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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO VALORAÇÃO DE EMPRESAS: ANÁLISE DO SETOR DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA BRASILEIRO E VALOR JUSTO DA ISA CTEEP IGOR RODRIGUES PACHECO Niterói – RJ 2022 IGOR RODRIGUES PACHECO VALORAÇÃO DE EMPRESAS: ANÁLISE DO SETOR DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA BRASILEIRO E VALOR JUSTO DA ISA CTEEP Monografia apresentada na Faculdade de Administração da Universidade Federal Fluminense como requisito básico para a obtenção do diploma de bacharel em administração Orientador (a): Prof. Dr. Ivando Silva de Faria Niterói-RJ 2022 Ficha catalográfica automática - SDC/BAC Gerada com informações fornecidas pelo autor Bibliotecário responsável: Debora do Nascimento - CRB7/6368 P116v Pacheco, Igor Rodrigues VALORAÇÃO DE EMPRESAS: ANÁLISE DO SETOR DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA BRASILEIRO E VALOR JUSTO DA ISA CTEEP / Igor Rodrigues Pacheco ; Ivando Silva De Faria, orientador. Niterói, 2022. 47 f. : il. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração)-Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, Niterói, 2022. 1. Valoração de Empresas. 2. Transmissão de energia. 3. Valor Justo. 4. Valuation. 5. Produção intelectual. I. De Faria, Ivando Silva, orientador. II. Universidade Federal Fluminense. Faculdade de Administração e Ciências Contábeis. III. Título. CDD - RESUMO A monografia tem como objetivo aplicar a técnica de valoração de empresas, usando o uso do fluxo de caixa descontado, para encontrar o valor justo da companhia Isa Cteep, pertencente ao setor de transmissão de energia elétrica. A pesquisa é feita usando dados retirados das demonstrações financeiras e as premissas - referentes a estrutura de capital, custo da dívida, expectativas de receitas, custos, despesas - usadas como base para estimativa, são de fontes governamentais, instituições financeiras ou da própria empresa. Antes de se projetaram os valores, é feita uma contextualização do setor de transmissão e da empresa, depois, uma avaliação histórica dos indicadores da companhia sobre endividamento, retorno do investimento, liquidez. Após a avaliação e as premissas, é montada uma demonstração financeira estimada, onde são encontrados os valores estimados de custo, receita, despesa. O valor do fluxo de caixa é encontrado e descontado para obter o valor por ação da companhia. Os resultados encontrados nesta monografia são comparados com projeções do mercado financeiro. Por fim, os valores obtidos aproximam-se das expectativas dos analistas financeiros, demonstrando que as premissas são factíveis. Palavras-chave: Valoração. Transmissão. ISA Cteep. Estimativas. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Estrutura Societária Isa Cteep ..................................................................... 25 Figura 2 - Mapa de Atuação Isa Cteep......................................................................... 26 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Matriz Elétrica Brasileira ............................................................................. 21 LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1 - Fluxo de Caixa ......................................................................................... 12 Equação 2 - Valor Explícito .......................................................................................... 14 Equação 3 - Valor Residual .......................................................................................... 15 Equação 4 - Custo Médio Ponderado de Capital ......................................................... 16 Equação 5 - Custo do Capital Próprio .......................................................................... 17 Equação 6 - Custo de Capital Próprio Ajustado ........................................................... 18 Equação 7 - Transformação de KeU$ nominal para KeR$ nominal ............................. 18 Equação 8 - Cálculo do Beta Alavancado .................................................................... 19 Equação 9 - Cálculo do Beta Desalavancado .............................................................. 19 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Elaboração Fluxo de Caixa Disponível da Empresa ................................... 13 Tabela 2 - Fluxo de Caixa Para os Acionistas .............................................................. 13 Tabela 3 - Linhas de Transmissão em Construção ...................................................... 27 Tabela 4 - RAP ISA e Controladas ............................................................................... 28 Tabela 5 - RAP Em operação X em Construção .......................................................... 29 Tabela 6 - Resultado do Exercício Ajustado ................................................................ 30 Tabela 7 - EBITDA ....................................................................................................... 31 Tabela 8 - ROI Histórico ............................................................................................... 31 Tabela 9 - ROE Histórico ............................................................................................. 32 Tabela 10 - Capital Circulante Líquido ......................................................................... 32 Tabela 11 - Indicadores Liquidez ................................................................................. 33 Tabela 12 - Indicadores Endividamento ....................................................................... 33 Tabela 13 - Premissas Macroeconômicas ................................................................... 34 Tabela 14 - Custo de Capital Próprio ........................................................................... 35 Tabela 15 - Custo de Capital de Terceiros ................................................................... 35 Tabela 16 - Custo Total de Capital ............................................................................... 36 Tabela 17 - Premissas da Empresa no Cenário Conservador ..................................... 37 Tabela 18 - DRE Projetada do Cenário Conservador .................................................. 37 Tabela 19 - Fluxo de Caixa Livre da Empresa do Cenário Conservador ..................... 38 Tabela 20 - Valor Presente dos Fluxos de Caixa do Cenário Conservador ................. 38 Tabela 21 - Valor Explícito e Perpétuo Cenário Conservador ...................................... 38 Tabela 22 - Valor por Ação da Empresa no Cenário Conservador .............................. 39 Tabela 23 - Premissas da Empresa no Cenário Otimista ............................................. 39 Tabela 24 - Fluxo de Caixa Livre da Empresa no Cenário Otimista ............................. 40 Tabela 25 - Valor Presente dos Fluxos de Caixa no Cenário Otimista ........................ 40 Tabela 26 - Valor Explícito e Perpétuo no Cenário Otimista ........................................ 40 Tabela 27 - Valor por Ação do Cenário Otimista .......................................................... 