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leitura micro e macro-43

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4 1 2 Economia M icro c Macro • Vasconcellos atlas
O interessante da dinâmica anterior é que, segundo ela, as economias ten­
deriam a uma situação de convergência: as economias menos desenvolvidas, 
com baixo nível inicial de capital per capita, chegariam, com o passar do tempo, 
ao mesmo nível de renda (consumo) per capita dos países desenvolvidos, que 
possuem níveis iniciais de capital per capita muito elevados.
Outras abordagens questionando, por um lado, a existência de rendimen­
tos decrescentes (Robert Lucas e Paul Romer) e, por outro, enfatizando o papel 
da tecnologia, que em Solow é completamente exógena. Essa nova geração de 
modelos, chamados de modelos de crescimento endógeno, foi concebida para 
explicar o crescimento sustentado de economias como o Japão e os Tigres Asiá­
ticos, entre outros e supõem que os agentes econômicos respondem a estímulos 
de mercado, e buscam a inovação tecnológica.
6 ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO
A industrialização é a chave para o desenvolvimento. Entretanto, o proces­
so de desenvolvimento dos países industrializados foi iniciado com um grande 
aumento da produtividade agrícola, o que permitiu liberar mão-de-obra e re­
cursos para as áreas urbanas, para construir o parque industrial.
Na década de 50 e no início dos anos 60, acreditava-se amplamente que a 
industrialização nos países em desenvolvimento ocorreria se ao setor industrial 
fossem assegurados mercados domésticos seguros, que permitiriam que eles se 
desenvolvessem. A tão famosa estratégia de substituição de importações (“cres­
cimento para fora”) consistia em proteger os produtores domésticos da competi­
ção estrangeira por meio de quotas e tarifas, de modo que eles pudessem expandir 
sua produção para substituir bens que costumavam ser importados.
Por volta da década de 80, ficou claro que a estratégia de substituição de 
importações havia-se esgotado na maior parte dos países. Os produtores domés­
ticos, protegidos da competição estrangeira, produziam um volume pequeno 
com custo alto e muito pouca inovação. Na década de 80, a estratégia adotada 
pela maioria dos países em desenvolvimento foi a redução das barreiras comer­
ciais. Elas começaram a liberar importações pela redução de tarifas e quotas, e 
a encorajar as exportações mediante desvalorizações e medidas mais diretas.
O sucesso da adoção dessa estratégia de crescimento (“crescimento para 
fora”) está nas novas economias do leste asiático. Os chamados tigres asiáticos 
são Coréia, Taiwan, Mong Kong, Cingapura, Malásia, Tailândia e Indonésia. 
Foram, certamente, os países que mais se beneficiaram do processo de 
globalização que se acentou a partir dos anos 80.
Todas essas economias cresceram muito rapidamente nas duas últimas 
décadas, com base no rápido crescimento das exportações de produtos manufa­
turados. Na verdade, eles não começaram pela liberalização das importações, 
mas por um período de proteção aos produtores domésticos, e só depois permi­
tiram importações com o objetivo de testar a competitividade dos produtos do­
mésticos.
Noções de Crescim ento e Desenvolvim ento Econôm ico 4 1 3
É claro que apenas a abertura comercial para o setor externo não é sufici­
ente. Além de taxas de poupança extremamente elevadas, vêm investindo em 
educação há muitas décadas. Em geral, eles também implantaram políticas fis­
cais bem cuidadosas, com o orçamento do governo permanecendo relativamen­
te pequeno em relação ao PIB, evitando elevações indevidas de preços.
QUESTÕES DE REVISÃO
1. Qual a diferença entre os conceitos de Crescimento Econômico e Desenvol­
vimento Econômico?
2. Quais são os estágios de desenvolvimento de uma economia, de acordo com 
Rostow?
3. Aponte as fontes de crescimento econômico.
4. Dada a relação produto-capital da economia, mostre o efeito de um au­
mento da taxa de poupança (ou propensão a poupar) sobre a taxa de cres­
cimento do produto real.
5. Mostre como a eficiência do investimento, e não apenas o montante total, 
afeta a taxa de crescimento econômico.
6. a) Qual a principal contribuição do Modelo de Solow?
b) Explique como se dá o equilíbrio em estado estacionário, através de 
ilustração gráfica.
QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA
1. Com determinada propensão a consumir, uma redução na relação y/K (pro­
duto-capital):
a) Diminui a taxa de crescimento da economia.
b) Aumenta a taxa de crescimento da economia.
c) Não teria efeito sobre a taxa de crescimento da economia.
d) a, b, e c estão corretas.
e) N.r.a.
