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Asma 1 Asma PREVALÊNCIA 5 A asma é caracterizada por sintomas respiratórios e por limitação variável ao fluxo expiratório que se resolvem espontaneamente ou ao uso de medicação. A espirometria é a modalidade mais disponível para avaliação da função pulmonar e da limitação ao fluxo espiratório e só pode ser realizada em crianças acima de 6 anos. Esse é um dos motivos pelos quais o diagnóstico de asma pode ser confirmado apenas na idade escolar. A asma geralmente esa associada à hiper-responsividade da via aérea a estímulos diretos ou indiretos e à inflamação crônica da via aérea, características que persistem mesmo quando os sintomas estão ausentes ou a função pulmonar é normal. Existem diferentes fenótipos da asma: Asma alérgica: Características clínicas: Início na infância. História familiar e pessoal de atopia. Marcadores inflamatórios: Eosinofilia periférica. Escarro eosinofílico de pelo menos 2,5%. Asma não alérgica: Características clínicas: Associada a infecções virais. Sem antecedentes atópicos. Marcadores inflamatórios: Escarro neutrofílico de pelo menos 54% ou paucigranulocítico. Asma com obesidade: Características clínicas: Asma 2 Início tardio. Obesidade. Marcadores inflamatórios: Escarro com celularidade mista. A asma é uma doença que caracteristicamente evolui em crises, episódios de exacerbação aguda dos sintomas respiratórios, desencadeados por fatores como exercício, exposição a alérgenos ou irritantes, mudança no tempo ou infecções respiratórias virais. Durante as crises, o paciente cursa com sintomas respiratórios como perda de fôlego, opressão torácica e tosse, que variam em intensidade, sendo os sibilos expiratórios os achados clássicos. Na investigação, podemos notar as características clínicas que aumentam ou reduzem a probabilidade de asma. Características clínicas que aumentam a probabilidade de asma: Presença de mais de um sintoma (sibilo, perda de fôlego, tosse, opressão torácica). Sintomas que pioram à noite ou na madrugada. Sintomas que variam com o tempo e em intensidade. Sintomas desencadeados por outras situações além das infecções virais, como exercício, exposição a alérgenos, mudanças no tempo, risada ou irritantes como fumaça do carro, fumaça de cigarro e cheiros fortes. Presença de outras doenças atópicas (dermatite atópica ou rinite alérgica). Características clínicas que reduzem a probabilidade de asma: Tosse isolada sem outros sintomas respiratórios. Produção crônica de escarro. Dor torácica. Perda de fôlego asasociada com tontura, sensação de síncope e parestesia periférica. Dispneia induzida pelo esforço com inspiração ruidosa. Asma 3 O seguimento do paciente asmático engloba a avaliação de 3 aspectos clínicos: Controle da asma: composto por 2 domínios distintos. Controle dos sintomas nas últimas 4 semanas: avalia a frequência dos sintomas diurnos e dos despertares noturnos por asma, a presença de limitação à atividade física e a frequência do uso de broncodilatador de curta duração. Controlada se todos os critérios abaixo: Sintomas diurnos menos que 2x na semana. Nenhuma limitação das atividades. Nenhum sintoma noturno, Uso de beta-2 SOS menos que 2x na semana. Parcialmente controlada se qualquer um dos critérios abaixo: Sintomas diurnos mais que 2x na semana. Qualquer limitação das atividades. Qualquer frequência de sintomas noturnos. Uso de beta-2 SOS mais que 2x na semana. Não controlada se mais que 3 critérios de asma parcialmente controlada. Fatores de risco para desfechos desfavoráveis: como exacerbações, limitação fixa do fluxo aéreo e efeitos adversos das medicações. Exacerbações: HIstória de mais de uma exacerbação grave no ano anterior. Internação prévia em UTI ou com intubação