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SEÇÃO 03 - DIREITO CONSTITUCIONAL

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A) DA 11ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO – SP.
Autos:
FERNANDA, brasileira, estado civil, servidora pública municipal, portadora do RG nº e do CPF nº, residente e domiciliado em XX, na cidade de São Paulo - SP, com endereço eletrônico, já qualificada nos autos em epígrafe, por meio de seu advogado, vem tempestivamente, interpor 
AGRAVO DE INSTRUMENTO 
em face da decisão interlocutória proferida nos autos proferida pelo Juízo “a quo”, que indeferiu, equivocadamente, o pedido de Justiça Gratuita, rogando pela sua total reforma, caso não ocorra o juízo de retratação, para os fins de direito, conforme fundamentação nas razões anexas.
Assim, nos moldes do art. 1.017, I, do CPC, requer a juntada de cópia da petição inicial e documentos que a acompanham, procuração que confere poderes a este procurador, bem como cópia da decisão agravada. 
Por oportuno deixa de juntar comprovante de recolhimento de preparo por estar o presente recurso versando sobre o indeferimento da justiça gratuita. 
A Agravante junta cópia integral dos autos, declarada autêntica pelo advogado nos termos do artigo 425, IV do Código de Processo Civil, e, entre elas, encontram-se as seguintes peças obrigatórias:
a) Cópia da r. Decisão agravada (fl. )
b) Cópia da certidão da intimação da r. Decisão agravada ( fl. )
c) Cópia da procuração outorgada aos advogados (fl.).
Assim, atendidos os requisitos de admissibilidade, a Agravante requer seja determinado o regular processamento do recurso.
Nestes termos, pede deferimento.
Local... e data...
Advogado... OAB ...
MINUTA DE AGRAVO DE INSTRUMENTO
a serem apreciadas pelo
EGRÉGIO TRIBUNAL ESTADO DE SÃO PAULO
PROCESSO: XXX
ORIGEM: 7ª Vara Cível de São Paulo,
AGRAVANTE: FERNANDA. Advogado inscrito na OAB/XXX, conforme procuração anexa e com endereço comercial em: 
Agravados: BANCO ITUBANK, Advogado inscrito na OAB/XXX, conforme procuração anexa e com endereço comercial em: X; BANCO NESCO, Advogado inscrito na OAB/XXX, conforme procuração anexa e com endereço comercial em: X; BANCO BOA GRANA, Advogado inscrito na OAB/XXX, conforme procuração anexa e com endereço comercial em: X;
Colenda Turma, 
Ínclitos julgadores.
I - DO CABIMENTO DO RECURSO E DA TEMPESTIVIDADE
A decisão interlocutória que indeferiu a concessão de justiça gratuita a agravante deve ser combatida por Agravo de Instrumento.
O recurso é tempestivo, uma vez que foi interposto dentro do prazo de 15 dias úteis, conforme estabelece O 1.015, V, do Código de Processo Civil.
II – DO PREPARO:
O presente Agravo versa, justamente do indeferimento do pedido de Justiça Gratuita em sede de decisão interlocutória, pelo que a Agravante deixou de efetuar o recolhimento de custas, uma vez que não possui condições de arcar com custas processuais, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, conforme demonstrado documentalmente.
III – DA PREVENÇÃO:
No caso em comento, há prevenção do presente Agravo à 11ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em razão de anteriormente já ter sido distribuído agravo pela segunda agravada objetivando a reforma da decisão interlocutória que determinou apresentação dos contratos de empréstimo e cartão e que tramitou nesta especializada, portanto, devendo ser reconhecida a prevenção nos termos do art. 930, parágrafo único, do CPC/15. 
IV – DA BRESE SINTESE:
Conforme narrado na petição inicial, a sra. Fernanda, ora Agravante está superendividada em razão dos diversos empréstimos que contraiu e não conseguiu quitar, bem como uso de cartão de crédito, atualmente possui as seguintes dividas: Banco Itubank (R$700.000,00), Banco Nesco (R$ 300.000,00) e Financeira Boa Grana (R$ 100.000,00). 
