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UNIDADE II TEO GERAL DOS RECUR - - 2 SEM 2023

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FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – FUPAC 
FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL – UNIDADE II – TEORIA GERAL DOS 
RECURSOS 
 
 
 
 
PROFESSOR: HUGO MARTINS QUINTÃO 
PERÍODOS: 8º - 2º SEMESTRE DE 2023 
 
 
 
UNIDADE II – TEORIA GERAL DOS RECURSOS. 
 
 
1 – NOÇÕES GERAIS. 
 
O CPC dedica o Livro III da Parte Especial aos processos nos tribunais e aos meios 
de impugnação das decisões judiciais. Nos Livros I e II da Parte Especial, são 
abordados os dois tipos de processo, o de conhecimento e o de execução. O Livro 
III trata dos processos nos tribunais, sejam aqueles de sua competência originária, 
sejam aqueles que, iniciados em primeiro grau de jurisdição, encontram-se em 
fase de recurso. O livro contém dois títulos. O primeiro cuida da ordem dos 
processos no tribunal e de alguns processos de competência originária; e o 
segundo, dos recursos. O Título I inicia-se com um capítulo que contém 
disposições gerais sobre jurisprudência, a necessidade de que seja mantida 
estável, íntegra e coerente e sobre a eficácia vinculante dos precedentes (art. 927) 
(Rios, GONÇALVES, Marcus V. Esquematizado - Direito processual civil. Editora 
Saraiva, 2019. [Minha Biblioteca]). 
 
 
A) O PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO, DA DIALETICIDADE RECURSAL 
E DA TAXATIVIDADE. 
 
O duplo grau de jurisdição é uma garantia dada às partes de reexame voluntário 
da decisão do juiz de primeira instância pelos Tribunais de segundo grau. É o 
direito de provocar o segundo grau de jurisdição a fim de que seja revista a decisão 
do Juízo a quo. Embora voluntário, há o duplo grau de jurisdição necessário 
previsto no art. 496 do CPC que trata das decisões contra a fazenda pública. 
 
Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de 
confirmada pelo tribunal, a sentença: 
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas 
autarquias e fundações de direito público; 
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. 
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará 
a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á. 
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa necessária. 
§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico 
obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: 
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito 
público; 
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas 
autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; 
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e 
fundações de direito público. 
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em: 
I - súmula de tribunal superior; 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em 
julgamento de recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de 
assunção de competência; 
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo 
do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. 
 
Já o Princípio da Dialeticidade Recursal, exige que todo recurso seja formulado por 
meio de petição na qual a parte, não apenas manifeste sua inconformidade com ato 
judicial impugnado, mas, também indique os motivos de fato e de direito pelos 
quais requer o novo julgamento da questão nele cogitada, sujeitando-os ao debate 
com a parte contrária. 
O Princípio da taxatividade significa que somente pode ser considerado recurso o 
instrumento de impugnação que estiver expressamente previsto em lei federal 
como tal. 
 
B) A COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS. 
Os Tribunais são órgãos colegiados de segundo grau que exercem sua competência 
em três situações: 
 
- Em grau de recurso; 
- Em reexame do duplo grau de jurisdição necessário (art. 496 CPC) 
- Em processos de competência originária 
 
