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2ª parte do seminário acerca de Poliarquia 3º lugar: é patentemente falso que a poliarquia surgiu somente por meio de desenvolvimentos estritamente autônomos dentro de um país já independente. Ela também tem origem nos valores subjacentes à dominação imposta. Ele usa a tabela 9.3 para elucidar essa questão. Nessa tabela, dos 29 países que eram poliarquias em 1970, em apenas 12 a poliarquia não foi inaugurada durante um período de dominação estrangeira, e sim depois de ocorrida a independência. Em 4 países, a poliarquia foi inaugurada durante uma ocupação militar ou intervenção depois da Segunda Guerra. E em 10 países, alguns onde a poliarquia hoje é profundamente enraizada, as principais empreitadas de esforços a fim de chegar ao estágio da poliarquia aconteceram enquanto o país estava submetido a uma potência estrangeira. 4º lugar: a dominação estrangeira frequentemente produz um efeito bumerangue. Durante a dominação estrangeira hegemônica, os habitantes do país ocupado tendem a se afeiçoar mais a ideias que vão contra o que a política do país ocupante dissemina ao mesmo tempo em que passam a hostilizar essa ideologia do país dominante. Ele dá alguns exemplos expressivos, como no caso da ocupação nazista, onde nos países alvos da ocupação as pessoas desenvolveram um apego a ideias democráticas ao passo que houve um aumento da hostilidade à ideologia nazista, que afastou temporariamente a poliarquia desses Estados. Uma observação: o efeito bumerangue pode se expandir para muito além das vítimas da intervenção. Ex.: A atuação dos EUA na Guatemala, em Cuba, no Vietnã e na república Dominicana aliada a uma percepção generalizada de que os EUA são agressivos e arrogantes economicamente ajudou a disseminar quase que no mundo inteiro numa descrença nas instituições em si da poliarquia e de sua capacidade de justiça social. 5º lugar: as circunstâncias que possibilitaram inaugurar uma poliarquia durante o período de dependência aberta (ou de sua preservação para posterior reativação) foram historicamente inusuais e são muito pouco prováveis de acontecer novamente num futuro previsível. Para explicar esse ponto, tabela 9.4. 1ª situação: comparável aos países sob dominação nazista (França, Bélgica, etc). A lógica aqui: num país onde a poliarquia existiu por um tempo e as condições subjacentes são favoráveis, provavelmente a poliarquia vai ser restaurada rapidamente após um breve período de dominação. Diferentemente, se o período de dominação é longo e o poder elimina sistematicamente todos os conservadores das crenças democráticas, esse resultado já não é mais tão fácil de ser obtido. 2ª situação: a restauração da poliarquia é pouco provável, porque o poder dominador encontra uma grande facilidade para impor o regime, as condições favorecem a hegemonia, e também pra se retirar do país no tempo certo de deixar lá um aliado também hegemônico. Porque com o tempo certo de dominação, ela se torna natural, a hegemonia passa a compor o espírito nacionalista. Ex: Polônia. No contexto de já ter havido um absolutismo presidencial antes de ser ocupada pelos alemães e soviéticos. A questão é: a dinâmica lá não era a mesma dos países ocupados da Europa ocidental. A poliarquia não podia ser simplesmente reativada e as condições para criar uma do zero eram bastante desfavoráveis. 3ª situação: inverte, o país dominante agora pretende inaugurar a poliarquia num país onde o regime anterior era hegemonia. É uma situação bem menos desafiante que a 4ª. E ele explica com exemplos: Áustria, Alemanha, Itália e Japão – nos primórdios da 2ª Guerra, eles já eram candidatos privilegiados à poliarquia. Então o restabelecimento da poliarquia nesses países foi fácil, ao ponto de fazer os EUA se tornarem excessivamente simplistas e otimistas nas previsões de inaugurar poliarquias mundo a fora. E ele traz a questão da imprevisibilidade de alguns casos que comparativamente não se desenrolaram conforme essas situações, como a Jamaica e a Índia por exemplo, que são países que conquistaram a independência desde 1945, e como tal, possuem condições altamente desfavoráveis à poliarquia. Porém em 1970, eles foram governados por regimes poliárquicos. O que o autor fala que seria uma loucura prever uma grande estabilidade para esses regimes, contudo, eles existem. Então surge o questionamento sobre as circunstâncias de uma intervenção estrangeira poder facilitar o desenvolvimento da poliarquia num Estado onde as condições são altamente desfavoráveis à poliarquia. Ele elenca alguns fatores que parecem ter ajudado na configuração dessa situação. Como o fato de que nesses países os ativistas políticos estavam predispostos a favorecer a poliarquia, lá o poder estrangeiro não utilizou de coerção maciça contra a população dominada, evitando o efeito bumerangue. Enfim, a poliarquia não foi desacreditada por essa associação com a brutalidade da força externa. As instituições poliárquicas foram introduzidas gradativamente, dando tempo aos ativistas de aprender a operá-las e a querer conservá-las. Ele conclui que no passado houve circunstâncias históricas incomuns, hoje ausentes na maioria dos países onde as condições subjacentes são desfavoráveis à poliarquia. Portanto, o poder externo é levado a empregar uma coerção maciça.
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