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1 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 : A Asma é uma doença hetorogenea, caracterizada por inclamação crônica das vias aéreas. É definida por história de sintomas respiratórios como: sibilo, falta de ar, aperto no peito e tosse que variam com o tempo e a intensidade, juntamente com a limitação variável do fluxo aéreo expiratório. Na asma ocorrem episódios de obstrução REVERSÍVEL ao fluxo expiratório. Os pacientes podem ser assintomáticos entre as crises ou podem apresentar sintomas residuais. Mesmo quando o paciente se encontra assintomático existe um processo de inflamação crônica nas vias aéreas inferiores, o qual desencadeia broncoespasmos. Nos pacientes que não recebem tratamento adequado, o processo inflamatório leva ao remodelamento brônquico, que resulta em alterações estruturais irreversíveis, como estreitamento luminal por fibrose, hipertrofia da camada muscular e das glândulas submucosas. A maioria dos asmáticos é atópico, ou seja, tem uma sindrome idiopática de predisposição a doenças alérgicas. Os principais deflagradores de sintomas nesses pacientes são: aeroalergenos (ácaros), polens de plantas e pelos de animais de estimação. Pode se manifestar em qualquer idade, porem o pico de incidência é aos 3 anos. Mais prevalente em meninos na infância. Não existe, ainda, beneficio em se classificar os diferentes tipos de fenótipo na pratica clinica, todavia, segue a seguir os principais tipos: Asma alérgica Mais comum. Inicia-se na infância e está associado a uma história passada e ou familiar de doença alérgica, como: eczema, rinite alérgica, alergia a alimentos ou outros. O exame de escarro antes do tratamento revela inflamação eosinofiílica. Respondem bem ao uso de CI. Asma não alérgica Perfil de escarro pode ser neutrofílico, eosinofilico ou conter apenas algumas células inflamatórias. Respondem menos ao CI Asma de inicio tardio (adultos) Tendem a não ser alérgicos e requerem doses mais altas de CI ou são refratários ao tratamento com corticosteroides. Asma ocupacional deve ser descartada Asma com limitação persistente ao fluxo de ar. Ocorreu remodelamento da parede das vias aéreas. Asma com obesidade Sintomas respiratórios proeminentes com pouca inflamação eosinofílica. Pacientes cuja asma encontra-se bem controlada conseguem permanecer livres de sintomas mesmo quando em contato com os desencadeantes, o que nos leva a pensar que não necessariamente devemos pedir para o paciente não manter contato com os alérgenos e sim, controlar de maneira adequada a doença. PED 2 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 • Atopia ➔ principal fator de risco. Sindrome em que torna o sistema imune propenso a síntese de imunoglobulinas da classe IgE após exposição a certos tipos de antígeno (alérgenos) • Genética • Alérgenos • Ocupação • Obesidade • Infecções ➔ hipótese da higiene propõe que uma menor frequencia de infecções na infância predispõe o individuo ao desenvolvimento de asma. • Dieta ➔ dietas deficientes em vitamina C, D e E, selênio, magnésio e ácidos graxos ômega 3. • Poluição ➔ sabe-se que são desencadeantes, porem seu papel na etiogenese ainda não esta claro • Outros: idade materna muito jovem, baixo peso ao nascer, prematuridade, não realização do aleitamento materno e uso de paracetamol na infância. • Alérgenos → ácaros, polens, pelos de animais, baratas, fungos, substancias químicas • Infecções virais → células da mucosa respiratória de asmáticos produz menos interferon o que os deixa mais susceptíveis a infecções virais. Acredita- se que a IVAS represente a principal etiologia de crise asmática. • Fármacos → betabloqueadores e AAS (principalmente). • Exercícios físicos → hiperventilação • Dieta → conservantes • Poluição → mecanismoe de efeito é irritativo • Hormônios → algumas mulheres fazem crises de asma no período pré menstrual, disfunção tireoidiana também pode agravar. • DRGE → as drogas broncodilatadores relaxam o esfíncter esofagiano inferior aumentando os episódios de refluxo. No entanto esses episódios não costumam ter relação direta com os sintomas da asma. • Estresse OBS: betabloqueadores, AAS e AINES não tem contraindicação absoluta em todos os asmáticos. Devemos avaliar a presença de sintomas nos pacientes após uso dessas medicações. Principal alteração patológica da asma é a existência de um processo inflamatório crônico nas vias aéreas inferiores. Sabe-se que esse processo se relaciona com a hiper-reatividade brônquica. Se a inflamação persistir, leva ao remodelamento brônquico. Observa-se deposição de colágeno na membrana basal. A principal alteração fisiopatológica da asma e a obstrução variável e reversível ao fluxo aéreo, que ocorre de forma predominante na fase expiratória. Isso ocorre principalmente devido ao broncoespasmo e edema de mucosa. À espirometria convencional, o Volume expiratório forçado no 1 segundo diminui subitamente. E a relação de tiffenau (VEF1/CVF se reduz. A resistência das vias aéreas aumenta e pode ocorrer hiperinsuflação, ou seja aprisionamento aéreo com aumento do volume residual pulmonar. 