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News
— JANEIRO 2024 — 
JULGADOS EM DESTAQUE
DIREITO ADMINISTRATIVO
As empresas estatais prestadoras de serviços públicos essenciais, não dedicadas à exploração 
de atividade econômica com finalidade lucrativa e natureza concorrencial, são equiparadas à 
Fazenda Pública no que tange à prescrição
Aplica-se o regime normativo prescricional das pessoas jurídicas de direito público, previsto no 
Decreto nº 20.910/1932 e no Decreto-Lei nº 4.597/1942, às entidades da Administração Indireta 
com personalidade de direito privado que atuem na prestação de serviços públicos essenciais 
sem finalidade lucrativa e sem natureza concorrencial.
STJ. Corte Especial. EREsp 1.725.030-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 14/12/2023 (Info 14 – 
Edição Extraordinária).
Em concursos públicos, o critério utilizado para determinar se um candidato tem direito a 
participar das vagas reservadas para pessoas negras baseia-se nas características físicas 
visíveis, como a cor da pele e traços faciais, ao invés de sua herança genética ou ascendência
O critério de orientação para a confirmação do direito à concorrência especial funda-se no 
fenótipo, e não meramente no genótipo, na ancestralidade do candidato. 
STJ. 1ª Turma. AgInt nos EDcl no RMS 69.978-BA, Rel. Min. Paulo Sérgio Domingues, julgado em 
23/10/2023 (Info 14 – Edição Extraordinária).
JULGADOS EM DESTAQUE 2
O art. 57 da Lei 9.784/99 fala que o recurso administrativo tramitará por três instâncias; isso 
não significa, contudo, que a parte poderá interpor três recursos
Ainda que o art. 57 da Lei nº 9.784/99 preveja o curso recursal por até três diversas instâncias 
administrativas, não será dado ao sucumbente manejar três sucessivos recursos, mas somente 
dois (um perante a instância de origem e um segundo, junto à instância administrativa 
imediatamente superior), sob pena de se percorrer quatro instâncias administrativas. 
STJ. 1ª Seção. MS 27.102-DF, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 23/8/2023 (Info 14 – Edição 
Extraordinária).
A GACEN é extensível aos aposentados e pensionistas que se enquadrarem na hipótese legal, 
pressupondo a percepção da gratificação quando o servidor ainda estava em atividade
A Gratificação Especial de Atividade de Combate e Controle de Endemias – GACEN possui natureza 
pro labore faciendo. Apesar disso, como ela é paga de forma indistinta a todos os servidores 
da ativa, no mesmo percentual, ela é considerada pelo STJ como uma gratificação de natureza 
genérica, sendo, portanto, extensível a todos os aposentados e pensionistas, desde que a 
parte autora demonstre que se enquadra na hipótese legal, o que pressupõe a percepção da 
gratificação quando o servidor ainda estava em atividade.
STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1.966.052-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 2/10/2023 
(Info 14 – Edição Extraordinária).
Negado o recurso administrativo interposto contra a multa, a data de vencimento continua 
sendo aquela contida na primeira notificação, incidindo juros de mora a partir do primeiro 
dia subsequente ao vencimento do prazo previsto para o pagamento da multa
A interposição de recurso administrativo não afasta a incidência dos juros moratórios, os quais 
devem incidir a partir do primeiro dia subsequente ao vencimento do prazo previsto para o 
pagamento da multa administrativa, conforme disposição do art. 61, § 1º, da Lei nº 9.430/96.
Exemplo: em 19/06/2009, a empresa foi notificada da decisão que aplicou a multa, sendo informada 
de que tinha 30 dias para realizar o pagamento (até o dia 21/07/2009). A empresa, em vez de efetuar 
o pagamento, decidiu interpor recurso administrativo. Em 19/11/2009, o recurso administrativo 
foi desprovido. A Administração Pública irá cobrar a multa acrescida de juros moratórios contados 
desde 21/07/2009, quando se encerrou o prazo de 30 dias que a empresa tinha para pagar.
STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1.716.010-RJ, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 25/9/2023 (Info 14 
– Edição Extraordinária).
JULGADOS EM DESTAQUE 3
O contrato de financiamento habitacional celebrado por empresa pública com mutuários, 
ainda que de baixa renda, pode conter cláusula de alienação fiduciária e, em caso de 
inadimplemento, pode ser realizado o leilão do imóvel, não havendo ilegalidade nessa prática
É possível manter a cláusula de alienação fiduciária nos contratos regidos por empresa pública 
estadual criada para executar a política de habitação, como também é admissível o leilão público 
dos imóveis quando houver a execução daquela garantia. 
STJ. 1ª Turma. AREsp 1.776.983-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 19/9/2023 (Info 14 – Edição 
Extraordinária).
O ente federado pode promover diretamente ação judicial contra operadora privada de plano 
de saúde para ressarcimento de valores referentes a prestação de serviço de saúde em 
cumprimento de ordem judicial
O art. 32 da Lei nº 9.656/98 prevê o chamado “ressarcimento ao SUS”, segundo o qual as operadoras 
de planos de saúde possuem a obrigação de reembolsar o Sistema Único de Saúde (SUS) pelos 
custos de tratamentos prestados a seus clientes. Este mecanismo funciona da seguinte maneira: 
quando um paciente coberto por um plano de saúde é atendido por uma instituição pública 
ou privada integrante do SUS. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) identifica esses 
pacientes cruzando dados entre os sistemas do SUS e o Sistema de Informações de Beneficiários. 
A ANS notifica a operadora de saúde sobre os atendimentos prestados a seus clientes e cobra o 
ressarcimento dos valores ao SUS.
Se esse tratamento de saúde foi fornecido ao paciente por força de decisão judicial, o STJ afirma 
que o ente federativo poderá buscar judicialmente o ressarcimento das despesas diretamente 
contra a operadora do plano de saúde.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.945.959-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 17/10/2023 (Info 14 – Edição 
Extraordinária).
DOD CAST
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do Dizer o Direito.
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JULGADOS EM DESTAQUE 4
O reconhecimento do direito à reforma é devido ao militar temporário não estável no caso de 
cegueira, sem distinção se ela atinge um ou os dois olhos, sendo dispensável a comprovação 
do nexo de causalidade com o serviço castrense
O militar temporário não estável, para ter direito à reforma, deve comprovar que é portador de 
uma das doenças previstas no inciso V do art. 108, mesmo sem relação de causa e efeito com a 
atividade castrense.
O inciso V do art. 108 da Lei nº 6.880/80 estabelece a cegueira como causa de incapacidade definitiva, 
sem fazer distinção se ela atinge um ou os dois olhos.
Assim, descabido restringir o âmbito de abrangência da norma, a partir da inserção de texto nela 
inexistente, para diminuir a proteção previdenciária que o legislador quis conferir aos casos que 
especifica.
STJ. 1ª Turma. Processo em segredo de justiça, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 
2/10/2023 (Info 14 – Edição Extraordinária).
DIREITO AMBIENTAL
O autuado por infração ambiental pode ser intimado por edital para apresentar alegações 
finais no processo administrativo federal?
O Decreto nº 6.514/2008 prevê quais são as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente 
e estabelece o processo administrativo para apuração destas infrações.
O autuado pode ser intimado por edital para apresentar alegações finais (razões finais)?
Entre 2008 e 2019, vigorava o seguinte:
• se a autoridade julgadora não agravasse a penalidade que a atuação impôs, a intimação 
poderia ser por edital fixado na sede administrativa e na rede mundial de computadores.
• caso a autoridade pretendesse agravar a penalidade, era necessária a intimação do autuado, 
antes da decisão, por meio de aviso de recebimento.
Com a alteração promovida pelo Decreto 9.760/2019, estabeleceu-se que a notificação para 
apresentação de alegações finais, em qualquer hipótese, deve ser feita por via postal, com aviso 
de recebimento,ou por outro meio válido, que assegure a certeza da ciência pelo interessado.
STJ. 2ª Turma. REsp 2.021.212-PR, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 21/11/2023 (Info 14 – 
Edição Extraordinária).