 
C) O JULGAMENTO DOS RECURSOS PELOS TRIBUNAIS 
 
Tanto o Pleno como cada uma das Câmaras em que se subdivide o Tribunal têm o 
seu presidente, que é o magistrado que dirige os trabalhos da sessão de 
julgamento do órgão colegiado. Durante a tramitação do processo há um 
membro do colegiado que assume posição de relevo, por caber-lhe a direção do 
feito, inclusive no que toca à coleta das provas. Trata-se do relator, que é 
escolhido por sorteio (distribuição) entre os componentes do órgão julgador. 
Compete ao relator, em caráter principal: (i) ordenar as intimações; (ii) receber 
contestação; (iii) despachar os requerimentos das partes; (iv) delegar competência 
a juiz de primeiro grau para ouvida de testemunhas ou realização de perícia; (v) 
fazer o relatório geral do processo (NCPC, arts. 931 e 932, I). A última função é de 
grande importância para o julgamento da causa. Na verdade, não são todos os 
membros do órgão colegiado que examinam os autos antes do julgamento. Esse 
minucioso exame é feito apenas pelo relator, que faz o histórico do caso sub judice 
perante os demais julgadores. No regime do Código anterior, em hipótese de 
maior relevância, funcionava um revisor que fiscalizava o trabalho do relator, o 
que não foi mantido pela legislação atual. Agora, concluído o relatório, o processo 
será encaminhado ao presidente, para designação de dia para o julgamento, 
ordenando a publicação da pauta no órgão oficial (art. 934) (Humberto, 
THEODORO J. Curso de Direito Processual Civil - Vol. III, 52ª edição. Grupo GEN, 
2018. [Minha Biblioteca]). 
 
Art. 931. Distribuídos, os autos serão imediatamente conclusos ao relator, que, em 30 (trinta) 
dias, depois de elaborar o voto, restitui-los-á, com relatório, à secretaria. 
 
 
D) AS ATRIBUIÇÕES DO RELATOR 
 
Art. 932. Incumbe ao relator: 
I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem 
como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes; 
 
II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência 
originária do tribunal; 
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado 
especificamente os fundamentos da decisão recorrida; 
IV - negar provimento a recurso que for contrário a: 
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; 
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em 
julgamento de recursos repetitivos; 
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção 
de competência; 
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a 
decisão recorrida for contrária a: 
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; 
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em 
julgamento de recursos repetitivos; 
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção 
de competência; 
VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for 
instaurado originariamente perante o tribunal; 
VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso; 
VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal. 
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 
5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação 
exigível. 
 
2 - CONCEITO DE RECURSO: 
 
Recurso é remédio impugnativo apto para provocar, dentro da relação processual 
ainda em curso, o reexame de decisão judicial,pela mesma autoridade judiciária, ou 
por outra hierarquicamente superior, visando a obter-lhe a reforma, invalidação, 
esclarecimento ou integração. Não se deve, porém, confundir o recurso com outros 
meios autônomos de impugnação da decisão judicial, como a ação rescisória e o 
mandado de segurança. Caracteriza-se o recurso como o meio idôneo a ensejar o 
reexame da decisão dentro do mesmo processo em que foi proferida, antes da 
 
formação da coisa julgada. (Humberto, THEODORO J. Curso de Direito Processual Civil 
- Vol. III, 52ª edição. Grupo GEN, 2018. [Minha Biblioteca]). 
 
Os recursos podem ter como objetivos: 
1) A reforma da decisão impugnada, consistente na substituição da decisão recorrida 
por outra, favorável à parte recorrente, a ser proferida pelo órgão julgador do recurso 
(error in judicando); 
 
2) A invalidação (ou anulação) da decisão, a fim de que o órgão que a prolatou, 
quando isto seja possível, profira nova decisão, sanando os vícios que geraram sua 
anulação (error in procedendo); 
 
3) O esclarecimento ou a integração da decisão judicial impugnada, pelo mesmo 
órgão que a proferiu, para sanar a omissão, contradição ou obscuridade. 
 
4) Correção de erro material 
 
 
3. ATOS SUJEITOS A RECURSOS. 
 
Os atos judiciais sujeitos a recursos são: 
 
Sentenças, Decisão interlocutória, Acórdão (art 941) e a decisão monocrática do 
relator (art 932). 
 
Obs: de despacho não cabe recurso – art. 1001 CPC 
 
 
4) JUIZO DE ADMISSIBILIDADE E O JUÍZO DE MÉRITO DOS RECURSOS. 
 
4.1 - JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO. 
 