2. No modelo Harrod-Domar, se a função poupança é S = 0,2y e a relação 
capital-produto é 4, então, em equilíbrio, a taxa de crescimento da renda é:
a) 2%
b) 5%
4 1 4 Economia M icro c Macro • Vasconcellos atlftü
c) 12%
d) 3,2%
e) 8%
3. Sobre o modelo Harrod-Domar, assinale a alternativa errada:
a) Se a propensão a poupar for 0,3 e a relação produto-capital 0,4, a taxa 
de crescimento da renda é de 12%.
b) Equilíbrio em “fio de navalha” significa que, uma vez saindo da trajetó­
ria de crescimento, não é possível mais voltar a ela.
c) A principal crítica ao modelo é a relação produto-capital constante.
d) O investimento é visto como elemento de oferta e de demanda agregada.
e) Todas as respostas anteriores estão erradas.
4. Aponte a alternativa incorreta: Um aumento da taxa de crescimento eco­
nômico é possível quando ocorrer:
a) Aumento da taxa de investimento.
b) Deslocamento dos investimentos para os setores em que a relação K/y 
(capital-produto) seja a mais elevada.
c) Aumento da quantidade de produto por unidade de capital.
d) Todas as alternativas acima.
e) N.r.a.
5. Na análise de crescimento econômico segundo Harrod e Domar, uma das 
hipóteses básicas é que a função de produção agregada possui:
a) Coeficientes fixos.
b) Coeficientes variáveis.
c) Coeficientes fixos e uma relação capital/produto maior do que um.
d) Coeficientes variáveis e uma relação capital/produto menor do que um.
e) Coeficientes fixos e uma relação capital/produto menor do que um.
6. Uma economia com taxa interna de poupança de 20%, com uma relação 
y/K de 0,4 e com uma poupança externa de 5% do Produto Nacional, terá 
uma taxa potencial de crescimento da economia de:
a) 8,00%
b) 6,00%
c) 10,00%
d) 6,25%
e) entre 6,00% e 9,00%
7. Numa economia em desenvolvimento, a relação incrementai capital-pro- 
duto é igual a 3; a propensão interna a poupar é de 17% do PIB; a depre­
ciação do capital fixo eqüivale a 5% do PIB e a taxa de crescimento 
populacional é de 2,8% a.a. O governo, para manter elevado o nível de 
emprego, decide fazer crescer a economia à taxa de 3,2% a.a. em termos 
per capita. Nessas condições, a poupança a ser obtida no exterior (déficit
Noções de Crescim ento e D csenvolvim enio Econômico 4 1 5
do Balanço de Pagamentos em conta corrente) deverá ser, como proporção 
do PIB, de:
a) 6,0%
b) 12,0%
c) 14,2%
d) 3,2%
e) 3,5%
APÊNDICE MATEMÁTICO
A. DEDUÇÃO DA FÓRMULA BÁSICA DO MODELO HARROD-DOMAR
Vamos demonstrar que a taxa de crescimento do produto y. é dada pelo 
produto da taxa de poupança pela relação produto-capital:
y = s . v
a) CRESCIMENTO DA DEMANDA AGREGADA (DA = / ) 
Considera-se o modelo keynesiano do multiplicador:
k _ 4 y d 1 1 1
' ~ AI ~ l - PMgC ~ PMgS ~ s
sendo: y1 = Demanda Agregada
PMgC = Propensão marginal a consumir 
PMgS = Propensão marginal a poupar = s
Temos então que a demanda agregada cresce segundo a equação:
Ayd = - J — A/
b) CRESCIMENTO DA OFERTA AGREGADA (OA = / )
O crescimento da OA a partir de uma relação produto-capital constante:
a = => Ay = a AK 
AK J
sendo: y = Oferta Agregada
AK = Aumento do estoque de capital K = taxa de investimentos /
4 1 6 Economia M icro c Macro • Vasconcellos H ttm
Tem-se, então:
Ay* = a I
c) TAXA GARANTIDA DE CRESCIMENTO (gw)
A taxa garantida de crescimento é a taxa de crescimento do investimento 
que faz com que haja o equilíbrio entre O A e D A , supondo plena utilização do 
estoque de capital existente.