JULGADOS EM DESTAQUE 5
O desmatamento e a exploração madeireira sem licença ou autorização do órgão ambiental 
ocasiona danos ambientais, constitui infração ambiental e gera indenização por dano moral 
coletivo in re ipsa, incidindo a Súmula 629/STJ
Caso adaptado: após uma denúncia anônima, agentes ambientais foram fiscalizar uma 
propriedade rural denominada Fazenda Florestal, ocasião em que constataram que o proprietário, 
João, desmatou extensa área de floresta nativa do Bioma Amazônico sem autorização ou licença 
do órgão ambiental competente. Foi lavrado auto de infração.
O Ministério Público ingressou com ação civil pública contra João pedindo que ele fosse condenado: 
1) em obrigação de não fazer, consistente em não mais desmatar as áreas de floresta nativa do 
seu imóvel; 2) em obrigação de fazer, consistente em restaurar o meio ambiente de todos os 
danos causados; 3) a pagar danos morais em favor da coletividade.
Constatando-se que, por meio de desmatamento não autorizado, causaram-se danos à qualidade 
do meio ambiente ecologicamente equilibrado, não tem pertinência, para a solução da causa, o 
chamado princípio da tolerabilidade.
Trata-se de entendimento consolidado que, ao amparo do art. 225, § 3º, da Constituição Federal 
e do art. 14, § 1º, da Lei nº 6.938/81, reconhece a necessidade de reparação integral da lesão 
causada ao meio ambiente, permitindo a cumulação das obrigações de fazer, não fazer e de 
indenizar, inclusive quanto aos danos morais coletivos.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.989.778-MT, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 19/9/2023 (Info 14 – 
Edição Extraordinária).
DIREITO CIVIL
Se houver uma cláusula contratual que limite o valor de indenização que a parte pode pedir 
em caso de descumprimento do ajuste, essa cláusula não pode ser afastada pelo simples fato 
de uma das partes ter maior poderio econômico e técnico do que a outra
O simples reconhecimento do poderio econômico e técnico da fornecedora e da debilidade da 
distribuidora, retratado em sucessivas alterações contratuais, é insuficiente para tornar nula 
cláusula de limitação de responsabilidade. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.989.291-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel. para acórdão Min. 
Moura Ribeiro, julgado em 7/11/2023 (Info 15 – Edição Extraordinária). 
JULGADOS EM DESTAQUE 6
Ainda que terceirizada a execução de shows e apresentações musicais, subsiste a 
responsabilidade solidária do ente público idealizador do evento pelas sanções decorrentes 
da violação dos direitos autorais
Caso adaptado: o Distrito Federal realiza todos os anos um carnaval de rua, com a apresentação 
de intérpretes e bandas musicais nas principais cidades-satélites. Neste ano, o governo decidiu 
contratar uma associação civil para organizar o evento (Liga Carnavalesca dos Trios, Bandas e 
Blocos Tradicionais). Durante o referido evento ocorreram apresentações de blocos em diversas 
vias públicas do Distrito Federal, ocasião em que foram tocadas centenas de músicas. O problema 
foi que a associação civil contratada não providenciou a liberação prévia perante o ECAD para as 
execuções públicas musicais, nem efetuou o pagamento dos direitos autorais devidos. Em razão 
desses fatos, o ECAD ingressou com ação de cobrança de direitos autorais em desfavor do Distrito 
Federal e da Liga Carnavalesca dos Trios, Bandas e Blocos Tradicionais, pedindo a condenação dos 
requeridos ao pagamento dos direitos autorais.
Ao contratar e remunerar a Liga Carnavalesca dos Trios, Bandas e Blocos Tradicionais, o Distrito 
Federal assumiu a posição de proprietário do evento, não se restringindo a meramente autorizar 
ou ceder o uso do espaço público para a realização de festa organizada por particular em prol da 
comunidade.
A atuação estatal, no caso, não se limitou à mera concessão de subvenção social às escolas de 
samba, com transferência de recursos à entidade sem fins lucrativos, tampouco à participação 
governamental em programa de desenvolvimento de cultura popular. As festividades 
carnavalescas foram idealizadas e promovidas pelo ente público.
Assim, a responsabilidade do Distrito Federal pelo pagamento dos direitos autorais decorre de 
sua atuação como realizador e proprietário do evento, nos termos do art. 110 c/c o art. 68, § 3º, 
da Lei nº 9.610/98.
STJ. 4ª Turma. EDcl no AgInt no REsp 1.797.700-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 
12/9/2023 (Info 15 – Edição Extraordinária). 
Obs: existe decisão da 3ª Turma do STJ em sentido contrário ao entendimento acima explicado: STJ. 
3ª Turma. REsp 1444957-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 9/8/2016 (Info 588).
Metrô deve ser responsabilizado por roubo ocorrido em suas dependências, se ficar 
evidenciado que a empresa não adotou os procedimentos mínimos de segurança, nos termos 
da Lei 6.149/74, inclusive para fins de suporte à vítima após o fato
A concessionária de serviço público deve ser responsabilizada pelos danos sofridos por 
passageira nas dependências da estação do metrô, em razão de assalto à mão armada, quando 
evidenciada a falha na prestação do serviço, em virtude da não adoção de procedimentos 
mínimos de segurança. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.611.429-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 5/9/2023 (Info 15 – 
Edição Extraordinária). 
JULGADOS EM DESTAQUE 7
Não é possível conferir maior eficácia jurídica ao contrato preliminar que ao definitivo, 
sobretudo quando as partes, nessa nova avença, pactuaram obrigações diametralmente 
opostas e desautorizam, expressamente, os termos da proposta original
Caso hipotético: TechInova é uma startup de tecnologia digital. Em novembro de 2022, os acionistas 
e fundadores da TechInova aceitaram vender a empresa para um grande grupo de investimentos, a 
Capital Ventures. O contrato preliminar previa que, com a venda, a Capital Ventures assumiria todas 
as dívidas existentes da TechInova, incluindo obrigações trabalhistas e tributárias. Em dezembro 
de 2022, as partes assinaram um “contrato definitivo de compra e venda de ações”, no qual ficou 
ajustado que a TechInova e seus acionistas venderiam a empresa para a Capital Ventures. No 
entanto, neste contrato definitivo, há uma cláusula que diverge do acordo preliminar: segundo 
o contrato definitivo, os vendedores (fundadores da TechInova) são responsáveis por todas as 
obrigações trabalhistas existentes até a data da assinatura do contrato.
Em 2024, a TechInova, já sob o contrato da Capital Ventures, exige dos antigos acionistas da 
startup o pagamento das dívidas trabalhistas não pagas. Os antigos acionistas se defendem 
argumentando que, de acordo com a oferta de venda inicial e o contrato preliminar assinado, a 
compradora (Capital Ventures) seria responsável por essas dívidas. Logo, deveria prevalecer essa 
cláusula prevista no contrato preliminar.
O STJ não concordou com os argumentos dos vendedores.
Quando chega o momento de assinar o contrato definitivo, é possível que as partes, de maneira 
consensual, definam obrigações que sejam diferentes ou até mesmo contrários aos que haviam 
sido combinados inicialmente no contrato preliminar.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.054.411-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 3/10/2023 (Info 15 – Edição 
Extraordinária). 
É de cinco anos o prazo mínimo para a duração de contrato de arrendamento rural em que 
ocorra pecuária de gado bovino, independentemente da maior ou menor escala da atividade 
exploratória ou da extensão da área a que se refira o contrato
No caso da criação de gado bovino, a atividade pecuária deve ser considerada de grande porte, 
razão pela qual o prazo mínimo para duração do contrato de arrendamento mercantil é de 5 (cinco) 
anos, conforme disciplina o art. 13, II, “a”, do Decreto nº 59.566/66.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.336.293-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 24/5/2016(Info 584).
STJ. 4ª Turma. REsp 1.980.953-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 12/12/2023 (Info 15 – 
Edição Extraordinária). 
JULGADOS EM DESTAQUE 8
Não se mostra arbitrária ou discriminatória a exclusão, dos quadros da cooperativa, de 
médico cooperado que fundou nova cooperativa médica para operar no mesmo campo 
econômico da anterior, gerando evidente conflito de interesses
Caso adaptado: João, médico, era um dos membros da cooperativa Unimed. Ele, juntamente com 
outros 28 médicos, fundaram uma nova cooperativa médica denominada Saúde Total. Em razão 
disso, João foi excluído da Unimed, sob a alegação de que ele descumpriu cláusulas estatuárias.
