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CadernoBIB2013 2No_C_IesB_asicasdeLiteraturaAplicada_aBiblioteconomia


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Técnico em Biblioteca 
Luciana de Santana Fernandes 
 
 
 
 
2013 
Noções Básicas de 
Literatura Aplicada à 
Biblioteconomia 
 
 
 
 
 
 
 
Presidenta da República 
Dilma Vana Rousseff 
 
Vice-presidente da República 
Michel Temer 
 
Ministro da Educação 
Aloizio Mercadante Oliva 
 
Secretário de Educação Profissional e 
Tecnológica 
Marco Antônio de Oliveira 
 
Diretor de Integração das Redes 
Marcelo Machado Feres 
 
Coordenação Geral de Fortalecimento 
Carlos Artur de Carvalho Arêas 
 
 
 
 
 
Governador do Estado de Pernambuco 
Eduardo Henrique Accioly Campos 
 
Vice-governador do Estado de Pernambuco 
João Soares Lyra Neto 
 
Secretário de Educação 
José Ricardo Wanderley Dantas de Oliveira 
 
Secretário Executivo de Educação Profissional 
Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra 
 
Gerente Geral de Educação Profissional 
Luciane Alves Santos Pulça 
 
Gestor de Educação a Distância 
George Bento Catunda 
 
 
 
 
 
 
 
Coordenação do Curso 
Hugo Carlos Cavalcanti 
 
Coordenação de Design Instrucional 
Diogo Galvão 
 
Revisão de Língua Portuguesa 
Letícia Garcia 
 
Diagramação 
Izabela Cavalcanti 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 3 
1.COMPETÊNCIA 01 | DISTINGUIR OS DIFERENTES TIPOS DE LITERATURA ........................... 3 
1.1 O que é Arte e para que Ela Serve? ..................................................................... 4 
1.1.1 Conceitos e Definições de Arte ........................................................................ 4 
1.1.2 A Função da Arte ............................................................................................. 6 
1.2 Formas de Expressão Artística ............................................................................ 7 
1.2.1 Pintura ............................................................................................................ 7 
1.2.2 Escultura ......................................................................................................... 9 
1.2.3 Dança ............................................................................................................ 10 
1.2.4 Cinema .......................................................................................................... 10 
1.2.5 Música........................................................................................................... 10 
1.2.6 Fotografia ...................................................................................................... 11 
1.2.7 Teatro ........................................................................................................... 11 
1.2.8 Literatura ...................................................................................................... 11 
1.3 O que é Literatura e para que ela Serve? .......................................................... 11 
1.3.1 Conceitos e Definições sobre a Arte Literária ................................................. 12 
1.3.2 A Função da Literatura .................................................................................. 14 
1.4 A Origem de Nossa Literatura ........................................................................... 15 
1.5 Tipos de Literatura ........................................................................................... 18 
1.5.1 Literatura Brasileira ....................................................................................... 19 
1.5.2 Literatura Brasileira ....................................................................................... 24 
1.5.3 Literatura Portuguesa .................................................................................... 31 
1.5.4 Literatura Estrangeira .................................................................................... 31 
1.5.5 Literatura Infanto-Juvenil no Brasil ................................................................ 31 
2.COMPETÊNCIA 02 | DIFERENCIAR OS GÊNEROS LITERÁRIOS ........................................... 33 
2.1 Uso da Linguagem Literária e Não Literária ....................................................... 33 
2.1.1 Denotação e Conotação................................................................................. 33 
2.1.2 Prosa e Poesia ............................................................................................... 35 
2.2 Gêneros Literários ............................................................................................ 36 
2.2.1 Gênero Épico ................................................................................................. 37 
2.2.2 Gênero Dramático ......................................................................................... 39 
Sumário 
 
 
 
 
 
2.2.3 Gênero Lírico ................................................................................................. 42 
2.2.4 Gênero Narrativo........................................................................................... 42 
2.3 Leitura .............................................................................................................. 45 
2.3.1 A Importância da Leitura ............................................................................... 45 
2.3.2 O Papel do Bibliotecário ................................................................................ 46 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 51 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 52 
MINICURRÍCULO DO PROFESSOR ....................................................................................... 54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
INTRODUÇÃO 
Prezado (a) cursista, 
 
O caminho da arte literária pode conduzir o ser humano à sensibilidade e 
ainda permitir o conhecimento da história do passado por meio da Literatura. 
Para o mercado de trabalho do Técnico em Biblioteconomia, a disciplina 
proporciona elementos substanciais para o encontro com a arte, através de 
gêneros literários distintos e que precisam ser organizados em uma biblioteca 
de forma que fique acessível ao usuário da informação. Dessa forma, a 
disciplina de Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
pretende trazer conteúdos voltados às diversas formas de expressão 
artísticas, o que é literatura e para que ela serve, os principais gêneros 
literários, dentre outros. 
 
Nesta competência estudaremos o conceito de literatura, sua função e seus 
tipos. Porém, sabendo que literatura é arte, antes de começarmos a discutir 
esses pontos, vamos refletir um pouco sobre o conceito de arte e suas 
diversas manifestações. Para isso, proponho que você assista, primeiramente, 
a uma cena do filme O sorriso de Monalisa, produzido em 2002, que traz 
como protagonista a atriz Julia Roberts. Veja o link no Box abaixo. Depois, 
vamos fazer um passeio por alguns tipos de literatura: brasileira, portuguesa, 
estrangeira, pernambucana e infanto-juvenil. 
 
Seja bem-vindo (a)! 
 
Para Refletir: 
www.youtube.com/
watch?v=rXJHvW_n
VOc 
 
http://www.youtube.com/watch?v=rXJHvW_nVOc
http://www.youtube.com/watch?v=rXJHvW_nVOc
http://www.youtube.com/watch?v=rXJHvW_nVOc
 
 
 4 
Técnico em Biblioteca 
1.COMPETÊNCIA 01 | DISTINGUIR OS DIFERENTES TIPOS DE 
LITERATURA 
 
1.1O que é Arte e para que Ela Serve? 
 
1.1.1 Conceitos e Definições de Arte 
 
Gostou da cena do filme? Ela traz uma discussão muito interessante sobre o 
conceito de arte. Mas, afinal, o que é arte? É difícil chegar a um conceito, pois 
definir o que é arte ou não depende de muitas variáveis: o momento 
histórico, a sociedade e a cultura desta, entre outros fatores. O que num 
momento é considerado feio egrotesco, em outro é considerado arte. 
Observe a Figura 1: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1- O homem amarelo (1915-16) de Anita Malfatti (1889 – 1964) 
Fonte: http://obrasanitamalfatti.wordpress.com/ 
 
Este quadro expressionista foi pintado pela artista Anita Malfatti. Foi exposto 
pela primeira vez em 1917. Mas, se hoje é considerado um fruto importante 
da arte moderna, na época, junto a outros em exibição, recebeu uma crítica 
severa do escritor Monteiro Lobato, em artigo intitulado “Paranóia ou 
mistificação”, publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 20 de dezembro 
de 1917. (Disponível em, www.pitoresco.com/brasil/anita/lobato.htm) 
 
O belo foi considerado um critério de valoração da arte, pela primeira vez, 
pelos gregos. Entretanto, o próprio conceito de belo artístico mudou com a 
 
O Expressionismo é 
um movimento de 
vanguarda artística 
e cultural que teve 
origem na pintura 
em Viena no 
começo do Séc. XX. 
Caracterizou-se 
pelas expressões do 
subconsciente do 
artista numa 
fantástica visão do 
eu retratada nas 
obras artísticas, 
num diálogo 
profundo com a 
ciência psicanalítica 
de Freud e Jacques 
Lacan. Não é mais o 
homem o senhor de 
seu próprio destino: 
ele é antes de tudo 
governado por 
forças 
subconscientes que 
regem a conduta de 
suas ações. Saiba 
mais em: 
http://pt.wikipedia.
org/wiki/Expression
ismo 
 
 Competência 01 
http://obrasanitamalfatti.wordpress.com/
http://www.pitoresco.com/brasil/anita/lobato.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Expressionismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Expressionismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Expressionismo
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
passagem dos séculos. Para comprovar isso, pegue uma foto antiga e veja 
como as pessoas se vestiam, como se penteavam. 
 
Com certeza você achará o estilo dessas pessoas bem estranho ou até mesmo 
feio. Dessa forma, o que é feio para um, poderá ser bonito para outra pessoa. 
Com o passar do tempo, os padrões artísticos vão mudando. Como vimos na 
Figura 01, a obra de arte pode até não ser bela, mas é certo que ela expressa 
contradições humanas. 
 
Então, o que é arte? Desde a antiguidade que o ser humano cria maneiras de 
melhorar sua vida, de se comunicar e de expressar suas ideias e sentimentos. 
Para isso, ele recria sua realidade e utiliza várias linguagens e materiais para 
deixar a sua marca: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 02 – Nossa Senhora das Dores 
Fonte: www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2007/espaco82ago 
/0cultura01.htm 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 03 – Dança 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dan%C3%A7a 
 Competência 01 
http://www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2007/espaco82ago%20/0cultura01.htm
http://www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2007/espaco82ago%20/0cultura01.htm
http://www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2007/espaco82ago%20/0cultura01.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dan%C3%A7a
 
 
 6 
Técnico em Biblioteca 
O homem é o único ser vivo que produz arte. Assim, numa simplificação, 
podemos dizer que arte é toda manifestação humana, sem uma utilidade 
prática em si, mas que é produto da expressão do homem sobre si e sobre o 
mundo, e que reflete ou transgride os padrões de uma época. 
 
1.1.2 A Função da Arte 
 
Até aqui, discutimos o conceito de arte. Aprendemos que ela só é produzida 
pelo ser humano e não necessariamente segue padrões de beleza bem 
definidos. Agora, refletiremos sobre outra pergunta: qual a função da arte? 
 