3 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 Raramente a asma causa insuficiência respiratória aguda. A gasometria costuma mostrar apenas hipocapnia, ou seja, queda da pCO², devido a hiperventilação alveolar (alcalose respiratória aguda). Se houver normo ou hipercapnia, temos um sinal de que o paciente esta entrando em um processo de fadiga progressiva da musculatura respiratória, devendo ser intubado e colocado em prótese ventilatória. Nas crises muito graves, principalmente na que afetam as pequenas vias aéreas periféricas e comprometem a ventilação alveolar, ocorre hipoxemia. O diagnóstico em pacientes com ≥ 6 anos é caracterizado pela presença de sinais clínicos da doença + demonstração objetiva de obstrução variável e reversível do fluxo aéreo. Para demonstração da obstrução há necessidade de solicitação de exames complementares. • Mais de um tipo de queixa respiratória concomitante, como: dispneia, tosse, sibilos, sensação de aperto no peito • Piora dos sintomas a noite ou no inicio da manha • Variabilidade na frequência e intensidade dos sintomas • Inicio ou piora dos sintomas após contato com desencadeantes, como: exercícios, exposição a alérgenos, mudanças no clima, risos ou irritantes, etc. • Tosse isolada (exceto em crianças) • Expectoração mucoide crônica • Dispneia associada a tontura, sensação de desmaio ou formigamento. ou lipotimia • Dor torácica anginosa • Dispneia esforço-induzida associada a estridor inspiratório Sempre que possivel o diagnóstico deve ser confirmado antes do inicio de CI. Isso é importante para evitar tratamentos desnecessários ou excessivos. O inicio de sintomas respiratórios na infância, história de rinite alérgica ou eczema, história famliar de asma ou alergia, aumenta a probabilidade do diagnóstico. Porem essas caracteristicas não as especificas para asma e não são observadas em todos os fenótipos. Normalmente é normal. A anormalidade mais frequente é o chiado expiratório (roncos) à ausculta, mas pode estar ausente ou ser ouvido apenas na expiração forçada. A sibilancia também pode estar ausente nas exacerbações da asma. Crepitações e respiração ofegante não são caracteristicas da asma. O exame de nariz pode revelar rinite alérgica ou polipose nasal. 4 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 A asma é caracterizada por limitação variável do fluxo de ar expiratório. A asma mal controlada tem maior variabilidade na função pulmonar, diferente da asma bem controlada. O teste deve ser realizado por profissionaltreinado e com equipamentos bem calibrados. O volume expiratório forçado no 1 segundo (FEV) da espirometria é mais confiável do que o pico de fluxo expiratório (PFE). Se este for usado o mesmo medidor deve ser usado todas as vezes, pois as medições podem diferir de medidor para medidor. FEV diminuído pode indicar varias doenças pulmonares ou até mesmo uma técnica espirométrica inadequada, porem uma proporção reduzida de FEV para CVF (FEV/CVF) indica limitação do fluxo de ar expirado. Também chamado de Indice de Tiffenau. : • A relação (VEF1 / CVF) < 70% é o principal marcador de distúrbios obstrutivos. • VEF1 < 80% • Prova broncodilatadora positiva: aumento de 200ml e 12% na VEF1 após broncodilatador (200/400mcg de salbutamol). Ministra-se um agonista β adrenérgico inalatório de curta duração (salbutamol), medindo-se o VEF1 10 a 15 minutos depois. Se o paciente já estiver em uso de agonistas β adrenérgicos deve-se suspender a medicação por pelo menos 4 horas antes (curta duração) ou 12h antes (longa duração) Os agentes provocadores podem ser: metacolina inalada (broncoconstritor), histamina, exercícios, hiérventilação voluntária, manitol inalado. Esses testes são sensíveis para asma, mas possuem uma especificidade baixa, visto que podem estar alterações em outras condições, como: rinite alérgica, fibrose cística, DPOC, etc. A broncocomprovação é reservada aos pacientes que se encontram assintomáticos e com espirometria normal. Teste negativo em paciente que não faz uso de IC ajuda a excluir asma. Teste positivo nem sempre significa asma, devendo analisar o padrão de sintomas e outras caracteristicas clinicas. O teste é positivo quando há uma queda de VEF1 > 20% após os provocadores. ( ) Indicado como alternativa para o diagnóstico de asma, mas principalmente para monitorização terapêutica. • Medir o PFE 2x ao dia (manha e noite), aplicando-se a seguinte formula: o [PFE max – PFE min] /média dos dois valores x 100 Faz-se isso diariamente e em seguida realiza-se uma media ponderada de todos os valores 5 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 obtidos ao longo de 1 a 2 semanas. Recomenda- se que o mesmo fluxometro portátil seja utilizado. Quanto maior a variação do PFE e do VEF1 maior a confiabilidade do diagnóstico de asma. A espirometria é o método de escolha para o diagnóstico. Devido ao seu maior custo e menor disponibilidade a OMS recomenda que sistemas de saúde utilizem de fluxometros portáteis. Embora não seja