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Outubro 2023
DIREITO CONSTITUCIONAL
Julgados em destaque
1
 � É assegurado o pagamento de honorários sucumbenciais à Defensoria Pública, 
independentemente do ente público com que litiga
O STF, por ocasião do julgamento do RE 1.140.005/RJ, ao considerar a autonomia administrativa, 
funcional e financeira atribuída à Defensoria Pública, concluiu pela ausência de vínculo de subordi-
nação ao poder executivo, e consequente superação do argumento de confusão patrimonial, defi-
nindo tese que assegura o pagamento de honorários sucumbenciais à instituição, independente-
mente do ente público litigante, os quais devem ser destinados, exclusivamente, ao aparelhamento 
das Defensorias Públicas, sendo vedado o rateio dos valores entre os membros (Tema 1.002/STF). 
Cabível, portanto, a condenação do ente federado ao pagamento de verba sucumbencial à Defenso-
ria Pública.
STJ. 2ª Turma. REsp 2.089.489-GO, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 5/9/2023 (Info 786). 
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Regras para eleições indiretas em 
caso de dupla vacância por razões 
não eleitorais
Os Estados possuem autonomia relativa na 
solução normativa do problema da dupla 
vacância da Chefia do Poder Executivo, não 
estando vinculados ao modelo e ao proce-
dimento federal (art. 81, CF), mas tampouco 
pode desviar-se dos princípios constitucionais 
que norteiam a matéria, por força do art. 25 
da Constituição Federal devendo observar: 
(i) a necessidade de registro e votação dos 
candidatos a Governador e Vice-Governador 
por meio de chapa única; 
(ii) a observância das condições constitu-
cionais de elegibilidade e das hipóteses de 
inelegibilidade previstas no art. 14 da Consti-
tuição Federal e na Lei Complementar a que 
se refere o § 9º do art. 14; 
(iii) que a filiação partidária não pressupõe a 
escolha em convenção partidária nem o regis-
tro da candidatura pelo partido político; e 
(iv) a regra da maioria, enquanto critério de ave-
riguação do candidato vencedor, não se mostra 
afetada a qualquer preceito constitucional que 
vincule os Estados e o Distrito Federal.
STF. Plenário. ADPF 969/AL, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, julgado em 15/8/2023 (Info 1104).
 � É constitucional o art. 11 da Resolução 
125/2010 do CNJ, que prevê como 
facultativa a presença de advogados 
nos centros de conciliação
É constitucional o art. 11 da Resolução nº 
125/2010 do CNJ, que permite a atuação de 
membros do Ministério Público, defensores 
públicos, procuradores e advogados nos 
Centros Judiciários de Solução de Conflito e 
Cidadania. Assim, fica facultada a represen-
tação por advogado ou defensor público, 
medida que se revela incentivadora para uma 
atuação mais eficiente e menos burocratizada 
do Poder Judiciário para assegurar direitos.
Vale ressaltar que resolução do CNJ não afasta 
a necessidade da presença de advogados nos 
casos em que a lei processual assim exige. Seu 
alcance se restringe a direitos patrimoniais 
disponíveis e, mesmo nessas hipóteses, caso 
uma das partes venha com o advogado à me-
diação, o procedimento será suspenso para 
que a outra parte também possa ser assistida.
Tese fixada pelo STF: É constitucional a dis-
posição do Conselho Nacional de Justiça que 
prevê a facultatividade de representação por 
advogado ou defensor público nos Centros 
Judiciários de Solução de Conflitos e Cidada-
nia (CEJUSCs).
STF. Plenário. ADI 6.324/DF, Rel. Min. Roberto 
Barroso, julgado em 22/8/2023 (Info 1104).
DIREITO CONSTITUCIONAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
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 � É possível que lei estadual preveja 
a designação de policiais militares 
da reserva remunerada para a rea-
lização de tarefas por prazo certo 
na Administração Pública; isso não 
viola a proibição constitucional de 
acumular cargos, empregos ou fun-
ções públicas
É constitucional norma estadual que permite 
o aproveitamento transitório e por prazo cer-
to de policiais militares da reserva remunera-
da em tarefas relacionadas ao planejamento 
e assessoramento no âmbito da Polícia Militar 
ou para integrarem a segurança patrimonial 
em órgão da Administração Pública.
Isso não caracteriza investidura em cargo 
público nem formação de novo vínculo jurídi-
co concomitante com a inatividade (arts. 37, II, 
XVI e § 10; e 42, § 3º, CF/88).
STF. Plenário. ADI 3.663/MA, Rel. Min. Dias 
Toffoli, julgado em 22/8/2023 (Info 1104).
 � Lei estadual pode instituir feriado 
comemorativo do Dia de São Jorge 
É constitucional lei do Estado do Rio 
de Janeiro que institui o feriado co-
memorativo do “Dia de São Jorge”.
Essa lei está inserida dentro da competência 
comum dos entes federados para proteger 
documentos, obras e outros bens de valor 
histórico, artístico e cultural, monumentos, 
paisagens naturais notáveis e sítios arqueoló-
gicos (art. 23, III, CF/88). Além disso, é compe-
tência concorrente legislar sobre esses temas 
(art. 24, VII, CF/88).
STF. Plenário. ADI 4.092/RJ, Rel. Min. Nunes 
Marques, redator do acórdão Min. Edson 
Fachin, julgado em 28/8/2023 (Info 1105).
 � É inconstitucional — por violar a 
unicidade orgânica da advocacia 
pública estadual — a criação, por lei 
estadual, de órgão jurídico paralelo 
à Procuradoria-Geral do Estado, com 
funções de representação judicial, 
consultoria e assessoramento jurídico 
de fundação pública estadual
O art. 132 da Constituição Federal confere aos 
Procuradores dos Estados e do Distrito Fede-
ral, organizados em carreira única, a atribui-
ção exclusiva das funções de representação 
judicial, consultoria e assessoramento jurídico 
das unidades federativas.
O modelo constitucional da atividade de repre-
sentação judicial e consultoria jurídica dos 
Estados exige a unicidade orgânica da advoca-
cia pública estadual, incompatível com a cria-
ção de órgãos jurídicos paralelos para o de-
sempenho das mesmas atribuições no âmbito 
da Administração Pública Direta ou Indireta.
Desse modo, é inconstitucional, por violação 
do art. 132 da CF/88, a criação de órgão ou de 
cargos jurídicos fora da estrutura da Procura-
doria do Estado, com funções de representação 
judicial, consultoria ou assessoramento jurídico 
de autarquias e fundações públicas estaduais.
STF. Plenário. ADI 7.380/AM, Rel. Min. Roberto 
Barroso, julgado em 22/8/2023 (Info 1104).
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JULGADOS 
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
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 � STF determina que entes federados 
adotem providências para atendimento 
à população em situação de rua
Estão presentes os pressupostos necessários 
para a concessão da medida cautelar (fumaça 
do bom direito e perigo da demora na efetiva-
ção de uma decisão judicial), eis que: 
i) a discussão acerca das condições precárias de 
vida da população em situação de rua no Brasil 
demanda uma reestruturação institucional que 
decorre de um quadro grave e urgente de des-
respeito a direitos humanos fundamentais; e 
ii) a violação maciça de direitos humanos — a 
indicar um potencial estado de coisas inconsti-
tucional — impele o Poder Judiciário a intervir, 
mediar e promover esforços para estabelecer 
uma estrutura adequada de enfrentamento.
Nesse contexto, os Estados, o Distrito Federal 
e os Municípios devem, de modo imediato, 
observar, obrigatoriamente e independen-
temente de adesão formal, as diretrizes 
contidas no Decreto federal 7.053/2009, que 
institui a Política Nacional para a População 
em Situação de Rua, em conjunto e nos mol-
des das determinações estabelecidas na parte 
dispositiva da decisão desta Corte.
STF. Plenário. ADPF 976 MC-Ref/DF, Rel. Min. 
Alexandre de Moraes, julgado em 22/8/2023 
(Info 1105).
 � É inconstitucional lei estadual que 
cria estágio supervisionado, educa-
tivo e profissionalizante, mas que 
prevê que a relação jurídica se forma 
diretamente entre o adolescente e a 
empresa, sem participação de insti-
tuição de ensinoÉ inconstitucional — por usurpar a compe-
tência privativa da União para legislar sobre 
direito do trabalho (art. 22, I, CF/88) — lei esta-
dual que, ao criar o “estágio supervisionado, 
educativo e profissionalizante” sob a forma 
de bolsa de iniciação ao trabalho ao menor 
que frequente o ensino regular ou supletivo, 
constitui relação jurídica que se aproxima do 
instituto do contrato de aprendizagem.
STF. Plenário. ADI 3.093/RJ, Rel. Min. Nunes 
Marques, julgado em 28/8/2023 (Info 1105).
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JULGADOS 
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
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 � É inconstitucional lei estadual que proíbe a entrega, em caixas postais comunitá-
rias, de cartas, cartões-postal e correspondências agrupadas; também é incons-
titucional lei estadual que proíbe a postagem, em caixas postais comunitárias, 
de boletos de pagamento
É inconstitucional lei estadual que proíbe a entrega, em caixas postais comunitárias, das correspon-
dências que se enquadram como carta, cartão-postal e correspondência agrupada. Essa lei é incons-
titucional porque invade a competência exclusiva da União para manter o serviço postal e a compe-
tência privativa do ente central para legislar sobre a matéria (arts. 21, X; e 22, V, CF/88).
É inconstitucional lei estadual que proíbe a postagem, em caixas postais comunitárias, de boletos 
de pagamento alusivos a serviços prestados por empresas públicas e privadas. Isso porque essa 
lei está em contrariedade ao que dispõe a legislação federal que trata da matéria, sem demonstrar 
interesse particular ou justificativa objetiva e precisa do respectivo ente federativo.
STF. Plenário. ADI 3081/RJ, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 28/8/2023 (Info 1105).
