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TEMA 3 - AULA 02 - DIREITO CONSTITUCIONAL DO TRABALHO

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AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL DO 
TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Sonia de Oliveira 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Não existem princípios informadores do direito do trabalho previstos 
expressamente na Constituição de 1988, mas é possível extrair na análise do texto 
da lei maior alguns princípios gerais que podem ser aplicados à disciplina, os quais 
serão estudados de forma indireta quando abordarmos as normas constitucionais 
gerais aplicáveis ao direito do trabalho, em aula futura. 
Então, estudaremos neste encontro os princípios específicos do direito do 
trabalho, ainda que não previstos constitucionalmente, pois também são uma 
forma de garantir os direitos sociais dos trabalhadores, descritos no art. 7º da 
Constituição de 1988. 
Ao final desta aula, será possível concluir que os princípios não têm apenas 
função informativa ou figurativa na solução de lides trabalhistas e na garantia de 
direitos, o que justifica o seu estudo específico e aprimorado. 
Serão objeto de estudo nesta aula princípio da proteção, princípio da 
irrenunciabilidade de direitos, princípio da continuidade da relação de emprego, 
princípio da primazia da realidade, princípio da razoabilidade e princípio da 
intangibilidade salarial. Em seguida, estudaremos a aplicação prática desses 
princípios pelos tribunais, tomando como base decisões do TRT da 9ª Região. 
A doutrina básica e recomendada para este estudo é a do autor uruguaio 
Americo Plá Rodrigues, cujo texto aprofundado é essencial neste assunto, por ser 
uma referência sempre atual, independentemente da época em que tenha sido 
escrito. 
CONTEXTUALIZANDO 
Vamos considerar a seguinte situação: você é procurado pelo seu cliente, 
sr. João, o qual informa que tem interesse de entrar com uma ação trabalhista 
contra a empresa em que trabalhava até o mês passado. Ele conta que foi 
dispensado sem justa causa, as verbas rescisórias já foram pagas e a CTPS foi 
anotada corretamente. 
Então, você questiona o sr. João sobre o seu horário de trabalho e se ele 
fazia horas extras. Sobre isso, João conta que batia cartão de ponto, mas na hora 
do almoço tinha que almoçar correndo e voltar a trabalhar. Então, quando 
completava uma hora de intervalo, ele saía do posto de trabalho e ia bater o ponto, 
para ficar com uma hora de intervalo corretamente registrada no documento. 
 
 
3 
Ele também diz que à tarde, pelos menos duas vezes por semana, batia o 
ponto para ir embora, mas tinha que voltar para o trabalho, quando, então, 
continuava trabalhando por mais uma hora. 
E então, como fica essa situação? O cartão ponto do sr. João está anotado 
de acordo com a lei, mas, de fato, ele trabalhava muito mais tempo do que o 
documento consigna. 
Será que o sr. João pode pedir horas extras? Será que algum princípio de 
direito do trabalho pode auxiliar João nesta situação? Com certeza, ao final desta 
aula, você poderá responder esta pergunta com segurança. 
TEMA 1 – PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO 
O princípio da proteção, como o próprio nome já indica, tem o objetivo de 
proteger o trabalhador na relação de emprego, como forma de compensar a 
superioridade econômica do empregador, o qual agrega tal condição em relação 
àquele (Martins, 2013, p. 72). 
Maurício Godinho Delgado informa que este princípio é considerado 
“cardeal” do direito do trabalho, pois reflete em toda a estrutura e nas 
características de ramo jurídico especializado (Delgado, 2012, p. 193). 
Américo Plá Rodriguez ensina que o princípio da proteção “está ligado à 
própria razão de ser do Direito do Trabalho”, pois a liberdade de contratação, por 
envolver partes de diferentes níveis econômicos, resultaria em diversas formas de 
exploração, incluindo as mais abusivas (1996, p. 30). 
Para Américo Plá Rodrigues, o princípio da proteção se desdobra em três 
outros subprincípios: in dubio pro operário, regra da aplicação da norma mais 
favorável e regra da condição mais benéfica. 
Para Maurício Godinho Delgado, na condição de princípio tutelar, o 
princípio da proteção não se limita a esses três desdobramentos, mas atua na 
condição de agente inspirador de todo o complexo de regras, princípios e institutos 
do direito do trabalho (Delgado, 2012, p. 194). 
Ainda que sejam de grande importância os ensinamentos de Delgado, o 
princípio da proteção será analisado sob a ótica de Américo Plá Rodrigues. 
Normalmente, as legislações tendem a proteger o réu devedor (favor pro 
reo), mas no direito do trabalho essa condição não é atendida se considerarmos 
que o devedor, nessa hipótese, é o empregador. Isso se deve ao fato de na 
relação de trabalho a parte hipossuficiente da relação ser o trabalhador (credor), 
 
