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Filosofia Geral - Problemas Metafísicos

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Prévia do material em texto

Professor(a) Esp. Francielle Freire Favareto
FILOSOFIA GERAL : 
PROBLEMAS METAFÍSICOS
REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira
DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença 
DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima
DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto 
DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini
DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel
COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco
COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas
REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling 
 Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
 Caroline da Silva Marques 
 Eduardo Alves de Oliveira
 Jéssica Eugênio Azevedo
 Marcelino Fernando Rodrigues Santos
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos
 Hugo Batalhoti Morangueira
 Vitor Amaral Poltronieri
ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz 
DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira 
 Carlos Henrique Moraes dos Anjos
 Kauê Berto
 Pedro Vinícius de Lima Machado
 Thassiane da Silva Jacinto 
 
FICHA CATALOGRÁFICA
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP
F272f Favareto, Francielle Freire
 Filosofia geral: problemas metafísicos / Francielle Freire
 Favareto. Paranavaí: EduFatecie, 2023.
 78 p.: il. Color.
 
 1. Filosofia. 2. Filósofos pré-socráticos. I. Centro Universitário
 UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título.
 
 CDD: 23. ed. 101
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577
As imagens utilizadas neste material didático 
são oriundas dos bancos de imagens 
Shutterstock .
2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie.
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva
dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da 
obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la 
de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
https://www.shutterstock.com/pt/
3
Professor(a) Esp. Francielle Freire Favareto.
• Graduada em Filosofia – Licenciatura Plena pela Universidade Estadual de 
Maringá
• Graduanda em Pedagogia – Unicesumar.
• Especialista em Gestão do Ensino de Religião, Sociologia e Filosofia – Facul-
dade Eficaz.
• Especialista em Tutoria em Educação a Distância – Faculdade Eficaz.
• Especialista em Educação Especial – Faculdade Paulista.
• Curso de Filosofia para Crianças – Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças.
• Projeto de extensão: O Papel Pedagógico das Tragédias Gregas –Universidade 
Estadual de Maringá
• Professora durante nove anos na rede estadual, atuando no Ensino Médio, nas 
disciplinas de Filosofia e Sociologia.
• Professora no Curso Preparatório Inovação nas disciplinas de Filosofia e So-
ciologia.
• Palestra sobre a “Origem da Filosofia – Organização social e política entre os 
gregos” na Câmara Municipal de Marialva – Projeto Câmara Jovem – 2018.
• Palestra sobre “Escola Pública e Privada: a formação de um cidadão crítico” na 
Faculdade Cidade Verde.
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/9058704080330971
AUTOR
http://lattes.cnpq.br/9058704080330971
4
Seja muito bem-vindo(a)!
Prezado(a) aluno(a), que satisfação ter você nesta disciplina. Iniciaremos uma 
grande jornada ao conhecimento filosófico, elementar para a construção de um pensa-
mento reflexivo e crítico no assunto que tange até hoje a mente de grandes pensadores, 
que é a questão do Ser. Iremos percorrer o caminho que a metafísica trilhou desde o seu 
nascimento, ápice e declínio, dando espaço para uma nova forma de pensar o Ser.
Na Unidade I, começaremos nossa jornada conhecendo a forma que os gregos 
clássicos se relacionam com questões cotidianas, histórias fantasiosas para explicar a 
própria realidade, denominado de Mitologia, ponto inicial para o pensamento cosmogônico.
Na Unidade II vamos inserir um novo conceito. Se a Unidade I, com a descoberta da 
metafísica, palpitou nossa mente, será na Unidade II que conheceremos a ontologia, que, em 
poucas palavras, significa “o estudo do ser”. Nesta unidade, a metafísica já é um conceito – 
estudo para tudo que está além da física – e o estudo do ser começa a ganhar corpo.
Na Unidade III veremos a filosofia cristã surgir e fundamentar-se no pensamento das 
autoridades Platão e Aristóteles. Neste momento, a filosofia será suprimida pela revelação.
Por fim, na Unidade IV, veremos o declínio da metafísica e o nascimento da feno-
menologia, momento este em que o sujeito volta a ser dono da sua própria experiência e 
sendo auxiliado pela ciência. Aqui, a filosofia deixa de ser subordinada e passa a ser fator 
essencial para busca e compreensão da dualidade corpo-mente.
É neste momento que lanço a mão para reiterar o convite de juntos trilharmos o 
caminho do conhecimento sobre os temas propostos neste material. Espero alcançar o 
objetivo de instigar em você o pensamento filosófico.
Grata e bom estudo!
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
5
UNIDADE 4
Corpo e Alma: Liberdade
Versus Determinismo
A Onto-Teologia Medieval
UNIDADE 3
A Ontologia Antiga
UNIDADE 2
Problemas Metafísicos e 
Filosofia – Pré-Socráticos
UNIDADE 1
SUMÁRIO
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
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Plano de Estudos
• Mitologia – Pensamento Cosmogônico;
• Pré – Socráticos – A busca pela Arché;
• Permanência e Devir – Parmênides e Heráclito;
• Pensamento Cosmológico.
Objetivos da Aprendizagem
• Compreender a relação do pensamento mítico com o pensamento 
racional no contexto grego;
• Compreender a importância dos filósofos pré-socráticos para a 
busca da origem das coisas “arché”;
• Estabelecer a diferença entre a Cosmogonia da Cosmologia.
Professor(a) Esp. Francielle Freire Favareto
PROBLEMAS PROBLEMAS 
METAFÍSICOS E METAFÍSICOS E 
FILOSOFIA – PRÉ-FILOSOFIA – PRÉ-
SOCRÁTICOSSOCRÁTICOS1UNIDADEUNIDADE
INTRODUÇÃO
7PROBLEMAS METAFÍSICOS E FILOSOFIA– PRÉ-SOCRÁTICOSUNIDADE 1
Prezado(a) estudante da disciplina “Filosofia Geral: Problemas Metafísicos”, é com 
grande satisfação que te convido a entrar no universo do conhecimento filosófico. Este 
processo de conhecimento irá trazer a você, caro(a) estudante, a oportunidade de navegar 
no processo de busca para encontrar o sentido do ser – metafísica – processo este que 
custou uma extraordinária mudança no pensamento ocidental em relação à origem das 
coisas materiais e sobrenaturais.
Esta introdução busca orientar e situar você, estudante, a entender a importância 
em conhecer o nascimento do processo racional que utilizamos até hoje, processo este que 
não aconteceu de forma rápida ou engendrado pelo acaso.
Como citado, a metafísica não se estabeleceu de forma aleatória, foi necessário 
que o homem grego entendesse o mundo que estava inserido e, a partir daí, levantasse 
questionamentos da própria realidade. Mas, para tanto, o mundo grego precisou passar por 
transformações no mundo material, tendo como efeito a revelação da própria existência.
Iremos, nesta unidade, entender como esse processo de “revelação” e ambientação 
foi necessário para o homem levantar a questão sobre o Ser.
O homem grego no seu princípio estava conhecendo seu mundo, estabelecendo 
verdades intuitivas, não questionando as explicações sobre o mundo que estava inserido.
Embarcaremos no estimulante ato de aprender sobre o mito, cosmogonia, cos-
mologia e iniciar um passeio nas condições que a Grécia proporcionou para o nascimento 
da Filosofia.
Vamos conhecer o berço da investigação do pensamento?
Bons estudos!
MITOLOGIA – 
PENSAMENTO 
COSMOGÔNICO1
TÓPICO
8PROBLEMAS METAFÍSICOS E FILOSOFIA – PRÉ-SOCRÁTICOSUNIDADE 1
Iremos iniciar nosso estudo referente à Metafísica e, de uma forma genérica e inicial, 
podemos traduzir como uma forma de entender o sentido do Ser. Mas, para entendermos 
essa necessidade de encontrar o sentido do Ser, faz-se necessário voltarmos à época dos 
povos primitivos.
Desde os povos primitivos, o homem sempre tentou entender sua realidade, buscar 
explicações para compreender o meio onde habitam, os fenômenos naturais e quiçá as 
questões sobrenaturais que faziam parte da vida cotidiana. Dessa forma, foi entre os povos 
primitivos que o mito se fez presente.
O mito era, para os povos primitivos, uma forma de explicar a realidade em que 
estavam inseridos, construída de explicações fantasiosas, não crítico para compreender 
fatores naturais e sobrenaturais.
Mesmo sendo uma forma fantasiosa de explicar a realidade que esses povos pri-
mitivos estavam inseridos, não se pode negar que essas explicações eram para eles uma 
verdade – verdade esta que chamamos de intuitiva –, ou seja, que não precisa de provas 
para ser aceita.
Vale ressaltar, querido(a) leitor(a), que o mito, reproduz um desejo do homem em 
dominar o mundo em que está inserido e apaziguar o medo e a insegurança do desconhecido.
Devido a esse medo de enfrentar o desconhecido, o mito passou a ser entendido 
como pensamento mítico, carregado de magias, para sanar o desejo de que as coisas 
acontecessem da forma que desejavam. Para que isso fosse possível, os mitos apresenta-
9PROBLEMAS METAFÍSICOS E FILOSOFIA – PRÉ-SOCRÁTICOSUNIDADE 1
vam uma ferramenta para transformar um pensamento em ação, os rituais. Os rituais eram 
os mitos em forma de ação.
Prezado(a) estudante, como citado, o mito é uma verdade intuitiva e, por carregar 
esse significado conceitual, temos que ressaltar sua função. Tendo em vista que o mito 
nasce do desejo do homem em dominar o mundo em que estava inserido, sua função 
consiste em fixar modelos, exemplos das atividades humanas – as ações, utilizando como 
ferramenta os rituais, que eram expressões imaginárias do homem em relação aos deuses. 
Dessa forma, o homem, em sua necessidade de encontrar explicações sobre sua realida-
de, utilizava dos ritos para demonstrar aos homens exemplos do que era o bem e o mal, 
recorrendo como protagonista o papel dos deuses.
Por conseguinte, o mito tem sua característica para ser considerado como tal. 
