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FERNANDA MARIA ZICHIA ESCOBAR 
Resumão Jurídico [U] 
PROCESSO PENAL 
Conceito 
O Processo Penal é o conjunto de princípios e normas que 
disciplinam a composição das lides penais, por meio da 
aplicação do Direito Penal. É regulamentado pela 
Constituição Federal, pelo Código de Processo Penal 
(Decreto-Lei 3.689/41) e por leis especiais. 
Lei processual penal no espaço -De acordo com o 
art. 1 º, o Código de Processo Penal aplica-se em todo 
o território nacional, ressalvadas eventuais exceções
decorrentes de tratados, convenções ou regras de Direito 
Internacional. No entanto, podem ser aplicadas regras 
atinentes a leis especiais, como, por exemplo, a Lei
9.099/95, referente a apuração de infrações de menor
potencial ofensivo.
Lei processual penal no tempo -O art. 2º do CPP dis­
põe que a lei processual penal aplicar-se-á sem prejuízo 
dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. Trata­
se do princípio da imediata aplicação da nova lei pro­
cessual. Sendo assim, uma lei processual que entra em 
vigor durante a tramitação de uma ação em que se está 
apurando uma infração penal ocorrida no passado será 
aplicada de imediato, seja ou não benéfica ao acusado. 
Entretanto, os atos já praticados serão válidos. 
INQUÉRITO POLICIAL 
Arts. 4° a 23 
É um procedimento administrativo-informativo des­
tinado à reunião de elementos sobre uma infração penal. 
Não é obrigatório, pois, se já há elementos suficientes 
para propor a ação penal, sua instauração torna-se dis­
pensável. Tratando-se de infração de menor potencial 
ofensivo, será lavrado termo circunstanciado. 
Principais características 
a) é escrito; b) é sigiloso; e) é discricionário: a auto­
ridade policial comanda as investigações como achar 
melhor; d) é indisponível: após instauração do IP, a auto­
ridade policial jamais poderá arquivá-lo; e) é inquisiti­
vo: não está sujeito ao princípio do contraditório, em 
que se apresentam acusação e defesa. 
Noticia criminis - É o conhecimento que a autorida­
de policial tem de um fato aparentemente criminoso. A 
notícia pode também ser levada ao conhecimento da 
autoridade pelo próprio ofendido ou seu representante, 
denominando-se então delatio criminis. 
Tratando-se de crime de ação penal pública condicio­
nada, o inquérito somente poderá ser instaurado com a 
autorização expressa do ofendido ou de seu representante 
legal ou com a requisição do ministro da Justiça. Se a ocor­
rência versar sobre crime de ação penal privada, a autori­
dade só poderá agir com o requerimento do ofendido ou seu 
representante legal, solicitando a abertura do inquérito. 
Formas de abertura do IP 
a)portaria do delegado: a autoridade policial declara o
conhecimento da prática de um fato com as caracterís­
ticas de crime, mencionando o local, o dia, a hora, a
pessoa que praticou e aquela que sofreu a ação;
b)requerimento do ofendido ou de seu representante
legal, nos crimes de ação penal privada; caso o dele­
gado se negue a instaurar o IP, caberá recurso inomi­
nado (administrativo) dirigido ao chefe de Polícia;
e) requisição do juiz ou do promotor (também denomi­
nado oficio requisitório);
d)representação do ofendido ou requisição do ministro
da Justiça, nos crimes em que a lei exige expressa­
mente essas condições;
e)auto de prisão em flagrante: quando o sujeito é preso
em flagrante delito.
Dispõe o § 3° do artigo 304 que quando o acusado se
recusar a assinar o auto de prisão em flagrante, não sou­
ber ou não puder fazê-lo, o auto será assinado por duas 
testemunhas que tenham ouvido sua leitura na presença 
deste (redação dada pela Lei 11.113/05, que alterou o 
caput e o § 3° do artigo 304). 
Nota de culpa -É a comunicação feita ao preso, con­
tendo o motivo de sua prisão e o artigo que foi violado. 
Interrogatório -Deve ser assinado pelo delegado, pelo 
escrivão, pelo interrogado e por duas testemunhas que 
tenham ouvido a leitura. 