 
4 
em desvantagem à condição econômica do empregador. Portanto, busca-se 
proteger a parte mais frágil da relação, ainda que seja ela a parte credora. 
Contudo, como ressalta Maurício Godinho Delgado, havendo dúvida do juiz 
quanto ao conteúdo probatório formado no processo, ele deverá decidir 
desfavoravelmente àquele que tinha o ônus de fazer a prova e não o fez, sem 
aplicar, nesta hipótese, o princípio do in dubio pro operario (Delgado, 2012, p. 
208). 
A aplicação da norma mais favorável deve atender a três situações: no 
instante da elaboração da regra (orientação legislativa, portanto); no confronto de 
regras concorrentes (hierarquização das normas trabalhistas); e no contexto de 
interpretação das regras jurídicas (revelação do sentido da regra trabalhista) 
(Delgado, 2012, p. 194). 
A norma mais favorável: na fase legislativa (essencialmente política), o 
princípio é apenas informativo, agindo como fonte material para elaboração da 
norma trabalhista. A influência exercida pelo princípio nesta fase é muito evidente, 
especialmente nos governos democráticos. Já na fase jurídica, após a 
constituição da regra, portanto, tal princípio atua como critério de hierarquia de 
regras jurídicas, bem como princípio de interpretação destas regras (Godinho, 
2012, p. 195). 
Como critério de hierarquia, colabora para eleger a regra que deve 
prevalecer no caso concreto em detrimento de outras, sempre considerando a 
mais benéfica ao empregado, contudo não pode se sobrepor ao caráter 
sistemático da norma jurídica já cientificado (por exemplo, regra de convenção 
coletiva de trabalho não pode se sobrepor a previsão constitucional). Já como 
princípio de interpretação do direito, permite que a norma seja interpretada de 
forma a beneficiar o trabalhador caso haja duas ou mais formas de “leitura” de seu 
conteúdo, sendo vedado, contudo, ao aplicador suplantar critérios científicos 
impostos pela hermenêutica jurídica (Godinho, 2012, p. 195). 
TEMA 2 – PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE DOS DIREITOS 
TRABALHISTAS E DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO 
Neste tema, vamos estudar dois princípios: da irrenunciabilidade dos 
direitos trabalhistas e da continuidade da relação de emprego. 
 
 
5 
São princípios independentes, porque se aplicam na vigência do contrato 
de trabalho, mas também podem servir de instrumento para a garantia de direitos 
em ação trabalhista posterior. 
2.1 Princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas 
O nome do princípio já remete ao seu significado: ao empregado, é vedado 
renunciar a direitos laborais previstos na lei constitucional e nas demais normas 
infraconstitucionais. 
Há autores que criticam o fato de se nomear este princípio como de 
“irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas”, a exemplo de Maurício Godinho 
Delgado, que entende a impropriedade do termo irrenunciabilidade por não revelar 
toda a amplitude do princípio, porque se trata a renúncia de ato unilateral, e a 
indisponibilidade também abrange os atos bilaterais de disposição de direitos 
(Delgado, 2010, p. 138). 
Traduz-se na inviabilidade técnico-jurídica de o empregado poder despojar-
se de suas proteções e vantagens asseguradaspela ordem jurídica por simples 
manifestação de vontade, constituindo-se, desta forma, no “principal veículo 
utilizado pelo Direito do Trabalho para tentar igualizar, no plano jurídico, a 
assincronia clássica existente entre os sujeitos da relação socioeconômica de 
emprego” (Delgado, 2009, p. 186). 
2.2 Princípio da continuidade da relação de emprego 
Entender a relação de emprego como um contrato de trato sucessivo, cujo 
cumprimento não se dá mediante a execução de único ato, pois perdura no tempo, 
ajuda na compreensão da ideia central do princípio em análise. Trata-se de uma 
vinculação prolongada e nunca de natureza efêmera (Rodriguez, 1996, p. 138). 
Apesar de ser um princípio direcionado ao trabalhador, é possível defender 
a existência de benefícios aos empregadores, pois a permanência do empregado 
no mesmo posto de trabalho lhe confere experiência e, por consequência, um 
serviço mais bem executado (Rodrigues, 1996, p. 141). 
A continuidade do trabalhador no emprego provoca três correntes de 
repercussões favoráveis ao empregado: tendencial elevação dos direitos 
trabalhistas, o que pode se dar de diversas formas, entre elas avanço da 
legislação, convenções coletivas de trabalho, conquistas especificamente aos 
 
