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AULA 2 - Necrose e apoptose Objetivos: 1- Descrever os processos de morte celular 2-Identificar manifestações citológicas próprias da morte celular Morte celular ➥Ocorre uma sucessão de eventos, vindos de um agente agressor ➥ Difícil de distinguir qual foi o fator que determinou a irreversibilidade da lesão, o ponto de não retorno ➥ Alterações como tumefação mitocondrial, perda de cristas, depósitos de floculares na matriz e etc sejam indicativos de irreversibilidade Morte programada ➥ Morte celular fisiológica ➥ Ocorre para manter a homeostase ou favorecer a diferenciação ➥ Apoptose é a forma mais comum ➥ Ex: Linfócitos T que sofrem apoptose após sua ativação Morte regulada ➥ Causada pelas vias que podem ser reguladas por fármacos ou manipulação genética, sem um contexto fisiológico ➥ Necrose que ocorre em infecções virais que inibem a apoptose ➥ Toda morte programada é regulada, mas nem toda morte regulada é programada Morte acidental ➥ Ocorre por agressões que induzem a necrose ou apoptose ➥ Anoxia, intoxicação e etc ➥ Distinção dos tipos de morte é feita pelos achados morfológicos e pela identificação dos aspectos moleculares Necrose ➥ É a morte celular seguida de autólise ➥ Quando a agressão é suficiente para interromper as funções vitais (produção de energia e síntese), os lisossomos liberam as hidrolases no citosol ➥ Hidrolases vão ser ativadas pela concentração alta de Ca2+ no citosol e iniciam a autólise ➥ Hidrolases são proteases, lipases, glicosidases, ribonucleases e desoxiribonucleases. Essas enzimas que vão causar a alteração morfológica após a morte. ➥ Depois da necrose são liberadas alarminas (HMGB1, uratos, fosfatos) que vão iniciar uma reação inflamatória ➥ Macroscopicamente a necrose tem aspecto individual dependendo do seu tipo ➥ No microscópio se observa alterações nucelares por intensa contração e condensação da cromatina, deixando-o extremamente basófilo, homogêneo e menor (picnose nuclear) ➥ Digestão da cromatina faz com que o núcleo perca sua cor, desaparecendo no citoplasma (cariólise) ➥ Núcleo se fragmenta no citoplasma (cariorrexe) Causas de necrose: Podemos dividir as causas em agentes físicos, agentes químicos e agentes biológicos que alterem as funções vitais da célula. Os agentes físicos estão relacionados a trauma mecânico, variações de temperatura, variações de pressão atmosférica, radiação e choque elétrico. Os agentes químicos são drogas que podem gerar lesão celular, como formol, fenol, os acais e entre outros. A causa mais comum relacionada aos agentes biológicos é a toxina tetânica que atua no sistema nervoso central e a aflotoxina produzida pelo fungo Aspergillus, levando à necrose hepática. Todos esses agentes participam das alterações na mitocôndria, membranas celulares, na síntese proteica e no processo de manutenção da integridade do DNA. tipos de necrose: Necrose por coagulação / isquêmica ➥ Causa mais frequente é a isquemia ➥ Macroscopicamente a área atingida é esbranquiçada e saliente ➥ Quase sempre circundada por um halo vermelho (hiperemia) ➥ Microscopicamente observa-se alterações nucleares, especialmente cariólise e citoplasma com aspecto coagulado ➥ Arquitetura tecidual fica perdida Necrose por liquefação ➥ Necrose por coliquação ou coliquativa ➥ Região necrosada adquire consistência mole, semifluida ou liquefeita ➥ Comum após anoxia do tecido nervoso, suprarrenal ou mucosa gástrica ➥ Causada pela liberação de grande quantidade de enzimas lisossômicas ➥ Em inflamações purulentas também há necrose por liquefação do tecido inflamado ➥ Liberação de enzimas lisossômicas por leucócitos exsudados Necrose lítica ➥ Necrose dos hepatócitos em hepatites virais ➥ Sofrem lise ou esfacelo (necrose por esfacelo Necrose caseosa ➥ Aspecto macroscópico de massa de queijo ➥ Transformação das células em uma massa homogênea, acidófila, núcleos picnóticos e na periferia núcleos cariorrexicos ➥ Células perdem totalmente seus contornos e detalhes estruturais ➥ Comum na tuberculose, paracoccidioidomicose e tularemia ➥ Resulta de mecanismos imunitários de agressão envolvendo macrófagos e linfócitos T sensibilizados ➥ Também pode ocorrer hipoxia ➥ Depende da ação de linfotoxinas (TNF-a) ➥Antes do surgimento da necrose, ocorre o aumento da síntese de proteínas pró- apoptóticas e redução das antiapoptóticas ➥ Na periferia da região há cariorrexe evidente, comum