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Lei Orçamentária e Planejamento da Ação Governamental 1 Lei Orçamentária e Planejamento da Ação Governamental Created Tags D. Econômico e Financeiro Introdução Para que as ações do governo sejam efetivadas, é preciso que haja um planejamento financeiro; A CF estabelece que cada ente federativo deverá elaborar sua própria lei orçamentária, sua lei de diretrizes orçamentárias e seu plano plurianual; A Lei Orçamentária deverá trazer todas as receitas e todas as despesas previstas para um ano de exercício financeiro; A Lei de Diretrizes Orçamentárias conterá normas que regularão a elaboração da Lei Orçamentária; O Plano Plurianual é um orçamento previsto para durar 04 anos, com início, no caso da União, no 2º ano do mandato presidencial e com fim no 1º ano do mandato do Chefe do Executivo eleito nas eleições seguintes. March 24, 2024 331 PM Lei Orçamentária e Planejamento da Ação Governamental 2 O Orçamento Público (…) o orçamento público é de fundamental importância para o desenvolvimento do país. É uma lei de iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo Presidente da República, Governadores, Prefeitos) que estima, ou seja, prevê as receitas e fixa, determina, as despesas necessárias para viabilizar as ações do governo. Esta lei tem como objetivo atender às necessidades da população, procurando reduzir as desigualdades sociais e priorizando recursos em setores fundamentais, tais como: saúde, educação e infraestrutura. ENAP. Curso Básico em Orçamento Público. Mod. 01. p. 7. Funções do Orçamento Público Função Alocativa → direciona os recursos da economia em setores prioritários, buscando oferecer bens e serviços necessários para a sociedade; Função Distributiva → combate os desequilíbrios e as desigualdades sociais, buscando o desenvolvimento de regiões e classes menos favorecidas; Função Estabilizadora → visa elaborar o orçamento público de maneira que a economia cresça de forma sustentável, mantendo o nível de empregos elevado, o desenvolvimento do setor produtivo e o equilíbrio dos preços. Princípios Orçamentários Princípio da Anualidade → o orçamento público deve ser elaborado por um período determinado de tempo. No Brasil, o exercício financeiro coincide com o ano civil 1º de janeiro a 31 de dezembro); Lei Orçamentária e Planejamento da Ação Governamental 3 Princípio da Legalidade → as receitas arrecadadas e as despesas executadas devem estar previstas em lei; Princípio da Uniformidade → os métodos e dados devem ser homogêneos no decorrer dos anos; Princípio da Clareza → o orçamento deve ser claro e de fácil compreensão a qualquer cidadão; Princípio da Não Afetação da Receita → proíbe-se a vinculação de parcela de receita de impostos para atender a certos e determinados gastos; Princípio da Universalidade → todas as receitas e todas as despesas devem constar da lei orçamentária; Princípio do Equilíbrio → os valores das despesas autorizados em um ano devem ser compatíveis com a arrecadação das receitas; Princípio da Publicidade → os contribuintes devem ter acesso às informações orçamentárias; Princípio do Orçamento Bruto → todas as receitas e despesas devem constar no orçamento anual com seus valores brutos (integrais); Princípio da Exclusividade → a lei orçamentária deverá conter apenas dispositivos relacionados à fixação das despesas e à previsão das receitas públicas; Princípio da Unidade Orçamentária → o orçamento é uno, isto é, ele deve constar de uma única lei orçamentária. Tipos de Orçamento Público Orçamento Tradicional → desvinculado do planejamento; foco apenas em aspectos contábeis, com a previsão do valor e sua finalidade, prevendo apenas receitas e despesas; Orçamento de Desempenho → possui ênfase no desempenho organizacional final. Importa-se com qual objetivo do Poder Público; Orçamento Base Zero → há a necessidade de justificação de todo o orçamento no início de cada ciclo orçamentário. Não possui vinculação ao exercício anterior. Orçamento Programa → adotado no Brasil com a Lei 4.320/64. Há vinculação ao planejamento, com