 
6 
contratos de trabalho; investimento educacional e profissional do empregador aos 
empregados de longos contratos, pois é uma forma de elevar a produção e os 
custos trabalhistas e, ainda, atua como faceta do papel social da empresa e da 
propriedade potencializando o ser humano que trabalha; favorecimento do 
indivíduo por este longo contrato, pois a renda por ele constantemente auferida 
permite sua integração na sociedade (Godinho, 2012, p. 203-204). 
A Constituição de 1988 protege a relação de emprego ao prever que a 
dispensa do empregado não deve ser arbitrária, tanto na modalidade com como 
na sem justa causa, sob pena de indenização compensatória, conforme disposto 
no art. 7º, inciso I, do seu texto. Ocorre que este artigo nunca foi regulamentado 
por lei complementar, então não há, atualmente, qualquer indenização prevista 
para os casos de abusos do empregador. 
TEMA 3 – PRINCÍPIOS DA PRIMAZIA DA REALIDADE E DA RAZOABILIDADE 
O princípio da primazia da realidade e o da razoabilidade incidem sobre o 
dia a dia do contrato de trabalho. O primeiro estabelece que o que vale e deve ser 
considerado para todos os fins, inclusive processuais, é a real intenção dos 
agentes e fatos efetivamente ocorridos na prestação do labor. Já o segundo define 
que as decisões que se aplicam a situações fáticas da relação laboral devem ser 
tomadas com ponderação. 
3.1 Princípio da primazia da realidade 
O princípio da primazia da realidade remete à ideia de que a realidade dos 
fatos ocorridos durante o contrato de trabalho sempre deve prevalecer em relação 
ao disposto em documentos ou acordos formais assinados pelas partes 
contratantes (Rodriguez, 1996, p. 217). 
3.2 Princípio da razoabilidade 
A ideia de razoabilidade enquanto princípio impõe às partes o dever de, em 
se tratando de direito do trabalho, atuar razoavelmente nas decisões quotidianas, 
o que também é elementar a todos os ramos do direito. A arbitrariedade é a 
contrapartida da razoabilidade em todas as esferas (Rodriguez, 1996, p. 257). 
Especialmente em relação ao direito do trabalho, este princípio pode ser 
aplicado para medir a verossimilhança de determinada explicação ou solução e 
 
 
7 
para frear certas faculdades, cuja amplitude se possa prestar à arbitrariedade 
(Rodriguez, 1996, p. 257-258). 
Na prática, este princípio é utilizado, por exemplo, como balizador da 
proporcionalidade existente entre eventual falta laboral cometida pelo trabalhador 
e a sanção aplicada a ele pelo empregador. Assim, pode-se considerar totalmente 
desproporcional dispensar por justa causa o empregado que falta ao trabalho sem 
justificativa. A falta pode ser considerada leve, e a medida, extremada. Este é um 
exemplo grosseiro, mas esboça de maneira didática a forma como os Tribunais 
do Trabalho aplicam este princípio. 
TEMA 4 – PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL 
O salário é o instrumento que permite ao trabalhador promover seu 
sustento próprio e da sua família, tratando-se de um direito fundamental, já que 
permite a subsistência de todos (parcela de natureza alimentar). 
Dispõe o art. 7º, inciso IV, da Constituição de 1988 que é direito do 
trabalhador o recebimento de salário mínimo que garanta o seu sustento e de seus 
dependentes. Vejamos: 
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de 
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com 
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, 
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe 
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para 
qualquer fim; (Brasil, 1988) 
A Constituição também protege o salário ao prever expressamente no art. 
7º, inciso X, que a sua retenção dolosa é crime, ou seja, todo e qualquer desconto 
que não seja legalmente previsto (como INSS e vale transporte, por exemplo) é 
considerado abusivo, o que pode fazer a empresa ser condenada judicialmente a 
devolver o valor retido. 
Ainda é previsto constitucionalmente o direito de irredutibilidade salarial 
(salvo por acordo ou convenção coletiva), de modo que ao empregador é vedado 
reduzir o salário do empregado se dele continuar a exigir o mesmo labor com a 
mesma carga horária. O salário também não pode ser inferior ao mínimo legal 
para aqueles trabalhadores que recebem remuneração variável (apenas comissão 
de vendas, por exemplo). 
 