Quando pensamos nos mitos dos povos primitivos, é necessário entender que consistia na 
busca de uma explicação que atendia a todo o grupo. O indivíduo só se sentia pertencente, 
quando era reconhecido como parte do grupo, isto é, sua consciência/sua existência tinha 
que ser reconhecida pelos outros. 
FIGURA 1 - COSMOGONIA E TEOGONIA
Outra característica do mito é que, por não necessitar de provas e por não haver 
contestação dos fatos relatados, era considerado como um conhecimento dogmático, pois 
sua aceitação dependia da fé ou da crença. Como suas normas atendiam o coletivo, não 
respeitar os rituais, por exemplo, não afetava só o indivíduo, mas sua família também, e, por 
necessidade de impor medo caso houvesse transgressão, foram criados os tabus (proibição).
Mas do que se tratava o mito de fato? Como os mitos chegaram ao conhecimento 
de todos? Quem os contava?
10PROBLEMAS METAFÍSICOS E FILOSOFIA – PRÉ-SOCRÁTICOSUNIDADE 1
O que versava os mitos eram narrativas sobre as origens ou o fim das coisas, sobre 
a formação do universo. Os mitos eram recheados de narrativas de lutas, intrigas, trabalho, 
numa tentativa de explicar situações costumeiras no cotidiano, utilizavam as narrativas com 
o intuito de educar e as histórias eram contadas oralmente.
O nome dado às narrativas sobre a origem do universo é cosmogonia – “gonia” 
significa engendrar, gerar e “cosmo” quer dizer “o universo organizado”.
No início de tudo, o que primeiro existiu foi Abismo: os gregos dizem Kháos. 
O que é o Caos? É um vazio, um vazio escuro onde não se distingue nada. 
Espaço de queda, vertigem e confusão. […] depois apareceu Terra. Os gre-
gos dizem Gaîa, Gaia. […] Depois de Caos e Terra aparece em terceiro lugar, 
o que os gregos chamam Éros, e que mais tarde chamaram “o velho Amor 
(VERNANT, 2008, p. 17-19).
Já os mitos que explicavam a origem dos deuses eram classificados de teogonia. 
No teatro do mundo, o cenário está montado. Abriu-se o espaço, o tempo 
passou, gerações vão se suceder. (…) Assim como a terra é um local estável 
para os homens e bichos, também, no alto, o céu etéreo é morada segura 
para a divindade (VERNANT, 2008, p. 28).
FIGURA 2 - HOMERO E HESÍODO
As narrativas, histórias e mitos eram contados pelos aedos – rapsodos “Aedos” 
–, que compõem os próprios poemas e os cantam acompanhados de instrumentos. “[…] 
Rapsodos, artista popular ou cantor que, na antiga Grécia, ia de cidade em cidade recitando 
poemas” (WIKIPEDIA, 2021).
Há dois nomes importantes que narram os mitos, são eles Homero e Hesíodo.
A Homero, no final do século VIII a.C. ou século IX a.C., não se sabe ao certo 
em qual época ele existiu ou se ele existiu, são atribuídos os poemas Ilíada e Odisseia, 
11PROBLEMAS METAFÍSICOS E FILOSOFIA – PRÉ-SOCRÁTICOSUNIDADE 1
epopeias que relataram valores culturais que eram memorizados desde a infância por ser 
um meio de entendimento sobre questões sobre a vida.
Ilíada conta a história da guerra de Troia. A Odisseia relata o regresso de Ulisses 
para a sua ilha, chamada Ítaca, após o término da guerra. Ressalvo, prezado(a) estudante, 
que a guerra durou cerca de dez anos e a única embarcação que sobrou depois da guerra 
foi a de Ulisses, este que demorou mais ou menos dez anos.
Hesíodo teria vivido no século VII a.C., trouxe a gênese dos deuses com a sua 
teogonia, narrativa que contava o nascimento dos deuses, tendo como base inicial o caos 
que significa “universo desorganizado”.
Cada cidade grega tinha um deus ou uma deusa representando a sua ligação com 
o sagrado. Faziam festas, rituais, oferendas na intenção de agradar, para que não houvesse 
nem um tipo de castigo.
Foi com o desejo de entender ou até mesmo em dominar o que não entendiam, que 
as cosmologias e as teogonias foram fortemente construídas na mentalidade do homem 
grego primitivo.
Cativo estava o homemgrego mítico, preso a uma verdade intuitiva, temeroso, 
rude, tentando construir sua própria história. 
PRÉ-SOCRÁTICOS – 
A BUSCA DO ARCHÉ2
TÓPICO
12PROBLEMAS METAFÍSICOS E FILOSOFIA – PRÉ-SOCRÁTICOSUNIDADE 1
Os primeiros homens a pensar a natureza racionalmente, questionando o princípio 
das coisas, não aceitando mais narrativas fantasiosas ou imaginárias foram chamados 
de Pré-Socráticos ou Naturalistas, ou Filósofos da Physis, nome dado para identificar 
pensadores que tinham como objeto de observação a natureza como princípio das coisas.
Pré-socrático – é uma corrente de pensamento que iniciou antes de Sócrates, por-
tanto essa denominação tem a função de situar as filosofias pré-socráticas dentro da história, 
estabelecendo uma ordem cronológica. Outra contribuição desses filósofos foi fomentar a 
ruptura do mítico para o racional filosófico, com suas indagações sobre a origem das coisas.
Através da busca pela arché, os pré-socráticos, por meio de seus questionamentos, 
introduziram um conceito transformador, o lógos – razão ou explicação racional e argumen-
tativa das coisas do mundo.
Conceitos introduzidos, como arché, physis, lógos, caro(a) estudante, determina-
ram a mudança da mentalidade dos gregos, que foram pensados de forma racional pelos 
pré-socráticos, estes que eram classificados em monistas e pluralistas. 
Os monistas foram os pré-socráticos que elegeram um único elemento para desig-
nar o princípio, foram eles Tales de Mileto (640 a.C. – 548 a.C.) a água, Anaxímenes (588 
a.C. – 524 a.C.) o ar infinito, Heráclito (544 a.C. – 484 a.C.) o fogo, Pitágoras (século VI 
a.C.) o número e Parmênides (544 a.C. – 450 a.C.) o Ser.
Os pluralistas, como o nome indica, estipularam mais de um único elemento como arché, 
sendo eles: Empédocles (483 a.C. – 430 a.C.) o Úmido, o Seco, o Quente e o Frio, Anaxágoras 
(499 a.C. – 428 a.C.) as sementes que continham os elementos de todas as coisas “raízes”, 
os atomistas Leucipo (século V a.C.) e Demócrito (460 a.C. – 370 a.C.) os átomos.
Mas o que vem a ser Arché? É o conceito atribuído para designar a busca pelo 
princípio, “a origem de todas as coisas”, partindo de que a origem ou o princípio das coisas 
não surgem do nada.
PERMANÊNCIA E DEVIR – 
PARMÊNIDES E HERÁCLITO3
TÓPICO
13PROBLEMAS METAFÍSICOS E FILOSOFIA – PRÉ-SOCRÁTICOSUNIDADE 1
Parmênides de Eléia (século VI a.C.) foi um filósofo pré-socrático significativo para 
a história da Filosofia. O primeiro a se atentar para a importância da metafísica. Na ver-
dade, seu propósito deixou de ser uma mera especulação cosmológica, tornando-se uma 
ontologia (teoria do ser).
Sua teoria diz que a realidade é imutável: “O ser é, o não ser não é”. Demonstra que 
o mundo sensível é ilusório, e que só o mundo inteligível é verdadeiro e imutável.
3.1 Permanência
Parmênides escreveu um poema filosófico, em versos: Sobre a Natureza. Essa obra 
é composta por três partes: Proêmio, Primeira Parte e Segunda Parte. Na primeira trata da 
verdade; na segunda da opinião. Conservam-se numerosos fragmentos da primeira parte e 
alguns da segunda de acordo com Souza (SOUZA, 1996, p. 26).
A primeira parte, a da verdade, esclarece as coisas enquanto são, isto é, a do 
que é e que não tem a possibilidade que não seja. É nesta primeira parte do poema que o 
naturalista Parmênides anuncia o grande princípio de não-contradição, “o ser existe e não 
pode não ser e o não-ser não existe e não pode ser” (REALE, 2007, p. 34).
Na segunda parte do poema, Parmênides abandona a via da verdade e argumenta 
sobre a opinião dos mortais. São poucos os fragmentos que chegaram até nós, sobre essa 
segunda parte, o que foi possível interpretar foi que essa via introduz o conceito de movimento.
Vale ressaltar que, na primeira parte do poema, são tratadas duas vias: verdade 
e opinião. Na segunda parte que é tratado sobre a opinião dos mortais é a terceira via, 
lembrando: são escassos os fragmentos da segunda parte.
É por esse caminho que Parmênides identifica o que seria para ele o arché, che-
gando ao resultado que as coisas são entes, 
14PROBLEMAS METAFÍSICOS E FILOSOFIA – PRÉ-SOCRÁTICOSUNIDADE 1
As coisas […] mostram aos sentidos múltiplos atributos ou propriedades. São 
coloridas, quentes ou frias, duras ou moles, grandes ou pequenas. […] Mas 
consideradas como órgão, com o pensamento (noûs), apresentam uma pro-
priedade sumamente importante e comum a todas: antes de ser brancas ou 
vermelhas, ou quentes, são. São simplesmente (MARÍAS, 2004, p. 26).
Dessa forma, Parmênides faz seu trajeto contrapondo a mobilidade de Heráclito 
que “tudo flui”, alegando que existe sim o movimento, mas esse movimento acontece só no 
mundo sensível.
O mundo sensível, para Parmênides, é uma percepção ilusória, pois se baseia na 
opinião, sendo assim, um conhecimento não confiável. 