Identificação - O art. 5°, LVIII, da CF dispõe que "o 
civilmente identificado não será submetido a identifi­
cação criminal salvo nas hipóteses previstas em lei". 
Admite-se a identificação criminal, independentemente 
da civil, na hipótese prevista na Lei de Repressão ao 
Crime Organizado e no art. 3° da Lei 1 0.054/00. 
lndiciamento -É a imputação a alguém no IP da prá­
tica de ilícito penal sempre que houver razoáveis indícios 
de sua autoria. 
Pericia e exames -A autoridade policial deverá, se for 
o caso, proceder a exame de corpo de delito e a quais­
quer perícias.
Encerramento e andamento -A peça que encerra o IP 
é o relatório do delegado. Os prazos para o término são 
de dez dias para indiciado preso e de 30 dias para indi­
ciado solto. Há exceções, como nos crimes de tóxicos 
(cinco dias para o indiciado preso, 30 dias para o indi­
ciado solto) e nos crimes da competência da Justiça 
Federal (prazo de 15 dias para o indiciado preso). 
Depois de concluído, o IP é remetido ao juizo. O magis­
trado determinará a abertura de "vista" do inquérito ao 
promotor de Justiça, que poderá tomar as seguintes pro­
vidências: 
a)oferecer a denúncia, no caso de crime de ação penal
pública incondicionada;
b)concluindo que os fatos contidos no inquérito não tra­
duzem crime, requerer o arquivamento ao juiz. Se o juiz 
concordar com o pedido, determinará o arquivamen­
to do inquérito. Caso discorde, remeterá os autos de 
inquérito ao procurador-geral da Justiça para o com­
petente exame. Só o juiz pode arquivar o IP, median­
te requerimento do promotor ou por determinação do 
procurador-geral da Justiça; 
e) se julgar necessárias novas diligências, requerer a devo­
lução do inquérito à delegacia.
AÇÃO PENAL 
Conceito 
É o direito subjetivo público de pleitear ao Poder 
Judiciário a aplicação do direito penal objetivo. 
Condições da ação penal 
1. possibilidade jurídica do pedido;
2. legitimidade para agir;
3. interesse legítimo ou interesse de agir.
Espécies
Levando em conta o sujeito que a promove, a ação
penal pode ser pública ou privada. 
Ação penal pública 
E promovida por membro do MP, com o oferecimento 
da denúncia, que é a petição inicial dessa ação. Pode ser: 
a)incondicionada: quando seu exercício não depende de 
manifestação de vontade de quem quer que seja; 
b)condicionada: quando a propositura da ação penal 
depende de uma manifestação de vontade; esta se cris­
taliza em um ato que se chama representação do ofen­
dido ou requisição do ministro da Justiça. 
Ação penal privada 
E promovida pelo particular. Sua peça inicial é a quei­
xa-crime oferecida pelo ofendido ou seu representante 
legal, dirigida ao juiz de direito da Vara Criminal. 
As modalidades de ação penal privada são: 
a) propriamente dita: somente pode ser exercida pela víti­
ma, por quem legalmente a represente e, no caso de 
morte, por qualquer uma das pessoas citadas no art. 31; 
b)subsidiária da pública: é promovida por meio de queixa, 
quando, embora se trate de crime de ação pública, houver 
inércia do promotor de Justiça em oferecer a denúncia; 
e) personallssima: seu exercício cabe apenas ao ofendi­
do; o direito de queixa não se transmite para os suces­
sores.
Obseniação: os artigos citados são do Código de Processo Penal, salvo indicação em contrário. 
Princípios gerais da ação penal 
São aqueles princípios que se aplicam a toda e qual­
quer forma de ação penal (pública ou privada): 
1. Principio da verdade real -O processo penal busca
descobrir efetivamente como os fatos se passaram,
não admitindo ficções e presunções processuais, dife­
rentemente do que ocorre no processo civi 1.
2. Principio do contraditório (art. 5°, LV, CF)-As partes
devem ser ouvidas e ter oportunidade de se manifes­
tar em igualdade de condições. Não vigora esse prin­
cípio na fase de inquérito.
3. Principio da ampla defesa (art. 5°, LV, CF) -Aos acu­
sados em processo penal são assegurados todos os
meios lícitos de defesa.
