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SEÇÃO 03 - DIREITO CIVIL

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 62ª VARA CÍVEL DE SERRAVILLE/RS.
Processo nº 00008987-98.2023.4.5.0031
JOANA BRADIBURGO DUMONT, brasileira, solteira, empresária, portadora do CPF X E RG X, residente à Rua das Margaridas, 34, Condomínio Vale Verde, Serraville/RS, com endereço eletrônico X, por seu advogado, vem, respeitosamente, apresentar sua 
CONTESTAÇÃO 
Em face de FLÁVIO DUTRA também devidamente qualificado nos autos, pelos fatos e fundamentos a seguir:
I - DA TEMPESTIVIDADE:
Considerando o recebimento do aviso de citação foi juntado aos autos e considerando a presente a contestação foi apresentada no prazo de 15 dias, é tempestiva, conforme disposto nos artigos 335, III e 231, I do CPC.
II-PRELIMINARMENTE:
II.I – da nulidade da citação:
A citação da Ré ocorreu de forma irregular, violando o disposto nos arts. 238 e 337, I, do Código de Processo Civil. O Artigo 238 do CPC estabelece que "a citação será feita pelo correio para qualquer comarca do território nacional, exceto, no caso de ação de estado, de divórcio, de separação judicial, de anulação de casamento e de filiação", ressalvando-se ainda a necessidade de observância dos requisitos estabelecidos no Artigo 337, I, do mesmo código, que preconiza a necessidade de a citação ser dirigida ao próprio Réu ou a seu representante legal.
No presente caso, a citação ocorreu por meio de encaminhamento ao e-mail de uma tia da Ré, cujo prenome é idêntico ao seu, o que contraria frontalmente os dispositivos legais mencionados. Tal procedimento não garante a ciência efetiva da Ré acerca da ação proposta, prejudicando o seu direito ao contraditório e à ampla defesa.
Diante do exposto, requer-se a declaração de nulidade da citação realizada, determinando-se a realização de nova citação nos termos da lei processual vigente, garantindo-se, assim, a efetividade do contraditório e da ampla defesa, princípios fundamentais do devido processo legal.
II.II – da impugnação a concessão da justiça gratuita:
De mais a mais, se verifica que houve o deferimento de justiça gratuita ao autor, de forma indevida, primeiramente porque o Artigo 337, XIII, do CPC, prevê como requisito para a concessão da gratuidade a demonstração da insuficiência de recursos para arcar com as despesas do processo.
 No caso em questão, a declaração de desemprego apresentada pelo Autor para fins de concessão da gratuidade da justiça revela-se inconsistente diante da realidade econômica do mesmo, que é proprietário de uma loja de roupas de grande movimento no centro da cidade. A apresentação de uma carteira de trabalho em branco não é suficiente para comprovar a ausência de recursos financeiros, visto que o Autor possui fonte de renda própria.
Assim, considerando-se a evidente contradição entre a declaração de desemprego e a atividade econômica exercida pelo Autor, requer-se a revogação dos benefícios da gratuidade da justiça concedidos, a fim de garantir a igualdade de tratamento entre as partes e a regularidade do processo, nos termos dos arts. 100 e 337, XIII, do Código de Processo Civil.
III - DOS FATOS:
Em 15 de março de 2023, ocorreu um acidente de trânsito envolvendo o veículo do Autor e o veículo da Ré.
O Autor alega que a Ré estava dirigindo de forma negligente, culminando na colisão entre os veículos, resultando em danos materiais e morais para o Autor. 
Todavia, a Ré contesta tais alegações, vez que o acidente ocorreu em circunstâncias imprevisíveis e incontroláveis, como uma forte chuva e baixa visibilidade. Além de que o Autor contribuiu para o acidente ao realizar uma manobra repentina, dificultando qualquer reação adequada por parte da Ré.
Assim, conforme será demonstrado adiante os pedidos formulados na petição inicial pela autora deverão serem julgados todos improcedentes. 
IV– DO MÉRITO:
V.I – Da improcedência dos pedidos em razão do não cometimento de qualquer infração de trânsito:
Inicialmente, cumpre destacar que a autora, ao ajuizar a presente demanda, trouxe à baila uma narrativa que, além de carecer de comprovação, não reflete a verdade dos fatos.
