Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – FUPAC FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DIREITO PROCESSUAL CIVIL – UNIDADE II – TEORIA GERAL DOS RECURSOS PROFESSOR: HUGO MARTINS QUINTÃO PERÍODOS: 8º - 2º SEMESTRE DE 2023 UNIDADE II – TEORIA GERAL DOS RECURSOS. 1 – NOÇÕES GERAIS. O CPC dedica o Livro III da Parte Especial aos processos nos tribunais e aos meios de impugnação das decisões judiciais. Nos Livros I e II da Parte Especial, são abordados os dois tipos de processo, o de conhecimento e o de execução. O Livro III trata dos processos nos tribunais, sejam aqueles de sua competência originária, sejam aqueles que, iniciados em primeiro grau de jurisdição, encontram-se em fase de recurso. O livro contém dois títulos. O primeiro cuida da ordem dos processos no tribunal e de alguns processos de competência originária; e o segundo, dos recursos. O Título I inicia-se com um capítulo que contém disposições gerais sobre jurisprudência, a necessidade de que seja mantida estável, íntegra e coerente e sobre a eficácia vinculante dos precedentes (art. 927) (Rios, GONÇALVES, Marcus V. Esquematizado - Direito processual civil. Editora Saraiva, 2019. [Minha Biblioteca]). A) O PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO, DA DIALETICIDADE RECURSAL E DA TAXATIVIDADE. O duplo grau de jurisdição é uma garantia dada às partes de reexame voluntário da decisão do juiz de primeira instância pelos Tribunais de segundo grau. É o direito de provocar o segundo grau de jurisdição a fim de que seja revista a decisão do Juízo a quo. Embora voluntário, há o duplo grau de jurisdição necessário previsto no art. 496 do CPC que trata das decisões contra a fazenda pública. Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. § 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á. § 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa necessária. § 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público; II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público. § 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em: I - súmula de tribunal superior; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. Já o Princípio da Dialeticidade Recursal, exige que todo recurso seja formulado por meio de petição na qual a parte, não apenas manifeste sua inconformidade com ato judicial impugnado, mas, também indique os motivos de fato e de direito pelos quais requer o novo julgamento da questão nele cogitada, sujeitando-os ao debate com a parte contrária. O Princípio da taxatividade significa que somente pode ser considerado recurso o instrumento de impugnação que estiver expressamente previsto em lei federal como tal. B) A COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS. Os Tribunais são órgãos colegiados de segundo grau que exercem sua competência em três situações: - Em grau de recurso; - Em reexame do duplo grau de jurisdição necessário (art. 496 CPC) - Em processos de competência originária C) O JULGAMENTO DOS RECURSOS PELOS TRIBUNAIS Tanto o Pleno como cada uma das Câmaras em que se subdivide o Tribunal têm o seu presidente, que é o magistrado que dirige os trabalhos da sessão de julgamento do órgão colegiado. Durante a tramitação do processo há um membro do colegiado que assume posição de relevo, por caber-lhe a direção do feito, inclusive no que toca à coleta das provas. Trata-se do relator, que é escolhido por sorteio (distribuição) entre os componentes do órgão julgador. Compete ao relator, em caráter principal: (i) ordenar as intimações; (ii) receber contestação; (iii) despachar os requerimentos das partes; (iv) delegar competência a juiz de primeiro grau para ouvida de testemunhas ou realização de perícia; (v) fazer o relatório geral do processo (NCPC, arts. 931 e 932, I). A última função é de grande importância para o julgamento da causa. Na verdade, não são todos os membros do órgão colegiado que examinam os autos antes do julgamento. Esse minucioso exame é feito apenas pelo relator, que faz o histórico do caso sub judice perante os demais julgadores. No regime do Código anterior, em hipótese de maior relevância, funcionava um revisor que fiscalizava o trabalho do relator, o que não foi mantido pela legislação atual. Agora, concluído o relatório, o processo será encaminhado ao presidente, para designação de dia para o julgamento, ordenando a publicação da pauta no órgão oficial (art. 934) (Humberto, THEODORO J. Curso de Direito Processual Civil - Vol. III, 52ª edição. Grupo GEN, 2018. [Minha Biblioteca]). Art. 931. Distribuídos, os autos serão imediatamente conclusos ao relator, que, em 30 (trinta) dias, depois de elaborar o voto, restitui-los-á, com relatório, à secretaria. D) AS ATRIBUIÇÕES DO RELATOR Art. 932. Incumbe ao relator: I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes; II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal; VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso; VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. 2 - CONCEITO DE RECURSO: Recurso é remédio impugnativo apto para provocar, dentro da relação processual ainda em curso, o reexame de decisão judicial,pela mesma autoridade judiciária, ou por outra hierarquicamente superior, visando a obter-lhe a reforma, invalidação, esclarecimento ou integração. Não se deve, porém, confundir o recurso com outros meios autônomos de impugnação da decisão judicial, como a ação rescisória e o mandado de segurança. Caracteriza-se o recurso como o meio idôneo a ensejar o reexame da decisão dentro do mesmo processo em que foi proferida, antes da formação da coisa julgada. (Humberto, THEODORO J. Curso de Direito Processual Civil - Vol. III, 52ª edição. Grupo GEN, 2018. [Minha Biblioteca]). Os recursos podem ter como objetivos: 1) A reforma da decisão impugnada, consistente na substituição da decisão recorrida por outra, favorável à parte recorrente, a ser proferida pelo órgão julgador do recurso (error in judicando); 2) A invalidação (ou anulação) da decisão, a fim de que o órgão que a prolatou, quando isto seja possível, profira nova decisão, sanando os vícios que geraram sua anulação (error in procedendo); 3) O esclarecimento ou a integração da decisão judicial impugnada, pelo mesmo órgão que a proferiu, para sanar a omissão, contradição ou obscuridade. 