Já falamos que o ser humano expressa seus sentimentos e ideias através da 
arte. Dessa forma, podemos dizer que essa é sua primeira função. O autor 
Ernst Fischer, no livro “A necessidade da arte” (1976), foi mais longe e disse 
que a arte é uma necessidade humana e que sempre o será, independente 
das mudanças: 
 
A arte concebida como “substituto da vida”, a arte 
concebida como o meio de colocar o homem em estado 
de equilíbrio com o meio circundante - trata-se de uma 
idéia que contém o reconhecimento parcial da natureza 
da arte e da sua necessidade. Desde que um 
permanente equilíbrio entre o homem e o mundo que o 
circunda não pode ser previsto nem para a mais 
desenvolvida das sociedades, trata-se de uma idéia que 
sugere, também, que a arte não só é necessária e tem 
sido necessária, mas igualmente que a arte continuará 
sendo sempre necessária. (FISCHER, 1976, p. 11). 
 
Além de ser uma necessidade para a completude humana, a arte também é 
um meio de diversão. Quando vamos ao teatro assistir a uma peça, ao cinema 
ver um filme, ou quando escutamos uma música, lemos um livro, dançamos 
em uma festa, estamos desfrutando de uma das principais funções artísticas: 
a fruição ou diversão. Por meio da obra artística podemos também nos 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
comunicar com as outras pessoas, além de fazê-las pensar sobre suas vidas. 
Ao lermos um livro, estamos nos comunicando com o autor da obra, 
descobrimos suas ideias, interpretamos o que nos é semelhante e o que nos é 
estranho, ficamos emocionados. 
 
Ainda, a arte pode ser usada para denúncia social. Sendo o artista a má 
consciência de seu tempo, é ele quem primeiro percebe as mudanças, aquilo 
que está errado na sociedade, e, por meio de sua obra, denuncia. No quadro 
Guernica (Figura 04), Pablo Picasso denuncia todo horror do bombardeio à 
cidade espanhola de Guernica, em 26 de abril de 1937: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 04 – Guernica (1937) de Pablo Picasso 
Fonte: www.museupicasso.bcn.cat/en/ 
 
Portanto, entre outras funções, a arte é meio de expressão e comunicação 
humana, serve para divertir e denunciar fatos sociais. 
 
1.2 Formas de Expressão Artística 
 
Como já dissemos, o ser humano pode se expressar artisticamente de diversas 
maneiras. Para isso, utilizará várias linguagens. Vamos conhecer algumas 
delas? 
 
1.2.1 Pintura 
 
A pintura é uma das mais antigas linguagens artísticas. Tinha na antiguidade 
 
Pablo Picasso (1881 
– 1973), pintor 
espanhol co-
fundador do 
movimento Cubista. 
SAIBA MAIS! 
http://pt.wikipedia.
org/wiki/Pablo_Pica
sso, 
www.picasso.fr/fr/p
icasso_page_index.
php, 
www.picasso.com/, 
www.museupicasso
.bcn.cat/en/ 
www.youtube.com/
watch?v=ODwu7UJf
SP0 
www.youtube.com/
watch?v=sh70SiwjN
Nw 
 
 Competência 01 
http://www.museupicasso.bcn.cat/en/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Picasso
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Picasso
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Picasso
http://www.picasso.fr/fr/picasso_page_index.php
http://www.picasso.fr/fr/picasso_page_index.php
http://www.picasso.fr/fr/picasso_page_index.php
http://www.picasso.com/
http://www.museupicasso.bcn.cat/en/
http://www.museupicasso.bcn.cat/en/
http://www.youtube.com/watch?v=ODwu7UJfSP0
http://www.youtube.com/watch?v=ODwu7UJfSP0
http://www.youtube.com/watch?v=ODwu7UJfSP0
http://www.youtube.com/watch?v=sh70SiwjNNw
http://www.youtube.com/watch?v=sh70SiwjNNw
http://www.youtube.com/watch?v=sh70SiwjNNw
 
 
 8 
Técnico em Biblioteca 
uma função mágico-religiosa. Já no Paleolítico, o homem pré-histórico pintava 
cenas do seu cotidiano nas paredes das cavernas com a intenção (é o que 
alguns historiadores acreditam) de ter sorte nas caçadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 05 – Pintura rupestre 
Fonte: http://tempodoshomens.blogspot.com.br/2011/04/arte-
rupestre.html 
 
Às pinturas produzidas nas cavernas convencionou-se chamar de arte 
rupestre. Para obter os pigmentos, o homem utilizava carvão, sangue e resina 
de algumas árvores, além de óxido de ferro e de magnésio. Com o passar do 
tempo, a pintura foi se desvencilhando da função mágica e caminhando para 
um papel representativo e decorativo. Assim, o pintor levará em consideração 
elementos como: luz, traço, forma, espaço e cor. Como esses elementos serão 
usados dependerá do momento histórico e do estilo do artista. Os padrões, as 
técnicas, os temas a serem seguidosvariam conforme a época. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 06 – Mona Lisa (1503- 1506) também conhecida como A 
Gioconda, de Leonardo da Vinci (1452 - 1519) 
Fonte: www.wikipaintings.org/en/leonardo-da-vinci/mona-lisa 
 
 Competência 01 
http://tempodoshomens.blogspot.com.br/2011/04/arte-rupestre.html
http://tempodoshomens.blogspot.com.br/2011/04/arte-rupestre.html
http://www.wikipaintings.org/en/leonardo-da-vinci/mona-lisa
 
 
 
 
 
 
 
 
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Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 07 – Le pont de Giverny (1907) de Claude Monet (1840 – 1926) 
Fonte: http://algarve-saibamais.blogspot.com.br/2010/12/claude-monet-
um-dos-maiores-pintores.html 
 
Percebeu as diferenças entre as duas pinturas? A Figura 06 apresenta traços 
mais bem definidos e uma profundidade maior. Além disso, há um jogo entre 
cores claras e escuras. Já a Figura 07 foi feita por meio de pontos. Há mais 
cores e a pintura é mais plana que a primeira. Essas características são as 
marcas estilísticas de cada obra. 
 
1.2.2 Escultura 
 
A princípio, a escultura tinha um papel religioso e utilitário. Os antigos 
representavam suas divindades em pedra, madeira, osso, marfim ou metal. 
Durante o período pré-histórico, as estatuetas mais conhecidas eram as de 
Vênus, figuras de mulheres com formas arredondadas e nas quais se 
destacavam as partes do corpo relacionadas à procriação. Outras peças eram 
usadas para as atividades diárias e apresentavam desenhos simbólicos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 08 – Vénus de Willendorf 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%A9nus_de_Willendorf 
 Competência 01 
http://algarve-saibamais.blogspot.com.br/2010/12/claude-monet-um-dos-maiores-pintores.html
http://algarve-saibamais.blogspot.com.br/2010/12/claude-monet-um-dos-maiores-pintores.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%A9nus_de_Willendorf
 
 
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Técnico em Biblioteca 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura09 – Instrumentos Paleolíticos 
Fonte: http://superneandertal.wordpress.com/page/13/ 
 
Nesta linguagem artística, os elementos importantes são o volume e o espaço. 
 
1.2.3 Dança 
 
Além de ser uma das artes mais antigas, é a única que não depende de 
ferramentas ou materiais para ser reproduzida. É instrumento de expressão 
humana que manifesta seus sentimentos de tristeza, alegria, religiosidade e 
revolta. Estão presentes na dança o ritmo, a harmonia e o movimento. 
 
1.2.4 Cinema 
 
Seus criadores são os irmãos Louis e Auguste Lumière. Sua criação se deu no 
final do século XIX, na França. Hoje é uma das principais atrações da indústria 
do entretenimento. Seus elementos mais importantes são a imagem e o som. 
Muitos filmes se inspiram na Literatura para desenvolver seus temas. 
 
1.2.5 Música 
 
Acredita-se que a música tenha surgido há 50 mil anos. É uma das mais 
universais manifestações artísticas. Simplificadamente, podemos dizer que ela 
resulta da combinação harmônica de sons e silêncio, em um ritmo 
determinado. 
 
 
Assista ao vídeo: 
www.youtube.com/
watch?v=pCXXAs2
MSt4 
 
 Competência 01 
http://superneandertal.wordpress.com/page/13/
http://www.youtube.com/watch?v=pCXXAs2MSt4
http://www.youtube.com/watch?v=pCXXAs2MSt4
http://www.youtube.com/watch?v=pCXXAs2MSt4
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
1.2.6 Fotografia 
 
 Surgiu em meados do século XIX, na França, mas se popularizou apenas no 
final do mesmo século. Sua classificação como arte ainda gera discussões e os 
elementos importantes e diferenciadores são a luz, a forma e a imagem. 
 
1.2.7 Teatro 
 
Sobre a origem do teatro há várias teorias. Alguns teóricos vão dizer que ele 
surgiu na Pré-história durante as perfomances ritualísticas. Outros vão 
remetê-lo às festas da colheita na Grécia, nas quais se homenageava o deus 
Dionísio, divindade da colheita, do vinho e do comércio. Mas é certo que o 
teatro grego será um grande marco para a arte ocidental. Os textos 
encenados eram, principalmente, adaptações para o teatro dos mitos e 
lendas, passados de geração em geração através da oralidade. O gênero mais 
valorizado na época era a tragédia, já que, segundo Aristóteles em sua 
Poética, configurava-se como a representação de caracteres superiores e 
tinha o poder da catarse1. O riso não era considerado um comportamento de 
bom gosto, daí a comédia ser um gênero menos valorizado. Seus personagens 
eram pessoas comuns, do povo, representadas em situações consideradas 
ridículas para a época. 
 
1.2.8 Literatura 
 
Quanto a essa manifestação artística, trataremos mais especificamente no 
próximo tópico. 
 
1.3O que é Literatura e para que ela Serve? 
 
Até o momento, discutimos o conceito de arte e suas manifestações. Agora, 
começaremos a conversar sobre “O que é literatura?” “Qual a sua função na 
sociedade?”. Você sabe? 
 