de apoptose ➥ Na parte central há cariólise extensa Necrose lítica ➥ Necrose dos hepatócitos em hepatites virais ➥ Sofrem lise ou esfacelo (necrose por esfacelo Necrose caseosa ➥ Aspecto macroscópico de massa de queijo ➥ Transformação das células em uma massa homogênea, acidófila, núcleos picnóticos e na periferia núcleos cariorrexicos ➥ Células perdem totalmente seus contornos e detalhes estruturais ➥ Comum na tuberculose, paracoccidioidomicose e tularemia ➥ Resulta de mecanismos imunitários de agressão envolvendo macrófagos e linfócitos T sensibilizados ➥ Também pode ocorrer hipoxia ➥ Depende da ação de linfotoxinas (TNF-a) ➥Antes do surgimento da necrose, ocorre o aumento da síntese de proteínas pró- apoptóticas e redução das antiapoptóticas ➥ Na periferia da região há cariorrexe evidente, comum de apoptose ➥ Na parte central há cariólise extensa Esteatonecrose ➥ Necrose enzimática do tecido adiposo ➥ Encontrada na pancreatite aguda necro-hemorrágica, que causa um extravasamento das enzimas de acinos destruídos ➥ Ação de lipases sobre triglicerídeos, os AG liberados sofrem saponificação na presença de sais alcalinos ➥ Origina depósitos esbranquiçados ou manchas com aspecto de pingo de vela Necrose gomosa ➥ Variedade de necrose por coagulação ➥ Tecido assume um aspecto compacto e elástico como borracha ou fluido e viscoso ➥ Encontrado em sífilis tardia Evolução Regeneração ➥ Ocorre se o tecido tiver capacidade regenerativa ➥ Os restos celulares são absorvidos pela resposta inflamatória ➥ Fatores de crescimento são liberados por células vizinhas e leucócitos que induzem a multiplicação de células parenquimatosas ➥ Se o estroma for pouco alterado há regeneração completa, ex fígado se a malha reticular for conservada Cicatrização ➥ Tecido necrosado é substituído por tecido conjuntivo cicatricial ➥ Ocorre quando a lesão é extensa e as células não possuem capacidade regenerativa ➥ Com a destruição tecidual, são liberados DAMP que induzem a liberação de mediadores que iniciam o processo inflamatório para a reabsorção dos restos celulares ➥ A área necrosada pode cicatrizar completamente em poucos dias, até 3 semanas no miocárdio ➥ A cicatriz diminui de tamanho por ação contrátil de miofibroblastos Calcificação ➥ Área necrosada pode se calcificar ➥ Comum na necrose caseosa, principalmente na infância ➥ Os mecanismos que regulam a calcificação não são bem conhecidos Gangrena ➥ Forma de evolução da necrose que recebe ações de agentes externos Gangrena seca ➥ Região necrosada entra em contato com o ar, causando desidratação local ➥ Aspecto de pergaminho/múmia ➥ Cor escura e ressecada ➥ Ocorre mais nas extremidades dos dedos, artelhos e ponta do nariz ➥ Consequência de alterações vasculares da diabetes melito ➥ Cor escura se da por acúmulo de substâncias vindas da hemoglobina ➥ Comum haver uma linha vermelha entre o tecido necrosado e saudável, indicado inflamação Encistamento ➥ Material necrosado não é absorvido por ser muito volumoso ou por causa da fatores que impedem a resposta inflamatória ➥Causa a proliferação conjuntiva e formação de uma capsula que encista o tecido necrosado ➥ Vai sendo absorvido lentamente e ficando um material liquido em seu interior Eliminação ➥ Atinge a parede de uma estrutura canalicular que se comunica com o meio externo ➥ Material necrosado é lançado nessa estrutura e eliminado, gerando uma cavidade ➥ Comum na tuberculose pulmonar Gangrena úmida ➥ Pútrida ➥ Invasão da área necrosada por microrganismos anaeróbios produtores de enzima quetendem a liquefazer os tecidos mortos ➥ Odor fétido que se acumula em bolhas junto com o material ➥ Comum em necroses do tubo digestivo, pulmões e pele, onde a umidade favorece ➥ A absorção de produtos tóxicos da gangrena pode gerar reações sistêmicas fatais, induzindo choque séptico Gangrena gasosa ➥ Secundária à contaminação do tecido necrosado com microrganismos do gênero Clostridium que produzem enzimas proteolíticas e lipolíticas e grande quantidade de gás ➥ Era comum em feridas na primeira guerra mundia Apoptose - Morte celular programada ➥ Lesão em que a célula é induzida a acionar mecanismos que causam sua morte ➥ Não sofre autólise nem ruptura da Membrana plasmática ➥ A célula é fragmentada e seus restos ficam contidos dentro da membrana plasmática e são endocitados por células vizinhas sem desencadear quimiotaxia nem resposta inflamatória ➥ Muito frequente em estados