4) Correção de erro material 3. ATOS SUJEITOS A RECURSOS. Os atos judiciais sujeitos a recursos são: Sentenças, Decisão interlocutória, Acórdão (art 941) e a decisão monocrática do relator (art 932). Obs: de despacho não cabe recurso – art. 1001 CPC 4) JUIZO DE ADMISSIBILIDADE E O JUÍZO DE MÉRITO DOS RECURSOS. 4.1 - JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO. Como regra geral o recurso é interposto, inicialmente perante a instância a quo. Essa processará o recurso e permitirá o exercício do contraditórios. Em seguida, o recurso será encaminhado à instância ad quem, responsável pelo seu efetivo julgamento. Há situações, porém que o recurso já é interposto diretamente na instância ad quem. Algumas vezes pode haver coincidência das instâncias a quo e ad quem como nos embargos de declaração, interposto perante a instância prolatora da decisão e pela mesma efetivamente julgados – art. 1.024 e §§ 1ª e 2º do CPC. Pelo CPC/2015, alguns recursos possuem o requisito de admissibilidade apenas na instância ad quem, como é o caso da apelação - § 3º do art 1010). Já o recurso especial e extraordinário, após uma reforma antes mesmo do CPC/2015 entrar em vigor, retornou ao entendimento anterior, da necessidade da análise da admissibilidade antes de enviar ao juízo ad quem. Art 1030 V. OBS: O Artigo 932 parág.único dispõe: Art. 932. Incumbe ao relator: Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. 4.1.1 - PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS. a) LEGITIMIDADE RECURSAL – ART 996 CPC Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. b) INTERESSE RECURSAL O interesse recursal concentra-se na presença concomitante da utilidade e da necessidade do recurso. O recurso só será útil àquele legitimado para interpô-lo, na medida em que, de alguma forma, tenha sucumbido (art. 996 CPC ) De igual forma, o recurso só será necessário caso o interessado não possa atingir o seu intento por outra via. c) TEMPESTIVIDADE. REGRAL – 15 DIAS –ART. 1003 § 5º O PRAZO É CONTATO DA INTIMAÇÃO DA DECISÃO. O RECURSO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, O PRAZO É DE 5 DIAS – ART. 1023 O prazo será em dobro para: Advocacia pública – art.183 do CPC Integrantes da Defensoria Pública –art 186 CPC Escritórios de prática jurídica – art 186 § 3º CPC, se houver convênio com a Defensoria Pública, contudo não tem direito à intimação pessoal. Ministério Público – art. 180 CPC. Litisconsórcio com procuradores diferentes, desde que integrem escritórios diferentes. Art 229 CPC, exceto se os autos forem eletrônicos § 2º do art. 229 do CPC. O CPC/2015 eliminou a jurisprudência defensiva que gerava o não conhecimento do chamado recurso prematuro – art 218 § 4º e art 1024 § 4º CPC. d) ADEQUAÇÃO É a escolha exata do recurso próprio, o qual haverá de ser aquele previsto em lei para hostilizar determinada decisão; A escolha do recurso inadequado pode levar ao não conhecimento do que foi interposto. e) REGULARIDADE FORMAL. Tal pressuposto significa que o recurso deve seguir a formalidade que lhe é imposta pela norma legal. Ex. agravo de instrumento art. 1017 I do CPC no que tange a documentação. Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída: I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; O CPC também generalizou o pressuposto da regularidade formal, quanto à necessidade de haver impugnação específica aos fundamentos da decisão recorrida. Art. 932 III DO CPC. Art. 932. Incumbe ao relator: III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; f) PREPARO. Consiste no pagamento, na época certa das despesas processuais correspondentes ao processamento do recurso interposto. O momento adequado ao pagamento e à comprovação do preparo é no ato da interposição do recurso. – art. 1007 do CPC. O seu não pagamento pode gerar a deserção do recurso e o seu não conhecimento. Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. § 1o São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. § 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. § 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos. § 4o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. § 5o É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4o. § 6o Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. § 7o O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias. 4.2 - JUÍZO DE MÉRITO. Superado o juízo de admissibilidade e conhecido o recurso, a instância ad quem deverá examinar o seu mérito. No exame do mérito, competir-lhe–á verificar se há necessidade de reforma, anulação ou esclarecimento da decisão. Sendo positiva a resposta, o recurso será provido e a decisão reformada, anulada ou esclarecida. Não sendo esta hipótese, a confirmação da decisão a quo se fará coma negativa de provimento do recurso. O enfrentamento do mérito de determinado recurso leva ao chamado efeito SUBSTITUTIVO do recurso, pelo qual a decisão ad quem substitui a instância a quo. Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso. O dispositivo acima, além do efeito substitutivo também traz à chamada REFORMATIO IN PEJUS. A REFORMATIO IN PEJUS impede que o recorrente obtenha decisão da instância ad quem que piore sua situação. 5) SUCUMBÊNCIA RECURSAL. Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. § 1o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente. § 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento. § 12. Os honorários referidos no § 11 são cumuláveis com multas e outras sanções processuais, inclusive as previstas no art. 77. 5) EFEITOS DOS RECURSOS. 5.1) EFEITO DEVOLUTIVO. O efeito devolutivo importa o encaminhamento da matéria recursal à instância ad quem. 5.2) EFEITO SUSPENSIVO. É o efeito que impede o cumprimento e a imediata efetividade da decisão recorrida, enquanto não for julgado o recurso. Trata-se de uma decorrência do Princípio do Duplo grau de jurisdição, pois é interessante, para a eficácia do mesmo que as decisões da instância a quo aguardem as deliberações da instância ad quem, para que surtam os seus efeitos. Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. NO SISTEMA ATUAL, O ÚNICO RFECURSO QUE POSSUI EFEITO SUSPENSIVO, JÁ ASSEGURADO POR LEI É O DE APELAÇÃO (ART.1012 CPC), COM AS EXCEÇÕES DO § 1º DO MESMO ARTIGO. Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. § 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: I - homologa divisão ou demarcação de terras; II - condena a pagar alimentos; III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; VI - decreta a interdição. § 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publicada a sentença. § 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser formulado por requerimento dirigido ao: I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la; II - relator, se já distribuída a apelação. § 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação. Obs. EFEITO TRANSLATIVO É a possibilidade de o tribunal conhecer determinadas matérias de ofício no julgamento do recurso, sendo um desdobramento do efeito devolutivo. No caso do recurso de apelação, o CPC/2015 permite que o tribunal identifique o vício formal ou o equívoco advindo da extinção do feito sem desate da lide, corrija- os e julgue desde logo O MÉRITO - art 1013 § 3º CPC. Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I - reformar sentença fundada no art. 485; II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV – decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. 5.3) ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL. TUTELA PROVISÓRIA. Embora o CPC não diga expressamente de forma ampla, é cabível também a concessão de tutelas provisórias em fase recursal A liminar em caráter de tutela provisória incidental normalmente, ser examinada pelo relator (art. 932 II CPC), devendo ser ratificada ou não pelo juízo natural que é o colegiado, quando do julgamento do recurso. Assim as partes podem postular tutelas provisórias – cautelares ou antecipada, mesmo se já interposto recurso. Por exemplo, numa ação reivindicatória, em fase recursal perante o tribunal, se houver necessidade de averbação de indisponibilidade do bem ou alguma ordem proibitiva contra àquele que possui o bem injustamente, o pedido será dirigido ao tribunal. 6) RECURSO ADESIVO. ART 997 CPC Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. § 1o Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. § 2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível. É Possível a interposição do recurso adesivo quando houver a sucumbência recíproca, contudo, o recurso principal tem que ser de apelação, recurso extraordinário e especial. 7) DESISTÊNCIA, RENÚNCIA E AQUIESCÊNCIA AO DIREITO DE RECORRER. A desistência e a renúncia, quanto ao recurso, acarretam a perda do interesse recursal. A desistência estabelecida no artigo 998 CPC exige que o recurso já tenha sido manifestado e independe da aceitação da parte contrária. Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso No caso da renúncia, não terá havido a interposição do recurso, do qual o sucumbente abdica e também não há necessidade de anuência da parte contrária. Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. AQUIESCÊNCIA. Segundo o art. 1.000 do Novo CPC, a parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. Trata-se do fenômeno da aquiescência, que gera uma preclusão lógica a impedir a admissão do recurso, em nítida manifestação do princípio da boa-fé objetiva consagrada no art. 5º do Novo CPC (nemo venire contra factum proprium). Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer. 8) LITISCONSÓRCIO. ALCANCE DO RECURSO. O art. 1005 do CPC repetindo a redação do art. 509 do CPC/73 estabelece que “o recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os interesses. Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses.Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. 9) TECNICA DE JULGAMENTO NAS HIPÓTESES DE DIVERGÊNCIA. O CPC/2015 eliminou o recurso chamado de EMBARGOS INFRINGENTES e criou outro em seu lugar chamado de TECNICA DE JULGAMENTO. ART 942 CPC. Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores. § 1o Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão colegiado. § 2o Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do prosseguimento do julgamento. § 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido em: I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno; II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito. § 4o Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento: I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas; II - da remessa necessária; III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial.
Compartilhar