útil para o diagnóstico, uma eosinofilia maior do que 4% corrobora para o diagnóstico. Os testes não confirmam o diagnóstico de asma. Porem, a demonstração de que o paciente é alérgico a determinada substancia pode ser útil. nos casos positivos, sempre que viável, uma estratégia de evitação do alérgeno deve ser recomendada A concentração fracionaria de oxido nítrico exalado (FeNO), esta associada a níveis de escarro eosinófilos no sangue. Porem não serve para descartar diagnóstico de asma FeNO esta maior na asma caracterizada por inflamação do tipo 2, mas também esta elevado em condições não asmáticas, como bronquite eosinofílica, atopia, rinite alérgica, etc. e não é elevado em alguns fenótipos de asma, como asma neutrofilica. Os exames de imagem costumam ser normais na asma e não são capazes de firmar o diagnóstico. No entanto, em caso de suspeita de complicações como: pneumonia ou infiltrados eosinófilos podemos solicitar. Só pela anamnese e exame físico conseguimos identificar a asma e os seus diagnósticos diferencias. Em obstruções de vias aéreas altas temos presença de estridor, sendo mais audível na inspiração. No broncoespasmo os sibilos são difusos pelos campos pulmonares e predominantemente expiratórios. Sibilos localizados sugerem aspiração de corpo estranho ou tumor endobronquico. CUIDADO: todos os dx diferenciais de asma podem coexistir com a doença. Logo, a fim de descartar definitivamente a doença é preciso fazer os testes de função pulmonar (espirometria com prova broncodilatadora). Normalmente acomete os adultos, sendo precedida por um quadro de rinite alérgica ocupacional, que deve servir como sinal de alerta. O relato de melhora dos sintomas em período de férias e feriados é o dado crucial para pensarmos nesta hipótese diagnóstica. A mudança de atividade nos primeiros 6 meses permite a reversão completa do quadro. Diante da suspeita de asma ocupacional recomenda-se o encaminhamento para um especialista. Pacientes com asma ocupacional são legalmente considerados incapacitados para a pratica de 6 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 atividades profissionais que tenham exposição inevitável ao agente causador do quadro. Devemos sempre avaliar o grau de controle dos sintomas e o risco de exacerbações futuras. Grau de controle dos sintomas ➔ avaliamos os adultos, adolescentes e crianças de 6 a 11 anos, por meio de 4 perguntas (GINA). Nas ultimas 4 semanas houve: • Sintomas diurnos mais de 2x por semana? • Algum despertar noturno por causa da asma? • Necessidade de medicação de resgate mais de 2x por semana? • Alguma limitação nas atividades por causa da asma? De acordo com as respostas teremos: 1. Asma controlada: nenhuma resposta positiva 2. Asma parcialmente controlada: 1 a 2 respostas positivas 3. Asma não controlada 3 a 4 respostas positivas Em crianças, como em adultos, a avaliação do controle dos sintomas da asma é baseada nos sintomas, limitações de atividades e uso de medicação de resgate. É importante uma revisão do impacto da doença nas atividades da criança, como: Esportes, brincadeiras, escola. Cuidado: crianças com asma mal controlada evitam exercícios extenuantes, dando a falsa impressão de asma controlada. Isso pode levar a um condicionamento físico ruim e um maior risco de obesidade. É importante incluir, nesse caso, informações relatadas pelos pais, que podem referir: irritabilidade, cansaço, alterações de humor, etc. Existem alguns questionários desenvolvidos para avaliar controle de sintomas em crianças, como: 1. Teste de controle da asma infantil (a- ACT) 2. Questionário de controle da asma (ACQ) 3. Teste para controle respiratório da asma (TRACK) 4. Índice composto de gravidade de asma (CASI) Risco de eventos adversos futuros • Risco de exacerbações ➔ o principal fator de risco nesse caso é estar com a asma não controlada. Outros fatores, são: o Uso excessivo de SABA (> 1 frasco por mês) o Uso inadequado de CI o VEF1 < 60% do previsto o Persistência de hipersensibilidade brônquica significativa o Problemas psicossociais ou socioeconômicos importantes o Exposição continuada: tabagismo, alérgenos/agentes irritantes o Comorbidades o Eosinofilia persistente o FENO elevada o Gravidez o Uma ou mais exacerbações graves nos ultimos 12 meses o Intubação traqueal ou internação em CTI por conta de asma a qualquer tempo • Risco de desenvolver obstrução fixa ao fluxo expiratório o Parto prematuro, baixo peso ao nascer ou ganho excessivo de peso durante a infância o Ausência de uso de CI o Exposições continuiadas: tabagismo, alérgenos/agentes irritantes o VEF1 inicial muito reduizido o Hipersecreção crônica de muco o Eosinofilia (no sangue ou escarro) • Risco de efeitos colaterais do tratamento o Sistêmicos: uso frequente de corticoide oral/venoso, uso 7 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 prolongado de CI em dose alta, uso concomitante de drogas que inibem o citocromo P459 (↓ metabolização de glicocorticoides) o Locais: uso de CI em dose alta, uso incorreto do inalador A classificação de gravidade de asma