FIGURA 3 - HERÁCLITO
Heráclito (século VI a.C. – V a.C.), pré-socrático, defendeu a ideia “o verdadeiro 
é mutável”, pensador da frase célebre “não nos banhamos nunca duas vezes no mesmo 
rio”. Sua filosofia consistia que a realidade sofre mudança, chamando essa mudança de 
devir. Identificou que o ser é múltiplo. Apresentou também a doutrina da “harmonia dos 
contrários”, o mundo é guiado pela luta dos contrários, assim, determinando a harmonia.
3.1.1 Devir
A teoria do Devir, que tudo vir-a-ser, diz que tudo muda, transforma, tanto o homem 
quanto o mundo, tudo flui. E essa concepção aconteceu após eleger o fogo como arché. O 
fogo é, para Heráclito, o elemento que é menos consistente e o que mais muda.
O dilema de Heráclito passa pela questão: se tudo muda, se transforma, como pos-
so afirmar que conheço algo verdadeiramente? Para o pré-socrático é perceber a mudança 
que se instaura o conhecimento.
Por isso, acreditando na mudança, é que sua teoria apresenta a doutrina da “har-
monia dos contrários”, pois é através da luta dos contrários que o mundo se apresenta de 
forma harmônica. 
PENSAMENTO 
COSMOLÓGICO4
TÓPICO
15PROBLEMAS METAFÍSICOS E FILOSOFIA – PRÉ-SOCRÁTICOSUNIDADE 1
Chegamos ao nosso último tópico desta unidade onde trataremos do “Pensamento 
Cosmológico”. Vamos percorrer por alguns períodos o que a sociedade Grega passou, 
elencando fatores que consagrou a passagem do pensamento mítico para o pensamento 
filosófico. Estamos falando aqui da transição entre a Cosmogonia para a Cosmologia – 
cosmos (kósmos), que significa “a ordem e organização do mundo” ou “o mundo ordenado 
e organizado”, e logia, que vem da palavra lógos que significa “pensamento racional”, 
“discurso racional”, “conhecimento”.
No tópico I desta unidade, vimos o que era o mito, suas características e sua função 
no mundo grego e que houve uma ruptura entre o pensamento mítico para o pensamento 
racional filosófico por meio dos questionamentos sobre a origem das coisas, o arché.
O questionamento foi a expressão racional que o homem grego passou a fazer, 
deixando de lado a verdade intuitiva em busca da verdade lógico racional, é dessa forma 
que os pré-socráticos tiveram seu papel na história da Filosofia. Mas o que proporcionou 
essa “revolução” de forma de se pensar? 
Grécia passou a ser o berço da Filosofia, proporcionando condições para o exercí-
cio filosófico.
O homem grego passou a ser cidadão, a participar das decisões levantadas na 
ágora, dispondo de argumento, oratória para apresentar suas ideias, abriu campo para a 
indagação, questionamento, atributos da Filosofia.
É neste momento que a metafísica surge como um exercício crítico de perguntas 
e respostas. E como já vimos, foi com o pré-socrático Parmênides que não só a metafísica, 
como a ontologia, começou a fazer parte dos questionamentos de toda uma sociedade.
Vamos falar das condições para o nascimento do pensamento racional ou filo-
sófico? Foram seis fatores significativos para essa “preparação” que a sociedade grega 
16PROBLEMAS METAFÍSICOS E FILOSOFIA – PRÉ-SOCRÁTICOSUNIDADE 1
estava respirando, são eles; 1. As viagens marítimas, 2. A invenção do calendário, 3. A 
invençãoda moeda, 4. O surgimento da vida urbana, 5. A invenção do alfabeto e 6. A 
invenção da política.
01. As viagens marítimas proporcionaram ao homem grego a possibilidade de 
conhecer novas culturas e novos modos de pensamento. O relacionamento co-
mercial entre os povos da Grécia, Babilônia, Macedônia, Egito, trouxe uma nova 
mentalidade aos gregos. 
02. A invenção do calendário proporcionou o cálculo das estações, obrigando o 
homem a olhar a natureza de outra forma, isto é, criando métodos para registrar 
as repetições que acontecem com a natureza, possibilitando prever condições 
climáticas, favorecendo a agricultura e a navegação.
03. Com a invenção da moeda, o homem grego passou a abstrair o valor das 
coisas. Passou-se a usar as moedas abstraindo valores e o escambo (trocar um 
material por outro) teve seu fim.
04. O surgimento da vida urbana, efeito das navegações, comércio e o surgi-
mento da moeda deu espaço para o artesanato, dessa forma, diminuindo os 
prestígios da aristocracia (dos senhores donos de terras), pois uma nova classe 
surgiu trazendo para perto o estímulo das artes, fonte importantíssima para o 
nascimento da filosofia.
05. A invenção do alfabeto trouxe ao homem grego um pensamento abstrato, isto 
é, com a manipulação do alfabeto, transformando letras em palavras ao invés de 
desenhos (hieróglifos) dos egípcios ou os ideogramas (símbolos gráficos) dos 
chineses, o alfabeto tornou possível eternizar ideias, ao contrário dos signos que 
carregavam conotações mágicas.
FIGURA 5 - ALFABETO GREGO
17PROBLEMAS METAFÍSICOS E FILOSOFIA – PRÉ-SOCRÁTICOSUNIDADE 1
06. E o último, mas não menos importante, foi a invenção da política. Foi com 
a política que desejos de uma comunidade eram discutidos, favorecendo as 
relações internas, ou seja, as vontades da comunidade beneficiam as relações 
internas, assim nascendo a pólis (nome dado a cidade-Estado grega).
A pólis proporciona discussão, permitindo ao homem, aliás, ao cidadão o exercício 
da oralidade, argumentação, persuasão para apresentar solução de problemas que sur-
giam. Era na ágora (assembleia) que os cidadãos discutiam as necessidades da polis.
Foram essas condições que possibilitaram o nascimento da filosofia, momento que 
o mito deixa de ser a explicação da origem das coisas, passando para o entendimento da 
metafísica pelos pré-socráticos das filosofias sobre a origem com uma linguagem racional e 
sistemática, buscando o princípio natural e eterno, gerador de todas as coisas, ao contrário 
do pensamento cosmogônico que a origem é fruto do acaso. Esse período é chamado de 
pré-socrática ou cosmológica.
18PROBLEMAS METAFÍSICOS E FILOSOFIA – PRÉ-SOCRÁTICOSUNIDADE 1
Sobre o “Lugar dos Gregos na História da Educação” 
“A posição específica do Helenismo na história da educação humana depende da mesma particularidade 
da sua organização íntima – a aspiração à forma que domina tanto os empreendimentos artísticos como 
todas as coisas da vida – e, além disso, do seu sentido filosófico do universal, da percepção das leis pro-
fundas que governam a natureza humana e das quais derivam as normas que regem a vida individual e a 
estrutura da sociedade. Na profunda intuição de Heráclito, o universal, o logos, é o comum na essência do 
espírito, como a lei é o comum na cidade. No que se refere ao problema da educação, a consciência clara 
dos princípios naturais da vida humana e das leis imanentes que regem as suas forças corporais e espiritu-
ais tinha de adquirir a mais alta importância.”
Fonte: JAEGER (1995, p. 13).
Você sabia que na mesma época dos pré-socráticos viveram os sábios do Oriente, como Confúcio e Lao-Tsé 
(China), Sidarta Gautama, o Buda, (Índia) e Zaratustra (Pérsia, atual Irã).
Fonte: ARANHA, 2016, p. 25.
Será que reproduzimos, na atualidade, o termo mito, com a mesma conotação que os povos primitivos 
entendiam?
Fonte: A Autora.
19PROBLEMAS METAFÍSICOS E FILOSOFIA – PRÉ-SOCRÁTICOSUNIDADE 1
Ao longo desta unidade, percorremos o caminho da instigante Filosofia: desde as 
primeiras formas de se pensar o mundo até o pensamento filosófico.
Vimos que o mito teve papel fundamental nos povos primitivos como artimanha de 
organização social, narrativas que conduziam não só o modo de se pensar sua existência, 
mas normativas para manter a ordem social por meio dos rituais, elegendo regras que, se 
fossem transgredidas, toda a comunidade sofreria penas vindas dos deuses.
Aprendemos que houve uma passagem do pensamento mítico para o pensamento 
filosófico através de condições que a Grécia proporcionou.
O conceito metafísico foi o baluarte essencial para a indagação sobre o “ser” atra-
vés da filosofia de Parmênides, que não só conceituou a metafísica, mas a ontologia com 
seu princípio Ente.
Vimos também que, com o advento dos pré-socráticos, o conhecimento do mundo 
passou de cosmogonia para a cosmologia, em que a origem das coisas não surgiu do 
acaso como a cosmogonia sugere, mas de um princípio natural que foi fonte geradora de 
todas as outras coisas, o arché.
Passamos por alguns nomes de filósofos pré-socráticos que contribuíram para esse 
crescimento do espírito grego, que, aliás, Parmênides chama de nôus.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
20PROBLEMAS METAFÍSICOS E FILOSOFIA – PRÉ-SOCRÁTICOSUNIDADE 1
“Sobre a verdade e as opiniões: o Poema de Parmênides e a incisão entre ser 
e devir” 
O ponto de partida desta tese consiste em avaliar o Poema de Parmênides através 
da clivagem que lhe serve como principal orientação: a absoluta incompatibilidade entre 
verdade e opiniões. É a partir dela que se torna privilegiadamente possível analisar a obra 
parmenídica em sua integridade, na medida em que configura o gesto que determina a pró-
pria estrutura tripartida do Poema. Essa incompatibilidade que cinde verdade e opiniões de 
forma irreconciliável depende, no entanto, de uma decisão de pensamento que a sustenta e 
que lhe é anterior, servindo-lhe como fundamento – a clara e distinta incisão entre ser e de-
vir. Defende-se, deste modo, que o verbo ser aplica se tão-somente à verdade, assim como 
o devir caracteriza as opiniões, o que exige a pergunta: ao que se pode aplicar, então, cada 
um desses verbos em sua restrita propriedade, uma vez imiscíveis? Propondo uma nova 
semântica e mesmo uma nova gramática para o verbo ser, a verdade parmenídica e o ente 
de que trata serão aqui compreendidos como um artifício e um exercício de autonomia da 
linguagem, de uma linguagem, por conseguinte, necessariamente autorreferente; ao passo 
que a linguagem que se faz como uma fala acerca dos sensíveis, aquela que se propõe 
a responsabilidade de discorrer acerca do que costumamos nomear “realidade sensível”, 
é necessariamente plural e, portanto, opinativa. Verdade e opiniões não são dois modos 
distintos de pensar o mesmo, mas modos distintos do pensar: o noético e o frenético, 
cabendo a cada uma dessas modulações não apenas uma propriedade específica de ope-
rar o pensamento e a linguagem, mas também a submissão àquele que determina o seu 
gênero e caráter: o motivo pelo que se fazem, respectivamente, verdade e opiniões deve-se 
justamente àquilo sobre o que versam. Não há verdade sobre o “mundo”, posto que este 
não é, deve ser plural e diverso, ele exige da linguagem a diversidade e a pluralidade das 
opiniões. Em contrapartida, só é possível verdade sobre o que não devem. E o que não 
devem? Seria pouco responder “o ente”. O desafio maior do Poema de Parmênides resulta 
em saber do que se diz quando se diz “o ente”. Que seja feita, finalmente, a pergunta: o 
que é o ente?
