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FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – FUPAC FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PROCEDIMENTOS ESPECIAIS. PROFESSOR: HUGO MARTINS QUINTÃO PERÍODOS: 8º – 2º SEMESTRE DE 2023 UNIDADE IV – PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 1 – NOÇÕES GERAIS. 1.1 - CONCEITO DE PROCEDIMENTO A doutrina distingue o processo do procedimento, demonstrando que o último indica o aspecto formal e exterior do fenômeno processual, ao passo que a noção de processo é essencialmente teleológica: ele é o instrumento público por meio do qual o Estado-juiz exerce o poder jurisdicional objetivando a resolução de conflitos, ao passo que o procedimento representa o meio extrínseco pelo qual o processo se instaura, se desenvolve e termina; o processo manifesta-se por meio de formas externas, de atos que se sucedem temporalmente e se interligam num encadeamento lógico, vale dizer, por meio do procedimento. (Carlos, MARCATO, A. Procedimentos Especiais, 17ª edição. Grupo GEN, 2017. [Minha Biblioteca]). 1.2 – PROCEDIMENTOS ESPECIAIS. Os procedimentos especiais diferenciam-se do comum em maior ou menor intensidade, mas, diante da necessidade de ampliação do âmbito de cognição dos fatos relevantes e pertinentes, com a consequente ampliação do espectro probatório, ou em razão da antecedente prática de atos relacionados a certas peculiaridades da causa, em certos casos ocorre a conversão ou redução procedimental, consistente na transmutação, no curso do processo, do procedimento especial, até então observado para o procedimento comum. Há procedimentos especiais diferenciados do comum apenas pelo acréscimo de um ato inicial (v.g., NCPC, arts. 566 e 705), outros são inicialmente especiais, mas conversíveis ao comum (v.g., arts. 307, parágrafo único, 548, inc. III, 578, 603, § 2º, 679) e outros, finalmente, irredutivelmente especiais (v.g., inventário). (Carlos, MARCATO, A. Procedimentos Especiais, 17ª edição. Grupo GEN, 2017. [Minha Biblioteca]). 2 – PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO CONTENCIOSA. 2.1 – EMBARGOS DE TERCEIRO. ARTS 674 A 681 CPC. Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro. § 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor. Os embargos de terceiro têm, portanto, finalidade preventiva ou liberatória, prestando-se tanto a impedir que a ameaça de constrição judicial sobre determinado bem do terceiro se concretize, quanto, já concretizada, a liberá-los do ato constritivo. Por meio deles o embargante busca, em suma, obter tutela jurisdicional que proteja sua posse, domínio ou outro direito sobre o bem constrito ou ameaçado de constrição em determinado processo, impedindo a concretização da ameaça ou desconstituindo o ato constritivo já consumado. Não se limitam ao processo civil, sendo admissíveis também em relação a processo penal ou trabalhista em que ocorra – ou possa vir a ocorrer – ato de constrição judicial. (Carlos, MARCATO, A. Procedimentos Especiais, 17ª edição. Grupo GEN, 2017. [Minha Biblioteca]). 2.2 – LEGITIMIDADE. Legitimidade ativa. Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro. § 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor. § 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos: I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843 ; II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução; III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte; IV - o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos. Além das hipóteses acima mencionada no §2º do art. 674 , o promitente- comprador do imóvel, ainda que o instrumento do compromisso esteja desprovido de registro, a sociedade de responsabilidade limitada, na defesa de quotas penhoradas em processo de execução em que sócio figura como executado, o credor de bem dado em garantia, com posse indireta, pela tradição ficta os ocupantes de imóvel penhorado em execução envolvendo quotas condominiais devidas exclusivamente pelo anterior condômino, o donatário, beneficiado com doação verbal antes do ajuizamento da execução contra o doador, o ex-cônjuge, na defesa de bem objeto de partilha judicial anterior