 
8 
O 13º salário é outra previsão constitucional, constante no art. 7º, inciso 
VIII, como forma de uma gratificação natalina ao empregado, que já era previsto 
antes do Texto Maior de 1988 e a ele foi incorporado. 
Vemos, portanto, que diversas são as previsões em relação ao salário do 
empregado na Constituição, dada a sua importância alimentar, pelo que se 
defende como princípio a sua intangibilidade. 
Neste sentido é o entendimento de Maurício Godinho Delgado: 
O atual princípio justrabalhista projeta-se em distintas direções: garantia 
do valor do salário; garantias contra mudanças contratuais e normativas 
que provoquem a redução do salário (aqui o princípio especial 
examinado se identifica pela expressão princípio da irredutibilidade 
salarial, englobando-se também contra práticas que prejudiquem seu 
efetivo montante – trata-se dos problemas jurídicos envolventes aos 
descontos no salário do empregado (o princípio aqui também tende a se 
particularizar em uma denominação diferente: princípio da integralidade 
salarial): finalmente garantias contra interesses contrapostos de 
credores diversos, sejam do empregador, sejam do próprio empregado. 
(Delgado, 2012, p. 202) 
TEMA 5 – APLICABILIDADE PRÁTICA DOS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO 
TRABALHO 
Após a análise dos princípios aplicáveis ao direito do trabalho, pode-se ter 
a falsa impressão de que a matéria é teórica e não importa para a prática 
trabalhista. Engana-se quem pensa dessa forma. 
Os princípios do direito do trabalho são invocados constantemente em 
julgados para fundamentar decisões judiciais, deferindo ou não os pedidos 
formulados pelas partes reclamantes nos processos judiciais. 
Saiba mais 
Para ilustrar a aplicação prática dos princípios do direito do trabalho, são 
indicados os seguintes julgados: 
a) Princípio da Proteção – in dubio pro operario 
TRT-PR-28-01-2011 PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO OPERARIO. 
APLICABILIDADE. O princípio do in dubio pro operario tem aplicação nas 
hipóteses em que há dúvidas quanto à interpretação de dispositivos normativos, 
aí sim sendo cabível decidir-se de forma mais favorável ao trabalhador. Já 
quando há conflito entre elementos de prova constantes do processo, devem 
ser aplicadas as disposições legais que regem a distribuição do ônus 
probatório, decidindo-sea questão em desfavor a quem detinha o ônus. TRT-
PR-01504-2009-245-09-00-1-ACO-02638-2011 - 4A. TURMA Relator: MÁRCIA 
DOMINGUES Publicado no DEJT em 28-01-2011 
 