Fonte: COSTA, Alexandre, Domínio Público, 2010, Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/
DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=180903
LEITURA COMPLEMENTAR
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=180903
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=180903
MATERIAL COMPLEMENTAR
21PROBLEMAS METAFÍSICOSE FILOSOFIA – PRÉ-SOCRÁTICOSUNIDADE 1
FILME/VÍDEO
• Título: Troia 
• Ano: 2004
• Sinopse: Filme conta a história épica da guerra de Troia, narrati-
va contada por Homero na obra Ilíada.
LIVRO
• Título: Odisseia
• Autor: Ruth Rocha
• Editora: Salamandra; 1ª edição (1 janeiro 2011).
• Sinopse: Esta obra narra o retorno de Ulisses (Odisseu) para 
sua ilha Ítaca depois da guerra de Troia.
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Plano de Estudos
• Dialética Socrática;
• Teoria das ideias - Platão;
• Metafísica aristotélica;
• Escolas helênicas.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar o pensamento filosófico após o advento 
da metafísica;
• Compreender os tipos de filosofias de acordo com a necessidade 
de interpretar o homem;
• Estabelecer a importância da racionalidade para compreender a 
vida humana.
Professor(a) Esp. Francielle Freire Favareto
A ONTOLOGIA A ONTOLOGIA 
ANTIGAANTIGA2UNIDADEUNIDADE
INTRODUÇÃO
23A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
Olá, caro(a) estudante, nesta unidade navegaremos no campo da investigação das 
ações humanas. 
Após termos estudado, na Unidade I, as filosofias pré-socráticas que se preocupa-
vam em encontrar o arché, nesta unidade iremos acompanhar a transformação da busca 
para compreender a existência do homem.
Iremos navegar em águas racionais, exercitando a capacidade de explicar as ações 
do homem sem indicar como pressuposto condições cosmogônicas, partindo da filosofia 
de Sócrates e finalizando esta unidade com as Escolas Helênicas, que trazem consigo 
pensamentos, correntes, teorias ou filosofias que buscam uma alternativa prática para se 
viver com sabedoria.
É por meio de águas agitadas que a busca para atingir a felicidade acontece. Será 
necessário aos filósofos elaborar conceitos relativos ao homem, não só na forma material, 
mas o que move, o que dá a partida, o que faz com que exerçam as atividades cognitivas 
e práticas.
O caminho para entender o pensamento de cada filósofo ou corrente filosófica será 
a passagem da busca em compreender a metafísica para abraçar a ontologia, o estudo que 
tenta compreender o ser.
Será uma honra navegar nas águas do conhecimento filosófico ocidental, tradição 
que carregamos ainda atualmente, como a ciência, por exemplo.
Bons Estudos!
24A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
DIALÉTICA 
SOCRÁTICA1
TÓPICO
Sócrates: 470/469 – 399 a.C., não se sabe ao certo a data de nascimento e morte, 
pois nada escreveu. O que se tem registrado são seus saberes em forma de diálogos, que 
seus discípulos escreveram após sua morte. 
Por não haver nenhum registro de punho de Sócrates, seus sucessores repro-
duziam seus diálogos da forma que entendiam, ou seja, a interpretação de seus saberes 
ficava à mercê de quem reproduzia, como exemplo, Platão e Aristófanes.
Platão interpreta Sócrates de forma idealizada, reproduzia os diálogos socráticos de 
forma séria, ao contrário de Aristófanes, que ridiculariza Sócrates em sua peça As Nuvens, 
confundindo Sócrates com os sofistas.
Apesar desses contratempos com os diálogos de Sócrates, o importante é enten-
der por que Sócrates é um marco no pensamento filosófico. Mesmo Platão idealizando seu 
mestre ou Aristófanes o ridicularizando, o importante são as filosofias que nasceram depois 
de Sócrates. 
O pensamento socrático tornou-se um marco no pensamento filosófico por distan-
ciar-se do pensamento naturalista que foi concebido pelos pré-socráticos e se tornando 
mais próximo a conhecer e identificar no homem suas ações, ou seja, diferenciando o 
homem da natureza o tornando mais especial. 
Os pré-socráticos se preocupavam em entender a natureza, procuravam descobrir 
o princípio das coisas – arché. Sócrates estava em busca de justificação filosófica, funda-
mentos para desvendar a natureza ou essência do homem.
25A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
1.1 Sócrates e os Sofistas
Com o advento do pensamento filosófico, pautado na razão, surgiram, na Grécia, 
homens que ensinavam a técnica da argumentação, retórica, oratória para os cidadãos que 
tinham o privilégio de ter um tutor. Esses homens eram chamados de Sofistas. Os sofistas 
são considerados os primeiros professores, por ensinarem aos mais abastados as regras 
da argumentação, para terem vantagens ou satisfazer seus desejos. Viajavam de uma 
cidade para outra realizando discursos e exposições para atrair alunos. 
A bagagem intelectual dos Sofistas divergia dos pensamentos socráticos, ou seja, 
os Sofistas pregavam que a verdade é relativa, mutável e múltipla, ao contrário dos saberes 
socráticos que veremos adiante. 
1.1.1 Sócrates e o conceito de alma
Sócrates estabeleceu alguns conceitos relativos ao homem, ao contrário dos pré-
-socráticos, que buscavam entender a natureza a partir do seu princípio. Não que Sócrates 
não tenha feito a mesma observação, mas após a filosofia de Parmênides, as observações 
não ficaram permeando questões cosmológicas e metafísicas, mas as questões ontológi-
cas estavam pautadas na mente dos indivíduos que buscavam compreender sua própria 
existência, explicações para suas ações de forma racional. 
Desta forma, Sócrates, a partir de seus diálogos, buscava entender o que movia 
a matéria do indivíduo, o que alimentava ou sustentava o homem nas suas tomadas de 
decisões, chegando à conclusão de que o homem é a sua alma. 
Alma no pensamento socrático era entendido como a consciência, a moralidade e 
a capacidade de entender e de querer, atributos reconhecidos só entre os homens, o que 
nos faz distanciar dos outros seres vivos.
A alma é a habilidade de aprender, é uma atividade cognoscitiva. E por atividade 
entende-se ações, ações que são reflexos de conhecimentos adquiridos, isto é, a alma é a 
ação em forma abstrata.
No pensamento socrático, a cura da alma acontece através da “virtude”, a virtude é 
a ciência, o conhecimento que potencializa a alma.
Por tratar a virtude como ciência para a cura da alma, Sócrates entende que nin-
guém, de forma voluntária, erra por que quer e sim por ignorância.
1.1.1.1 Sócrates e a Liberdade
Sócrates entende que a liberdade é o controle interior, é o autodomínio. Ou seja, 
quando se entende que o homem é a sua alma, é o que torna o homem racional, con-
26A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
quistando a liberdade quando consegue se afastar do mundo externo, libertando-se das 
paixões. A liberdade socrática é entendida como desprendimento do mundo externo.
1.1.1.1.1 O método socrático ou a dialética socrática
Na condução das suas conversas, Sócrates, nos seus diálogos articulados, criava 
dois momentos: o irônico-refutatório e a maiêutica. Mas antes, caro(a) estudante, vamos 
entender o que é a “Dialética Socrática”.
Dialética, traduzindo de forma literal, significa “caminho entre as ideias” (WIKIPÉDIA, 
2020, on-line). O método que Sócrates usava em seus diálogos caminhava por ideias na figura 
do “não-saber”, a partir de perguntas e respostas, método que foi inaugurado pelo filósofo. 
Percebe-se, caro aluno, que Sócrates inaugura um método e, como todo método, 
tem que chegar em uma finalidade. 
Chegamos agora, querido (a) aluno (a), na finalidade do método socrático. É ne-
cessárioentender a finalidade para depois compreender sua estrutura e a função. 
A finalidade era de natureza ética e educativa, ou seja, era por meio do diálogo, no 
formato de pergunta e resposta, que o homem tinha a oportunidade de fazer um “exame 
da alma”, um acertar de conta da própria vida, um olhar interior, afastando-se das paixões. 
Navegaremos agora na estrutura do método. 
A estrutura da dialética socrática era indagar, perguntar, questionar a confiança do 
interlocutor, ou seja, questionar suas crenças.
Sócrates propõe diálogo, se colocando na figura do “não-saber”, atitude não comum 
aos sofistas, pois estes tinham a modéstia de quem sabia de tudo, ao contrário de Sócrates, 
pois sua atitude era de quem não sabia de nada e que estava disposto a aprender com o outro.
Sócrates, quando toma essa postura do “não-saber”, mostra que a sua filosofia 
buscava algo diferente dos outros pensadores, como os naturalistas, sofistas e políticos. Os 
saberes dos naturalistas eram em vão, dos sofistas demonstravam convencimento e dos 
políticos, sem conteúdo.
Como apontado, chegou a hora de falarmos dos dois momentos que acontecem na 
dialética socrática: a ironia e a maiêutica.