Como regra geral o recurso é interposto, inicialmente perante a instância a quo. Essa 
processará o recurso e permitirá o exercício do contraditórios. 
 
Em seguida, o recurso será encaminhado à instância ad quem, responsável pelo seu 
efetivo julgamento. Há situações, porém que o recurso já é interposto diretamente 
na instância ad quem. 
 
Algumas vezes pode haver coincidência das instâncias a quo e ad quem como nos 
embargos de declaração, interposto perante a instância prolatora da decisão e pela 
mesma efetivamente julgados – art. 1.024 e §§ 1ª e 2º do CPC. 
 
 
Pelo CPC/2015, alguns recursos possuem o requisito de admissibilidade apenas na 
instância ad quem, como é o caso da apelação - § 3º do art 1010). 
 
Já o recurso especial e extraordinário, após uma reforma antes mesmo do CPC/2015 
entrar em vigor, retornou ao entendimento anterior, da necessidade da análise da 
admissibilidade antes de enviar ao juízo ad quem. Art 1030 V. 
 
OBS: O Artigo 932 parág.único dispõe: 
 
Art. 932. Incumbe ao relator: 
 
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 
(cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. 
 
4.1.1 - PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS. 
 
a) LEGITIMIDADE RECURSAL – ART 996 CPC 
 
Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado 
e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. 
 
Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre 
a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme 
titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. 
 
b) INTERESSE RECURSAL 
 
O interesse recursal concentra-se na presença concomitante da utilidade e da 
necessidade do recurso. 
 
O recurso só será útil àquele legitimado para interpô-lo, na medida em que, de 
alguma forma, tenha sucumbido (art. 996 CPC ) 
 
De igual forma, o recurso só será necessário caso o interessado não possa atingir o 
seu intento por outra via. 
 
c) TEMPESTIVIDADE. 
 
REGRAL – 15 DIAS –ART. 1003 § 5º 
 
O PRAZO É CONTATO DA INTIMAÇÃO DA DECISÃO. 
O RECURSO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, O PRAZO É DE 5 DIAS – ART. 1023 
 
O prazo será em dobro para: 
 
 
Advocacia pública – art.183 do CPC 
 
Integrantes da Defensoria Pública –art 186 CPC 
 
Escritórios de prática jurídica – art 186 § 3º CPC, se houver convênio com a Defensoria 
Pública, contudo não tem direito à intimação pessoal. 
Ministério Público – art. 180 CPC. 
 
Litisconsórcio com procuradores diferentes, desde que integrem escritórios 
diferentes. Art 229 CPC, exceto se os autos forem eletrônicos § 2º do art. 229 do CPC. 
 
O CPC/2015 eliminou a jurisprudência defensiva que gerava o não conhecimento do 
chamado recurso prematuro – art 218 § 4º e art 1024 § 4º CPC. 
 
 
d) ADEQUAÇÃO 
 
É a escolha exata do recurso próprio, o qual haverá de ser aquele previsto em lei para 
hostilizar determinada decisão; 
 
A escolha do recurso inadequado pode levar ao não conhecimento do que foi 
interposto. 
 
 
e) REGULARIDADE FORMAL. 
 
Tal pressuposto significa que o recurso deve seguir a formalidade que lhe é imposta 
pela norma legal. 
 
Ex. agravo de instrumento art. 1017 I do CPC no que tange a documentação. 
 
Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída: 
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a 
decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro 
documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados 
do agravante e do agravado; 
 
O CPC também generalizou o pressuposto da regularidade formal, quanto à 
necessidade de haver impugnação específica aos fundamentos da decisão recorrida. 
Art. 932 III DO CPC. 
 
Art. 932. Incumbe ao relator: 
 
 
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado 
especificamente os fundamentos da decisão recorrida; 
 
 
f) PREPARO. 
 
Consiste no pagamento, na época certa das despesas processuais correspondentes 
ao processamento do recurso interposto. 
O momento adequado ao pagamento e à comprovação do preparo é no ato da 
interposição do recurso. – art. 1007 do CPC. 
 