1Do grego kátharsis, quer dizer purgação, purificação. 
 Competência 01 
 
 
 12 
Técnico em Biblioteca 
1.3.1 Conceitos e Definições sobre a Arte Literária 
 
 O termo literatura tem sido usado indistintamente por diversas áreas do 
conhecimento humano. É fácil encontramos expressões como, “literatura 
médica”, “literatura farmacêutica”, “literatura filosófica”. De acordo com 
Massaud Moisés (2004), em seu Dicionário de Termos Literários, a confusão 
acontece pela associação do termo com texto escrito. Entretanto, a literatura, 
em seu sentido primeiro, não se constitui em conhecimento científico, pois 
não é sua pretensão provar verdades por meio da experiência. Ela também 
não pode ser confundida com a história, já que não necessariamente 
pretende ser um registro documental2. Também não é sociologia ou 
antropologia, apesar de ter como matéria a sociedade e seus tipos humanos. 
Tão pouco a literatura pode ser restrita a uma disciplina escolar, pois se 
configura em algo mais amplo que transpõe os portões escolares. 
 
Palavra cunhada do termo latino littera (letra), a literatura é arte que toma 
como material de produção cultural a palavra, seja ela na modalidade escrita 
ou oral. A arte literária tem como função principal a recriação, pela palavra 
artística, da realidade, ou seja, a representação do mundo referencial 
perpassado pela subjetividade do autor. Veja o poema de Vinicius de Morais: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2
 Há muitas controvérsias entre os teóricos de ambas áreas, pois, em alguns casos, o texto 
literário é o único registro de uma época. Boa parte do nosso conhecimento sobre a Grécia 
antiga, por exemplo, provém das suas narrativas épicas. 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 10 – Poema Rosa de Hiroshima, de Vinicius de Moraes 
Fonte: http://fernandodezena.arteblog.com.br/459493/Rosa-de-Hiroshima/ 
 
No poema, o poeta, a começar do título, usa a palavra em sentido conotativo. 
A dita rosa faz referência ao cogumelo radioativo (Figura11) que surgiu após a 
explosão de uma bomba nuclear, na cidade de Hiroshima, em 1945. Aqui, o 
fato histórico é transformado em arte, que, usando linguagem polifônica, ou 
seja, aquela perpassada pelos diversos discursos sociais, leva o leitor a uma 
reflexão sobre as circunstâncias e consequências do fato histórico por meio da 
estimulação da emoção e do sentimento. Esse uso especial e criativo da 
linguagem marca a diferença entre o texto artístico e o texto prosaico3. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 11 – Cogumelo atômico de Hiroshima (06/08/1945) 
Fonte: http://topazio1950.blogs.sapo.pt/80413.html 
 
3Chamamos de texto prosaico aquele que não é artístico. 
 
"Rosa de 
Hiroshima" é o 
título de música 
lançada no ano de 
1973, no disco de 
estreia do grupo 
Secos e Molhados. 
O poemade 
Vinicius de Moraes 
foi musicado por 
Gerson Conrad, 
ganhando 
notoriedade na 
interpretação de 
Ney Matogrosso. 
Veja mais: 
www.youtube.com/
watch?v=1_GvcQTN
EJE 
 
 Competência 01 
http://fernandodezena.arteblog.com.br/459493/Rosa-de-Hiroshima/
http://topazio1950.blogs.sapo.pt/80413.html
http://www.youtube.com/watch?v=1_GvcQTNEJE
http://www.youtube.com/watch?v=1_GvcQTNEJE
http://www.youtube.com/watch?v=1_GvcQTNEJE
 
 
 14 
Técnico em Biblioteca 
Convidamos você, agora, a estudar mais especificamente as características da 
linguagem literária. Vamos lá? 
 
Sendo a realidade tornada ficção, a literatura não se constitui em uma 
mentira, mas em mimeses, isto é, imitação. Assim, para estudar o texto 
literário, o teórico precisará lançar mão de uma bibliografia interdisciplinar, 
pois a arte da palavra lida com aspectos históricos, científicos e 
antropológicos, entre outros, apesar de não se constituir emnenhum desses 
campos das ciências humanas. Sobre os temas, até pouco tempo acreditava-
se que existiam temas pertinentes ao fazer literário, como o amor. A partir do 
movimento modernista, esse último paradigma é quebrado. Qualquer assunto 
passou a ser um possível tema para a composição literária. 
 
Chamamos de Estilo de Época as características comuns, presentes em um 
conjunto de obras, de vários escritores de uma mesma época. Os artistas 
contemporâneos apresentam semelhanças no modo como utilizam a 
linguagem, a visão que apresentam do mundo e também quanto aos temas 
explorados. Já o estilo individual é o modo particular na utilização da língua e 
na representação dos temas de uma época. 
 
1.3.2 A Função da Literatura 
 
Como manifestação artística, a literatura apresentará várias funções. Vamos 
estudá-las? 
 
1. Expressar sentimentos, ideias e emoções humanas – por meio do texto 
literário, o escritor pode expressar a sua subjetividade, comoele vê o mundo, 
que percepção ele tem das relações sociais e os sentimentos que ele traz. E 
isso nos ajuda a despertar nossas próprias percepções. 
 
2. Comunicar – através da literatura, podemos nos comunicar com pessoas de 
lugares e de época diferentes. . Ainda hoje nos deliciamos com a leitura dos 
textos homéricos, por exemplo. 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
3. Fruição – ninguém poderá negar que, ao ler um livro, nos transportamos 
para épocas diferentes e lugares que talvez nunca poderíamos ir. E isso nos dá 
prazer e diversão no momento da leitura. 
 
4. Fazer denúncia social – através da sensibilidade artística, o leitor é 
convidado a meditar sobre aspectos sociais. Se você já leu o livro Vidas Secas, 
de Graciliano Ramos, por exemplo, será impelido a não se conformar com a 
situação subumana a que estão abandonados tantos sertanejos. 
 
1.4 A Origem de Nossa Literatura 
 
A literatura brasileira teve sua origem no gênero epistolar, ou seja, seu 
primeiro texto é a Carta, escrita por Pero Vaz de Caminha, a D.Manuel, rei de 
Portugal. Através do olhar do cronista, nem sempre fiel à realidade, podemos 
conhecer as primeiras impressões que os portugueses tiveram do nosso país e 
dos índios. 
 
E o Capitão-mor mandou em terra no batel a Nicolau 
Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou de 
ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos dois, 
quando aos três, de maneira que, ao chegar o batel à 
boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens. Eram 
pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse 
suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. 
Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes 
fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram 
(CAMINHA, 1500). 
 
Dessa forma, considerando que o Brasil foi colônia de Portugal, não há como 
dissociar a origem da literatura brasileira da literatura portuguesa. A exemplo 
de Caminha, muitos dos viajantes que vieram ao Brasil manifestaram suas 
percepções sobre a terra e ospovos nativos em cartas, crônicas e tratados. Ao 
conjunto dessa obra, que pretendia principalmente informar, denominamos 
literatura de informação. Esses textos, obedecendo a uma visão etnocêntrica 
 Competência 01 
 
 
 16 
Técnico em Biblioteca 
(ou seja, centrados na visão de uma etnia; nesse caso, a branca e europeia), 
não raras vezes, estavam carregados de preconceitos contra a cultura dos 
indígenas, aos quais os europeus classificavam como bárbaros. 
 
Muitos deles ou quase a maior parte dos que andavam 
ali traziam aqueles bicos de osso nos beiços. E alguns, 
que andavam sem eles, tinham os beiços furados e nos 
buracos uns espelhos de pau, que pareciam espelhos de 
borracha; outros traziam três daqueles bicos, a saber, 
um no meio e os dois nos cabos. Aí andavam outros, 
quartejados de cores, a saber, metade deles da sua 
própria cor, e metade de tintura preta, a modos de 
azulada; e outros quartejados de escaques. Ali andavam 
entre eles três ou quatro moças, bem moças e bem 
gentis, com cabelos muito pretos, compridos pelas 
espáduas, e suas vergonhas tão altas, tão cerradinhas e 
tão limpas das cabeleiras que, de as muito bem 
olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha. Ali por 
então não houve mais fala ou entendimento com eles, 
por a barbaria deles ser tamanha, que se não entendia 
nem ouvia ninguém (CAMINHA, 1500). 
 
Também nessa época, chegam os primeiros jesuítas, com o objetivo de 
expandir a fé cristã católica no novo continente. Nesse cenário, ganha 
destaque o Padre José de Anchieta. Ele escreveu poemas, cartas e peças 
teatrais. Mas é pelo último gênero que ficou mais conhecido. Suas peças 
teatrais, de cunho pedagógico e moralizante, eram encenadas em português, 
espanhol e tupi a fim de atingir o público heterogêneo da Colônia. Pelos seus 
autos à moda de Gil Vicente, Anchieta ensinava sobre os valores cristãos com 
o objetivo de converter os nativos e preservar a fé dos europeus residentes 
em nossas terras. Esse grupo de obras, com o intuito catequético, 
convencionou-se chamar literatura de catequese. 
 
Enquanto Colônia, o Brasil seguia os passos dos movimentos literários 
portugueses. Alguns dos autores da Metrópole, inclusive, são adicionados ao 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
rol das primeiras manifestações literárias brasileiras. Este é o caso de Padre 
Antonio Vieira, que, apesar de ter nascido português, é classificado como 
literatura brasileira por tratar de temas pertinentes à nossa terra. 
 
Com a Independência do Brasil, e sob a influência dos ideais da Revolução 
francesa de liberdade, igualdade e fraternidade, começa a se produzir em 
nosso país uma literatura de cunho nacional. Os autores dessa época usavam 
a literatura para atingir a valorização dos aspectos nacionais. Assim, em 1836, 
é publicado o primeiro texto romântico brasileiro, de autoria de Gonçalves de 
Magalhães, chamado “Suspiros poéticos e saudades”. (Disponível em: 
http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/suspiros_poeticos.pdf) 
 
Por um aspecto prático e didático, a literatura brasileira é dividida em 
manifestações literárias do período colonial (literatura colonial) e literatura 
nacional. Dessa forma, numa perspectiva histórica e estética, estudamos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Competência 01 
http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/suspiros_poeticos.pdf
 
 
 18 
Técnico em Biblioteca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 12 – Quadro comparativo 
Fonte: O autor (2012) 
 
1.5 Tipos de Literatura 
 
Considerando que este curso é voltado para pessoas que trabalham ou 
pretendem atuar em bibliotecas, acreditamos ser importante uma reflexão 
sobre os principais tipos de literatura presentes nesses locais e alguns dos 
autores importantes de cada categoria. 
 