por crise de asma. Uso excessivo de beta-2-agonista de curta duração SOS. Tratamento inadequado sem corticoide inalatório. Técnica inalatória incorreta ou má adesão. Presença de comorbidades, como obesidade, rinossinusite crônica, DRGE, alergia alimentar. Exposição ambiental persistente, como alérgenos ou tabagismo. Asma 4 Espirometria com VEF1 60% predito ou elevada reversibilidade ao broncodilatador. Obstrução fixa ao fluxo aéreo: Antecedentes: prematuridade, baixo peso ao nascer. Tratamento inadequado sem corticóide inalatório. Exposição ambiental persistente, como tabagismo e ocupacional. VEF1 baixo. Efeitos adversos das medicações: Uso frequente e prolongado de corticóide sistêmico. Uso contínuo de altas doses de corticóide inalatório. Técnica inalatória incorreta. Técnica inalatória e aderência ao tratamento. Deve ser orientado o uso de espaçadores com máscara para crianças até 5 anos e sem máscara a partir do momento em que elas conseguem realizar a manobra de apneia. O espaçador garante a deposição da medicação nas pequenas vias aéreas e reduz a deposição de medicação na boca e na orofaringe. Presença de comorbidades: rinite, rinossinusite, DRGE, obesidade, SAOS, depressão e ansiedade. A gravidade da asma é classificada da seguinte forma: Leve: controlada com etapa 1 ou 2. Moderada: controlada com etapa 3 ou 4. Grave: controlada com altas doses de corticoide inalatório + broncodilatador de longa duração. O tratamento de manutenção da asma em crianças de 6 a 11 anos consiste em: Etapa 1 Educação. Controle ambiental. Asma 5 Corticoide inalatório de baixa dose. Beta-2-agonista de curta duração SOS. Opção: baixa dose de corticoide inalatório diário. Etapa 2 adicionar medicação de controle à etapa 1. Corticóide inalatório diário em baixa dose. Opção: antagonista de leucotrieno OU baixa dose de corticoide inalatório + beta-2-agonista de curta duração SOS. Etapa 3 alterar a medicação. Corticóide inalaatório em baixa dose + beta-2-agonista de longa duração diário OU corticóide inalatório em média dose diário OU corticóide inalatório muito baixa dose + formoterol diário e SOS. Opção: corticóide inalatório em baixa dose + antagonista de leucotrieno. Etapa 4 alterar a medicação. Corticóide inalatório em média dose + beta-2-agonista de longa duração diário OU ccortiicóide inalatório baixa dose + formoterol diário e SOS. Opção: adicionar antagonista de leucotrieno OU adicionar tiotrópio. Etapa 5 encaminhar ao pneumologista pediátrico e realizar avaliação fenotípica. Corticóide inalatório em alta dose + beta-2-agonista de longa duração diário ou adicionar anti-IgE. Opção: adicionar anti-IL5 OU adicionar corticóide oral em baixa dose. O tratamento de manutenção em adolescentes maiores de 12 anos consiste em: Etapa 1 Controle ambiental. Educação. Corticóide inalatório em baixa daose. Formoterol SOS. Asma 6 Opção: baixa dose de corticóide inalatório + beta-2-agonista de curta duração SOS. Etapa 2 adicionar medicação de controle à etapa 1. Corticóide inalatório em baixa dose diário OU corticóide inalatório em baixa dose + formoterol SOS. Opção: antagonista de leucotrieno OU baixa dose de corticóide inalatório + beta-2-agonista de curta duração SOS. Etapa 3 alterar a medicação. Corticóide inalatórioem baixa dose + beta-2-agonista de longa duração diário. Opção: corticóide inalatório em média dose OU corticóide inalatório em baixa dose + antagonista de leucotrieno. Etapa 4 alterar a medicação. Corticóide inalatório em média dose + beta-2-agonista de longa duração diário. Opção: corticóide inalatório em alta dose OU adicionar antagonista de leucotrieno OU adicionar tiotrópio. Etapa 5 Adicionar tiotrópio. Considerar corticóide inalatório em alta dose diário + beta-2-agonista de longa duração. Encaminhar