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Indaial – 2023 Secundária Prof.ª Mariana da Rocha Marins Prof.ª Silvana Januario Jorge Prof.ª Talita Cristiane Sutter 1a Edição Saúde coletiva e aSSiStência de enfermagem na atenção Primária e Elaboração: Prof.ª Mariana da Rocha Marins Prof.ª Silvana Januario Jorge Prof.ª Talita Cristiane Sutter Copyright © UNIASSELVI 2023 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI. Núcleo de Educação a Distância. MARINS, Mariana. Saúde Coletiva e Assistência de Enfermagem na Atenção Primária e Secundária. Mariana da Rocha Marins; Silvana Januario Jorge; Talita Cristiane Sutter. Indaial - SC: Arqué, 2023. 234p. ISBN 978-65-5646-585-2 ISBN Digital 978-65-5646-580-7 “Graduação - EaD”. 1. Saúde Coletiva 2. Assistência de Enfermagem 3. Brasil CDD 610.7 Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 A assistência de enfermagem segue os princípios do Sistema Único de Saúde, buscando o atendimento universal e integral à população, ou seja, o enfermeiro que atua na saúde coletiva deverá compreender os aspectos da rede de saúde, que englobam a Atenção Primária, a Atenção Secundária e a Atenção Terciária. É interessante apontar que, nesse livro didático, iremos nos aprofundar na Atenção Primária e na Atenção Secundária. Para isso, na Unidade 1, abordaremos os aspectos gerais da enfermagem e da saúde coletiva, apresentando a sua organização e funcionamento, bem como as características e atribuições. Tomaremos como base os princípios e as diretrizes da Atenção Básica, a infraestrutura e o funcionamento das equipes de Atenção Básica e a Estratégia de Saúde da Família. Ademais, estudaremos a importância do sistema de referência e contrarreferência, levando em consideração a operacionalização da rede de Atenção à Saúde, a integralidade do cuidado e o funcionamento do sistema. Por fim, ainda na Unidade 1, falaremos sobre a assistência na média e na alta complexidade de saúde, considerando suas definições, suas relações e os seus componentes. Já na Unidade 2, abordaremos os principais conceitos relacionados à assistência de enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Começaremos discutindo os aspectos conceituais da Atenção Primária à Saúde, que se referem às principais condições de saúde atendidas nessa área, bem como à prevenção e à promoção da saúde. Além disso, abordaremos a importância da humanização, acesso e acolhimento no cuidado à saúde dos pacientes. Em seguida, discutiremos os aspectos conceituais da Atenção Secundária à Saúde, com ênfase nas principais condições de saúde atendidas nesse nível de atenção, como as infecções sexualmente transmissíveis e os aspectos gerais sobre urgência e emergência. Por fim, abordaremos a vigilância em saúde, incluindo os determinantes, riscos e danos à saúde da população adscrita, a notificação compulsória na Atenção Primária e Secundária à Saúde e as condições sensíveis à Atenção Primária à Saúde. Na Unidade 3, vamos falar sobre a assistência de enfermagem na atenção secun- dária à saúde, destacando o papel do enfermeiro nessa área. Na primeira parte, abordare- mos o papel do enfermeiro na atenção primária à saúde, suas atribuições e principais pro- cedimentos realizados nessa área. Também destacaremos o cuidado em enfermagem na visita domiciliar e o programa nacional de imunização. Na segunda parte, falaremos sobre as atribuições do enfermeiro na atenção secundária à saúde, seus principais procedimen- tos e o apoio diagnóstico e terapêutico que oferece nessa área, bem como discutiremos os procedimentos de enfermagem no contexto de urgência e emergência. Por fim, discutire- mos a importância do trabalho multiprofissional e interdisciplinar em saúde, destacando a equipe multiprofissional, a interdisciplinaridade e o papel do enfermeiro na equipe. Bons estudos! Prof.ª Mariana da Rocha Marins Prof.ª Silvana Januario Jorge Prof.ª Talita Cristiane Sutter APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. 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SUMÁRIO UNIDADE 1 - ENFERMAGEM E SAÚDE COLETIVA: ASPECTOS GERAIS.............................. 1 TÓPICO 1 - ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA: CARACTERÍSTICAS E ATRIBUIÇÕES .................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA ...........................................................3 2.1 HISTÓRIA DO SISTEMA DE SAÚDE DO BRASIL ..............................................................................4 2.2 A POLÍTICA NACIONAL DEATENÇÃO BÁSICA ................................................................................7 2.2.1 Princípios e Diretrizes ..................................................................................................................7 3 INFRAESTRUTURA, FUNCIONAMENTO E EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA ....................9 3.1 INFRAESTRUTURA E AMBIÊNCIA ...................................................................................................... 9 3.2 FUNCIONAMENTO DAS EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA .......................................................... 10 3.3 TIPOS DE EQUIPES ..............................................................................................................................12 3.3.1 Equipes de Atenção Básica para Populações Específicas ............................................. 15 4 ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA .............................................................................. 17 4.1 HISTÓRIA DA ESF NO BRASIL ........................................................................................................... 18 4.2 CARACTERÍSTICAS DA ESF.............................................................................................................. 18 4.3 COMPOSIÇÃO E ATRIBUIÇÕES DAS ESF.......................................................................................20 4.4 DESAFIOS DA ESF ..............................................................................................................................22 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 24 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 25 TÓPICO 2 - SISTEMA DE REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE ..........................................................................................27 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................27 2 OPERACIONALIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE ..............................................27 2.1 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS E ATRIBUTOS DA RAS .................................................................29 2.2 CARACTERÍSTICAS DA RAS ............................................................................................................30 2.2.1 Relações Horizontais .................................................................................................................31 2.2.2 Atenção Primária/básica como Coordenadora do Cuidado ..........................................32 2.2.3 Planejamento e Organização das Ações Segundo a Necessidade da População ...32 2.2.4 Atenção Contínua e Integral ..................................................................................................33 2.2.5 Atendimento Multiprofissional/interdisciplinar .................................................................34 2.2.6 Responsabilidade com os Compromissos e Metas, Considerando Questões Sanitárias e Econômicas ........................................................................................................34 2.3 DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS PARA IMPLEMENTAÇÃO DA RAS .............................................35 3 INTEGRALIDADE DO CUIDADO ....................................................................................... 35 3.1 INTEGRALIDADE COMO TRAÇO DE BOA MEDICINA ....................................................................36 3.2 INTEGRALIDADE COMO MODO DE ORGANIZAR AS PRÁTICAS ............................................... 37 3.3 INTEGRALIDADE COMO RESPOSTAS GOVERNAMENTAIS A PROBLEMAS ESPECÍFICOS DE SAÚDE ............................................................................................................................................ 37 3.4 A IMPORTÂNCIA DA ESF NA INTEGRALIDADE DO CUIDADO ...................................................39 4 FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA ............. 