à penhora. Quanto a legitimidade passiva o § 4º do art.677 dispõe: § 4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial. Exemplos: a) no cumprimento de sentença, o exequente indica o bem a ser penhorado (NCPC, art. 524, VII) e, concretizada a constrição, ele figurará como réu (embargado) nos embargos opostos pelo terceiro que se intitule possuidor ou proprietário do bem constrito; b) executado o espólio, a penhora recai sobre bem de terceiro indicado pelo inventariante (v. art. 646), hipótese em que deverão figurar como embargados, em litisconsórcio necessário, o espólio executado e o exequente, pois, acolhidos os embargos, ambos serão prejudicados pela exclusão do bem que garantia a execução. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art843 2.3 – MOMENTO PARA A OPOSIÇÃO DO EMBARGOS DE TERCEIRO Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta. Parágrafo único. Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em embargar o ato, o juiz mandará intimá-lo pessoalmente. 2.4 – PROCEDIMENTO a) Juízo competente. art. 676. Os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição e autuados em apartado. Parágrafo único. Nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta. b) Petição inicial, citação e contestação. Os embargos de terceiro possuem natureza de ação, sendo processado em autos apartados dando vida a um processo incidente, a petição inicial deverá conter os requisitos do art. 319 do CPC, além dos constantes do art. 677 do CPC. Art. 677. Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas. § 1º É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz. § 2º O possuidor direto pode alegar, além da sua posse, o domínio alheio. § 3º A citação será pessoal, se o embargado não tiver procurador constituído nos autos da ação principal Citado o embargado terá o prazo de 15 dias para oferecer contestação, adotando- se o procedimento comum com designação de audiência de instrução e julgamento. c) Julgamento. Art. 678. A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiososobjeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido. Parágrafo único. O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante. d) Embargante com garantia real. Art. 680. Contra os embargos do credor com garantia real, o embargado somente poderá alegar que: I - o devedor comum é insolvente; II - o título é nulo ou não obriga a terceiro; III - outra é a coisa dada em garantia. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação (CC, art. 1.419). A garantia real confere ao credor, portanto, o direito de obter o pagamento da dívida com o valor do bem a ela submetido, ou seja, garante--lhe o recebimento da dívida, por estar o bem vinculado ao seu pagamento; consequentemente, o credor com garantia real tem direito de preferência à satisfação de seu crédito. Daí a razão de o art. 680 do NCPC dispor que, nos embargos opostos por esse credor, o embargado somente poderá alegar, em sua defesa, ser insolvente o devedor comum, ser nulo o título gerador da garantia real ou não obrigar a terceiro ou, finalmente, ser outra a coisa dada em garantia, não aquela objeto dos embargos. Sendo insolvente o devedor comum, isto é, aquele obrigado com o embargante e com o embargado, a este é possível contestar os embargos, demonstrando a situação patrimonial do primeiro ou a inexistência de outros bens a penhorar. Pode o embargado ainda sustentar em sua contestação ser nulo o título constitutivo da garantia real, ou não obrigar a terceiro, ou seja, não gerar para o embargante qualquer direito de crédito preferencial. O título será nulo na ocorrência de qualquer das hipóteses previstas no art. 166 do Código Civil e não obrigará a terceiros quando ausente qualquer dos requisitos exigidos pelos arts. 221, 288, 1.424 e 1.492 do mesmo Diploma Legal. Finalmente, poderá o embargado alegar que a coisa dada em garantia não é aquela objeto dos embargos. (Carlos, MARCATO, A. Procedimentos Especiais, 17ª edição. Grupo GEN, 2017. [Minha Biblioteca]). FLUXOGRAMA 3 – DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS – ARTS 550 a 553 CPC As pessoas em que houver sido confiada a administração ou a gestão de bens ou de interesses alheios, têm a obrigação de prestar contas, quando solicitadas, ou dá-las voluntariamente, se necessário. A prestação de contas serve para aclarar o resultado da gestão, permitindo que se verifique se há saldo em favor de alguém. Quem administra negócios ou bens alheios pode receber valores que devem ser entregues ao titular, e fazer despesas, que devem por este ser repostas. Só por meio dela será possível verificar se há saldo em favor de algum dos envolvidos. ( Rios, GONÇALVES, Marcus V. Esquematizado - Direito processual civil. Editora Saraiva, 2019. [Minha Biblioteca]). Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias. A lei brasileira enumera situações das quais resulta a obrigação de prestar contas. No Código Civil, podem ser mencionadas: - A obrigação do tutor e do curador, pela gestão de bens e negócios do tutelado ou curatelado (art. 1.756); - A do sucessor provisório, em relação aos bens dos ausentes (art. 22, caput); - A do inventariante e do testamenteiro, por sua gestão à frente do espólio (arts. 2.020 e 1.980); - Do mandatário frente ao mandante (art. 668); - Do cônjuge, a quem foi deferida a guarda unilateral dos filhos, podendo o outro cônjuge exigir contas (art. 1.583, § 5º). No Código de Processo Civil: - Do administrador da massa na insolvência; - Do administrador de empresas, estabelecimentos e outros bens, que tenham a do imóvel ou empresa no usufruto executivo; - Do curador da herança jacente; - Eventualmente, do depositário. No Direito Empresarial: - Nos contratos de sociedade, pois qualquer sócio pode pedir aos demais que prestem contas da sua administração da sociedade; - Nos contratos de comissão e mandato mercantil; - O administrador da falência, que deve prestar contas de sua gestão. Algumas situações específicas: As instituições financeiras devem prestar contas dos valores depositados aos titulares dos depósitos. A Súmula 259 do STJ: “A ação de prestação de contas pode ser proposta pelo titular da corrente bancária”. O envio de extratos mensais não afasta essa obrigação, pois o correntista pode discordar dos lançamentos e exigir as contas; O consorciado pode exigir contas da administradora, ainda que o grupo esteja inadimplente e o consórcio ainda não esteja encerrado; No condomínio em edifícios, o condomínio, representado pelo síndico, pode exigir contas da Administradora. Já o síndico deve prestar contas à Assembleia Geral e ao Conselho Consultivo. Só se ele não o fizer, e não forem tomadas providências, é que a ação poderá ser ajuizada pelos condôminos, individualmente; O advogado deve prestar contas ao cliente, já que é mandatário deste. 3.1 – NATUREZA DÚPLICE Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá título executivo judicial. A natureza dúplice da ação de exigir contas está na possibilidade de a sentença apurar saldo em favor do réu, independentemente de seu pedido. Certas ações de natureza dúplice como, por exemplo, as ações possessórias, é necessário que o réu formule pedido contra o autor na contestação. No caso da ação de exigir contas isso não será necessário. Basta que a sentença apure crédito em favor do réu e obrigue o autor a pagá-lo, independente de pedido expresso. Nesta ação, aquele contra qual for reconhecido o saldo, deve pagá-lo, independente se for o autor ou réu. 3.2 – AÇÃO DE EXIGIR CONTAS E DE PRESTAR CONTAS. Quem administra bens de terceiro tem o dever de prestar contas. Por isso, o terceiro pode propor a ação de exigir contas, a fim de que o administrador preste contas. Todavia, quem tem o dever de prestar contas, também poderá ajuizar uma ação de prestação de contas, caso haja a recusa em receber as contas. Para que haja interesse, é preciso que: aquele que tem obrigação de prestar contas se recuse a fazê-lo ou aquele a quem as contas devem ser prestadas se recuse a recebê-las ou que haja divergência sobre a existência e o montante do saldo apontado nas contas prestadas. A ação de exigir contas segue o procedimento especial previsto no CPC, a partir do artigo 550 e seguinte. Já a ação de dar contas segue o procedimento comum. 3.3 – PROCEDIMENTO DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS. Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias. § 1º Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais exige as contas, instruindo-a com documentos comprobatórios dessa necessidade, se existirem. § 2º Prestadas as contas, o autor terá 15 (quinze) dias para se manifestar, prosseguindo-se o processo na forma do Capítulo X do Título I deste Livro. § 3º A impugnação das contas apresentadas pelo réu deverá ser fundamentada e específica, com referência expressa ao lançamento questionado. § 4º Se o réu não contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 355 . § 5º A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar. § 6ºSe o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5º, seguir-se-á o procedimento do § 2º, caso contrário, o autor apresentá-las-á no prazo de 15 (quinze) dias, podendo o juiz determinar a realização de exame pericial, se necessário. O que caracteriza o procedimento da ação de exigir contas é a existência de duas fases: a primeira em que o juiz decide sobre a existência ou não do réu prestar contas. Decidindo que não, o processo é encerrado nesta fase, caso contrário, haverá a segunda fase com a obrigatoriedade do réu prestar as contas e o juiz decidir sobre o saldo credor ou devedor. Na primeira fase a petição inicial deverá conter os requisitos do art. 319 do CPC e a citação do réu. Citado o réu poderá: Pode reconhecer a obrigação de prestar contas e já as apresentar, caso em que o juiz considerará superada a primeira fase e passará, desde logo, para a segunda fase. O juiz ouvirá o autor sobre as contas prestadas, no prazo de 15 dias, e determinará as provas necessárias, podendo, se preciso, designar audiência de instrução e julgamento. Ao final, proferirá sentença, na qual decidirá se há saldo em favor de alguma das partes; Pode permanecer inerte, sem contestar nem prestar as contas solicitadas, caso em que o juiz, aplicando ao réu os efeitos da revelia, julgará antecipadamente o mérito, determinando que o réu preste ao autor as contas solicitadas, no prazo de 15 dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar. pode apresentar resposta. Na contestação, o principal fundamento será a inexistência da obrigação de prestar contas, seja porque a relação que havia entre as partes não a impõe, seja porque as contas já foram prestadas extrajudicialmente. O juiz determinará as provas necessárias e, ao final, proferirá sentença. Caso seja de procedência, o réu será condenado a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art355 prestar contas em 15 dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar. O réu poderá valer--se de reconvenção, desde que o objeto desta não seja o reconhecimento de saldo em seu favor, já que para tanto não há necessidade de reconvir, dada a natureza dúplice da ação. Mas a reconvenção pode ter outra finalidade. Por exemplo: o autor postula que o réu seja condenado a prestar contas em razão de um contrato, e o réu reconvém para obter a declaração de nulidade deste; pode o réu contestar, negando a obrigação de prestar contas, mas, ao mesmo tempo, já apresentá‐las. O processo passará desde logo à segunda fase, seguindo-se o procedimento do § 2º do art. 550. Ao apresentar as contas, o réu reconheceu a obrigação, cumprindo apenas verificar se elas estão corretas e se há saldo em favor dos litigantes. ( Rios, GONÇALVES, Marcus V. Esquematizado - Direito processual civil. Editora Saraiva, 2019. [Minha Biblioteca]). A decisão que encerra a primeira fase é uma decisão interlocutória, sujeita ao recurso de agravo de instrumento - § 5º do art.550 do CPC. Ao proferir a decisão condenando o réu a prestar contas, o juiz o condenará ao pagamento de honorários. Se ele as prestar, e o autor aceitá-las, não haverá a fixação de novos honorários, correspondentes à segunda fase. Mas, se nesta surgir controvérsia – do que pode resultar a necessidade de provas, como a pericial e a testemunhal – novos honorários deverão ser fixados. Pode ocorrer, por exemplo, que o réu seja condenado na primeira fase a pagar honorários, porque se recusou a fazê-lo. Mas que, na segunda fase, ele as preste assim que intimado, e que o autor as impugne, reputando-as incorretas. Serão