41 Tabela 28 - Comparação Ação Diferentes Cenários .................................................... 41 Tabela 29 - Valor da Ação na Bolsa ............................................................................. 42 Tabela 30 - Valor Projetado da Ação pelo Mercado ..................................................... 42 file:///W:/Conhecimento/TCC/MATERIAL%20%20TCC%20%20-%202019.2/1.2%20IGOR%20PACHECO%20-%20RASCUNHO%20TCC%20VALUATION%20-%203%20cap%20feito.docx%23_Toc108605553 file:///W:/Conhecimento/TCC/MATERIAL%20%20TCC%20%20-%202019.2/1.2%20IGOR%20PACHECO%20-%20RASCUNHO%20TCC%20VALUATION%20-%203%20cap%20feito.docx%23_Toc108605555file:///W:/Conhecimento/TCC/MATERIAL%20%20TCC%20%20-%202019.2/1.2%20IGOR%20PACHECO%20-%20RASCUNHO%20TCC%20VALUATION%20-%203%20cap%20feito.docx%23_Toc108605556 file:///W:/Conhecimento/TCC/MATERIAL%20%20TCC%20%20-%202019.2/1.2%20IGOR%20PACHECO%20-%20RASCUNHO%20TCC%20VALUATION%20-%203%20cap%20feito.docx%23_Toc108605557 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 8 2 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................... 10 2.1 Referencial Teórico ..................................................................................... 10 2.1.1 O fluxo de caixa descontado .................................................................... 11 2.1.1.1 Fluxo de Caixa Disponível da Empresa - FCDE ................................... 12 2.1.1.2 Fluxo de Caixa Disponível do Acionista – FCDA .................................. 13 2.1.2 Maturidade da avaliação ou horizonte de avaliação ................................ 14 2.1.3 Custo de capital – WACC ........................................................................ 15 2.1.4 Modelo de precificação de ativos financeiros – CAPM (Ke) .................... 16 2.1.5 – O Beta (𝜷) ............................................................................................ 18 2.1.6 – Custo de capital de terceiros (Kd) ......................................................... 20 3. DA EMPRESA .............................................................................................. 21 3.1 Do Setor Elétrico ......................................................................................... 21 3.2 Do Setor de Transmissão Brasileiro ........................................................... 22 3.3 Da Empresa ................................................................................................ 23 3.3.1 Descrição da Empresa ............................................................................. 23 3.3.2 Descrição do Negócio .............................................................................. 26 3.3.3 Dados Contábeis-Financeiros e análises ................................................. 29 4. PROJEÇÃO DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS ............................. 34 4.1 Premissas e Projeções ............................................................................... 34 4.2 Conclusões ................................................................................................. 43 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 45 8 1 INTRODUÇÃO O setor de transmissão de energia elétrica brasileiro é um segmento da economia que atrai muitos investimentos do mercado de ações, pois os resultados das organizações que compõe o setor estão sujeitos a pouco risco em suas atividades. As empresas são remuneradas por construírem, prestarem e disponibilizarem a estrutura de linhas de transmissão para que possa ser enviada energia dos locais de produção aos de consumo. Dado que há remunerações diferentes para as companhias que prestam um serviço “ótimo”, “péssimo” ou “padrão”, elas investem pesado a fim de deixar sua estrutura sempre operante para aumentarem seus rendimentos. Se o serviço é prestado de forma correta, sem interrupções, a empresa sabe quanto vai receber e quanto vai custar para manter em operação as atividades. Com esse pensamento em mente, os resultados estimados das empresas em geral não sofrem muito risco de variação e tal característica atraí muitos investidores à procura de ações estáveis ao longo dos tempos, e com bons pagamentos de dividendos. Por outro lado, um princípio básico que norteia o pensamento da área de análise de investimentos é de que “nunca se deve pagar mais por um ativo do que seu valor justo” (DAMODARAN, 2018). Assaf Neto (2019) diz que a ideia da empresa é gerar riqueza, valor aos seus acionistas (donos do capital), então a questão principal é saber qual o valor da empresa, pois só assim saberá se ela está gerando ou destruindo valor. A fim de resolver essas questões, encontrar o “valor justo” de uma companhia, existe uma técnica que incorpora esses e vários outros questionamentos para trazer o valor de ativos (empresas) àquele investidor, melhorando o processo decisório de investir ou não. Sua área de uso é enorme, pode ser usado por investidores, para fusões, para aquisições e até para privatização de empresas públicas. Para tanto, são levadas em consideração as expectativas de quem está fazendo a análise, o comportamento estimado da economia – PIB, inflação, taxa de juros e o comportamento do mercado – competidores, market share, planejamento estratégico - além disso, os custos do capital próprio e de terceiros são considerados também. Se não devemos pagar a mais por algo, a questão principal passa a ser a seguinte: “qual é o valor justo desse ativo? Como calcular esse valor?”. A indagação em questão está intimamente ligada com expectativas sobre o futuro, gerenciamento de risco 9 - empresas mais estáveis, menos arriscadas, detém um valor mais alto. A justificativa para o uso dessa técnica é grande, pois os donos de capitais se quiserem aumentar sua riqueza, seu patrimônio, vão o chamado mercado de renda variável – investir em ações, fundos, derivativos. Esse mercado tem como principal característica o risco. Risco de ganhar, de perder. Para diminuir essa exposição ao risco do mercado de capitais, quantificá-lo e melhorar o processo decisório, existe essa técnica. Assim, considerando os questionamentos dos investidores e as premissas do setor elétrico, analisar-se-á uma companhia desse segmento a fim de encontrar seu valor justo e demonstrar a aplicabilidade do modelo. A técnica muito utilizada é denominada valoração de empresas, cuja finalidade – já citada anteriormente – é encontrar o valor justo de algum ativo, empresa, projeto. No caso em análise, a técnica será utilizada para encontrar o valor justo por ação. Essa técnica de valoração será aplicada na Isa Cteep, companhia pertencente ao setor de transmissão de energia elétrica, e a questão-problema que guiará o trabalho fica definida como: qual o valor justo da empresa? O Objetivo geral é demonstrar o raciocínio utilizado e os conceitos levados em consideração pelo modelo, comparar os achados e os resultados históricos da companhia e tecer comentários sobre o modelo e os valores. Damodaran (2018) diz que muitos investidores enxergam como muito complexa e assustadora a tarefa de avaliação de ativos. Com base nessa afirmação, o presente estudo vem para demonstrar que essa avaliação não é tão complexa quanto aparenta. Os objetivos específicos são detalhar aquilo é considerado, os custos de capitais, a medida de risco (Beta), analisar a empresa, fazer análises históricas da companhia e tecer premissas de receitas, custo, despesa para os próximos anos. 10 2 METODOLOGIA DA PESQUISA Neste item é apresentado a metodologia do trabalho e a forma como é aplicada, é definido o tipo de pesquisa realizada, o universo, como os dados serão coletados e analisados. Além disso, é exposto também os autores que servem como base referencial teórica para o desenvolvimento do tema proposto. O método de pesquisa utilizado é de natureza descritiva, as fontes de informação são públicas e retiradas de sites oficiais da organização e do governo e os dados utilizados são quantitativos. 