40 4.1 IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE DOS DADOS NO SISTEMA DE REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA ......................................................................................................................42 4.1.1 Cartão Nacional do SUS (CNS) ................................................................................................43 4.1.2 Prontuário Clínico ......................................................................................................................44 4.1.3 Sistemas de Regulação ...........................................................................................................44 4.1.4 Sistema de Transporte em Saúde .........................................................................................45 RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................................47 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 48 TÓPICO 3 - ASSISTÊNCIA NA MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE EM SAÚDE ...................... 51 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 51 2 DEFINIÇÕES E NECESSIDADES NA MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ............................ 51 2.1 NECESSIDADES NA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ...........53 3 RELAÇÃO ENTRE A ASSISTÊNCIA NA MÉDIA E NA ALTA COMPLEXIDADE.................. 56 4 COMPONENTES DA MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ..................................................... 58 4.1 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO CARDIOVASCULAR ............................................................58 4.2 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE AUDITIVA ...........................................................59 4.3 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO AO PORTADOR DE DOENÇA RENAL ..............................59 4.4 POLÍTICA NACIONAL DE PROCEDIMENTOS ELETIVOS DE MÉDIA COMPLEXIDADE ..........60 4.5 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ONCOLÓGICA .......................................................................61 4.6 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA ......................61 4.7 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL .......................................................................................62 4.8 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO DE ALTA COMPLEXIDADE EM TRAUMATO- ORTOPEDIA ..........................................................................................................................................63 4.9 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS ..................................................................64 4.10 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO AO PORTADOR DE DOENÇA NEUROLÓGICA .............64 4.11 POLÍTICA NACIONAL PARA HOSPITAIS DE PEQUENO PORTE ................................................65 4.12 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA ................................................................65 4.13 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER ................................66 4.14 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM ..................................66 4.15 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL ................................................................................... 67 4.16 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL GENÉTICA CLÍNICA ......................................68 4.17 POLÍTICA NACIONAL DE OFTALMOLOGIA....................................................................................69 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................70 RESUMO DO TÓPICO 3 ......................................................................................................... 77 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................78 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................80 UNIDADE 2 — ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ....... 89 TÓPICO 1 — ASPECTOS CONCEITUAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ...................... 91 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 91 2 PRINCIPAIS CONDIÇÕES DE SAÚDE NA APS ................................................................. 93 2.1 CONDIÇÕES DE SAÚDE ......................................................................................................................95 2.2 CONDIÇÕES DE SAÚDE AGUDAS ..................................................................................................96 2.2.1 Cuidado das condições agudas ............................................................................................. 97 2.2.2 Modelo de classificação de risco .......................................................................................... 97 2.3 CONDIÇÕES DE SAÚDE CRÔNICAS................................................................................................99 2.3.1 Cuidado das condições crônicas ........................................................................................100 2.3.2 Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MAAC) ......................................................101 3 PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE .........................................................................103 3.1 PROMOÇÃO DA SAÚDE ....................................................................................................................104 3.2 PREVENÇÃO DE DOENÇAS ............................................................................................................105 4 HUMANIZAÇÃO, ACESSO E ACOLHIMENTO NA APS ...................................................107 4.1 POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO ....................................................................................108 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................111 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 112 TÓPICO 2 - ASPECTOS CONCEITUAIS DA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE ............... 115 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 115 2 ASPECTOS CONCEITUAIS NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE ............................... 115 3 INFECÇÕES, SEXUALMENTE, TRANSMISSÍVEIS .......................................................... 118 3.1 HIV (IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA) .............................................................................................120 3.2 SÍFILIS ..................................................................................................................................................121 3.3 HPV (PAPILOMAVÍRUS HUMANO) .................................................................................................121 3.4 VÍRUS HERPES SIMPLES ................................................................................................................ 122 3.5 TRICOMONÍASE ................................................................................................................................. 123 4 ASPECTOS GERAIS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ....................................................124 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................128 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................129 TÓPICO 3 - VIGILÂNCIA EM SAÚDE .................................................................................. 131 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 131 2 DETERMINANTES, RISCOS E DANOS À SAÚDE DA POPULAÇÃO ADSCRITA .............. 131 3 NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA NO SUS .........................................................................135 4 CONDIÇÕES SENSÍVEIS À ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ........................................... 137 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 140 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................148 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................149 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 151 UNIDADE 3 — ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE 159 TÓPICO 1 — PAPEL DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) ............ 161 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 161 2 ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NA APS .......................................................................162 2.1 ATRIBUIÇÕES DOS ENFERMEIROS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA FRENTE A ALGUMAS POLÍTICAS NACIONAIS DE SAÚDE. ..............................................................................................164 2.1.1 Outros programas da APS ...................................................................................................... 172 2.2 PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS NA APS ....................................................................................... 