valorização de aspectos gerenciais e Lei Orçamentária e Planejamento da Ação Governamental 4 no alcance de resultados. Orçamento Participativo → não é um novo modelo de orçamento, apenas uma diferença no método de elaboração, com a participação popular, consulta prévia e direta aos cidadãos. Aplicado somente aos municípios; Orçamento Anticíclico → orçamento que se utiliza de uma estratégia econômica que visa combater as oscilações da economia. Busca-se ajustar os gastos públicos e as políticas fiscais de acordo com a fase do ciclo econômico, a fim de estabilizar a economia e promover a recuperação. Natureza Jurídica do Orçamento → é lei em sentido formal, e apenas prevê receitas e autoriza despesas. Receita e Despesa Pública A receita pública é o montante total em dinheiro recolhido pelo Tesouro Nacional, incorporado ao patrimônio do Estado, que serve para custear as despesas públicas e as necessidades de investimentos públicos. Em outras palavras, podemos afirmar que a receita é constituída pelos recursos obtidos pelo Estado, através da arrecadação dos tributos e de outras fontes (aluguéis de imóveis, multas, etc.), durante um determinado período financeiro (no caso do Brasil coincide com o ano civil). Esses recursos serão utilizados no planejamento e execução das despesas públicas que são da responsabilidade do Estado, com o objetivo de oferecer bens e serviços à sociedade. ENAP. Mod. 01. p. 9. Classificação de Receita Pública quanto ao Ponto de Vista Coercitivo Lei Orçamentária e Planejamento da Ação Governamental 5 Receita Originária → receitas oriundas da exploração do patrimônio do Estado, isto é, através da cobrança de preço ou tarifa decorrente da contraprestação de bens ou serviços. Ex. Bilhetes de ônibus. Receita Derivada → receitas obtidas pelo Estado a partir do seu poder soberano, sendo captadas de maneira obrigatória. Ex. Pagamento de Imposto de Renda. Classificação de Receita Pública quanto ao Ponto de Vista Econômico Receita Corrente → receitas tributárias, de contribuições. Ex. Impostos, taxas… Receita de Capital → oriundas da realização de recursos financeiros adquiridos por meio de dívidas. Ex.: recebimento de empréstimo, venda de imóvel público… Classificação de Receita Pública quanto à Competência do ente da Federação Federal → receitas pertencentes ao Governo Federal. Ex. Imposto sobre Operações Financeiras. Estadual → receitas que pertencem aos Estados. Ex. Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. Municipal → pertencem aos municípios. Ex. Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana. O poder público utiliza os recursos arrecadados respeitando os compromissos previstos na Constituição e em leis específicas. Com o dinheiro recolhido, o governo investe em melhorias e paga as despesas necessárias ao atendimento das demandas da sociedade. ENAP, p. 11. Classificação de Despesa Pública quanto ao Ponto de Vista Coercitivo Despesas Obrigatórias → despesas previstas na constituição ou em lei. Ex. Pagamento de salários dos servidores públicos. Lei Orçamentária e Planejamento da Ação Governamental 6 Despesas Discricionárias → o gestor público possui flexibilidade quanto ao estabelecimento de seu montante e quanto à oportunidade de sua execução. Ex. Duplicação de uma rodovia. Classificação de Despesa Pública quanto ao Ponto de Vista Econômico Despesa Corrente → refere-se à manutenção das atividades relacionadas à prestação dos bens e serviços de responsabilidade do Estado. Ex. Pagamento dos salários dos médicos, aquisição de remédios… Despesa de Capital → buscam a ampliação da oferta de bens e serviços de responsabilidade do Estado. Ex. Construção de hospitais. Classificação de Despesa Pública quanto à Competência do ente da Federação Federal → de responsabilidade do Governo Federal. Ex. Manutenção e Desenvolvimento daDefesa Nacional. Estadual → executadas pelos Estados. Ex. Manutenção da Polícia Militar. Municipal → pertencem aos Municípios. Ex. Funcionamento da Câmara de Vereadores. Fundamentos Legais do Orçamento Público Lei Orçamentária e Planejamento da Ação Governamental 