fisiológicos quanto patológicos ➥ Importante na remodelação de órgãos durante a embriogênese na vida pós-natal ➥ Controle da proliferação e diferenciação celular ➥ Ex: glândulas mamárias após a fase de lactação, os ácidos produtores do leite entrem em apoptose, restando apenas os ductos mamários ➥ Quando ocorre distúrbio de proliferação, há um aumento na proliferação de diminuição da capacidade de apoptose ➥ A apoptose que ocorre em condições patológicas é desencadeada por vários agentes como vírus, hipoxia, radicais livres, substâncias químicas, agressões e radiações ➥ A apoptose afeta as células individualmente, por isso não é facilmente reconhecida em exames ➥ A célula encolhe-se e o citoplasma fica mais denso ➥ O volume celular diminui por eliminação dos eletrólitos e água por canais específicos ➥ Cromatina se condensa e se dispõe em grumos junto à membrana nuclear, formando núcleos em meia-lua ➥ Ocorre cariorrexe e a MP emite projeções e forma brotamentos que possuem pedaços do núcleo ➥ A célula se fragmenta em múltiplos brotos (corpos apópticos) que vão ser fagocitados por células vizinhas ou ficam no interstício ➥ A célula também pode sofrer o encolhimento sem a fragmentação Patogênese ➥ Resulta sempre da ativação sequencial de proteases (caspases) ➥ Ativação delas é o momento chave do processo ➥ Pode ocorrer por mecanismos extrínsecos, dependentes de estímulos externos, reconhecidos e propagados pelos receptores da MP, nos domínios de morte (apoptose extrínseca) ➥ Mecanismos intrínsecos aumentam a permeabilidade mitocondrial com liberação de moléculas que induzem a apoptose (apoptose intrínseca) ➥ Agentes que atuam diretamente na MP, mas sem envolvimentos de receptores com domínio de morte Caspases ➥ Caspases são enzimas que possuem cisteína no sítio ativo ➥ Clivam proteínas em sítios com resíduos de ácido aspártico ➥ São produzidas como pró-caspases e ativadas pelo desligamento de uma molécula inibidora ou por clivagem proteolítica nos sítios com ácido aspártico ➥ São conhecidas 12 caspases humanas, mas nem todas participam da apoptose, a 1, 4 e 5 clivam a pró-IL-1 e a pró-IL-8 nas respostas inflamatória ➥ As caspases podem ser ativadoras (8, 9 e 10) ou efetuadoras (3, 6 e 7) ➥ As ativadoras fazem proteólise das caspases 3, 6 e 7 que ativam outras proteases que degradam diferentes substratos da célula, como DNA, lâminas nucleares, proteínas do citoesqueleto e etc. Mitocôndrias ➥ Mitocôndrias têm papel fundamental na apoptose ➥ Quando são agredidas por inúmeros agentes, sofrem aumento na permeabilidade da membrana mitocondrial externa e liberam moléculas pró-apoptóticas ➥ Citocromo c se associa no citosol à APAF 1 e forma o complexo apoptossomo, que ativa a caspase 9 iniciando a apoptose ➥ Proteína SMAC, inibem a IAP, que é um inibidor natural da apoptose ➥ AIF ativa a caspase 9 e algumas endonucleases ➥ OMI/HTRA2, serina protease que induz a apoptose por inibir a IAP ➥ Endonuclease G, que ativa endonucleases e pode induzir a apoptose independentemente da ativação das caspases Proteínas citosólicas ➥ Família BCL inclui 23 proteínas, inibidoras (antiapoptóticas) ou ativadoras (pró-apoptóticas) ➥ Antiapoptóticas como a BCL-2 e XL ficam na membrana mitocondrial externa, fazendo parte dos poros de permeabilidade transicional, geralmente impermeáveis ➥ As pró-apoptóticas, são conhecidas em conjunto como BAX (BIM, BAD, BID, NOXA e etc), têm um domínio de dimerização que liga as proteínas antiapoptóticas ➥ Quando ocorre essa ligação os poros da membrana mitocondrial externa se abrem, deixando que o citocromo c, SMAC e AIF saiam ➥ As IAP inibem as caspases 3, 7 e 9, normalmente a 9 fica inibida pela IAP, que sem ela fica ativa e desencadeia o processo ➥Algumas IAP são expressas em grandes quantidades em células cancerosas, dificultando seu controle ➥ As BAX atuam como sensores de agressão celular, quando estimuladas regulam a ação das proteínas pró ou antiapoptóticas ➥ A proteína p53 atua na manutenção e integridade do genoma e na sobrevivência das células ➥ Quando o genoma é agredido por diversos agentes a célula aumenta a síntese de p53, que induz a parada do ciclo celular ➥ Se o defeito no DNA for reparado a célula permanece viável, se não for corrigido a p53 induz a apoptose por ativação de genes pró apoptóticos, inibem a produção de proteínas antiapoptóticas e inibem os IAP
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