175 2.2.1 Procedimentos pertinentes aos enfermeiros da APS .....................................................177 2.3 CUIDADO DE ENFERMAGEM EM VISITA DOMICILIAR (VD) .....................................................185 2.3.1 Modalidades da Atenção Domiciliar (AD) ...........................................................................186 2.3.2 Competências do enfermeiro em uma VD ....................................................................... 187 3 PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO - PNI ............................................................188 3.1 PNI E PAPEL DA ENFERMAGEM .....................................................................................................190 3.1.1 Enfermeiro frente a desafios do programa de imunização ............................................191 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................192 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................193 TÓPICO 2 - ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE ..... 197 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 197 2 PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE .......................198 2.1 APOIOS DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICO NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE ..............200 2.1.1 Atuação do enfermeiro para apoios diagnóstico e terapêutico ...................................201 2.1.2 Desafios estressores dos profissionais de enfermagem nos níveis da atenção secundária................................................................................................................................ 202 3 PROCEDIMENTOS DE ENFERMAGEM NOS CONTEXTOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ................................................................................................................. 202 RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................... 204 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 205 TÓPICO 3 - TRABALHOS MULTIPROFISSIONAL E INTERDISCIPLINAR EM SAÚDE ..... 207 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 207 2 EQUIPEMULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE ................................................................... 208 2.1 INTERDISCIPLINARIDADE EM SAÚDE ........................................................................................208 3 PAPEL DO ENFERMEIRO EM EQUIPE MULTIPROFISSIONAL E INTERDISCIPLINAR ... 211 3.1 Serviço de Atenção Domiciliar - SAD ...........................................................................................211 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................213 RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 220 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................221 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 224 1 UNIDADE 1 - ENFERMAGEM E SAÚDE COLETIVA: ASPECTOS GERAIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os princípios e as diretrizes da Atenção Básica; • descrever a infraestrutura e o funcionamento das equipes de Atenção Básica; • apresentar a Estratégia de Saúde da Família; • compreender a Rede de Atenção à Saúde (RAS) e o funcionamento do sistema de referência e contrarreferência que estabelecem o princípio de integralidade; • diferenciar as definições, as necessidades, as relações e os componentes da média e da alta complexidade. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA: CARACTERÍSTICAS E ATRIBUIÇÕES TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – SISTEMA DE REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – ASSISTÊNCIA NA MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE EM SAÚDE Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA: CARACTERÍSTICAS E ATRIBUIÇÕES 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 1, inicialmente, abordaremos a organi- zação e o funcionamento da Atenção Básica, ou seja, suas características e atribuições. Você sabe o que é Atenção Básica? Esse termo é utilizado pela PNAB 2017 para definir o conjunto de ações individuais, coletivas e familiares que são ofertadas à população com intuito de garantir a prevenção, a promoção, a proteção, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos, os cuidados paliativos e a vigilância em saúde. Cabe destacar que esse cuidado é ofertado de maneira multidisciplinar e tem o objetivo de ser porta de entrada da população no Sistema Único de Saúde (SUS) e coor- denar as ações de saúde a fim de garantir a integralidade do serviço, tendo um território definido como responsabilidade sanitária. Nessa lógica, traremos algumas informações relevantes sobre a Atenção Básica para que compreenda seus princípios e diretrizes, ou seja a base da existência e os rumos que esse serviço deve seguir. Também serão relatados a infraestrutura e o funcionamento das equipes que atuam nesse contexto. Por fim, iremos ressaltar a importância da Estratégia Saúde da Família (ESF), um dos modelos assistenciais da Atenção Básica e estratégia prioritária para sua consolidação e expansão no país. A ESF visa reorganizar a Atenção Básica utilizando como ponto central do cuidado a construção de vínculo e a corresponsabilização entre a população e os profissionais de saúde. TÓPICO 1 -UNIDADE 1 2 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA Para entendermos a importância dos princípios e das diretrizes da Atenção Básica, vamos fazer uma breve reflexão acerca da história do sistema de saúde do Brasil e sua evolução, uma história de luta dos profissionais de saúde e da população por maiores conquistas sociais e direitos à saúde. 4 2.1 HISTÓRIA DO SISTEMA DE SAÚDE DO BRASIL No século XXVIII, a população brasileira possuía uma baixa expectativa de vida e muitas pessoas adoeciam em virtude de doenças parasitárias e infecciosas. Nesse período não existia um sistema de saúde universal, que garantisse o direito à saúde para toda a população. Além disso, o país foi assolado por diversas epidemias, tais como epidemias de varíola, de febre amarela, de cólera, de febre tifóide, de sarampo, de tuberculose e outras. Nesse período, a grande maioria da população não possuía acesso a médicos privados e eram atendidos por benzedeiras e as irmãs de caridade das Santas Casas de Misericórdia (BERTOLLI FILHO, 2011; CORDOBA, 2013; ROUQUAYROL, 2018) É interessante destacar, que com o início do regime republicano, houve o cres- cimento do movimento sanitarista que auxiliou a prevenção e o combate de doenças. As pesquisas relacionadas à vacinação tiveram grande avanço nesse período e a apli- cação da vacina contra a varíola, embora não tenha sido recebida de bom grado pela população, foi uma ação importante para auxiliar sua futura erradicação. Outra ação que tinha o objetivo de auxiliar a saúde pública foi a Reforma Pereira Passos, ocorrida no Rio de Janeiro, desencadeando a proibição e destruição dos cortiços, que deram espaço para a Avenida Rio Branco e acreditando que o ambiente “arejado” reduziria a proliferação das doenças por meio de um movimento higienista (BERTOLLI FILHO, 2011; CORDOBA, 2013; ROUQUAYROL, 2018). Nessa perspectiva, a população, insatisfeita com as medidas que estavam sendo tomadas, e infelizes com os seus direitos à saúde e trabalhistas, realizaram algumas greves pelo país em 1917 e 1919. Cabe destacar que os grevistas não possuíam direito a férias, jornada de trabalho definida ou aposentadoria. No ano de 1923 foi aprovada a Lei Elói Chaves, que representou um marco inicial da Previdência Social no Brasil, instituindo as Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP) (PAIM, 2008). Entre os anos de 1937 e 1945, a Previdência Social foi estendida às diversas categorias do operariado urbano, substituindo as CAP pelos IAP (Institutos de Aposen- tadoria e Pensões) organizados por categorias profissionais, para que os trabalhadores tivessem acesso à saúde e à aposentadoria. Alguns exemplos foram o Instituto de Apo- sentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM), dos Comerciários (IAPC) e o dos Bancários (IAPB). Apesar dessa medida, pessoas que não trabalhassem não teriam direito a esses benefícios. Em 1930 foi criado por Getúlio Vargas o Ministério do Trabalho e em 1934, com a Constituição, foi concedida garantias aos operários como a assistência médica, a licença remunerada à gestante trabalhadora, a jornada de trabalho de 8 horas e salário mínimo. Nesse mesmo ano foi estabelecida a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e em 1953, foi criado o Ministério da Saúde (ROUQUAYROL, 2018; BRASIL, 2022e). É interessante refletir, que nesse período as ações de saúde eram realizadas de maneira individualizada, médico centrada e com grandes investimentos