só pode ser obtida de maneira retrospectiva, ou seja, após o pacienteestar com a doença sob controle utilizando a menor dose efetiva do tratamento de manutenção. OBS importante: a gravidade da asma é definida pela intensidade do tratamento necessário para a manter a doença sob controle. Portanto, antes de julgar a gravidade da asma devemos certificar que todas as medidas necessárias para um controle adequado foram tomadas. Devemos verificar: • Técnica de utilização do inalador. Pedimos para o paciente demonstrar na nossa frente como ele utiliza as medicações inalatórias. • Avaliar a adesão ao tratamento. Perguntar em quais dias da semana o paciente usa a medicação, se ele esquece. • Explicações alterativas para os sintomas respiratórios: doenças cardíacas, rinossinusite, ansiedade / depressão, apneia do sono, obesidade, falta de condicionamento físico, diangóstico incorreto de asma • Investigar exposição continuada de alérgenos ou irritantes. Além de perguntar se o paciente esta fazendo uso de alguma medicação que causa broncoespasmo. Asma leve Asma bem controlada com o tratamento da etapa 1 ou 2. Asma moderada Asma bem controlada com o tratamento da etapa 3. Asma grave Asma que requer tratamento da etapa 4 ou 5. 2 objetivos principais: • Supressão dos sintomas • Diminuição dos riscos futuros A base é o tratamento farmacológico, porem é instituído o tratamento não farmacológico também. Para cada etapa do tratamento, diferentes oções de medicamentos estão disponíveis. Como escolhemos o melhor? 1. Medicamentos em nivel populacional: melhor opção para a maioria da população. 2. Medicamentos a nivel do paciente: a escolha nesse nivel leva em consideração quaisquer caracteristicas ou fenótipo do paciente que possam prever uma diferença clinicamente importante em sua resposta em comparação com outros pacientes. Drogas antiasmáticas se incluem em 3 categorias: 1. Terapia de controle → utilizada diariamente. Reduz inflamação de vias aéreas inferiores, controlar sintomas e reduzir riscos futuros. Principal droga = corticoide inalatório. 2. Terapia de resgate (alívio) → combate sintomas que fogem do tratamento de controle. O ideal é o paciente não precisar dessa terapia. A principal droga é o agonista β adrenérgico de curta ação – SABA inalatório. Reduzir ou eliminar seu uso é um fator de sucesso no tratamento da asma. 3. Terapias adicionais para portadores de asma grave e refratária → restrita aos pacientes que usam terapia de controle em dose máxima e mesmo assim permanecem sintomáticos. A escolha da droga é individualizada. 8 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 As drogas antiasmáticas possuem baixa probabilidade de efeitos sistêmicos por atuarem diretamente no seu sitio de ação. Tratamento inicial do controlador → Ideal é que CI se inicie o mais rápido possivel após o diagnóstico de asma. Se um paciente apresentar sintoms e ou exacerbações nao controladas e persistentes, apesar de 2 a 3 meses de tratamento de controle, devemos avaliar as seguintes questões: • Técnica de inalação incorreta? • Má aderência? • Exposição persistente a agente como alérgenos, fumaça de tabaco, poluição do ar interno ou externo ou a medicamentos como BB, AAS e AINES? • Ma qualidade de vida? • Diagnóstico incorreto? Deve ser individualizada. Uma vez que o bom controle de sintomas tenha sido obtido por 3 meses, a dose de IC deve ser reduzida com cuidado até que a dose mínima mantenha um controle de sintomas e minimize o risco de exacerbações. ESCADA TERAPÊUTICA: consiste na observação dos sintomas após inicio do tratamento por 2 a 3 meses, que tem por objetivo ajustar a dose do medicamento. A decisão de subir ou descer os degraus, se baseia num ciclo continuo de: 1. Avaliação da asma (sintomas e risco futuro) 2. Prescrição do tratamento no passo adequado 3. Reavaliação (resposta clinica obtida) Como a asma é dinâmica o paciente precisa ser acompanhado pelo medico de tempos em tempos (3 a 12 meses) a depender do caso. Combinação de dose baixa conforme necessário CI + formoterol (β agonista de longa duração) - (adultos e adolescentes) • Tratamento inicial em pacientes com sintomas menos de 2x por mês e sem fatores de risco de exacerbações • Tratamento gradual para pacientes cuja asma esta bem controlada no tratamento da etapa 2. Não houve estudos sobre uso de CI + formoterol conforme necessário em crianças com idade de 6-11 anos. Opções para crianças de 6 à 11 anos: Tomar IC sempre que o SABA (β agonista de curta ação) for feito. Não recomendado: a GINA não recomenda mais o tratamento somente com SABA da asma em adultos ou adolescentes. Opções de CI • Beclometasona • Budesonida • Fluticasona LABA • Formoterol • Salmeterol SABA • Salbutamol Feito com CI de baixa dosagem diária + SABA conforme necessário (adultos adolescentes e crianças OU Feito com CI + formoterol (LABA) de baixa dosagem conforme necessário (adultos e adolescentes) e se necessário antes do exercício. Opções para crianças de 6 à 11 anos: CI de baixa dosagem regular (preferível). Outras opções incluem o uso