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Estruturas Algébricas Moisés Toledo∗ 9 de maio de 2012 1 Solução de exercícios - Página 261 Exercício 1. Seja p um número primo eG um grupo não-abeliano de ordem p3. Mostre que: a) |Z(G)| = p. b) Z(G) = G′. c) G/Z(G) ∼= Z/pZ× Z/pZ Demonstração. a) Como Z(G) < G então |Z(G)| | |G|. Agora vejamos os possíveis casos: (i) |Z(G)| 6= p3 pois G é não abeliano (isto é |Z(G)| 6= |G|). (ii) |Z(G)| 6= p2 pois caso contrario ∣∣∣ G Z(G) ∣∣∣ = p e assim G Z(G) é cíclico logo Z(G) = G o qual não é possível (ver página 140). (iii) |Z(G)| 6= 1 (isto é Z(G) 6= {e}) pois o centro tem sempre pelo menos p elementos para qualquer grupo de ordem potencia de um primo (ver página 233). Por tanto temos |Z(G)| = p. b) Vejamos que G′ ⊆ Z(G): Já vimos que ∣∣∣ G Z(G) ∣∣∣ = p2, assim G Z(G) é um grupo abeliano (ver página 234), isto é Z(G) /G tal que G Z(G) é abeliano. Logo como G′ é o menor subgrupo normal tal que G G′ é abeliano (ver página 140) então Z(G) ⊇ G′. Agora como: (i) ∣∣ G G′ ∣∣ 6= 1 pois caso contrario G′ = G logo Z(G) = {e} o qual não possível pois |Z(G)| = p. ∗Universidade Federal da Paraíba Estruturas Algébricas Página 2 (ii) ∣∣ G G′ ∣∣ 6= p pois caso contrario G G′ é cíclico (por tanto abeliano) logoG é abeliano (de fato: seja a ∈ G tal que < aG′ >= G/G′ então abG′ = (aG′)(bG′) = (bG′)(aG′) = baG′ assim ab = ba). (iii) ∣∣ G G′ ∣∣ 6= p3 pois caso contrarioG′ = {e} assim dado x, y ∈ G temos xyx−1y−1 = e isto é xy = yx logo G é abeliano. então |G′| = p, e como G′ ⊆ Z(G) temos Z(G) = G′. c) Como |Z(G)| = p então é cíclico logo existe b ∈ Z(G) tal que < b >= Z(G). Seja x ∈ G\Z(G) então < x > 6= Z(G), considerando y /∈< x > então < x > ∩ < y >= {e}. Também | < x > | = | < y > | = p, pois x ∈ G\Z(G). Logo < x, y > é um subgrupo de G/Z(G) com ordem p2 assim < x, y >= G/Z(G). Por ultimo consideremos o homomorfismo: ϕ : G/Z(G) −→ Z/pZ× Z/pZ xn · ym 7−→ (n,m) o qual é claramente bijetivo, por tanto um isomorfismo. Exercício 2. Mostre que se G é um grupo finito com apenas duas classes de conju- gação, então |G| = 2. Demonstração. Pela equação de classes de conjugação e o fato de G ter duas classes de conjugação temos: |G| = 1 + |Cl(x)| Como |Cl(x)| divide a |G| então |G| − 1 divide |G| logo |G| = 2. Exercício 3. Seja G um grupo de ordem 112 · 132. Mostre que G é um grupo abeliano. Demonstração. • Iremos a usar o seguinte teorema (página 178): Teorema (Produto direto de grupos). Sejam G,G1, . . . , Gn grupos. Então o grupo G é isomorfo ao grupo G1× . . .