nos hospitais e medicações. No geral, era comum identificar profissionais que atuavam por meio de 5 especialidades. O Ministério da Saúde, criado para potencializar as ações de saúde pública, enfrentou diversas correntes. Alguns médicos especialistas defendem que existissem programas verticais para doenças, ou seja, a criação de sanatórios para tuberculosos, hospícios para loucos, dentre outros. Outros defendiam que existissem centros de saúde a fim de estabelecerem melhores vínculos entre os profissionais de saúde e a população, ou mais, a criação de um sistema de saúde pública para toda a população brasileira. Nos anos de 1960 tentou-se unir as práticas de cura e de prevenção, racionalizando os gastos com atenção curativa e hospitalar, oferecendo a medicina comunitáriacomo opção de baixo custo (VIEIRA; PAIM; SCHRAIBER, 2014). Após o fim do governo de Getúlio Vargas, durante o regime militar, houve a unificação dos IAP, criando o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), gerindo todas as aposentadorias, pensões e assistências médicas do Brasil e englobando os trabalhadores com carteira assinada, que recebiam assistência médica de hospitais e ambulatórios. Dessa maneira, todos os trabalhadores passaram a ter direitos iguais. Por meio do INPS, a iniciativa privada criou hospitais particulares a fim de ampliar em larga escala os leitos para atendimento aos trabalhadores inscritos na previdência social (ROUQUAYROL, 2018; BRASIL, 2022e). Em 1977 o INPS foi dividido, por meio da criação do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e do Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS). O INAMPS passou a ser responsável pela assistência médica, enquanto o IAPAS ficou responsável pela gestão financeira e o INPS permaneceu, apenas, com a responsabilidade de concessão de benefícios. Cabe destacar, que com o INAMPS ainda não se havia responsabilização total por todos os gastos de saúde do trabalhador, pois a saúde não era considerada um direito e sim um problema individual. Nessa lógica, todos os gastos com a saúde eram divididos entre o INAMPS e o trabalhador (ROUQUAYROL, 2018). No final dos anos 1980 houve um declínio do INAMPS devido a pressões populares para que houvesse uma reforma sanitária no país. O país encontrava-se em uma crise econômica, pois as arrecadações não cobriam os gastos públicos com a saúde, além disso, diversos escândalos foram denunciados com relação aos prestadores de serviço. A VIII Conferência Nacional de Saúde, de 1986, foi outro motivador para essa mudança, pois estabeleceu importantes discussões acerca do projeto democrático de reforma sanitária, considerando a universalização do acesso, a equidade, a integralidade da atenção, a descentralização, a regionalização, a hierarquização e a participação da comunidade, que foram considerados, posteriormente, como princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) (BERTOLLI FILHO, 2011). Em 1987, foram criados os sistemas unificados e descentralizados de saúde (SUDS), precursor do SUS, estabelecido por meio da nova Constituição Federal, pro- mulgada a 3 de outubro de 1988 e regulamentado pela Lei nº 8.080 e 8.142 de 1990, chamadas de Leis Orgânicas da Saúde (PIMENTA, 1993). 6 A Constituição Federal de 1988 define em seu Artigo 196 que “saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 1988). Além dis- so, para a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde refere-se a um completo bem- -estar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de saúde não está associado somente à ausência de uma doença como era compreendido anteriormente (OMS, 1946). Por essa razão, a fim de atingir esse completo estado de bem-estar, existem fatores determinantes e condicionantes, descritos na Lei nº 8.080/1990 e na Lei nº 12.864/2013 como, por exemplo, alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. Portanto, a partir desse momento a saúde passou a ser responsabilidade do estado, tendo como um dos pontos principais o princípio da universalidade Starfield (2002, p. 19), diz que todo os sistemas de saúde têm 2 objetivos: 1. Melhorar a saúde da população por meio de recursos mais avançados, seja ele de conhecimento ou materiais. 2. Trazer equidade no acesso a grupos da população e no alcance da saúde. No Brasil, com a regulamentação do SUS, e a definição dos seus princípios – universalidade, equidade, integralidade – e diretrizes – regionalização, hierarquização, descentralização e participação popular –, o acesso à saúde passou a ser direito de todos e dever do estado, independente do indivíduo ter carteira de trabalho assinada ou não. Ademais, passou a trazer direitos igualitários para toda a população por meio do conceito de justiça social e em toda a rede de saúde. Nessa lógica, o SUS garante direitos iguais, embora priorize o indivíduo que tem maior necessidade de saúde. Para organizar esse sistema, sua organização passa a ser descentralizada trazendo maior autonomia aos municípios e regionalizadas/hierarquizadas, garantindo sua organização por níveis de atenção – atenção primária, atenção secundária e atenção terciária – com a participação popular nos conselhos de saúde (BRASIL, 1990). Como os recursos dos países são limitados, para garantir a equidade da saúde é interessante que haja um incentivo ao modelo de Atenção Primária à Saúde (APS), pois trata-se de um modelo mais barato e baseado em ações preventivas e de promoção à saúde. Nessa lógica, o investimento no setor primário é indispensável para a garantia da universalidade, da equidade e da integralidade. Sendo assim, a APS tem sido um modelo adotado por diversos países para estabelecer um maior acesso ao sistema de saúde e combater o modelo tradicional de saúde baseado em ações curativas, individuais e hospitalares (STARFIELD, 2002). 7 Nesse livro didático, adotaremos os termos Atenção Básica e Atenção Primária à Saúde como sinônimos. NOTA 2.2 A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA Até a década de 1990, os serviços de APS eram realizados pelos centros de saúde ou postos de saúde tradicionais. Em 1994, o Ministério da saúde implementou o Programa Saúde da Família (PSF), inspirado no Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), a fim de reorganizar a atenção básica (CORDOBA, 2013). Em 2006 foi aprovada a Portaria nº 648/GM de 28 de março de 2006, que aprovou a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o PSF e o PACS (BRASIL, 2017a). 2.2.1 Princípios e Diretrizes A Atenção Básica é um conjunto de ações de saúde, que considera tanto o âm- bito individual como o coletivo que são ofertadas à população, com intuito de garantir a prevenção, a promoção, a proteção, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redu- ção de danos, os cuidados paliativos e a vigilância em saúde. Essas ações são ofereci- das à população por meio de uma porta de entrada, ou seja, se você precisa iniciar um acompanhamento de saúde, o primeiro local que irá procurar pelo SUS é uma Unidade de Atenção Básica (BRASIL, 2006b, p. 10). Essas unidades serão responsáveis pelo seu acolhimento e pela sua coordenação do cuidado. (STARFIELD, 2002). Nessa lógica, caso seja necessário o acompanhamento especializado ou o atendimento hospitalar, essa unidade irá encaminhar o usuário para atendimento (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2016). Agora que você entende um pouco melhor o que é Atenção Básica e a impor- tância desse modelo de atenção, vamos detalhar a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), criada em 2006 e baseada nos seguintes princípios: a universalidade, a equidade e a integralidade. Além desses princípios, a Atenção Básica possui as seguintes diretrizes: a regionalização/ hierarquização, a territorialização e a adscrição; a população adscrita; o cuidado centrado na pessoa; a resolutividade; a longitudinalidade do cuidado; a coor- denação do cuidado; a ordenação da rede; e participação da população (BRASIL, 2017a). Os princípios da Atenção Básica seguem os mesmos preceitos do SUS, dessa maneira possuem as mesmas definições norteadoras. A universalidade refere-se ao direito de todos a saúde; a integralidade, que refere-se ao atendimento de todas as necessidades da população, por meio da promoção da saúde, a prevenção de doenças, 8 o tratamento e a reabilitação; e a equidade, que traz a compreensão de igualdade, por meio de uma justiça social,ou seja, da diminuição da desigualdade – tratar desigualmente os desiguais – a fim de investir mais nos indivíduos que mais necessitam (BRASIL, 1990). Já as diretrizes da Atenção Básica levam em consideração a sua organização com: • Regionalização/ hierarquização: Existência de uma Rede de Atenção à Saúde (RAS) composta por um território específico onde são encontrados os e equipamentos de saúde de