João não concordou e ajuizou ação contra a Unimed alegando que essas imposições são cláusulas 
de unimilitância que, portanto, são nulas. Como consequência, pediu a sua reintegração à Unimed.
O STJ não concordou com o autor.
O art. 29, § 4º, da Lei 5.764/71 (Lei das Cooperativas) prevê que “não poderão ingressar no quadro 
das cooperativas os agentes de comércio e empresários que operem no mesmo campo 
econômico da sociedade”.
O estatuto social da Unimed dispõe, em síntese, que o médico cooperado não poderá exercer 
exploração comercial no ramo da cooperativa ou ocupar cargos de direção e compor órgãos 
sociais de outras operadoras de plano de saúde, sem, contudo, exigir exclusividade de atuação 
(cláusula de unimilitância).
Na hipótese, a exclusão de João dos quadros da cooperativa recorrida não decorreu de exigência 
de exclusividade, mas do rompimento do pacto cooperativo em razão de ter ele, conjuntamente 
com outros médicos cooperados, fundado nova cooperativa, no mesmo ramo de atuação 
daquela, para concorrer diretamente, gerando evidente conflito de interesses. Desse modo, 
não se mostra arbitrária ou discriminatória a exclusão, tampouco importa indevida restrição à 
atividade profissional dos cooperados.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.311.662-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 12/9/2023 (Info 15 – Edição 
Extraordinária). 
https://www.editorajuspodivm.com.br/vade-mecum-de-jurisprudencia-dizer-o-direito-20232
https://www.editorajuspodivm.com.br/sumulas-do-stf-e-do-stj-anotadas-e-organizadas-por-assuntos-20232
JULGADOS EM DESTAQUE 9
A associação de proteção veicular que foi estipulante de contrato de seguro coletivo responde 
solidariamente com a seguradora pelo pagamento da indenização securitária
Caso adaptado: uma associação de proteção veicular celebrou contrato com a Nobre Seguradora 
a fim de oferecer um seguro em favor de seus associados (caminhoneiros). João, um dos 
associados, sofreu acidente e, como não recebeu a indenização, ajuizou ação contra a seguradora 
e a associação em litisconsórcio.
O estipulante, em regra, não é o responsável pelo pagamento da indenização securitária. 
Por outro lado, é possível, excepcionalmente, atribuir ao estipulante a responsabilidade pelo 
pagamento da indenização securitária, em solidariedade com o ente segurador, como nas 
hipóteses de mau cumprimento de suas obrigações contratuais ou de criação nos segurados de 
legítima expectativa de ser ele o responsável por esse pagamento.
No caso, a associação deverá responder solidariamente com a seguradora por dois motivos:
1) ela não cumpriu adequadamente suas obrigações, visto que era a responsável por informar 
adequadamente ao associado as cláusulas contratuais;
2) ela criou no associado/segurado a legítima expectativa de que se responsabilizaria pelo 
pagamento dos prejuízos advindos do sinistro - ao lado da seguradora -, já que, além de 
estipulante, apresentava-se como sendo uma associação de socorro mútuo.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.080.290-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 15/8/2023 (Info 
15 – Edição Extraordinária). 
Nos contratos de mútuo imobiliário com pacto adjeto de alienação fiduciária, é possível que 
o devedor fiduciante faça a purgação da mora após a consolidação da propriedade em nome 
do fiduciário?
Antes da Lei 13.465/2017: mesmo que já consolidada a propriedade do imóvel dado em garantia 
em nome do credor fiduciário, era possível a purgação da mora. A purgação era admitida até a 
assinatura do auto de arrematação.
Após a Lei 13.465/2017: não se admite a purgação da mora após a consolidação da propriedade 
em favor do credor fiduciário, sendo assegurado ao devedor fiduciante tão somente o exercício 
do direito de preferência.
Desse modo, não se admite a purgação da mora, nos contratos de mútuo imobiliário com 
pacto adjeto de alienação fiduciária, submetidos à Lei nº 9.514/97 com a redação dada pela 
Lei nº 13.465/2017, nas hipóteses em que a consolidação da propriedade em favor do credor 
fiduciário ocorreu na vigência da nova lei, sendo assegurado ao devedor fiduciante tão somente o 
exercício do direito de preferência. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.942.898-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/8/2023 (Info 15 – 
Edição Extraordinária). 
JULGADOS EM DESTAQUE 10
Não é possível responsabilizar a loja ou a empresa por compras feitas com cartão de crédito 
perdido, roubado ou fraudulento, se o ladrão usou a senha correta ou se inseriu todos os 
dados necessários do cartão para a compra online
Ex: Regina teve seu cartão de crédito furtado. Junto com o cartão, havia um papel no qual Regina 
havia anotado a senha do cartão a fim de não esquecê-la. O ladrão, aproveitando-se da situação, 
realizou diversas compras. Nas compras presenciais, o ladrão fez o uso regular da senha da titular. 
Nas compras online, ele digitou todos os dados necessários para a operação. Regina ajuizou então 
ação de indenização contra às lojas e empresas onde foram realizadas as compras alegando que 
elas deveriam ter adotado procedimentos de segurança para evitar a fraude exigindo a identidade 
do comprador para comparar com a titular do cartão.
O argumento da autora não foi acolhido pelo STJ.
Não há como imputar responsabilidade à empresa ou à loja em que foi utilizado cartão de crédito 
extraviado, furtado ou fraudado para a realização de compras, especialmente se houve uso 
regular de senha ou, então, em compras efetuadas pela internet, se houve a digitação de todos os 
dados necessários para a operação.
Se os cartões de crédito estão livres de restrição, ou seja, desbloqueados e sem impedimentos de 
ordem financeira, não há como entender que, pelo simples fato de terem aceitado o cartão como 
meio de pagamento, lojistas estariam vinculados à fraude na sua utilização.
STJ. 4ª Turma. REsp 2.095.413-SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 24/10/2023 (Info 15 – 
Edição Extraordinária). 
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JULGADOS EM DESTAQUE 11
Não se pode impor aos sites de intermediação de venda e compra a prévia fiscalização 
sobre a origem de todos os produtos anunciados, na medida em que não constitui atividade 
intrínseca ao serviço prestado
Caso hipotético: Lucas e Mariana desenvolveram um curso online sobre arquitetura, vendido em 
plataforma específica. Alguns meses depois do lançamento, eles descobriram que o curso que 
criaram estava sendo comercializado por uma pessoa que não conheciam no Mercado Livre.
Explicando melhor: alguém comprou o curso na plataforma, fez o download de todo o conteúdo e 
agora está vendendo esse material no Mercado Livre. Trata-se, portanto, de um curso “pirata”.
O Mercado Livre retira os anúncios denunciados pelos autores, mas logo em seguida já surge 
outra oferta do mesmo curso com outro perfil de usuário. Diante desse cenário, Lucas e Mariana 
ajuizaram ação contra o Mercado Livre pedindo que ele seja condenado a monitorar sempre que 
alguém tentar vender o curso a fim de impedir que isso ocorra, sobpena de multa diária.
O STJ não concordou com o pedido.
O serviço de intermediação virtual de venda e compra de produtos caracteriza uma espécie do 
gênero provedoria de conteúdo, pois não há edição, organização ou qualquer outra forma de 
gerenciamento das informações relativas às mercadorias inseridas pelos usuários. 
Não se pode impor aos sites de intermediação de venda e compra a prévia fiscalização sobre a 
origem de todos os produtos anunciados, na medida em que não constitui atividade intrínseca ao 
serviço prestado.
STJ. 4ª Turma. AgInt nos EDcl nos EDcl no REsp 1.890.786-DF, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 
30/10/2023 (Info 15 – Edição Extraordinária). 
DIREITO DO CONSUMIDOR
A regulamentação e a fiscalização dos denominados ‘cartões de descontos em serviços de 
saúde’ são de competência da ANS
O art. 1º, § 1º, da Lei nº 9.565/98 prevê que a ANS deverá fiscalizar as empresas que atuam com o 
“oferecimento de rede credenciada ou referenciada”. Esse é exatamente o tipo de produto oferecido 
pelas empresas comercializadoras dos denominados “cartões de desconto em serviços de saúde”.