4. Principio da intranscendência -A ação penal é limita­
da ao ofensor (réu ou querelado), não atingindo seus
familiares.
5. Principio da verdade real-O juiz, deoficio, pode deter­
minar qualquer diligência a fim de descobrir a verda­
de real dos fatos que são objeto da ação penal.
6. Principio da presunção de inocência (art. 5º, LVII,
CF)-Ninguém poderá ser considerado culpado antes 
do trânsito em julgado da sentença penal condena­
tória. Entretanto, esse princípio não proíbe a decre­
tação da prisão processual do réu antes do trânsito
em julgado da condenação, uma vez que a própria CF
admite essa prisão, desde que preenchidos certos
requisitos.
7. Principio do devido processo legal (art. 5º, LIV, CF) -
Ninguém será privado de sua liberdade sem o devido
processo legal.
8. Principio da vedação da prova ilícita (art. 5º, LVI, CF)
-São inadmissíveis em processo penal as provas obti­
das por meio ilícito.
9. Principio in dubio pro reo -Significa que, na dúvida,
deve-se optar pela solução mais favorável ao acusado.
10. Principio da iniciativa das partes -O juiz não pode dar
início a ação penal.
11. Principio da oficiosidade -Encerrada uma fase pro­
cessual, o juiz, de oficio, deve determinar que se passe
à fase seguinte.
12. Principio da vedação do julgamento extra petita -
Deve haver correlação entre o fato descrito na inicial
e a sentença proferida pelo juiz.
13. Principio da publicidade -As audiências, sessões e atos 
processuais são públicos.
14. Principio da identidade física do juiz - Este princí­
pio não vigora no processo penal. Por tal princípio,
o juiz que colhe a prova deve ser o mesmo a profe­
rir a sentença.
Ação civil ex delicto
De acordo com o Código Civil, a responsabilidade 
civil é independente da responsabilidade penal. Assim, 
é possível que corram paralelamente ações penal e 
civil, visando esta à reparação do dano causado pelo ato 
ilícito praticado. Apesar da regra da separação das 
jurisdições penal ·e civil, prevê a lei que a condenação 
penal irrecorrível faz coisa julgada no cível para fins 
de reparação do dano, tendo a natureza de título exe­
cutório que permite apenas a discussão sobre o quan­
tum indenizatório, não podendo mais o juízo cível rea­
brir questão sobre a responsabilidade pelo fato crimi­
noso, posto que esta já foi reconhecida em sentença 
condenatória irrecorrível. Cumpre mencionar que um 
dos efeitos da condenação passada em julgado é "tor­
nar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo 
crime" (art. 91 ). 
O art. 66 prevê: "Não obstante a sentença absolutória 
no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quan­
do não tiver sido, categoricamente, reconhecida a ine­
xistência material da infração". Portanto, só faz coisa 
julgada no cível, impedindo a propositura da ação civil, 
a sentença absolutória que reconhece expressamente a ine­
xistência material do fato, conforme previsto no art. 386, 
1. Assim, baseando-se a absolvição nos demais incisos
desse artigo, permite-se a propositura da ação civil ex 
delicto, visando ao ressarcimento do dano.
COMPETÊNCIA 
Competência é a medida e o limite da jurisdição. Ê a deli­
mitação do poder jurisdicional. O juiz não pode julgar 
todas as causas e a jurisdição não pode ser exercida ilimi­
tadamente; assim, ela é distribuída, por lei, entre os vários 
órgãos do Poder Judiciário, por meio da competência. 
O art. 69 estabelece que a competência jurisdicional 
será determinada: 
1 -Pelo lugar da infração -O art. 70, caput, determina 
que o foro competente será firmado pelo local da con­
sumação do crime. 
11 -Pelo domicilio ou residência do réu -Segundo o art. 
72, caput, não sendo conhecido o lugar da infração, a 
competência será firmada pelo local do domicílio ou 
residência do réu. Há, entretanto, uma exceção expres­
sa no art. 73, que estabelece: na ação penal privada 
exclusiva, mesmo sendo conhecido o lugar da infra­
ção, a vítima pode optar por dar início ao processo no 
foro do domicílio/residência do réu, não valendo para 
ação subsidiária da pública. 