 
9 
b) Princípio da Proteção – aplicação da norma mais favorável 
TRT-PR-06-06-2008 PRINCÍPIO "IN DUBIO PRO MISERO". PRINCÍPIO DA 
PROTEÇÃO AO TRABALHADOR. PRINCÍPIOS NÃO APLICÁVEIS AO 
PROCESSO DO TRABALHO, MAS SIM AO DIREITO MATERIAL DO 
TRABALHO - O princípio da proteção ao empregado rege o direito material do 
trabalho. A regra da aplicação da norma mais favorável significa que, caso haja 
uma pluralidade de normas aplicáveis a uma relação de trabalho específica, 
deve-se optar por aquela que seja mais favorável ao trabalhador. Neste mesmo 
sentido, independentemente da sua colocação na escala hierárquica das 
normas jurídicas, aplica-se, em cada caso, a que for mais favorável ao 
trabalhador. O processo do trabalho, a despeito de sua simplicidade, não se 
pauta pelo princípio da proteção ao trabalhador nem pelo princípio "in dubio pro 
misero", mas segundo os princípios atinentes à teoria geral da prova. Na 
ausência de meios de prova, ou sua insuficiência, ou ainda se ocorrer a 
chamada "prova dividida", a lide deve ser solucionada considerando-se a quem 
incumbia o ônus da prova quanto aos fatos alegados na petição inicial ou na 
contestação (art. 818 da CLT e art. 333 do CPC). Ressalte-se que ao Juiz é 
licito julgar a causa segundo seu livre convencimento motivado (art. 131 do 
CPC), cabendo-lhe a valoração dos meios de prova. Desta forma, deve o 
Julgador apreciar livremente os meios de prova produzidos durante a instrução 
processual e decidir de acordo com o seu convencimento, fundamentando os 
motivos de sua decisão (art. 93, X, da CRFB/1988), a qual deve pautar-se pelos 
ditames legais. Recurso do reclamante ao qual se nega provimento, no 
particular. TRT-PR-04426-2007-021-09-00-9-ACO-19129-2008 - 1A. TURMA 
Relator: EDMILSON ANTONIO DE LIMA Publicado no DJPR em 06-06-2008 
c) Princípio da Proteção – regra da condição mais benéfica 
TRT-PR-20-08-2013 COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. PREVI. 
ESTATUTOS DE 1980 E 2006. ALTERAÇÃO PREJUDICIAL. PRINCÍPIO DA 
CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA. As alterações promovidas no Estatuto PREVI de 
2006, no que tange ao cálculo do complemento de aposentadoria da parte 
autora, por se tratarem de modificações prejudiciais que importam na redução 
do valor inicial do benefício, acarretam o acolhimento do pleito de pagamento 
das diferenças de complementação de aposentadoria decorrentes da 
observância das regras mais favoráveis estipuladas no Estatuto PREVI de 
1980, vigente quando da formação do contrato de trabalho entre as partes. 
Aplicação da Súmula 288 do C. TST. TRT-PR-08622-2010-008-09-00-8-ACO-
32913-2013 - 4A. TURMA Relator: LUIZ CELSO NAPP Publicado no DEJT em 
20-08-2013 
d) Princípio da Irrenunciabilidade de Direitos 
TRT-PR-08-07-2008 DIREITOS TRABALHISTAS - IRRENUNCIABILIDADE - 
Vigora no direito do trabalho o princípio da irrenunciabilidade dos direitos 
trabalhistas. Dessa forma, compete à reclamada produzir prova cabal e robusta 
quanto à alegação de renúncia da estabilidade do empregado cipeiro, não 
podendo a situação gerar nenhuma dúvida quanto à veracidade do termo de 
renúncia, sob pena de não se desvencilhar a ré do seu ônus probatório. 
TRT-PR-14656-2006-008-09-00-5-ACO-23954-2008 - 4A. TURMA Relator: 
MÁRCIA DOMINGUES Publicado no DJPR em 08-07-2008 
e) Princípio da Continuidade da Relação de Emprego 
TRT-PR-12-03-2013 EXTINÇÃO CONTRATUAL - AUSÊNCIA DE PROVA - 
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO. Os elementos 
probatórios voltados à caracterização da extinção contratual, seja a prova 
 