A vulnerabilidade dos consumidores que contratam e se valem de tais “cartões de desconto em 
serviços de saúde”, via de regra economicamente hipossuficientes sob o ponto de vista técnico, 
jurídico e econômico, evidencia e reforça a necessidade da regulamentação e fiscalização desse 
produto pela ANS, de forma a tutelar a vida, a saúde e a segurança dos consumidores, nos exatos 
termos do CDC e da Lei nº 9.656/98.
STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 2.183.704-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 2/10/2023 
(Info 14 – Edição Extraordinária).
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JULGADOS EM DESTAQUE 12
Em caso de vício redibitório não resolvido no prazo de 30 dias, se o consumidor optar por 
rescindir o contrato e receber de volta o valor pago, ele deverá receber integralmente o preço, 
sem qualquer abatimento pelo fato de ter usado o bem durante um período
Caso hipotético: João comprou uma moto 0km diretamente da concessionária. Após três 
anos de uso, ele percebe um problema no motor (vício redibitório). João levou a moto para 
a concessionária, que propôs reparar o problema substituindo o motor. Ocorre que essa 
providência levaria mais de 60 dias para ser efetivada, ultrapassando assim o prazo legal de 30 
dias para solução do vício previsto no § 1º do art. 18 do CDC.
João não aceitou e ingressou com ação redibitória contra a concessionária, pedindo a rescisão do 
contrato e devolução integral do valor pago pela motocicleta, conforme a nota fiscal. 
A concessionária contestou argumentando que a motocicleta foi utilizada por três anos sem 
problemas. Diante disso, sustentou que a eventual devolução do valor deveria considerar o 
desgaste do bem, sugerindo o uso da Tabela FIPE para determinar o valor de mercado da 
motocicleta na data de sua devolução.
O STJ concordou com o consumidor.
É devida a devolução integral do valor atualizado pago pelo produto, não sendo cabível a 
restituição de seu valor como usado, no caso de objeto que teve vício redibitório reconhecido, 
ultrapassado o prazo para sanar o vício, nos termos do art. 18 do CDC.
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 2.233.500-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 
11/9/2023 (Info 15 – Edição Extraordinária). 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
É imprescindível o esgotamento dos meios executivos típicos para a utilização do sistema 
Central Nacional de Indisponibilidade de Bens (CNIB) como medida executiva atípica
A adoção do CNIB atende aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Além disso, 
não viola o princípio da menor onerosidade do devedor, pois a existência de anotação não 
impede a lavratura de escritura pública representativa do negócio jurídico relativo à propriedade 
ou outro direito real sobre imóvel, exercendo o papel de instrumento de publicidade do ato de 
indisponibilidade.
Contudo, por se tratar de medida executiva atípica, a utilização do CNIB será admissível somente 
quando exauridos os meios executivos típicos, ante a sua subsidiariedade.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.969.105/MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 12/9/2023.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.963.178-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 12/12/2023 (Info 15 
– Edição Extraordinária). 
JULGADOS EM DESTAQUE 13
Compete à Justiça Federal julgar a causa, estabelecida entre particulares, que tem por objeto 
reintegração de posse de imóvel que faz parte de comunidade quilombola
Caso adaptado: Regina ajuizou ação de reintegração de posse de um imóvel localizado em 
uma comunidade quilombola. A ação foi proposta contra João, sendo ajuizada inicialmente na 
Justiça Estadual. O Juízo de Direito declinou sua competência, argumentando que se tratava de 
uma área integrante de comunidade quilombola e que o INCRA havia emitido uma licença de 
ocupação para um indivíduo particular. O Juízo Federal devolveu o processo ao Juízo estadual, 
alegando que a disputa ocorria entre particulares e não envolvia discussão sobre o domínio do 
imóvel. No entanto, a controvérsia se destaca por envolver uma licença de ocupação do INCRA, 
reconhecendo a posse de João.
O STJ decidiu que a competência é da Justiça Federal porque há interesse da União. A Instrução 
Normativa nº 49 do INCRA estabelece que cabe a esta autarquia a gestão de questões 
relacionadas às terras ocupadas por comunidades quilombolas. Identificado o interesse jurídico 
da União, devido à atuação do INCRA em matéria fundiária envolvendo área quilombola, a 
competência para julgar o caso recai sobre a Justiça Federal, conforme estabelecido pelo art. 
109, I, da CF/88. Assim, levando em conta as importantes implicações das ações possessórias e 
a existência de uma disputa sobre um imóvel demarcado e atribuído à comunidade quilombola, 
cabe exclusivamente ao Juízo federal resolver a questão.
STJ. 1ª Seção. CC 190.297-AP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 27/9/2023 (Info 14 – Edição 
Extraordinária).
A modificação, na fase de liquidação, do índice de juros de mora especificamente estabelecido 
em decisão transitada em julgado e proferida após o advento do Código Civil de 2002 e da 
Lei 11.960/2009 constitui ofensa à coisa julgada
Caso hipotético: João, servidor público federal, ajuizou ação contra a União pedindo o pagamento 
das parcelas atrasadas de uma gratificação que ele tinha direito.
Em 2013, o juiz julgou o pedido procedente determinando o pagamento das parcelas atrasadas, 
acrescidas de juros e correção monetária. Na sentença, constou que o índice de correção 
monetária deveria ser a Taxa Referencial (caderneta de poupança), prevista no art. 1º-F da Lei 
9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009.
O autor não recorreu. A Fazenda Nacional, por sua vez, apelou, mas a sentença foi mantida pelo 
TRF. Em julho de 2017 (antes da decisão do STF no Tema 810), houve o trânsito em julgado.
Em 2018, no cumprimento de sentença, João pediu para que os atrasados fossem calculados com 
base no IPCA-E (e não pela TR). Invocou a decisão do STF no Tema 810 (RE 870.947/SE) na qual a 
TR foi declarada inconstitucional.
O pedido de João não pode ser acolhido sob pena de violar a coisa julgada.
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 2.097.689-PB, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 4/12/2023 
(Info 14 – Edição Extraordinária).
JULGADOS EM DESTAQUE 14
É possível a penhora dos valores decorrentes de recompra dos Certificados financeiros do 
Tesouro Série E (CFT-E)
As instituições de ensino superior que prestam serviços educacionais para alunos do FIES são 
remuneradas com Certificados financeiros do Tesouro Série E (CFT-E). Esses certificados devem ser 
usados exclusivamente para a quitação de tributos federais, sendo impenhoráveis com base no 
art. 833, I, do CPC.
Caso a instituição de ensino não possua débitos relativos a esses tributos ou, ainda, caso, após a 
quitação dos tributos, reste algum excedente de títulos em sua posse, ela poderá oferecê-los no 
processo de recomprarealizado pelo agente operador. Nesse caso, o FNDE resgata esses títulos 
junto às mantenedoras e entrega o valor financeiro equivalente ao resgate atualizado pelo IGP-M 
(art. 13 da Lei nº 10.260/2001).
Assim, se esses certificados forem ser recomprados pela FNDE, os valores que a instituição de 
ensino auferir com essa operação poderão ser penhorados.
STJ. 1ª Turma. REsp 2.039.092-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 22/8/2023 (Info 14 – 
Edição Extraordinária).
O Tema 444/STJ tratou sobre o redirecionamento contra os sócios da pessoa jurídica executada 
e que foi dissolvida irregularmente; apesar disso, esse entendimento pode ser aplicado também 
para outros responsáveis tributários, como é o caso do fiador da pessoa jurídica executada
O entendimento firmado pelo STJ no REsp 1.201.993/SP (Tema 444), no sentido de que “a 
decretação da prescrição para o redirecionamento impõe seja demonstrada a inércia da Fazenda 
Pública, no lustro que se seguiu à citação da empresa originalmente devedora”, pode ser aplicado 
em relação aos demais responsáveis tributários.
STJ. 1ª Turma. AgInt nos EDcl no REsp 1.733.325-SP, Rel. Min. Paulo Sérgio Domingues, julgado em 
23/10/2023 (Info 14 – Edição Extraordinária).