 � É inconstitucional lei estadual, de iniciativa parlamentar, que exija a atuação do 
Ministério Público nas operações policiais de cumprimento de medidas possessó-
rias de caráter coletivo
É inconstitucional — por usurpar a prerrogativa legislativa conferida ao Procurador-Geral de Justiça 
e ofender a autonomia e a independência do Ministério Público (arts. 127, § 2º; e 128, § 5º, CF/88) 
— norma estadual, de iniciativa parlamentar, que dispõe sobre a atuação do Ministério Público nas 
operações policiais de cumprimento de medidas possessórias de caráter coletivo.
Lei estadual previu uma espécie de controle e fiscalização do Ministério Público sobre as operações 
policiais de cumprimento de medidas possessórias. Ao fazer isso, esse diploma inovou em relação ao 
rol constitucional de atribuições do órgão. Ainda que se conclua, à luz do art. 129, IX, da Constituição 
Federal, pela compatibilidade da referida atuação com os objetivos do Parquet, fica configurado o 
vício de iniciativa, considerando que a lei é fruto de proposição legislativa de origem parlamentar.
STF. Plenário. ADI 3.238/PE, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 25/8/2023 (Info 1105).
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JULGADOS 
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
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 �As guardas municipais são reconhecidamente órgãos de segurança pública e 
aquelas devidamente criadas e instituídas integram o Sistema Único de Segu-
rança Pública (SUSP)
É necessária a união de esforços para o combate à criminalidade organizada e violenta, não se jus-
tificando, nos dias atuais da realidade brasileira, a atuação separada e estanque de cada uma das 
Polícias Federal, Civis e Militares e das Guardas Municipais. Isso porque todas fazem parte do Sistema 
Único de Segurança Pública.
Essa nova perspectiva de atuação na área de segurança pública fez com que o STF, no julgamento do 
RE 846.854/SP, reconhecesse que as Guardas Municipais executam atividade de segurança pública 
(art. 144, § 8º, da CF/88), essencial ao atendimento de necessidades inadiáveis da comunidade (art. 9º, § 1º).
O reconhecimento dessa posição institucional de órgão de segurança pública autorizou o Congresso 
Nacional a editar a Lei nº 13.675/2018, na qual as Guardas Municipais são inseridas como integrantes 
operacionais do Sistema Único de Segurança Pública (art. 9º, § 1º, VII).
Desse modo, de acordo com a Constituição, a lei e a jurisprudência do STF, a Guarda Municipal é 
órgão de segurança pública, integrante do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).
STF. Plenário. ADPF 995/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/8/2023 (Info 1105).
Após esse julgado o STJ decidiu que:
O fato de as guardas municipais não haverem sido incluídas nos incisos do art. 144, caput, da CF não 
afasta a constatação de que elas exercem atividade de segurança pública e integram o Sistema Único 
de Segurança Pública. Isso, todavia, não significa que possam ter a mesma amplitude de atuação das 
polícias (STJ. 3ª Seção. HC 830.530-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/9/2023. Info 791).
DIREITO CONSTITUCIONAL
JULGADOS 
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
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 � Servidora que pede exoneração e, depois de 3 anos, ingressa com ação anulatória 
do ato, pode até ter direito à reintegração, mas não receberá os valores retroativos
Caso concreto: a servidora pública, durante uma crise de síndrome do pânico, pediu exoneração do 
cargo. Três anos depois ajuizou ação na qual comprovou que, em razão de seu estado de saúde, a 
sua declaração de vontade estava viciada. A autora terá direito à reintegração, mas não receberá os 
valores atrasados.
Servidora pública que pede exoneração e fica inerte por mais de 3 anos até ingressar com ação 
judicial requerendo declaração de nulidade do ato administrativo e a consequente reintegração ao 
cargo, não tem direito à indenização de valores retroativos à exoneração, por configurar enriqueci-
mento sem causa. 
STJ. 1ª Turma. REsp 2.005.114-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 22/8/2023 (Info 784).
 �O registro do loteamento implica perda da posse e do domínio do espaço livre, 
com transferência irreversível para o Poder Público
A melhor interpretação do art. 3º do Decreto-Lei nº 58/1937 e dos arts. 65, 66 e 69 do CC/1916 
conduz ao entendimento de que o registro do loteamento implica perda da posse e do domínio do 
espaço livre, com transferência irreversível para o Poder Público.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.856.024-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 22/8/2023 (Info 784).
 �O servidor processado no PAD não precisa ser intimado após o relatório final 
feito pela comissão processante 
A falta de intimação do servidor público, após a apresentação do relatório final pela comissão pro-
cessante, em processo administrativo disciplinar, não configura ofensa às garantias do contraditório 
e da ampla defesa, ante a ausência de previsão legal.
Em processo administrativo disciplinar, apenas se declara a nulidade de um ato processual quando 
houver efetiva demonstração de prejuízo à defesa, por força da aplicação do princípio pas de nullité 
sans grief, não havendo efetiva comprovação, pelo Impetrante, de prejuízos por ele suportados.
STJ. 1ª Seção. MS 22.750-DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 9/8/2023 (Info 784). 
DIREITO ADMINISTRATIVO
JULGADOS 
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �A Administração Pública pode ins-
crever em cadastros de restrição de 
crédito os seus inadimplentes, ainda 
que não haja inscrição prévia em 
dívida ativa
A ANTT lavrou auto de infração contra uma 
empresa que praticou infração administrativa.
Antes de inscrever a multa em dívida ativa, a 
ANTT inscreveu o nome da empresa no Serasa.
Isso é permitido não havendo ofensa ao art. 
46 da Lei nº 11.457/2008.
O art. 46 da Lei nº 11.457/2008, que dispõe 
sobre a Administração Tributária Federal, é 
claro ao determinar que, para a divulgação de 
informações acerca de inscrição em dívida ati-
va, necessário que a Fazenda Nacional celebre 
convênios com entidades públicas e privadas.
O dispositivo, entretanto, não se aplica à 
presente hipóteseque se refere à possibilida-
de de a Administração Pública inscrever em 
cadastros os seus inadimplentes, ainda que 
não haja inscrição prévia em dívida ativa.
Ressalte-se, ainda, que a expedição de uma 
CDA para se autorizar a inscrição do devedor 
em cadastros de inadimplentes torna mais 
onerosa para a Administração a busca pelo 
pagamento de seus créditos, já que a nega-
tivação do nome do devedor é uma medida 
menos gravosa quando comparada com a 
necessária inscrição de dívida ativa.
Dessa forma, cabe ao credor interessado (no 
caso, a Administração Pública) comprovar a dí-
vida com um documento idôneo que contenha 
os elementos necessários para se reconhecer 
o débito, não sendo, necessariamente, a CDA.
STJ. 2ª Turma. AREsp 2.265.805-ES, Rel. Min. Fran-
cisco Falcão, julgado em 22/8/2023 (Info 785).
 � Em regra, não cabe indenização em 
favor dos proprietários dos imóveis 
abrangidos por ato administrativo 
que institua limitação administrati-
va, a não ser que comprovem efetivo 
prejuízo, ou limitação além das já 
existentes
Caso hipotético: João recebeu como herança 
dezenas de lotes de terra. Ele começou a co-
mercializar esses lotes. Ocorre que foi editado 
o plano diretor municipal que instituiu, na 
área onde se localizam os lotes, uma zona de 
proteção ambiental, o que restringiu o uso e 
a ocupação do solo. Foi realizada perícia que 
atestou que, em razão das limitações adminis-
trativas, os lotes perderam substancialmente 
valor econômico.
A indenização será devida. Isso porque as pro-
vas dos autos, notadamente o laudo pericial, 
atestaram que houve efetivo prejuízo.
STJ. 2ª Turma. AREsp 551.389-RN, Rel. Min. 
Assusete Magalhães, julgado em 5/8/2023 
(Info 786). 
DIREITO ADMINISTRATIVO
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
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 �Não ocorre renúncia tácita à prescrição, a ensejar o pagamento retroativo de 
parcelas anteriores à mudança de orientação jurídica, quando a Administração 
Pública reconhece administrativamente o direito pleiteado pelo interessado
Não ocorre renúncia tácita à prescrição (art. 191 do Código Civil), a ensejar o pagamento retroativo 
de parcelas anteriores à mudança de orientação jurídica, quando a Administração Pública, inexis-
tindo lei que, no caso concreto, autorize a mencionada retroação, reconhece administrativamente 
o direito pleiteado pelo interessado. 
STJ. 1ª Seção. REsps 1.925.192-RS, 1.925.193-RS e 1.928.910-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 
13/9/2023 (Recurso Repetitivo – Tema 1109) (Info 787).
 �No período entre a Lei nº 11.481/2007 (publicada em 31/05/2007) e a decisão do 
STF na ADI 4264 (cuja ata de julgamento foi publicada em 28/3/2011), os chama-
mentos feitos por edital devem ser considerados válidos
Nos procedimentos de demarcação de terrenos de marinha, é válido o ato jurídico de chamamento 
de interessados certos ou incertos à participação colaborativa com a Administração formalizado 
exclusivamente por meio de edital, desde que o ato tenha sido praticado no período de 31/05/2007 
até 28/03/2011, em que produziu efeitos jurídicos a alteração legislativa do art. 11 do Decreto-lei 
nº 9.760/46 promovida pelo art. 5º da Lei nº 11.481/2007.
STJ. 1ª Seção. REsps 2.015.301-MA e 2.036.429-MA, Rel. Min. Paulo Sérgio Domingues, julgado em 
13/9/2023 (Recurso Repetitivo – Tema 1199) (Info 787).