g w = A y = A y d
a I = A I
sefeito do I efeito do I
s/ O A s/ D A
e, finalmente:
Al
gw = —j ~ = os
Ressalta-se aqui o que é considerada a principal contribuição do modelo 
de Harrod-Domar: a ênfase no duplo papel do investimento, que atua tanto 
como elemento de demanda (gastos) como de oferta (ampliação da capaci­
dade).
d) TAXA EFETIVA DE CRESCIMENTO (g_)
É a taxa de crescimento do produto, onde OA = DA (mas não necessariamente 
a pleno emprego do capital, como a taxa garantida). Supondo uma economia fe­
chada, e sem interferência do governo, da condição de equilíbrio OA = DA, vem:
y = C + I
Como: C = (1 - s)y (complemento da função poupança S = sy) 
y = ( l - s ) y + I
Como, pelo multiplicador: A y = y - A I 
dividindo-se essa expressão pela imediatamente anterior, temos:
JL
Ay _ s A I 
_ _ _ _ _ _
5
Noções de Crescim ento e Desenvolvim ento Econôm ico 4 1 7
g< =
Ay AI
1
Como no item c encontramos que a taxa garantida é igual a gw = ~ = as,
temos a condição de equilíbrio balanceado, com plena utilização do estoque de 
capital, dada por:
8, = Sw
ou y=
Ay AI = as
Ou seja, a taxa de crescimento do produto y (onde OA = DA) deve ser igual 
à taxa de investimentos (ou taxa de acumulação de capital), que é igual ao 
produto da propensão a poupar s pela relação produto-capital a.
e) STEADY STATE OF GROWTH (CRESCIMENTO EM ESTADO 
ESTACIONÁRIO)
Até agora, determinou-se a taxa de crescimento que equilibra a Oferta e a 
Demanda Agregada, com plena utilização do estoque de capital, mas não se 
garantiu o crescimento com pleno emprego da mão-de-obra. Para tanto, devemos 
adicionar exogenamente a taxa natural de crescimento (gn), que é a taxa de cres­
cimento da mão-de-obra.
g, 8., g„ =05
taxa efetiva taxa garantida taxa natural
ou seja, é a taxa de crescimento que garante um crescimento estável do produ­
to, onde OA = DA, e com pleno emprego da mão-de-obra e do capital.
0 ALGUMAS HIPÓTESES DE CRESCIMENTO
a) g, > g,
b) g, < g,
(Taxa efetiva > Taxa garantida pelo estoque de capi­
tal - » tem-se escassez de capital.)
(Taxa efetiva < Taxa garantida -> tem-se excesso de 
capacidade instalada, excesso de K\ ou seja, capaci­
dade ociosa.)
c) g v > g (Taxa garantida > Taxa natural (taxa de crescimen­
to da mão-de-obra) —> tem-se escassez de mão-de- 
obra.)
d) gM. < g„ (Taxa garantida < Taxa natural —> tem-se desempre­
go de mão-de-obra-, a mão-de-obra cresce a taxas su­
periores à permitida pela capacidade instalada exis­
tente na economia.)
4 1 8 Economia M icro e Macro • V a s c o n c c llo s ____________________________________________ __ ______________________________________________________________________ ertfen.
B. DEDUÇÃO DA FÓRMULA DO EQUILÍBRIO DE ESTADO 
ESTACIONÁRIO (STEAD Y STATE) DO MODELO DE SOLOW
Para chegar à condição de equilíbrio de estado estacionário, necessitamos 
analisar a variação do capital per capita. Assim, poderíamos dizer que a varia­
ção percentual dessa variável é, por definição:
(1) Ak/k = AK/K - AN/N = AK/K - n, o que implica que
(2) Ak = (AK/K)k - nk
Se reorganizamos a expressão anterior, chegamos a
(3) AK/N = (AK/K)k - nk
Por outra parte, sabemos que, também por definição, a variação do esto­
que de capital é igual ao investimento bruto menos o investimento de reposição:
(4) AK = n - dK
Portanto, se expressamos a equação anterior em termos per capita, e consi­
deramos que o investimento é totalmente financiado pela poupança interna, 
que é uma fração s da renda, obtemos
(5) AK/N = sy - dk
Igualando (3) com (5)
(6) (AK/K) k - nk = sy - dk
Rearranjando
(7) (AK/K) k = sy - (n + d)k
Como k = K/N, vem
(AK/K) . K/N = sy - (n + d)k
(8) AK/N = sy - (n + d)k
Lembrando que no equilíbrio de longo prazo o capital per capita se man­
tém constante (ou seja, (AK/N) = 0), chegamos à condição de equilíbrio de 
estado estacionário:
(9) sy = (n +d)k
G lo ssário
Âncora cambial: valorização da taxa de câmbio e aber­
tura comercial, com o objetivo de aumentar as im­
portações, que, ao concorrer com os produtos naci­
onais, permitem estabilizar os preços internos.