O seu não pagamento pode gerar a deserção do recurso e o seu não conhecimento. 
 
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela 
legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de 
deserção. 
§ 1o São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos 
pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e 
respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. 
§ 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará 
deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 
(cinco) dias. 
§ 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos 
eletrônicos. 
§ 4o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do 
preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, 
para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. 
§ 5o É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de 
remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4o. 
§ 6o Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão 
irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. 
§ 7o O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, 
cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar 
o vício no prazo de 5 (cinco) dias. 
 
 
4.2 - JUÍZO DE MÉRITO. 
 
Superado o juízo de admissibilidade e conhecido o recurso, a instância ad quem 
deverá examinar o seu mérito. 
 
No exame do mérito, competir-lhe–á verificar se há necessidade de reforma, 
anulação ou esclarecimento da decisão. 
 
Sendo positiva a resposta, o recurso será provido e a decisão reformada, anulada ou 
esclarecida. Não sendo esta hipótese, a confirmação da decisão a quo se fará coma 
negativa de provimento do recurso. 
 
 
O enfrentamento do mérito de determinado recurso leva ao chamado efeito 
SUBSTITUTIVO do recurso, pelo qual a decisão ad quem substitui a instância a quo. 
 
Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido 
objeto de recurso. 
 
O dispositivo acima, além do efeito substitutivo também traz à chamada 
REFORMATIO IN PEJUS. 
 
A REFORMATIO IN PEJUS impede que o recorrente obtenha decisão da instância ad 
quem que piore sua situação. 
 
 
5) SUCUMBÊNCIA RECURSAL. 
 
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. 
 
§ 1o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório 
ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente. 
 
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em 
conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto 
nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao 
advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a 
fase de conhecimento. 
 
§ 12. Os honorários referidos no § 11 são cumuláveis com multas e outras sanções processuais, 
inclusive as previstas no art. 77. 
 
 
5) EFEITOS DOS RECURSOS. 
 
5.1) EFEITO DEVOLUTIVO. 
 
O efeito devolutivo importa o encaminhamento da matéria recursal à instância ad 
quem. 
 
5.2) EFEITO SUSPENSIVO. 
 
É o efeito que impede o cumprimento e a imediata efetividade da decisão recorrida, 
enquanto não for julgado o recurso. 
 
Trata-se de uma decorrência do Princípio do Duplo grau de jurisdição, pois é 
interessante, para a eficácia do mesmo que as decisões da instância a quo aguardem 
as deliberações da instância ad quem, para que surtam os seus efeitos. 
 
 
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou 
decisão judicial em sentido diverso. 
 
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão 
do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de 
difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento 
do recurso. 
 
NO SISTEMA ATUAL, O ÚNICO RFECURSO QUE POSSUI EFEITO SUSPENSIVO, JÁ 
ASSEGURADO POR LEI É O DE APELAÇÃO (ART.1012 CPC), COM AS EXCEÇÕES DO § 1º 
DO MESMO ARTIGO. 
 
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. 
 
§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a 
sua publicação a sentença que: 
 
I - homologa divisão ou demarcação de terras; 
II - condena a pagar alimentos; 
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; 
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; 
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; 
VI - decreta a interdição. 
 
§ 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois 
de publicada a sentença. 
 
§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser formulado por 
requerimento dirigido ao: 
 
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando 
o relator designado para seu exame prevento para julgá-la; 
II - relator, se já distribuída a apelação. 
 
§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante 
demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, 
houver risco de dano grave ou de difícil reparação. 
 
Obs. EFEITO TRANSLATIVO 
 
É a possibilidade de o tribunal conhecer determinadas matérias de ofício no 
julgamento do recurso, sendo um desdobramento do efeito devolutivo. 
 