de LTRA (antagonistas do receptor 9 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 de leucotrieno) diária ou tomar IC de baixa dosagem sempre que o SABA for tomado. Opções de CI Vide quadro anterior Opções de SABA Vide quadro anterior Opções de LTRA Montelucaste Opções de LABA Vide quadro anterior Não recomendado: Teofilina de liberação sustentada tem eficácia fraca na asma e os efeitos colaterais são comuns e podem ser fatais. Não usar de rotina. Manutenção de dose baixa de CI e LABA + SABA conforme necessário. OU Terapia de alivio e manutenção de IC-formoterol (LABA) em dose baixa (adultos e adolescentes), dose média de IC + SABA conforme necessário OU Combinação de baixa dose de IC-LABA + SABA conforme necessário (crianças de 6 à 11 anos). Opções para crianças de 6 à 11 anos: A opção preferida é aumentar a dose do IC ou mudança para combinação de dose baixa de IC + LABA. Feito com dose baixa de IC + formoterol como terapia de manutenção e alivio (adultos e adolescentes) OU Manutenção de dose média de IC-LABA + SABA conforme necessário (adultos, crianças e adolescentes). Opções preferidas para crianças de 6 À 11 anos: Para crianças cuja asma não é controlada por CI- LABA de manutenção de baixa dose + SABA conforme necessário, o tratamento pode ser aumentando para dose média de CI-LABA. Encaminhar para avaliação fenotípica e consideração do tratamento complementar (adultos, crianças e adolescentes). As opções de tratamento nesse grupo são: • Combinação de alta dose de IC-LABA (adultos e adolescentes) • Add-on tiotropium (≥ 6 anos). • Complemento de azitromicina: • Complemento anti-imunoglobulina E • Complemento anti-interleucina 5 (etc) : O beneficio total do inicio do tratamento só pode ser verificado após 3 a 4 meses. A frequencia das visitas depende do nivel inicial de controle do paciente, da sua resposta ao tratamento e de seu nivel de envolvimento. Idealmente os paientes devem ser examinados de 1 a 3 meses após o inicio do tratamento e a cada 3 a 12 meses a partir de então. OBS: Se houver exacerbação, a visita ao medico deve ser dentro de 1 semana. Uma vez que haja um bom controle de sintomas por pelo menos 3 meses e a função pulmonar tenha atingido um platô, o tratamento deve ser reduzido com sucesso. Os objetivos são: • Encontrar o tratamento mínimo do paciente. Reduzir a dose de IC em 25-50% em intervalos de 3 meses é viável e seguro para a maioria dos pacientes. 10 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 Alguns pacientes continuam ter exacerbações, isso gera um risco maior de acontecer novamente nos próximos12 meses. Dessa forma algumas alterativas podem ajudar a reduzir os riscos de exacerbações por meio do tratamento de fatores modificáveis, como: exposição ao tabaco, obesidade, ≥ 1 exacerbação grave, psicólogo, problemas socioeconômicos, alergia alimentar, etc. : A maior duvida é em que passo da escada iniciar o tratamento. Em resumo: a não ser que os sintomas sejam muito ocasionais e de pouca importância clinica, comece o tratamento sempre pelo passo 2, somente quando os sintomas forem muito importantes ou houver relato de crises graves comece pelo passo 3. Após o inicio do tratamento o paciente deve ser reavaliado de 2 a 3 meses (ou antes em caso de urgência clinica). Se a asma não tiver sido controlada (após se confirmar a adesão ao tratamento e o uso correto dos CI), a conduta é intensificar o tratamento, partindo para o passo subsequente. Se houver controle, mantemos o tratamento e observamos o paciente por 3 meses. Se a asma, após esse período de 6 meses (3 meses iniciais + 3 meses de observação), continuar controlada, devemos tentar reduzir a intensidade do tratamento, a fim de determinar a menor dose efetiva. • Cessação de tagabismo ativo ou passivo (orientar os pais) • Atividade física: incentivar, fornecendo sempre conselhos sobre a prevenção de broncoconstrição induzida. • Evitar atividades exposicionis • Evitar medicamentos que podem fazer a asma piorar • Dieta saudável • Evitar alérgenos internos • Redução de peso • Exercícios de respiração • Aprender a lidar com estresse emocional • Evitar alimentos alérgenos • Evitar poluição • Dificuldade em confirmar o diagnóstico de asma • Suspeita de asma ocupacional • Asma persistente ou gravemente não controlada • Risco de efeitos colaterais significativos • Sintomas que sugerem complicações • Alergia alimentar confirmada É de suma importância que os pacientes e pais de pacientes recebam educação e habilidades para administrar a asma com eficácia. Isso é alcançado por meio de uma parceria entre o médico e o paciente e os componentes essenciais incluem: 1. Treinamento de habilidade para usar o dispositivo inalador de forma eficaz 2. Incentivar a adesão a medicamentos, consultas e outros conselhos 3. Informações sobre a asma 4. Treinamento de auto-gestao, com monitoração de sintomas, reconhecer agravos, etc. . Asmáticos devem ser anualmente vacinados contra influenza. Isso reduz a incidência de infecções. 