III - Pela natureza da infração -Com a utilização dos 
dois primeiros critérios, necessariamente já estará fixa­
da a comarca competente. Dentro dessa comarca, o 
julgamento poderá ficar a cargo da Justiça Especial 
ou da Justiça Comum, dependendo da espécie da 
infração penal cometida. A Justiça Especial divide-se 
em Justiça Militar (para apurar crimes militares) e 
Justiça Eleitoral (para apurar crimes eleitorais). Já a 
Justiça Comum divide-se em Federal e Estadual. 
IV - Pela distribuição e prevenção -Ê possível vários 
juízes igualmente competentes para o caso. Por exem­
plo, quando é cometido um furto na cidade de São 
Paulo, que possui 30 juízes criminais, em princípio, 
todos eles têm competência para julgar o delito. Nessa 
situação, verificar-se-á a prevenção se um deles adian­
tar-se aos demais na prática de algum ato do proces­
so, como concessão de fiança ou pedido de explicações. 
Não havendo qualquer juiz prevento, será feita a dis­
tribuição, que é um sorteio para a fixação de determi­
nado juiz para a causa. 
V -Pela conexão ou continência -Quando existe algum 
vínculo entre duas ou mais infrações, estabelece a lei 
que deve existir um só processo. Conexão é o víncu­
lo, nexo, relação, ou seja, é a idéia de que uma coisa 
está ligada a outra; a continência ocorre quando uma 
causa está contida na outra, não sendo possível a cisão 
-art. 77 (ex.: quando duas ou mais pessoas forem acu­
sadas pela mesma infração). 
VI - Por prerrogativa de função -Em face da relevân­
cia do cargo ou da função exercida por determinadas 
pessoas, são elas julgadas originariamente por órgãos 
superiores da jurisdição e não por órgãos comuns (ex.: 
o STJ é competente para julgar originariamente gover­
nadores de Estado).
Questões e processos incidentes 
Incidente é o que ocorre, sobrevém, acessório, super­
veniente, isto é, todas aquelas controvérsias que devem ser 
decididas pelo juiz antes de solucionar a lide principal. 
Tais questões prévias a que deve o julgador ater-se antes 
de enfrentar o mérito da causa principal dividem-se em: 
a) Questões prejudiciais (arts. 92 a 94)- São aquelas relati­
vas a um elemento constitutivo do crime e que subordi­
nam, necessariamente, a decisão da causa principal. Nesses 
casos, há relação de dependência lógica entre a questão 
prejudicial e a questão principal (ou prejudicada). 
b) Processos incidentes -São as exceções ( arts. 95 a 111 ),
as incompatibilidades e impedimentos (art. 112), o 
conflito de jurisdição (arts. 113 a 1 17), a restituição de 
coisas apreendidas (arts. 118 a 124), as medidas asse­
curatórias (arts. 125 a 144), o incidente de falsidade
(arts. 145 a 148) e o incidente de insanidade mental do 
acusado (arts. 149 a 154).
EXCEÇÃO 
Ê a alegação de ausência de uma das condições da 
ação ou de pressupostos processuais; é a defesa contra 
a ação e o proc1:sso. Pode ser de cinco espécies: 
1. Suspeição - E argüi da com o fim de recusar o juiz,
sempre que as partes entenderem haver motivo que o
impeça de julgar com imparcialidade.
2. Incompetência de juizo -A lei processual fixa vários
critérios para determinação da competência, estabe­
lecendo, assim, o juízo e o juiz que deve exercer a
jurisdição nos autos do processo criminal. Todas as
vezes que não forem observados os preceitos que deter­
minam a competência, ou seja, quando o juiz não tem 
jurisdição delimitada para o caso, será argüida a exce­
ção de incompetência, remetendo os autos ao juiz que 
supõe competente. 
3. Litispendência -Diante do princípio de que "ninguém
pode ser julgado duas vezes pelo mesmo fato", prevê
a lei a exceção de litispendência (art. 95, 111), destina­
da a evitar que tramitem, paralelamente, dois proces­
sos idênticos.
4. Coisa julgada -A coisa julgada apresenta uma senten­
ça transitada em julgado e, também, se fundamenta
no princípio non bis in idem. Pela coisa julgada, impe­
de-se que se multipliquem as ações sobre o mesmo
fato, com risco de decisões divergentes e conseqüen­
te desmoralização da Justiça.