Âncora monetária: política monetária contracionista 
(por exemplo, juros elevados, crédito restrito), utili­
zada com o objetivo de controlar a inflação.
Armadilha da liquidez: se a economia estiver em de­
semprego, e com um nível de taxa de juros muito 
baixo, toda eventual expansão monetária será retida, 
para fins especulativos, não sendo aplicada na 
atividade produtiva. Trata-se de uma situação, apon­
tada por Keynes, na qual a política monetária seria 
totalmente ineficaz para promover aumento da ren­
da e do emprego.
Avaliação privada é a avaliação financeira dos custos 
e rendimentos de uma empresa específica.
Avaliação social é a avaliação de custos (e benefí­
cios) para toda a sociedade, derivada da produção 
das empresas. Ou seja, inclui as extemalidades po­
sitivas e negativas decorrentes da atividade produti­
va das empresas.
Balança comercial é o item do balanço de pagamen­
tos em que são lançadas as exportações e importa­
ções de mercadorias, em termos FOB (free on board).
Balanço de pagamentos é o registro contábil de to-das 
as transações de um país com o resto do mundo. 
Envolve transações com mercadorias, com serviços 
e com capitais (monetários e físicos).
Balanço de transações correntes é a parte do balan­
ço de pagamentos relativa à soma da balança co­
mercial, balanço de serviços e transferências unila­
terais. Também chamado de saldo em conta corren­
te do balanço de pagamentos.
Base monetária é o total de moeda em poder do setor 
privado, somado às reservas dos bancos comerci­
ais. Também chamada de moeda de alta potência 
(high-power money) ou passivo monetário das auto­
ridades monetárias.
Bem de consumo saciado: dada uma variação na 
renda do consumidor, a quantidade demandada não 
se altera, coeteris paribus. A elasticidade-renda da 
demanda é nula. Exemplo: alimentos como arroz, 
sal etc.
Bem de Giffen: trata-se da única exceção à Lei Geral 
da Procura. A quantidade demandada de um bem 
varia diretamente com o preço do bem, coeteris 
paribus (curva de procura positivamente inclinada). 
É um tipo de bem inferior.
Bem inferior é um tipo de bem em que a quantidade 
demandada varia inversamente com o nível de ren­
da do consumidor, coeteris paribus. Assim, se a ren­
da aumenta, a quantidade procurada diminui, se a 
renda cai, a quantidade procurada aumenta. A elas­
ticidade-renda da demanda é negativa.
Bem semi-público ou meritório: bem de consumo 
coletivo, que satisfaz o princípio da exclusão (o con­
sumo pelo indivíduo A exclui o consumo pelo indi­
víduo B), produzido pelo Estado (saúde, saneamen­
to, nutrição).
Bem normal é um tipo de bem em que a quantidade 
demandada varia diretamente com o nível de ren­
da do consumidor, coeteris paribus. Assim, se a 
renda aumenta, a quantidade procurada aumenta, 
se a renda cai, a quantidade demandada também 
cai. A elasticidade-renda da demanda é positiva e 
menor que 1.
4 2 0 Economia Micro c Macro • Vasconcellos fitfcrs
Bem (ou serviço) final é um bem destinado ao consu­
mo ou investimento final, não sofrendo nenhuma 
transformação ao longo do processo produtivo.
Bem (ou serviço) intermediário é um bem que entra 
na composição de outro bem. É transformado ao 
longo do processo produtivo (matérias-primas e com­
ponentes).
Bem superior ou de luxo: a quantidade demandada 
varia mais que proporcionalmente a variações na 
renda do consumidor, coeteris paribus. A elasticida- 
de-renda da procura é maior que 1.
Bens complementares são bens consumidos conjun­
tamente.
Bens públicos: referem-se ao conjunto de bens gerais 
fornecidos pelo setor público, que apresentam duas 
características: são não rivais (disputáveis), onde 
o custo marginal (adicional) de produzir uma nova 
unidade é zero, e não exclusivos, quando não exis­
te a possibilidade de excluir determinados indivíduos 
de seu consumo.
Bens substitutos (ou concorrentes): o consumo de 
um bem substitui o consumo de outro.Break-even (ponto de equilíbrio): é a quantidade da 
produção que iguala receitas a despesas, a partir da 
qual a empresa passa a auferir lucros.