determinadas as provas necessárias e, se o juiz verificar que a razão estava com o réu, será o autor condenado em honorários. ( Rios, GONÇALVES, Marcus V. Esquematizado - Direito processual civil. Editora Saraiva, 2019. [Minha Biblioteca]). Com a condenação do réu a prestar contas passa-se para a segunda fase da ação de exigir contas. Nessa fase o réu será intimado a prestar as contas no prazo de 15 dias, sob pena de não o fazendo, reputarem verdadeiras as contas apresentadas pelo autor. Nesta fase o réu poderá: apresentar as contas, caso em que a segunda fase processar-se-á na forma do art. 550, § 2º, do CPC: o autor será ouvido em quinze dias. Se quiser impugná-las, deverá fazê-lo de maneira específica e fundamentada, referindo-se expressamente àqueles lançamentos com os quais não concorda. Feito isso, o juiz determinará as provas necessárias e, ao final, julgará. Mas é preciso que as contas sejam prestadas na forma do art. 551 do CPC. Se o réu apresentar contas, sem obedecer à forma exigida por lei, o juiz não as considerará prestadas. Não é necessário que elas sejam apresentadas sob forma mercantil, como exigia o CPC de 1973. Mas é preciso que o sejam de forma adequada, especificando-se as receitas e os investimentos, se houver. Caso o autor apresente as contas, porque o réu não as apresentou no prazo estabelecido pelo juiz, ele também deverá fazê- lo de forma adequada, já instruídas com os documentos justificativos, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver; não prestar as contas, caso em que se procederá na forma do art. 550, § 6º, 2a parte do CPC: o autor as apresentará no prazo de quinze dias, e elas serão julgadas ao prudente arbítrio do juiz, que poderá determinar, se necessário, exame pericial contábil. O réu omisso perde o direito de apresentar contas e de impugnar as que o autor apresentar. Mas isso não significa que o juiz vá acolher as do autor. É preciso examiná-las e, se necessário, determinar as provas para formar a sua convicção. Não pode o juiz permitir que o autor se valha da proibição de o réu impugná‐las, para perpetrar abusos, cobrando mais do que é devido. Na dúvida, o juiz determinará a realização de exame pericial contábil. Se o réu não prestar contas, e o autor também não as apresentar, o processo não terá como prosseguir. Cumpre ao juiz intimar o autor para que dê andamento ao feito, sob pena de extinção sem resolução de mérito. (Rios, GONÇALVES, Marcus V. Esquematizado - Direito processual civil. Editora Saraiva, 2019. [Minha Biblioteca]). 3.4 – FORMA PELA QUAL AS CONTAS DEVEM SER PRESATADAS. Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequada, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver. § 1º Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor, o juiz estabelecerá prazo razoável para que o réu apresente os documentos justificativos dos lançamentos individualmente impugnados. § 2º As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5º , serão apresentadas na forma adequada, já instruídas com os documentos justificativos, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo. 3.5 – O INCIDENTE DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. Art. 553. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de qualquer outro administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado. Parágrafo único. Se qualquer dos referidos no caput for condenado a pagar o saldo e não o fizer no prazo legal, o juiz poderá destituí-lo, sequestrar os bens sob sua guarda, glosar o http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art550%C2%A75 prêmio ou a gratificação a que teria direito e determinar as medidas executivas necessárias à recomposição do prejuízo. Neste caso, não haverá uma ação autônoma, mas apenas um incidente em apenso. A determinação de prestar contas pode ser do juiz, de ofício ou do Ministério Público. A decisão que resolve esse incidente é uma decisão interlocutória sujeita ao recurso de agravo de instrumento. Esse incidente não retira o direito de outras pessoas ajuizarem a ação autônoma de prestação de contas. FLUXOGRAMA - PROCEDIMENTO DA AÇÃO DE PRESTARCONTAS
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