Em um primeiro momento, dentro da conversa, da dialética, do jogo de perguntas 
e respostas, acontecia o irônico-refutatório, momento que Sócrates caminhava para as 
ideias do interlocutor a partir de perguntas a cair em contradição, chegando sozinho a 
reconhecer sua própria ignorância.
27A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
O momento irônico só acontecia, porque Sócrates se apresentava na figura do “não 
saber”, indagando certezas estabelecidas, forçando uma definição, refutando (dizendo o 
oposto) as ideias postas pelo interlocutor, utilizando de forma irônica as mesmas palavras. 
Esse momento de ironia e refutação, causava, nos soberbos, irritabilidade já para 
as pessoas humildes causava uma certa purificação1, pois descobriram, com a ajuda de Só-
crates, certezas que eram concebidas como verdadeiras, porém depois de refletir notavam 
que não podiam tomar como verdadeiras.
Agora, caro(a) aluno(a), chegamos no segundo momento da dialética socrática, a 
maiêutica. Na concepção grega, “maiêutica” é a arte obstétrica, é o parir. Sócrates apro-
priou-se do termo “maiêutica” para explicar como se dá o nascimento da verdade. Vamos 
entender como ocorreu esse processo?
O termo “maiêutica” foi apropriado por Sócrates em decorrência de sua mãe ter 
sido parteira, considerando também que a parteira grega era a mulher estéril, que não 
podia ter filhos e que, mesmo assim, tinha a propriedade em julgar o recém-nascido, se 
eram perfeitos ou não, de acordo com Cabral (2021). Através dessa analogia, Sócrates 
julgava não saber de nada e que sua função, através do método, era a de fazer nascer a 
verdade. A Maiêutica Socrática era um “parir” conclusões embasadas em reflexões e não 
em tradições já estabelecidas sem o crivo da razão.
Sócrates apenas conduzia seu interlocutor a encontrar a verdade que estava dentro 
de si, ceifando tradições que fugiam da luz da razão.
1 Purificação neste sentido significa “catarse” purificação da alma, termo utilizado pelos gregos na época 
da Grécia Antiga. 
28A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
TEORIA DAS IDEIAS 
- PLATÃO2
TÓPICO
2.1 Platão
Platão (428/427 a.C.) nasceu em Atenas e teve como primeiro mestre Crátilo, de-
pois Heráclito e, por último, Sócrates. Idealizava os saberes socráticos. Vivenciou a política, 
porém decepcionando-se com métodos violentos aplicados por dois parentes que deposita-
vam confiança. O ápice de sua frustração foi com a condenação de Sócrates, afastando-se 
por completo da política. Sua maior contribuição foi a “teoria das ideias”. 
2.1.1 Teoria das ideias
Não podemos deixar de realçar, a importância de Platão para o estudo da “ontolo-
gia”. Sua ontologia está explicada no “Mito da Caverna” ou “Alegoria da Caverna”.
Platão descreve que alguns homens, desde a infância, geração após geração, se 
encontram aprisionados em uma caverna. Neste lugar, não conseguem se mover em virtude 
das correntes que os mantêm imobilizados. Virados de costas para a entrada da caverna, 
veem apenas o seu fundo. Atrás deles há uma parede pequena, onde uma fogueira per-
manece acesa. Por ali passam homens transportando coisas, mas como a parede oculta 
o corpo dos homens, tudo o que os prisioneiros conseguem ver são as sombras desses 
objetos transportados. Essas sombras projetadas no fundo da caverna são compreendidas 
pelos prisioneiros como sendo tudo o que existe no mundo.
Certo dia, um dos prisioneiros consegue se libertar das correntes que o aprisionava. 
Com muita dificuldade, ele busca a saída da caverna. No entanto, a luz da fogueira, bem 
como a do exterior da caverna, agride seus olhos, já que ele nunca tinha visto a luz. O ex-
29A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
-prisioneiro pensa em desistir e retornar ao conforto da prisão, a qual estava acostumado, 
mas gradualmente consegue observar e admirar o mundo exterior à caverna. Entretanto, 
tomado de compaixão pelos companheiros de aprisionamento, ele decide enfrentar o cami-
nho de volta à caverna com o objetivo de libertar os outros e mostrar-lhes a verdade.
No diálogo, Sócrates propõe que Glauco, seu interlocutor, imagine o que ocorreria 
com esse homem, em seu regresso. Glauco responde que os outros, acostumados à escu-
ridão, não acreditariam no seu testemunho e que aquele que se libertou teria dificuldades 
em comunicar tudo o que tinha visto. Por fim, era possível que o matassem, sob a alegação 
de perda da consciência ou loucura (MENEZES, 2011). 
A Alegoria da caverna apresenta dois mundos, o “mundo sensível” e o “mundo 
inteligível”. O mundo sensível é o mundo das aparências, da opinião, da mudança, é o 
mundo das coisas, o mundo inteligível é o mundo da verdade, identidade, estabilidade da 
permanência, da essência do Ser. Além das diferenças citadas, o mundo sensível é o mun-
do da cópia, simulacro do mundo das ideias que é perfeito e que corresponde a essência, 
aquilo que torna algo o que é.
A Alegoria da caverna está repleta de simbologias, o sol representa a ideia do bem, 
as sombras são conhecimentos errados, os prisioneiros somos nós presos, sair da caverna 
simboliza a busca pelo conhecimento.
30A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
METAFÍSICA 
ARISTOTÉLICA3
TÓPICO
Aristóteles (384 – 322 a.C.) Nasceu em Estagira, na Grécia, ficou órfão com 18 
anos e mudou-se para Atenas; frequentou a escola de Platão por 20 anos. Após a morte 
de seu mestre, Aristóteles fundou sua própria escola. Foi preceptor de Alexandre até este 
tomar posse do trono. Neste momento, Aristóteles volta para Atenas e funda o Liceu, per-
manecendo por dez anos.
Para Aristóteles, não há separação dos mundos, como teorizou Platão, para ele 
só existe a essência o que faz uma coisa ser o que é, o que a define. O que existe para o 
Estagirita é uma única realidade onde as coisas e a essência estão juntas. Momento este 
que inicia a ontologia aristotélica, conceito que veremos adiante.
A Metafísica aristotélica está composta por três estudos, são elas: o “divino”, o 
estudo dos “primeiros princípios” e, por último, os atributos dos seres.
Para Aristóteles, o divino é a realidade primeira, a perfeição, que não muda, o “Pri-
meiro Motor”. Todos os seres procuram aproximação, transformando-se na própria vontade 
de encontrar sua essência divina e perfeita.
O segundo estudo são os “primeiros princípios” e as causas primeiras de tudo que existe.
O terceiro estudo está relacionado aos atributos dos seres buscarem sua essência, 
que faz dele o que é.
Dentro do estudo aristotélico sobre a metafísica existem conceitos que definem e 
dão corpo ao seu estudo, são as causas primeiras, lógica, a definição do ser e o que faz o 
ser como é. Iniciaremos pela lógica aristotélica.
31A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
São três os princípios da lógica, a identidade, não contradição e terceiro excluído.São conceitos que demonstram que o ser é e não pode deixar de ser de forma racional.
As causas primeiras são compostas por quatro causas, a causa formal que a sua 
substância, a causa material que a matéria da substância, causa eficiente que é o que faz 
existir, que dá forma e a causa final que é a finalidade, para que existe.
Há definições que fazem um ser ser o que é, estamos falando da matéria que é do 
que as coisas são feitas, a forma que particulariza a matéria, a potência que dá força para 
algo vir a ser e o ato, o processo da matéria em uma forma.
Para completar a metafísica aristotélica, o estagirita2 apresenta conceitos para 
explicar o que faz um ser ser como é, os conceitos são: essência, acidente, substância e 
os predicados.
A essência é o que define, que faz o ser o que é. Acidente são atributos que podem 
existir ou não, não se fazem necessários; a substância é o que determina o ser, é o que 
o diferencia de todas as outras coisas. Os predicados são o que estrutura o ser, são as 
qualidade, quantidades, e não afetam a própria natureza do ser.
2 Nome dado a quem nasceu em Estagira (onde nasceu Aristóteles), utilizado muitas vezes para se referir a 
Aristóteles. 
32A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
ESCOLAS 
HELÊNICAS4
TÓPICO
Caro(a) estudante, na Unidade I estudamos a passagem do pensamento cosmo-
gônico para o cosmológico, processo que aconteceu devido a uma certa “maturidade” do 
pensamento humano. O surgimento das Escolas Helênicas passou pelo mesmo processo. 
Aconteceu uma passagem da era clássica para a era helenística. 
Alexandre Magno (334-323 a.C.), com o seu comando para o Oriente, resultando 
em conquistas territoriais e instituindo uma monarquia universal divina, causou crise na 
Polis. Devido a expansão territorial, o conceito de cidade-Estado (Polis) foi superado pelo 
ideal “cosmopolita” (o mundo inteiro é uma Polis), o homem da cidade foi substituído pelo 
homem-indivíduo (REALE, 2007, p. 249).
Mudanças houve também na cultura e espiritual, empreendendo a necessidade 
de novas filosofias, deixando de lado pensamentos de Platão e Aristóteles, recorrendo a 
pensamentos mais práticos. A cultura helênica tornou-se cultura helenística, Atenas deixou 
de ser o centro da filosofia, dando lugar para Alexandria.
Com todas as mudanças e a necessidade de novas filosofias, surgiram filosofias 
que tratavam diretamente da vida prática. Essas filosofias são: Cínica, Epicurista, Estóica e 
Cética. Nosso estudo terá início no Cinismo.
4.1 Cinismo
33A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
FIGURA 1 - IMAGEM DO FILÓSOFO DIÓGENES - FILÓSOFO CÍNICO E DO ALEXANDRE O 
GRANDE
O Cinismo, termo que deriva do grego kyôn - cão, e explica a forma que os cínicos en-
tendiam a existência. Entendiam que era necessário desprezar o mundo material, os prazeres. 
Pregavam que cultivar a virtude bastava, pois os prazeres do mundo não tinham importância. 