11 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 Obesidade: base do tratamento é corticoide inalatório. A perda de peso melhora os sintomas e facilita o controle da asma, permitindo redução de doses. Grande beneficio é visto após cirurgia bariátrica. DRGE: a asma aumenta a incidência de DRGE, pois os medicamentos relaxam o esfíncter esofagiano inferior. A DRGE deve ser tratada qusndo houver sintomas típicos da mesma (pirose, regurgitação), com inibidores da bomba de prótons. Porem, na ausência desses sintomas o uso de IBP não tras benefícios adicionais. Alergia alimentar: devemos diferenciar a crise asmática pura (sintomas apenas respiratórios) de episódios de anafilaxia (sintomas sistêmicos e respiratórios), nesse ultimo caso a adm de epinefrina intramuscular é imprescindível para salvar a vida do paciente. Rinossinusite e polipose nasal: se associam a quadros mais graves de asma. Esses pacientes devem ser tratados com corticoides tópicos intranasais, independente do tratamento da asma. Asma induzida por exercício (AIE): sintomas se iniciam após o termino da atividade. Se as crises só se relacionam ao exercício, na ausência de fatores de risco, única conduta é profilaxia pré- exercicio com SABA inalatório. Gravidez: crises mais frequentes no 2 trimestre da gravidez. Devem ser agressivamente tratadas com SABA inalatório, suplementação de O² e corticoide sistêmico a fim de evitar hipóxia fetal. O descontrole asmático durante a gestação é muito mais grave do que eventuais paraefeitos das drogas antiasmáticas. Gestantes devem ter controle de asma avaliado mensalmente até o parto. Perioperatório: a asma controlada não aumenta o risco cirúrgico, exceto nos pacientes que já possuem remodelamento brônquico com perda irreversível da função pulmonar. Já o contrario é verdadeiro. Pacientes que fizeram uso de CI em dose alta ou corticoide sistêmico por mais de duas semanas nos 6 meses antecedentes à cirurgia devem receber hidrocortisona IV durante a indução anestésica para profilaxia da insuficiência adrenal aguda. Doença respiratória exacerbada por AAS (DREA): quadro começa com congestão nasal e anosmia, evoluindo para riniossinusite cronica e polipose nasal recidivante. Na sequencia o paciente passa a ter asma e hipersensibilidade ao AAS. Portadores de DREA devem evitar o uso de AAS/AINE. Devem ser tratados para asma e rinite com terapias de controle convencionais, além de se beneficiarem de protocolos de dessensibilização. Aspergilose broncopulmonar alérgica: suspeitada em pacientes que necessitem de corticoides sistêmicos, além de presença de bronquiectasias centrais e infiltrados pulmonares nos exames de imagem. O tratamento especifico é feito com corticoide oral por tempo prolongado (prednisona 0,5 – 0,75mg/kg/dia, com redução de dose a cada 6 semanas por um período total de 6 a 12 meses). Alguns associam itraconazol nas primeiras 16 semanas. As exacerbações são episódios caracterizados por um aumento progressivo dos sintomas de falta de ar, tosse, respiração ruidosa ou opressão torácica e diminuição progressiva da função pulmonar. Gatilhos para exacerbação: ➢ Infecções respiratórias ➢ Exposição a alérgenos ➢ Poluição do ar ➢ Mudanças sazonais ➢ Ma aderência com CI As exacerbações podem ser tratadas por: 1. Pacientes/ cuidadores bem instruídos 2. Medico assistente em nivel ambulatorial 3. Dentro do hospital na emergência 12 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 Todo paciente que recebe diagnóstico de asma deve ser avaliado quanto a presença de fatores de risco para asma fatal. Se um ou mais desses fatores estiver presente, ao menor indicio de exacerbação o paciente deve procurar auxilio médico urgente: • História de crise quase fatal com necessidade de intubação traqueal e ventilação mecânica • História de alergia alimentar (anafilaxia) • Internação hospitalar ou visita a emergência devido a asma no ultimo ano • Uso habitual ou recente de corticoide sistêmico • Não utilização de corticoide inalatório • Uso excessivo de SABA • Doença psiquiátrica ou problemas psicossociais • Ma adesão terapêutica Primeiro passo: terapia de resgate (SABA inalatório) conforme demanda. Se doses repetidas forem necessárias, paciente pode aumentar a dose por conta própria o tratamento de controle. Além disso, paciente pode aumentar a dose caso perceba que os sintomas estão interferindo nas suas atividades diárias (PFE ↓ > 20% por mais de 2 dias) OBS: O aumento da terapia de controle pode ser feito dobrando-se ou quadruplicando-se a dose do CI por um período de 7 a 14 dias. Se o PFE estiver < 60% do basal, além das medidas citadas, deve-se associar corticoide oral. O mesmo também deve ser iniciado caso não haja resposta clinica após 48h de intensificação do tratamento de controle. O esquema consiste em: • Prednisona 1mg/kg/dia, com máximo de 50mg/dia, por 5 a 7 dias para adultos e adolescentes OU 1-2mg/kg/dia com maximo de 40mg por 3 a 5 dias para crianças com idade entre 6 e 11 anos. Sempre contactar o medico responsável. Realizado quando o paciente cehga a consulta com sinais e sintomas de exacerbação, sem os critérios de