Aplica-se o entendimento exarado pelo STF no julgamento do ARE 709.212/DF ao cumprimento 
de sentença coletiva que se pretende a execução individual dos direitos referentes à cobrança 
de valores não depositados no FGTS.
Aplica-se o entendimento exarado pelo STF no julgamento do ARE 709.212/DF ao cumprimento 
de sentença coletiva que se pretende a execução individual dos direitos referentes à cobrança de 
valores não depositados no FGTS. 
STJ. 2ª Turma. REsp 2.084.126-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 24/10/2023 (Info 14 – 
Edição Extraordinária).
JULGADOS EM DESTAQUE 15
A regra do art. 43 do CPC pode ser superada, sempre em caráter excepcional, quando se 
constatar que o juízo perante o qual tramita a ação não é adequado ou conveniente para 
processá-la e julgá-la
Contemporaneamente, tem-se estudado com afinco institutos e instrumentos que impõem uma 
releitura do princípio constitucional do juiz natural, com destaque especial para o princípio da 
competência adequada, do qual deriva a ideia de existir, ainda que excepcionalmente, um forum 
non conveniens.
Essa ideia se funda no fato de que, não basta que o órgão judicial seja previamente constituído 
e individualizado como aquele objetiva e abstratamente competente para a causa. Deve ser, 
também, concretamente competente, ou seja, o mais conveniente e apropriado para assegurar a 
boa realização e administração da justiça.
Assim, quando se afirma que a competência pode ser definida especificamente para um juízo 
concretamente competente em razão da adequação deste para processar e julgar a causa em 
relação aos demais juízos também abstratamente competentes, afirma-se, consequentemente, 
que há um outro juízo que, conquanto competente, é inadequado ou inconveniente (fórum non 
conveniens).
No caso concreto, o STJ considerou necessário afastar a regra do art. 43 do CPC em razão de 
circunstâncias excepcionais que foram narradas no voto:
i) haveria indícios significativos de que o genitor estaria exercendo influências indevidas perante o 
juízo em que distribuída a primeira ação de guarda, em prejuízo da mãe e da própria criança; 
ii) há, contra o genitor, denúncia oferecida e recebida pela prática do crime de estupro de 
vulnerável contra o filho, sem que isso tivesse exercido a necessária influência nas decisões 
relacionadas à guarda ou ao regime de visitação da criança proferidas pelo juízo de Fortaleza/CE; 
iii) a criança tem sido submetida, em razão de frequentes decisões judiciais do juízo de Fortaleza/
CE, a sucessivas modificações de guarda e de residência, inclusive por terceiros estranhos à 
família e alijando-se a mãe do exercício da guarda, o que tem lhe causado imensurável prejuízo; e 
iv) nenhuma das decisões judiciais proferidas pelo Poder Judiciário do Ceará, no âmbito cível, 
considerou a possibilidade de afastar o convívio entre o genitor e o filho diante dos seríssimos 
fatos que se encontram sob apuração perante o juízo criminal nos últimos 27 meses.
STJ. 2ª Seção. CC 199.079/RN, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi, 
julgado em 13/12/2023 (Info 15 – Edição Extraordinária). 
A Defensoria Pública, no exercício da função de curadoria especial, goza de honorários 
advocatícios sucumbenciais caso o réu sagre-se vencedor na demanda
A Defensoria Pública, no exercício da função de curadoria especial, faz jus à verba decorrente da 
condenação ao pagamento de honorários sucumbenciais caso o seu assistido sagre-se vencedor 
na demanda. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.912.281-AC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 12/12/2023 (Info 15 
– Edição Extraordinária). 
JULGADOS EM DESTAQUE 16
O advogado de núcleo de prática jurídica designado para atuar como defensor dativo, ante a 
impossibilidade da Defensoria Pública, possui direito aos honorários remuneratórios fixados 
pelo juiz e pagos pelo Estado
O fato de o advogado ser remunerado pela instituição educacional de nível superior, na qualidade 
de orientador do núcleo de prática jurídica, não impede que ele receba honorários advocatícios 
na condição de defensor dativo. Isso ocorre porque são funções distintas e não se confundem. 
Enquanto a supervisão dos estudantes de direito é atividade interna corporis, o trabalho de 
advogado dativo refere-se ao exercício de um múnus público por determinação judicial.
O Estado não pode se locupletar do trabalho desempenhado por advogado, que somente 
atendeu ao chamado da Justiça em colaboração com o Poder Público.
Os honorários advocatícios devem ser reconhecidos como a devida remuneração do trabalho 
desenvolvido pelo advogado e, como tal, são protegidos pelo princípio fundamental do valor 
social do trabalho, previsto no art. 1º, IV, da Constituição Federal.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.848.922/PR, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 12/12/2023 (Info 
15 – Edição Extraordinária). 
O recurso interposto pelo vencedor para ampliar a condenação – ainda que não seja 
conhecido ou que seja desprovido - não implicará honorários de sucumbência recursal para a 
parte contrária
É indevida a majoração dos honorários recursais (art. 85, § 11, do CPC) em recurso da parte 
vencedora para ampliar a condenação, ainda que tal recurso seja desprovido. 
STJ. Corte Especial. EAREsp 1.847.842-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 6/9/2023 (Info 15 
– Edição Extraordinária). 
A doença do advogado da parte pode ser invocada como justa causa para a devolução do 
prazo recursal?
A doença que acomete o advogado somente pode constituir justa causa para autorizar a 
interposição tardia de recurso se, sendo o único procurador da parte, estiver o advogado 
totalmente impossibilitado de exercer a profissão ou de substabelecer o mandato a colega seu 
para recorrer da decisão. 
STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1.223.183-RS, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 2/10/2023 (Info 15 
– Edição Extraordinária). 
JULGADOS EM DESTAQUE 17
O art. 833, X, do CPC assegura a impenhorabilidade de valores até o limite de 40 salários-
mínimos, independentemente de onde estiverem depositados ou mesmo em papel-moeda; 
não se admite a penhora ainda que parcial desses valores
O art. 833, X, do CPC prevê que é impenhorável a quantia depositada em caderneta de poupança, 
até o limite de 40 salários-mínimos.
Para o STJ, a impenhorabilidade do art. 833, X, do CPC/2015 se estende a todos os numerários 
poupados pela parte executada, até o limite de 40 salários mínimos, não importando se 
depositados em poupança, conta-corrente, fundos de investimento ou guardados em papel-moeda.
Não é possível penhorar uma parte do valor (ex: 30%) assim como o STJ admite nos casos da 
impenhorabilidade do inciso IV do art. 833 do CPC.
Presume-se como indispensável para preservar a reserva financeira essencial à proteção do 
mínimo existencialdo executado e de sua família, bem como de depósitos em caderneta de 
poupança ou qualquer outro tipo de aplicação financeira, o valor de 40 salários-mínimos. 
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 2.018.134-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 27/11/2023 
(Info 15 – Edição Extraordinária). 
A caracterização da fraude à execução, quando o credor não efetuou o registro imobiliário 
da penhora, depende de prova de que o terceiro adquirente tinha ciência do ônus que recaía 
sobre o bem; esse entendimento existe desde a redação original do CPC/1973
De acordo com a Súmula 375 do STJ, para que se reconheça a fraude à execução é necessário:
• o registro da penhora do bem alienado; ou 
• a prova de má-fé do terceiro adquirente.
Assim, se não houver registro da penhora na matrícula do imóvel, presume-se que o terceiro 
adquirente não tinha conhecimento da existência de uma ação que poderia levar o alienante à 
insolvência. Essa presunção é relativa e pode ser afastada desde que o credor prove que o terceiro 
adquirente tinha conhecimento.
Esse entendimento existe desde a redação original do § 4º do art. 659, do CPC/1973.
Desse modo, mesmo no sistema legal anterior à Lei nº 8.953/94, a caracterização da fraude à 
execução, quando o credor não efetuou o registro imobiliário da penhora, dependia de prova de 
que o terceiro adquirente tinha ciência do ônus que recaía sobre o bem. 
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.577.144-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 2/10/2023 (Info 15 – 
Edição Extraordinária). 