 
 
SAIBA MAIS!! 
Cartade Pero Vaz 
de Caminha 
http://objdigital.bn.
br/Acervo_Digital/Li
vros_eletronicos/ca
rta.pdf 
 
 Competência 01 
http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/carta.pdf
http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/carta.pdf
http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/carta.pdf
http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/carta.pdf
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
1.5.1 Literatura Brasileira 
 
Compõe-se de todas as obras literárias de autoria de escritores brasileiros, 
naturais ou naturalizados, que têm como tema os aspectos culturais 
brasileiros. Observe o quadro: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Competência 01 
 
 
 20 
Técnico em Biblioteca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 13 - Cronologia e características dos movimentos literários 
Fonte: www.cmjf.com.br/cmjf24horas/aluno/material/1181602541.doc 
 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS! 
www.infoescola.co
m/biografias/pero-
vaz-de-caminha/ 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
Dessa forma, destacamos os seguintes autores: 
 
 Pero Vaz de Caminha: Escreveu o primeiro texto literário brasileiro, de 
caráter epistolar, considerado a certidão de nascimento de nosso país. 
 
 Padre José de Anchieta: É o principal representante da literatura de 
catequese. Sua obra é composta de cartas, poemas, uma gramática de língua 
tupi e autos. Entre seus títulos destacamos: Poema à Virgem, Os feitos de 
Mem de Sá, Arte e gramática da língua mais usada na costa do Brasil, Auto de 
São Lourenço, Auto da Pregação Universal, Na festa de natal. 
 
 Bento Teixeira: Apesar de Português, veio morar no Brasil muito jovem. 
Escreveu o primeiro texto barroco do Brasil, Prosopopeia, em 1601, poema 
épico que versa sobre a vida do terceiro donatário da capitania de 
Pernambuco, Jorge Albuquerque Coelho. 
 
 Gregório de Matos Guerra: Nasceu em Salvador - Bahia, em 7 de abril de 
1636. Faleceu em Pernambuco, em 1696. Sua obra é composta por poemas 
cultistas e conceptistas, de ordem lírica, religiosa e satírica. Por causa de seus 
poemas satíricos, foi expulso da Bahia, para onde não pode mais retornar; 
além de ter sido apelidado com a alcunha de “Boca do Inferno”. Sua obra 
somente foi publicada no século XX, entre 1923 e 1933, pela Academia 
Brasileira de Letras, em seis volumes: I. Sacra, II. Lírica, III. Graciosa, IV e V. 
Satírica, VI. Última. 
 
 Padre Antonio Vieira: Nascido em Portugal, mas tendo sua obra voltada 
aos temas brasileiros, é um dos autores elencados como parte da literatura 
barroca brasileira e portuguesa. Escreveu cartas, profecias e sermões 
conceptistas, pelos quais ficou mais conhecido. Assim, destacamos entre seus 
textos: Sermão da sexagésima, Sermão de Santo Antônio aos peixes, Sermão 
pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda, Sermão do 
bom ladrão. 
 
 
SAIBA MAIS!! 
 
Padre José de 
Anchieta 
http://educacao.u
ol.com.br/biografi
as/jose-de-
anchieta.jhtm 
 
Bento Teixeira 
http://educacao.uol
.com.br/biografias/
bento-teixeira.jhtm 
 
SAIBA MAIS!! 
 
Padre Antônio 
Vieira 
http://educacao.uol
.com.br/biografias/
antonio-vieira.jhtm 
 
Tomás Antônio 
Gonzaga 
www.jornaldepoesi
a.jor.br/tomaz.html 
http://educacao.uol
.com.br/biografias/t
omas-antonio-
gonzaga.jhtm 
 
 
 Competência 01 
http://educacao.uol.com.br/biografias/jose-de-anchieta.jhtm
http://educacao.uol.com.br/biografias/jose-de-anchieta.jhtm
http://educacao.uol.com.br/biografias/jose-de-anchieta.jhtm
http://educacao.uol.com.br/biografias/jose-de-anchieta.jhtm
http://educacao.uol.com.br/biografias/bento-teixeira.jhtm
http://educacao.uol.com.br/biografias/bento-teixeira.jhtm
http://educacao.uol.com.br/biografias/bento-teixeira.jhtm
 
 
 22 
Técnico em Biblioteca 
 Tomás Antônio Gonzaga: Nasceu na Cidade do Porto – Portugal, mas veio 
morar no Brasil ainda na infância. Seus textos mais importantes são: Marília 
de Dirceu, poema lírico inspirado em seu romance com Maria Doroteia, e 
Cartas chilenas, obra na qual ele satiriza o governador de Minas Gerais. 
 
 Cláudio Manuel da Costa: Poeta nascido em Minas Gerais, traz para sua 
poesia árcade elementos da topografia mineira. Inconfidente, sua morte em 
uma prisão de Vila Rica (Ouro Preto), em 1789, ainda é discutida entre as 
ossibilidades de suicídio e assassinato. Obra: Culto métrico, Munúsculo 
métrico, Epicédio, Obras, O parnaso obsequioso, Vila Rica, 
Poesiasmanuscritas. 
 
 Gonçalves Dias: Importante escritor romântico da primeira fase, destaca-
se por seus poemas líricos e nacionalistas. Em sua obra temos: Primeiros 
Cantos, Leonor de Mendonça, Segundos Cantos, Meditação, Últimos Cantos, 
Cantos, Os Tymbiras, Dicionácio da Língua Tupi. 
 
 Álvares de Azevedo: Morto prematuramente aos 21 anos, é o mais 
importante representante da literatura ultrarromântica. Escreveu apenas 
quatro livros: Lira dos vinte anos (antologia poética), Noite na taverna (contos 
fantásticos), Macário (teatro) e O conde Lopo (poema épico). 
 
 José de Alencar: Mais completo escritor romântico brasileiro, publicou em 
vários gêneros: romance, teatro, crônicas e cartas. Entre seus livros: Iracema, 
Cinco minutos, O guarani, A viuvinha, O demônio familiar, Senhora, Lucíola, Ao 
correr da pena. 
 
 Joaquim Manuel de Macedo: Importante representante do Romantismo 
brasileiro. O texto mais conhecido é A moreninha, de 1844. 
 
 Machado de Assis: Mais que grande representante do Realismo brasileiro, 
é intitulado o grande gênio da nossa literatura. Escreveu romances, crítica e 
variedade, contos, poemas e textos teatrais. Em sua obra ressaltamos: 
 
SAIBA MAIS!! 
 
Cláudio Manoel da 
Costa 
http://educacao.uol
.com.br/biografias/
claudio-manuel-da-
costa.jhtm 
 
Gonçalves 
Diashttp://www.br
asiliana.usp.br/nod
e/375 
 
Álvares de Azevedo 
http://educacao.uol
.com.br/biografias/
alvares-de-
azevedo.jhtm 
 
José de Alencar 
http://www.brasilia
na.usp.br/node/416 
 
Joaquim Manoel de 
Macedo 
http://educacao.uol
.com.br/biografias/j
oaquim-manuel-de-
macedo.jhtm 
 
Machado de Assis 
http://machado.me
c.gov.br/ 
Vídeo: 
http://www.youtub
e.com/watch?v=T8
GC8DmA9Js 
 
Aluísio de Azevedo 
http://educacao.uol
.com.br/biografias/
aluisio-
azevedo.jhtm 
 
 Competência 01 
http://educacao.uol.com.br/biografias/claudio-manuel-da-costa.jhtm
http://educacao.uol.com.br/biografias/claudio-manuel-da-costa.jhtm
http://educacao.uol.com.br/biografias/claudio-manuel-da-costa.jhtm
http://educacao.uol.com.br/biografias/claudio-manuel-da-costa.jhtm
http://www.brasiliana.usp.br/node/375
http://www.brasiliana.usp.br/node/375
http://www.brasiliana.usp.br/node/375
http://www.brasiliana.usp.br/node/375
http://www.brasiliana.usp.br/node/416
http://www.brasiliana.usp.br/node/416
http://www.youtube.com/watch?v=T8GC8DmA9Js
http://www.youtube.com/watch?v=T8GC8DmA9Js
http://www.youtube.com/watch?v=T8GC8DmA9Js
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
Memórias póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba, Esaú e 
Jacó, Memorial de Aires, Lição de botânica. 
 
 Aluísio de Azevedo: Escritor representativo do movimento naturalista no 
Brasil, foi o primeiro a viver, por um tempo, da publicação de seus romances. 
Destacam-se seus livros O mulato e O cortiço. 
 
 Lima Barreto: Foi crítico impiedoso da República Velha, desvencilhando-se 
do nacionalismo ufanista. Entre seus tipos humanos representativos temos o 
carioca. Seu livro mais conhecido é Triste fim de Policarpo Quaresma, em que 
revela os horrores e contradições do governo de Floriano Peixoto. Publicou 
também contos. 
 
 Mário de Andrade: Chamado de o “papa do Modernismo”, idealizou 
movimento junto a Oswald de Andrade. Sua publicação de mais destaquefoi 
Macunaíma, a história de um índio que nasce negro e que posteriormente fica 
branco, quando se lava numa lagoa encantada. Este, assim, é o genuíno 
representante da união das três raças que formaram o povo brasileiro. 
 
 Ariano Suassuna: Autor paraibano de nascimento, porém naturalizado 
pernambucano, Ariano Suassuna é um dos principais expoentes de nossa 
literatura. Fundador do Movimento Armorial, acredita na valorização da 
cultura popular e em sua incorporação pela dita “cultura erudita”. Assim, seus 
textos trazem vários tipos presentes na literatura de cordel: o sertanejo, o 
padre, o padeiro, a mulher adúltera. Obra: Auto da Compadecida, O santo e a 
porca, A pena e a lei, Uma mulher vestida de sol, entre outros títulos. 
 
 Jorge Amado: Foi o autor brasileiro mais traduzido e sua obra uma das 
mais adaptadas pela televisão e pelo cinema. Destacamos: Mar morto; 
Capitães de areia; Jubiabá; Grabriela, cravo e canela; Tieta do agreste; Dona 
flor e seus dois maridos. 
 