gravidade, sendo os mesmos: • Alterações do sensório • Tórax silecioso • Soconsegue pronunciar palavras isoladas • Uso de musculatura acessória • FR>30 • FC> 120 • SpO2 < 90% • PFE ≤ 50% do basal As principais terapias na atenção primaria incluem administração de broncodilatadores inalatórios de curta ação, introdução de corticosteroides sistêmicos e suplementação de oxigênio com fluxo controlado. β agonistas de curta ação Para exacerbações leves a moderadas, devemos administrar SABA repetidamente (de 4 a 10 baforadas a cada 20 min na primeira hora). Após a 1 hora deve ser administrado de 4 a 10 baforadas a cada 3 a 4 horas. Boa resposta: PFE > 60/80% do previsto. Pode ser feito tanto com pMDI e espaçador ou DPI ou nebulizador. Oxigenoterapia controlada Devemos manter a saturação de oxigênio em 93 / 95% (94/98 para as crianças). Corticosteroides sistêmicos Devem ser administrados imediatamente. A dose recomendada é de 1mg de prednisolona / kg / dia para adultos (máximo de 50mg) e 1-2mg / kg / dia em crianças (máximo de 40mg). Continuado de 5/7 dias em adultos e 3/5 dias em crianças. Medicamento controlador O paciente deve ser orientado a aumentar a dose da medicação nas próximas 2 a 4 semanas. 13 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 Antibióticos: não recomendado. Ao menos que haja fortes evidencias sobre infecção pulmonar. OBS: saturação de O2 em ar ambiente menos do que 90% sinaliza a necessidade de tratamento agressivo. Ideal: chegada no consultório, medir a PFE com fluxometro portátil ou medida da VEF1 com espirometria convencional. Gasometria arterial: todos os pacientes? Não. A gaso só esta indicada se: 1. PFE ou VEF1 < 50% do predito 2. Ausência de resposta ao tratamento inicial 3. Piora clinica progressiva RX tórax: todos os pacientes? Não. Apenas se suspeitarmos de complicações do broncoespasmo. Antibióticos: todos os pacientes? Não. Somente naqueles que tem indícios de infecção respiratória bacteriana, com febre, tosse com escaro purulento, dor torácica na inspiração, rx com infiltrado pulmonar. Após alta do serviço de emergência ou internação o paciente deve ter uma consulta com seu médico dentro de 2 a 7 dias. 1. Oxigenoterapia: canula nasal ou mascara. Manter sat 93/95% adultos ou 94/98% crianças. 2. β agonistas de curta ação inalados: por meio de pMDI com espaçador. 3. Epinefrina: IM para anafilaxia com crise asmatica 4. Corticosteroides sistemicos: em todos. VO ou EV. 5. Corticoides inalados: sempre. ≤ Nessa faixa etária, devido a impossibilidade de confiarmos nos parâmetros das provas de função pulmonar, o diagnóstico é empírico, baseado somente nas informações clinicas. O diagnóstico é baseado em: • Padrões de sintomas (episódios recorrentes de chiados, tosse, falta de ar, limitação de atividades, sintomas noturnos) • Presença de fatores de risco, como história familiar de atopia, sensibilização alérgica, alergia ou dermtite atópica • Resposta terapêutica ao tratamento controlador após exclusão de diagnósticos alternativos. Sibilo → sintoma mais comum e especifico de asma nessa faixa etária. Por mais que possa se apresentar em outras patologias, uma sibilancia que ocorre frequentemente, durante o sono ou com gatilhos como atividade, riso ou choro é consistente com o diagnóstico de asma. Tosse → normalmente é improdutiva, recorrente e persistente, acompanhada de episódios de sibilancia e dificuldade respiratória. Tosse noturna ou com gatilhos também da consistência ao diagnóstico. Falta de ar → normalmente durante exercícios (chorar e rir em bebes). Atividade e comportamento social → abstenção de brincadeiras extenuantes ou exercícios. Pais podem relatar irritabilidade, cansaço e alterações do humor. Ocorre em grande parte de crianças com 5 anos ou menos. Associada a IVAS. Ou seja, nem toda sibilancia indica asma. 14 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 Não são específicos mas podem ajudar. Tratamento por pelo menos 3 meses com SABA + CI de baixa dose regular. A resposta deve ser avaliada pelo controle de sintomas e pela frequencia dos episódios de sibilancia. Teste cutâneo de picada ou da imunoglobulina E especifica do alérgeno. A ausência de sensibilização não exclui o diagnóstico. Raramente são indicadas. Usadas normalmente para excluir outras comorbidades. Não tem papel importante pois as crianças nessa faixa etária são incapazes de realizar as manobras. Mesmos critérios: 1. Grau de controle dos sintomas 2. Risco de eventos adversos futuros Mais uma vez, a faixa etária dificulda a analise da sintomatologia. Para avaliar o grau de controle dos sintomas contamos com a contribuição dos pais. Normalmente a criança asmática tender a ser mais retraída, intuitivamente evitando se envolver em atividades que precipitem desconforto respiratório. Outro ponto importante é que muitas crianças apresentam irritabilidade antes de evoluir com franca dispneia / sibilancia. A avaliação dos riscos futuros também se baseia apenas em dados clínicos. A criança pequena é mais suscetível a possíveis efeitos colaterais sistêmicos dos