2.1 Referencial Teórico Segundo Assaf Neto (2019), a decisão de investir em alguma empresa é feita de acordo com a capacidade dela de gerar valor e riqueza futura – potencial de rentabilidade futura (Padovese, 2016). Para que isso seja possível, primeiramente é necessário que o investidor saiba como descobrir o valor de uma empresa. Existem diversas maneiras de se encontrar quantovale a empresa, alguns modelos levam em consideração os demonstrativos financeiros da empresa e comparam eles com empresas do mesmo setor – chamado de avaliação extrínseca – já outros levam em consideração apenas informações internas da empresa – chamado de avaliação intrínseca – pois está ligado com o conceito de potencial de rentabilidade futura. Damodaran (2018), Assaf Neto (2019) e Padovese (2016) dizem que a avaliação mais usada e que o resultado que mais se aproxima da realidade é por meio do critério de potencial de rentabilidade futura, método de fluxo de caixa descontado. Dessa forma, os autores afirmam com bastante experiência e certeza que esse critério lida com a essência da questão empresarial, sua capacidade de gerar lucros, valor e riqueza. Assaf Neto (2019) diz que os lucros são um indicador de desempenho que têm algumas falhas como não incorporar o risco de negócio, não incluir o custo de capital do acionista, não levar em consideração o valor do dinheiro no tempo. É um indicador importante, pois mostra o resultado da empresa no curto prazo, mas não deve ser o único utilizado como forma de verificar o desempenho 11 organizacional. Para que seja medido de forma correta o desempenho da empresa e corrigindo os erros do lucro, é utilizado o conceito de valor, Assaf neto (2019) explica que valor está ligado com o potencial de rentabilidade futura, tudo isso levando em consideração o risco do negócio, o custo de capital, a atual gestão da empresa no sentido de geração de caixa e as expectativas (futura geração de caixa). Valor só é gerado quando se paga o custo de capital próprio e de terceiros e sobra-se algum dinheiro, quanto mais dinheiro sobrar, maior é a riqueza gerada. Riqueza segundo o autor, é o valor de mercado da ação que é formado com base nas expectativas sobre a empresa. O método de fluxo de caixa descontado é o mais utilizado pois lida com o que foi dito anteriormente (expectativas, custo de capital, etc..). É no método de fluxo de caixa descontado que é verificado se as expectativas futuras irão agregar ou destruir valor e riqueza. 2.1.1 Fluxo de Caixa Descontado O conceito de valor do dinheiro no tempo diz que não é possível comparar valores em datas diferentes, pois eles não terão o mesmo valor real. Para que possa ser feita a comparação, os valores dos investimentos - que são estimados para o futuro - precisam ser descontados até a mesma data. Assim, o fluxo de caixa, que lida com perspectivas futuras – receitas/despesas projetadas – precisa ser descontado para ser analisado qual o valor do mesmo hoje. A taxa de desconto utilizada – nesse caso - é o custo de capital, que se refere ao custo de oportunidade (custo de deixar de investir em outro projeto com mesmo risco para investir nesse) dos proprietários de capital (ASSAF NETO, 2019), essa taxa também lida com a questão do risco, empresas mais arriscadas, terão um beta mais elevado e, com isso, a remuneração mínima a ser paga aos donos do capital aumenta. Se o resultado do fluxo de caixa descontado (FCD) for positivo, a empresa estará gerando valor, vai pagar seu custo de capital e gerar um “excesso”, maior o excesso, maior a rentabilidade da organização, maior a geração de riqueza. Se o resultado for negativo, significa que a empresa não paga seus custos e ocorrerá uma destruição de riqueza. Existem duas maneiras de se calcular o fluxo de caixa descontado, com enfoque nos acionistas ou nos 12 investidores. A fórmula do fluxo de caixa descontado pode ser descrita como na Equação 1: Equação 1 - Fluxo de Caixa 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑎 = ∑ 𝐹𝐶𝐹 (1 + 𝑊𝐴𝐶𝐶)𝑡 ∞ 𝑡=1 Em que: FCF = Free Cash Flow (Fluxo de caixa disponível) ou fluxo de caixa líquido estimado. WACC = custo da estrutura de capital. T = tempo, período, prazo. ∑ = somatório de todos os fluxos de caixa num prazo T. 2.1.1.1 Fluxo de Caixa Disponível da Empresa - FCDE Na vasta literatura sobre valuation, há espécies de fluxos de caixa ligeiramente diferentes, com enfoques diferentes. Entre os vários, existe o Fluxo de Caixa Disponível da Empresa (Fluxo de Caixa dos Investidores ou Fluxo de Caixa Operacional). Nesse modelo, as premissas básicas são que, segundo Serra e Wickert (2021), se olha para a empresa como um todo, que se observa a visão dos negócios e os ativos e passivos da organização (investidores e acionistas). Em outras palavras, mostra qual a capacidade de geração de caixa da empresa antes do pagamento das dívidas, mas levando em conta os reinvestimentos em ativos de capital. Para se calcular o Fluxo de Caixa da Empresa, é necessário levar em consideração alguns fatores como a depreciação dos ativos, a amortização de dívidas, os reinvestimentos em ativos operacionais (imobilizado e intangível) e o capital de giro líquido (SERRA; WICKERT, 2021), demonstrado na Tabela 1. Investidores na imagem significa aqueles que forneceram capital à empresa (dívidas). Fonte: Assaf Neto (2019) 13 Tabela 1 - Elaboração Fluxo de Caixa Disponível da Empresa Fonte: Serra, Wickert 2.1.1.2 Fluxo de Caixa Disponível do Acionista – FCDA O Fluxo de Caixa Disponível do Acionista, segundo Assaf Neto (2019), avalia com maior foco o patrimônio líquido, qual a capacidade da empresa de pagar os acionistas, seja por meio da recompra de ações ou por meio de pagamento de dividendos. Os aspectos levados em consideração nesse modelo vão além das premissas do fluxo de caixa disponível da empresa e engloba os juros pagos, as amortizações feitas e as novas dívidas captadas pela empresa. O referido modelo foi representado na Tabela 2: Tabela 2 - Fluxo de Caixa Para os Acionistas FONTE: ASSAF NETO (2019) 14 2.1.2 Maturidade da avaliação ou horizonte de avaliação Na avaliação pelo método de fluxo de caixa descontado, é essencial saber o horizonte de tempo levado em consideração, Assaf Neto (2019) diz que em uma empresa, deve-se considerar que a mesma funcionará por um período indeterminado de tempo e com isso, a avaliação do fluxo de caixa é dividida em dois períodos, o fluxo