 
SAIBA MAIS! 
 
Lima Barreto 
www.culturabrasil.o
rg/limabarreto.htm 
 
Mário de Andrade 
http://educacao.uol
.com.br/biografias/
mario-de-
andrade.jhtm 
 
Ariano Suassuna 
http://educacao.uol
.com.br/biografias/
ariano-
suassuna.jhtm 
 
Jorge Amado 
http://www.jorgea
mado.org.br/ 
 
 Competência 01 
 
 
 24 
Técnico em Biblioteca 
1.5.2 Literatura Brasileira 
 
João Cabral de Melo Neto Nascido no Recife em janeiro de 1920. Chamado de 
“o poeta engenheiro”, inaugura um novo modo de fazer poesia, que exclui o 
adjetivo desnecessário e foge à musicalidade. São temáticas de sua poesia o 
próprio fazer poético, o nordeste e paisagens do Recife, como no poema O 
cão sem plumas, no qual o poeta personifica o Rio Capibaribe: 
 
O CÃO SEM PLUMAS 
 
I / PAISAGEM DO CAPIBARIBE 
 
A cidade é passada pelo rio 
como uma rua 
é passada por um cachorro; 
uma fruta 
por uma espada. 
 
O rio ora lembrava 
a língua mansa de um cão 
ora o ventre triste de um cão, 
ora o outro rio 
de aquoso pano sujo 
dos olhos de um cão. 
 
Aquele rio 
era como um cão sem plumas. 
Nada sabia da chuva azul, 
da fonte cor-de-rosa, 
da água do copo de água, 
da água de cântaro, 
dos peixes de água, 
da brisa na água. 
 
Sabia dos caranguejos 
de lodo e ferrugem. 
Sabia da lama 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
como de uma mucosa. 
Devia saber dos povos. 
Sabia seguramente 
da mulher febril que habita as ostras. 
Aquele rio 
jamais se abre aos peixes, 
ao brilho, 
à inquietação de faca 
que há nos peixes. 
Jamais se abre em peixes. 
 
Abre-se em flores 
pobres e negras 
como negros. 
Abre-se numa flora 
suja e mais mendiga 
como são os mendigos negros. 
Abre-se em mangues 
de folhas duras e crespos 
como um negro. 
 
Liso como o ventre de uma cadela fecunda, 
o rio cresce 
sem nunca explodir. 
Tem, o rio, 
um parto fluente e invertebrado 
como o de uma cadela. 
 
E jamais o vi ferver 
(como ferve 
o pão que fermenta). 
Em silêncio, 
o rio carrega sua fecundidade pobre, 
grávido de terra negra. 
 
Em silêncio se dá: 
em capas de terra negra, em botinas ou luvas de terra negra 
para o pé ou a mão 
 Competência 01 
 
 
 26 
Técnico em Biblioteca 
que mergulha. 
Como às vezes 
passa com os cães, 
parecia o rio estagnar-se. 
Suas águas fluíam então 
mais densas e mornas; 
fluíam com as ondas 
densas e mornas 
de uma cobra. 
 
Ele tinha algo, então, 
da estagnação de um louco.] 
Algo da estagnação 
do hospital, da penitenciária, dos asilos, 
da vida suja e abafada 
(de roupa suja e abafada) 
por onde se veio arrastando. 
 
Algo da estagnação 
dos palácios cariados, 
comidos 
de mofo e erva-de-passarinho. 
Algo da estagnação 
das árvores obesas 
pingando os mil açucares 
das salas de jantar pernambucanas, 
por onde se veio arrastando. 
(É nelas, mas de costas para o rio, 
que “as grandes famílias espirituais” da cidade 
chocam os ovos gordos 
de sua prosa. 
Na paz redonda das cozinhas, 
ei-las a revolver viciosamente 
seus caldeirões 
de preguiça viscosa). 
 
Seria a água daquele rio 
fruta de alguma árvore? 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
Por que parecia aquela 
uma água madura? 
Por que sobre ela, sempre, 
como que iam pousar moscas? 
 
Aquele rio 
saltou alegre em alguma parte? 
Foi canção ou fonte 
em alguma parte? 
Por que então seus olhos 
vinham pintados de azul 
nos mapas? 
O cão sem plumas, 1949-1950 
 
Fazem parte de sua obra ainda: Pedra do sono, O engenheiro, Auto do frade, 
Dois parlamentos, A educação pela pedra, Morte e vida severina. 
 
 Osman Lins:O pernambucano é autor de contos, romances, narrativas, 
livro de viagens e peças de teatro. Seu romance Avalovara (1973) é uma das 
maiores obras universais de arquitetura narrativa, construído a partir de um 
palíndromo latino dentro de uma espiral a partir dos quais vão sendo 
desenvolvidos todos os capítulos do livro. Seu livro Lisbela e o prisioneiro ficou 
muito conhecido a partir de sua adaptação para o cinema. 
 
 Gilvan Lemos: O escritor nasceu em São Bento do Una, no agreste de 
Pernambuco. Publicou contos, novelas e romances. Seus principais livros são: 
Os pardais estão voltando, Emissários do diabo, Enquanto o rio dorme, 
Morcego cego, A noite dos abraçados, O anjo do quarto dia, no qual envereda 
pela narrativa fantástica. 
 
 Manuel Bandeira: Grande poeta do Modernismo brasileiro, nasceu no 
Recife, em 1886. Seus versos falam sobre o cotidiano, o próprio fazer poético, 
o amor e erotismo, a infância no Recife. 
 
 
 Competência 01 
 
 
 28 
Técnico em Biblioteca 
EVOCAÇÃO DO RECIFE 
 
Recife 
Não a Veneza americana 
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais 
Não o Recife dos Mascates 
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois 
- Recife das revoluções libertárias 
Mas o Recife sem história nem literatura 
Recife sem mais nada 
Recife da minha infância 
A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado 
e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas 
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê 
na ponta do nariz 
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras 
mexericos namoros risadas 
A gente brincava no meio da rua 
Os meninos gritavam: 
Coelho sai! 
Não sai! 
A distância as vozes macias das meninas politonavam: 
Roseira dá-me uma rosa 
Craveiro dá-me um botão 
 
(Dessas rosas muita rosa 
Terá morrido em botão...) 
De repente 
nos longos da noite 
um sino 
Uma pessoa grande dizia: 
Fogo em Santo Antônio! 
Outra contrariava: São José! 
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José. 
Os homens punham o chapéu saíam fumando 
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo. 
 
Rua da União... 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
Como eram lindos os montes das ruas da minha infância 
Rua do Sol 
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal) 
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade... 
...onde se ia fumar escondido 
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora... 
...onde se ia pescar escondido 
Capiberibe 
- Capiberibe 
Lá longe o sertãozinho de Caxangá 
Banheiros de palha 
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho 
Fiquei parado o coração batendo 
Ela se riu 
Foi o meu primeiro alumbramento 
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu 
E nos pegões da ponte do trem de ferro 
os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras 
 
Novenas 
Cavalhadas 
E eu me deitei no colo da menina e ela começou 
a passar a mão nos meus cabelos 
Capiberibe 
- Capiberibe 
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas 
Com o xale vistoso de pano da Costa 
E o vendedor de roletes de cana 
O de amendoim 
que se chamava midubim e não era torradoera cozido 
Me lembro de todos os pregões: 
Ovos frescos e baratos 
Dez ovos por uma pataca 
Foi há muito tempo... 
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros 
Vinha da boca do povo na língua errada do povo 
Língua certa do povo 
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil 
 Competência 01 
 
 
 30 
Técnico em Biblioteca 
Ao passo que nós 
O que fazemos 
É macaquear 
A sintaxe lusíada 
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem 
Terras que não sabia onde ficavam 
Recife... 
Rua da União... 
A casa de meu avô... 
Nunca pensei que ela acabasse! 
Tudo lá parecia impregnado de eternidade 
Recife... 
Meu avô morto. 
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro 
como a casa de meu avô. 
 
Poema de Manuel Bandeira 
 
Foi autor de textos em prosa e em verso. No conjunto de sua obra, 
encontramos os títulos: A cinza das horas, Carnaval, Estrela da manhã, Estrela 
da vida inteira, Libertinagem. 
 
 Raimundo Carrero: Nascido em Salgueiro, no sertão, é jornalista e 
escritor. Participou ativamente do Movimento Armorial junto a Ariano 
Suassuna. Seus romances trazem uma carga intimista e análise psicológica. 
São títulos de sua obra: A história de Bernarda Soledade – a tigre do sertão, 
Sombra severa, A dupla face do baralho, Sinfonia para vagabundos. 
 
 Luzilá Gonçalves Ferreira: Professora aposentada da Universidade Federal 
de Pernambuco, a pernambucana da cidade de Garanhuns traz para sua obra 
um tom intimista, sob perspectiva do feminino. Obra: Muito além do corpo, A 
anti-poesia de Alberto Caeiro, Os rios turvos, A garça malferida, No tempo 
frágil das horas, etc. 
 
 
Poema deManuel 
Bandeira – 
Evocação do Recife 
www.youtube.com/
watch?v=ShUcinuI
W7A 
 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
1.5.3 Literatura Portuguesa 
 
Composta por escritores portugueses e que falam sobre aspectos da 
sociedade portuguesa. Aqui, ressaltamos: 
 
 Luís Vaz de Camões: Importante representante do Classicismo português, 
escreveu a primeira epopeia em nossa língua – Os lusíadas, na qual trata dos 
feitos portugueses à época das Grandes Navegações. Também produziu 
belíssimos sonetos de caráter lírico-amoroso. 
 
 Camilo Castelo Branco: Foi o primeiro autor português a viver 
exclusivamente de sua arte. Suas novelas e romances românticos são 
povoados de amores intensos, por vezes impossíveis, mortes trágicas, além do 
sofrimento amoroso. Os livros de sua autoria mais conhecidos são Amor de 
perdição e Amor de salvação. 
 
 Fernando Pessoa: É tido, junto a Camões, como grande poeta da língua 
portuguesa. Da sua personalidade criativa surgem os heterônimos, dos quais 
os mais importantes são: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. 
Como Fernando Pessoa (ele mesmo) publica Mensagem. 
 