CI. Uma alteração naturalmente esperada é a diminuição do crescimento nos primeiros 1 a 2 anos de tratamento. O qual não repercute na altura final atingida na vida adulta. Nas ultimas 4 semanas houve: • Sintomas diurnos com duração superior a alguns minutos mais de 1x por semana? • Algum despertar noturno ou tosse noturna (mesmo sem despertar), por causa da asma? • Necessidade de medicação de resgate mais de 1x por semana? • Alguma limitação na atividade por causa da asma (brinca menos do que outras crianças, cansa facilmente durante caminhadas ou brincadeiras)? Asma controlada: nenhuma resposta positiva Asma parcialmente contolada: 1 a 2 respostas positivas Asma não controlada: 3 a 4 respostas positivas – Os objetivos são os mesmos que os anteriores. 1. Supressão dos sintomas 2. Diminuição dos riscos futuros O tratamento de manutenção da asma em crianças pequenas também envolve medidas farmacológica e não farmacológicas, sendo o medicamentoso a base da terapia. Utiliza-se uma escada terapêutica, em que a intensidade de controle é ajustada conforme a resposta clinica após 3 meses de tratamento. A decisão de subir ou descer se baseia em: 1. Avaliação da asma 2. Prescrição do tratamento no passo adequado 15 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 3. Reavaliação (resposta clinica obtida) A asma em crianças com menos de 5 anos de idade costuma entrar em remissão com mais frequencia, por isso a criança deve ser acompanhada com mais regularidade (a cada 3 6 meses). A escada terapêutica para crianças mais novas possui 4 passos em vez de cinco. Além disso não se recomenda o uso de LABA nessa faixa etária. SABA conforme necessário CI de dose baixa diáramente + SABA conforme necessário CI de dose média (o dobro da dose baixa) + SABA se necessario. Considerar encaminhamento. Encaminhar ao especialista e reconsidere o diagnóstico de asma. Só são indicados dispositivos que conseguem entregar a medicação para a via aérea do paciente através do volume corrente espontâneo. Sendo eles: • Nebulização convencional • pMDI com espaçador ou aerocamara (mais eficaz) O espaçador tem 2 finalidades: • Armazenar o volume de aerossol de modo que a criança consiga inala-lo por completo utilizando seu volume corrente espontâneo • Reter as partículas de maior peso que se depositam sobre a superfície interna do espaçador, evitando que isso aconteça na cavidade oral do paciente, o que aumentaria a taxa de absorção sistêmica e a chance de efeitos colaterais. De um modo geral, são necessárias cinco a dez incursões respiratórias para que toda a dose de aerossol liberadadentro do espaçador consiga ser inalada pelo paciente. Crianças muito pequenas, imaturas demais para colaborar (0-3 anos), necessitam de uma máscara facial, que deve ser bem adaptada ao nariz e à boca pelo parente/cuidador → problema nesse caso e que ela aumenta a área de contato da pele do rosto com a medicação, o que pode trazer problemas como o já mencionado “rash do corticoide inalatório” (deve- se lavar o rostinho do bebê após o uso). Crianças que conseguem colaborar usam a peça bucal em vez da mascara facial. Não é fácil de se identificar em crianças. As manifestações iniciais são inespecíficas, e os parentes/cuidadores devem ser orientados quanto a isso, mantendo um elevado grau de suspeição. As principais alterações que denunciam o início de uma exacerbação em crianças com idade ≤ 5 anos são: 1. Aumento agudo ou subagudo da sibilância e da dispneia 2. Aumento da tosse, especialmente a tosse noturna com a criança dormindo; 3. Letargia ou diminuição da tolerância ao exercício; 4. Redução nas atividades diárias, incluindo a alimentação; 5. Diminuição da resposta habitual ao SABA inalatório A abordagem pode ser iniciada no próprio domicilio do paciente, utilizando um plano escrito 16 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT CUS - 2020 de auto-manejo. Porem algumas situações indicam procura de hospital, sendo elas (tabela) A base do tratamento domiciliar da crise é o uso de SABA inalatório. Ministra-se 2 puffs de salbutamol via pMDI + espaçador, podendo- -se repetir essa mesma dose a cada 20min, por mais 2x. Na ausência de resposta satisfatória (necessidade de > 6 puffs em 1-2h), a criança deve ser levada ao serviço de emergência. Em geral, não se recomenda o início domiciliar de corticoide oral pelos parentes/cuidadores, sem que a criança seja avaliada antes pelo médico. O papel do sulfato de magnésio como adjuvante terapêutico nas crises graves não está bem estabelecido em pacientes com idade ≤ 5 anos. Não obstante, alguns autores recomendam seu uso como diluente da solução de nebulização para crianças com idade ≥ 2 anos que apresentam crise de asma grave, durante a 1a hora do atendimento. Outros recomendam seu uso intravenoso, na dose de 40-50 mg/kg em infusão lenta (20-60min). Crianças com idade ≤ 5 anos que iniciaram corticoide oral devem manter este tratamento por 3-5 dias apenas, podendo interrompê-lo abruptamente, sem necessidade de desmame.
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