Cartel é uma organização (formal ou informal) de 
produtores dentro de um setor, que determina a po­
lítica para todas as empresas desse setor. O cartel 
fixa os preços e as quotas de cada empresa.
Cartel imperfeito (ou modelo de liderança de pre­
ços) é o cartel em que existem empresas líderes, que 
têm maior tamanho e/ou custos menores e que fi­
xam os preços no mercado, ficando com a maior 
quota. A empresa (ou empresas) líder(es) fixa(m) um 
preço que lhe(s) garante um lucro de monopólio, e 
as demais empresas do mercado consideram esse pre­
ço dado (como em concorrência perfeita).
Cartel perfeito é o cartel no qual todas as empresas 
têm a mesma participação ou quota de produção. A 
administração do cartel fixa um preço comum, agin­
do como um bloco monopolista. É a chamada solu­
ção de monopólio do cartel.
Coeficiente técnico de produção: mede o que deter­
minado setor de atividade adquire de outro setor 
como insumo de produção, em relação ao valor to­
tal de sua produção. É obtido a partir da matriz 
insumo-produto.
Coeteris paribus: expressão latina que significa tudo o 
mais constante.
Concorrência monopolística (ou imperfeita) é a es­
trutura de mercado com inúmeras empresas, produ­
to diferenciado, livre acesso de firmas ao mercado.
Concorrência perfeita é a estrutura de mercado com 
número infinito de firmas, produto homogêneo, não 
existindo barreiras à entrada de firmas.
Consistência dinâmica da política monetária: refe­
re-se à situação em que a política monetária é rea­
lizada de acordo com regras e metas, não cedendo 
à tentação de adaptar-se à conjuntura econômica 
de curto prazo. Assim sendo, se o objetivo é reduzir 
de forma permanente a inflação, esse comportamen­
to é consistente na medida em que aumenta a 
credibilidade de política monetária, o que reduz as 
expectativas de inflação, auxiliando a política de 
estabilização.
Conta capital e financeira: item do Balanço de Paga­
mentos, que inclui as entradas e saídas de capitais, 
na forma de Investimentos Diretos, Empréstimos e 
Financiamentos. Antes denominada de Balanço ou 
Movimento de Capitais.
Conta de serviços e rendas é o item do balanço de 
pagamentos em que são lançadas as transações com 
serviços, como fretes, seguros, viagens internacio­
nais e rendas (juros, lucros, royalties, assistência 
técnica etc.)
Contabilidade social é o registro contábil da atividade 
econômica de um país, num dado período (normal­
mente um ano). Preocupa-se com a definição e os 
métodos de quantificação dos principais agregados 
macroeconômicos, como Produto Nacional, Consu­
mo Global, Investimentos, Exportações etc.
Controles de preços e salários (ou política de ren­
das) situam-se em categoria própria de política 
econômica. A característica especial é que, nesses 
controles, os agentes econômicos ficam proibidos 
de levar a cabo o que fariam, em resposta a influên­
cias econômicas normais do mercado (tabelamen- 
tos e congelamentos, fixação da política salarial).
Crescimento econômico é o crescimento contínuo da 
renda per capita ao longo do tempo.
Curto prazo é o período de tempo no qual existe pelo 
menos um fator de produção fixo.
Curva de Lafer: a partir de um certo nível da alíquota 
do imposto, a elevação da alíquota resulta numa 
queda da arrecadação global, devido tanto ao 
desestímulo sobre os negócios, como pela provável 
evasão fiscal, provocada tanto por sonegação, como 
pela elisão fiscal (redução da carga tributária, me­
diante expedientes tributários legais).
Curva de Phillips é a curva que revela que há uma 
relação inversa entre taxas de inflação e taxas de 
desemprego (versão original). Em sua versão 
aceleracionista, enfatiza também o papel das ex­
pectativas.
Curva (fronteira) de possibilidades de produção 
(CPP) representa a fronteira máxima que a econo­
mia pode produzir, dados os recursos produtivos li­
mitados. Mostra as alternativas de produção da so­
ciedade, supondo os recursos plenamente emprega­
dos.
Curva IS é a curva que representa o conjunto de pontos 
de equilíbrio da taxa de juros e do nível de renda no 
mercado de bens e serviços.
Curva LM é a curva que representa o conjunto de pon­
tos de equilíbrio da taxa de juros e do nível de renda 
no mercado monetário.