JULGADOS EM DESTAQUE 18
Há legitimidade das vítimas para executar individualmente o TAC firmado por ente público 
que verse sobre direitos individuais homogêneos
As vítimas de evento danoso possuem legitimidade para executar individualmente o Termo 
de Ajustamento de Conduta firmado por ente público que verse sobre direitos individuais 
homogêneos.
STJ. 3ª Turma. REsp 2.059.781-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/12/2023 (Info 15 – 
Edição Extraordinária). 
DIREITO PENAL
É possível a cumulação das causas de aumento de pena da continuidade delitiva e do 
concurso formal, quando, em delitos fiscais, o sujeito ativo, mediante uma conduta, sonega 
diversos tributos, reiterando a conduta ao longo de certo período
Ex: nos anos de 2000 a 2003, a empresa Beta prestou declaração falsa às autoridades fazendárias 
fazendo com que pagasse menos do que era devido a título de IRPJ, PIS, COFINS, CSLL e 
contribuição previdenciária.
Neste caso, o sócio dirigente da empresa pode ser condenado pelos seguintes delitos:
• art. 1º, I, da Lei 8.137/90: praticado quatro vezes a cada exercício por conta da sonegação de 
quatro tributos federais distintos (IRPJ, PIS, COFINS e CSLL); e 
• art. 337-A, III, do Código Penal: praticado uma só vez a cada exercício por conta da redução da 
contribuição previdenciária.
Será possível a cumulação das causas de aumento de pena da continuidade delitiva e do concurso 
formal.
É possível a cumulação das causas de aumento de pena da continuidade delitiva e do concurso 
formal, quando em delitos fiscais, o sujeito ativo, mediante uma única ação ou omissão, sonega 
o pagamento de diversos tributos, reiterando a conduta por determinado período, além de 
concorrer para a prática do delito previsto no art. 337-A, do CP.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 2.018.231-MG, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 30/10/2023 
(Info 16 – Edição Extraordinária).
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JULGADOS EM DESTAQUE 19
O mero compartilhamento de postagem consistente em charge elaborada por cartunista, sem 
agregar à conduta objetiva a intenção de ofender, injuriar ou vilipendiar a honra da suposta 
vítima não tem o condão de qualificar a prática de infração penal
Caso concreto: Regina compartilhou, em seu perfil no Facebook, a imagem de uma charge 
elaborada por um cartunista, na qual o então Presidente da República segurava o então 
Procurador-Geral da República por uma coleira. Juntamente com a imagem havia um texto que 
dizia que o PGR havia sido adquirido pelo Presidente da República, submetendo a sua autoridade 
e comando a serviço dos interesses deste e de seus familiares. Além disso, a publicação era 
acompanhada de hashtags que diziam: “corrupto fora”, “fora ditador”, “fora fascista”, “fora 
genocida”, “fora psicopata” e “fora demente”.
Em razão disso, o Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra Regina na qual se imputou 
contra ela a prática dos crimes de difamação e injúria.
Os tipos de difamação e injúria exigem, além do dolo, direto ou eventual, o elemento subjetivo do 
injusto - propósito de ofender -, consubstanciado no animus diffamandi e animus injuriandi. 
Apesar de os crimes contra a honra serem tipos de forma livre, admitindo plurais formas de 
execução, deve ser suficientemente caracterizada a intenção do sujeito de ofender a honra e 
reputação alheias. O mero compartilhamento de postagem consistente na charge elaborada 
por cartunista sem se agregar à conduta objetiva a intenção de ofender, injuriar ou vilipendiar a 
honra da suposta vítima não tem o condão, no contexto fático dos autos, de revelar a prática das 
infrações penais imputadas à denunciada.
STJ. Corte Especial. Inq 1.656/DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 9/11/2023 (Info 16 – 
Edição Extraordinária).
Nos termos da Súmula 593 do STJ, o consentimento da vítima menor de 14 anos e o seu 
namoro com o acusado não afastam a existência do delito de estupro de vulnerável. O STJ 
admite distinguishing em relação a esse entendimento?
Admite-se o distinguishing quanto ao Tema 918/STJ, na hipótese em que a diferença de idade 
entre o acusado e a vítima não se mostrou tão distante quanto do acórdão sob a sistemática 
dos recursos repetitivos (no caso, o réu possuía 19 anos de idade, ao passo que a vítima contava 
com 12 anos de idade), aliado ao fato de a menor viver maritalmente com o acusado desde o 
nascimento da filha do casal, devidamente reconhecida, o que denota que não houve afetação 
relevante do bem jurídico a resultar na atuação punitiva estatal. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 2.015.310/MG, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado 
do TJDFT), julgado em 12/9/2023 (Info 16 – Edição Extraordinária).
JULGADOS EM DESTAQUE 20
O simples fato de o indivíduo ter sido preso levando uma grande quantidade de droga para 
terceiros não é motivo para se afastar o tráfico privilegiado; isso porque a condição de mula 
não é argumento, por si só, para afastar o privilégio
A quantidade e a natureza da droga apreendida podem servir de fundamento para a majoração 
da pena-base ou para a modulação da fração da causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da 
Lei nº 11.343/2006, desde que não tenham sido utilizadas na primeira fase da dosimetria. 
O fundamento de que o agente transportava grande quantidade de droga a serviço de terceiros 
não se presta a sustentar o afastamento do tráfico privilegiado, uma vez que evidencia apenas a 
condição de “mula” e não de dedicação a atividades criminosas.
A condição de “mula”, por si só, não tem o condão de impedir o reconhecimento do tráfico 
privilegiado (art. 33, § 4º, da LD).
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 842.630-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 
18/12/2023 (Info 16 – Edição Extraordinária).
MP ofereceu denúncia por estelionato e organização criminosa; houve extinção da punibilidade 
no que tange ao estelionato; é possível a continuidade do processo quanto à organização 
criminosa
A extinção da punibilidade do crime antecedente não implica na atipicidade do delito de 
organização criminosa, visto que este é considerado um delito autônomo, independente de 
persecução criminal ou condenação relacionada às infrações penais a ele vinculadas. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 865.042-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,julgado em 
21/11/2023 (Info 16 – Edição Extraordinária).
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Se o membro do MP constatar que, em sua visão, não cabe ANPP, ele não é obrigado a notificar 
extrajudicialmente o investigado informando que não irá propor o acordo; basta que faça 
uma cota na denúncia informando os motivos pelos quais não ofereceu proposta
Não é obrigatório que o Ministério Público faça a notificação do investigado acerca da proposta 
do acordo de não persecução penal.
A ciência da recusa do Ministério Público deve ocorrer por ocasião da citação, podendo o acusado, 
na primeira oportunidade de se manifestar nos autos, requerer a remessa dos autos ao órgão de 
revisão ministerial, na forma do art. 28-A, § 14, do CPP.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 2.039.021-TO, Rel. Min. Messod Azulay Neto, julgado em 8/8/2023 
(Info 16 – Edição Extraordinária).
JULGADOS EM DESTAQUE 21
A habitualidade delitiva impede a celebração do ANPP, nos termos do art. 28-A, §2º, II, do CPP
Reconhecida a habitualidade delitiva, fica descaracterizado o crime continuado, impedindo a 
celebração de acordo de não persecução penal. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 788.419-PB, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do 
TJDFT), julgado em 11/9/2023 (Info 16 – Edição Extraordinária).
Juiz Federal não pode determinar a suspensão de inquérito penal militar
Caso hipotético: Regina, militar da Aeronáutica, foi submetida à inspeção de saúde e declarou que 
não havia passado por problemas graves de saúde nos últimos anos. A Junta Médica, contudo, 
descobriu que a informação prestada por Regina foi falsa. Isso porque ela tinha um histórico 
psiquiátrico vasto, incluindo depressão grave e transtorno de pânico. A Junta descobriu isso 
acessando os prontuários médicos de Regina que estavam arquivados no Hospital da Aeronáutica. 
Diante desse cenário, o Comando da Aeronáutica instaurou sindicância administrativa para apurar 
o fato sob o aspecto disciplinar e também um inquérito policial militar para investigar suposto 
crime de falsidade ideológica previsto no art. 312 do Código Penal Militar.