Andavam apenas com uma túnica e uma sacola, demonstrando desprezo pelas “coisas do 
mundo”, passando uma imagem de superioridade, porém, as pessoas não acreditavam e 
julgavam esse comportamento de falsidade, que não era verdadeiro, era apenas fingimento. 
A Filosofia Cínica focava na Autarquia, o indivíduo é capaz de se bastar, de ser 
independente.
4.2 Epicurismo
FIGURA 2 - IMAGEM DE EPICURO, FILÓSOFO GREGO QUE FUNDOU O EPICURISMO 
O Epicurismo, escola fundada por Epicuro de Samos (341 a.C.), em Atenas, traz 
uma bagagem de filosofias extensa, como a de Demócrito, com a teoria atomista, de Só-
crates, com a arte de viver, e com a Escola Cirenaico, a relação entre felicidade e prazer.
34A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
O prédio onde os epicuristas estudavam já era uma revolução, um prédio com 
jardim no subúrbio, não no formato de palestras no tumulto da cidade, por isso a escola é 
chamada de “Jardim” e os epicuristas de “filósofos do jardim”.
A filosofia epicurista se resume em: 1º. o homem consegue entender a realidade; 2º. 
dentro dessa realidade há um espaço para a felicidade; 3º. a dor não é compatível com a felicida-
de; 4º. a felicidade não depende do outro, só de si mesmo; e 5º. por não depender do outro para 
alcançar a felicidade, as instituições, as cidades e a riqueza contribuem para obter felicidade. 
4.3 Estoicismo
FIGURA 3 - FILÓSOFO GREGO ESTÓICO MARCO AURÉLIO
O Estoicismo acreditava que só o prazer físico afasta o homem da sabedoria, que o 
único meio para atingir a felicidade era a prática da virtude. Apreciam cultivar o intelectualismo e 
a moral, tratam com indiferença tudo que é do mundo “Apathea”, pois acreditavam que os praze-
res do mundo viciam a Alma. Acreditam que o universo é comandado por uma razão universal.
4.4 Ceticismo
FIGURA 4 - IMAGEM QUE REPRESENTA O QUESTIONAMENTO
O Ceticismo entendia que a felicidade se encontrava na atitude de não julgar nada e 
ninguém, e que a neutralidade é o comportamento ideal. A certeza das coisas era impossível 
de ser encontrada, a atitude correta é a do questionamento. A corrente cética, do ponto de 
vista filosófico, afirma que é impossível obter o verdadeiro conhecimento. Portanto, para o 
cético, o indivíduo não é capaz de apreender o objeto de conhecimento. 
35A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
Sócrates foi acusado de “corromper” os jovens gregos e como punição tomou cicuta (veneno). Sócrates teve 
a oportunidade de exílio, porém não aceitou pois estaria contradizendo sua filosofia. 
Fonte: A autora. 
O termo metafísica surgiu no século I a.C. quando Andrônico Rodes ao classificar as obras de Aristóteles de 
“Filosofia Primeira” após as obras de física: meta physis ou seja, depois da física. Posteriormente o “depois” 
foi compreendido como “além” dessa forma, o termo metafísica é o estudo para tudo que além da física 
(matéria), do sensível
Fonte: Filosofando (2016, p. 112).
Será que na atualidade estamos na caverna, cegos pela luz do sol ou tentando voltar para caverna para 
avisar aos outros sobre a verdadeira realidade?
Fonte: A autora.
A filosofia de Sócrates marcou um avanço no pensamento do indivíduo pois com o seu método nos ensinou 
a refletir sobre verdades que estavam estabelecidas por outros. Será que refletimos antes de agir ou agimos 
seguindo tradições que não foram pensadas por nós.
Fonte: A autora.
36A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
Na Unidade II foi abordado o processo que a ontologia antiga percorreu. A ontologia 
tem o homem como objeto de observação e, por consequência, o estudo é para compreen-
der o Ser.
Por este caminho, a filosofia grega passou por transformações, o que proporcionou 
um ambiente de indagações sobre a questão do Ser.
Diferente dos pré-socráticos, que buscavam entender e explicar o arché (princípio, 
origem) das coisas, filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles e os filósofos das Escolas 
Helênicas direcionaram suas observações na condição humana. 
Foi neste momento que o homem foi tratado de forma especial, quando todo o 
esforço estava voltado a decifrar o Ser.
Espero que o esforço dos filósofos antigos tenha atingido a todos(as), causando 
em uma reflexão sobre o ser e, como efeito, uma autorreflexão sobre o que entendemos 
por Ser.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
37A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
Do Mito da Caverna às Redes Sociais 
O Mito da caverna, também conhecido como Alegoria da Caverna ou Parábola da 
Caverna; é metáfora criada pelo filósofo grego Platão, presente na obra “A República”; que 
consiste na tentativa de explicar a condição de ignorância em que vivem os seres humanos 
e o que seria necessário para atingir o verdadeiro “mundo real”, baseado na razão acima 
dos sentidos, nunca esteve tão atual.
A obra de Platão relata a história de um grupo de prisioneiros que viviam numa 
grande caverna, com seus braços, pernas e pescoços presos por correntes, forçando-os a 
fixarem-se unicamente para o fundo da caverna. Atrás dessas pessoas existia uma fogueira 
e outros indivíduos que transportavam imagens de objetos e, ao redor da luz do fogo, tinham 
as suas sombras projetadas naparede da caverna, onde os presos ficavam observando. 
Os prisioneiros podiam enxergar apenas as sombras das imagens, julgando serem aquelas 
projeções da realidade.
Certa vez, um dos prisioneiros conseguiu se libertar das correntes e saiu para o 
mundo exterior. A princípio, a luz do sol e a diversidade de cores e formas assustou o ex-pri-
sioneiro, fazendo-o querer voltar para a caverna. No entanto, com o tempo, ele acabou por se 
admirar com as inúmeras novidades e descobertas que fez. Assim, quis voltar para a caverna 
e compartilhar com os outros prisioneiros todas as informações e experiências que existiam 
no mundo exterior. As pessoas que estavam na caverna, porém, não acreditaram naquilo 
que o ex-prisioneiro contava e chamaram-no de louco. Para evitar que suas ideias atraíssem 
também outras pessoas para os “perigos da insanidade”, os prisioneiros mataram o ‘fugitivo’.
Para Platão, a caverna simboliza o mundo onde todos os seres humanos vivem, 
enquanto que as correntes significam a ignorância que prendem os povos. As pessoas 
ficam presas a estas ideias pré-estabelecidas e não buscam um sentido racional para 
determinadas coisas, evitando a “dificuldade” do pensar e refletir, preferindo contentar-se 
apenas com as informações que lhe foram oferecidas por outras pessoas.
O indivíduo que consegue se “libertar das correntes” e vivenciar o mundo exterior 
é aquele que vai além do pensamento comum, criticando e questionando a sua realidade.
O Mito da Caverna mantém-se muito atual. Fazendo uma analogia, bem contemporâ-
nea, pode-se associá-la ao universo digital, das redes sociais e internet, do qual, praticamente, 
LEITURA COMPLEMENTAR
38A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
todos estão inseridos. Os usuários encantados com tantas possibilidades que estes disposi-
tivos propõem para suas vidas, podem ficar presos a esta realidade virtual como se fosse a 
única realidade que há, passando a viver em uma escuridão como se estivesse dentro de uma 
caverna. E, inseridos nas redes sociais, preferem permanecer alheios ao pensamento crítico 
(seja por preguiça ou falta de interesse) e aceitar as ideias e conceitos que são impostos por 
um grupo dominante, por exemplo, de influenciadores, blogueiros e artistas midiáticos.
Ao recorrer ao uso contínuo das redes sociais e da internet, o indivíduo, então, 
desenvolve em sua mente, um mundo completamente diferente da realidade. E, com medo 
de ser rejeitado, de seu conteúdo não ser compartilhado, cria a sua própria realidade com 
intuito de se manter numa zona de conforto, ou seja, uma prisão social. Com isso, há um 
isolamento social, na vida real. Afinal, o “inferno são os outros”, parafraseando o filósofo e 
escritor francês, Jean-Paul Sartre. Ou seja, alienado da realidade, vivendo o ‘mundo virtual’, 
os indivíduos acabam sendo intolerantes ao convívio social real. Pois, o problema é que 
projetos pessoais entram em conflito com o projeto de vida dos outros. E, os outros, tiram 
parte da autonomia pessoal. Porém, ao mesmo tempo, é pelo olhar do outro que o indivíduo 
se auto reconhece, com erros e acertos. Já que a convivência expõe as fraquezas pessoais.
Fonte: Folha do ABC (2019, on-line). Disponível em: www.folhadoabc.com.br/index.php/secoes/item/12733-do-
mito-da-caverna-as-redes-sociais 
39A ONTOLOGIA ANTIGAUNIDADE 2
MATERIAL COMPLEMENTAR
FILME/VÍDEO
• Título: Baraka
• Ano: 1992
• Sinopse: Um mundo além das palavras. Baraka é uma antiga 
palavra que pode ser traduzida como o sopro ou a essência da 
vida, de onde se desencadeia o processo de evolução da vida. 
Com imagens captadas em 24 países, nos seis continentes do 
globo, Baraka busca traduzir visualmente a ligação do ser humano 
com a Terra. Baraka é um espetáculo visual deslumbrante que 
deve ser visto, sentido e vivido para ser compreendido.
LIVRO
• Título: Ficções
• Autor: Jorge Luis Borges
• Editora: Companhia das Letras
• Sinopse: Contos que abordam questões metafísicas. 
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Plano de Estudos
• A questão da finitude e infinitude no pensamento medieval;
• Patrística e a existência do mal; 
• Escolástica - Fé x Razão;
• Provas da existência de Deus.
Objetivos da Aprendizagem
• Entender o processo de ruína que levou o pensamento grego e a 
metafísica grega ter sido reelaborada pelos medievais.
• Compreender a problemática que os pensadores da Idade Média se 
debruçaram a resolver.