1.5.4 Literatura Estrangeira 
 
Formada pelas obras universais em língua diferente da portuguesa. Em 
bibliotecas maiores, é separada por sua língua de origem: literatura inglesa, 
italiana, espanhola, russa, alemã, etc. 
 
1.5.5 Literatura Infanto-Juvenil no Brasil 
 
 Monteiro Lobato: Foi o primeiro escritor a produzir histórias para o 
público infantil no Brasil. Percebeu que não havia narrativas deste tipo em 
língua portuguesa. Preocupado com a formação de seus filhos, ele mesmo 
escreve as histórias que até hoje fazem sucesso: As caçadas de Pedrinho, 
 Competência 01 
 
 
 32 
Técnico em Biblioteca 
Reinações de Narizinho, A chave do tamanho, O picapau amarelo, Memórias 
da Emília, entre outras narrativas. 
 
 Ana Maria Machado: Teve o reconhecimento mundial de sua obra em 
2000, quando recebeu o Prêmio Hans Christian Andersen, o mais importante 
prêmio de literatura infantil. Na sua obra, ressaltamos: Alguns medos e seus 
segredos, Menina bonita do laço de fita, Uma vontade louca. 
 Lygia Bojunga: É um dos maiores nomes da literatura infanto-juvenil 
brasileira e mundial, assim consagrada pela qualidade de sua obra e 
caracterização da problemática da criança, acuada dentro do núcleo familiar. 
Obra: A casa da madrinha, Sapato de salto, Nós três, Seis vezes Lucas, A bolsa 
amarela, entre outros textos. 
 
Querido cursista, acreditamos que você percebeu que a divisão feita é básica. 
Como já comentamos, você poderá classificar e organizar a biblioteca de 
forma mais específica, inclusive dividindo as obras por gênero: poesia, 
romance, conto, etc., de acordo com as condições e tamanho da biblioteca. 
Sobre esses gêneros literários, trataremos no estudo da competência 2. 
 
 
 O que aprendemos? 
 Arte é toda manifestação humana, sem uma utilidade 
prática em si, mas que é produto da expressão do homem 
sobre si e sobre o mundo, e que reflete ou transgride os 
padrões de uma época. 
 
 Literatura é a arte da palavra, seja escrita ou oral. 
 
 As funções básicas da literatura: expressar sentimentos e 
ideias, comunicar, divertir, fazer denúncia social. 
 
 A origem da literatura brasileira está ligada à literatura 
portuguesa. 
 
 Na biblioteca, podemos dividir a literatura em: brasileira, 
portuguesa, estrangeira, pernambucana e infanto-juvenil. 
 Competência 01 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
2.COMPETÊNCIA 02 | DIFERENCIAR OS GÊNEROS LITERÁRIOS 
 
Caro cursista, nesta competência aprenderemos a diferenciar os gêneros 
literários. 
 
Quais as características específicas de cada um? Entretanto, antes disso, 
refletiremos um pouco sobre as características da linguagem literária; como 
ela pode apresentar-se de forma ambígua e polifônica. Posteriormente ao 
estudo dos gêneros literários, discorreremos sobre a importância da leitura 
em consonância com o papel desempenhado pelo técnico em 
biblioteconomia. Nas seções REFLETINDO e SAIBA MAIS, você encontrará 
sugestões de links de leituras e vídeos, a fim de que possa aprofundar seu 
conhecimento sobre o assunto estudado. 
 
Assim, espero que aproveitem a leitura. 
 
Bom estudo! 
 
2.1Uso da Linguagem Literária e Não Literária 
 
2.1.1 Denotação e Conotação 
 
Para começar este estudo, releia, primeiramente, o poema “Rosa de 
Hiroshima”, de Vinícius de Moraes, que você já viu na vídeo-aula 1: 
 
Percebeu que a palavra “rosa” pode apresentar vários significados e sentidos 
no poema? Em “como rosas cálidas”, a palavra é usada no sentido usual, ou 
seja, nomeia um tipo de flor. Dessa forma, podemos dizer que a palavra 
“rosa” aparece nesse trecho em sentido denotativo, pois é empregada em seu 
significado primeiro, dicionarizado. Essa característica pode ser encontrada 
nos textos literários, mas é mais comum aos textos não literários. 
 
 Competência 02 
 
 
 34 
Técnico em Biblioteca 
Já no trecho “A rosa hereditária/A rosa radioativa”, a palavra “rosa” ganha 
outro significado – é metáfora do cogumelo radioativo, formado com a 
explosão de uma bomba atômica na cidade de Hiroshima. 
 
O artista literário trabalha a palavra procurando 
construir sentidos, produzindo novos significados, indo 
além do seu significado básico (a palavra em estado de 
dicionário), ao mesmo tempo em que seleciona e 
combina palavras para obter o máximo de efeito 
sonoro, em busca do ritmo poético (TERRA; NICOLA, 
2002, p. 240). 
 
Esse novo sentido atribuído à palavra, que foge ao usual, é o que chamamos 
de conotação. A sua interpretação irá depender da situação, ou seja, do 
contexto histórico-cultural. Esse uso da linguagem é característica intrínseca, 
predominante e principal do texto literário. Assim, podemos afirmar que ele 
tem plurissignificação, ambiguidade e polifonia, pois é pleno de significados e 
é ponto de encontro de vários discursos. 
 
Todavia, é importante afirmarmos que a ambiguidade também está presente 
em textos não literários. Na área de publicidade e propaganda, por exemplo, 
seu uso é muito comum. Veja o anúncio (Figura 14):Figura 14 –Ambiguidade – Outdoor comercial 
Fonte: www.filologia.org.br/vcnlf/anais%20v/civ8_08.htm 
 
 Competência 02 
http://www.filologia.org.br/vcnlf/anais%20v/civ8_08.htm
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
Como você pode observar, o uso da palavra “coroa”, no anúncio, apresenta 
uma ambiguidade, reforçada pela foto de um idoso, pois o leitor poderá 
associá-la ao sentido de “mulher mais velha” ou à “coroa de flores” dos 
funerais. O sentido só é esclarecido a partir de outros elementos do anúncio, 
como a logomarca da funerária. 
 
Então, se a conotação pode aparecer em textos não literários e literários, 
como diferenciá-los? Simples!! Na literatura, a conotação acontece com mais 
frequência e, também, não podemos esquecer da intenção do escritor em 
fazer um texto artístico, ficcional, o que não está presente em outros textos. 
 
2.1.2 Prosa e Poesia 
 
Os textos literários podem se estruturar de duas formas: em prosa ou em 
verso. 
 
Prosa é a expressão usual da linguagem escrita, estruturada em parágrafos. 
Os gêneros crônica, conto, romance, por exemplo, pertencem a esta 
modalidade. Observe, agora, um trecho do romance Senhora, de José de 
Alencar: 
 
Na sala, cercada de adoradores, no meio das 
esplêndidas reverberações de sua beleza, Aurélia bem 
longe de inebriar-se da adoração produzida por sua 
formosura, e do culto que lhe rendiam; ao contrário 
parecia unicamente possuída de indignação por essa 
turba vil e abjeta. Não era um triunfo que ela julgasse 
digno de si, a torpe humilhação dessa gente ante sua
 riqueza. Era um desafio, que lançava ao mundo; 
orgulhosa de esmagá-lo sob a planta, como a um réptil 
venenoso (ALENCAR, 2007, p. 12-13). 
 
Poesia é a linguagem usada de forma mais subjetiva, levando em 
consideração elementos como o ritmo. Não, necessariamente, um poema terá 
 Competência 02 
 
 
 36 
Técnico em Biblioteca 
rima e será estruturado em versos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
São elementos do texto poético: 
 
• Verso – é cada linha de um poema. 
• Estrofe – é o conjunto de versos de um poema. 
• Rima – o recurso usado no poema para dar sonoridade. Entretanto, nem 
todos os poemas têm rimas. 
• Ritmo – é uma alternação uniforme de sílabas tônicas e não tônicas em cada 
verso do poema. 
 
2.2Gêneros Literários 
 
Segundo Marcuschi (2005), nós não nos comunicamos por palavras ou frases, 
e sim através de textos. Estes textos, por sua vez, são materializados na forma 
de gêneros textuais que assumem, dentro de certo contexto, uma função 
comunicativa. Por exemplo, é comum registrarmos os livros de uma biblioteca 
numa ficha catalográfica, a qual trará informações descritivas do volume a 
que se refere (autor, título, editora, ano de publicação, etc.). 
 
Cada domínio discursivo terá os seus gêneros específicos. Isso quer dizer que 
cada ambiente ou área de conhecimento terá gêneros textuais que servirão 
para viabilizar a comunicação. Dessa maneira, a Literatura, como uma área de 
conhecimento humano, também terá os seus gêneros, aos quais 
denominamos gêneros literários. A divisão mais clássica deles foi feita por 
Aristóteles, que os dividiu em épico, lírico e dramático. Com o advento da 
Ah! quem nos dera que isso, como outrora, 
inda nos comovesse! Ah! quem nos dera 
que inda juntos pudéssemos agora 
ver o desabrochar da primavera! 
(Olavo Bilac Primavera.) 
 
 
SAIBA MAIS! 
 
VERSO: 
www.recantodaslet
ras.com.br/teorialit
eraria/254091 
ESTROFE: 
www.recantodaslet
ras.com.br/teorialit
eraria/254733 
RIMA: 
www.recantodaslet
ras.com.br/teorialit
eraria/254761 
RITMO E MAIS: 
www.spectrumgoth
ic.com.br/literatura
/elementos.htm 
 
 Competência 02 
http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/elementos.htm
http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/elementos.htm
http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/elementos.htm
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
Modernidade, surgem novas formas que se classificam como narrativas ou 
gênero narrativo. Vamos estudar esses gêneros e conhecer as suas diversas 
formas de materialização? 
 