de caixa explícito e o contínuo - ou líquido (perpetuidade). O valor de uma empresa é composto pela soma desses dois períodos. O fluxo de caixa explícito tem relação com o prazo de tempo em que é possível conjecturar as demandas, o mercado, o comportamento da economia. Sua fórmula matemática é descrita na Equação 2: Equação 2 - Valor Explícito 𝑉𝐸𝑋𝑃𝐿 = 𝐹𝐶𝐹 (1 + 𝐾) + 𝐹𝐶𝐹 (1 + 𝐾)2 + ⋯ 𝐹𝐶𝐹 (1 + 𝐾)𝑁 Em que: VEXPL= Valor do fluxo de caixa explícito FCF = Free Cash Flow (Fluxo de caixa disponível) ou fluxo de caixa líquido estimado. K = taxa de desconto (custo de capital) N = Período O fluxo de caixa contínuo ou residual (perpetuidade) tem relação com a lógica de que a empresa irá durar por tempo indeterminado e com isso, ela crescerá durante esse período por uma taxa contínua chamada de perpetuidade. Damodaran (2018) diz que a taxa de crescimento contínua precisa ser bem escolhida, pois grande parte do valor da empresa está na perpetuidade e a mesma não deve ser acima da taxa média de crescimento da economia, pois a Fonte: Assaf Neto (2019) 15 tendência é a empresa chegar num estado de amadurecimento e não crescer de forma elevada continuamente. Sua fórmula pode ser descrita na Equação 3: Equação 3 - Valor Residual 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑅𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙 = [ 𝐹𝐶𝐹 𝐾 − 𝑔 ] / (1 + 𝐾)𝑛 Em que: FCF = Fluxo de caixa imediatamente após o período explícito K = custo de capital N = número de anos do período explícito g = taxa de crescimento da perpetuidade 2.1.3 Custo de capital – WACC O custo de capital é a remuneração mínima que os investidores (donos do capital) devem auferir para que seja justificado o investimento, está ligadocom o custo de oportunidade – entre dois projetos com o mesmo risco, investe- se naquele que há o maior valor presente líquido (que gera o maior valor e riqueza). Esse custo muda conforme o risco. É traduzido na taxa de desconto estimada – custo do capital em valores monetários/percentuais. O objetivo de uma empresa é gerar valor e riqueza aos seus acionistas (donos), isso é feito quando a organização remunera adequadamente os donos de capital. Segundo Assaf Neto (2019), o custo de capital das empresas é uma média ponderada entre os custos do dinheiro dos credores (investidores) e dos acionistas e suas proporções. Isso representa sua estrutura de financiamento ou estrutura de capital (CMPC ou WACC em inglês), seu objetivo é achar a proporção ideal de estrutura de financiamento para diminuir o custo de capital da empresa. O custo de capital de terceiros (Ki), tem relação com as dívidas adquiridas pela organização e os juros pago por esse dinheiro, o custo de capital Fonte: Assaf Neto (2019) 16 próprio (Ke) é a remuneração mínima exigida pelos investidores. Sua fórmula pode ser descrita na Equação 4: Equação 4 - Custo Médio Ponderado de Capital 𝑊𝐴𝐶𝐶 = (𝐾𝑒 ∗ 𝑃𝐿 𝑃 + 𝑃𝐿 ) + [𝐾𝑖 ∗ (1 − 𝐼𝑅) ∗ 𝑃 𝑃 + 𝑃𝐿 ] Em que: WACC = Custo médio ponderado de capital Ke = Custo do capital próprio Ki = Custo da dívida IR = Imposto de renda PL = Patrimônio líquido P = Passivo P+PL = Total investido na empresa (total da estrutura de capital) 𝑃 𝑃+𝑃𝐿 = Proporção do passivo exigível sobre o total da estrutura de capital 𝑃𝐿 𝑃+𝑃𝐿 = Proporção do Patrimônio líquido sobre o total da estrutura de capital 2.1.4 Modelo de precificação de ativos financeiros – CAPM (Ke) O Capital asset pricing model ou modelo de precificação de ativos financeiros, é um método usado para descobrir qual o custo de capital próprio, qual a remuneração mínima que o investidor deve receber por estar incorrendo riscos (risco da empresa, do mercado) e custo de oportunidade em determinado investimento. Leva em consideração a taxa livre de risco (𝑅𝑓 = 𝑡í𝑡𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜), o prêmio pelo risco de mercado (𝑅𝑚 − 𝑅𝑓) e o prêmio pelo risco da empresa (𝛽 ∗ (𝑅𝑚 − 𝑅𝑓). Prêmio pelo risco é um termo cujo significado é que o investidor receberá um “prêmio” por ter incorrido aquele risco (“por ter comprado aquele risco”). “Retorno igual ao custo de capital não produz Fonte: Assaf Neto (2019) 17 ganhos econômicos ao investidor, remunera somente o risco. O prêmio é o excesso gerado” (Assaf Neto, 2019). O CAPM segundo Assaf neto (2019), relaciona risco sistêmico e o risco de mercado. O risco é uma medida feita de comparações, nesse caso, compara- se um índice com o outro. O risco sistêmico, todo mercado está exposto, é o risco da variação na taxa de câmbio, taxa de juros, impostos. O risco de mercado pode ser atenuado pelos atores que fazer parte do mesmo, nem todos estão expostos ao mesmo risco de mercado. O risco da empresa é uma medida feita comparando a relação entre o risco do ativo (empresa) e o risco de mercado (a bolsa de valores), é representado pelo coeficiente Beta (𝛽). O nível alavancagem operacional e financeira (endividamento), altera o valor do beta. Sua fórmula pode ser descrita na Equação 5: Equação 5 - Custo do Capital Próprio 𝐾𝑒 = 𝑅𝑓 + 𝛽 ∗ (𝑅𝑚 − 𝑅𝑓) Em que: Ke = Custo do capital próprio Rf = taxa de juros livre de risco Rm = retorno da carteira de mercado Rm – Rf = prêmio pelo risco de mercado 𝛽 ∗ (𝑅𝑚 − 𝑅𝑓) = prêmio pelo risco do ativo O modelo do CAPM tem algumas limitações quando é aplicado em economias emergentes. No caso do Brasil, Assaf Neto (2019), cita alguns dos problemas que existem, como alta volatilidade da taxa de juros básica, mercado (bolsa de valores) que representa uma ínfima parte da quantidade de empresas existentes, poucas ações que são responsáveis por grande parte da movimentação da bolsa, preferência por ações preferenciais. Para resolver essa situação, o autor propõe que seja levado em consideração uma economia mais estável e menos arriscada, nesse caso, comparar certos valores com indicadores Fonte: Assaf Neto (2019) 18 dos Estados Unidos para descobrir o custo de capital próprio mais correto. A lógica do CAPM continua a mesma, só é feita uma readaptação na sua fórmula para que possa ser comparado os riscos do Brasil e dos Estados Unidos além de verificar o valor dos prêmios. Sua fórmula pode ser descrita na Equação 6: Equação 6 - Custo de Capital Próprio Ajustado 𝐾𝑒 = [𝑅𝑓 + 𝛽 ∗ (𝑅𝑚 − 𝑅𝑓)] + 𝑅𝑖𝑠𝑐𝑜 𝐵𝑟𝑎𝑠𝑖𝑙 Em que: Rf = Títulos livres de risco do tesouro norte-americano, chamado de Treasury Bond ou T-Bond. 