• Estabelecer a importância da metafísica e ontologia conceitos que 
foi elencado pelos filósofos gregos e que serviu de modelo para os 
pensadores medievais.
Professor(a) Esp. Francielle Freire Favareto
A ONTO-TEOLO-A ONTO-TEOLO-
GIA MEDIEVALGIA MEDIEVAL
UNIDADEUNIDADE3
41A ONTO-TEOLOGIA MEDIEVALUNIDADE 3
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) estudante. A nossa viagem pelo conhecimento será no período da 
Idade Média, palco do nascimento da Filosofia Cristã e nossos principais personagens 
serão Santo Agostinho de Hipona e São Tomás de Aquino.
Vimos na Unidade II a consolidação da Metafísica e a busca em explicar a Onto-
logia. O estudo do Ser foi o objeto de observação e estudo dos filósofos antigos. Platão e 
Aristóteles teorizaram e conceituaram o ser sem desvincular do sagrado.
Porém, estudante, entraremos em um período em que a preocupação maior era 
unir a filosofia dos gregos com a fé cristã, que estava sendo instaurada. 
Com o advento do Cristianismo, surgiu a Patrística, que leva esse nome por ser es-
tudada pelos Padres da Igreja, padres estes que tinham a herança intelectual dos filósofos 
gregos. A função desses padres era conciliar a fé e a razão como base do conhecimento.
 Além da Patrística, estudaremos a Escolástica, filosofia que fundamenta a fé como ins-
trumento de conhecimento. Primeiro a fé, depois a razão, considera que o homem, denominado 
por criatura, não é capaz de chegar ao conhecimento das coisas na sua totalidade pela razão.
Questões como existência do mal, fé versus razão e a prova da existência de Deus 
são assuntos que serão abordados nesta viagem.
Bons Estudos!
A QUESTÃO DA
FINITUDE E INFINITUDE
NO PENSAMENTO MEDIEVAL1
TÓPICO
42A ONTO-TEOLOGIA MEDIEVALUNIDADE 3
A filosofia, na Idade Média, foi inserida de forma escassa, ocupando um lugar se-
cundário, subordinada da Teologia, que neste momento era o conjunto dos saberes. 
Vale ressaltar que a idade média surge a partir de três fatores, a ruína do mundo 
clássico antigo, a invasão dos bárbaros e o Cristianismo.
A passagem de um período para o outro acontece quando o antigo está arruinado, 
sofrendo processos de aniquilação, forçando uma formação de um novo pensamento, 
deixando algum legado cultural. Não há uma ruptura sem deixar alguma herança; no caso 
do período clássico antigo para o medieval, a filosofia esteve presente, mas não da mesma 
forma que no Classicismo, ou seja, a filosofia ficou abaixo da ciência divina (revelação). 
Neste momento, o homem medieval tende a olhar com os olhos da fé, voltado para as 
coisas do espírito, mirando a Vida Eterna, ou seja, enquanto no classicismo o homem é levado 
a buscar a posição de sábio para atingir a felicidade ou ser um homem de bem, na idade 
média, com o advento doCristianismo, o homem só se realiza na plenitude divina – em Deus. 
Considerados como primitivos, os bárbaros abraçaram o Cristianismo de forma 
totalizante, não contribuindo com o pensamento filosófico. 
O terceiro fator para o fortalecimento da idade média foi o Cristianismo, trazendo 
como fundamento a renovação do homem, e, com a presença maciça dos bárbaros, o 
Cristianismo ganhou espaço no pensamento dos homens medievais. 
Na metafísica houve uma reelaboração da metafísica grega, pois alguns conceitos 
gregos não teriam chance de serem aceitos pelo cristianismo, como aponta Chauí (2011). 
Alguns desses conceitos são: a eternidade do mundo sensível e inteligível, a divindade é 
uma forma cósmica, impessoal, o homem é um ser natural (corpo e alma) e seu intelecto 
(razão) é superior e imortal, a liberdade é uma atividade humana (ação) o que orienta na 
43A ONTO-TEOLOGIA MEDIEVALUNIDADE 3
escolha e governa a vontade, o conhecimento é uma ação da razão, segundo Chauí (2011). 
Essas e outras que não foram citadas não faziam parte do fundamento do pensamento 
medieval atribuído ao Cristianismo. 
A grande dificuldade encontrada no início do Cristianismo foi unir a razão de forma 
filosófica com as verdades da crença e um ponto central dessa problemática foi a questão 
da finitude e infinitude.
No Dicionário Básico de Filosofia, a palavra finitude tem o seguinte significado: 
“O pensamento cristão introduz, na origem do mundo criado, um Deus perfeito e infinito. 
O infinito ganha um sentido positivo, mas a finitude do mundo criado não sai da ordem 
das coisas” (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006, p. 112). Se para os gregos Deus aparece 
de forma cósmica e impessoal, segundo Chauí (2011, p. 243), “participamos da natureza 
com a nossa alma, participamos da inteligência divina”, ou seja, o homem além de interagir 
participa de toda realidade.
Mas como se ajustou a filosofia grega com o pensamento medieval sobre a questão 
do homem e Deus? 
Este ajuste, caro(a) aluno(o), partiu da separação entre o homem e Deus na con-
cepção cristã, através do pecado original. Mas antes faz-se necessário entendermos essa 
problemática da finitude e infinitude.
Na Escolástica do século IX ao XVI pulverizou a expressão “o agir segue o ser”, ou 
seja, o ser infinito – Deus – e aos seres finitos – criaturas. O ser é, portanto, fonte do agir. No 
ser finito, o agir é o seu processo natural de ser-mais, de crescer no ser1, de se enriquecer 
ontologicamente, aproximando de sua essência, do ser infinito (COUTINHO, 2008, p. 132).
Finitude caracteriza-se por condição humana, seja na concepção cristã, por opo-
sição à transcendência e à perfeição divina, “[…]o infinito vai ser filosoficamente pensado 
como positivo – por oposição à finitude (humana), que é doravante compreendida como 
negação (ou carência) do ser” (DUROZOI; ROUSSEL, 1993, online), Deus é o que dá vida 
às criaturas segundo Meier (2014).
No pensamento medieval, Deus é o criador de tudo que existe, sendo assim, o 
ato puro, ser por essência, configurando, portanto, que tudo que existe, é derivado desse 
Deus. No pensamento medieval, a criação do mundo e das criaturas se deu a partir de uma 
iniciativa de amor gratuito, ao contrário do pensamento grego, que Deus não é gerador da 
matéria (MEIER, 2014).
Vale ressaltar, caro(a) aluno (a), que a metafísica medieval não dialoga com a 
metafísica do classicismo, pois ela deixou de ser indagação, passando para questões e 
respostas dogmáticas.
1 A expressão “ser-mais, crescer no ser” demonstra que a ação dos seres finitos é um processo que 
engrandece o ser finito, com meta de se aproximar do Infinito.
PATRÍSTICA E A 
EXISTÊNCIA DO MAL3
TÓPICO
44A ONTO-TEOLOGIA MEDIEVALUNIDADE 3
A Patrística (séc. II ao séc. V) é considerada a primeira corrente filosófica na fase 
cristã. Leva esse nome por indicar como pensadores os Padres da Igreja, por serem os 
primeiros a fundamentar a doutrina cristã. 
Inicia com São Paulo e com os evangelhos de São João e finda no século VIII, com 
o início do período medieval. 
A filosofia Patrística inaugurou a relação entre a filosofia greco-romana e a fé, isto 
é, relacionar a filosofia antiga com os pensamentos na nova religião que surgia, o Cristia-
nismo. Esta filosofia tinha como objetivo converter pagãos, aqueles que não aceitavam 
ou não conheciam a nova religião, introduzindo conceitos e fundamentos contrários ao 
pensamento clássico antigo. Esses fundamentos eram: a existência do mal, fundamentar 
que a criação aconteceu do nada, que o homem carrega um pecado original, a existência 
de um juízo final, etc.
O assunto que iremos abordar dentro da Filosofia Patrística é a existência do mal, 
tema tratado por Santo Agostinho.
Santo Agostinho, o bispo de Hipona, nasceu em 354 e converteu-se ao cristianismo 
em 386. Serviu ao cristianismo até 430, ano da sua morte. Filho de pai pagão e mãe cristã, 
teve o privilégio de frequentar e acessar a educação clássica e, ao contrário de quem tinha 
o mesmo acesso a esta educação, não teve resistência aos pensamentos e filosofias fora 
do âmbito cristão. Agindo de forma contrária, Agostinho apropriou-se da filosofia platônica 
para defender o pensamento cristão.
45A ONTO-TEOLOGIA MEDIEVALUNIDADE 3
Santo Agostinho justificava que os gregos não erraram por completo, apenas não 
atingiram a razão, pois acreditava que o homem tem uma limitação, causando a impos-
sibilidade de conhecer todas, porém, defende que o homem – criatura – carrega, na sua 
interioridade, a verdade. O homem é um ser racional, porém sua inteligência é para buscar 
Deus, no pensamento de Agostinho a fé não prescinde da razão. 
Destarte, Agostinho problematiza a questão do mal. Em primeiro momento, indaga 
a origem, sendo o homem fruto do amor de Deus – criador de todas as coisas –, é impos-
sível pensar que O Criador foi o criador do mal. 
Agostinho, recorre à matéria em um primeiro momento. Será que o mal surgiu da 
matéria criada por Deus? Mas se Deus é infinita bondade e onipotente, criar o mal seria 
contrariar o que Deus é. Portanto, o mal não advém da criação da matéria. Dessa forma, não 
tem como alegar que o mal é criação divina, sugestionando que o mal é a privação do bem.
Alcançamos, caro(a) aluno(a), três formas que Agostinho aponta como possível a 
existência do mal, são elas: metafísica, moral e físico.
O mal metafísico não tem existência no cosmo, não existe uma entidade que aborda 
essa característica. Para Agostinho, o mal metafísico é a inferioridade do homem em relação 
ao Criador, isto é, o que acontece é a existência de criaturas que estão em diferentes graus, 
porém, não conclui, acrescenta que o mal metafísico perante o ponto de vista da grandiosi-
dade que é o Universo, o mal metafísico desaparece incluindo também em seu raciocínio, 
que aparentemente Deus sendo o criador de tudo seria responsável pelo mal (MEIER, 2014).