 �Demanda proposta contra o Banco do Brasil discutindo saques indevidos de PASEP
I) O Banco do Brasil tem legitimidade passiva ad causam para figurar no polo passivo de demanda 
na qual se discute eventual falha na prestação do serviço quanto a conta vinculada ao PASEP, sa-
ques indevidos e desfalques, além da ausência de aplicação dos rendimentos estabelecidas pelo 
Conselho Diretor do referido programa;
II) A pretensão ao ressarcimento dos danos havidos em razão dos desfalques em conta individual vin-
culada ao PASEP se submete ao prazo prescricional decenal previsto pelo artigo 205 do Código Civil; e
III) O termo inicial para a contagem do prazo prescricional é o dia em que o titular, comprovada-
mente, toma ciência dos desfalques realizados na conta individual vinculada ao PASEP.
STJ. 1ª Seção. REsps 1.895.936-TO, 1.895.941-TO e 1.951.931-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgados 
em 13/9/2023 (Recurso Repetitivo – Tema 1150) (Info 787).
DIREITO ADMINISTRATIVO
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
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 � Lei estadual não pode autorizar que ato infralegal transforme cargos em comissão 
em função de confiança ou funções de confiança em cargo em comissão
É inconstitucional norma estadual que autoriza a transformação, mediante decreto ou outro ato 
normativo infralegal, de funções de confiança em cargos em comissão ou vice-versa.
Essa norma ofende o princípio da reserva legal (art. 48, X, c/c o art. 61, § 1º, II, “a”, CF/88). Não se pode di-
zer que se trate de mera regulamentação para reorganização administrativa (art. 84, VI, “a” e “b”, CF/88).
STF. Plenário. ADI 6.180/SE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2023 (Info 1104).
 � Sociedades de economia mista, como o Metrô-DF, desde que prestem serviço 
público essencial em regime de exclusividade (monopólio natural) e sem intuito 
lucrativo, submetem-se ao regime constitucional de precatórios para o adimple-
mento de seus débitos
O transporte público coletivo de passageiros sobre trilhos é um serviço público essencial que não 
concorre com os demais modais de transporte coletivo, ao contrário, atua de forma complementar, 
no contexto de uma política pública de mobilidade urbana.
Não caracteriza o intuito lucrativo a mera menção, em plano de negócios editado por empresa esta-
tal, da busca por um resultado operacional positivo.
Afastado o intuito lucrativo, o Metrô-DF, que é sociedade de economia mista prestadora de serviço 
público essencial e desenvolve atividade em regime de exclusividade (não concorrencial), deve sub-
meter-se ao regime de precatórios (art. 100 da CF) para o adimplemento de seus débitos.
Decisões judiciais que determinam o bloqueio, penhora ou liberação de receitas públicas, sob a dis-
ponibilidade financeira de entes da Administração Pública sujeitos ao regime de precatório violam a 
Constituição. 
STF. Plenário. ADPF 524/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/8/2023 (Info 1104).
DIREITO ADMINISTRATIVO
JULGADOS 
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � São constitucionais os decretos do Estado de São Paulo que renovaram a concessão 
do serviço de transporte coletivo entre a capital e cidades do ABC e exigiram 
contrapartidas para a prorrogação antecipada
É constitucional a prorrogação antecipada do contrato de concessão do serviço de transporte cole-
tivo do corredor metropolitano São Mateus/Jabaquara promovida pelos Decretos nº 65.574/2021 e 
nº 65.757/2021, ambos do Estado de São Paulo.
Essa prorrogação antecipada ocorreu dentro dos limites explicitados pelo STF no julgamento da ADI 
5.991/DF.
STF. Plenário. ADI 7.048/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julga-
do em 22/8/2023 (Info 1104).
 � São constitucionais as alterações promovidas pela Lei 13.954/2019 no Estatuto 
dos Militares
É formalmente constitucional a Lei nº 13.954/2019, que alterou a Lei nº 6.880/80 (Estatuto dos Mili-
tares). Norma que dispõe sobre a reforma de militares temporários não está sujeita à reserva de 
lei complementar. A interpretação conferida pelo STF para o art. 142, § 1º, da CF/88 é no sentido de 
que a exigência de lei complementar está diretamente relacionada ao órgão “Forças Armadas” e não 
a seus membros.
A alínea “b” do inciso II-A do art. 106 e os §§ 1º, 2º e 3º do art. 109 do Estatuto dos Militares (ambos 
na redação dada pela Lei nº 13.954/2019) — que modificaram as regras atinentes ao direito de 
reforma de militares temporários por incapacidade definitiva para o serviço ativo das Forças Arma-
das — são materialmenteconstitucionais e não afrontam o direito à igualdade, a responsabilidade 
objetiva do Estado ou o princípio da proibição do retrocesso.
As diferenças entre as carreiras de militares efetivos e temporários não autorizam que o Poder Judi-
ciário estenda a uma os direitos assegurados pela outra.
A indenização civil por acidente de trabalho não se confunde com o direito à reforma de militares: o 
temporário que não for capaz de desempenhar as funções militares, mas apenas as civis, não poderá 
ser indenizado por prazo superior ao da duração legal do contrato temporário.
O princípio da proibição do retrocesso não abriga direito adquirido a regime jurídico de servidores 
públicos. 
STF. Plenário. ADI 7.092/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/8/2023 (Info 1104).
DIREITO ADMINISTRATIVO
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � São constitucionais os arts. 2º, 12, 13, 15 e 21, da Lei 8.429/92
São constitucionais os dispositivos da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92 - LIA) que 
ampliam o conceito de agente público, impõem obrigações no tocante às informações patrimoniais 
para posse e exercício do cargo, bem como preveem sanções — independentemente das esferas 
penais, civis e administrativas — e o acompanhamento dos respectivos procedimentos administrati-
vos pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas.
STF. Plenário. ADI 4.295/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julga-
do em 22/8/2023 (Info 1105).
 � Empresas habilitadas mediante credenciamento podem realizar serviços de fa-
bricação e de estampagem de placas de veículos
É constitucional a prestação de serviços de fabricação e de estampagem de Placas de Identificação 
de Veículos do Brasil (PIV) por empresas habilitadas mediante credenciamento.
Isso não viola: 
• a segurança viária (art. 144, § 10, I e II, CF/88); 
• a exigência de licitação para a prestação indireta de serviços públicos (art. 175);
• o pacto federativo (art. 18);
• nem a autonomia dos estados-membros (art. 25, “caput” e § 1º).
STF. Plenário. ADI 6.313/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/8/2023 (Info 1105).
DIREITO AMBIENTAL
DIREITO ADMINISTRATIVO
 � Para a aplicação válida de multa administrativa ambiental não se exige que o 
órgão ambiental tenha previamente aplicado a pena de advertência; é possível 
aplicar a multa como primeira sanção
A validade das multas administrativas por infração ambiental, previstas na Lei nº 9.605/98, independe 
da prévia aplicação da penalidade de advertência. 
STJ. 1ª Seção. REsps 1.984.746-AL e 1.993.783-PA, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 
13/9/2023 (Recurso Repetitivo – Tema 1159) (Info 787).
JULGADOS 
EM DESTAQUE Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �O anterior titular não estará obrigado a reparar dano ambiental superveniente à 
cessação de sua propriedade ou posse, exceto se tiver concorrido para sua causação
As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo possível exigi-las, à escolha do cre-
dor, do proprietário ou possuidor atual, de qualquer dos anteriores, ou de ambos, ficando isento de 
responsabilidade o alienante cujo direito real tenha cessado antes da causação do dano, desde que 
para ele não tenha concorrido, direta ou indiretamente.
STJ. 1ª Seção. REsps 1.953.359-SP e 1.962.089-MS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgados em 
13/9/2023 (Recurso Repetitivo – Tema 1204) (Info 787).
Obs: essa tese acima fixada complementa a Súmula 623 do STJ: As obrigações ambientais possuem 
natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos ante-
riores, à escolha do credor.
 � STF determinou a reativação do Fundo Amazônia
O STF determinou à União que adote, no prazo de 60 dias, as providências administrativas necessá-
rias para a reativação do Fundo Amazônia, sem novas paralisações. 
A Corte declarou a inconstitucionalidade do art. 12, II, do Decreto nº 10.144/2019 e do art. 1º do Decre-
to nº 9.759/2019, que alteraram o formato do fundo e impediram o financiamento de novos projetos.
Configura omissão normativa quanto às obrigações referentes à ativação do Fundo Amazônia, 
em patente inobservância ao art. 225, § 4º, da Constituição Federal, o inadimplemento dos deve-
res constitucionais de tutela do meio ambiente pela União, materializado na ausência de políticas 
públicas adequadas para a proteção da Amazônia Legal e na desestruturação institucional daquelas 
formuladas em períodos antecedentes.
STF. Plenário. ADO 59/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 3/11/2022 (Info 1104).
 �A Lei 11.105/2005 (Lei de Biossegurança) é constitucional
É formalmente constitucional — por não violar o sistema de repartição de competências — lei edita-
da pela União para regulamentar dispositivos da Constituição que dispõem sobre o meio ambiente 
(art. 225, § 1º, II, IV e V, CF/88) e estabelecer normas de segurança e mecanismos de fiscalização de 
atividades que envolvam organismos geneticamente modificados (OGM) e seus derivados no Brasil.
A vinculação do procedimento de licenciamento ambiental de OGM ao crivo técnico da Comissão 
Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBIo) não desrespeita o sistema de proteção ambiental 
(art. 225, CF/88) nem implica redução do grau de tutela do meio ambiente.
STF. Plenário. ADI 3.526/DF, Rel. Min. Nunes Marques, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, 
julgado em 22/8/2023 (Info 1105).
DIREITO AMBIENTAL
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JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �O serviço de clipping, consistente na elaboração e comercialização de matérias jor-
nalísticas e colunas publicadas em jornais, sem autorização do titular do conteúdo 
editorial ou remuneração por seu uso, viola direitos autorais do titular da obra
A produção e a comercialização de serviço de clipping de notícias integram atividade que não se 
enquadra na moldura fática das normas dos incisos I, “a”, e VII do art. 46 da Lei nº 9.610/98.