7 A CF/1988 → arts. 165 a 169; Lei nº 4.320/1964 → traz as normas federais de direito financeiro para a elaboração e controle dos orçamentos e dos balanços da União, dos Estados, do DF e dos Municípios; Decreto-Lei nº 200/1967 → traz as bases para a implantação do Orçamento-Programa, o qual se refere a um planejamento governamental acerca do orçamento. Com base nesta característica, o Orçamento Programa ultrapassa a fronteira do orçamento como simples documento financeiro, aumentando a sua dimensão no sentido de ser um instrumento que busca viabilizar o alcance de resultados. ENAP. Mod. 02. p. 6. Lei Complementar nº 101/200 Lei de Responsabilidade Fiscal → código de conduta para gestores públicos; Lei Complementar nº 131/2009 → complementa a LRF, determinando a disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira da União. Lei Orçamentária e Planejamento da Ação Governamental 8 Processo de Elaboração das Normas Orçamentárias Lei Orçamentária Anual Lei Orçamentária Anual LOA é um instrumento legal que estima as receitas e fixa as despesas para o período de um ano, devendo ser compatível com as diretrizes estabelecidas na LDO e com os objetivos e metas definidas no PPA. Também deve viabilizar o alcance dos resultados pretendidos pelas políticas públicas do governo. Assim, a LOA é um instrumento legal que estima as receitas e fixa as despesas para o período de um ano, devendo ser compatível com as diretrizes estabelecidas na LDO e com os objetivos e metas definidas no PPA. A LOA Também deve viabilizar o alcance dos resultados pretendidos pelas políticas públicas do governo. ENAP. Mod. 03. p. 9. Onde deve constar a previsão de todas as receitas e de todas as despesas; Tem duração de 01 ano; É elaborada no ano anterior a sua execução; Elaborada em 03 fases: a) Fase Administrativa → o Ministério do Planejamento compila todos os orçamentos enviados por cada um dos órgãos da Administração Federal e elabora uma proposta orçamentária, a qual será encaminhada ao Congresso Nacional para apreciação. É nesta fase que se desenvolve o orçamento participativo; Lei Orçamentária e Planejamento da Ação Governamental 9 b) Fase Legislativa → assim que a proposta orçamentária chega ao Congresso Nacional, ela é encaminhada para uma Comissão Mista de Parlamentares, a qual opina sobre a proposta apresentada pelo Executivo e sobre as emendas parlamentares sugeridas. A Comissão emitirá um parecer e apresentará uma proposta substitutiva para ser examinada pelos deputados e pelos senadores. Esta fase encerra-se com a votação no plenário. c) Fase da Sanção ou Veto → momento de aprovação do Chefe do Executivo. Há um prazo de encaminhamento da proposta orçamentária para o Congresso Nacional → até 04 meses antes do fim da sessão legislativa 31/08 de cada ano); Caso a Proposta Orçamentária não seja aprovada pelo CN dentro do prazo, a proposta orçamentária enviada pelo Executivo deverá ser promulgada integralmente como lei; A LOA da União é composta pelas seguintes esferas orçamentárias, as quais estão consolidadas numa única lei orçamentária: a) Orçamento da Seguridade Social → abrange todos os órgãos e entidades envolvidos nas ações relativas à saúde, previdência e assistência social; b) Orçamento de investimento das empresas → abrange as empresas estatais independentes que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. Ex. Petrobrás. c) Orçamento Fiscal → abrange todos os outros órgãos e entidades não incluídos nos demais orçamentos. Plano Plurianual Há um prazo de encaminhamento da proposta do Plano Plurianual para o Congresso Nacional → até 04 meses antes do fim da primeira sessão legislativa 31/08 do primeiro ano de mandato presidencial); Tem duração de 04 anos. A União, Estados, Distrito Federal e Municípios possuem seus próprios PPAs. Na esfera federal União), o PPA deve Lei Orçamentária e Planejamento da Ação Governamental 10 ser encaminhado pelo Chefe do Poder Executivo ao Congresso Nacional, na forma de Projeto de Lei, até 31 de agosto do primeiro ano de mandato. Em seguida, ele deve ser devolvido para sanção do