Para resolver a questão do mal, Agostinho defende que nada mais é do que uma 
interpretação a partir do ponto de vista da medida de quem analisa. O mal, a partir da 
moral, de acordo com Meier (2014), é consequência do pecado cometido pelo homem, por 
não saber fazer uso do livre-arbítrio, o homem que peca moralmente escolhe desviar do 
caminho de Deus, aproximando-se dos bens finitos, mundanos. 
A condição do mal no olhar físico surge devido às ações moralmente erradas, ou seja, 
quando o desviamos de Deus, consequentemente o físico e o espiritual tendem ao sofrimento. 
Santo Agostinho, segundo Meier (2014), sugere que o mal, em todas as suas for-
mas, é nada mais que o orgulho, vaidade do homem enquanto criatura singular ou vivendo 
coletivamente, é a corrupção do ordenamento da Natureza. 
Concluímos, caro(a) aluno(a), a problemática em volta do mal questionada por 
Santo Agostinho, pensador da Filosofia Patrística.
ESCOLÁSTICA:
FÉ X RAZÃO3
TÓPICO
46A ONTO-TEOLOGIA MEDIEVALUNIDADE 3
Querido(a) aluno(a), agora iremos estudar o período conhecido por Escolástica, quesurge no final do século V, sobrevivendo até o século XVI. Foi neste período que surgiu a 
primeira Universidade atuando como ponto de partida para difundir o conhecimento cristão. 
Neste período, o aristotelismo se fez presente nos estudos de São Tomás de Aquino.
Tomás de Aquino nasceu em 1225, na Itália, em uma família abastada. É o pen-
sador mais importante para a doutrina cristã, responsável por “cristianizar” a filosofia de 
Aristóteles, fundamentando o aristotelismo a serviço da fé.
Haja vista que na filosofia cristã, Tomás também busca conciliar a fé e a razão. Tem 
como tese a possibilidade que o homem pode alcançar em provar a existência de Deus 
através da mente, embora não consiga decifrar por completo, pois os sentidos não têm 
condições de alcançar. Faz-se necessária a intervenção da fé.
Tomás de Aquino teve como objeto de estudo a conciliação da fé com a razão. A fé, 
para Tomás de Aquino, é a verdade que ultrapassa a razão, seguindo a concepção que a 
razão demonstra, de forma racional, o que a fé revela, ou seja, a razão é o caminho para a fé.
PROVAS DA 
EXISTÊNCIA DE DEUS4
TÓPICO
47A ONTO-TEOLOGIA MEDIEVALUNIDADE 3
Caro(a) aluno(a), é na Filosofia Cristã que pensadores e teólogos buscam provar a 
existência de Deus. Claro, em virtude de afirmar e fundamentar a doutrina cristã, conhecida 
por nós de Cristianismo. Vimos no início desta Unidade os fatores que causaram a mu-
dança da metafísica, ou melhor, a mudança de conceitos referente a assuntos metafísicos 
desenvolvidos pelos filósofos gregos.
É através da filosofia cristã que surgem os dogmas religiosos em defesa da fé, que 
estava sendo pulverizado. Encontrar respostas para questões que alimentavam a filosofia 
cristã foi o papel da Patrística e da Escolástica. 
Com a Patrística, Santo Agostinho problematizou a questão do mal. Mas não foi 
sua única tese. Agostinho também desenvolveu a sua filosofia sobre a existência de Deus. 
Alegava que a razão humana é incapaz de resolver e entender a existência de Deus, que 
esta questão é subjetiva, ou seja, essa problemática é uma questão a ser resolvida pela fé.
Para embasar sua teoria sobre a existência de Deus, divide os seres em insensí-
veis, sensíveis e racionais, as pedras seriam seres insensíveis, os animais sensíveis e o 
homem racional. Deus é para Agostinho “verdade superior”. Partindo dessa sequência, o 
homem, por ser dotado de razão, estaria acima dos seres insensíveis e sensíveis, por ser 
capaz de emitir julgamento, porém está abaixo de Deus, que é a verdade em excelência.
Na Escolástica, Tomás de Aquino é o grande expoente, conciliando a fé com a 
razão, desenvolvendo cinco vias que provam a existência a Deus: 1ª via - Motor Imóvel, 2ª 
via - Causa primeira, 3ª via - Necessário e contingente, 4ª via - Graus de perfeição e a 5ª 
via - Finalidade do ser.
48A ONTO-TEOLOGIA MEDIEVALUNIDADE 3
A primeira via tomista aponta para o movimento, tudo que se move precisa que seja 
movido, essa questão seria infinita se não fosse admitido a existência de um Motor Imóvel, 
o que dá movimento sem se mover, Tomás atribui esse Motor a Deus.
A segunda via, Causa primeira, sinaliza que tudo que existe deve-se a uma causa 
que foi a primeira, pois as coisas não têm origem em si. Neste caso, Deus é a causa 
primeira de todas as coisas.
O necessário e o contingente, que corresponde à terceira via, responde a coisas 
que existem ou que já existiram. Para as coisas existentes, a causa primária sustenta a 
explicação; e para sustentar as coisas que já existiram, mas que não existem mais, não é 
concebido sua geração acontecer do nada, por ser contingente existir ou não, não afeta de 
ter sido gerado pela Causa primeira, Deus.
A quarta via tomista diz respeito aos Graus de perfeição. Todas as coisas são 
melhores ou piores e, para definir o grau de perfeição, é necessário existir um modelo que 
seja, por excelência, perfeito para atender parâmetros. 
E a última via, a quinta, é a Finalidade do ser. A natureza é ordenada a chegar ao 
fim, e, para isto, existe um ser Deus, que, através de sua excelência, orienta tudo que é 
referente à natureza, todas as coisas, a chegar ao fim.
Tomás, com explanação das cinco vias, tenta, de alguma forma, justificar uma cau-
sa primeira, causa esta que todas as outras coisas dependem, Deus (IZÍDIO, 2013, p. 35).
Não apenas Agostinho e Tomás tentaram provar a existência de Deus, Santo Ansel-
mo argumentou que existem dois tipos de perfeição, a perfeição que existe por excelência 
e a perfeição que é fruto da mente. A perfeição por excelência é a que realmente existe, 
superando a perfeição imaginária. O que contribui para existir a perfeição por excelência 
é que ela existe e, se Deus é perfeito por excelência, não tem como argumentar que Deus 
não existe (NICOLA, 2005, p. 140).
49A ONTO-TEOLOGIA MEDIEVALUNIDADE 3
NEOESCOLÁSTICA
No século XIX, o pensamento Tomista reapareceu como o nome de Neotomismo pelo Papa Leão XIII. A 
intenção era restaurar a filosofia cristã.
Fonte: A Autora. 
 Algumas ocorrências oriundas da Idade Média impulsionaram o Renascimento. Vale ressaltar: as Grandes 
Navegações, o evento da colonização, a Revolução Comercial, o Capitalismo, o surgimento da burguesia e o 
proletariado foram força motriz para a superação da razão, libertando-se das crenças aplaudidas na Idade 
Média.
Fonte: A autora. 
“Procurei o que era o mal e não encontrei uma substância, mas sim uma perversão da vontade desviada da 
substância suprema – de vós – ó Deus.”
Fonte: Agostinho (1996, p. 190).
 Os monges foram os grandes responsáveis pela reprodução das obras clássicas, chamadas de copistas. A 
pergunta é: quem decidia o que era escrito, quem manuseava os manuscritos?
Fonte: A autora.
50A ONTO-TEOLOGIA MEDIEVALUNIDADE 3
Caro(a) aluno(a), concluímos a Unidade III, superando temas que foram o alimento 
para fundamentar a Filosofia Cristã. 
Viajamos pelo período da Idade Média, época em que a filosofia foi posta à prova, 
resultando subordinação à crença – a fé.
Com a passagem do pensamento clássico antigo para a Idade Média, aprendemos 
que a metafísica grega sofre alterações, sendo reelaborada pelos padres, teólogos. 
O homem medieval, principalmente aquele que estava incumbido de instaurar e 
fortificar a nova metafísica, utilizou os pensamentos dos filósofos antigos e readequou às 
necessidades da Igreja. 
Filósofos pertencentes ao Classicismo como Platão e Aristóteles foram considera-
dos “Autoridades”, pois Agostinho banhou-se da filosofia platônica e Tomás de Aquino, da 
filosofia aristotélica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
51A ONTO-TEOLOGIA MEDIEVALUNIDADE 3
REFLEXÕES DE TOMÁS DE AQUINO
O objetivo deste texto é analisar as principais reflexões que Sto. Tomás de Aquino 
faz, de modo particular na Suma Teológica e na Súmula Contra os Gentios, acerca da 
natureza de Deus e sua criação, bem como das observações referentes à fé e a razão, a 
fim de compreender as objeções e alguns propósitos da ciência teológica de São Tomás. 
São Tomás procura conciliar a filosofia aristotélica com os princípios do cristia-
nismo; desta forma, Tomás utiliza o discurso filosófico para abordar assuntos teológicos: 
refutar os argumentos dos adversários, esclarecer, defender e transmitir os ensinamentos 
da Doutrina Sagrada, ou ciência divina, a qual equivale a conteúdos de verdades reveladas 
pelo próprio Deus a fim de corrigir, educar os homens na justiça e ordená-los ao caminho 
da salvação (Suma T., art. 1, p. 138).
Todavia, vale questionar: até que ponto o discurso argumentativo ou racional é van-
tajoso e útil para a teologia? Considerando que o conhecimento humano tem seu princípio 
na sensibilidade e depende da experiência, é possível conhecer e demonstrar a natureza e 
essência de Deus: um ser transcendental e finito? O nosso intelecto é suficiente e capaz de 
entender as verdades divinas, e estas são acessíveis aos homens? 
Diante dessas dificuldades, convém analisar a primeira objeção

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