diversos níveis de atenção organizados de acordo com a sua complexidade em uma região, projetadas de acordo com a necessidade epidemiológica da população (BRASIL, 2017b). • Territorialização e adscrição: Refere-se à relação da população com determinado território, sendo assim, a divisão do território em uma unidade de atenção básica é realizada de acordo com as características sociais, epidemiológicas e geográficas a fim de desenvolverem ações de planejamento em saúde destinadas à vigilância em saúde, promoção, prevenção e recuperação (BRASIL, 2017b). • População adscrita: Cada unidade de Atenção Básica possui um território específico, ou seja, realiza o acompanhamento de uma determinada região e população de acordo com o seu georreferenciamento. Em unidades que possuem mais de uma equipe, essa lógica também existirá, tendo o território total da unidade dividido por equipes de atendimento. (BRASIL, 2017b). • Cuidado centrado na pessoa: O atendimento do indivíduo pela Atenção Básica deverá ser realizado considerando as particularidades do indivíduo e não somente o seu agravo. Nesse contexto, deve-se considerar a história de vida da pessoa, seus hábitos, sua cultura, sua religião, seus aspectos emocionais, mentais, sociais e financeiros (BRASIL, 2017b). • Resolutividade: O atendimento a pessoa deve ser resolutivo, buscando resolver a queixa do indivíduo o mais rápido possível e com o menor custo. O profissional que atua na atenção básica deve saber reconhecer os riscos, as necessidades e as de- mandas da população utilizando diversas tecnologias em saúde, por meio da clínica ampliada. Sabe-se que as equipes de Saúde da Família, por exemplo, estão capa- citadas para resolver 85% dos problemas de saúde da população (BRASIL, 2008b). • Longitudinalidade do cuidado: Refere-se ao vínculo estabelecido entre a população e a unidade de saúde. Essa característica difere a Atenção Básica de outros níveis de atenção à saúde (BRASIL, 2017b). • Coordenação do cuidado: Gerir o fluxo do paciente na Rede de Atenção à Saúde. Caso o paciente necessite ir para outro ponto de atenção ele será encaminhado pela Atenção Básica. Para isso, existem sistemas de informações que estabelecem essa diretriz, como o SISREG, que é responsável por uma fila invisível de pacientes que são encaminhados para realização de exames ou consultas especializadas. (BRASIL, 2017b). • Ordenação da rede: Conhecer as necessidades de saúde da população adscrita, ou seja, sobre sua responsabilidade (BRASIL, 2017b). 9 • Participação da população: Refere-se à participação da comunidade no planejamento de saúde individual e coletiva, inclusive nos conselhos e conferências de saúde para controle social. (BRASIL, 2017b). Essas são características do SUS e da RAS, adotadas pela Atenção Básica para sua organização. A seguir veremos sua estrutura e funcionamento das equipes. 3 INFRAESTRUTURA, FUNCIONAMENTO E EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA A Atenção Básica é composta por alguns modelos de unidades e seus funcionamentos diferem entre si em alguns pontos, embora o objetivo seja sempre o mesmo e possuam características que devam ser adotadas por todos os modelos, sejam eles de infraestrutura ou funcionamento. 3.1 INFRAESTRUTURA E AMBIÊNCIA A infraestrutura de uma unidade básica de saúde deve levar em consideração a necessidade da população, a quantidade de pessoas que residem no território adscrito, o número de profissionais que atuam no local e os seus fluxos dentro da unidade (BRASIL, 2008b). Também é importante que esses espaços possuam ambiência necessária, conforme estabelecido na Política Nacional de Humanização, a fim de garantir um conforto no acolhimento do usuário (BRASIL, 2010b). A iluminação, a temperatura do local e os ruídos são exemplos de componentes que devem ser adequados para um melhor conforto. Outro ponto importante é a identificação dos serviços existentes na unidade, bem como a escala dos profissionais de saúde, os horários de funcionamento da unidade (BRASIL, 2008b). A Unidade de Atenção Básica deverá garantir além de uma estrutura adequada, equipamentos adequados e em funcionamento, recursos humanos capacitados e em quantidade satisfatória, e materiais e insumos suficientes (BRASIL, 2008b). Segundo a Política Nacional de Humanização (PNH), a ambiência é a criação de espaços acolhedores e confortáveis para a população que gerem mudanças no ambiente de trabalho por meio dos encontros. Para utilizá-la é necessário construir espaços que estejam de acordo com a necessidade dos usuários e dos profissionais que lá atuam. NOTA 10 Conforme o Manual de Estrutura Física das Unidades Básicas de Saúde, é interessante que o ambiente de recepção das Unidades Básicas de Saúde não possua grades, a fim de estabelecer uma boa comunicação entre os pacientes e os profissionais de saúde. Essa recomendação serve para que não haja intimidação do usuário e que estimule a construção de vínculo. Sugere-se que os locais sejam sinalizados, para facilitar o fluxo de pacientes na unidade e possuam acessibilidade e adaptações para pessoas com necessidades especiais, como piso antiderrapante, banheiros adaptados com barras, presença de rampas e corrimões, balcão e bebedouro mais baixo para pessoas cadeirantes e outros. É importante pontuar que as adaptações serão realizadas de acordo com a realidade de cada unidade de saúde (BRASIL, 2008b). Com relação ao piso, às paredes e aos materiais de acabamento, recomenda-se que esses sejam de materiais laváveis e não utilizem materiais porosos ou com textura, exceto em setores exclusivamente administrativos (BRASIL, 2008b). Além das questões citadas, existem dois pontos inegociáveis na estrutura das Unidades Básicas de Saúde: 1. Que elas sejam construídas de acordo com as regras sanitárias vigentes. 2. Que estejam cadastradas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES) (BRASIL, 2017b). O CNES coleta diversas informações sobre os estabelecimentos de saúde, bem como: o endereço/localização, o gestor responsável, o tipo de serviço prestado, a caracterização do serviço, os equipamentos existentes no local, a existência de serviços especializados, a instalação física do local, os profissionais que atuam no local e as equipes existentes (CNES, 2021). Para acessar informações sobre os cadastros de estabelecimentos de saúde, acesse: https://cnes.datasus.gov.br. DICA 3.2 FUNCIONAMENTO DAS EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA O funcionamento das equipes de Atenção Básica deve respeitar a carga horária de 40 horas semanais, por no mínimo cinco dias na semana. É possível que algumas unidades atuem de maneira ampliada, ou seja, cumprindo a carga horária de 60 horas semanais, com uma equipe mínima. Esse tipo de pactuação é definido por meio da secretaria municipal de saúde e o Ministério da Saúde, de acordo com a característica da população que acessa o serviço (BRASIL, 2017b). https://cnes.datasus.gov.br/ 11 O Programa Saúde na Hora, por exemplo, lançado por meio da Portaria nº 397/ GM/MS, de 16 de março de 2020, viabiliza o custeio de municípios para a implantação de horário estendido. Atualmente o Programa Saúde na Hora possui os seguintes formatos: Unidade de Saúde da Família (USF) com 60 horas semanais, Unidade de Saúde da Família (USF) com 60 horas semanais e com Saúde Bucal, Unidade de Saúde da Família (USF) com 75 horas semanais e com Saúde Bucal e Unidade de Saúde da Família (USF) ou Unidade Básica de Saúde (UBS) com 60 horas semanais (BRASIL, 2020a). Para que haja coordenação do cuidado, conforme as diretrizesda Atenção Básica, recomenda-se: • Que as equipes de Atenção Básica (eAB) ou as equipes de Saúde da Família (eSF) possuam entre 2000 a 3500 pessoas cadastradas no seu território, a fim de garantir todos os princípios e diretrizes sem ônus à população. Embora possa haver um arranjo diferenciado de acordo com a característica do território, tanto para menos quanto para mais pessoas cadastradas, considerando a vulnerabilidade do território e outros fatores. • Que as unidades de atenção básica possuam quatro equipes para que atinjam seu potencial de resolutividade. • Que o cálculo de equipes por município deve considerar o total da população, dividido por 2000 pessoas. • Em municípios com menos de 2000 habitantes, uma equipe deverá ser responsável por toda a população (BRASIL, 2017b). O escopo de serviços de saúde oferecidos pelas UBS deverá estar visível para que a população adscrita possa saber todos os recursos que aquela unidade possui. (BRASIL, 2008b). Ainda com relação ao escopo, a PNAB definiu que existem dois tipos de recursos que podem ser oferecidos para a população, os procedimentos de padrão essenciais, ou seja, os básicos, que possuem grande impacto na saúde da população (por exemplo, as relacionadas ao acompanhamento do pré-natal, à saúde da criança e às ações de enfrentamento da tuberculose); e os de padrões ampliados, considerados como estratégicos, e na maioria das vezes necessitam de treinamento qualificado da equipe (por exemplo, a inserção de DIU e as práticas integrativas e complementares). Todas as UBS devem garantir oferta dos serviços essenciais de saúde e espera-se que também sejam incluídos os serviços ampliados, embora não haja obrigatoriedade da sua oferta (BRASIL, 2017b). É válido analisar que à medida que a unidade oferece mais recursos à população e possua equipamentos necessários, bem como profissionais qualificados e disponibilidade de materiais, o serviço torna-se mais resolutivo. Por isso, é de interesse da gestão municipal o investimento na Atenção Básica, para que haja maior eficiência no atendimento da população, evitando superlotação dos serviços secundários ou terciários, ou a maior eficiência de transferência de pacientes para a RAS quando necessário (STARFIELD, 2002; OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2021). 