5. Ilegitimidade de parte-A denúncia e a queixa devem
ser rejeitadas em caso de ilegitimidade de parte e falta
de condição exigidapela lei para o exercício da ação 
penal de forma idêntica, pois tanto faz não ser o autor
titular da ação ou lhe faltar capacidade processual.
Incompatibilidades e impedimentos 
O art. 112 prevê o dever de o juiz, órgão do Ministério 
Público, peritos, intérpretes e serventuários ou funcioná­
rios da Justiça absterem-se de servir no processo quan­
do houver incompatibilidade ou impedimento legal, que 
serão declinados nos autos. Não ocorrendo o afastamen­
to espontâneo, a parte pode argüir a incompatibilidade 
ou impedimento, observando-se o procedimento da exce­
ção de suspeição. 
Medidas assecuratórias 
A prática da infração, além de lesar a coletividade, 
acarreta danos à vítima. Visando a assegurar a efetiva 
reparação do prejuízo causado ao ofendido, o CPP prevê 
três modalidades de medidas cautelares: 
a) Seqüestro - Pode recair sobre bens móveis ou imó­
veis. Podem ser objeto de seqüestro os imóveis adqui­
ridos pelo agente com os preceitos da infração, ainda 
que transferidos a terceiros (art. 125). 
b) Hipoteca legal -Ê o direito real de garantia que tem por 
objeto bens imóveis pertencentes ao devedor que, embo­
ra continuem em seu poder, asseguram, precipuamen­
te, a satisfação do crédito. Destina-se a assegurar a repa­
ração do dano causado à vítima, bem como o pagamen­
to de eventual pena de multa e despesas processuais, 
tendo a primeira preferência sobre estas últimas. 
c) Arresto ( art. 13 7) -Enquanto o seqüestro recai neces­
sariamente sobre bens relacionados a prática crimino­
sa (adquiridos com os proventos da infração), o arres­
to consiste na constrição de bens móveis pertencentes
ao agente, para garantir a satisfação da pretensão inde­
nizatória do ofendido. Podem ser objeto de arresto
aqueles bens suscetíveis de penhora. As coisas impe­
nhoráveis (art. 649), portanto, não são arrestáveis.
Observação: não serão objeto de arresto os produ­
tos e proventos do crime, porquanto sujeitos a seqües­
tro e busca e apreensão.
Incidente de falsidade 
Se alguma das partes suspeita da falsidade de um docu­
mento, poderá requerer por escrito a instauração de pro­
cesso incidente tendente a constatar tal circunstância. 
Podem suscitar o incidente de falsidade: 
a)o réu ou querelado;
b)a vítima (ainda que não habilitada como assistente);
c) o Ministério Público ou o querelante;
d)o juiz, de oficio.
Incidente de insanidade mental do acusado 
Havendo dúvida quanto à imputabilidade do acusado, 
será instaurado processo incidente para aferição de sua 
saúde mental. Não bastam meras suposições acerca da 
higidez mental do réu para instauração do incidente, 
mostrando-se necessário que a dúvida advenha de elemen­
tos de convicção existentes nos autos. 
PROVAS 
Constituem o conjunto de atos praticados pelas partes, 
pelo juiz ou por terceiro, destinados a levar ao magistra­
do a convicção acerca da existência ou inexistência de 
um fato, da falsidade ou veracidade de uma informação. 
Prova proibida -O art. 5°, inciso XLI, da CF dispõe: 
"São inadmissíveis no processo as provas obtidas por 
meios ilícitos, prova proibida ou vedada". A prova proi­
bida é ilegítima quando a norma afrontada tiver nature-
za processual; é o caso de um documento juntado na fase 
das alegações finais, na primeira fase do júri. A prova 
proibida é ilícita quando for vedada em virtude de ter sido 
produzida com afronta às normas de direito material, 
como no caso de confissão obtida mediante tortura. 
õnus da prova -A prova da alegação incumbirá a quem 
a fizer. Ao acusador cabe provar o fato e sua autoria, as 
circunstâncias de aumento da pena, os elementos subje­
tivos do crime. Ao acusado cabe provar as excludentes, 
a inexistência do fato, as causas da diminuição. 