×Gn se e somente se G possui subgrupos H1 ' G1, . . . , Hn ' Gn tais que: (i) G = H1 . . . Hn. (ii) Hi / G, ∀i = 1, . . . , n. (iii) Hi ∩ (H1 . . . Hi−1Hi+1 . . . Hn) = {e}, ∀i = 1, . . . , n. • Pelo 3º teorema de Sylow temos n11 = 1 e n13 = 1. Estruturas Algébricas Página 3 • Sejam N11 e N13 os subgrupos de G de ordem 112 e 132 respectivamente, então N11 e N13 são normais (pois pelo item anterior eles são únicos). • Os subgrupos N11, N13 tem ordem p2 (p = 11, 13) logo são abelianos. • Como N11N13 é um subgrupo de G (pois N11, N13 são normais), e N11 ∩ N13 = {e} (pois se a ∈ N11 ∩ N13 então |a| divide 11 e 13 logo |a| = 1 assim a = e) então |N11N13| = |G| logo N11N13 = G. • Claramente N11, N13 são isomorfos a eles mesmos (pelo homomorfismo identi- dade). • Agora usando o teorema enunciado temos G ' N11 ×N13. • Seja o isomorfismo ϕ : N11 ×N13 → G (g, h) 7−→ ϕ(g, h) assim dado a, b ∈ G temos que existem (g1, h1), (g2, h2) ∈ N11 × N13 tais que ϕ(g1, h1) = a, ϕ(g2, h2) = b logo ab = ϕ(g1, h1) · ϕ(g2, h2) = ϕ((g1, h1) · (g2, h2)) = ϕ(g1 · g2, h1 · h2) = ϕ(g2 · g1, h2 · h1) = ϕ((g2, h2) · (g1, h1)) = ϕ(g2, h2) · ϕ(g1, h2) = ba logo G é abeliano. Exercício 4. Seja p um número primo e G um grupo finito. Sejam H um subgrupo normal de G e S um p-subgrupo de Sylow de G. a) Mostre que H ∩ S é um p-subgrupo de Sylow de H . b) Mostre que SH/H é um p-subgrupo de Sylow de G/H . Demonstração. a) Mostrar que H ∩ S é um p-subgrupo de Sylow de H é equivalente a mostrar que (H : H ∩ S) não é um múltiplo de p (em particular náo é uma potencia de p). • Dado que H ∩ S < S então |H ∩ S| = pk, para algum k ∈ N. • Como H / G então HS é um subgrupo de G tal que H / HS < G. Estruturas Algébricas Página 4 • Sabemos que |HS| = |H| · |S| |H ∩ S| então |HS| |H| = |S| |H ∩ S| assim pelo teorema de Lagrange (H : H ∩ S) = (HS : S). • Como (G : S) = (G : HS) · (HS : S), então (HS : S) | (G : S) logo p - (HS : S) (pois (G : S) não é um múltiplo de p) por tanto p - (H : H ∩ S) (pois (H : H ∩ S) = (HS : H)). b) Mostraremos que p - (G/H : SH/H). • Como ∣∣∣∣GH ∣∣∣∣ = |G||H| = |SH||H| · (G/H : SH/H) e |G| |SH| = (G : SH) então (G/H : SH/H) = (G : SH). • Assim também como (G : S) = (G : SH) · (SH : S), e (G : S) não é um múltiplo de p então p - (G : SH) por tanto p - (G/H : SH/H). Exercício 5. Seja G um grupo abeliano finito. Mostre que G é isomorfo ao produto direto de seus subgrupos de Sylow. Demonstração. • Seja G um grupo abeliano de ordem finito m, então descompondo m em seus fatores primos temos |G| = pα1 1 . . . pαk k , onde pi 6= pj para i 6= j. • Sejam Nij (i = 1, . . . , k e j = 1, . . . , npi) os pi-subgrupos de Sylow de G. • Como G é abeliano então para cada i existe um único pi-subgrupo de Sylow (isto é npi = 1). • Para cada i seja Ni o único pi-subgrupo de Sylow, então Ni é normal em G. • Como N1N2 . . . Ni é um subgrupo de G (para todo i = 1, . . . , k) então se x ∈ Nj ∩ (N1 . . . Nj−1Nj+1 . . . Nk) temos que |x| | pj e |x| | pi para algum i = 1, . . . , j − 1, j + 1, . . . , k. Assim |x| = 1 (pois pi 6= pj para i 6= j) isto é x = e. Logo Nj ∩ (N1 . . . Nj−1Nj+1 . . . Nk) = {e}. • Usando o teorema do produto direto de grupos, temos queG ' N1×. . .