𝛽 = Beta desalavancado de empresas norte-americanas comparáveis que pertencem ao mesmo setor da empresa em questão. Risco brasil = prêmio de risco por investir no Brasil. Assaf Neto (2019) faz uma observação importante, o resultado final (Ke) será expresso em valores referentes ao mercado norte-americano (Ke nominal US$), o resultado precisa ser “transformado” para os valores brasileiros para levar em consideração a inflação do Brasil, isso impacta no custo de capital. Pode ser calculado após encontrar o WACC. A fórmula para calcular é descrita na Equação 7: Equação 7 - Transformação de KeU$ nominal para KeR$ nominal 𝐾𝑒 𝑅𝑒𝑎𝑙 = 𝐾𝑒 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑓𝑙𝑎çã𝑜 𝐸𝑈𝐴 𝐾𝑒 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝐾𝑒 𝑟𝑒𝑎𝑙 + 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑓𝑙𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝐵𝑟𝑎𝑠𝑖𝑙 2.1.5 O Beta (𝜷) O Beta é uma medida de risco que relaciona a empresa (ou um ativo) em relação a outro índice. O beta empresarial é calculado relacionando a empresa Fonte: Assaf Neto (2019) Fonte: Assaf Neto (2019) 19 em relação ao índice de mercado (bolsa de valores). Assaf neto (2019) informa que esse Beta empresarial leva em consideração dois riscos que a empresa está exposta, o risco econômico e o financeiro. Aquele, refere-se ao risco das operações empresariais, da concorrência, do mercado em que a mesma se encontra. Este, refere-se à alavancagem financeira (aumento no custo fixo financeiro), nível de dívidas (ou endividamento) obtidas pela empresa para financiar suas operações. Quanto maior a alavancagem financeira, maior a exposição ao risco da empresa. O nível de endividamento afeta a performance da empresa, piorando ou melhorando seus resultados de acordo com sua estrutura de capital. A fórmula do beta pode ser descrita na Equação 8: Equação 8 - Cálculo do Beta Alavancado 𝛽 = 𝛽𝑇𝑂𝑇 = 𝛽𝑢 ∗ [1 + 𝑃 𝑃𝐿 ∗ (1 − 𝐼𝑅)] Em que: 𝛽 = 𝛽𝑇𝑂𝑇 = Beta total ou alavancado, une o risco econômico e financeiro. 𝛽𝑢 = Beta desalavancado, retira as dívidas e leva em consideração o risco da operação empresarial 𝑃 𝑃𝐿 = Proporção de dívidas sobre o patrimônio líquido. 𝐼𝑅 = Imposto de Renda pago pela corporação. Para descobrir qual o Beta desalavancado - descobrir qual o risco operacional da empresa, deve-se retirar as dívidas da mesma. Sua fórmula pode ser descrita na Equação 9: Equação 9 - Cálculo do Beta Desalavancado 𝛽𝑢 = 𝛽 [1 + 𝑃 𝑃𝐿 ∗ (1 − 𝐼𝑅)] Fonte: Assaf Neto (2019) Fonte: Assaf Neto (2019) 20 Na consideração do custo de capital próprio, o beta utilizado é uma junção da média dos betas desalavancado de empresas norte-americanas que pertencem ao mesmo setor (são comparáveis) da empresa brasileira, depois, é acrescentado o nível de endividamento da empresa nacional. 2.1.6 Custo de capital de terceiros (Kd) O custo de capital de terceiros, é uma média entre os financiamentos e empréstimos tomados pela empresa. Os custos desses financiamentos mudam de acordo com a capacidade de geração de lucro e rating da empresa. É um pouco difícil do investirexterno mensurar, mas, segundo Silva (2019), uma forma de descobrir tal taxa é dividir a despesa financeira - retirada da demonstração de resultado - pelo montante de empréstimos e financiamentos - retirado do balanço patrimonial. Uma outra forma de se encontrar, é analisar as informações anuais liberadas pelas empresas de capital aberto – formulários de referência – ou as notas explicativas das demonstrações contábeis. 21 3. DA EMPRESA 3.1 Do Setor Elétrico O setor de energia elétrica brasileiro é um dos mais essenciais para a economia nacional e para o desenvolvimento do país, uma vez que sem energia não há desenvolvimento e crescimento econômico. No Brasil, o referido setor é bem estruturado e bem segmentado. Fazem parte desse segmento as empresas de geração de energia, de transmissão de energia, de distribuição e as de comercialização. A matriz elétrica brasileira, descrita no Gráfico 1, que representa o conjunto de fontes disponíveis para geração de energia elétrica em determinado lugar (EPE, 2021), é composta majoritariamente por fontes de energia renováveis e não poluidoras. Gráfico 1 - Matriz Elétrica Brasileira Fonte: Empresa de Pesquisa Energética 22 A geração de energia elétrica brasileira é realizada em locais bem distantes do mercado consumidor. Para que o consumidor consiga utilizar a eletricidade, faz-se necessário a atuação de um complexo setor de transmissão, que, pelo fato de o Brasil ter proporções continentais, transporta a energia por milhares de quilômetros das usinas geradoras ao consumidor final. 3.2 Do Setor de Transmissão Brasileiro A legislação em vigor referente ao setor elétrico determina que para atuar no setor de transmissão de energia elétrica é necessário licitação ou autorização do Poder Público Federal, ou seja, é imperativo que a organização participe de leilões de transmissão de energia elétrica, seja para construção e operação, ou somente operação dos sistemas existentes. Consoante o Plano Decenal de Expansão de Energia 2022 - 2031 (PDE 2031) – feito pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) – nos próximos dez anos, o Brasil deve aumentar bastante a sua capacidade de geração de energia elétrica em relação à atual produção. Com a finalidade de conseguir entregar aos consumidores finais a energia gerada, é necessário que sejam construídas mais linhas de transmissão de energia elétrica e que se aperfeiçoem as atuais. O PDE 2031 diz que até o referido ano é estimado que ocorram investimentos de mais de R$ 100 bilhões em novos ativos relacionados à transmissão, além de R$ 292 bilhões em ativos de geração. Esses novos investimentos fazem com que o setor elétrico continue confiável e renovável, importante para o desenvolvimento econômico brasileiro. O setor de transmissão de energia elétrica é remunerado por meio de tarifa, cuja unidade de medida é R$/kWh, que paga custos de geração até a distribuição final aos consumidores, conforme ensinamentos de Barros et al. (2014). Segundo os referidos autores, o valor pago remunera custos referentes à operação e os relacionados à expansão do sistema. O consumidor final paga basicamente três principais tarifas, isto é, a Tarifa de Energia (TE) – relacionada a custos de aquisição de energia; a Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUSD) – referente a custos de operação e manutenção das redes de distribuição e despesas de capital; e a Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) – alusiva a custos do sistema de linhas de transmissão. 23 A licitação desenvolvida pelo Poder Executivo Federal, por intermédio da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), funciona, consoante ensinamentos de Castro e Bueno (2006), da seguinte maneira: A agência reguladora escolhe qual será um novo empreendimento, no contexto de transmissão de energia elétrica, a fim de expandir a capacidade da Rede do Sistema Integrado Nacional - SIN (Referente ao setor elétrico como um todo) e um valor a ser pago - denominado Receita Anual Permitida (RAP) - pelo concedente à empresa vencedora da licitação de determinado empreendimento (leia-se linha de transmissão), durante um prazo de até 35 anos, incidindo correção monetária sobre este valor. 