2.2.1 Gênero Épico 
 
O gênero épico corresponde às narrativas em forma de versos, que têm um 
fato histórico como base. Geralmente, são fatos grandiosos que interessam a 
uma coletividade. Nesse tipo de texto literário, o gênero mais comum é a 
epopeia – gênero textual que, em sua generalidade, narra a história de um 
herói ou de um povo. São exemplos de epopeia A ilíada e A odisséia, ambas 
obras de Homero, que tratam, respectivamente, da guerra de Tróia e da volta 
do herói Odisseu à sua terra natal – a Ilha de Ítaca; Os lusíadas, de Luís Vaz de 
Camões, primeira epopeia escrita em Língua Portuguesa, e que trata das 
grandes navegações e das conquistas do povo português. 
 
A epopeia segue uma estrutura básica e se divide em: proposição, invocação, 
dedicatória, narração e epílogo. 
 
 Proposição: é a apresentação do tema. Veja um trecho de Os lusíadas, em 
que o poeta Luís de Camões diz que vai cantar sobre os feitos heróicos dos 
portugueses: 
 
“As armas e os barões assinalados 
Que da Ocidental praia Lusitana, 
Por mares nunca dantes navegados 
Passaram ainda além da Taprobana, 
Em perigos e guerras esforçados 
Mais do que prometia a força humana 
E entre gente remota edificaram 
Novo Reino, que tanto sublimaram; 
E também as memórias gloriosas 
Daqueles Reis que foram dilatando 
A Fé, o Império, e as terras viciosas 
 Competência 02 
 
 
 38 
Técnico em Biblioteca 
De África e de Ásia andaram devastando, 
E aqueles que por obras valerosas 
Se vão da lei da Morte libertando 
Cantando espalharei por toda a parte 
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.” 
 
Luís de Camões,Os Lusíadas (1572)Canto I, 1—2 
 
 Invocação: o poeta pede auxílio e inspiração às musas da poesia. No caso 
da epopeia portuguesa, o poeta pede ajuda às Tágides, musas do rio Tejo: 
 
E vós, Tágides minhas, pois criado 
Tendes em mim um novo engenho ardente, 
Se sempre em verso humilde celebrado 
Foi de mim vosso rio alegremente, 
Dai-me agora um som alto e sublimado, 
Um estilo grandíloquo e corrente, 
Porque de vossas águas, Febo ordene 
Que não tenham inveja às de Hipocrene. 
5 
Dai-me uma fúria grande e sonorosa, 
E não de agreste avena ou frautaruda, 
Mas de tuba canora e belicosa, 
Que o peito acende e a cor ao gesto muda; 
Dai-me igual canto aos feitos da famosa 
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda; 
Que se espalhe e se cante no universo, 
Se tão sublime preço cabe em verso.” 
 
— Invocação às Tágides, Canto I, estrofes 4 e 5. 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A1gides 
 
 Dedicatória: a quem está sendo oferecido o poema. Neste caso, a D. 
Sebastião, antigo rei português: 
 
Vós, poderoso Rei, cujo alto Império 
O Sol, logo em nascendo, vê primeiro, 
Vê-o também no meio do Hemisfério, 
 
 Texto “Os 
Lusíadas” completo 
disponível em 
www.citi.pt/ciberfo
rma/ana_paulos/fic
heiros/lusiadas.pdf) 
 
 Competência 02 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Lus%C3%ADadas#Canto_I
http://www.citi.pt/ciberforma/ana_paulos/ficheiros/lusiadas.pdf
http://www.citi.pt/ciberforma/ana_paulos/ficheiros/lusiadas.pdf
http://www.citi.pt/ciberforma/ana_paulos/ficheiros/lusiadas.pdf
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
E quando dece o deixa derradeiro; 
Vós, que esperamos jugo e vitupério 
Do torpe Ismaelita cavaleiro, 
Do Turco Oriental e do Gentio 
Que inda bebe o licor do santo Rio: 
 
Inclinai por um pouco a majestade 
Que nesse tenro gesto vos contemplo, 
Que já se mostra qual na inteira idade, 
Quando subindo ireis ao eterno templo; 
Os olhos da real benignidade 
Ponde no chão: vereis um novo exemplo 
De amor dos pátrios feitos valerosos, 
Em versos divulgado numerosos. 
 
Excerto de Lusíadas, CANTO I 
Fonte:www.alvarenga.net/canto1.htm 
 
 Narração: éa exposição do tema, da história; sendo, assim, a partemais 
longa do poema. 
 
 Epílogo: é a conclusão, o encerramento do poema. 
 
2.2.2 Gênero Dramático 
 
Caro cursista, antes de começarmos a discutir sobre o gênero dramático, veja 
o vídeo no link:www.youtube.com/watch?v=a3o1Y8491mA. O vídeo que você 
acaba de assistir é o trailer de uma adaptação para o cinema de uma obra 
teatral, Auto da Compadecida, escrita por Ariano Suassuna. No cinema ou no 
palco, os atores retratam os conflitos humanos e dramas sociais – a seca, a 
fome, a miséria. No texto dramático, “em vez de ser contado por um 
narrador, a história é mostrada no palco, ou seja, representada por atores que 
fazem o papel dos personagens.” (CEREJA; MAGALHÃES, 2005, p. 53). 
 
 Competência 02 
http://www.alvarenga.net/canto1.htm
http://www.youtube.com/watch?v=a3o1Y8491mA
 
 
 40 
Técnico em Biblioteca 
Assim, correspondem ao gênero dramático todos os textos produzidos para 
representação. Entre eles, destacamos a tragédia, a comédia, o auto e o 
drama. A seguir, conversaremos sobre as características de cada um. 
 
a) Tragédia 
 
Sobre esse gênero, já falamos um pouco no texto da competência 1. Do grego 
tragoidía, trágos, a tragédia é um gênero dramático muito antigo, o qual tem 
sua origem ligada aos cantos em louvor ao deus Dionísio – os ditirambos. 
 
De acordo com Aristóteles, a tragédia seria a imitação de ações de homens 
superiores, de linguagem ornamentada e que tinha o fim de suscitar terror e 
piedade. Ele acreditava que a tragédia tinha o poder da catarse, ou seja, um 
efeito purificador da sociedade, que por causa do exemplo da encenação teria 
mais cuidado em suas ações. 
 
Uma das tragédias gregas mais conhecidas é Édipo Rei, escrita por Sófocles, 
em que Édipo, por causa de seu temperamento explosivo, termina, sem saber, 
matando o próprio pai e se casando com a própria mãe. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 15 – Édipo e a Esfinge 
Fonte: http://oraculomudo.blogspot.com.br/2008/04/dipo-e-esfinge-
museu-do-vaticano.html 
 
 
 
 Competência 02 
http://oraculomudo.blogspot.com.br/2008/04/dipo-e-esfinge-museu-do-vaticano.html
http://oraculomudo.blogspot.com.br/2008/04/dipo-e-esfinge-museu-do-vaticano.html
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
b) Comédia 
Se a tragédia é a imitação de ações de homens superiores, a comédia, por sua 
vez, para Aristóteles, consiste na “imitação dos homens inferiores” em 
situações ridículas. 
 
Do grego komoidía, acredita-se ter sua origem nos cantos fálicos em 
homenagem ao deus Dionísio. A princípio, os atores e o coro se apresentavam 
com máscaras e vestidos com roupagens diversas. 
 
Das comédias gregas antigas, chegaram aos nossos dias os textos de 
Aristófanes, os quais se caracterizavam, principalmente, pela crítica aos 
governantes. Entre eles, ressaltamos Os cavaleiros e Os acamenses. 
 
c) Auto 
 
Consoante definição de Massaud Moisés (2004, p. 45), “vinculado aos 
mistérios e moralidades, e talvez deles provenientes, o autodesigna toda peça 
breve, de tema religioso ou profano, encenada durante a Idade Média”. 
Entretanto, este gênero foi além dessa época e chegou até nossos dias, em 
textos como, o já citado, Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna; Auto de 
natal pernambucano – Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. 
 
d) Drama 
 
A princípio, a origem da palavra quer dizer apenas “ação”. Mas, na primeira 
metade do século XVIII, esse gênero assume a característica especial de 
mesclar elementos trágicos e cômicos; era o chamado drama burguês. No 
teatro do Romantismo, esse gênero dramático fez muito sucesso. São dessa 
época peças estudadas e encenadas até nossos dias – O conde de Monte 
Cristo, de Alexandre Dumas; A dama das camélias, de Alexandre Dumas Filho. 
 
 Competência 02 
 
 
 42 
Técnico em Biblioteca 
2.2.3 Gênero Lírico 
 
Trata-se da manifestação poética do eu lírico, que expressa seus sentimentos, 
ideias, impressões, desejos. Neste tipo de texto, há a predominância da 1ª 
pessoa, reflexo da subjetividade do autor. Um dos gêneros mais comuns 
desse tipo é o soneto. Este é um poema composto por catorze versos, 
estruturados em dois quartetos (duas estrofes de quatro versos) e dois 
tercetos (duas estrofes de três versos). Observe o Soneto de fidelidade, de 
autoria de Vinícius de Moraes (Figura16): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura16 – Soneto de Fidelidade de Vinicius de Moraes 
Fonte: http://hippopotamo.blogspot.com.br/2007/06/rosa-para-vc.html 
 
2.2.4 Gênero Narrativo 
 
Textos narrativos, redigidos em prosa, que surgiram a partir do final da Idade 
Média, com o declínio da epopeia. Podem ser escritos em 1ª ou 3ª pessoa. Os 
verbos, geralmente, vêm no pretérito. São elementos dos textos narrativos 
ficcionais: espaço (onde se passa a narrativa), tempo (pode ser psicológico ou 
 Competência 02 
 
www.youtube.com/
watch?v=eHgU4ERc
7Nc 
http://www.google.com.br/url?sa=i&source=images&cd=&cad=rja&docid=aMVOh2AdjP3LoM&tbnid=VF7H9ALIP9SvtM:&ved=0CAgQjRwwAA&url=http://hippopotamo.blogspot.com/2007/06/rosa-para-vc.html&ei=Vu6AUviaGc_IkAfmloD4DQ&psig=AFQjCNEFb0YgWBY3fRU7KZvOqoCaZYyPvg&ust=1384267734468879
http://www.youtube.com/watch?v=eHgU4ERc7Nc
http://www.youtube.com/watch?v=eHgU4ERc7Nc
http://www.youtube.com/watch?v=eHgU4ERc7Nc
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
cronológico), enredo (a história), narrador (quem conta a história), 
personagens (aqueles que participam da trama). São exemplos desse gênero: 
conto, crônica, novela, romance, fábula e lenda, sobre os quais estudaremos a 
seguir. 
 
a) Conto 
 
É uma narrativa curta que possui poucos personagens e gira em torno de um 
só conflito. 
 
b) Crônica 
 
É um tipo de narrativa de pouca extensão que pretende comentar fatos 
cotidianos. Geralmente, aparece em jornais. 
 