As limitações aos direitos patrimoniais dos titulares de direitos autorais devem passar pelo crivo do 
“Teste dos Três Passos” antes de sua aplicação a um caso concreto, em razão do compromisso assu-
mido pelo Brasil na condição de signatário da Convenção de Berna e do Acordo TRIPS.
Segundo o “Teste dos Três Passos”, a reprodução não autorizada de obras de terceiros somente é 
admitida quando preenchidos os seguintes requisitos cumulativos: 
i) em certos casos especiais;
ii) que não conflitem com a exploração comercial normal da obra; e 
iii) que não prejudiquem injustificadamente os legítimos interesses do autor.
A atividade de comercialização de clipping de notícias realizada pela recorrida conflita com a explo-
ração comercial normal das obras do Jornal, prejudicando injustificadamente seus legítimos interes-
ses econômicos.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.008.122-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/8/2023 (Info 785).
 �O comodatário tem a obrigação de pagar o IPTU do imóvel, salvo se houve com-
binação expressa em sentido contrário (vale ressaltar que isso não impede o 
Município de cobrar do comodante e ele depois exigir do comodatário)
Sendo o comodato espécie de contrato gratuito, o comodante não poderá ser onerado pelas despesas 
ordinárias da coisa (ex: IPTU), exceto em caso de consentimento expresso.
É dever do comodatário arcar com as despesas decorrentes do uso e gozo da coisa emprestada, 
assim como conservar o bem como se seu fosse, não implicando a referida responsabilidade em 
enriquecimento ilícito do comodante.
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1.657.468-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 21/8/2023 
(Info 785).
DIREITO CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
15
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Se o contrato social não incluir o lucro futuro da sociedade na apuração dos ha-
veres, o sócio retirante não terá direito
Naapuração dos haveres, o critério a ser observado é aquele previsto no contrato social (art. 604, II 
e § 3º, do CPC).
Se o contrato social for omisso, ou seja, se ele não previr um critério de apuração de haveres, deve-
rá ser adotado o “balanço de determinação” (art. 606).
Os lucros futuros não são incluídos na apuração dos haveres porque a base de cálculo deve ser o 
patrimônio da sociedade. Logo, os valores que ainda não integraram o patrimônio da sociedade não 
podem ser repartidos.
Desse modo, omisso o contrato social relativamente à quantificação do reembolso (se abarca o 
lucro futuro da sociedade, ou não), observa-se a regra geral de apuração de haveres segundo a qual 
o sócio não pode, na dissolução parcial da sociedade, receber valor diverso (nem maior nem menor) 
do que receberia, como partilha, na dissolução total, verificada tão somente naquele momento.
O “fluxo de caixa descontado”, método para avaliar a riqueza econômica de uma empresa dimensiona-
da pelos lucros a serem agregados no futuro, não é adequado para o contexto da apuração de haveres.
Em suma: na dissolução parcial da sociedade, omisso o contrato social quanto ao montante a ser 
reembolsado pela participação social e quanto à possibilidade de inclusão de lucro futuro, aplica-se 
a regra geral de apuração de haveres, em que o sócio não receberá valor diverso do que receberia, 
como partilha, na dissolução total.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.904.252-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 22/8/2023 (Info 785).
DIREITO CIVIL
DIREITO DO CONSUMIDOR
 � Plano de saúde deve custear congelamento de óvulo criopreservação para a pa-
ciente em tratamento contra o câncer como medida preventiva à infertilidade
A operadora de plano de saúde deve custear o procedimento de criopreservação de óvulos, como 
medida preventiva à infertilidade, enquanto possível efeito adverso do tratamento de quimioterapia 
prescrito para câncer de mama, até a alta da quimioterapia.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.815.796-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/05/2020 (Info 673).
STJ. 3ª Turma. REsp 1.962.984-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/8/2023 (Info 785).
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �O banco não é responsável em caso de transações realizadas com cartão físico 
com chip e a senha pessoal do correntista, sem indícios de fraude
Não há como atribuir responsabilidade à instituição financeira em caso de transações realizadas 
com a apresentação do cartão físico com chip e a pessoal do correntista, sem indícios de fraude.
O cartão magnético e a respectiva senha são de uso exclusivo do correntista, que deve tomar as 
devidas cautelas para impedir que terceiros tenham acesso a eles.
Tendo a instituição financeira demonstrado, no caso, que as transações contestadas foram feitas 
com o cartão físico dotado de chip e o uso de senha pessoal do correntista, passa a ser dele o ônus 
de comprovar que a instituição financeira agiu com negligência, imprudência ou imperícia ao efeti-
var a entrega do dinheiro.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.898.812-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 15/8/2023 (Info 784).
 � Com o ajuizamento, pelo consumidor, de ação perante o Poder Judiciário, presu-
me-se a discordância dele em submeter-se ao juízo arbitral, sendo nula a cláusula 
de contrato de consumo que determina a utilização compulsória da arbitragem
Com a promulgação da Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/96), passaram a conviver, em harmonia, três 
regramentos de diferentes graus de especificidade: 
1) a regra geral, que obriga a observância da arbitragem quando pactuada pelas partes; 
2) a regra específica, aplicável a contratos de adesão genéricos, que restringe a eficácia da cláusula 
compromissória; e 
3) a regra ainda mais específica, incidente sobre contratos sujeitos ao Código de Defesa do Consu-
midor, sejam eles de adesão ou não, impondo a nulidade de cláusula que determine a utilização 
compulsória da arbitragem.
O ajuizamento, pelo consumidor, de ação perante o Poder Judiciário demonstra que esse consumi-
dor não concorda em submeter-se ao juízo arbitral, não podendo prevalecer a cláusula que obriga a 
sua utilização.
STJ. 2ª Seção. EREsp 1.636.889-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 9/8/2023 (Info 784).
DIREITO DO CONSUMIDOR
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �O plano de saúde é obrigado a custear cirurgias plásticas em paciente pós-cirur-
gia bariátrica?
(I) É de cobertura obrigatória pelos planos de saúde a cirurgia plástica de caráter reparador ou fun-
cional indicada pelo médico assistente, em paciente pós-cirurgia bariátrica, visto ser parte decorren-
te do tratamento da obesidade mórbida;
(II) Havendo dúvidas justificadas e razoáveis quanto ao caráter eminentemente estético da cirurgia 
plástica indicada ao paciente pós-cirurgia bariátrica, a operadora de plano de saúde pode se utilizar 
do procedimento da junta médica, formada para dirimir a divergência técnico-assistencial, desde 
que arque com os honorários dos respectivos profissionais e sem prejuízo do exercício do direito de 
ação pelo beneficiário, em caso de parecer desfavorável à indicação clínica do médico assistente, ao 
qual não se vincula o julgador.
STJ. 2ª Seção. REsps 1.870.834-SP e 1.872.321-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 
13/09/2023 (Recurso Repetitivo – Tema 1069) (Info 787).
DIREITO DO CONSUMIDOR
DIREITO EMPRESARIAL
 �Quando a contratação de links patrocinados pode caracterizar concorrência desleal?
A contratação de links patrocinados, em regra, caracteriza concorrência desleal quando: 
(I) a ferramenta Google Ads é utilizada para a compra de palavra-chave correspondente à marca 
registrada ou a nome empresarial; 
(II) o titular da marca ou do nome e o adquirente da palavra-chave atuam no mesmo ramo de negó-
cio (concorrentes), oferecendo serviços e produtos tidos por semelhantes; e 
(III) o uso da palavra-chave é suscetível de violar as funções identificadora e de investimento da mar-
ca e do nome empresarial adquiridos como palavra-chave.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.032.932-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 8/8/2023 (Info 785).
JULGADOS 
EM DESTAQUE
18
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Caso Vogue x Vogue Square
Os nomes atribuídos aos edifícios e empreen-
dimentos imobiliários não gozam de exclu-
sividade, sendo comum receberem idêntica 
denominação. Estes nomes, portanto, não 
qualificam produtos ou serviços, apenas con-
ferem uma denominação para o fim de indivi-
dualizar o bem.
Caso concreto: as titulares da marca VOGUE 
pretendiam impedir que um empreendimento 
imobiliário constituído por escritórios, lojas, 
hotel, academia e centro de convenções fosse 
denominado Vogue Square. O pedido não 
foi acolhido. Isso porque não se vislumbra a 
possibilidade de indução dos consumidores 
ao erro, da caracterização de concorrência 
parasitária ou do ofuscamento da marca da 
autora, especialmente porque os estabeleci-
mentos ali situados conservam seus nomes 
originais, sem nenhuma vinculação de produ-
tos ou serviços à marca Vogue.
A proteção da marca, seja ela de alto renome 
ou não, busca evitar a confusão ou a associa-
ção de uma marca registrada a uma outra, 
sendo imprescindível que, para que exista a 
violação ao direito marcário, haja confusão no 
público consumidor ou associação errônea 
em prejuízo do seu titular. 
A diluição da marca decorre do uso de sinal 
distintivo por terceiros fora do campo de es-
pecialidade de determinadas marcas de gran-
de relevância ou famosas (mas que não foram 
reconhecidas como de alto renome pelo INPI), 
de maneira que seu valor informacional deixa 
de ser suficientemente significativo, tornando 
o signo cada vez menos exclusivo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.874.635-RJ, Rel. Min. 
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 8/8/2023 
(Info 784).
 �Na hipótesede não renovação de con-
trato de concessão comercial de veí-
culos, o prédio construído em terreno 
alheio, em razão da concessão, não se 
insere no conceito de “instalações”, a 
justificar o respectivo ressarcimento 
pela concedente à concessionária
No Brasil, a distribuição de veículos automoto-
res de via terrestre é efetivada, essencialmente, 
através do contrato de concessão comercial, 
firmado entre os produtores dos veículos (fabri-
cantes ou concedentes) e os seus distribuidores 
(concessionárias ou dealers) e regulado pela Lei 
nº 6.729/79, conhecida como Lei Ferrari.