12 Todo o escopo de serviços oferecidos na unidade deve estar fixado em local visível para a população, além disso, outras informações que deverão ser visíveis aos usuários são, o mapa de abrangência do território, a identificação do horário de atendimento da unidade, a identificação dos funcionários de cada equipe e do gerente da unidade, bem como suas escalas de atendimento. Essas informações geralmente são fixadas no acolhimento da unidade, local onde ocorre o primeiro contato do paciente com os usuários com escuta qualificada e acolhimento do paciente, mesmo que não resida na área de abrangência – quando isso ocorrer o paciente será atendido e posteriormente direcionado para sua unidade de referência – visto que existem serviços que são ofertados a toda a população, independente do território, alguns exemplos são a vacinação e o acolhimento à demandas urgentes com avaliação da classificação de risco. Após escutá-lo de forma ativa o profissional irá direcioná-lo ao serviço necessário e articular ações com outros serviços, se necessário. 3.3 TIPOS DE EQUIPES Como já explicamos, as Unidades de Atenção Básica possuem diversas particularidades. Essas diferenças existem devido à heterogeneidade do território brasileiro, então, embora haja um incentivo para que as unidades possuam eSF, estratégia prioritária de reorganização da AB, nem sempre é possível garantir essa característica. Existem municípios rurais, áreas que possuem dificuldade de acesso, tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde, por isso, admite-se equipes com menos profissionais em outras modalidades. Os tipos de equipes reconhecidas pela PNAB são: equipes de Saúde da Família (eSF), equipes da Atenção Básica (eAB), equipe de Saúde Bucal (eSB), Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB) e Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS) (BRASIL, 2017b). As eSF, por exemplo, citadas como prioritárias, e consideradas como estratégias de expansão, de qualificação e de consolidação da Atenção Básica, deverão ser compostas, por no mínimo, os seguintes profissionais e especificações: Quadro 1 – Composição da eSF Profissional Carga Horária Observação 1 médico 40 horas semanais, vinculados a apenas uma equipe Preferencialmente especialista em medicina de família e comunidade 1 enfermeiro 40 horas semanais, vinculados a apenas uma equipe Preferencialmente especialista em saúde da família 1 auxiliar e/ou técnico de enfermagem; 40 horas semanais, vinculados a apenas uma equipe - 13 Fonte: adaptado de Brasil (2017b) Agente Comunitário de Saúde (ACS) 40 horas semanais, vinculados a apenas uma equipe O número será estabelecido de acordo com o número da população do território, além de critérios epidemiológicos e socioeconômicos. Sugere- se que em situações de vulnerabilidade do território cada ACS seja responsável por no máximo 750 pessoas. Convém salientar que outras categorias podem fazer parte da equipe, tais como, o Agente de Combate às Endemias (ACE), o cirurgião-dentista (preferencialmente espe- cialista em saúde da família) e o auxiliar ou o técnico em saúde bucal (BRASIL, 2017b). As eAB também seguem a estrutura de equipe das eSF, embora admitam que possa haver até 3 profissionais de cada categoria, desde que a carga mínima de cada um deles seja 10 horas e somados atinjam 40 horas semanais. Sendo assim, a eAB é formada por: • Médicos (preferencialmente especialista em medicina de família e comunidade). • Enfermeiro (preferencialmente especialista em saúde da família). • Auxiliares de enfermagem e/ou técnicos de enfermagem (BRASIL, 2017b). As equipes de Saúde Bucal (eSB), como o próprio nome diz, englobam as ca- tegorias de saúde bucal, ou seja, são compostas por uma equipe que atua na Atenção Básica (eSF ou eAB) junto a um cirurgião dentista e um técnico ou auxiliar de saúde bucal, estando responsável pela população do território adscrito a essa equipe. (BRASIL, 2017b). Dessa maneira, a eSB tem a obrigatoriedade de estar vinculada ao SCNES de uma Unida- de Básica de Saúde (UBS), ou a uma Unidade Odontológica Móvel (BRASIL, 2020b). As eSB podem ser divididas em duas modalidades: • Modalidade I: composta por cirurgião dentista e auxiliar em saúde bucal (ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB). • Modalidade II: composta por cirurgião dentista, 1 técnico em saúde bucal (TSB) e 1 auxiliar em saúde bucal (ASB) ou 2 técnicos em saúde bucal (TSB) (BRASIL, 2017b). A modalidade de equipe Nasf-AB, que assim como a eSB, deverá ser integrada a uma eSF ou eAB. O Nasf-AB é uma modalidade composta por diversas categorias profissionais que irão atuar de forma interdisciplinar para a integralidade da assistência do usuário. Os profissionais que podem compor a equipe Nasf-AB são: assistente social; educador físico; farmacêutico; fisioterapeuta; fonoaudiólogo; terapeuta ocupacional; 14 psicólogo; nutricionista; médico especialista (acupunturista, ginecologista/obstetra, homeopata, pediatra, geriatra, do trabalho, clínica médica), veterinário, sanitarista ou arte educador. Essa escolha será realizada pelo gestor de acordo com a particularidade do território (BRASIL, 2017b). A existência dessa modalidade de equipe permite que a unidade de saúde possa ampliar o acesso aos usuários a especialistas, bem como realizar um Projeto Terapêutico Singular (PTS) em conjunto com diversas categorias profissionais sem a necessidade de encaminhar o usuário para outro ponto de atenção. Dessa forma, o vínculo entre o usuário e a unidade permanece firme e garante maior adesão ao acompanhamento, além de maior proximidade do quadro individual ou familiar (BRASIL, 2017b). O ProjetoTerapêutico Singular (PTS) refere-se a um conjunto de propostas e condutas elaborado de maneira coletiva e articulada por profissionais interdisciplinares, por usuários e seus familiares, para estabelecer melhorias a um determinado problema encontrado em uma família. O PTS tem grande vantagem quando tem como ferramenta a equipe Nasf- AB, que realiza o apoio matricial das eSF ou eAB. INTERESSANTE A atuação da equipe Nasf-AB se dá por solicitação da eSF/e-AB, ou seja, quando o médico ou o enfermeiro identifica uma demanda no território que seja necessário avaliação pelo profissional, deverá solicitar um matriciamento, uma interconsulta ou uma consulta individualizada realizada por esse profissional ao usuário (BRASIL, 2017b). Compete ao profissional que atua na equipe Nasf-AB a participação de reuniões e planejamentos com a equipe a qual estão vinculados; realizar discussão de casos, realizar atendimento individualizado, realizar interconsultas, construir em conjunto com as equipes o PTS, realizar ações de educação permanente, realizar ações de prevenção e promoção à saúde, realizar atividades coletivas, realizar ações territoriais e intersetoriais, dentre outros. Dessa maneira, todas as ações realizadas deverão ter como objetivo contribuir para a integralidade do cuidado (BRASIL, 2017b). Por fim, a última modalidade descrita na PNAB como tipo de equipe de Atenção Básica é a Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS), conhecida anteriormente por Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), que deverá ser reorganizada gradualmente como eSF. Essa modalidade permite que a equipe seja composta por Agentes Comunitários de Saúde (ACS), supervisionados por um enfermeiro. O número de ACS será definido de acordo com o número de habitantes, questões epidemiológicas e sociais do território, considerando no máximo 750 pessoas cadastradas para cada ACS. Todos os profissionais deverão estar cadastrados no CNES de uma UBS, que será a referência dessa equipe, e cumprir a carga horária de 40 horas semanais. 