Ademais, a Agravante recebe vencimentos de R$ 10.000,00 (dez mil reais) por mês, mas está repleta de dívidas com empresas de cartão de crédito e bancos, além de já ter perdido o seu veículo, o apartamento em que vive e o seu plano de saúde.
A Agravante, ciente de suas condições financeiras precárias requereu a gratuidade da justiça, alegando a ausência de fonte de renda.
No entanto, em sede de decisão interlocutória prolatada no processo de origem o juiz a quo, indeferiu o pedido de gratuidade de justiça e determinou que a agravante depositasse as custas iniciais do processo, no valor de R$ 11.000,00 (onze mil reais), no prazo de dez dias, em face da impossibilidade de concessão de assistência judicial gratuita diante dos comprovantes de seus rendimentos mensais de R$ 10.000,00 (dez mil reais) como funcionária pública municipal, sob pena de extinção do processo sem julgamento do mérito.
A agravante ainda requereu a reconsideração da decisão, argumentando impossibilidade de efetuar o pagamento das custas do processo, sem que isto prejudique a manutenção do patrimônio mínimo, entretanto, o Juiz a QUO manteve integralmente a sua decisão sem maior fundamentação.
Todavia, Nobres Julgadores, importa esclarecer que a agravante está superendividada, perdeu seu apartamento e carro, bem como que seu salário sequer cobre os gastos básicos para sobrevivência ante a situação de endividamento. 
De mais a mais, o valor das custas é demasiadamente alto, maior que seu salário, razão pela qual não possui condições de pagar sem que de fato isto prejudique sua subsistência.
Logo, a situação de miserabilidade pode ser facilmente comprovada através das provas documentais que se apresentadas.
Portanto, a decisão que indeferiu a concessão de justiça gratuita a agravante é arbitrária, ante a comprovação de estado de pobreza, devendo, portanto, ser reformada. 
V – DO DIREITO:
Da Justiça Gratuita
Ao entender, equivocadamente acerca da ausência de preenchimento dos requisitos para o deferimento da Gratuidade de Justiça, justificando de antemão que a agravante recebe salário no valor de R$10.000,00 e que teria, portanto, condições de efetuar o recolhimento das custas iniciais, referida decisão é arbitraria. 
Primeiramente, deveria ter atentado a situação atual que o agravante se encontra, qual seja de superendividamento. 
Inclusive, Nobres Julgadores, a Agravante informou que perdeu seu apartamento, carro e também seu plano de saúde em razão das dívidas que possui, que são as seguintes: Banco Itubank (R$700.000,00), Banco Nesco (R$ 300.000,00) e Financeira Boa Grana (R$ 100.000,00)
Logo, demonstrando a situação de superendividamento. 
Importa esclarecer, que na peça de ingresso foi requerido o benefício da Justiça Gratuita, em decorrência de ser a Agravante pobre e não ter condições de efetuar o pagamento das custas e despesas processuais, já que que sua renda está totalmente comprometida em razão das vastas dividas que possui.
Diante disso, ressalta-se que a acepção jurídica de pobre deve ser entendida como incapacidade de arcar com as custas processuais, sem prejuízo próprio e/ou de sua família. Ora, Doutos Desembargadores, as elevadas despesas tornam o orçamento mensal da Agravante por demais arrojado, sendo que as custas de um processo prejudicariam, severamente, seu orçamento.
In casu, a Agravante se encontra economicamente desguarnecida, pelo que o valor das custas do processo mitigaria, gravemente, o sustento próprio e o de sua família, pelo que a concessão do benefício é medida que se impõe.
	
A lei 1.060/50, traz em seu artigo 4º:
Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.
§ 1º. Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos desta lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais.
Além disso o Novo Código de Processo Civil, em seu artigo 99, §3º afirma que: Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. 