O art. 23 da Lei nº 6.729/79, que define a inde-
nização devida à concessionária na hipótese 
de não renovação do contrato, não pode ser 
interpretado de modo a transferir todo o risco 
empresarial para a empresa concedente.
O empresário que escolhe adotar uma es-
tratégia comercial arrojada deve suportar os 
riscos da sua decisão.
Quando o inciso II do art. 23 exclui da inde-
nização “os imóveis do concessionário”, não 
está se referindo apenas ao imóvel de pro-
priedade do concessionário, mas àquele que 
serve a concessão:
Art. 23. O concedente que não prorrogar o 
contrato (...) ficará obrigado perante o conces-
sionário a: II - comprar-lhe os equipamentos, 
máquinas, ferramental e instalações à conces-
são (...) excluídos desta obrigação os imóveis 
do concessionário.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.055.135-SP, Rel. Min. 
Moura Ribeiro, julgado em 8/8/2023 (Info 784).
DIREITO EMPRESARIAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Não cabe condenação em danos morais coletivos em razão da exigência, pela 
instituição financeira, de tarifa bancária considerada indevida
A exigência de uma tarifa bancária considerada indevida não agride, de modo totalmente injusto e 
intolerável, o ordenamento jurídico e os valores éticos fundamentais da sociedade em si conside-
rada, tampouco provoca repulsa e indignação na consciência coletiva, não dando ensejo a danos 
morais coletivos.
STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 1.754.555-RN, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 
28/8/2023 (Info 786). 
 �A concessão da segurança em relação à impetração do mandamus contra deci-
são em procedimento de produção antecipada de provas requer a apreciação da 
eventual teratologia, da manifesta ilegalidade ou do abuso de poder no ato judi-
cial atacado
A ré requereu a intimação do perito para prestar esclarecimentos acerca de laudo pericial sem apre-
sentar, neste mesmo pedido, os quesitos a serem respondidos. A parte final do art. 477, § 3º, do 
CPC exige que as perguntas já sejam apresentadas junto com o requerimento de audiência. O juiz, 
descumprindo o que determina esse dispositivo, concedeu prazo de até 10 dias antes da audiência 
para que as partes apresentassem quesitos. Foi uma mera liberalidade porque a lei não fala isso. 
Dentro desse prazo concedido pelo magistrado, a requerida apresentou 6 quesitos. Até aí, tudo 
bem, já que o juiz reabriu o prazo. Todavia, um dia antes da data designada para a nova audiência, 
a requerida apresentou 36 quesitos adicionais. O magistrado reputou tempestivos os primeiros 6 
quesitos apresentados, mas rejeitou os demais. Houve redesignação da audiência. Por conta disso, 
a requerida pediu, novamente, a reabertura do prazo para apresentação de quesitos. Esse pedido 
foi rejeitado pelo juiz. A ré impetrou mandado de segurança contra a decisão. 
O mandado de segurança não deve ser concedido neste caso. Isso porque não há teratologia, mani-
festa ilegalidade ou abuso de poder na decisão.
O simples fato de o juiz ter determinado uma nova data para a realização da audiência não resulta 
na reabertura automática do prazo. Até porque esse prazo de 10 dias concedido pelo magistrado 
já foi dado sem respaldo legal e por liberalidade do magistrado, não constituindo, portanto, direito 
líquido e certo.
STJ. 4ª Turma. AgInt no RMS 69.967-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 16/5/2023 (Info 784).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
20
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Cabe agravo de instrumento contra a decisão que acolhe os embargos à monitória 
para excluir um dos litisconsortes passivos
É cabível agravo de instrumento contra a decisão que acolhe embargos à monitória para excluir a 
parte dos litisconsortes passivos, remanescendo o trâmite da ação monitória em face de outro réu. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.828.657-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 5/9/2023 (Info 787).
 �A substituição de carta de fiança bancária por seguro garantia em execução fis-
cal não necessita de acréscimo de 30% sobre o valor do débito
O art. 656, § 2º, do CPC/1973 (art. 848, parágrafo único, do CPC/2015) disciplina a questão relativa 
à necessidade de acréscimo financeiro (30%) ao valor do débito executado quando for requerida 
a substituição da penhora em dinheiro por carta de fiança ou seguro garantia judicial. A situação 
enfrentada pelo STJ foi diferente.
A empresa executada não pediu a substituição da penhora por seguro garantia. Ela pediu a substi-
tuição da fiança bancária por seguro garantia, questão jurídica diversa da que foi disciplinada no art. 
656, § 2º, do CPC/1973 (art. 848, parágrafo único, do CPC/2015).
Ademais, a própria Lei de Execuções Fiscais (Lei nº 6.830/80) em seu art. 9º, II, equiparou o ofereci-
mento da fiança bancária à apresentação inicial de seguro garantia e, no § 3º do mesmo dispositivo, 
prescreveu que a garantia do feito executivo pode ser uniformemente alcançada por meio do depó-
sito em dinheiro, da fiança bancária, do seguro garantia e da penhora.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.887.012-RJ, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 15/8/2023 (Info 784).
 � Banco ingressou com execução contra a empresa devedora e contra João (fiador); 
a esposa de João apresentou exceção de pré-executividade provando que a fian-
ça não foi válida por falta de outorga uxória; os horários advocatícios serão 
fixados por equidade
Quando a exceção de pré-executividade apresentada por terceiro em ação executiva for acolhida, 
levando à exclusão deste no polo passivo da execução, os honorários advocatícios devem ser fixa-
dos por equidade, nos termos do art. 85, § 8º, do CPC/2015, uma vez que não se pode vincular a 
verba sucumbencial ao valor da causa dado na execução, sendo inestimável o proveito econômico 
por ela auferido. 
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.739.095-PE, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 14/8/2023 (Info 785).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
21
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Em exibição incidental de documen-
tos, cabe a presunção relativa de 
veracidade dos fatos que a parte 
adversa pretendia comprovar com 
o documentos, sendo que as conse-
quências dessa veracidade serão 
ainda avaliadas, em conjunto com as 
demais provas produzidas
Caso hipotético: João celebrou contrato de 
mútuo com o banco. Depois de alguns meses, 
ele se tornou inadimplente. O banco propôs 
execução por título extrajudicial. O devedor 
apresentou embargos à execução alegando 
que houve cobranças indevidas nas parcelas 
em razão da cumulação de comissão de per-
manência com outros encargos moratórios. 
O devedor requereu a intimação do banco 
para apresentar todos os extratos bancários 
comprovando os pagamentos com cumulação 
indevida. O banco não apresentou os extratos.
Diante da presunção do art. 400, I, do CPC, po-
de-se dizer que o juiz deverá, obrigatoriamen-
te, decidir pela procedência do pedido com o 
reconhecimento da cumulação indevida?
NÃO. Em exibição incidental de documentos, 
cabe a presunção relativa de veracidade dos 
fatos que a parte adversa pretendia comprovar 
com a juntada dos documentos solicitados, 
sendo que, no julgamento da lide, as conse-
quências dessa veracidade serão avaliadas, em 
conjunto com as demais provas produzidas.
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 2.102.423-PR, 
Rel. Min.Marco Buzzi, julgado em 21/8/2023 
(Info 785).
 � Se o autor indica, na petição inicial, 
valor da causa incompatível com o 
proveito econômico pretendido, não 
pode, após a procedência, pedir a 
alteração da quantia por ele mesmo 
fixada, com o objetivo de aumentar 
os honorários de sucumbência
Caso hipotético: na recuperação judicial, uma 
Cooperativa habilitou seu crédito dizendo que 
a empresa recuperanda estava lhe devendo 
R$ 39 milhões. A recuperanda apresentou ao 
juiz impugnação do crédito e atribuiu R$ 1 mil 
como sendo o valor da causa.
O Tribunal de Justiça concordou com os argu-
mentos da Usina e excluiu a Cooperativa do 
rol de credores da recuperação judicial. Como 
consequência, o TJ condenou a Cooperativa a 
pagar honorários advocatícios arbitrados em 
10% sobre o valor da causa.
A Usina opôs embargos de declaração pedin-
do que o TJ alterasse o valor da causa indica-
do na impugnação de crédito da recuperação 
judicial e assim majorasse a incidência dos 
honorários de sucumbência. O pedido não 
deve ser acolhido.
Se a parte autora indica, na petição inicial, 
valor da causa incompatível com o proveito 
econômico pretendido, não pode, após o aco-
lhimento do pedido em sentença, postular a 
alteração da quantia por ela mesmo alegada, 
com o fim de majorar a base de cálculos de 
honorários de sucumbência. 
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1.901.349-GO, 
Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 21/8/2023 
(Info 785).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
22
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Requisitos para que o art. 1.025 do CPC/2015 seja aplicado
Para a aplicação do art. 1.025 do CPC/2015 e para o conhecimento das alegações da parte em sede 
de recurso especial, é necessário: 
a) a oposição dos embargos de declaração na Corte de origem; 
b) a indicação de violação do art. 1.022 do CPC/2015 no recurso especial; e,
c) a matéria deve ser: 
i) alegada nos embargos de declaração opostos; 
ii) devolvida a julgamento ao Tribunal a quo e; 
iii) relevante e pertinente com a matéria. 
A previsão do art. 1.025 do CPC/2015 não invalidou o enunciado 211 da Súmula do STJ (Inadmissível 
recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi 
apreciada pelo Tribunal a quo).
STJ. 2ª Turma. EDcl no AgInt no AREsp 2.222.062-DF, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 
21/8/2023 (Info 785).