15 As atividades desenvolvidas pela EACS são referentes às atribuições dos ACS, dessa maneira, deverão realizar o cadastramento e o monitoramento da população, bem como o registro dos dados nos sistemas de informações vigentes, sempre considerando a prioridade do território e suas vulnerabilidades. (BRASIL, 2017b). 3.3.1 Equipes de Atenção Básica para Populações Específicas Acabamos de ver todos os modelos de equipes de Atenção Básica, entretanto, existem alguns modelos de equipes adicionais que atuam em territórios específicos e possuem suas particularidades. Espera-se que esses modelos sejam transitórios, até que toda a população do território brasileiro seja acompanhada por eSF. Essas equipes são: as equipes de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR), as equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF), as equipes de Consultório na Rua (eCR) e as equipes de Atenção Básica Prisional (eABP) (BRASIL, 2017b). As equipes de saúde da família que atuam em território ribeirinho podem adotar dois modelos de organização: as equipes de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR) ou as equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF) (BRASIL, 2017b). As eSFR desenvolvem a maior parte de suas atividades em Unidades Básicas de Saúde, localizadas em áreas em que estão acrescentadas e que possuem acesso por rio, por isso, é necessário que haja embarcações para realizar o deslocamento das comunidades no território, recebendo incentivo de até quatro embarcações e quatro unidades satélites para apoio das equipes (BRASIL, 2017b). Já as eSFF desempenham o seu papel em Unidades Básicas de Saúde Fluviais. Ademais, a composição mínima dessas equipes é de: • 01 médico (preferencialmente especialista em medicina de família e comunidade). • 01 enfermeiro (preferencialmente especialista em saúde da família). • 01 auxiliar ou técnico de enfermagem (podendo possuir no máximo 11 profissionais dessa categoria). Além das categorias destacadas, outros profissionais podem compor a equipe, tais como os cirurgiões dentistas, os auxiliares ou técnicos de saúde bucal, microscopistas – em regiões endêmicas, podendo chegar até no máximo 12 profissionais dessa categoria – até 2 profissionais de nível superior (enfermeiro ou Nasf-AB) e os ACS. Inclusive, cabe pontuar que o número máximo de ACS nas equipes é de 24. Todos os profissionais deverão cumprir uma carga horária de 8 horas por dia, durante 16 dias do mês, dos quais 14 dias serão para atendimento à população e 2 dias para atividades de educação permanente, planejamento e serviços administrativos (BRASIL, 2017b). As equipe de Consultório na Rua (eCR) tem objetivo de oferecer acesso à saúde para a população em situação de rua e atuam de maneira itinerante, além de realizarem ações em conjunto com outras eSF ou eAB do território, visto que a população em 16 situação de rua deambula por diversos territórios, dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), da Rede de Urgência/Emergência e de outros recursos disponíveis na RAS do município, atuando com carga horária mínima de 30 horas semanais, embora o funcionamento deva ser adequando conforme a demanda (BRASIL, 2011c). Segundo a Portaria a nº 1029 de maio de 2014 e a Portaria de Consolidação das normas sobre as políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2014d), a composição dessas equipes poderá seguir três modalidades: • Modalidade I: equipe formada por no mínimo quatro profissionais, dos quais dois deles devem ser compostos por: enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, cirur- gião dentista ou terapeutas ocupacionais. Os outros dois deverão ser enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, cirurgião dentista, terapeutas ocupacionais, agen- tes sociais, técnico ou auxiliar de enfermagem, técnico ou auxiliar de saúde bucal ou educador físico. • Modalidade II: equipe formada por no mínimo seis profissionais, dos quais três deles devem ser compostos por: enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, cirurgião dentista ou terapeutas ocupacionais. Os outros três deverão ser enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, cirurgião dentista, terapeutas ocupacionais, agentes sociais, técnico ou auxiliar de enfermagem, técnico ou auxiliar de saúde bucal ou educador físico. • Modalidade III: equipe formada pela Modalidade II adicionado de um médico. Por último, vamos citar as Equipes de Atenção Básica Prisional (eABP), que têm a finalidade de oferecer o serviço de atenção básica aos privados de liberdade em um sistema prisional. Essas equipes são compostas de maneira multiprofissional, de acordo com a sua modalidade. As eABP podem ser das seguintes modalidades: Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo I (EABP-I), Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo I com Saúde Mental (EABP-I com Saúde Mental), Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo II (EABP-II), Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo II com Saúde Mental (EABP-II com Saúde Mental) e Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo III (EABP-III). Veja a seguir as particularidades entre elas, conforme a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (BRASIL, 2014e). Segundo a Portaria nº 482. de 1º de abril de 2014 (BRASIL, 2014e; 2017). essas equipes devem ser compostas da seguinte maneira: • Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo I (EABP-I): composta por um médico, um enfermeiro, um técnico de enfermagem ou auxiliar de enfermagem, um cirurgião dentista e um técnico de saúde bucal ou auxiliar de saúde bucal. Devem cumprir carga horária de 6 horas semanais e realizar o acompanhamento de até 100 pessoas privadas de liberdade. • Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo I com Saúde Mental (EABP-I com Saúde Mental): composta pelos profissionais da equipe mínima da EABP-I acrescido de uma equipe de saúde mental, composta por 3 profissionais, dentre eles, 17 1 psiquiatra ou médico com experiência em Saúde Mental e 2 outros profissionais (podendoser terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, farmacêutico ou enfermeiro). Devem cumprir carga horária de 6 horas semanais e realizar o acompanhamento de até 100 pessoas privadas de liberdade. • Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo II (EABP-II): composta por um médico, um enfermeiro, um técnico de enfermagem ou auxiliar de enfermagem, um cirurgião dentista e um técnico de saúde bucal ou auxiliar de saúde bucal, um psicólogo, um assistente social e um profissional de nível superior (um psicólogo, um assistente social e um profissional de nível superior (podendo ser terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, farmacêutico, nutricionista ou enfermeiro). Essa modalidade de equipe deverá cumprir a carga horária de 20 horas semanais (com carga horária distribuída entre os profissionais pelo gestor e não podendo ser menor de 10 horas semanais) e atender de 101 a 150 pessoas privadas de liberdade. • Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo II com Saúde Mental (EABP-II com Saúde Mental): composta pelos profissionais da equipe mínima da EABP-II acrescido de uma equipe de saúde mental, composta por 3 profissionais, dentre eles, 1 psiquiatra ou médico com experiência em Saúde Mental e 2 outros profissionais (podendo ser terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, farmacêutico ou enfermeiro). Essa modalidade de equipe deverá cumprir a carga horária de 20 horas semanais (com carga horária distribuída entre os profissionais pelo gestor e não podendo ser menor de 10 horas semanais) e atender de 101 a 150 pessoas privadas de liberdade. • Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo III (EABP-III): composta pelos mesmos profissionais da EABP-II com Saúde Mental. Essa modalidade de equipe deverá cumprir a carga horária de 30 horas semanais (com carga horária distribuída entre os profissionais pelo gestor e não podendo ser menor de 10 horas semanais) e atender entre 501 a 1200 pessoas privadas de liberdade. 4 ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA Agora que já falamos um pouco sobre a história do sistema de saúde do Brasil, das diretrizes da Atenção Básica e da infraestrutura, funcionamento e equipes, vamos nos ater especificamente a Estratégia de Saúde da Família, modelo de reestruturação e consolidação da Atenção Básica à Saúde. A Estratégia Saúde da Família (ESF), conhecida anteriormente como Programa Saúde da Família (PSF), criado pelo Ministério da Saúde em 1994, possui diversas vanta- gens sobre o modelo tradicional dos postos de saúde, pois estabelece um número es- pecífico de pacientes para cada equipe, facilitando o acesso do usuário à equipe de saú- de e como consequência à resolução da sua queixa (CORDOBA, 2013; BRASIL, 2017b). 