Regina ingressou com ação cível, na Justiça Federal, requerendo a suspensão da sindicância e do 
inquérito, com a retirada de seus prontuários médicos, considerando o caráter sigiloso e íntimo 
dos documentos.
O Juízo Federal acolheu o pedido e determinou a suspensão da sindicância e do inquérito. 
O STJ decidiu que o Juízo Federal não tinha competência para suspender o inquérito.
Sendo o crime investigado da competência do Juízo Militar para processo e julgamento, cabe a 
ele decidir sobre a suspensão do inquérito penal militar, cabendo à Justiça Federal tão somente o 
controle da legalidade da sindicância administrativa no âmbito disciplinar. 
STJ. 3ª Seção. CC 200.708-PE, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 13/12/2023 (Info 16 
– Edição Extraordinária).
Não é necessária instrução específica para fixar o valor mínimo de reparação dos danos 
(art. 387, IV, do CPP) quando se trata de dano moral presumido (in re ipsa); por outro lado, 
é indispensável que a acusação indique, na denúncia ou queixa, qual é o valor pretendido
Em situações envolvendo dano moral presumido (in re ipsa), a definição de um valor mínimo para 
a reparação dos danos:
(i) não exige instrução probatória específica, 
(ii) mas requer um pedido expresso e
(iii) a indicação do valor pretendido pela acusação na denúncia.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.986.672-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 8/11/2023 (Info 16 – Edição 
Extraordinária).
JULGADOS EM DESTAQUE 22
STJ considerou lícita a gravação feita, pela equipe de enfermagem, do anestesista que 
abusava das pacientes grávidas durante o trabalho de parto
Na colisão de interesses, é válida a captação ambiental clandestina sempre que o direito a ser 
protegido tiver valor superior à privacidade e a imagem do autor do crime, utilizando-se da 
legítima defesa probatória, a fim de se garantir a licitude da prova. 
A gravação clandestina produzida pelas vítimas de crime pode ser utilizada como meio de 
prova em determinadas situações nas quais ela se mostra necessária para a defesa dos direitos 
fundamentais da vítima.
A proporcionalidade em sentido estrito se aplica como verdadeira causa excludente de ilicitude 
da prova toda vez que o direito à integridade e à dignidade da vítima prevalece sobre o direito 
de imagem e privacidade do ofensor. É imprescindível que os bens jurídicos em confronto sejam 
sopesados, dando-se preferência àqueles de maior relevância.
Ao sopesar os interesses das partes envolvidas na captação ambiental, obviamente que os direitos 
fundamentais da parturiente se sobrepõem às eventuais garantias fundamentais do ofensor 
que agora tenta delas se valer para buscar impedir a utilização do único meio de prova possível 
para a elucidação do crime por ele perpetrado, praticado às escondidas em ambiente hospitalar 
e em proveito à situação de extrema vulnerabilidade que ele mesmo impôs à parturiente com a 
utilização excessiva de sedação e de anestésicos, impedindo qualquer tipo de reação.
STJ. 5ª Turma. HC 812.310/RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 21/11/2023 (Info 16 – Edição 
Extraordinária).
Magistrado que apenas recebeu a denúncia pode, no futuro, julgar, como Desembargador, 
a apelação interposta pelo réu contra a sentença condenatória
Não configura causa de impedimento a hipótese em que a desembargadora revisora se limitou 
a, em cognição sumária e com fundamentação sucinta, receber a denúncia contra o réu quando 
atuava em primeiro grau e depois, sentenciado o feito por magistrado totalmente diverso, 
apreciou, passados mais de 10 anos, em cognição exauriente, o mérito da causa na apelação 
interposta contra a sentença.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 852.949-CE, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. para acórdão Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 30/11/2023 (Info 16 – Edição Extraordinária).
O fato de o réu não ter sido localizado não é motivo, por si só, para a decretação da prisão 
preventiva
Não cabe a decretação de prisão preventiva amparada apenas na ausência de localização do réu, 
sem a demonstração de outros elementos que justifiquem a necessidade da segregação cautelar. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 170.036-MG, Rel. Min. João Batista Moreira (Desembargador 
convocado do TRF da 1ª Região), julgado em 21/11/2023 (Info 16 – Edição Extraordinária).
JULGADOS EM DESTAQUE 23
A Receita Federal não pode, a pretexto de examinar incidentes tributários e aduaneiros, 
investigar delitos sem repercussão direta na relação jurídica tributária - que se afastem de 
sua atribuição de órgão fiscal -, sendo nulos os elementos de prova por ela produzidos
A Receita Federal do Brasil possui atribuição e poderes administrativos para, em caráter 
suplementar, apurar condutas de repercussão penal, desde que insertas no espectro de suas 
atribuições e em atenção à finalidade fiscal. Existem, contudo, duas limitações: 
i) pertinência temática: a atuação deve estar associada à relação jurídica tributária ou aduaneira; e 
ii) finalidade fiscal: a atividade deve perseguir a tutela fiscal, de modo que, ainda que apure ilícitos 
de natureza tributária, não se admite desvirtuamento de finalidade para que sejam atingidos 
outros fins.
Muito embora existam pontos de contato, o desenvolvimento da atividade da Receita Federal não 
pode invadir a esfera de atribuição da polícia judiciária ou, ainda que na apuração tematicamente 
adequada, atuar em desvio da finalidade fiscal. Os respectivos procedimentos fiscais 
averiguatórios não podem, dessa forma, ter por objeto a persecução de condutas delituosas 
desconectadas da relação jurídica tributária.
No caso concreto, o STJ entendeu que a Receita Federal desbordou dos limites de sua atribuição 
ao perseguir elementos estranhos à relação jurídica tributária, portanto, fora da limitação temática 
que dá contorno à sua atuação e em desvio da finalidade fiscal. E, assim, o descumprimento das 
regras e princípios, na elaboração do relatório fiscal produtoda operação, deu causa à ilicitude dos 
elementos de prova constituídos e derivados, em aplicação analógica do art. 157, §1º, do CPP.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 167.539/SP, Rel. Min. Messod Azulay Neto, julgado em 12/12/2023 
(Info 16 – Edição Extraordinária).
Juiz poderia ter reduzido a pena em até 2/3, mas optou por reduzir no patamar mínimo (1/3); 
o réu recorre alegando falta de fundamentação para a escolha do percentual; mesmo sendo 
recurso da defesa, o TJ pode manter o percentual de 1/3 acrescentando novos argumentos
Ainda que se trate de recurso exclusivo da defesa, o efeito devolutivo da apelação autoriza 
o Tribunal de origem conhecer e rever os fundamentos contidos na sentença condenatória, 
podendo valer-se de novos argumentos, desde que não agrave a situação do réu. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 829.263-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/8/2023 (Info 
16 – Edição Extraordinária).
O pedido de reconsideração não interrompe nem suspende o prazo para interposição do 
recurso cabível
O pedido de reconsideração, por não ter natureza recursal, não interrompe nem suspende o 
prazo para interposição do recurso cabível. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 843.142-SP, Rel. Min. João Batista Moreira (Desembargador convocado 
do TRF1), julgado em 19/10/2023 (Info 16 – Edição Extraordinária).
JULGADOS EM DESTAQUE 24
É inadmissível a impetração de habeas corpus no STJ para impugnar decisão monocrática do 
Desembargador do TRF que deferiu a intervenção de terceiros em habeas corpus que havia 
sido impetrado pela defesa no TRF
Situação hipotética: O Ministério Público ofereceu denúncia contra João pelo crime de corrupção 
ativa. A denúncia foi recebida pelo Juiz Federal. Contra a decisão que recebe a denúncia não cabe 
recurso, razão pela qual a defesa impetrou habeas corpus para o TRF. Antes do julgamento do 
mérito, o Desembargador Relator, em decisão monocrática, autorizou a habilitação de Pedro no 
habeas corpus, na qualidade de terceiro interessado, sob a alegação de que ele também seria 
suposta vítima dos fatos narrados na denúncia. Contra a decisão que deferiu a habilitação de 
terceiro interessado, a defesa de João impetrou habeas corpus ao STJ argumentando que não é 
possível intervenção de terceiros em habeas corpus. O STJ admitiu esse habeas corpus impetrado 
para impugnar a decisão monocrática do Desembargador Federal? Não.