No caso do recurso de apelação, o CPC/2015 permite que o tribunal identifique o 
vício formal ou o equívoco advindo da extinção do feito sem desate da lide, corrija-
os e julgue desde logo O MÉRITO - art 1013 § 3º CPC. 
 
Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. 
 
§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde 
logo o mérito quando: 
I - reformar sentença fundada no art. 485; 
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da 
causa de pedir; 
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; 
IV – decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. 
 
 
5.3) ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL. TUTELA PROVISÓRIA. 
 
Embora o CPC não diga expressamente de forma ampla, é cabível também a 
concessão de tutelas provisórias em fase recursal 
 
A liminar em caráter de tutela provisória incidental normalmente, ser examinada 
pelo relator (art. 932 II CPC), devendo ser ratificada ou não pelo juízo natural que é o 
colegiado, quando do julgamento do recurso. 
 
Assim as partes podem postular tutelas provisórias – cautelares ou antecipada, 
mesmo se já interposto recurso. 
 
Por exemplo, numa ação reivindicatória, em fase recursal perante o tribunal, se 
houver necessidade de averbação de indisponibilidade do bem ou alguma ordem 
proibitiva contra àquele que possui o bem injustamente, o pedido será dirigido ao 
tribunal. 
 
6) RECURSO ADESIVO. ART 997 CPC 
 
Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das 
exigências legais. 
 
§ 1o Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. 
 
§ 2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas 
regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição 
legal diversa, observado, ainda, o seguinte: 
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a 
parte dispõe para responder; 
 
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; 
 
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado 
inadmissível. 
 
É Possível a interposição do recurso adesivo quando houver a sucumbência 
recíproca, contudo, o recurso principal tem que ser de apelação, recurso 
extraordinário e especial. 
 
 
7) DESISTÊNCIA, RENÚNCIA E AQUIESCÊNCIA AO DIREITO DE RECORRER. 
 
A desistência e a renúncia, quanto ao recurso, acarretam a perda do interesse 
recursal. 
 
A desistência estabelecida no artigo 998 CPC exige que o recurso já tenha sido 
manifestado e independe da aceitação da parte contrária. 
 
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, 
desistir do recurso 
 
No caso da renúncia, não terá havido a interposição do recurso, do qual o 
sucumbente abdica e também não há necessidade de anuência da parte contrária. 
 
Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. 
 
AQUIESCÊNCIA. 
 
Segundo o art. 1.000 do Novo CPC, a parte que aceitar expressa ou tacitamente a 
decisão não poderá recorrer. Trata-se do fenômeno da aquiescência, que gera uma 
preclusão lógica a impedir a admissão do recurso, em nítida manifestação do 
princípio da boa-fé objetiva consagrada no art. 5º do Novo CPC (nemo venire contra 
factum proprium). 
 
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. 
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível 
com a vontade de recorrer. 
 
 
8) LITISCONSÓRCIO. ALCANCE DO RECURSO. 
 
O art. 1005 do CPC repetindo a redação do art. 509 do CPC/73 estabelece que “o 
recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou 
opostos os interesses. 
 
Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou 
opostos os seus interesses.Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará 
aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. 
 
 
9) TECNICA DE JULGAMENTO NAS HIPÓTESES DE DIVERGÊNCIA. 
 
O CPC/2015 eliminou o recurso chamado de EMBARGOS INFRINGENTES e criou outro 
em seu lugar chamado de TECNICA DE JULGAMENTO. ART 942 CPC. 
 
Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em 
sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos 
previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade 
de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar 
oralmente suas razões perante os novos julgadores. 
§ 1o Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, colhendo-se os 
votos de outros julgadores que porventura componham o órgão colegiado. 
§ 2o Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do prosseguimento 
do julgamento. 
§ 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao julgamento não 
unânime proferido em: 
I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu 
prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno; 
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito. 
§ 4o Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento: 
I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas; 
II - da remessa necessária; 
III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial.

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