Lewis
IL-1 e TNF
Selectina-E 
Selectina-P 
Neutrófilo
 Células endoteliais
89capítulo 10 MIGRAÇÃO TRANSENDOTELIAL 
– proteína quimiotática dos macrófagos), a CCL-3 (MIP-1 ou 
proteína inflamatória dos macrófagos) ou a CX3CL1, com re-
ceptores em monócitos, o que converte o rolamento em ligação 
estável.
Figura 10.10. Pode haver defeito da migração transendotelial de baixa expressão de 
sialil-Lewis ou de LFA-1 por neutrófilos, resultando respectivamente, nas Imunodefi-
ciências Primárias – defeito de adesão leucocitária tipo 2 (LAD-2) e defeito de adesão 
leucocitária tipo 1 (LAD-1).
DEFICIENTE MIGRAÇÃO TRANSENDOTELIAL DO NEUTRÓFILO
Sialil-Lewis
LAD-2
LAD-1
LFA-1 (CD11a/CD18)
(β2-integrina)
Ausência de sialil-Lewis:
neutrofilia persistente e 
queda tardia do coto umbilical 
 (Deficiência de adesão leucocitária – LAD)
Neutrófilo
Figura 10.11. As quimiocinas, atualmente designadas por letras, são sintetizadas por 
diferentes células e fortalecem a união entre moléculas de adesão expressas em leucó-
citos e em células endoteliais, aumentando a migração transendotelial de leucócitos.
QUIMIOCINAS QUE AUMENTAM A 
MIGRAÇÃO TRANSENDOTELIAL
Eosinó�los: receptor para CCL5 (RANTES) e CCL11 (eotaxina)
Neutró�los: receptor para CXCL-8 (IL-8)
Monócitos: receptor para CCL-2 (MCP-1) e CCL-3 (MIP-1)
B: receptores CXCR5 para CXCL13
T: receptores CCR7 para CCL19 e CCL21 
As quimiocinas fortalecem a união entre moléculas de 
adesão de leucócitos e de células endoteliais de vênulas pós- 
-capilares, aumentando a migração transendotelial ou saída de 
leucócitos da circulação sanguínea (Figura 10.11).
O conhecimento da migração transendotelial de leucó-
citos permite o entendimento de estratégias terapêuticas que 
tentam diminuir ou aumentar o afluxo de determinadas célu-
las para os locais de inflamação.
EXEMPLOS CLÍNICOS
Caso 1: Menina com 2 meses, sem queda do coto umbilical. Sem antecedentes mórbidos pessoais ou familiares. Trazia 
como exames complementares dois hemogramas, ambos com neutrofilia. Em exames subsequentes, foi constatada a 
deficiência de CD11a/CD18.
Discussão: A queda tardia do coto umbilical faz parte do quadro clínico da deficiência de adesão leucocitária (LAD) 
– Imunodeficiência Primária. Na LAD tipo 1 há falta da β2-integrina LFA-1 de neutrófilos. O diagnóstico é feito pela 
quantificação de CD11 a/CD18, componentes de LFA-1. Na LAD-2, há falta de expressão de sialil-Lewis em neutrófilos.
Na ausência de LFA-1 no neutrófilo, deixa de haver união entre LFA-1 do neutrófilo e ICAM-1 da célula endotelial, que 
seria seguida por união LFA-1/ICAM-2, VLA-4/VCAM, deixando de haver migração transendotelial de neutrófilos. 
O resultado é a neutrofilia persistente e a falta de acesso de neutrófilos aos órgãos e tecidos. A queda do coto umbilical 
depende do afluxo local de neutrófilos, promovendo a destruição do tecido, necrose e consequente queda. O tratamento 
dessa imunodeficiência é por antibiótico profilático até transplante de medula óssea.
Na falta de diagnóstico e tratamento, a criança evolui com abscessos de repetição, celulites, pneumonias por 
Staphylococcus aureus, sepse e até óbito.
Caso 2: Menino com 6 anos de idade, apresentava chiado no peito, coriza, obstrução nasal e espirros em salva. História 
positiva de aparecimento da sintomatologia com pó doméstico. História familiar de atopia. Teste cutâneo positivo para 
Dermatophagoides pteronyssinus e prova de função pulmonar com distúrbio obstrutivo, com resposta a b-adrenérgico.