Como será demonstrado adiante Excelência, a contestante não cometeu qualquer infração de trânsito, tão pouco teve qualquer culpa, vez no momento do acidente de trânsito ocorrido em circunstâncias adversas, caracterizadas por forte chuva e baixa visibilidade. 
Tais condições climáticas são inegavelmente imprevisíveis e incontroláveis, não podendo ser imputadas à Ré a responsabilidade exclusiva pelos danos alegados pelo Autor.
Conforme preceituam a jurisprudência e a doutrina, em situações de força maior, como é o caso das condições climáticas adversas, a responsabilidade civil é mitigada, não podendo ser atribuída exclusivamente a qualquer das partes envolvidas no sinistro.
Ademais, é necessário salientar que a Ré agiu com diligência e prudência diante das condições adversas, não sendo possível afirmar que sua conduta tenha sido a única ou principal causa do acidente.
Portanto, considerando a imprevisibilidade e incontrolabilidade das circunstâncias em que ocorreu o acidente, aliadas à conduta diligente da Ré e restando comprovado a inexistência de responsabilidade da contestante no acidente de trânsito noticiado, em razão da inexistência de qualquer ato ilícito civil cometido e tão pouco pratica de infração de trânsito.
Logo, em face dos fatos relatados, é imperativo ressaltar que inexiste responsabilidade civil pela ré, conforme preconiza o art. 186 do Código Civil, visto que em nenhum momento praticou ato ilícito que ocasionasse danos a parte autora e, consequentemente, gerasse o dever de indenizar, à luz do art. 927 do mesmo Diploma Legal.
Neste liame, o contestante visa a improcedência das alegações da exordial, com a consequente extinção do feito, com resolução de mérito.
V.II – De forma sucessiva, do reconhecimento de culpa concorrente na dinâmica do acidente de trânsito:
Caso Vossa Excelência entenda pela impossibilidade de acolher a tese de que o acidente ocorreu em circunstâncias imprevisíveis e incontroláveis, requer-se, subsidiariamente, o reconhecimento da culpa concorrente das partes envolvidas no sinistro.
Ressalta-se que houve contribuição do Autor, para o acidente. A manobra repentina realizada por ele, ao cortar a trajetória da Ré, dificultou qualquer reação adequada por parte desta última, configurando uma situação de risco compartilhado. 
Desta forma, entende-se que o Autor também deve arcar com parte da responsabilidade pelo ocorrido.
É imperioso considerar que, conforme preconiza a doutrina e a jurisprudência, a culpa concorrente ocorre quando as partes contribuem para o resultado danoso, de forma que ambas têm responsabilidade pelo ocorrido.
 No presente caso, há indícios de que tanto o Autor quanto a Ré contribuíram para a ocorrência do acidente, razão pela qual se impõe o compartilhamento da responsabilidade.
Assim, requer-se que seja reconhecida a culpa concorrente das partes, determinando-se a divisão proporcional dos danos materiais e morais decorrentes do acidente, conforme o grau de contribuição de cada uma.
Assim, a responsabilidade pela ocorrência do acidente não pode ser atribuída exclusivamente a Ré, havendo uma clara contribuição da parte Autora para o evento danoso. Portanto, está configurada a culpa concorrente, nos termos do art. 945 do CC e neste contexto, cada parte deverá suportar os prejuízos sofridos com a colisão entre os veículos.
VI – DOS PEDIDOS:
Diante de todo o exposto, requer a Vossa Excelência:
1. A declaração de nulidade da citação realizada, determinando-se a realização de nova citação nos termos da lei processual vigente;
2. A revogação dos benefícios da gratuidade da justiça concedidos ao Autor, garantindo-se a igualdade de tratamento entre as partes e a regularidade do processo;
3. A improcedência dos pedidos formulados na petição inicial, em razão da inexistência de responsabilidade da Ré pelo acidente de trânsito ocorrido, com a consequente extinção do feito, com resolução de mérito;
4. De forma sucessiva, o reconhecimentoda culpa concorrente das partes envolvidas no acidente de trânsito, determinando-se a divisão proporcional dos danos materiais e morais decorrentes do evento, conforme o grau de contribuição de cada uma;
5. A condenação do Autor ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal do Autor, oitiva de testemunhas, juntada de documentos e realização de perícia técnica, caso necessário.
Termos em que, pede deferimento 
Serravilhe/RS – data.
Assinatura do Advogado
 OAB/UF nº

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