 �Associação de servidores públicos federais ajuizou ação coletiva na JF de SP; o pedi-
do foi julgado procedente e transitou em julgado no TRF3; somente são beneficiários 
dessa decisão os associados domiciliados na área de competência do TRF3 (SP e MS)
A sentença proferida em ação coletiva somente surte efeito nos limites da competência territorial 
do órgão que a proferiu e exclusivamente em relação aos substituídos processuais que ali eram do-
miciliados à época da propositura da demanda. Aplicação do disposto no art. 2º-A da Lei n. 9.494/97. 
A eficácia subjetiva da sentença coletiva pode abranger os substituídos domiciliados em todo o terri-
tório nacional desde que: 
1) proposta por entidade associativa de âmbito nacional; 
2) contra a União; e 
3) no Distrito Federal. 
Essa é a interpretação do art. 2º-A da Lei n. 9.494/97 à luz do disposto no § 2º do art. 109, § 1º do art. 
18 e inciso XXI do art. 5º, todos da CF/88.
STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 2.122.178-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 21/8/2023 (Info 785).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
JULGADOS 
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � É inconstitucional o inciso VIII do art. 144 do CPC
O inciso VIII do art. 144 do CPC/2015 prevê o seguinte:
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: 
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou 
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que 
patrocinado por advogado de outro escritório; 
Essa previsão é inconstitucional por violar os princípios do juiz natural, da razoabilidade e da pro-
porcionalidade.
STF. Plenário. ADI 5.953/DF, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado 
em 22/8/2023 (Info 1104).
 �Na impugnação parcial ao cumprimento de sentença, é direito da parte exequente 
prosseguir com os atos executórios sobre a parte incontroversa da dívida, inclu-
sive com realização de penhora
A impugnação ao cumprimento de sentença, em regra, não possui efeito suspensivo. Isso significa 
que, mesmo tendo sido apresentada impugnação, o magistrado pode determinar a prática de atos 
executivos no patrimônio do executado, inclusive os de expropriação.
O juiz pode conceder efeito suspensivo, desde que preenchidos quatro requisitos:
a) deve haver requerimento expresso do executado/impugnante;
b) deve estar garantido o juízo, com penhora, caução ou depósito suficientes;
c) os fundamentos da impugnação devem ser relevantes (fumus boni iuris);
d) o executado/impugnante deverá demonstrar que o prosseguimento da execução poderá causar 
a si grave dano de difícil ou incerta reparação (periculum in mora).
Imagine que a parte credora está cobrando R$ 500 mil. O devedor afirma que somente deve R$ 200 
mil. Houve, portanto, impugnação parcial. 
Neste caso, é direito da parte exequente prosseguir com os atos executórios sobre a parte incontro-
versa da dívida (R$ 200 mil), inclusive com realização de penhora, nos termos do que dispõe o art. 
525, § 6º, do CPC/2015.
Por se tratar de quantia incontroversa, não há razão para se postergar a execução imediata, pois, 
ainda que a impugnação seja acolhida, não haverá qualquer modificação em relação ao valor não 
impugnado pela parte devedora.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.077.121-GO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 8/8/2023 (Info 785).
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Para que o sindicato possa reter os honorários contratuais sobre o montante da 
condenação é necessária a autorização expressa dos filiados ou beneficiários
a) antes da vigência do § 7º do art. 22 do Estatuto da OAB (5 de outubro de 2018), é necessária a 
apresentação dos contratos celebrados com cada um dos filiados ou beneficiários para que o sindi-
cato possa reter os honorários contratuais sobre o montante da condenação;
b) após a vigência do supracitado dispositivo, para que o sindicato possa reter os honorários con-
tratuais sobre o montante da condenação, embora seja dispensada a formalidade de apresentação 
dos contratos individuais e específicos para cada substituído, mantém-se necessária a autorização 
expressa dos filiados ou beneficiários que optarem por aderir às obrigações do contrato originário.
STJ. 1ª Seção. REsps 1.965.394-DF, 1.979.911-DF e 1.965.849-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado 
em 13/9/2023 (Recurso Repetitivo – Tema 1175) (Info 787).
As execuções fiscais envolvendo a União, suas autarquias, fundações e empresas públicas ajuizadas 
na Justiça Estadual antes da Lei 13.043/2014 devem permanecer na Justiça Estadual mesmo após a 
EC 103/2019, que não revogou o art. 75 da Lei 13.043/2014
O art. 109, § 3º, da CF/88, com redação dada pela EC 103/2019, não promoveu a revogação (não re-
cepção) da regra transitória prevista no art. 75 da Lei nº 13.043/2014, razão pela qual devem perma-
necer na Justiça Estadual as execuções fiscais ajuizadas antes da vigência da lei referida. 
STJ. 1ª Seção. CCs 188.314-SC e 188.373-SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 
13/9/2023 (IAC 15) (Info 787).
 � Súmula 659 do STJ
Súmula 659-STJ: A fração de aumento em razão da prática de crime continuado deve ser fixada de 
acordo com o número de delitos cometidos, aplicando-se 1/6 pela prática de duas infrações, 1/5 
para três, 1/4 para quatro, 1/3 para cinco, 1/2 para seis e 2/3 para sete ou mais infrações. 
STJ. 3ª Seção.Aprovada em 13/9/2023.
DIREITO PENAL
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JULGADOS 
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
DIREITO PENAL
 �A aproximação do réu com o consen-
timento da vítima torna atípica a 
conduta de descumprir medida pro-
tetiva de urgência
O consentimento da vítima, que aceita a 
aproximação do réu mesmo existindo medida 
protetiva de urgência, afasta eventual ameaça 
ou lesão ao bem jurídico tutelado pelo crime 
capitulado no art. 24-A da Lei nº 11.340/2006.
Ainda que efetivamente tenha o acusado vio-
lado a medida protetiva de não aproximação 
da vítima, isto se deu com a autorização dela, 
de modo que não se verifica efetiva lesão e 
falta inclusive o dolo de desobediência.
Caso concreto: filho agrediu a mãe; como me-
dida protetiva de urgência, o juízo determinou 
a proibição de que o agressor se aproximas-
se da mãe a uma distância inferior a 500m; 
passado algum tempo, a própria vítima per-
mitiu a aproximação do filho, autorizando-o 
a residir com ela no mesmo lote residencial, 
em casas distintas. Com isso, fica evidente a 
atipicidade da conduta.
STJ. 6ª Turma. HC 521.622/SC, Rel. Min. Nefi 
Cordeiro, DJe de 22/11/2019.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2.330.912-
DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 
22/8/2023 (Info 785).
 � É idônea a mensuração da repercus-
são internacional do delito na majo-
ração da pena-base pelas consequên-
cias do crime
No caso concreto, policiais militares torturam 
e mataram um morador da favela para obter 
informações a respeito do armazenamento 
de armas e drogas. O episódio teve enorme 
repercussão na imprensa internacional.
O STJ decidiu que, neste caso, seria possível 
que a pena-base fosse aumentada em virtu-
de da grande repercussão internacional do 
delito. Essa grande repercussão é uma conse-
quência do crime que desborda do tipo penal. 
Em outras palavras, não são todos os crimes 
que geram essa repercussão internacional. 
Na situação analisada, o crime gerou essa 
repercussão, razão pela qual pode sim ser en-
quadrado como consequência negativa para 
fins de dosimetria da pena. 
STJ. 6ª Turma. REsp 2.082.894/RJ, Rel. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/8/2023 
(Info 786). 
JULGADOS 
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �A decisão que homologa o arquivamento do inquérito que apura violência domés-
tica deve observar a devida diligência na investigação e o Protocolo para Julga-
mento com Perspectiva de Gênero do CNJ
Por ausência de previsão legal, a jurisprudência majoritária no STJ compreende que a decisão do 
Juiz singular que, a pedido do Ministério Público, determina o arquivamento de inquérito policial, 
é irrecorrível. 
Todavia, em hipóteses excepcionalíssimas, nas quais há flagrante violação a direito líquido e cer-
to da vítima, o STJ tem admitido o manejo do mandado de segurança para impugnar a decisão de 
arquivamento. 
O exercício da ação penal em contextos de violência contra a mulher constitui verdadeiro instrumen-
to para garantir a observância dos direitos humanos, devendo ser compreendido, à luz do Direito 
Internacional dos Direitos Humanos, como parte integrante da obrigação do Estado brasileiro de 
garantir o livre e pleno exercício destes direitos a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição e de 
assegurar a existência de mecanismos judiciais eficazes para proteção contra atos que os violem.
No caso, a decisão que homologou o arquivamento do inquérito foi proferida sem que fosse em-
pregada a devida diligência na investigação e com inobservância de aspectos básicos do Protocolo 
para Julgamento com Perspectiva de Gênero do Conselho Nacional de Justiça, em especial quanto à 
valoração da palavra da vítima, corroborada por outros indícios probatórios, que assume inquestio-
nável importância quando se discute violência contra a mulher. 
O encerramento prematuro das investigações, aliada às manifestações processuais inconsistentes 
nas instâncias ordinárias, denotam que não houve a devida diligência na apuração de possíveis 
violações de direitos humanos praticadas contra a vítima, em ofensa ao seu direito líquido e certo à 
proteção judicial, o que lhe é assegurado pelo art. 1.º e 25 da Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos, c.c. o art. 7.º, alínea b, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a 
Violência contra a Mulher. 
Diante do exposto, o STJ cassou a decisão que homologou o arquivamento do inquérito e determi-
nou a remessa dos autos ao PGJ, nos termos do art. 28, caput, do CPP.
STJ. 6ª Turma. RMS 70.338-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 22/8/2023 (Info 785).
DIREITO PENAL
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27
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �A alteração promovida pela Lei 
14.550/2023 não provocou qualquer 
modificação quanto à natureza cau-
telar penal das medidas protetivas 
previstas no art. 22, incisos I, II e III, 
da Lei 11.340/2006, apenas previu 
uma fase pré-cautelar
O STJ decidiu que as medidas protetivas de ur-
gência previstas nos incisos I, II e III do art. 22 
da Lei Maria da Penha têm natureza de cau-
telares penais, devendo ser regidas pelo CPP 
(REsp 2.009.402-GO, Rel. Acd. Min. Joel Ilan 
Paciornik, julgado em 08/11/2022. Info 756).