Custo de longo prazo: a longo prazo, só existem cus­
tos variáveis. O longo prazo é um horizonte de 
planejamento: as empresas têm um elenco de alter­
nativas, com diferentes escalas (tamanhos) de plan­
ta, e escolhem uma delas.
Custo de oportunidade é o grau de sacrifício que se 
faz ao optar pela produção de um bem, em termos 
da produção alternativa sacrificada. Também cha­
mado de custo alternativo ou custo implícito (por 
não envolver desembolso monetário).
Custo Fixo Médio (CFMe) é o custo fixo total dividido 
pela quantidade produzida.
Custo Fixo Total (CFT) é a parcela do custo que se 
mantém fixa, quando a produção varia (por exem­
plo, aluguéis); ou seja, são os gastos com fatores 
fixos de produção.
Custo Marginal (CMg) é a variação do custo total, 
dada uma variação na quantidade produzida.
Custo Total (CT) é o gasto total da empresa com fato­
res de produção. Compõe-se de custos variáveis e 
custos fixos.
Custo Total Médio (CTMe ou CMe) é o custo total 
dividido pela quantidade produzida. Também cha­
mado de custo unitário.
Custo Variável Médio (CVMe) é o custo variável total 
dividido pela quantidade produzida.
Custo Variável Total (CVT) é a parcela do custo que 
varia, quando a produção varia (salários e matérias- 
primas). Depende da quantidade produzida.
Custos contábeis envolvem dispêndio monetário. É o 
custo explícito, considerado na contabilidade pri­
vada.
Déficit de Caixa ou Execução Financeira do Tesou­
ro Nacional é a parcela do déficit público financia­
da pelas Autoridades.
Déficit Nominal (ou Necessidades Financeiras do 
Setor Público - conceito nominal) é o conceito 
mais abrangente de déficit, incluindo os juros e 
correções monetária e cambial da dívida passada.
Déficit Operacional (ou Necessidades de Financia­
mento do Setor Público - conceito operacional)
Glossário 4 2 1
inclui os juros reais da dívida pública, não conside­
rando a correção monetária e cambial.
Déficit Primário ou Fiscal são os gastos da adminis­
tração direta menos o total da arrecadação tributá­
ria do período corrente. Não inclui juros e correção 
da dívida passada.
Deflação ocorre quando retiramos o efeito da inflação 
das séries monetárias ou nominais. É calculada ba­
seada na divisão da série monetária por um índice 
de preços (chamado de deflator).
Demanda de moeda para transações é a parcela da 
demanda de moeda que o público retém com o 
objetivo de satisfazer a suas transações normais do 
dia-a-dia. Depende do nível de renda: maior o nível 
de renda, maior a necessidade de moeda para 
transações.
Demanda de moeda por especulação é a parcela da 
demanda de moeda que o público retém, com o 
objetivo de auferir algum ganho futuro na compra 
de ativos (títulos, imóveis etc.). Depende do nível 
das taxas de juros de mercado: maior a taxa de ju­
ros, mais as pessoas aplicarão em ativos, e menor a 
retenção de moeda para especulação.
Demanda de moeda por precaução é a parcela da 
demanda de moeda que as pessoas retêm para fazer 
face a imprevistos, como pagamentos inesperados 
ou recebimentos atrasados. Depende do nível de ren­
da: maior a empresa, ou mais ricos os indivíduos, 
maior a necessidade de guardar moeda por precau­
ção.
Demanda total de moeda é a soma da demanda por 
transações, da demanda por precaução e da deman­
da especulativa de moeda.
Depreciação é o consumo do estoque de capital físico, 
em determinado período.
Desemprego disfarçado ocorre quando a produtivi­
dade marginal da mão-de-obra é nula. Se diminuir 
a mão-de-obra empregada, o produto não cai. Por 
exemplo, numa agricultura de subsistência, a reti­
rada de um trabalhador da roçanão afeta o produ­
to agrícola.
Desemprego estrutural ou tecnológico: o desenvol­
vimento tecnológico do capitalismo, por ser capi- 
tal-intensivo, marginaliza a mão-de-obra. Também 
chamado de desemprego marxista.
Desemprego friccional (ou taxa natural de desem­
prego) dá-se em virtude da mobilidade transitória 
da mão-de-obra, entre regiões e setores da atividade. 
Por exemplo, o trabalhador que veio recentemente 
do interior e está procurando emprego na capital.
Desemprego involuntário ocorre quando os sindica­
tos fixam salários acima do salário de equilíbrio, o 
que faz com que uma parcela de trabalhadores,

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