3.3 Da Empresa 3.3.1 Descrição da Empresa A ISA CTEEP é uma Concessionária de Transmissão de Energia Elétrica, nascida em 1999 – com o nome de CTEEP, Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista - a partir de Ativos da Companhia Energética de São Paulo, e em 2001, com a incorporação da Empresa Paulista de Transmissão de Energia Elétrica. Foi uma sociedade de economia mista desde sua fundação até 2006, quando foi privatizada para o grupo ISA pelo governo de São Paulo. No mesmo ano da sua desestatização, participou de leilão promovido pela ANEEL para expandir sua atuação além de São Paulo, construindo uma linha de transmissão a qual atravessa 14 municípios mineiros. Por imposição legal, é necessário que seja instituída Sociedade de Propósito Específico – SPE para cada projeto de transmissão, que, no caso citado, deu origem à subsidiária Interligação Elétrica de Minas Gerais (IEMG). Ainda na mesma época, com a finalidade de reestruturar-se e crescer, venceu mais um leilão de concessão de transmissão que liga os Estados de Tocantins, Maranhão e Piauí. Desse procedimento público, nasceu mais uma subsidiária, denominada Interligação Elétrica Norte e Nordeste (IENNE). Após alguns anos, em 2008, a ISA CTEEP aumentou novamente sua participação no setor com a aquisição de vários lotes em novos leilões de transmissão, ampliando sua participação para seis estados e chegando à região 24 sul. Em 2012, adquiriu a companhia Evrecy do Espírito Santo, atuando em 16 estados brasileiros. Em 2016, alguns anos depois de não participar de novos leilões, retomou a participação nesses procedimentos públicos e conquistou três lotes em Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia, aumentando sua presença para 17 estados e criando novas subsidiárias, como a IE Paraguaçu, IE Aimorés e IE Itaúnas. Continuando com sua estratégia de crescimento, em 2018 conquistou lotes de transmissão em São Paulo e Santa Catarina, e, em alguns anos depois, obteve direitos no Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul. A companhia atualmente segue em sua estratégia de crescimento no setor de transmissão, mas atenta-se também para outras áreas como a instituição de projetos para mitigar as mudanças climáticas e proteção da fauna e flora. Preocupa-se também com seus demonstrativos financeiros, capital humano e relacionamentos externos, vide premiações como “Troféu Transparência” – o qual é dado a empresas cujas informações contábeis são divulgadas de forma excelente; o reconhecimento de “Melhores Empresas Para se Trabalhar” e a premiação por ser uma das melhores empresas que se relacionam bem com os jornalistas. A ISA CTEEP é uma sociedade de economia mista pertencente principalmente a fundos estatais estrangeiros. Sua estrutura societária é descrita na imagem a seguir. Pode-se observar também o atendimento à obrigação legal quanto à instituição das Sociedades de Propósito Específico, que são as empresas Interligação Elétrica (IE), constituídas para gerenciar linhas específicas de transmissão. Observa-se isso na Figura 1: 25 Figura 1 - Estrutura Societária Isa Cteep Fonte: Isa Cteep 26 3.3.2 Descrição do Negócio A ISA CTEEP, conforme mencionado, atua no setor de transmissão de energia elétrica e em vários estados brasileiros. O mapa abaixo, Figura 2, demonstra suas operações no território nacional. Observa-se sua forte na Figura 2 atuação em São Paulo (Onde nasceu a companhia) e sua expansão feita desde a privatização em 2006. Figura 2 - Mapa de Atuação Isa Cteep Fonte: Isa Cteep As linhas de transmissãoem construção representam investimentos com rentabilidade futura que a entidade está aplicando e, em momento certo, esses ativos ficarão prontos, serão integrados ao Sistema Integrado Nacional – SIN - e a ISA CTEEP será remunerado por eles. Na Tabela 3, pode-se observar que a entidade espera aumentar em mais de mil quilômetros suas linhas de transmissão. Aumentando, naturalmente, sua remuneração pelo serviço prestado. 27 Tabela 3 - Linhas de Transmissão em Construção Fonte: Isa Cteep Na Tabela 4 , a organização explicita a remuneração estimada com as linhas já constituídas e as em construção. RAP – Receita Anual Permitida – é o valor máximo que a entidade pode receber em virtude da prestação de serviço de transmissão de energia elétrica. O valor é fixado pela ANEEL e leva em conta o custo médio ponderado de capital, a depreciação estimada, investimentos necessários. Ciclo se refere ao período de referência, uma vez que o valor tarifário é reajustado anualmente em virtude de variação na inflação e outros gastos. 28 Tabela 4 - RAP ISA e Controladas Fonte: Isa Cteep Estratificando os valores a fim de separar os recebimentos em virtude dos projetos já em operação dos que estão em construção. Isso demonstra que a entidade segue em uma estratégia de crescimento num setor extremamente regulado. Vide Tabela 5. 29 Tabela 5 - RAP Em operação X em Construção Fonte: Isa Cteep 3.3.3 Dados Contábeis-Financeiros e análises No contexto da análise fundamentalista, a análise econômico-financeira dos demonstrativos financeiros é de elevada importância, uma vez que dela extraem-se índices ou quocientes que permitem aos tomadores de decisão verificar quantitativamente o desempenho da organização e compará-lo com organizações do mesmo setor (ASSAF NETO, 2019). Tratar-se-á nesta monografia de alguns indicadores, não pretendendo exaurir o respectivo tema. Cabe destacar que, para a análise de balanço, é necessária a mudança de várias contas contábeis e valores a fim de se considerar certos aspectos em detrimentos de outros. O Resultado Operacional da organização é uma medida que demonstra o retorno do investimento na atividade fim da empresa, como se as aplicações de recursos fossem financiadas apenas por recursos próprios, independendo da dívida e do custo financeiro (ASSAF NETO, 2019). Caso seja calculado sem considerar o Imposto de Renda – IR, é denominado EBIT – Lucro Operacional Antes do IR; já o NOPAT é o Lucro Líquido de IR. Em relação à demonstrativo abaixo, na Tabela 6, o aumento na receita líquida de vendas ocorreu devido à elevação na remuneração dos ativos de concessão, de receita de infraestrutura e de operação e manutenção das linhas em operação. Já os custos dos produtos vendidos são elevados, pois nessa rubrica contábil estão os custos dos serviços de implementação de infraestrutura e de operação e manutenção. O resultado de equivalência patrimonial, que reflete os investimentos da controladora em coligadas e controladas, teve esse 30 aumento explicado pelo reajuste dos contratos de concessão. O NOPAT amplo mostra qual o resultado da empresa considerando somente seus ativos. Tabela 6 - Resultado do Exercício Ajustado Fonte: Demonstrações Financeiras Isa Cteep, Elaboração Própria Uma medida de negócio importante para a avaliação fundamentalista, é o EBTIDA - cujo significado é Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações (LAJIDA). Ele demonstra o potencial de geração operacional de caixa, sem considerar o custo do capital próprio ou de terceiros. Segundo Assaf Neto (2019), por demonstrar só o potencial bruto de geração de caixa, ele não considera as necessidades de reinvestimento em capital fixo ou de giro. É descrito na Tabela 7: 31 Tabela 7 - EBITDA Fonte: Demonstrações Financeiras Isa Cteep, Elaboração Própria Outra medida existente no contexto de análise, demonstrada na Tabela 8 é o Retorno do Investimento (ROI), cuja finalidade é demonstrar a capacidade de o negócio gerar lucro e pagar os donos do capital – próprio e terceiros. É importante comparar esse valor com o custo de oportunidade e, caso seja maior que este, isso implica dizer que o negócio remunera além do custo e gera riqueza para a empresa. Fonte: Elaboração própria Por outro lado, o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), demonstra o retorno da empresa considerando apenas o capital próprio, aquele dos acionistas. É um indicador afetado