Presidente da República até o dia 22 de dezembro, data de encerramento da sessão legislativa. Assim, após a sua devida sanção e publicação, passará a vigorar como Lei. O PPA tem como premissa buscar a continuidade da execução de políticas públicas importantes. Assim, o novo governo executa o último ano do PPA do governo anterior, tendo em vista garantir a continuidade da ação governamental. ENAP. Mod. 03. p. 6. Lei de Diretrizes Orçamentárias Contém dispositivos que se referem ao modo como a Lei Orçamentária será aplicada; Deve ser enviada pelo Executivo ao CN em até 08 meses e meio antes do término da sessão legislativa 15/04 de cada ano; Deve ser devolvido para sanção presidencial até 17 de julho de cada ano; O CN tem até o dia 31/12 para apreciar todas as leis orçamentárias. ⚖ CF Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: § 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, estabelecerá as diretrizes de política fiscal e respectivas metas, em consonância com trajetória sustentável da dívida pública, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. Lei Orçamentária e Planejamento da Ação Governamental 11 A LRF trouxe uma série de inovações à LDO, relacionadas à criação de mecanismos para a garantia de uma gestão fiscal mais responsável e equilibrada, das quais cabe destacar: • definição e alcance de metas fiscais (receitas e despesas) para organizar e equilibrar as contas públicas; • avaliação de riscos que possam impactar as contas públicas, como, por exemplo, o pagamento de sentenças judiciais; • critérios e formas de limitação/redução das despesas, aplicados no caso de frustração das receitas (arrecadação menor do que a prevista); • normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos públicos; • condições e exigências para transferências de recursos orçamentários a entidades públicas e privadas. ENAP. Mod. 03. p. 8. O PPA estabelece o planejamento de médio prazo, por meio dos programas e iniciativas do governo, enquanto a LOA fixa o planejamento de curto prazo, ou seja, materializa anualmente as ações e programas a serem executados; À LDO, por sua vez, cabe o papel de estabelecer a ligação entre esses dois instrumentos, destacando do PPA os investimentos e gastos prioritários que deverão compor a LOA, e definir as regras e normas que orientam a elaboração da lei orçamentária que irá vigorar no exercício seguinte ao da edição da LDO. ENAP. Mod. 03. p. 9. Lei Orçamentária e Planejamento da Ação Governamental 12 Aspectos Comuns às Leis Orçamentárias Leis de iniciativa do Chefe do Poder Executivo; Leis de elaboração obrigatória para União, Estados e Municípios; Possuem natureza de lei ordinária; No âmbito da União, seguem a tramitação disposta no Regimento Interno do Congresso Nacional; Não podem ser elaboradas por meio de Medidas Provisórias; São Leis Periódicas. Execução das Leis Orçamentárias Após aprovadas, as Leis Orçamentárias serão executadas no ano seguinte; Devem ser executadas no âmbito do Poder Executivo, na forma como foi aprovada; Todavia, é possível que ocorram algumas alterações no decorrer da execução da Lei Orçamentária LO; A Lei nº 4.320 e a Lei de ResponsabilidadeFiscal trazem mecanismos para lidar com as eventuais alterações da LO no decorrer de sua execução → nisso, elas trazem os créditos adicionais, os quais podem ser dos seguintes tipos: a) Créditos Adicionais Especiais → aplicam-se recursos de uma área não prevista na LO; b) Créditos Adicionais Suplementares → aplicam-se para o reforço de dotação orçamentária; c) Créditos Adicionais Extraordinários → aplicam-se em situações absolutamente imprevisíveis, como catástrofes, em que se faz necessário um direcionamento de recursos para abranger um déficit que ocorreu na realidade que não havia sido previsto anteriormente. Lei Orçamentária e Planejamento da Ação Governamental 13 Na Lei de Responsabilidade Fiscal, há a previsão da figura da limitação de empenho → aplica-se quando há frustração de receita, isto é, quando não se arrecada aquilo que se previa.
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