RECADO AO SENHOR 903 
 
Vizinho – 
 
Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que 
me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. 
Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite – e a sua veemente 
reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O 
regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor teria ainda ao seu lado a Lei e 
a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível 
repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 
903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o 
meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de 
outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano 
Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o senhor. 
Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico 
fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós doisapenas nos agitamos e 
bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois 
das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem 
vier à minha casa (perdão, ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45, e 
explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 
 Competência 02 
 
 
 44 
Técnico em Biblioteca 
109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, 
está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não 
incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. 
Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio. 
 
Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem 
batesse à porta do outro e dissesse: “Vizinho,são três horas da manhã e ouvi música em 
tua casa. Aqui estou.” E o outro respondesse: “Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe 
de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar 
e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela”. 
 
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho 
entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas 
árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz. 
 
Rubem Braga 
Fonte: http://contobrasileiro.com.br/?p=1334#more-1334 
 
c) Novela 
 
É um gênero menor que o romance e maior que o conto, que apresenta 
apenas um conflito, apesar de ser dividida em capítulos. 
 
d) Romance 
 
É uma narrativa longa, geralmente dividida em capítulos, possui personagens 
variadas em torno das quais acontece a história principal e também histórias 
paralelas a essa, pode apresentar espaço e tempo variados. São exemplos de 
romances brasileiros conhecidos: Senhora, de José de Alencar, e Macunaíma, 
de Mário de Andrade. 
 
e) Fábula 
 
É uma narrativa breve em que os personagens são animais que agem como 
seres humanos. Tem o intuito de deixar uma lição de moral. Leia a fábula de 
Esopo: 
 
Saiba mais sobre o 
gênero Novela! 
http://pt.wikipedia.
org/wiki/Novela 
www.ciencialit.let
ras.ufrj.br/garrafa
6/18.html 
 
 Competência 02 
http://contobrasileiro.com.br/?p=1334#more-1334
http://pt.wikipedia.org/wiki/Novela
http://pt.wikipedia.org/wiki/Novela
http://www.ciencialit.letras.ufrj.br/garrafa6/18.html
http://www.ciencialit.letras.ufrj.br/garrafa6/18.html
http://www.ciencialit.letras.ufrj.br/garrafa6/18.html
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:http://mensagensepoemas.uol.com.br/mensagem/raposa-e-uvas-morta-de-fome-uma-
raposa-foi-ate-um-vinhedo-sabendo-que-ia-encontrar-muita 
 
f) Lenda 
 
É uma manifestação da tradição oral que surge com a função social de 
explicar fatos não justificáveis cientificamente, em que se misturam 
elementos históricos e imaginários. Constitui-se em um episódio heroico ou 
sentimental com elemento maravilhoso ou sobre-humano, transmitido e 
conservado na tradição oral popular, localizável no espaço e no tempo. Possui 
características de fixação geográfica e pequena deformação (CASCUDO, 2000). 
No Recife e Região Metropolitana, as lendas, em geral, correspondem à 
histórias de assombração. Destacam-se as lendas da Perna Cabeluda, Papa-
Figo, O Pai do Mangue, A Menina do Algodão. 
 
2.3 Leitura 
 
2.3.1 A Importância da Leitura 
 
Nas culturas letradas, a leitura é uma atividade valorizada, uma prática 
extremamente importante para a formação das crianças e dos jovens. 
 
Na leitura e na escrita do texto literário encontramos o 
senso de nós mesmos e da comunidade a que 
pertencemos. A literatura nos diz o que somos e nos 
 
“A raposa e as uvas Morta de fome, uma raposa foi até um vinhedo 
sabendo que ia encontrar muita uva. A safra tinha sido excelente. Ao 
ver a parreira carregada de cachos enormes, a raposa lambeu os 
beiços. Só que sua alegria durou pouco: por mais que tentasse, não 
conseguia alcançar as uvas. Por fim, cansada de tantos esforços 
inúteis, resolveu ir embora, dizendo: - Por mim, quem quiser essas 
uvas pode levar. Estão verdes, estão azedas, não me servem. Se 
alguém me desse essas uvas eu não comeria. Moral: Desprezar o que 
não se consegue conquistar é fácil.” 
 
SAIBA MAIS SOBRE 
LENDA! 
 
BELTRÃO, Roberto. 
Histórias medonhas 
d’O Recife 
assombrado. 
Recife: Bagaço, 
2002. 
_____. Estranhos 
mistérios d’O Recife 
assombrado. Recife: 
Bagaço, 
2007. 
Para ler as histórias 
contadas por 
Gilberto Freyre, em 
Assombrações 
do Recife 
velho: 
www.4shared.com/
office/0rF1D98w/Gi
lberto_ 
Freyre_-
_Assombraes_d.ht
ml 
Para ler os contos 
de Machado de 
Assis, bem como 
outros textos 
literários, acesse: 
www.dominiopublic
o.gov.br. 
 
 Competência 02 
http://www.dominiopublico.gov.br/
http://www.dominiopublico.gov.br/
 
 
 46 
Técnico em Biblioteca 
incentiva a desejar e a expressar o mundo por nós 
mesmos. E isso se dá porque a literatura é uma 
experiência a ser realizada. É mais que um 
conhecimento a ser reelaborado, ela é a incorporação 
do outro em mim, sem renúncia da minha própria 
identidade (COSSON, 2006, p. 17). 
 
Nesse contexto, o texto literário traz à vida das pessoas várias possibilidades 
de pensar sobre si e sobre o mundo, através do lúdico, por exemplo. Já 
falamos sobre o papel comunicativo e reflexivo da literatura anteriormente. 
Dessa forma, a literatura, acima de tudo, cumpre um papel humanizador. 
 
2.3.2 O Papel do Bibliotecário 
 
É papel do técnico em biblioteconomia contribuir para a formação leitora das 
pessoas, principalmente crianças, apresentando a literatura como uma 
possibilidade de conversas e descobertas prazerosas, destituída dos 
convencionais métodos de leitura obrigatória. 
 
Para poder atender convenientemente cada pessoa que frequenta a 
biblioteca, oferecendo a ela novas indicações de leitura, você, futuro técnico 
em biblioteconomia, deve ficar atento aos temas e gêneros de texto 
preferidos em cada fase. Não é de se negar, por exemplo, que crianças em 
processo de alfabetização tendem a gostar mais de ler pequenos contos que 
remetam ao imaginário, à fantasia; ou poemas que explorem sons 
onomatopaicos4, como vemos no texto “Trem de ferro”, de Manuel Bandeira. 
 
TREM DE FERRO 
 
Café com pão 
Café com pão 
Café com pão 
Virge Maria que foi isso maquinista? 
 
4 Onomatopeia é a figura de linguagem que se refere à reprodução do som das coisas. 
 Competência 02 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
Noções Básicas de Literatura Aplicada à Biblioteconomia 
Agora sim 
Café com pão 
Agora sim 
Voa, fumaça 
Corre, cerca 
Ai seu foguista 
Bota fogo 
Na fornalha 
Que eu preciso 
Muita força 
Muita força 
Muita força 
(trem de ferro, trem de ferro) 
 
Oô... 
Foge, bicho 
Foge, povo 
Passa ponte 
Passa poste 
Passa pasto 
Passa boi 
Passa boiada 
Passa galho 
Da ingazeira 
Debruçada 
No riacho 
Que vontade 
De cantar! 
Oô... 
(café com pão é muito bom) 
 
Quando me prendero 
No canaviá 
Cada pé de cana 
Era um oficiá 
Oô... 
Menina bonita 
Do vestido verde 
 Competência 02 
 
 
 48 
Técnico em Biblioteca 
Me dá tua boca 
Pra matar minha sede 
Oô... 
Vou mimbora vou mimbora 
Não gosto daqui 
Nasci no sertão 
Sou de Ouricuri 
Oô... 
 
Vou depressa 
Vou correndo 
Vou na toda 
Que só levo 
Pouca gente 
Pouca gente 
Pouca gente... 
(trem de ferro, trem de ferro) 
 
Trem de Ferro, Manuel Bandeira 
Fonte: www.casadobruxo.com.br/poesia /m/trem.htm 
 
Nesse poema, o som e o ritmo lembram o barulho de um trem. Para a criança, 
a leitura em voz alta desse poema se torna uma brincadeira, uma atividade 
que explora a ludicidade, a imaginação infantil. 
 
Lembrando que a ilustração dos livros infantis ou outros atrativos atrelados 
aos livros, como buzinas, brinquedos, texturas, formas e cores também 
ajudam a despertar o interesse dos pequenos leitores. 
 
Para atender bem a esse público, o técnico em biblioteconomia pode 
desenvolver algumas atividades diferenciadas na biblioteca. Vamos ver quais 
são? 
 
a) Contação de História 
 
Contar histórias é uma prática muito antiga, remete aos primeiros tempos da 
 
SAIBA MAIS! 
 
Fica a dica para 
utilização em 
atividades de 
leitura, dos vídeos 
representativos do 
poema “Trem de 
ferro”: 
www.youtube.com/
watch?v=nkKA5Ebs
Vt8 
www.youtube.com/
watch?v=GsKAn2N8
UN0&feature=relat
ed 
 
 
SAIBA MAIS SOBRE 
CONTAÇÃO DE 
HISTÓRIA! 
www.youtube.co
m/watch?v=R8Vs
p5Ndwc0 
 
 Competência 02 
http://www.casadobruxo.com.br/poesia%20/m/trem.htm
http://www.youtube.com/watch?v=nkKA5EbsVt8
http://www.youtube.com/watch?v=nkKA5EbsVt8
http://www.youtube.com/watch?v=nkKA5EbsVt8