pela alavancagem financeira da empresa e, por meio dele, a entidade consegue observar o ponto ótimo de endividamento sem que aumente muito o risco financeiro. Foi demonstrado na Tabela 9: 2018 2019 2020 2021 ROI 13,44% 11,12% 17,83% 15,60% VAR (%) - -17,29% 60,40% -12,52% Tabela 8 - ROI Histórico 32 2018 2019 2020 2021 CCL 2.272.946 3.317.623 4.135.361 2.518.655 VAR (%) - 45,96% 24,65% -39,09% Tabela 10 - Capital Circulante Líquido Tabela 9 - ROE Histórico Fonte: Elaboração Própria Verificando outros aspectos, cabe analisar o capital circulante líquido (CCL), Tabela 10, usado para financiar suas atividades de curto prazo e demonstrando o volume dos recursos de longo prazo aplicados no ativo circulante. Fonte: Elaboração Própria Importante destacar indicadores relacionados à liquidez e ao endividamento da entidade, Tabela 11. A ISA CTEEP, por ser uma concessionária e estar ligada a um setor de longo prazo, obtém muitas dívidas e financiamentos para pagar os custos e despesas relacionadas à construção de novas linhas de transmissão de energia elétrica. Interpretando seus indicadores, observa-se que a organização vem aumentando a quantidade de dinheiro em caixa, o que é um problema, uma vez que dinheiro parado em caixa é perda de dinheiro. A diminuição da liquidez corrente mostra a entidade está financiando suas necessidades de capital de giro com dinheiro disponível. Pela verificação da liquidez geral, observa-se que a organização está diminuindo sua solvência no longo prazo, o que é explicado pelo aumento do passivo exigível de longo prazo – obrigações a serem sanadas no longo prazo. 2018 2019 2020 2021 ROE 16,77% 12,93% 23,95% 20,54% VAR (%) - -22,91% 85,20% -14,25% 33 Fonte: Elaboração Própria Em relação à análise do endividamento, Tabela 12, os indicadores demonstram que está em trajetória crescente a dívida da empresa e ela representa 96% do capital próprio, em outras palavras, a cada R$ 1.000 dos acionistas, a empresa tomou R$ 960. A estratificação de acordo com o prazo de vencimento, mostra que são obrigações de longo prazo, compatível com o modelo de negócio. A independência e dependência financeira e são índices opostos e cujo significado é, no primeiro caso, do ativo total, qual o grau da independência da empresa em relação a recursos de terceiros e, no segundo caso, qual o grau participação de capital de terceiros. Os dois explicitam e ratificam o fato já citado, qual seja, o fato de a entidade estar mais endividada. O indicador de imobilização mostra qual o percentual das obrigações de longo prazo que estão financiando o ativo não circulante, no caso concreto, uma vez que o índice é menor que 1, indica que 91% das obrigações estão financiando os ativos não circulantes e o resto, está injetando dinheiro no ativo circulante. Caso o resultado fosse menor que 1, demonstraria que o passivo circulante estaria financiando o passivo permanente, indicador de má gestão financeira. 2018 2019 2020 2021 IMEDIATA 0,03 0,37 1,51 0,23 SECA 4,56 2,99 3,98 3,05 CORRENTE 4,63 3,05 4,01 3,05 GERAL 2,30 2,462,07 1,77 2018 2019 2020 2021 ENDIVIDAMENTO TOTAL 0,64 0,57 0,74 0,96 CURTO PRAZO 0,06 0,12 0,10 0,08 LONGO PRAZO 0,59 0,45 0,64 0,88 DEPENDÊNCIA FINANCEIRA 0,39 0,36 0,43 0,49 INDEPENDENCIA FINANCEIRA 0,61 0,64 0,57 0,51 IMOBILIZAÇÃO 0,87 0,83 0,82 0,91 Tabela 11 - Indicadores Liquidez Tabela 12 - Indicadores Endividamento Fonte: Elaboração Própria 34 4. PROJEÇÃO DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS 4.1 Premissas e Projeções Os demonstrativos financeiros da ISA CTEEP foram projetados usando como indicadores o IPCA ou a média histórica retirada das Demonstrações Financeiras. Justifica-se pelo fato de que os contratos de transmissão de energia elétrica são reajustados anualmente geralmente pelo índice citado, consoante determinação legal do setor elétrico. As premissas macroeconômicas, Tabela 13, utilizadas para as projeções dos demonstrativos foram retiradas do relatório Focus do Banco Central e de jornais econômicos. A partir de 2026 os dados utilizados são um valor aproximado de forma a refletir o possível resultado futuro da macroeconomia. Tabela 13 - Premissas Macroeconômicas Fonte: Relatório Focus, O Globo O Custo do capital próprio da ISA CTEEP foi calculado segundo ensinamentos de Assaf Neto (2019) e com dados retirados do site do Damodaran. O beta desalavancado utilizado foi de um setor comparável localizado nos Estados Unidos e depois ele foi alavancado para refletir o custo de capital no Brasil, no ano de 2021. Para a taxa livre de risco, foram utilizados títulos de dívida do governo norte americano. Os valores pós 2021 são estimativas. Foi demonstrado na Tabela 14: 35 Tabela 14 - Custo de Capital Próprio Fonte: Elaboração Própria O custo de capital de terceiros, como citado no capítulo 2.1.6 Custo de capital de terceiros (Kd), é mais difícil de o investidor externo encontrar e, para ultrapassar o problema, foi calculado pela razão das despesas financeiras com passivo oneroso, demonstrado na Tabela 15. Tabela 15 - Custo de Capital de Terceiros Fonte: Elaboração Própria Por fim, o custo médio ponderado de capital – wacc – encontrado foi demonstrado na Tabela 16. Para as futuras projeções, considerando diferentes 36 cenários da empresa, foi estimado que a estrutura de capital se mantivesse constante. Tabela 16 - Custo Total de Capital Fonte: Elaboração Própria A taxa de crescimento estimada das receitas foi calculada pela média dos resultados passados e exposto na Tabela 17, pois à medida que a empresa coloca mais linhas de transmissão em operação, mais receita ela obtém, chegando ao patamar de 14%. Já os custos, ficaram no patamar de 10%. O valor do CAPEX foi retirado das demonstrações, denominado “Custo dos serviços de implementação de infraestrutura” e teve seu valor fixado em 30% da receita. Para a perpetuidade, foi considerado (Cenário conservador) um cenário no qual a empresa não participasse de mais leilões de energia e mantivesse apenas a atual capacidade, é demonstrado pela taxa de crescimento das receitas de 3% (mesmo valor da inflação) e CAPEX de 1% - valor apenas para manutenção das linhas em operação. Cabe destacar que a empresa não considera a depreciação desses ativos nos seus demonstrativos financeiros, visto que, segundo normas contábeis, ela detém apenas a obrigação de construir as linhas e mantê-las em funcionamento, recebendo uma remuneração pelo serviço prestado. Por isso o valor da depreciação é baixa e foi considerado constante, uma vez que a Cteep não precisa investir em bens imobilizados próprios. 