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SISTEMA DE ENSINO DIREITO PROCESSUAL CIVIL Recursos – Parte I Livro Eletrônico 2 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL Apresentação .................................................................................................................3 Recursos – Parte I ..........................................................................................................5 1. Princípios Gerais dos Recursos ....................................................................................5 2. Efeitos dos Recursos ................................................................................................ 10 2.1. Efeito Devolutivo .................................................................................................... 11 2.2. Efeito Suspensivo ................................................................................................... 11 2.3. Efeito Translativo .................................................................................................. 12 2.4. Efeito Substitutivo................................................................................................. 13 2.5. Efeito Extensivo .................................................................................................... 14 2.6. Efeito Regressivo .................................................................................................. 15 2.7. Efeito Expansivo .................................................................................................... 15 2.8. Efeito Diferido ........................................................................................................17 2.9. Efeito Obstativo .................................................................................................... 18 3. Pressupostos de Admissibilidade ............................................................................. 18 3.1. Pressupostos Intrínsecos ....................................................................................... 19 3.2. Pressupostos Extrínsecos .....................................................................................23 4. Disposições Gerais do CPC sobre os Recursos ..........................................................27 4.1. Recolhimento do Preparo em Caso de Pedido de Gratuidade de Justiça e Recorribilidade da Decisão que Indefere a Gratuidade .................................................. 41 Questões de Concurso ..................................................................................................44 Gabarito .......................................................................................................................54 Gabarito Comentado .....................................................................................................55 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL ApresentAção Olá, querido(a) aluno(a) do Gran Cursos Online! Espero encontrá-lo muito bem! Neste cur- so, apresento-lhe várias aulas autossuficientes de direito processual civil, com o objetivo de lhe disponibilizar, de forma prática e completa, o substrato de conteúdo necessário para ter o melhor desempenho possível na prova. Esta aula, assim como as demais aulas em PDF, foi elaborada de modo que você possa tê-la como fonte autossuficiente de estudo, isto é, como um material de estudo completo e capaz de possibilitar um aprendizado tão integral quanto outros meios de estudo. A preferência por aulas em PDF e/ou vídeos pertence a cada aluno, que, individualmente, avalia suas facilidades e necessidades, a fim de encontrar seus meios de estudo ideais. Dessa forma, o aluno pode optar pelo estudo com aulas em PDF e vídeos, ou somente com um ou outro meio. Aqueles que preferem estudar somente com materiais em PDF terão o privilégio de contar com as aulas em PDF autossuficientes do nosso curso, a exemplo desta aula. De qualquer forma, nada impede que as aulas em PDF sejam utilizadas como fonte de estudos de forma aliada com as aulas em vídeo do Gran Cursos Online. Tudo depende, unicamente, da prefe- rência de cada aluno. Nesta aula, estudaremos especialmente os seguintes tópicos de Direito Processual Civil: • Teoria geral dos recursos (princípios, efeitos e pressupostos de admissibilidade); • Disposições gerais do CPC sobre os recursos. Obs.: � em nosso curso, o estudo dos recursos é dividido em três aulas. Os outros tópicos do conteúdo são abordados, portanto, nas demais aulas. A aula é acompanhada de exercícios selecionados e reunidos de modo a abranger todos os pontos importantes da aula, a fim de que seu conhecimento seja ainda mais solidificado. O número de exercícios é determinado de acordo com dois parâmetros: complexidade do con- teúdo e número de questões de concursos existentes. Por resultado, o número de exercícios disponibilizados é determinado de modo que seu conhecimento sobre os temas seja efetiva- mente testado e fixado, mas sem que haja uma repetição obsoleta. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL Nosso curso possibilita a avaliação de cada aula em PDF de forma fácil e rápida. Con- sidero o resultado das avaliações extremamente importante para a continuidade da pro- dução e edição de aulas, como fonte fidedigna e transparente de informações quanto à qualidade do material. Peço-lhe que fique à vontade para avaliar as aulas do curso, demonstrando seu grau de satisfação relativamente aos materiais. Seu feedback é importantíssimo para nós. Caso você tenha ficado com dúvidas sobre pontos deste material, ou tenha constatado algum problema, por favor, entre em contato comigo pelo Fórum de Dúvidas antes de realizar sua avaliação. Procuro sempre fazer todo o possível para sanar eventuais dúvidas ou corrigir quaisquer pro- blemas nas aulas. Cordialmente, torço para que a presente aula que seja de profunda valia para você e sua prova, uma vez que foi elaborada com muita atenção, zelo e consideração ao seu esforço, que, para nós, é sagrado. Caso fique com alguma dúvida após a leitura da aula, por favor, envie-a a mim por meio do Fórum de Dúvidas, e eu, pessoalmente, a responderei o mais rápido possível. Será um grande prazer verificar sua dúvida com atenção, zelo e profundidade, e com o grande respeito que você merece. Bons estudos! Seja imparável! O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL RECURSOS – PARTE I 1. princípios GerAis dos recursos Os recursos são guiados por alguns princípios. Alguns desses princípios têm aplicabilida- de em todos os momentos do processo, enquanto outros são aplicáveis em algumas circuns- tâncias específicas, que nem sempre se verificam. Os doutrinadores costumam divergir consideravelmente na listagem dos princípios que norteiam os recursos. Portanto, direcionarei o enfoque aos princípios maiscobrados em provas. PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE (ou SINGULARIDADE): contra uma decisão judicial específica, se couber recurso, haverá um único recurso cabível. Não será possível a interpo- sição de dois ou mais recursos contra a mesma decisão ao mesmo tempo. Cada recurso tem uma função específica, uma natureza. Exemplo: contra uma sentença de primeira instância eivada de omissão, é cabível a oposição de Embargos de Declaração. Este recurso não pode ser interposto juntamente com uma ape- lação, por exemplo, pois este tem por finalidade a reanálise da matéria pelo tribunal, e aquele, a reanálise da matéria pelo próprio juiz. PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE: o recurso deve ser discursivo e dialético, indicando quais são os segmentos da decisão que deseja impugnar e as razões que justificam tal impugnação. A construção do recurso (indicação das partes impugnadas e das razões recursais) é fundamental para viabilizar uma boa análise de validade e justiça da decisão recorrida pelo juízo recursal. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE: em regra, os recursos são interpostos somente em ra- zão da vontade das partes. Logo, a matéria decidida não será reanalisada a menos que algu- ma das partes apresente o recurso cabível. Uma exceção a esse princípio é a remessa necessária (art. 496 do CPC), que consiste em enviar ao Tribunal, para reanálise obrigatória, decisões que condenem pessoas jurídicas de direito público a pagarem obrigações de determinado valor: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL • União, autarquias federais e fundações públicas federais: a partir de 1000 salários mínimos; • Estados, Municípios que sejam Capitais de Estados e suas autarquias e fundações pú- blicas: a partir de 500 salários mínimos; • Municípios em geral e suas autarquias e fundações públicas: a partir de 100 salários mínimos. O § 4º do art. 496 do CPC ainda estabelece casos em que, independentemente do valor da condenação em desfavor do ente público, a remessa não será necessária. Veja o que dispõe tal norma: § 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em: I – súmula de tribunal superior; II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em jul- gamento de recursos repetitivos; III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV – entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. Exemplo: mesmo que a União seja condenada em um bilhão de reais numa ação (muito mais que 1000 salários mínimos), se o entendimento utilizado para a condenação estiver respal- dado em orientação vinculante firmada no âmbito administrativo de um órgão da própria União (manifestação, parecer ou súmula administrativa, desde que de caráter administrati- vamente vinculante), não haverá necessidade de remessa necessária (redundância proposi- tal) pela instância superior. PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE: todas as espécies de recursos que podem ser interpostos devem estar expressamente previstos em lei. Não é possível a criação de recursos para casos concretos específicos, nem a conjugação de elementos de vários recursos para formar um só. Cada recurso deve ser regrado por disposições legais específicas e ser devidamente previsto na legislação processual. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL DICA! O rol de recursos previstos em lei é fechado/taxativo/numerus clausus. PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS: em regra, a parte que recorrer não poderá ter o mérito da decisão piorado contra ela própria, a menos que a parte contrária tam- bém recorra com relação ao mesmo objeto da ação. Isso quer dizer que, dentre as minhas alegações em grau de recurso, eu não posso ter minha situação piorada com base em minhas próprias argumentações. Existe uma exceção a esse princípio: as questões de ordem pública, que podem ser acolhidas em qualquer tempo e grau de jurisdição, inclusive de ofício pelo Poder Judiciário. Exemplo: João teve parte de seus pedidos acolhidos e parte julgada improcedente. João interpõe apelação a fim de ganhar, também, os pedidos que perdeu. O tribunal, analisando seu recurso, percebe que existe ação idêntica à de João (mesmas partes, causa de pedir e pedidos) pendente de julgamento no mesmo tribunal, o que configura litispendência. Logo, o tribunal, ao julgar a apelação de João, pode extinguir o seu processo sem resolução do mérito com fundamento em litispendência. Este é um caso de reforma da decisão em prejuízo do recorrente (reformatio in pejus). Perceba que, apesar de a situação de João ser piorada no bojo da análise de seu próprio recurso, os argumentos utilizados pelo tribunal são diferentes daqueles utilizados por João em seu favor. A verificação de litispendência, por ser questão preliminar processual e de or- dem pública, pode ser conhecida de ofício pelo Judiciário. Obs.: � este exemplo de exceção ao princípio da proibição da reformatio in pejus também é válido como exemplo de efeito translativo, que é um efeito dos recursos, que estuda- remos adiante. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE (ou CONVERSIBILIDADE): em alguns casos, o equívoco da interposição de um recurso inaplicável ao caso pode ser sanado pelo recebimento desse re- curso errado como se ele fosse o recurso certo. Trata-se de receber um recurso errado como se fosse outro: o recurso correto. O órgão julgador percebe que a matéria alegada pelo recor- rente geralmente é abordada em recurso diferente daquele que ela interpôs/opôs. Exemplo: no tribunal, a parte opõe embargos de declaração contra a decisão do relator, mas o relator recebe esse recurso como agravo interno, tendo em vista os fundamentos do recurso, que se amoldam muito mais ao agravo interno do que aos embargos de declaração. Este é o exemplo sustentado na Súmula 421, item II do TST: “Se a parte postular a revisão no mérito da decisão monocrática, cumpre ao relator converter os embargos de declaração em agravo, em face dos princípios da fungibilidade e celeridade processual, submetendo-o ao pronunciamento do Colegiado, após a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º, do CPC de 2015.” Se você não estiver entendendo a diferença entre as espécies de recursos neste momento, fique tranquilo: ao longo das aulas sobre recursos, estudaremos todas as espécies de recur- sos cabíveis, com seus requisitos e pressupostos específicos. O Princípio da Fungibilidade não se aplica em casos de erros grosseiros, que são erros injus- tificáveis e impossíveis diante do bom-sensoe da mínima lógica processual. Exemplo de erro grosseiro seria a interposição de recurso especial quando, na verdade, o recurso cabível seria a apelação. Estas duas espécies de recursos têm requisitos muito diferentes, inconfundíveis, especialmente no que tange ao tribunal competente para apreciar cada um. Dou-lhe um exemplo de erro grosseiro muito comum na jurisprudência do STF: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ESPECIAL. ERRO GROSSEIRO. NÃO APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL DA FUNGIBILIDADE. PRECEDENTES DESTE STJ. AGRAVO DESPROVIDO. I - “Consti- tui erro grosseiro a interposição de recurso especial contra o acórdão denegatório de habeas corpus, em lugar do recurso ordinário constitucional cabível” (AgInt no AREsp n. 1.351.801/SP, Quinta Turma, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 15/02/2019). Precedentes. Agravo regimental desprovido. (STJ - AgRg no RHC: 109761 SP 2019/0077029-1, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 07/05/2019, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 13/05/2019) DICA! A jurisprudência nunca aceita a aplicação do princípio da fun- gibilidade entre um recurso de natureza ordinária (como ape- lação e recurso ordinário) e outro de natureza extraordinária (como recurso especial ou extraordinário). Você sabe quais são os recursos de natureza ordinária e extraordinária? Os recursos de natureza ordinária são aqueles que permitem a discussão sobre qualquer questão do processo: seja matéria de fato (fatos narrados no processo), seja matéria de direi- to (texto de lei, Constituição, ato normativo etc.). Os recursos de natureza ordinária devolvem ao tribunal julgador todas as questões de fato e de direito para reanálise. Já os recursos de natureza extraordinária são os que não cabem em qualquer situação. Para serem cabíveis, deve haver o preenchimento de requisitos especiais. Ademais, a matéria suscetível de apreciação em grau de recurso de natureza extraordinária não é livre: é aquela delineada na lei ou na Constituição. Exemplo: o recurso extraordinário somente é cabível nas hipóteses do art. 102, inciso III da Constituição Federal: causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recor- rida contrariar dispositivo desta Constituição, declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal, julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição ou julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Não é possível, em sede de recurso extraordinário (RExt), rediscutir fatos e provas, como numa apelação. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO: antes de conceituar este princípio, devo alertar que ele tem sido interpretado como relativo, e não absoluto. Essa “relatividade” de- ve-se à majoritária interpretação de que o duplo grau de jurisdição NÃO É um princípio de hierarquia constitucional. Os que defendiam a natureza constitucional deste princípio diziam que ele estava implíci- to no art. 5º, LV, da Constituição, que diz: “aos litigantes, em processo judicial ou administra- tivo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. A necessidade de respeito ao duplo grau de jurisdição, segundo eles, devia-se à garantia dos “recursos” inerentes ao contraditório e à ampla defesa. Essa tese não tem prevalecido na doutrina e na jurisprudência, que só reconhece a na- tureza constitucional do Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa, que é um princípio da teoria geral do processo. Professor, e o princípio do duplo grau de jurisdição? Que natureza ele teria, afinal de con- tas? Tal princípio, caro(a) aluno(a), tem natureza infraconstitucional. O direito processual bra- sileiro é estruturado de modo a permitir a recorribilidade de quase todas as decisões judiciais. Portanto, tal princípio tem servido como “inspiração” para a criação dos recursos. 2. efeitos dos recursos Antes de estudar as conceituações dos efeitos dos recursos, é importante conhecer dois termos técnicos em latim, muito envolvidos nos conteúdos referentes aos recursos: • Juízo a quo: órgão judicial que proferiu a decisão recorrida e remete o recurso à instân- cia superior (Juízo Inicial); • Juízo ad quem: órgão judicial que analisará o recurso interposto e remetido (Juízo Final). O efeito principal e mais notável nos recursos trabalhistas é o Efeito Devolutivo. Abaixo, conceituá-lo-ei. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL 2.1. efeito devolutivo EFEITO DEVOLUTIVO: toda a matéria envolvida pelo recorrente em seu recurso é devolvida ao juízo ad quem, para reanálise das questões. O efeito devolutivo alcança somente as partes da decisão impugnadas pelo recorrente. Frequentemente, chama-se o efeito devolutivo de efeito devolutivo em profundidade. A profundidade do efeito devolutivo é interpretada do seguinte modo: o juízo ad quem recebe em devolução toda a matéria envolvida pelo recorrente no recurso, inclusive com todos os fundamentos trazidos na petição inicial e na contestação, mesmo que a sentença não tenha adotado tais fundamentos e ainda que as contrarrazões do recurso não mencionem tais fundamentos. 2.2. efeito suspensivo EFEITO SUSPENSIVO: o efeito suspensivo é uma exceção nos recursos, só podendo ser concedido em restritas hipóteses legais. O efeito suspensivo consiste na suspensão dos efei- tos da decisão recorrida até que o juízo ad quem julgue o recurso interposto para decidir se reforma, ou não, a decisão recorrida. No CPC de 1973, era usual a ação cautelar para pedir efeito suspensivo a algum recurso. Com o CPC de 2015, a regra muda. A apelação, recurso mais comum de natureza ordinária, possui efeito suspensivo como regra geral. Em algumas hipóteses, ele não terá efeito suspensivo (§ 1º do art. 1.012). Já os demais recursos, como regra geral, possuem efeito meramente devolutivo. No caso da apelação com efeito devolutivo (com base em alguma hipótese do § 1º do art. 1.012), o pedido de efeito suspensivo pode ser feito no próprio processo, desde que demons- trados alguns pressupostos (previstos no art. 1.012, § 4º, do CPC). Tais pressupostos são alternativos, isto é, pode ser preenchido tanto um quanto outro. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL DICA! 1) Probabilidade de provimento do recurso OU 2) Fundamentaçãodo recurso é relevante, E há risco de dano grave ou de difícil reparação Ou a parte demonstrará as razões que levam a crer que o recurso provavelmente será pro- vido, ou demonstrará risco de dano grave ou de difícil reparação, apoiando-se em fundamen- tação relevante. Como esses requisitos envolvem alguns conceitos jurídicos indeterminados (relevância), caberá ao órgão julgador determinar o conteúdo dessa “relevância”. Nos recursos em geral (providos de efeito meramente devolutivo como regra), os requisi- tos para a obtenção de efeito suspensivo são distintos. Eles constam do parágrafo único do art. 995, que dispõe: Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. Veja: nos recursos em geral (exceto a apelação, que tem requisitos diferenciados), os re- quisitos para obtenção de efeito suspensivo são diferentes e cumulativos: além de demons- trar o risco de dano grave em decorrência da imediata produção dos efeitos da decisão, a parte recorrente deverá demonstrar a probabilidade de provimento do recurso. A probabilidade de provimento pode ser relacionada ao recurso baseado em tese de am- plo acolhimento da jurisprudência e na doutrina. A fundamentação relevante, quando o pro- vimento não for provável, geralmente refere-se a premissas de fato convincentes à luz de um caso concreto, embora não consagradas na jurisprudência nem na doutrina. 2.3. efeito trAnslAtivo EFEITO TRANSLATIVO: este efeito já foi citado anteriormente como uma exceção ao prin- cípio da proibição da reformatio in pejus. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL Quando o juízo ad quem analisa o recurso interposto, bem como as contrarrazões da parte recorrida, ele pode verificar a existência de questões de ordem pública no processo, que possam ser inclusive resolvidas de ofício pelo órgão, independentemente de requerimento de qualquer das partes. Casos de questões de ordem pública são vários, destacadamente coisa julgada, litispen- dência, ausência de pressupostos processuais, falta de interesse processual, dentre outros. Se o juízo ad quem constatar a existência de qualquer dessas questões de ordem pública, ele poderá se manifestar sobre ela de imediato, sem que essa manifestação acarrete vício na decisão por ser “ultra, extra ou citra petita”. Repetirei o exemplo dado na descrição de um dos princípios estudados acima: Exemplo: João teve parte de seus pedidos acolhidos e parte julgada improcedente. João interpõe apelação a fim de ganhar, também, os pedidos que perdeu. O tribunal, analisando seu recurso, percebe que existe ação idêntica à de João (mesmas partes, causa de pedir e pedidos) pendente de julgamento no mesmo tribunal, o que configura litispendência. Logo, o tribunal, ao julgar a apelação de João, pode extinguir o seu processo sem resolução do mérito com fundamento em litispendência. Este é um caso de reforma da decisão em prejuízo do recorrente (reformatio in pejus). 2.4. efeito substitutivo EFEITO SUBSTITUTIVO: a decisão proferida pelo juízo ad quem, em grau de recurso, subs- titui a decisão de mérito proferida pelo juízo recorrido. Cuidado: essa “substituição” tem muito a ver com mérito. Trata-se de substituir uma decisão de mérito por outra, que pode escolher razões melhores e fundamentos jurídicos melhores para aquele caso concreto em análise. Também será caso de efeito substitutivo quando a decisão do órgão recursal conhece do recurso, mas mantém os exatos termos da decisão proferida em primeiro grau. Essa mera confirmação também tem conteúdo de substituição, pois é como se a autoridade da decisão recorrida fosse aumentada com a confirmação de um órgão hierarquicamente superior. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL Para sintetizar: Se a decisão judicial recorrida for anulada por vício de natureza processual, como erro no pro- cedimento (ausência de audiência de conciliação, cerceamento de defesa etc.), NÃO OCOR- RERÁ efeito substitutivo. Nesse caso, a decisão será anulada, e não haverá nem confirmação de seus termos e nem substituição por mérito distinto. 2.5. efeito extensivo EFEITO EXTENSIVO: o recurso interposto por uma das partes poderá ser aproveitado pe- los litisconsortes dessa parte recorrente, a menos que os interesses dos litisconsortes sejam distintos/opostos. Este efeito tem previsão no art. 1.005 do CPC: Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL Alguns doutrinadores, como Bezerra Leite, dizem que o efeito extensivo só tem aplicabili- dade no caso de litisconsórcio unitário, que é aquele em que a decisão judicial deve ser igual (uniforme) para todos os litisconsortes. Veja que o próprio nome já indica o conceito do efeito: as razões do recurso estendem-se aos litisconsortes do recorrente, se os interesses destes não forem conflitantes com os do recorrente. Exemplo: Ronaldo é condenado a pagar a integralidade dos pedidos postulados por Zezi- nho, autor. O polo passivo dessa reclamação foi ocupado por Ronaldo e pela empresa XYX, litisconsorte passiva. Se somente Ronaldo interpuser apelação, a empresa XYZ poderá aproveitar os termos do recurso de Ronaldo, se os interesses desta empresa foram alinhados aos interesses de Ronal- do (exemplo: provimento do recurso para julgar indevidas todas as pretensões postuladas pelo autor Zezinho). Todavia, se Ronaldo suscitar em recurso questões conflitantes com os interesses da empresa XYZ, esta não aproveitará o recurso interposto. Imagine que Ronaldo peça em recurso que toda a responsabilidade pelo pagamento da condenação seja da empresa XYZ. Neste caso, é evidente que o efeito extensivo não ocorrerá, pois as razões do recurso não se estenderão à empresa XYZ. 2.6. efeito reGressivo EFEITO REGRESSIVO: este efeito ocorre sempre que o juiz resolve retratar-se de uma de- cisão proferida anteriormente, reconsiderando-a e modificando seus termos. Basicamente, o juiz regride, volta atrás. A previsão legal para este “regresso” consta dos arts. 331 e 332 do CPC. Nestas hipóteses específicas (indeferimento da petição inicial ou improcedência liminar do pedido e subse- quente interposição de apelação), o juiz terá 5 dias para retratar-se. 2.7. efeito expAnsivo EFEITO EXPANSIVO: este efeitoteve origem na Teoria da Causa Madura. Tal teoria enuncia que o órgão competente para julgar o recurso poderia, desde logo, apreciar o mérito das O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL questões do processo quando o juízo a quo nem mesmo tenha entrado nesse mérito. Essa atitude só poderia ser tomada pelo órgão recursal (ad quem) se a matéria a ser decidida de imediato fosse unicamente de direito ou, se fosse de fato, já houvesse ampla e suficiente di- lação probatória sobre o fato. Em palavras técnicas, o juízo ad quem só poderia fazer isso se o processo já estivesse em condições de imediato julgamento. Exemplo: Tiago ajuíza ação contra Rocha Construções, postulando pagamento por contrato de empreitada. Após o término da instrução processual com ampla produção de provas, a reclamação de Tiago é extinta sem resolução do mérito, porque o juiz entendeu haver coisa julgada, uma vez que já tinha tramitado processo anterior com as mesmas partes, que deram quitação integral uma à outra quanto ao contrato mantido. Todavia, esse processo anterior tinha como autor uma pessoa homônima de Tiago, isto é, com iguais prenome e sobrenome, fato que levou o juiz a confundir-se. Tiago interpõe apelação. Neste caso, o tribunal, verificando que realmente não existe coisa julgada, pode julgar imediatamente o mérito do processo (procedência ou improcedência dos créditos postulados por Tiago), pois há plenas condições de imediato julgamento da causa, uma vez que toda a instrução probatória se esgotou e as partes declararam não ter outras provas a produzir. No CPC, o efeito expansivo tem previsão no art. 1.013, §§ 3º e 4º: § 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I – reformar sentença fundada no art. 485* [*extinção do processo sem resolução do mérito]; II – decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir* [*sentença ultra petita, extra petita ou citra petita]; III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV – decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. § 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possí- vel, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau. Para sintetizar: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL 2.8. efeito diferido EFEITO DIFERIDO: basicamente, o efeito diferido consiste no fato de a parte recorrer, após a sentença final, impugnando matéria decidida antes da sentença, isto é, em momento pro- cessual anterior. Nem todas as decisões interlocutórias são impugnáveis de imediato no processo civil. Muitas delas podem ser objeto de agravo de instrumento, desde que se enquadrem em uma das hipóteses do art. 1.015 do CPC. Nos demais casos, todavia, a decisão interlocutória não poderá ser objeto de recurso imediato. Quando a decisão interlocutória não puder ser impugnada de imediato, sua impugnação deverá ser feita nas razões do recurso cabível contra a sentença definitiva, ou seja, nas razões da apelação. Logo, vê-se que a impugnação da decisão interlocutória, quando não impugnável por agravo de instrumento, é diferida, isto é, postergada por necessidade. Veja: a apelação pode ser interposta para atacar a sentença, correto? O efeito diferido consiste na impugnação de uma decisão judicial proferida antes mesmo dessa decisão recor- rida (sentença). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL 2.9. efeito obstAtivo EFEITO OBSTATIVO: quando um recurso é interposto, ele obsta, isto é, impede que a deci- são impugnada transite em julgado. Logo, o trânsito em julgado somente ocorrerá depois que nenhum recurso for interposto contra a última decisão proferida no processo. 3. pressupostos de AdmissibilidAde Pressupostos de admissibilidade dos recursos são elementos que devem ser demonstra- dos para que o recurso possa ser conhecido pelo juízo ad quem. São elementos sem os quais os recursos não podem prosseguir, isto é, não podem ser admitidos. Na teoria geral dos recursos, estuda-se que o Tribunal, ao julgar o recurso, declarará se ele foi conhecido e, após, se foi provido. Apresento a diferença entre esses dois fenômenos: CONHECIMENTO do Recurso: o recurso é conhecido quando preenche todos os pressu- postos de admissibilidade (intrínsecos e extrínsecos), os quais estudaremos neste capítulo da aula. O conhecimento do recurso é uma fase que não adentra no seu mérito: somente analisa os requisitos formais previstos em lei para que o órgão julgador admita analisar o teor do recurso. DICA! Quando o órgão julgador diz “conheço do recurso” é o mesmo que se ele dissesse “admito o recurso”. PROVIMENTO do Recurso: o recurso, já conhecido, apresenta razões jurídicas que se direcionam a convencer o juízo ad quem a concordar com a parte recorrente e substituir a decisão recorrida. Conclusão: um recurso pode ser conhecido, mas, mesmo assim, não provido. Isso ocorre quando o recurso é admitido, por conter todos os pressupostos de admissibilidade, mas as razões recursais não convencem o órgão julgador, e a decisão recorrida acaba sendo manti- da, e o recurso, desprovido. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL Já mencionei acima que os pressupostos de admissibilidade podem ser INTRÍNSECOS ou EXTRÍNSECOS. Esses pressupostos devem ser preenchidos em conjunto, sob pena de o recurso não ser conhecido (inadmitido). Não basta preencher os intrínsecos: deve a parte preencher os extrínsecos, e vice-versa. Abordarei tais pressupostos em subcapítulos específicos abaixo. 3.1. pressupostos intrínsecos 3.1.1. Cabimento Os únicos recursos cabíveis – isto é, suscetíveis de interposição – são aqueles expressa- mente enumerados em lei (art. 994 do CPC). Ademais, para cada decisão específica, cabe um recurso específico. A sentença, por exemplo, é impugnável por apelação, quando a reanálise for de respon- sabilidade do tribunal (art. 1.009, caput), ou por embargos de declaração, quando a reanálise for encargo do mesmo juiz prolator, em razão de omissão, contradição, obscuridade ou erro material no julgado (art. 1.022, caput). Não é possível que as partes “negociem” para criar recursos não previstos em lei. Trata-se do princípio da taxatividade: todos os recursos cabíveis, e as decisões suscetíveisde recurso, são literalmente previstos na legislação processual, seja no CPC, seja em lei especial. Agora, apresentarei a você o Enunciado n. 20 do FPPC, que enumera alguns objetos ilíci- tos e impossíveis de negociação com base no art. 190. Confira: Enunciado n. 20 do FPPC Não são admissíveis os seguintes negócios bilaterais, dentre outros: acordo para modi- ficação da competência absoluta, acordo para supressão da primeira instância, acordo para afastar motivos de impedimento do juiz, acordo para criação de novas espécies recursais, acordo para ampliação das hipóteses de cabimento de recursos. Veja: supressão de instância, afastamento de impedimento e criação de novos recursos, por exemplo, são ferramentas totalmente dissonantes da organização judiciária brasileira, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL que, se levadas a efeito, prejudicariam muito os demais cidadãos que não tiveram tais ferra- mentas para a persecução de seus direitos. Ademais, se todas as partes dispuserem sobre prerrogativas que alterem a organização judiciária e as normas de ordem pública, passaria a existir um direito processual para cada parte, e a prestação jurisdicional do Estado seria praticamente impossível e, quase sempre, se procederia de forma nula. 3.1.2. Legitimidade A legitimidade, no processo, deve ser compreendida como legitimidade para a causa (le- gitimidade ad causam). Deve o autor, assim como o réu, ser legalmente autorizado a requerer a tutela do direito envolvido no conflito de interesses. Aplica-se a mesma lógica à legitimidade recursal, quando o recurso for interposto por uma das partes. Nos casos em que a lei permitir que terceiras pessoas interponham recursos, a legitimidade recursal terá um fundamento distinto: autorização legal pura e expressa, e não legitimidade para pleitear. Quando inerente ao autor, toma-se o termo LEGITIMIDADE ATIVA (do polo ativo – autor) Se pertinente ao réu, usa-se o termo LEGITIMIDADE PASSIVA (do polo passivo – réu) Legitimidade recursal é a habilitação dada por lei à pessoa que, por estar em determinada condição, pode apresentar recurso contra a decisão judicial. Dentre outros, os principais ca- sos de legitimados pela lei para recorrer são: • As próprias partes; • O terceiro prejudicado, quando demonstrar o nexo de dependência entre o interesse alegado e a relação jurídica resolvida na decisão sujeita a recurso; • Os litisconsortes e assistentes; • O Ministério Público, nas causas em que for parte ou atuar como fiscal da lei, ou em quaisquer das hipóteses em que a lei permita sua atuação; • O substituto processual; • O sucessor ou herdeiro; • A pessoa condenada solidária ou subsidiariamente. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL 3.1.3. Interesse O entendimento do que é o “interesse recursal” começa da análise da essência do inte- resse processual propriamente dito, como condição para o ajuizamento das ações. Em razão disso, é necessária uma breve abordagem do interesse processual. Tradicionalmente, chama-se o interesse processual de interesse de agir. Portanto, é pos- sível que você veja em provas esta condição com os nomes “interesse”, “interesse de agir” ou “interesse processual”. O interesse existirá quando o autor da ação completar um binômio técnico: necessidade + adequação. Explicarei cada um destes itens. • NECESSIDADE: a ação deve ser necessária e útil para que o direito seja protegido, res- taurado ou compensado. Se a proteção, restauração ou compensação do direito for perfeitamente possível sem o ajuizamento de ação, não existirá necessidade; logo, não existirá interesse; Exemplo: a ação de consignação em pagamento só é necessária quando o credor de uma dívida se recusa a receber, desaparece, dentre outras hipóteses. Se o credor da dívida estiver disponível e colaborando para receber seu crédito, o devedor não terá interesse para o ajui- zamento da ação de consignação em pagamento, em razão de a medida judicial ser desne- cessária. • ADEQUAÇÃO: não basta que o autor tenha a necessidade de buscar o Judiciário: ele deve escolher o meio processual legalmente adequado para a tutela de seu direito. Se o autor procurar a tutela de seu direito por meio de uma espécie incorreta de ação, ou por uma ferramenta inapropriada, sua pretensão não poderá ter seguimento, em razão de a via processual por ele escolhida ser inadequada; logo, o autor não terá interesse processual, em razão de a medida processual eleita ser incorreta (inadequada). Exemplo: José, condenado numa ação indenizatória, depois de um ano do trânsito em julgado da ação, pretende desconstituir a sentença que o condenou. Para isso, José ajuizou uma ação comum de revisão, enquanto, na verdade, deveria ajuizar ação rescisória, que é uma ação O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL especialmente destinada à desconstituição da coisa julgada. Ao ajuizar uma ação de procedi- mento comum em primeira instância, José elegeu uma via processual inadequada; logo, José não tem interesse processual. Obs.: � é possível que o autor tenha necessidade, mas não tenha interesse, uma vez que a necessidade deve aliar-se à adequação do meio processual escolhido (ação adequa- da) para ter interesse de agir (interesse processual), no sentido técnico da palavra. Agora, aplique a lógica da necessidade e da adequação à sistemática dos recursos: o su- jeito recorrente deve demonstrar que tem um real e efetivo interesse na reanálise da decisão recorrida. Se ele não tiver nada a aproveitar com o reexame da matéria, ele não terá interesse recursal. Interesse recursal consiste na real possibilidade de eventual substituição da decisão recorrida favorecer seus interesses. Ademais, o recurso interposto deve ser adequado à matéria impugnada. O recurso espe- cial, por exemplo, somente pode ser interposto contra decisões dos Tribunais de Justiça e Tri- bunais Regionais Federais, proferidas em única ou última instância. Eventual recurso especial interposto contra sentença de primeiro grau será uma medida inadequada. Exemplo: se a sentença julgou parcialmente procedentes os pedidos do autor, ambas as partes terão interesse recursal: uma, para tentar a procedência de todos os pedidos; outra, para tentar a improcedência dos demais pedidos. Exemplo prático: Alessandra ajuíza ação contra a empresa Mel Azul. O juiz extingue o processo sem resolu- ção do mérito porque Alessandra não preencheu os pressupostos processuais. A empresa, mesmo assim, resolveu recorrer ao tribunal para que fosse declarada a prescrição total e extintiva de todos os direitos de Alessandra decorrentes da extinta relação jurídica. A empresa recorreu alegando prescrição com fundamento no art. 1.013, § 4º, do CPC, que trata do efeito expansivo (teoria da causa madura), que permite ao Tribunaldecidir desde logo sobre prescrição, mesmo que o juiz não tenha se pronunciado. Neste contexto, a empresa, mesmo não tendo nenhum prejuízo em decorrência da extinção do processo sem resolução do mérito, demonstrou que tem interesse recursal por outras razões. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL No exemplo acima, você pôde perceber que o interesse recursal não precisa envolver valo- res, pedidos específicos ou procedência/improcedência. Ele pode ser representado por qual- quer coisa que, em abstrato, possa favorecer juridicamente a parte recorrente. Naquele caso, a pronúncia de prescrição das pretensões invocadas impossibilitaria o ajuizamento de nova ação por Alessandra, dando-se força de coisa julgada material à relação jurídica. 3.2. pressupostos extrínsecos 3.2.1. Tempestividade Cada recurso deve ser interposto no prazo que a lei lhe conferir. Toda espécie de recurso terá seu prazo. Por exemplo, a apelação deve ser interposta em 15 dias, os embargos de de- claração em 5 dias, o recurso extraordinário em 15 dias etc. Quanto ao prazo para interposição dos recursos, há vários detalhes. A partir do Novo CPC, é possível a interposição do recurso antes mesmo do início do prazo para sua interposição. É o que diz o art. 218, § 4º, do CPC: “Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.” Antes do CPC de 2015, considerava-se intempestivo (extemporâneo) o recurso interposto antes do início do prazo. Agora, o recurso só será intempestivo se for interposto após o térmi- no do prazo. Afinal de contas, o CPC de 2015 é fruto de evolução no pensamento processual, que preza muito mais pelo atingimento da finalidade do ato processual do que pela sua forma ou sua ordem. É neste sentido que se apresentam, também, os termos do Enunciado n. 22 do FPPC: Enunciado n. 22 do FPPC O Tribunal não poderá julgar extemporâneo ou intempestivo recurso, na instância ordi- nária ou na extraordinária, interposto antes da abertura do prazo. Há ainda outro grande detalhe a se ressaltar: o do art. 220 do CPC, que dispõe: Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive. 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Durante este período, os serventuários, juízes e demais usuários do serviço judiciário per- manecerão trabalhando. São os processos, particularmente, que ficam suspensos. Neste lapso temporal, também não se realizam audiências, e, nos tribunais, não se reali- zam sessões de julgamento. De 20/12 a 20/01, nenhum prazo processual correrá, com exceção dos previstos no art. 215 do CPC. Eles continuarão de onde pararam. Se, em 19/12, o prazo já estava em seu terceiro dia de contagem, o quarto dia de contagem será em 21/01, se esta data representar dia útil (se não for dia útil, o quarto dia será o primeiro dia útil subsequente). 3.2.2. Inexistência de Fato Extintivo ou Impeditivo do Direito de Recorrer Esses fatos extintivos e impeditivos são tratados na lei em torno de dois atos processuais. renúncia e desistência. A renúncia é um fato extintivo do direito de recorrer. Conforme o art. 999 do CPC, a renún- cia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte e pode ser feita de maneira expressa ou tácita. A renúncia expressa não guarda mistérios: consiste na declaração escrita ou oral em au- diência, registrada em ata, de que a parte não quer recorrer. Já a renúncia tácita consiste na aceitação da situação em que o processo se encontra, praticando-se ato incompatível com a vontade de recorrer (art. 1.000 do CPC). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL Exemplo: Pedro ajuizou ação contra Matias EIRELI, e o juiz julgou totalmente procedentes os pedidos de Pedro. O representante legal de Matias EIRELI, logo após a publicação da senten- ça, peticiona nos autos apresentando, em anexo, comprovante de pagamento do valor líquido a que foi condenado e pedindo a extinção do processo. O comportamento do reclamado é incompatível com a vontade de recorrer, pois ao pedir a extinção do processo em razão do pagamento ele indica que a decisão do juiz não merece reforma. Logo, se após seis ou sete dias a parte ré solicitar o desarquivamento do processo para o pro- cessamento da apelação, o recurso não poderá ser admitido, pois existe um fato extintivo do direito de recorrer: renúncia tácita (aceitação da decisão). Já a desistência é um fato impeditivo do direito de recorrer, pois esse direito chegou a ser exercido em momento anterior. A parte recorreu, mas manifesta ao juízo que não pretende que seu recurso seja analisado. O advogado só poderá sustentar a desistência se tiver poderes específicos para desistir (art. 105 do CPC). Entretanto, existem casos excepcionais que impedem que a desistência retire do Poder Judiciário o poder de analisar as razões do recurso. Tais casos estão previstos no art. 998, parágrafo único, do CPC: A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos. O reconhecimento de repercussão geral, no STF, assim como a seleção do recurso para ser julgado como modelo de recurso repetitivo pelo STJ, são questões de interesse social, maiores que o interesse das partes. Portanto, se o recurso já tiver sido reconhecido como de repercussão geral ou afetado para julgamento em sede de recursos repetitivos, ele será apreciado para fins de fixação da tese jurídica a ser utilizada no futuro como precedente. Por fim, a desistência pode ser expressa ou tácita. Será expressa quando o recorrente peticionar nos autos pedindo para que o recurso não tenha processamento, e que os autos O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL retornem à origem. Será tácita a desistência quando o recorrente, após a interposição do re-curso, praticar ato incompatível com a vontade de ver o recurso provido. DICA! Quando a prática de ato incompatível com a vontade de re- correr for antes da interposição do recurso, será caso de re- núncia. Quando a prática de ato incompatível com a vontade de recor- rer for depois da interposição, ficará configurada a desistên- cia, pois o direito de recorrer já foi exercido, e não há como um direito renunciado ser exercido. 3.2.3. Preparo O preparo é um pressuposto de admissibilidade diretamente relacionado ao dinheiro. Ba- sicamente, o preparo consiste no conjunto de despesas existentes para a interposição de recursos. Nos recursos do processo civil, existem basicamente duas despesas: as custas do recur- so e o porte de remessa e retorno. As custas de cada recurso são definidas na legislação aplicável ao tribunal competente para o julgamento do recurso. Em âmbito estadual, o valor das custas é estabelecido por leis estaduais. Muitos Estados fixam como base das custas um percentual sobre o valor da con- denação ou sobre o valor da causa. Obs.: � muitas vezes, a questão menciona o “preparo” querendo fazer menção às custas. Portanto, as custas para recorrer são, na prática, chamadas de “preparo”. O motivo? É que nem sempre o porte de remessa e retorno é devido. Explicarei. O porte de remessa e retorno é um valor destinado a cobrir os gastos do transporte dos autos físicos da unidade judiciária de origem para o tribunal, e vice-versa (remessa e retorno dos autos). Este valor também é fixado na legislação específica. Esta despesa não existirá quando os autos forem eletrônicos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL Sendo os autos eletrônicos, existirão, como “preparo”, somente as custas fixadas para o recurso. É por isso que, frequentemente, fala-se em “preparo” com o fim de se referir às custas, pois o porte de remessa e retorno somente é devido em processos que tramitem