Pericia -O exame de corpo de delito e as demais perí­
cias serão realizados por dois peritos oficiais; na falta 
destes, por duas pessoas idôneas. 
Exame de corpo de delito 
a)Direto: para fins probatórios, é o que tem mais aceita­
ção. Ê realizado no próprio corpo do delito (ex.: no crime 
contra a saúde pública, examina-se o produto alimenti­
cio adulterado; em caso de estupro, a própria vítima). 
b)lndireto: ocorre quando a verificação dos vestígios
se opera por meio de prova testemunhal.
Interrogatório -Pela Lei I O. 792/03, o interrogatório 
conserva sua natureza de meio de defesa, ficando garan­
tida expressamente a possibilidade de o acusado entrevis­
tar-se previamente com seu advogado, visando a traçar 
estratégia para autodefesa. Paralelamente, o interrogató­
rio constitui também meio de prova, pois, ao final, as 
partes poderão perguntar sobre fato a ser esclarecido ( art. 
188). O CPP regulamentou o direito constitucional ao 
silêncio (art. 5°, LXIII, CF) e este não importará confis­
são nem poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. 
O interrogatório é ato não preclusivo, podendo ser rea­
I izado a qualquer momento, dada sua natureza de defe­
sa (art. 196). 
Características -O interrogatório é um ato: 
a)personalíssimo: só o réu pode ser interrogado, mas,
sendo público o ato, qualquer pessoa pode assistir;
b)privativo do juiz: somente o magistrado pode interro­
gar o acusado, sendo vedado às partes intervir no ato. 
Necessidade -O interrogatório é necessário até o trân­
sito em julgado da decisão final. Portanto, mesmo depois 
da sentença condenatória e antes do julgamento da ape­
lação, é exigida sua realização. A falta acarreta nulida­
de insanável (art. 564, III). 
Ê obrigatória a presença do defensor, constituído ou 
nomeado. O acusado preso deve ser interrogado no esta­
belecimento prisional em que se encontra, em sala pró­
pria, garantindo a segurança de todos e a publicidade do 
ato. Antes de sua realização, o juiz assegurará o direito de 
entrevista reservada do acusado e seu defensor. Havendo 
mais de um acusado, serão interrogados separadamente. 
Confissão -Ê a aceitação, pelo réu, da acusação que 
lhe é dirigida em um processo penal. A confissão isola­
da não constitui prova suficiente para a condenação, 
devendo ser corroborada por outros elementos de provas. 
Caracteriza-se a confissão por ser: 
a)retratável: o acusado pode retratar-se, retirar todo o 
alegado ou parte dele; 
b)divisível: o juiz pode considerá-la total ou parcial­
mente. 
Prova testemunhal-Testemunha é a pessoa que decla­
ra o que sabe a respeito do crime e suas circunstâncias. 
Toda pessoa pode ser testemunha, não sendo excluídos 
os menores, insanos, silvícolas, etc. 
A testemunha prestará o compromisso de dizer a ver­
dade. No entanto, certas pessoas podem recusar-se a 
depor: cônjuge, ascendente, descendente e irmão. Sendo 
necessário, darão declarações, mas sem prestar compro­
misso de dizer a verdade. 
Há pessoas que são proibidas de depor em razão da 
função, oficio ou profissão (padre, advogado, psicólogo, 
etc.), pois devem guardar segredo, salvo se a parte inte­
ressada autorizar seu testemunho. Elas prestam compro­
misso de dizer a verdade e, mesmo autorizadas, apenas 
depõem se quiserem. 
As pessoas que não prestam compromisso são doentes e 
deficientes mentais, crianças e pessoas que podem se recu­
sar a depor; são chamadas de declarantes ou informantes. 
Contradita -Ê a impugnação de depoimento de uma 
testemunha suspeita. Ocorre após sua qualificação e 
antes do depoimento. 
Testemunha não localizada - Pode ser substituída 
no prazo de três dias, a contar da data em que a testemu­
nha não encontrada deveria ser ouvida. 
Prova documental - Documento é o escrito que con­
densa graficamente o pensamento de alguém, podendo 
provar um fato ou a realização de algum ato dotado de 
significação ou relevância jurídica. 
Papéis públicos -São expedidos por funcionário públi­
co no exercício de suas atribuições, na forma da lei.

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