37 Tabela 17 - Premissas da Empresa no Cenário Conservador Fonte: Elaboração Própria Após a exposição das premissas do valuation, a DRE projetada ficou demonstrada na Tabela 18. Tabela 18 - DRE Projetada do Cenário Conservador Fonte: Elaboração Própria Utilizando a metodologia do fluxo de caixa livre, os seguintes valores são encontrados. Ou seja, partindo do NOPAT encontrado nos anos estimados, somou-se a depreciação, despesa que afeta o resultado, mas não o caixa. Assim, encontrou-se o Fluxo de Caixa Operacional e deduziu-se valores de 38 capital de giro e Capex, já que a premissa é de que a organização continue crescendo e reinvestindo parte de sua receita. Por fim, o fluxo de caixa livre foi encontrado e demostrado na Tabela 19: Tabela 19 - Fluxo de Caixa Livre da Empresa do Cenário Conservador Fonte: Elaboração Própria Trazendo os fluxos futuros a valor presente (Tabela 20), foram encontrados os valores abaixo. Até o ano de 2031 foi encontrado o valor do fluxo explícito e a partir de 2032, o valor do fluxo líquido ou contínuo. Na tabela 21, foi exposto o valor explícito e o perpétuo encontrado. Tabela 20 - Valor Presente dos Fluxos de Caixa do Cenário Conservador Fonte: Elaboração Própria Tabela 21 - Valor Explícito e Perpétuo Cenário Conservador 39 Fonte: Elaboração Própria Por fim, na Tabela 22, valor da empresa encontrado foi dividido pela quantidade de ações e chegou-se ao valor justo de R$26,22 por ação num cenário conservador. Tabela 22 - Valor por Ação da Empresa no Cenário Conservador Fonte: Elaboração Própria Num cenário mais otimista, Tabela 23, foi esperado que a empresa vença novos leilões de energia e continue numa estratégia expansionista. É um cenário factível, a empresa de pesquisa energética estima bilhões em novos investimentos nos próximos anos. O valor projetado de crescimento das receitas ficou em 20% antes de chegar à perpetuidade e um capex de 50% (se venceu mais leilões, investe mais e ganha mais) com aumento de custos de até 18% e de despesas de 15%. O valor do capex da perpetuidade demonstra que a empresa continuaria em expansão, mas num ritmo muito menor, além dos custos de manutenção das linhas construídas Tabela 23 - Premissas da Empresa no Cenário Otimista Fonte: Elaboração Própria 40 Considerando as novas premissas, exposto na Tabela 24, o fluxo de caixa livre do cenário otimista encontrado nos anos posteriores foi o seguinte. Tabela 24 - Fluxo de Caixa Livre da Empresa no Cenário Otimista Fonte: Elaboração Própria Realizando o desconto dos fluxos futuros pelo custo de capital, encontra- se o valor presente, explicitado na Tabela 25. Observa-se que nesse novo cenário, Tabela 26, grande parte do valor da empresa ficou na perpetuidade. Tabela 25 - Valor Presente dos Fluxos de Caixa no Cenário Otimista Fonte: Elaboração Própria Tabela 26 - Valor Explícito e Perpétuo no Cenário Otimista Fonte: Elaboração Própria 41 Após ser encontrado o valor presente dos fluxos de caixa, descobre-se o valor da empresa e seu valor por ação no cenário otimista, demonstrado na Tabela 27. Tabela 27 - Valor por Ação do Cenário Otimista Fonte: Elaboração Própria Comparando-se o valor por ação do cenário otimista e do conservador, Tabela 28, a diferença encontrada foi de 25%, um expressivo resultado. Em outras palavras, o cenário otimista é possível, desde que a empresa continue em expansão em ritmo mais elevado. Tabela 28 - Comparação Ação Diferentes Cenários Fonte: Elaboração Própria Por fim, confrontando o valor da ação em alguns momentos de 2022 - Tabela 29 - com o valor do cenário conservador, observa-se que a empresa se encontra subvalorizada no momento de realização desta monografia, com um potencialde valorização de 15%, mesmo que em algum momento passado próximo ela tenha atingido o valor justo estimado. 42 Tabela 29 - Valor da Ação na Bolsa Fonte: Elaboração Própria Indo ao mercado para verificar as estimativas feitas por instituições financeiras e comparar com os valores encontrados, foram achados dados, expostos na Tabela 30, demostrando que as premissas e os resultados considerados na elaboração desta monografia são factíveis e aproximam-se das expectativas de diversas entidades do mercado. Tabela 30 - Valor Projetado da Ação pelo Mercado Fonte: Elaboração Própria, Money Times, XP Investimentos, BTG Pactual, Safra, 43 4.2 Conclusões A técnica de determinar o valor de uma entidade é importante visto que diminui a subjetividade na hora valorar uma empresa, são utilizados dados objetivos, esperados. Mas, por envolver o futuro, os valores encontrados não podem ser levados como um fato, mas sim como um possível resultado que detém grandes chances de ocorrer – se as estimativas forem confiáveis. Embora seja muito importante no contexto do mercado financeiro, está sujeita a muitas limitações, principalmente para usuário externos, uma vez que é difícil para pessoas de fora estimarem dados, fazerem premissas, não estando envolvidos com as atividades operacionais da empresa. Se uma entidade mudar radicalmente sua estrutura de capital em curto prazo, aqueles, que fizeram a estimativa olhando para o passado e tentando prever o futuro, serão todos afetados da mesma maneira, já que não existe a clarividência e, nessa situação hipotética, o valor calculado já não faz mais sentido pela mudança ocorrida. Assim posto, os resultados obtidos nesta monografia estão sujeitos às mesmas desvantagens já citadas. A Isa Cteep pertence a um setor com uma qualidade que os investidores estão à procura, a denominada previsibilidade dos resultados. Tendo em vista tal característica, os dados estimados e encontrados aproximam-se da realidade, essa afirmação pode ser verificada pelo valor da empresa encontrado no cenário conservador o qual se encontra bem próximo ao valor atual por ação. No caso de a corporação manter sua estrutura de capital ao que foi calculado e vencer novos leilões de energia (fato que ocorreu em julho/2022 quando venceu licitação para construir mais de 1.000 Km em linhas de transmissão) a tendência é o valor dela ficar próximo ao cenário otimista. Por fim, a presente monografia concluiu seu objetivo de encontrar o valor justo da Isa Cteep, mas ocorreram limitações de como estimar corretamente o valor da receita dos serviços prestados, uma vez que a cada ano e a cada 4 ou 5 anos as tarifas recebidas pelas companhias de transmissão de energia elétrica são reajustadas para repor as perdas inflacionárias, os custos de empréstimos), assim, usou-se uma média das últimas demonstrações financeiras para poder realizar uma projeção; limitações relacionadas ao custo de capital, pois foi 44 considerado que custasse o mesmo valor ao longo dos anos – sendo que a entidade poderia obter no futuro acesso a fontes mais baratas de financiamento - e que mantivesse a mesma estrutura. São limitações inerentes à técnica de valuation. O valor do fluxo de caixa do acionista ou da empresa são os mesmos e por isso não foram discriminados e citados nas projeções, ocorre pelo fato de considerar que a organização não captasse novas dívidas (pois a diferença entre eles é dívida nova obtida). 45 REFERÊNCIAS ASSAF NETO, Alexandre. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DAS COMPANHIAS. Disponível em: https://www.institutoassaf.com.br/indicadores-e- demonstracoes-financeiras/nova-metodologia/demonstra. Acesso em: 12 jun. 2022. ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2020. ASSAF NETO, Alexandre. Valuation: métricas de valor & avaliação de empresas. São Paulo: Atlas, 2019. BACEN. Relatório FOCUS. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/publicacoes/focus. Acesso em: 15 jun. 2022. BRASIL, Agência. Mercado financeiro aumenta pela 15ª vez projeção para inflação em 2022. 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