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Raimundo Carrero
Raimundo Carrero
Raimundo Carrero
(Salgueiro, 20 de dezembro de 1947)
Jornalista e escritor.
Raimundo Carrero
Jornalista
Trabalhou no Diário de Pernambuco (1969-1991), crítico literário e editor chefe da redação.
Raimundo Carrero
Descobriu a literatura através da biblioteca de um irmão mais velho, cujos livros ficavam embaixo dos balcões da loja de roupas e chapéus do seu pai, passando a ler José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Ibsen, Shakespeare.
Raimundo Carrero
 Começou a escrever utilizando papéis da loja do pai. Sua primeira novela, Grande mundo em 4 paredes, foi escrita entre 1968 e 1969 e, segundo ele, era “obra de menino”. 
Seu primeiro livro A história de Bernarda Soledade: a tigre do Sertão, publicado em 1975, foi escrito quando tinha 23 anos de idade e reeditado pela editora recifense Bagaço, em 2007.
Raimundo Carrero
 Antes de ser escritor, criou um conjunto musical denominado Os Cometas(1964).
Quando se mudou para o Recife, na década de 1970, tornou-se músico profissional, tocando saxofone numa banda de rock chamada Os Tártaros.
Raimundo Carrero
Década de 1970
Romancista e contista, do Movimento Armorial, idealizado pelo escritor e dramaturgo Ariano Suassuna.
Armorial - realização da uma obra erudita com base nos símbolos e insígnias da cultura popular. 
Raimundo sempre declarou ter em Ariano um de seus mestres, tendo também colaborado para sua formação os escritores Hermilo Borba Filho e Gilberto Freyre, de quem foi assessor.
Raimundo Carrero
Foi assessor de imprensa na Fundação Joaquim Nabuco e funcionário da Universidade Federal de Pernambuco.
Integrou o Conselho Municipal (Recife) de Cultura durante oito anos e o Movimento de Cultura Popular.
Até 1998, foi presidente da Fundação de Patrimônio Artístico e Histórico de Pernambuco (Fundarpe).
Raimundo Carrero
Em 11 de outubro de 2004, foi eleito para a cadeira 3 da Academia Pernambucana de Letras, tomando posse em 20 de janeiro de 2005.
Raimundo Carrero
“Somos Pedras que se Consomem”, incluído entre os dez melhores livros de 1995, escolhidos pelo jornal O Globo (RJ).
E entre as dez melhores obras de ficção de 1995, selecionadas pelo Jornal do Brasil (RJ).
Raimundo Carrero
 As sombrias ruínas da alma
 Os segredos da ficção
 A preparação do escritor
 A história de Bernarda Soledade - A tigre do sertão (1975)
 As sementes do sol - O semeador (1981)
 A dupla face do baralho - Confissões do comissário Félix Gurgel (1984)
 Sombra severa (1986)
 O Senhor dos Sonhos (1986)
 Maçã agreste (1989)
 Sinfonia para vagabundos (1992)
 Extremos do arco-íris (1992)
 Somos pedras que se consomem (1995)
 Minha alma é irmã de Deus (2010)
 Tangolomango (2013)
 O senhor agora vai mudar de corpo (2015)
Obras
Raimundo Carrero
É autor também da peça “Anticrime”, encenada no Teatro do Parque pelo grupo de Otto Prado, e fez uma adaptação da novela A morte de Ivan Ilitch, de Tolstói, representada no Teatro Barreto Júnior.
Raimundo Carrero
Prêmios literários:
Revelação do Ano, Prêmio Oswald de Andrade, no Rio Grande do Sul, com “Viagem no ventre da baleia”; 
Prêmio José Condé, concedido pelo Governo de Pernambuco, pelo livro “Sombra Severa”;
Prêmio Lucilo Varejão, da Prefeitura do Recife, com O senhor dos sonhos; Melhor Romancista do Ano, da Associção Paulista de Críticos de Arte (1995) e Prêmio Machado de Assis (melhor romance), da Biblioteca Nacional, ambos pelo livro Somos pedras que se consomem (1995);
Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, São Paulo, com As sombrias ruínas da alma (2000).