×Nk. Exercício 6. Seja G um grupo abeliano finito. Seja m um inteiro que divide |G|. Mostre que existe um subgrupo K de G tal que |K| = m (i.e., a recíproca de teorema de Lagrange vale para os grupos abelianos finitos). Demonstração. • Seja m um inteiro que divide |G|, então descompondo m em seus fatores primos temos m = pα1 1 . . . pαl l . • Pelo 1º teorema de Sylow existem subgrupos Ni de G com ordem pαi i , onde i = 1, . . . , l. Estruturas Algébricas Página 5 • Como G é abeliano então Ni é normal em G para cada i. • Dado que N1N2 . . . Ni é um subgrupo de G (para todo i = 1, . . . , l) então se x ∈ Nj ∩ (N1 . . . Nj−1Nj+1 . . . Nl) temos que |x| | pj e |x| | pi para algum i = 1, . . . , j − 1, j + 1, . . . , l. Assim |x| = 1 (pois pi 6= pj para i 6= j) isto é x = e. Logo Nj ∩ (N1 . . . Nj−1Nj+1 . . . Nl) = {e}. • Por tanto K = N1N2 . . . Nl é um subgrupo de G com ordem m. Exercício 7. a) Seja G um grupo abeliano finito. Mostre que existe uma serie de subgrupos G = H0 B H1 B . . . B Hn = {e} tal que Hi/Hi+1 é cíclico de ordem prima, ∀i = 0, . . . , n− 1. b) Sejam G um grupo e K um subgrupo normal de G tais que G/K seja abeliano finito. Mostre que existe uma série de subgrupos G = H0 B H1 B . . . B Hn = K tal que Hi/Hi+1 é cíclico de ordem prima, ∀i = 0, . . . , n− 1. Demonstração. Em ambos item fazemos uso da seguinte proposição: Proposição. Seja G um grupo de ordem pm e seja H um subgrupo de G de ordem pr com r < m. Então (i) Existe um subgrupo K de G de ordem pr+1 contendo H . (ii) Todo subgrupo L de G de ordem pr+1 contendo H é tal que H C L. Em particu- lar, temos H $ NG(H). a) Sabemos que G é isomorfo ao produto direto de seus subgrupos de Sylow, assim G ' N1 × . . . × Nr, onde |Ni| = pαi i . Agora pela proposição enunciada temos que, para cada Ni existem subgrupos Kij de ordem pji ( para j = 0, . . . , αi) e Kij C Kij+1 . Seja n = α1 + · · ·αr, assim considerando Hl = K1α1 . . . Krαr = G , l = 0 K1α1 . . . Kr(αr−1) , l = 1 ... K1α1 . . . Kr0 = K1α1 . . . K(r−1)αr−1 , l = αr, pois Kr0 = {e} K1α1 . . . K(r−1)(αr−1−1) , l = αr + 1 ... K1α1 . . . K(r−1)0 = K1α1 . . . K(r−2)αr−2 , l = αr + αr−1, pois K(r−1)0 = {e} ... K1α1 . . . K(r−i)(αr−i−1) , l = αr + α(r−1) + · · ·+ α(r−i) + 1 ... K10 = {e}, l = n Estruturas Algébricas Página 6 onde |Hi/Hi+1| = pi, assim Hi/Hi+1 é de ordem prima, por tanto cíclico. b) Como G/K é um grupo abeliano finito, então pelo item anterior existe uma serie de subgrupos G/K = H0 B H1 B . . . B Hn = {e} tal que H i/H i+1 é cíclico de ordem prima, ∀i = 0, . . . , n− 1. Logo pelo teorema de isomorfismo (página 150), sabemos que existe uma correspondência entre os subgrupos normais de G/K e os subgrupos normais de G que contêm K, assim existem Hi (com i = 1, . . . , n) subgrupos de G tais que G = H0 B H1 B . . . B Hn = K e Hi/Hi+1 cíclico de ordem prima pois H i/H i+1 = (Hi/K)/(Hi+1/K) = Hi/Hi+1.
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