ao pneumologista para avaliação fenotípica e considerar adicionar anti-IgE, anti-IL5 ou anti-IL4. Opção: adicionar azitromicina (em adultos) OU adicionar antileucotrieno OU adicionar corticóide oral em baixa dose. Se o paciente persistir com sintomas ou exacerbações após 2a 3 meses do tratamento de manutenção, avaliar e corrigir os problemas mais comuns antes de subir uma etapa. A decisãode etapa para início do tratamento em pacientes que não fazem uso de manutenção segue a ordem abaixo: Etapa 1 apenas em pacientes que possuem sintomas 2x por mês, de curta duração, sem despertar noturno, com função pulmonar normal e que Asma 7 não apresentam fatores de risco para exacerbações. Etapa 2 pacientes com sintomas ou necessidade de broncodilatador de curta duração 2 ou mais vezes por mês, mas não diário. Etapa 3 ou 4 pacientes com sintomas quase diários ou que apresentem despertar noturno pelo menos 1 vez por semana, especialmente na presença de fatores de risco ou de redução da função pulmonar. Também começar nessas etapas se a apresentação inicial da asma foi com uma exacerbação asmática. Nesses casos, considerar um curso curto de corticóide oral associado. Quando diante de uma crise asmática, devemo classificá-la quanto a sua gravidade: Leve ou moderada: Estado mental normal. Dispneia ausente/leve. Fala com frases completas. Retrações intercostais leves ou ausentes. Sibilos ausentes ou difuso/localizado. FR normal. Frequência cardíaca até 110bpm. SatO2 95%. Grave: Estado mental normal. Dispneia moderada. Fala com frases incompletas ou choro curto. Retração subcostal ou de fúrcula grave. SIbilos localizados/difusos. FR elevada. FC 110 bpm. SatO2 91 a 95%. Muito grave: Asma 8 Agitação ou sonolência. Dispneia intensa. Fala monossilábica. Difícil para comer. Retrações acentuadas ou exaustão. Sibilos ausentes ou redução do MV. FR elevada. FC 140bpm ou bradicardia. Sat02 menor que 90%. Também é importante a avaliaçao dos fatores de risco para óbito por asma, que indicam necessidade da instituição rápida de tratamento eficaz. História pessoal de crise asmática muito grave com necessidade de IOT e VM. Hospitalização ou procura ao PS por crise asmática no último ano. Uso atual ou recente de corticóide oral. Não fazer uso de corticóide inalatório para tratamento de manutenção. Uso frequente de beta-agonista de curta duração. Baixa adesão ao tratamento de manutenção ou ao plano de ação para as crises de asma. Alergia alimentar. História pessoal de doença psiquiátrica ou problemas psicossociais. A conduta na crise asmática deve ser decidida conforme a gravidade clínica. Leve: Entrada no PS Beta-2-agonista de curta duração inalatório 3 ciclos de 20/20 minutos. Se melhora: Alta com beta-2-agonista de curta duração 4 jatos 6/6h por 5 dias. Se piora: Tratar como crise moderada. Asma 9 Moderada: Entrada no PS Beta-2-agonista de curta duração inalatório 3 ciclos de 20/20min. Corticóide VO. Considerar associação de ipratróprio inalatório. Se melhora: Alta com beta-2-agonista de curta duração por 7 dias e prednisolona por 3 a 5 dias. Se piora: Tratar como grave. Grave: Entrada no PS Beta-2-agonista de curta duração + ipratrópio inalatório 3 ciclos de 20/20min. Corticoide EV ou IM. Oxigenioterapia. Se melhora: Internação em enfermaria com beta-2-agonista de curta duração e corticoide. Desmame de oxigênio. Se piora: Tratar como muito grave. Muito grave: Entrada no PS Beta-2-agonista de curta duração + ipratrópio inalatório 3 ciclos de 20/20min. Corticoide EV. Sulfato de Mg. Ventilação não invasiva. Asma 10 Se melhora: Internação em UTI com beta-2-agonista de curta duração e corticoide EV. Desmame de oxigênio. Se piora: IOT e transferência para UTI.
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