Raimundo Carrero
A sombra Severa, de Raimundo Carrero
Raimundo Carrero
A sombra Severa, de Raimundo Carrero
“Apagou o candeeiro, já não podia suportar a luz – a luz tão pouca, lembrando-lhe as chamas que devoraram o carneiro. Parecia-lhe, agora, no escuro da sala, que estava vendo a própria face. No entanto, apenas a brasa do cigarro Avermelhava -lhe a cara quando puxava a tragada. E perdeu o sossego, já estraçalhado, quando verificou que gostava do escuro para não recordar o rosto de Abel – o sorriso, o olhar, a ternura. Sabia, o irmão sabia que for a ele quem matara o carneiro, com a faca e com o fogo, mas não o denunciou. O que era estranho. Porque – e se desejava esquecer o rosto, lembrava a voz – o irmão, ao invés dele, não gostava do silêncio. Era o oposto: tinha tantas palavras quanto os dentes da boca, igual ao compadre Teodoro. Gostava de sair para o povoado sempre bem vestido, disputava partidas de bilhar, trocando alegrias com os camaradas. Embora nunca discutisse. Os dois: um lado sombra, outro luz. Só que não entendia por que tivera de ser assim, tão distantes – um no sol, outro na madrugada.”
CARRERO, Raimundo. Sombra severa. Rio de Janeiro: José Olympio/Fundarpe, 1986. p. 67.
Raimundo Carrero
A sombra Severa, de Raimundo Carrero
Os episódios são narrados de forma seca, com frases curtas e incisivas, numa economia verbal que espelha um dos personagens centrais, o lacônico Judas.
No início, o romance parece apontar para uma história sangrenta, impressão que vai sendo reforçada à medida que a trama ganha corpo: dois irmãos, Judas e Abel, apaixonados por uma mesma mulher, Dina. Abel, o primogênito, rouba a moça da casa dos pais e a leva para morar na velha casa de fazenda, onde também mora Judas. A provável vingança da família da jovem desonrada surge como mais um elemento a indicar que o duelo será inevitável. De fato, ele acontece, mas não como se espera.
Raimundo Carrero
A sombra Severa, de Raimundo Carrero
Habilmente, o narrador nos leva a seguir uma pista falsa, e a verdadeira batalha será travada não entre Judas e Abel, ou entre estes e a família de Dina, mas entre adversários mais sutis. Algum sangue será derramado, é certo, mas com alcance mais profundo, envolvendo sentimentos contraditórios, como ódio, amor, inveja, culpa, perdão.
Raimundo Carrero
A sombra Severa, de Raimundo Carrero
Não há indicações precisas de tempo ou de espaço - o enredo pode situar-se em qualquer vilarejo, do passado remoto ou recente, ou mesmo de hoje - e os nomes dos personagens ou são de inspiração bíblica ou são nomes que não trazem em si nenhuma marca regional. Isso porque o importante de fato é o que acontece no íntimo dos personagens, em seus duelos, épicos e silenciosos, com a própria consciência. Ao mesmo tempo, cada um é obrigado a lidar com o silêncio do outro, buscando entender o que o outro possa estar sentindo ou pensando, o que deflagra o jogo das hipóteses, das leituras cruzadas. É no terreno da autoconsciência e da dúvida, portanto, que o conflito se instala. 
Raimundo Carrero
A sombra Severa, de Raimundo Carrero
Estilo
O traço regionalista aparece quase como uma citação, uma referência inicial que o romance vai esvaziando à medida que avança. Nesse sentido, Sombra severa é uma releitura e uma reescritura da velha fórmula regionalista, cultivada de forma expressiva por românticos, naturalistas e modernistas e meio que abandonado nesses tempos pós-modernos. O autor mantém apenas o arcabouço do antigo modelo e nele insere uma narrativa que mais se aproxima da tragédia. Judas, por exemplo, convive o tempo todo com a sombra severa de uma consciência culpada, que se apresenta sob a forma de súbitos fantasmas, um deles de carne e osso, a assombrar-lhe o dia e a noite na quase solidão da fazenda.
Raimundo Carrero
A sombra Severa, de Raimundo Carrero
 Estilo
As frases feitas, as imagens que, pretensamente poéticas, esbarram numa incômoda previsibilidade e a recorrência a inexplicáveis inversões sintáticas comprometem, porém, o resultado final. Curioso é que em algumas das últimas cenas, em que o narrador apresenta episódios da infância dos dois irmãos, isso não acontece e a história caminha num ritmo exato, sem excessos. Fosse todo o romance narrado como se narram tais episódios, A sobra severa faria jus aos comentários elogiosos de Santarrita, na orelha do livro. 
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