 
10 
documental (termo de rescisão), seja a prova oral, não se encontram no mundo 
dos autos, não se tratando de fato público e notório, não podendo, enfim, ser 
reconhecida a ruptura por via de presunção ou por meros indícios, haja vista o 
interesse do trabalhador na manutenção do vínculo empregatício (princípio da 
continuidade da relação de emprego - Súmula 212/TST), ante a natureza 
eminentemente alimentar do contrato de trabalho. Não demonstrada a 
formalização da rescisão contratual, alegada em contestação, cujo encargo 
processual competia ao reclamado (art. 477 da CLT c/c Súmula 212/TST), não 
há como se antecipar a data de ruptura do pacto laboratício, prevalecendo 
aquela cuja anotação foi determinada em sentença. Recurso da parte 
reclamada ao qual se nega provimento. TRT-PR-00455-2012-657-09-00-8-
ACO-08133-2013 - 4A. TURMA Relator: CÁSSIO COLOMBO FILHO Publicado 
no DEJT em 12-03-2013 
f) Princípio da Primazia da Realidade 
TRT-PR-04-06-2013 VÍNCULO DE EMPREGO. DESCARACTERIZAÇÃO DA 
PESSOA JURÍDICA. FRAUDE. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. 
Por força do princípio da primazia da realidade que vige no Direito do Trabalho, 
a constituição da pessoa jurídica pode perfeitamente ser descaracterizada para 
fins de reconhecimento de vínculo de emprego, caso reste demonstrada a 
existência de fraude e a prestação de serviços pela pessoa física, tal como 
ocorrido no caso presente. Atendidos também os demais requisitos do artigo 3º 
da CLT, inafastável a declaração da natureza empregatícia da relação. 
Sentença mantida. TRT-PR-27593-2011-010-09-00-0-ACO-20918-2013 - 6A. 
TURMA Relator: SUELI GIL EL-RAFIHI Publicado no DEJT em 04-06-2013 
g) Princípio da Razoabilidade 
TRT-PR-23-03-2012 Acordo em Câmara de Conciliação Prévia- 
Desconhecimentos, ameaças e coação - Nulidade É nulo acordo em Câmara 
de Conciliação Prévia quando não fruto de diálogo franco e aberto e sem 
amplos esclarecimentos ao trabalhador, tanto sobre os direitos transacionados 
como sobre os efeitos da quitação, respeitado o princípio da razoabilidade. Pior 
ainda quando se somam a ausência de regular assistência, ao menos por 
representante de classe, e assinatura do documento, sob ameaça de 
retaliações para novo emprego. TRT-PR-31329-2010-041-09-00-9-ACO-
12214-2012 - 2A. TURMA Relator: MÁRCIO DIONÍSIO GAPSKI Publicado no 
DEJT em 23-03-2012 
h) Princípio da Intangibilidade Salarial 
EMENTA: DESCONTOS SALARIAIS. USO DE TELEFONE FORNECIDO 
PELA EMPRESA. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO. ILICITUDE. O princípio da 
intangibilidade salarial insculpido no artigo 462 da CLT, não é absoluto. 
Entretanto, somente podem ser considerados legítimos os descontos realizados 
pelo empregador quando houver consentimento expresso do empregado e não 
existir prova de que foi obtido mediante coação, conforme diretriz sufragada na 
Súmula nº 342 do colendo Tribunal Superior do Trabalho (TST), não se 
admitindo autorização tácita. Ausente prova de autorização, são ilícitos os 
descontos pelo uso de telefone, cabendo a respectiva devolução. Recurso 
ordinário da reclamada conhecido e desprovido. TRT-PR-11312-2015-663-09-
00-6-ACO-33873-2017 - 7A. TURMA Relator: ALTINO PEDROZO DOS 
SANTOS Publicado no DEJT em 24-11-2017. 
 
 
11 
Os julgados antes citados são todos do TRT da 9ª Região, mas é possível 
afirmar com segurança que decisões que fazem referência aos princípios do 
direito do trabalho serão encontradas em tribunais de todas as regiões do país, 
no que se inclui, certamente, o Superior Tribunal do Trabalho. 
FINALIZANDO 
Com este estudo dos princípios, finalizamos mais uma aula. A partir do 
conteúdo estudado, aprendemos que os princípios aplicáveis ao direito do trabalho 
não são somente acessórios, uma vez que podem ser utilizados diretamente como 
fundamento para garantir direitos e exigir obrigações. 
O estudo não abordou todos os princípios de direito do trabalho, já que são 
muitos e bastante variados na melhor doutrina trabalhista, mas foram abordados os 
mais recorrentes na busca pela proteção do trabalhador. Algum deles estão 
previstos diretamente na Constituição de 1988, como o da intangibilidade salarial, 
e outros são decorrentes da interpretação das normas e da própria razão de ser do 
direito do trabalho. 
Lembramos que foram estudados os seguintes princípios: princípioda 
proteção, princípio da irrenunciabilidade de direitos, princípio da continuidade da 
relação de emprego, princípio da primazia da realidade, princípio da razoabilidade 
e princípio da intangibilidade salarial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: LTr, 2011. 
RODRIGUEZ, A. P. Princípios de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1996.

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