Discussão: História característica de asma por hipersensibilidade IgE mediada. É de se supor que esse paciente 
apresenta aumento da expressão de moléculas de adesão necessárias para a saída de eosinófilos da circulação, células 
com papel importante na patogenia da hipersensibilidade IgE mediada. É na tentativa de diminuir a saída de eosinófilos 
para o local da hipersensibilidade que estão sendo produzidos laboratorialmente anti-histamínicos que diminuem 
as moléculas ICAM-1, presentes nas células endoteliais e que se unem à LFA-1 de eosinófilos. O mesmo está sendo 
tentado para a diminuição de VLA-4. Esses medicamentos podem ser úteis para a alergia, entretanto é importante a 
lembrança de que eosinófilos participam da defesa contra parasitas, sendo necessário afastar parasitoses antes do uso 
de tais medicamentos.
QUESTÕES
1a – O que resulta da migração transendotelial de leucócitos?
2a – Migração transendotelial é sinônimo de quimiotaxia?
3a – Quais as moléculas de adesão envolvidas na migração de leucócitos responsáveis pela resposta adaptativa?
4a – Quais as moléculas de adesão envolvidas na migração transendotelial de leucócitos que defendem o organismo 
contra bactérias piogênicas?
5a – Como atuam as quimiocinas na migração transendotelial?
11APRESENTAÇÃO 
ANTIGÊNICA
Os linfócitos T não reconhecem antígenos livres, só sen-
do ativados quando os antígenos estão associados a antígenos 
leucocitários humanos (HLA) de célula apresentadora de an-
tígeno (APC). Os HLA são codificados por genes do MHC 
(major histocompatibility complex) ou CPH (complexo prin-
cipal de histocompatibilidade) e apresentados na superfície de 
célula apresentadora, em especial células dendríticas. Devido à 
dependência da apresentação de antígenos associados a HLA, 
os linfócitos T citotóxicos e T auxiliares são chamados HLA ou 
MHC-restritos (Figura 11.1).
As células dendríticas mieloides têm a mesma origem que 
os monócitos/macrófagos (Mø). São encontradas em regiões 
próximas a linfócitos T de tecidos linfoides, mucosas e parên-
quima de órgãos. Inicialmente, têm alta capacidade fagocitá-
ria, fagocitando patógenos e encaminhando-os para os órgãos 
linfoides secundários. Durante a migração até o órgão linfoide 
secundário, passam a expressar mais HLA, tornando-se óti-
mas células apresentadoras de antígeno (antigen presenting 
cells – APCs). Ao atingirem os órgãos linfoides secundários, 
as células dendríticas passam a apresentar antígenos, agora 
associados ao HLA, para linfócitos T naïves ou virgens (sem 
contato prévio com antígenos), tornando-os T citotóxicos e 
T auxiliares ativados. As células dendríticas mieloides geral-
mente expressam HLA II após serem estimuladas por lipo-
polissacarídeo bacteriano unido a receptores Toll-like, ou por 
interferon-gama (IFN-γ). Qualquer célula nucleada pode ser 
uma APC, uma vez que pode expressar HLA. Entretanto, as 
melhores APCs são as células dendríticas, sendo consideradas 
“células apresentadoras profissionais” (Figura 11.2).
As células de Langerhans são consideradas células dendrí-
ticas mieloides imaturas da pele, aí chegando por possuírem 
o antígeno leucocitário cutâneo (CLA), que é uma molécula 
de adesão que dirige a migração de células Langerhans para a 
pele. Essas células têm pouca capacidade fagocitária (apenas 
ingestão) e tornam-se células apresentadoras (dendríticas ma-
duras) à medida que se dirigirem para os linfonodos regionais.
Um tipo particular de células dendríticas, com origem não 
bem definida, é constituído por células dendríticas foliculares, 
dispostas próximas a linfócitos B. Essas células não têm capa-
cidade fagocitária, mas ligam em sua superfície complexos an-
Figura 11.1. Linfócitos T citotóxicos e T auxiliares são MHC ou HLA-restritos, pois, para 
serem ativados, necessitam que o antígeno seja apresentado por células apresentadoras 
de antígenos (APCs), em especial células dendríticas.
APRESENTAÇÃO ANTIGÊNICA 
Linfócitos T são HLA ou MHC restritos
T necessita de célula que apresente o 
AG associado ao HLA de superfície: 
célula apresentadora de antígeno (APC)
- Célula Dendrítica - 
Linfócitos T citotóxicos e T auxiliares
 NÃO reconhecem antígenos livres
CÉLULA APRESENTADORA DE ANTÍGENO
As células dendríticas são assim denominadas por apre-
sentarem projeções membranosas em formade dedos. 
	10 MIGRAÇÃO TRANSENDOTELIAL
	11 APRESENTAÇÃO ANTIGÊNICA

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