Ademais, o art. 98 do CPC, assim,dispõe:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
A Agravante é pessoa natural e não há, nos autos, elementos que impeçam o deferimento da referida benesse. Nesta égide, data vênia, a r. decisão do Juízo a quo foi equivocada, tendo em vista que todos os elementos e documentos dos autos corroboram no sentido de se deferir o referido benefício.
Ademais negar tal direito ao agravante, de plano, é, por certo, violar não o próprio inciso LXXIV, do art. 5º, da CF/88, mas também o direito do livre acesso ao Poder Judiciário, insculpido no inciso XXXV do mesmo artigo:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
A garantia constitucional da Assistência Jurídica aos hipossuficientes tem por escopo o Princípio da Igualdade, de forma a dotar os desiguais economicamente de idênticas condições para o pleito em juízo, visando que ninguém tenha a busca ou a defesa de seus direitos dificultada ou impedida em função de sua condição social, ou por insuficiência de meios econômicos.
A não concessão do benefício da assistência judiciária a aquele que se mostra preenchedor das condições para obtê-la, traduz nítida violação a direito constitucionalmente assegurado, vale dizer, o benefício da justiça gratuita não pode ser objeto de restrição.
A necessidade dos benefícios da gratuidade da Justiça deve se medir pelas reais condições financeiras do postulante.
Em razão disso, a agravante requereu a reconsideração da decisão interlocutória prolatada informando ao Juiz de Primeiro Grau, os custos do processo diante da condição de hipossuficiência financeira que a impede de arcar com as despesas do processo sem o comprometimento da manutenção de patrimônio mínimo, efetivamente demonstrado nos autos e objeto da própria razão de ser da ação proposta. Contudo, o juiz manteve integralmente a sua decisão sem maior fundamentação, tratando-se, portanto, de decisão imotivada acerca do indeferimento do benefício.
	Entretanto, Nobres Julgadores na mesma linha acima seguida, o que importa é se os rendimentos da Agravante, sejam eles quais for, são suficientes ou não para arcar com as custas do processo.
Cabe destacar que o a lei não exige atestada miserabilidade da requerente, sendo suficiente a "insuficiência de recursos para pagar as custas, despesas processuais e honorários advocatícios"(Art. 98, CPC/15).
	No caso dos autos, verifica-se que a Agravante está com renda totalmente comprometida em razão do superendividamento, assim, levando-se em consideração que o pagamento de custas processuais, para ter acesso à Justiça, iria traduzir-se em medida de extrema injustiça e contraditória. 
A Constituição Federal de 1988, consagrando o Estado Democrático de Direito, definiu em seu artigo 5º, inciso LXXIV, que o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.
	De a mais a mais Nobres Julgadores, por se o agravante pessoa natural, não se aplica o entendimento da súmula nº481 do STJ, que assim dispõe:
“Súmula 481: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.”
A agravante por ser pessoa física, basta apenas nos moldes da lei 1.060/50, artigo 4º, realizar simples declaração na petição inicial, o que foi feito.
Ademais, a Lei nº 7.115/83 estabelece em seu artigo 1º que as declarações constantes em documentos sob responsabilidade de seu signatário gozam de presunção de veracidade. No presente caso, a declaração da Agravante acerca de sua situação financeira, expressa no pedido de gratuidade da justiça, goza dessa presunção, devendo ser considerada como verdadeira até prova em contrário.
A agravante, ao afirmar a ausência de qualquer fonte de renda e seu atual estado de desemprego, merece a presunção de veracidade de suas declarações, não devendo ser prejudicado por não apresentar outros elementos probatórios neste momento processual.
Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça ao Agravante.
CONCLUSÃO
Requer, por isso, seja dado provimento ao presente Agravo para reformar a decisão interlocutória e consequentemente seja concedido os benefícios da Justiça Gratuita, tendo em vista o preenchimento de todos os requisitos, conforme já narrado. 
Local, data
Assinatura do Advogado
 OAB/UF nº

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