em meio físico. Obs.: � os valores das custas devidas nos processos da Justiça Federal são balizados na Lei Federal n. 9.289/96. Nesta lei, os valores são fixados em títulos monetários não mais existentes, mas os tribunais divulgam tabelas “atualizando” tais valores para a moeda corrente (real). Comentarei as regras específicas do CPC sobre o preparo no capítulo n. 4 desta aula, em que apresento comentários individualizados a cada dispositivo de lei. 3.2.4. Regularidade Formal Os recursos devem sempre assumir a forma escrita. Na Lei dos Juizados Especiais au- toriza-se a interposição de recursos por via oral, mas as razões recursais devem sempre ser reduzidas a termo escrito. Todos os recursos devem, além de ter forma escrita, vir acompanhados das razões recur- sais, com toda a fundamentação jurídica destinada a convencer o juízo ad quem a substituir a decisão recorrida. Juntamente às razões recursais, a parte deve expor, corretamente, qual é sua pretensão recursal: se é de reforma do julgado, anulação total ou parcial etc. 4. disposições GerAis do cpc sobre os recursos Neste capítulo, apresentarei comentários individualizados aos artigos que integram o ca- pítulo II do Título I do Livro III da Parte Especial do CPC, que trata das disposições gerais dos recursos. Nestes comentários, trabalharemos com profundidade cada regra, fazendo necessárias menções à parte teórica da aula e aprofundando em aspectos mais técnicos. Vamos lá! 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Portanto, somente os recursos mencionados no art. 994 é que podem ser interpostos, cada um em sua devida situação de cabimento. Ao estudarmos os recursos em espécie, abor- daremos as decisões impugnáveis por cada um deles. Uns deles destinam-se a atacar sen- tenças de primeiro grau; outros, a atacar acórdãos de tribunais; outros, a atacar decisões interlocutórias etc. O tradicional “recurso adesivo” não é um recurso propriamente dito. Na verdade, o “recurso adesivo” nada mais é que uma forma de interposição de outro recurso. No comentário ao art. 997, estudaremos como funciona o recurso adesivo. Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL A regra geral dos recursos é o efeito meramente devolutivo. Os recursos devolvem ao juí- zo ad quem a matéria debatida no processo, desde que pertinente ao recurso invocado. Nos recursos de natureza ordinária, o efeito devolutivo é profundo: devolve ao juízo ad quem (juízo destinatário do recurso) toda a matéria de fato e de direito discutida nos autos. Já nos recursos de natureza extraordinária, o efeito devolutivo é bem mais restrito à matéria de direito e à fundamentação do próprio recurso. Nos recursos em geral (exceto a apelação, que tem requisitos diferenciados), os requisitos para obtenção de efeito suspensivo (parágrafo único) são diferentes e cumulativos: além de demonstrar o risco de dano grave em decorrência da imediata produção dos efeitos da deci- são, a parte recorrente deverá demonstrar a probabilidade de provimento do recurso. A probabilidade de provimento pode ser relacionada ao recurso baseado em tese de am- plo acolhimento da jurisprudência e na doutrina. A fundamentação relevante, quando o pro- vimento não for provável, geralmente refere-se a premissas de fato convincentes à luz de um caso concreto, embora não consagradas na jurisprudência nem na doutrina. Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Minis- tério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação ju- rídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. O rol de legitimados a interpor recurso não se esgota neste art. 996. Em outros dispositivos do CPC, preveem-se diversas hipóteses de legitimidade recursal, como a do assistente (art. 121). Abaixo, apresento-lhe rol com todos os sujeitos legalmente legitimados a interporrecurso: • As próprias partes; • O terceiro prejudicado, quando demonstrar o nexo de dependência entre o interesse alegado e a relação jurídica resolvida na decisão sujeita a recurso (quando a decisão atingir direito seu, conforme o parágrafo único); • Os litisconsortes e assistentes; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL • O Ministério Público, nas causas em que for parte ou atuar como fiscal da lei, ou em quaisquer das hipóteses em que a lei permita sua atuação; • O substituto processual; • O sucessor ou herdeiro; A pessoa condenada solidária ou subsidiariamente. Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exi- gências legais. § 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. § 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: I – será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; II – será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; III – não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível. O art. 997 trata do chamado recurso adesivo. Como esclarecido anteriormente, o recurso adesivo não é um recurso propriamente dito. Na verdade, o recurso adesivo nada mais é que uma forma de interposição de outro recurso. Quando uma das partes interpõe um recurso, é possível que a outra tome duas atitudes: • Interponha recurso autônomo, totalmente desvinculado do recurso da outra parte. Nes- te caso, mesmo que a outra parte desista do seu recurso ou tenha seu recurso inadmi- tido, o recurso da parte contrária será analisado; • Interponha o mesmo recurso, mas na modalidade adesiva, de modo que seu recurso será aderente ao recurso da outra parte, isto é, a ele vinculado. Neste caso, se o recurso da outra parte for inadmitido ou dele desistir o recorrente, a parte adversa não terá seu recurso adesivo analisado, pois ambos são diretamente dependentes um do outro. Ou se analisam os dois, ou não se analisa nenhum. Obs.: � a escolha entre interpor recurso autônomo (desvinculado do recurso da parte adversa) ou recurso adesivo (vinculado ao da parte adversa) é uma questão de estratégia proces- sual. Em alguns casos, a interposição de recurso somente é vantajosa se a parte con- trária também recorrer, e é exatamente nesta hipótese que o recurso adesivo tem lugar. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL O recurso adesivo somente será possível quando o recurso principal (da outra parte) for um destes: apelação, recurso especial ou recurso extraordinário. O recurso adesivo, portanto, terá forma de apelação, quando o recurso autônomo da parte contrária for apelação, e assim sucessivamente. Desta forma, fica claro o sentido do § 2º: “O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo dispo- sição legal diversa”. O prazo para a interposição de recurso na modalidade adesiva é o mesmo prazo das con- trarrazões recursais. Portanto, ao mesmo tempo em que correr o prazo das contrarrazões, correrá o prazo para a interposição do recurso adesivo. Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos. A desistência do recurso segue uma regra diferente daquela aplicável à desistência da ação, que depende de consentimento da parte contrária após a contestação. A desistência do recurso já interposto pode ser feita sem o consentimento da parte recor- rida ou de eventuais litisconsortes do recorrente. Somente o recorrente é capaz de desistir do recurso, por sua própria e soberana vontade. Quanto ao parágrafo único, cabe ressaltar que o reconhecimento de repercussão geral, no STF, assim como a seleção do recurso para ser julgado como modelo de recurso repetitivo pelo STJ, são questões de interesse social, maiores que o interesse das partes. Portanto, se o recurso já tiver sido reconhecido como de repercussão geral ou afetado para julgamento em sede de recursos repetitivos, ele será apreciado para fins de fixação da tese jurídica a ser utilizada no futuro como precedente. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL Nesta hipótese, o julgamento do mérito do recurso será válido para a formação do prece- dente judicial, mas não para o processo, eis que o recorrente desistiu do seu recurso. Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompa- tível com a vontade de recorrer. No item 3.2.2. desta aula, estudamos os arts. 999 e 1.000, que tratam da renúncia expres- sa ou tácita ao direito de recorrer. Remeto-lhe ao referido item para estudo aprofundado dos dispositivos. Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso. Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte. A decisão interlocutória é a decisão do juiz que pode, ou não, resolver o mérito, mas não põe fim à fase cognitiva. Já o despacho é qualquer ato praticado pelo juiz no processo, sem caráter decisório. O art. 1.001 é claríssimo e objetivo ao definir que os despachos não são recorríveis. O máximo que se pode fazer contra um despacho é um pedido de reconsideração, por simples petição, peça esta que não tem cunho recursal. As decisões interlocutórias são, em certas hipóteses, impugnáveis por agravo de instrumen- to. Todavia, não é sempre que uma decisão interlocutória pode ser objeto de recurso imediato. Nas hipóteses do art. 1.015 do CPC, as decisões interlocutórias podem ser objeto de agra- vo de instrumento. São elas: Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I – tutelas provisórias; II – mérito do processo; III – rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV – incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V – rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI – exibição ou posse de documento ou coisa; VII – exclusão de litisconsorte; VIII – rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX – admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; X – concessão, modificação ou revogação doefeito suspensivo aos embargos à execução; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL XI – redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ; XII – (VETADO); XIII – outros casos expressamente referidos em lei. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. Nos demais casos, todavia, a decisão interlocutória não poderá ser objeto de recurso imediato. Quando a decisão interlocutória não puder ser impugnada de imediato, sua impugnação deverá ser feita nas razões do recurso cabível contra a sentença definitiva, ou seja, nas razões da apelação. Logo, vê-se que a impugnação da decisão interlocutória, quando não impugnável por agravo de instrumento, é diferida, isto é, postergada por necessidade para momento posterior, no qual também serão analisadas as razões recursais contra a sentença. Lembra-se do efeito diferido? É neste momento que ele ganha aplicabilidade nos recursos. Veja: a apelação pode ser interposta para atacar a sentença, correto? O efeito diferido consiste na impugnação de uma decisão judicial proferida antes mesmo dessa decisão recor- rida (sentença). Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a socie- dade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intima- dos da decisão. § 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for proferida a decisão. Simples: o prazo recursal inicia-se quando o advogado da parte, ou seu representante judicial específico (Defensoria, Procuradoria, MP) por intimado da decisão sujeita a recurso. Quando a decisão recorrível for prolatada em audiência, será a data da audiência a data da ciência da decisão, e a partir dela se iniciará o prazo recursal (a contagem do prazo ocorrerá no primeiro dia útil subsequente). Obs.: � a forma de contagem dos prazos recursais é, no mais, igual à contagem dos demais prazos processuais. Caso queira rever este conteúdo, remeto-lhe à aula que trata da dos Prazos Processuais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL § 2º Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação. O art. 231 trata das regras de começo do prazo, a depender da forma como a parte foi intimada/citada. Para o entendimento do referido conteúdo, remeto-lhe à aula sobre a Comu- nicação dos Atos Processuais. No mais, registro que é possível, sim, que uma decisão sujeita a recurso seja proferida antes mesmo da citação de uma das partes. Imagine, por exemplo, as hipóteses de indeferi- mento da petição inicial e de improcedência liminar do pedido. § 3º No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial. Em processos eletrônicos, o recurso pode ser interposto com simples peticionamento nos autos eletrônicos, sem necessidade de intervenção do serventuário. Nos processos físicos, a interposição do recurso ocorrerá mediante protocolo da petição recursal na unidade judiciária, em conformidade com as regras locais. § 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem. § 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder- -lhes é de 15 (quinze) dias. Simples! § 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso. Você precisa fixar as seguintes regras: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL Feriados locais são os municipais e estaduais. Imagine que uma parte quer interpor ape- lação e o faz no último dia do prazo. No meio desse prazo, houve um feriado municipal (Dia do Município), e a unidade judiciária não teve expediente. Portanto, como o recurso de apelação deve ser interposto perante o juiz recorrido (para remessa ao tribunal), o prazo ficará suspenso durante o referido feriado local. O relator, no tribunal, ao efetuar o juízo de admissibilidade do recurso, pode não saber da existência do referido feriado municipal e inadmitir o recurso por intempestividade. Portanto, a parte tem o dever de, no prazo do recurso, atestar, expressamente, a existência do feriado local. A jurisprudência do STF é predominante no sentido de que não é possível conceder prazo à parte, em grau recursal, para que prove a existência do feriado local. A parte deve compro- vá-lo no ato de interposição do recurso, sob pena de arcar com as consequências da falta dessa prova1. Art. 1.004. Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de seu advogado ou ocorrer motivo de força maior que suspenda o curso do processo, será tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr novamente depois da intimação. Este artigo é muito simples de se entender. Vejamos em partes. Quando ocorrer motivo de força maior (desastre natural, pandemia etc.) que cause a sus- pensão do processo, eventual prazo para interposição de recurso, se estiver correndo na épo- ca da ocorrência do fato de força maior, voltará ao zero depois que a suspensão cessar. Quando uma das partes falecer, eventual prazo recursal em curso na data do falecimento voltará ao zero a fim de que o seu sucessor processual (normalmente o herdeiro ou o espólio) tenha o prazo integral para a interposição do recurso. 1 Precedente: (AgInt no AREsp 1077964/DF, Terceira Turma, DJe 05/04/2018). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 76www.grancursosonline.com.br Gustavo Deitos Recursos – Parte I DIREITO PROCESSUAL CIVIL Se o advogado de uma das partes vier a falecer, eventual prazo recursal em curso na data do óbito voltará ao zero para que o advogado que o suceder na causa tenha o prazo integral para a interposição do recurso. O fato de o prazo recursal voltar ao zero e ser devolvido à parte consiste no fenômeno da interrupção do prazo recursal. Interromper um prazo é fazê-lo voltar ao zero, como se ainda não tivesse corrido. Obs.: � seria doutrinariamente discutível a interrupção do prazo recursal em favor da parte cujo advogado falecer, mas que continuar representada por outro advogado. Afinal, o art. 112, § 2º do CPC dispensa até mesmo a comunicação
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