O STJ disse o seguinte: de fato, não cabe intervenção de terceiros em habeas corpus relacionado 
com ação penal pública. Logo, o Desembargador não deveria ter autorizado a habilitação de 
Pedro. Contudo, a decisão que defere a habilitação de terceiro em habeas corpus, mesmo que 
esteja equivocada, em nada afeta a liberdade de locomoção do réu. Desse modo, é inadmissível a 
impetração de um novo habeas corpus para impugná-la.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 849.502-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Rel. para acórdão 
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 19/10/2023 (Info 16 – Edição Extraordinária).
É possível fixar condição especial ao regime aberto de submissão do condenado à frequência 
de tratamento antidrogadição
A submissão do condenado semi-imputavel a tratamento antidrogadição pelo magistrado 
sentenciante, como condição especial para o regime aberto, não ofende o sistema vicariante, pois 
não se confunde com medida assecuratória de tratamento ambulatorial preconizado no art. 98 do 
Código Penal. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 2.026.477-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 27/11/2023 
(Info 16 – Edição Extraordinária).
Não é possível a utilização da soma das penas unificadas para fins de obstar a concessão do 
indulto para crimes praticados em contexto diverso
Para fins do indulto natalino previsto no Decreto Presidencial nº 11.302/2022, apenas no caso 
de crime impeditivo cometido em concurso com crime não impeditivo se exige o cumprimento 
integral da reprimenda dos delitos da primeira espécie. 
STJ. 3ª Seção. AgRg no HC 856.053-SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 8/11/2023 (Info 
16 – Edição Extraordinária).
JULGADOS EM DESTAQUE 25
DIREITO TRIBUTÁRIO
Se empresa brasileira contrata serviços técnicos e de assistência técnica, sem transferência 
de tecnologia, de empresas situadas em países como Argentina, Chile, África do Sul e Peru, 
deverá reter o imposto de renda ao fazer a remessa do pagamento
O caso discutia a incidência de IRRF sobre pagamentos de serviços técnicos e de assistência 
técnica, sem transferência de tecnologia, para empresas situadas no exterior, especificamente em 
países como Argentina, Chile, África do Sul e Peru.
A Fazenda Nacional alegou que a remessa de valores para tais empresas no exterior estaria 
sujeita à tributação de IRRF. Argumentou que nos protocolos anexos aos tratados firmados entre 
o Brasil e tais países está previsto que os rendimentos de serviços técnicos e assistência técnica 
são equiparados a royalties, permitindo a tributação no Brasil.
O STJ concordou com a Fazenda Nacional. Os protocolos anexos aos tratados internacionais com 
Argentina, Chile, África do Sul e Peru preveem a equiparação dos rendimentos provenientes da 
prestação de serviços técnicos e assistência técnica a royalties, permitindo a tributação no Brasil. 
Assim, apesar do artigo 7 dos tratados ter natureza residual, a análise primordial deve ser das 
previsões específicas de tributação contidas nos protocolos anexos. Dessa forma, confirmou-se a 
incidência do IRRF sobre as remessas internacionais em questão.
As convenções firmadas pelo Brasil com Argentina, Chile, África do Sul e Peru estabelecem, com 
disposições de similar conteúdo, no protocolo adicional, que aos rendimentos provenientes da 
prestação de assistência técnica e serviços técnicos são aplicáveis as disciplinas dos arts. 12 dos 
apontados tratados, que cuidam da tributação dos royalties. 
STJ. 1ª Turma. REsp 2.102.886-RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 28/11/2023 (Info 14 – 
Edição Extraordinária).
O § 1º do art. 7º da IN SRF 213/2002 é ilegal, pois permite a tributação do resultado positivo 
da equivalência patrimonial de empresas controladas ou coligadas no exterior além dos 
lucros efetivamente realizados, contrariando a legislação vigente
A variação positiva ou negativa do valor do investimento em empresa controlada ou coligada 
situada no exterior, apurada pelo método de equivalência patrimonial, embora influencie o lucro 
líquido da empresa investidora, não tem impacto nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. 
STJ. 2ª Turma. AgInt nos EDcl no REsp 1.760.205-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 
22/8/2023 (Info 14 – Edição Extraordinária).
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JULGADOS EM DESTAQUE 26
O art. 9º, da Lei 9.429/95, não impõe limitação temporal para a dedução de Juros sobre Capital 
Próprio (JCP) referentes a exercícios anteriores
Caso hipotético: no período de 2001 a 2005, Alfa S/A não pagou os juros sobre capital próprio 
( JCP). Somente em 2006, ela pagou o JCP aos seus acionistas e, em consequência, descontou 
R$ 12 milhões na apuração dos lucros para efeito de apuração do IRPJ e da CSLL. O Fisco não 
concordou e lavrou Auto de Infração contra a empresa dizendo que o JCP de 2006 foi apenas 
de R$ 3 milhões. A empresa afirmou que esses outros R$ 9 milhões eram referentes aos outros 
anos. O Fisco rejeitou essa defesa argumentando que o pagamento de juros sobre capital próprio 
referente a exercícios anteriores representa burla ao limite legal de dedução do exercício. Para 
a Receita Federal, a empresa não poderia ter deduzido em 2006 despesas de JCP incorridas 
naquele ano, ainda que relativa aos períodos de 2001 a 2005, admitindo a dedução apenas do 
JCP calculado em 2006. Por outro lado, para a empresa contribuinte o procedimento adotado está 
amparado pelo art. 9º da Lei nº 9.249/95, inexistindo vedação na legislação de regência para a 
dedução de juros sobre o capital próprio relativos a exercícios anteriores.
O STJ concordou comos argumentos da empresa.
O pagamento de juros sobre capital próprio referente a exercícios anteriores não representa burla 
ao limite legal de dedução do exercício, desde que, ao serem apurados, tomando por base as 
contas do patrimônio líquido daqueles períodos com base na variação pro rata die da TJLP sobre 
o patrimônio líquido de cada ano, o pagamento seja limitado ao valor correspondente a 50% do 
lucro líquido em que se dá o pagamento ou a 50% dos lucros acumulados e reservas de lucros.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.950.577-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 3/10/2023 (Info 
14 – Edição Extraordinária).
DIREITO INTERNACIONAL
A remessa de valores para o exterior a título de alimentos internacionais é isenta do pagamento 
de tarifas bancárias
A isenção prevista na Convenção de Nova Iorque (Decreto Legislativo nº 56.826/65) deve 
incidir sobre todos os procedimentos necessários à efetivação de decisão judicial que fixa 
a verba alimentar, entre eles o serviço bancário de remessa de valores para o exterior, 
independentemente de norma regulamentar editada pelo Banco Central do Brasil.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.705.928-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 12/12/2023 (Info 15 – 
Edição Extraordinária). 
27DIZER O DIREITO NEWS
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Direção criativa: Carla Piaggio|Projeto gráfico e diagramação: Keille Lorainne Dourado Silva
O boletim Dizer o Direito News é uma publicação mensal do Buscador Dizer o Direito, 
a única ferramenta de pesquisa da jurisprudência do STF/STJ com julgados comentados, 
coordenada por Márcio André Lopes Cavalcante.
SOBRE O IDEALIZADOR
Márcio André Lopes Cavalcante é o idealizador e editor 
do Buscador Dizer o Direito.
Atua como Juiz Federal (TRF da 1ª Região).
Antes disso, foi Defensor Público, Promotor de Justiça 
e Procurador do Estado.
Possui grande experiência em concursos públicos, tendo 
sido aprovado em inúmeros outros certames, como Técnico 
e Analista Judiciário, Procurador do Município, Procurador 
de Contas e Juiz de Direito.
É autor de 8 livros e dedica-se intensamente ao estudo e análise 
da jurisprudência por acreditar que se trata, atualimente, de 
uma das fontes do Direito, sendo, aliás, a mais dinâmica delas.
Atua como "professor virtual" de milhares de alunos das mais 
diversas partes do país por meio do site "Dizer o Direito" 
(www.dizerodireito.com.br) do qual é fundador.
E lançou o Buscador "Dizer o Direito" para expandir ainda 
mais a sua distribuição de conhecimento.
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