Esse entendimento não mudou com a Lei 
nº 14.550/2023.
A alteração legislativa veio a reforçar que a 
concessão da medida protetiva, ou seja, o 
ato inicial, urgente e imediato de se deferir 
a medida para tutelar a vida e a integridade 
física e psíquica da vítima, prescinde de qual-
quer formalidade e repele qualquer obstáculo 
que possa causar morosidade ou embaraço à 
efetividade da proteção pretendida.
As medidas protetivas deferidas nos termos 
do § 5º do art. 19 da Lei nº 11.340/2006 de-
vem ser consideradas como pré-cautelares, 
pois precedem a uma cautelar propriamente 
dita, e tem como objetivo a paralisação ime-
diata do ato lesivo praticado ou em vias de 
ser praticado pelo agressor. Enquanto pré-
-cautelares, as medidas protetivas podem ser 
concedidas em caráter de urgência, de forma 
autônoma e independente de qualquer pro-
cedimento, podendo até mesmo ser deferidas 
pelo próprio delegado ou pelo policial, na 
hipótese do art. 12-C da Lei nº 11.340/2006.
STJ. 5ª Turma. AgRg em REsp 2.056.542/
MG, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 
5/9/2023 (Info 786).
 �Não incide a regra a continuidade de-
litiva específica nos crimes de estupro 
praticados com violência presumida
De acordo com o parágrafo único do art. 71 
do CP: 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra 
vítimas diferentes, cometidos com violência 
ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, con-
siderando a culpabilidade, os antecedentes, a 
conduta social e a personalidade do agente, 
bem como os motivos e as circunstâncias, au-
mentar a pena de um só dos crimes, se idên-
ticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, 
observadas as regras do parágrafo único do 
art. 70 e do art. 75 deste Código.
A violência de que trata a continuidade deliti-
va especial (art. 71, parágrafo único, do CP) é 
a violência real. Assim, não é possível aplicar 
a continuidade delitiva específica para o es-
tupro de vulnerável (art. 217-A do CP) porque 
neste crime há uma ficção jurídica de violên-
cia, não sendo caso de violência real.
Desse modo, se forem praticados diversos 
crimes de estupro de vulnerável, será pos-
sível aplicar a continuidade delitiva simples 
(comum), do caput do art. 71 do CP. Não será 
possível aplicar a continuidade delitiva especí-
fica, trazida pelo parágrafo único do art. 71.
STJ. 5ª Turma. AgRg em ARESP 2.165.385/MG, 
Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado 
em 5/9/2023 (Info 786). 
DIREITO PENAL
JULGADOS 
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Para a configuração do crime de redu-
ção a condição análoga à de escravo 
(art. 149 do CP), não é indispensável a 
restriçãoda liberdade das vítimas
O crime de redução a condição análoga à de 
escravo pode ocorrer independentemente da 
restrição à liberdade de locomoção do traba-
lhador, uma vez que esta é apenas uma das 
formas de cometimento do delito, mas não é 
a única. 
O art. 149 do CP prevê outras condutas que 
podem ofender o bem juridicamente tutelado, 
isto é, a liberdade de o indivíduo ir, vir e se au-
todeterminar, dentre elas submeter o sujeito 
passivo do delito a condições degradantes de 
trabalho.
Assim, a efetiva restrição de liberdade das 
vítimas é prescindível para a configuração do 
crime de redução a condição análoga à de 
escravo. 
STJ. 5ª Turma. REsp 1.969.868-MT, Rel. Min. 
Messod Azulay Neto, julgado em 12/9/2023 
(Info 787).
 � Súmula 658 do STJ
Súmula 658-STJ: O crime de apropriação indé-
bita tributária pode ocorrer tanto em opera-
ções próprias, como em razão de substituição 
tributária. 
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 13/9/2023.
 �No REsp 1.977.165/MS, o STJ relativi-
zou o entendimento do Tema 918 e da 
Súmula 593; neste caso, o STJ afirmou 
que a situação era diferente e decidiu 
que houve crime
Não cabe a distinção realizada no julgamen-
to do REsp 1.977.165/MS - caso de dois jo-
vens namorados, cujo relacionamento tinha 
aquiescência dos genitores da vítima, sobre-
vindo um filho - na hipótese em que não há 
consentimento da responsável legal - o que 
impossibilita qualquer relativização da pre-
sunção de vulnerabilidade de menor de 14 
anos no crime de estupro de vulnerável.
O fato de a vítima ter passado a viver em 
união estável com o réu tão somente reforça 
o contexto de sexualização precoce no qual se 
encontra inserida, sendo o seu consentimen-
to infantil incapaz de afastar a tipicidade da 
conduta, consoante expressamente dispõe o 
art. 217-A, §5º, do Código Penal.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.979.739/MT, 
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/8/2023 
(Info 787).
DIREITO PENAL
JULGADOS 
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29
Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �O princípio da insignificância pode 
ser aplicado para o contrabando de 
até mil maços de cigarro, salvo se 
houver reiteração
O princípio da insignificância é aplicável ao 
crime de contrabando de cigarros quando a 
quantidade apreendida não ultrapassar 1.000 
(mil) maços, seja pela diminuta reprovabilida-
de da conduta, seja pela necessidade de se dar 
efetividade à repressão a o contrabando de 
vulto, excetuada a hipótese de reiteração da 
conduta, circunstância apta a indicar maior re-
provabilidade e periculosidade social da ação. 
STJ. 3ª Seção. REsps 1.971.993-SP e 1.977.652-
SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Rel. para acór-
dão Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 
13/9/2023 (Recurso Repetitivo – Tema 1143) 
(Info 787).
 �Apenas a vítima pode requerer a 
designação da audiência prevista 
no art. 16 da LMP para a renúncia 
à representação; é vedado ao Poder 
Judiciário designá-la de ofício ou a 
requerimento de outra parte
A Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) 
admite a renúncia à representação, desde que 
oferecida antes do recebimento da denúncia: 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicio-
nadas à representação da ofendida de que 
trata esta Lei, só será admitida a renúncia à 
representação perante o juiz, em audiência 
especialmente designada com tal finalidade, 
antes do recebimento da denúncia e ouvido o 
Ministério Público.
A interpretação no sentido da obrigatoriedade 
da audiência prevista no art. 16, sem que haja 
pedido de sua realização pela ofendida, viola 
o texto constitucional e as disposições inter-
nacionais que o Brasil se obrigou a cumprir, 
na medida em que discrimina injustamente a 
própria vítima de violência.
Desse modo, deve ser dada interpretação 
conforme a Constituição ao art. 16, no sentido 
de reconhecer a inconstitucionalidade:
i) da designação, de ofício, da audiência nele 
prevista; e
ii) do reconhecimento de que eventual não 
comparecimento da vítima de violência do-
méstica implique “retratação tácita” ou “re-
núncia tácita ao direito de representação”.
STF. Plenário. ADI 7.267/DF, Rel. Min. Edson 
Fachin, julgado em 22/8/2023 (Info 1104).
DIREITO PENAL
JULGADOS 
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 � Laudo pericial produzido pela polícia e o MP, sem observar as formalidades legais, 
foi juntado aos autos depois da pronúncia; esse laudo é prova ilícita e deve ser de-
sentranhado, mas a decisão de pronúncia é válida porque não se baseou nele
Ainda que os elementos de prova produzidos unilateralmente pelo Ministério Público e pela autori-
dade policial, juntados após a sentença de pronúncia, sejam nulos, não existe nulidade a ser reco-
nhecida na pronúncia quando sua fundamentação não utilizou essas provas. 
STJ. 6ª Turma. REsp 2.004.051-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 15/8/2023 (Info 784).
 � Sem autorização judicial, é ilícita a solicitação de relatórios de inteligência fi-
nanceira feita pela autoridade policial ao COAF (atual UIF)
O STF, ao julgar o RE 1.055.941/SP (Tema 990) fixou a tese no sentido de que é válido o compartilha-
mento dos RIFs (relatórios de inteligência financeira) com a Polícia e o MP para fins criminais sem 
prévia autorização judicial.
Assim, constatada pela UIF alguma possível ilegalidade, ela pode (e deve) compartilhar o RIF com os 
órgãos de persecução penal, sem necessidade de prévia autorização judicial.
Por outro lado, a decisão do STF no Tema 990 não autoriza que a autoridade policial ou o MP pos-
sam requisitar diretamente ao COAF/UIF o envio dos relatórios de inteligência financeira sem autori-
zação judicial. Essa situação é diversa da que foi decidida pelo STF.
Deixando mais claro:
• o STF, no Tema 990, decidiu que a UIF pode compartilhar os RIFs com os órgãos de persecução 
penal mesmo sem autorização judicial;
• o STF, no Tema 990, não decidiu que os órgãos de persecução penal podem requisitar diretamen-
te os RIFs da UIF sem autorização judicial.
STJ. 6ª Turma. RHC 147.707-PA, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 15/8/2023 (Info 784).
 � Súmula 660 do STJ
Súmula 660-STJ: A posse, pelo apenado, de aparelho celular ou de seus componentes essenciais 
constitui falta grave. 
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 13/9/2023.
DIREITO PROCESSUAL PENAL
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �A fixação de valor mínimo (art. 387, 
IV, do CPP) para reparação dos danos 
morais causados pela infração exige 
apenas pedido expresso na inicial, sen-
do desnecessárias a indicação de valor 
e a instrução probatória específica
Para fixação de indenização mínima por 
danos morais, nos termos do art. 387, IV, do 
CPP, não se exige instrução probatória acerca 
do dano psíquico, do grau de sofrimento da 
vítima, bastando que conste pedido expresso 
na inicial acusatória, garantia suficiente ao 
exercício do contraditório e da ampla defesa. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.984.337/MS, 
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 
6/3/2023.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 2.029.732-MS, 
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 
22/8/2023 (Info 784).
 � Súmula 661 do STJ
Súmula 661-STJ: A falta grave prescinde da 
perícia do celular apreendido ou de seus com-
ponentes essenciais. 
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 13/9/2023.
 � Súmula 662 do STJ
Súmula 662-STJ: Para a prorrogação do pra-
zo de permanência no sistema penitenciário 
federal, é prescindível a ocorrência de fato 
novo; basta constar, em decisão fundamenta-
da, a persistência dos motivos que ensejaram 
a transferência inicial do preso. 
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 13/9/2023.
 �A proibição de consumo de álcool 
imposta como condição especial 
ao apenado somente é válida se for 
fundamentada em circunstâncias 
específicas do crime pelo qual o con-
denado foi sentenciado 
Os arts. 115 e 116 da Lei de Execuções 
Penais autorizam o Juízo das exe-
cuções a estabelecer condições es-
peciais de cumprimentode pena em 
regime aberto.
Vale ressaltar, contudo, que a criação de regra 
que destoe das condições gerais e obrigató-
rias previstas nos incisos do art. 115 da LEP 
pressupõe, necessariamente, que a imposição 
seja acompanhada de fundamentação que 
justifique adequadamente, com base no caso 
concreto, a restrição imposta ao executado.
A proibição genérica de consumo de álcool 
imposta como condição especial ao apenado, 
com o argumento geral de preservar a saúde 
mental do condenado ou prevenir futuros cri-
mes, deve vincular a necessidade da regra às 
circunstâncias específicas do crime pelo qual 
o condenado foi sentenciado. 
STJ. 3ª Seção. Rcl 45.054-MG, Rel. Min. Reynal-
do Soares da Fonseca, julgado em 9/8/2023 
(Info 784).
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JULGADOS 
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32
Destaque para alguns dos julgados que foram 
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 �Havendo solução de continuidade 
entre os mandatos, não exercidos de 
maneira ininterrupta, cessa o foro 
por prerrogativa de função referente 
a atos praticados durante o primeiro 
mandato
Exemplo adaptado: 
João, Deputado Federal, respondia inquérito 
no STF em razão da suposta prática de crime 
cometido no exercício do mandato e relacio-
nado com as suas funções.
Ele renunciou ao mandato de parlamentar 
federal para assumir o cargo de Vice-Go-
vernador, razão pela qual o STF declinou da 
sua competência para o juízo de 1ª instância 
considerando que não havia mais o foro por 
prerrogativa de função perante o Supremo.
Antes que a ação penal fosse julgada em 1ª 
instância, o acusado foi diplomado Senador 
da República.
João continuará sendo julgado em 1ª instân-
cia porque houve a quebra da necessária e 
indispensável continuidade do exercício do 
mandato de parlamentar federal para fins 
de prorrogação da competência, conforme é 
exigido pelo STF em situações como essa.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 182.049-DF, 
Rel. Min. Messod Azulay Neto, julgado em 
8/8/2023 (Info 785).
 � É nula a decisão que apenas realiza 
remissão aos fundamentos de tercei-
ros, desprovida de acréscimo pessoal 
que indique o exame do pleito pelo 
julgador e clarifique suas razões de 
convencimento
Sob pena de nulidade, a utilização da funda-
mentação per relationem demanda, ainda 
que concisamente, acréscimos de fundamen-
tação pelo magistrado ou exposição das pre-
missas fáticas que formaram sua convicção. 
No caso concreto, o Ministério Público solici-
tou a quebra de sigilo bancário do suspeito. 
O magistrado deferiu o pedido em decisão 
manuscrita que dizia apenas o seguinte: “Defi-
ro integralmente os pedidos formulados pelo 
Ministério Público, às fls. 640/658, nos termos 
da fundamentação apresentada.”
O STJ considero que essa decisão foi nula por 
ausência de fundamentação.
Não havendo nenhum acréscimo de funda-
mentação ou mesmo exposição das premis-
sas fáticas que motivaram o convencimento 
do magistrado, deve-se anular a autorização 
de quebra de sigilo bancário e de todas as 
provas daí decorrentes, excetuadas as provas 
independentes e não contaminadas.
STJ. 6ª Turma. REsp 2.072.790/DF, Rel. Min. An-
tonio Saldanha Palheiro, julgado em 8/8/2023 
(Info 785).
DIREITO PROCESSUAL PENAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �A plenitude de defesa exercida no 
Tribunal do Júri não impede que o 
magistrado avalie a pertinência da 
produção da prova
A Constituição prescreve a plenitude de defe-
sa como postulado fundamental do Tribunal 
do Júri, nos termos de seu art. 5º, inciso XXX-
VIII, alínea “a”. 
O direito à prova é instrumento para o exer-
cício adequado da plenitude de defesa. To-
davia, o direito à produção de provas não é 
absoluto. Ao magistrado é conferida discricio-
nariedade para indeferir, em decisão funda-
mentada, as provas que reputar protelatórias, 
irrelevantes ou impertinentes.
A discricionariedade judicial é balizada pela 
avaliação dos critérios da objetividade e da 
pertinência da prova.
Caso concreto: o juiz indeferiu a prova pericial 
no celular da vítima de homicídio para atestar 
conversa dela com o réu. O indeferimento foi 
motivado no fato de que já havia sido feita 
perícia no celular do acusado, tendo sido 
comprovada a veracidade da conversa.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 676120/MA, 
Rel. Min. Messod Azulay Neto, julgado em 
5/9/2023 (Info 786). 
 �A má formulação de quesito, com im-
putações não admitidas na pronún-
cia, causa nulidade absoluta e justi-
fica exceção à regra da impugnação 
imediata, afastando-se a preclusão
No que tange à disciplina das nulidades ati-
nentes à quesitação ofertada aos jurados, as 
eventuais irregularidades, que caracterizam 
nulidade relativa, ensejam a sua imediata con-
testação e a prova do prejuízo para a parte a 
quem aproveita a nulidade.
Nesse contexto, segundo a dicção do art. 484 
do CPP, após formular os quesitos o juiz-pre-
sidente os lerá, indagando às partes se têm 
qualquer objeção a fazer, o que deverá cons-
tar obrigatoriamente em ata. E, nos termos 
do art. 571, VIII, do diploma mencionado, as 
nulidades deverão ser arguidas, no caso de 
julgamento em Plenário, tão logo ocorram.
Entretanto, essa não é a hipótese. Isso por-
que, nas particularidades do caso concreto, 
a má formulação do quesito de n. 2 deve ser 
considerada como causa de nulidade absoluta 
e sua elevada gravidade justifica excepcionar 
a regra da impugnação imediata, afastando-se 
a hipótese de preclusão.
O Tribunal de Justiça, no julgamento do recur-
so em sentido estrito, para a delimitação da 
imputação da decisão de pronúncia, determi-
nou a exclusão de parte das condutas atribuí-
das aos réus.
STJ. 6ª Turma. REsp 2.062.459-RS, Rel. Min. Ro-
gerio Schietti Cruz, Rel. para acórdão Min. An-
tonio Saldanha Palheiro, julgado em 5/9/2023 
(Info 786). 
DIREITO PROCESSUAL PENAL
JULGADOS 
EM DESTAQUE
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Destaque para alguns dos julgados que foram 
inseridos no Buscador no último mês
 �Mesmo com a expedição de carta pre-
catória, que não suspende a instrução 
criminal, o interrogatório deve ser o 
último ato, não podendo ser realizado 
antes da oitiva das testemunhas
O interrogatório do réu é o último ato da ins-
trução criminal. 
A inversão da ordem prevista no art. 400 do 
CPP tangencia somente à oitiva das testemu-
nhas e não ao interrogatório. 
O eventual reconhecimento da nulidade se 
sujeita: 
• à preclusão, na forma do art. 571, I e II, do 
CPP, e 
• à demonstração do prejuízo para o réu.
STJ. 3ª Seção. REsps 1.933.759-PR e 1.946.472-
PR, Rel. Min. Messod Azulay Neto, julgado em 
13/9/2023 (Recurso Repetitivo – Tema 1114) 
(Info 787).
 � É inconstitucional o uso da tese da 
legítima defesa da honra em crimes 
de feminicídio ou de agressão contra 
mulheres
É inconstitucional o uso da tese da “legítima 
defesa da honra” em crimes de feminicídio ou 
de agressão contra mulheres, seja no curso 
do processo penal (fase pré-processual ou 
processual), seja no âmbito de julgamento no 
Tribunal do Júri.
Essa tese é inconstitucional por contrariar os 
princípios da dignidade da pessoa humana 
(art. 1º, III, CF/88), da proteção à vida (art. 5º, 
“caput”, CF/88) e da igualdade de gênero (art. 
5º, I, CF/88).
STF. Plenário ADPF 779/DF, Rel. Min. Dias Tof-
foli, julgado em 1º/8/2023 (Info 1105).
 � É constitucional a Resolução do CNJ 
que determinou a tramitação da exe-
cução penal em todo país por meio do 
Sistema Eletrônico de Execução Unifi-
cado (SEEU)
É constitucional a Resolução CNJ 280/2019 
(com a redação dada pela Resolução CNJ 
304/2019), que estabelece diretrizes e parâ-
metros para o processamento da execução 
penal nos tribunais brasileiros e determina, 
entre outras providências, que todos os pro-
cessos nessa fase processual tramitem pelo 
Sistema Eletrônico de Execução Unificado 
(SEEU).
O Sistema Eletrônico de Execução Unificado 
(SEEU), enquanto sistema unificado de trami-
tação eletrônica dos processos de execução 
penal, representa sensível incremento na 
eficiência de gestão do

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