18 4.1 HISTÓRIA DA ESF NO BRASIL A ESF teve início em 1991, com a reformulação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) por apoio do Fundo das Nações Unidas da Infância (UNICEF) e verificação do êxito de alguns países, como Canadá e Cuba com o investimento na Atenção Primária à Saúde (APS). O PACS estava recebendo muita visibilidade devido ao sucesso na redução da mortalidade infantil nos locais implantados e dessa maneira, em 1994, o Ministério da Saúde teve maior interesse em investir nesse modelo de atenção (CAMPOS, 2009). Cabe destacar que em 1997, por meio da Portaria GM/MS nº 1886, foram instituídas as normas e diretrizes do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e do Programa Saúde da Família (PSF), que afirmou os dois programas como modelos de consolidação do SUS com a reorientação da assistência ambulatorial e domiciliar e estimulou sua expansão. Por essa razão, muitos autores consideram que a ESF possui caráter substitutivo, pois substituiu as práticas tradicionais curativistas e com foco na doença para um modelo que visa a promoção da saúde (BRASIL, 2017b). O PACS foi um programa criado nas regiões Norte e Nordeste, regulamentado em 1997, com o objetivo de combater a mortalidade materna e infantil das regiões mais necessitadas do país. Posteriormente, foi expandido para outras regiões carentes. DICA 4.2 CARACTERÍSTICAS DA ESF A ESF segue os princípios e diretrizes da Atenção Básica, citadas anteriormente. Nessa lógica, sua regulamentação possibilitou a criação de vínculo com a população. Essa vantagem é fácil de compreender no contexto da saúde da família, visto que agora, espera-se que cada médico e enfermeiro passe a ser responsável por no máximo 3500 pessoas (BRASIL, 2017). Sendo assim, o número de pacientes sob responsabilidade da equipe facilita o vínculo, a responsabilização e a resolutividade da assistência. Todas as pessoas que residem no território adscrito à unidade de saúde deverão ser cadastradas por uma equipe de saúde da família para realizar o seu acompanhamento. Os profissionais responsáveis por realizar o cadastramento e mantê-lo atualizado são os Agente Comunitário de Saúde (ACS). Essa categoria profissional foi uma inovação para o modelo tradicional de atendimento à atenção básica, pois ele não possuía profissionais dessa categoria. A vantagem é que os ACS devem, preferencialmente, pertencer ao 19 Embora o ACS tenha como pré-requisito residir na área de abrangência da unidade, de acordo com a Lei nº 11.595/2018 foi estabelecido duas exceções para essa condição. São elas: • Se o território de abrangência tiver risco para a integridade física do ACS e/ou de seus familiares devido a ameaças da comunidade a qual atua. • Caso o ACS adquira casa própria em outro território, poderá permanecer na equipe de sua atuação ou ser remanejado para a nova área de residência. IMPORTANTE território da unidade e realizar a maior parte das suas atividades na rua. Dessa forma, os ACS fazem as visitas domiciliares para todas as famílias cadastradas na sua área de atuação (microárea) (BRASIL, 2017b). As visitas domiciliares são recursos para cadastramento e monitoramento da população. Por exemplo, uma família que possui quatro pessoas, das quais, uma está gestante, duas são crianças e a outra possui diagnóstico e realiza acompanhamento para hipertensão, deverá realizar a visita dessa família focada nas características encontradas, bem como no perfil epidemiológico conhecido. O atendimento é focado tanto no indivíduo, quanto na família, em todos os ciclos de vida, buscando estabelecer ações de promoção à saúde no território (TEIXEIRA, 2019). A ESF é considerada como porta de entrada, pois é por meio dela que as pesso- as chegam ao serviço de saúde, ou seja, é o primeiro contato da população com o SUS (CAMPOS, 2009). O serviço de vacinação é um bom exemplo sobre isso, pois a pessoa acessa o serviço para receber uma vacina e a partir de então pode ser cadastrada e re- alizar outros atendimentos no local. Caso a equipe identifique uma criança que foi até a unidade para se vacinar e não está cadastrada é necessário compreender se são novos moradores, a fim de receberem a visita do seu agente comunitário para cadastramento e seguimento do acompanhamento. Alguns recursos que poderão ser abordados após esse contato é o agendamento da criança para acompanhamento pelo médico e pelo enfermeiro da equipe por meio da puericultura (conforme agendamento recomendado pelo Ministério da Saúde) e oferta do planejamento reprodutivo para a mãe. Cabe destacar a importância do cuidado centrado na família, compreendendo a individualidade de cada um no seu contexto familiar. Essa atenção é importante, juntamente ao estabelecimento do vínculo com a família, pois esses dois conceitos promovem maior humanização do cuidado. Quando um profissional realiza o atendimento de um paciente na ESF ele deve compreender os aspectos emocionais, psicológicos e sociais que interferem na realidade dele. Por isso, não basta conhecer apenas um indivíduo, é necessário saber o seu contexto familiar, seu contexto de trabalho, suas condições de vida e suas vulnerabilidades. 20 Para facilitar a abordagem familiar a ESFutiliza alguns instrumentos, como o genograma e o ecomapa. Segundo Nascimento, Rocha e Hayes (2005, p. 281-283), o genograma, por exemplo, descreve a estrutura familiar do indivíduo com pelo menos três gerações. Ele descreve os membros da família que residem no mesmo ambiente, seus nomes, o ano de nascimento e/ou óbito, as datas de casamento e/ou divórcio, as doenças ou problemas prevalentes e as relações familiares. Já o ecomapa é um instrumento complementar ao genograma e considera as relações que ocorrem com a família fora de sua residência, ou seja, vizinhos, amigos, trabalho, serviços da comunidade e grupos sociais. 4.3 COMPOSIÇÃO E ATRIBUIÇÕES DAS ESF Segundo a Portaria nº 2436, de 21 de setembro de 2017, cada ESF pode ser composta de uma ou mais eSF e o número de equipes irá variar de acordo com o número de pessoas que residem na região. Como vimos, também, cada eSF deve ser composta por, 1 Médico (preferencialmente especialista em medicina de família e co- munidade); 1 Enfermeiro (preferencialmente especialista em saúde da família); 1 Auxi- liar e/ou técnico de enfermagem; Agente Comunitário de Saúde (ACS) e cumprirem a carga horária de 40 horas semanais. Associado à eSF pode ser acrescentado uma eSB ou uma equipe Nasf-AB (BRASIL, 2017a). Todos esses profissionais possuem atribuições, algumas delas são: • Conhecer o seu território de referência, ou seja, o espaço físico, as ferramentas ins- titucionais, as características culturais, sociais e epidemiológicas da região, inclusi- ve as vulnerabilidades, participando do processo de territorialização e mapeamento. • Realizar o registro das ações desenvolvidas em prontuário próprio do paciente. • Alimentar e garantir a qualidade dos registros dos sistemas de informação vigentes. • Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de notificação compulsória. • Participar do acolhimento do usuário, de maneira humanizada e acolhedora, com escuta ativa. • Identificar os diagnósticos de saúde da população sob sua responsabilidade, ou seja, os problemas de saúde. • Promover parcerias com as instituições do território, organizações formais e organizações informais em prol da comunidade. • Prestar assistência integral à população. • Prezar pela promoção da saúde, realizando ações com esse objetivo. • Realizar atividades em grupo, de acordo com a demanda da população. • Estimular a participação da comunidade no seu cuidado e autonomia à saúde, inclusive nos Conselhos de Saúde. • Participar dos Conselhos de Saúde. • Valorizar o vínculo com as famílias cadastradas no seu território. • Participar das reuniões de equipe. 21 • Realizar visita domiciliar e/ou atendimento domiciliar conforme sua categoria profissional, incluindo Instituições de Longa Permanência (ILP), abrigos, entre outros tipos de moradia existentes no território. • Atuar, conforme a sua categoria profissional, no atendimento às infecções sexual- mente transmissíveis (IST’s) e outras doenças infecciosas (meningite, catapora, gripe e outras), aos ciclos de vida (criança, adolescente, mulher, homem, gestante e idosos), às condições crônicas prevalentes (hipertensão, diabetes, tuberculose, hanseníase) e outras condições conforme carteira de serviços e metas/indicadores vigentes. • Realizar ações interdisciplinares. • Acompanhar e registrar o Bolsa Família (BRASIL, 2017a). Além das atribuições que pertencem a todos os profissionais que atuam na ESF, existem atribuições específicas a cada categoria profissional descritas na PNAB. Os enfermeiros, por exemplo, deverão: • Executar o atendimento a todos os ciclos de vida, bem como às condições crônicas existentes em seu território e outras condições de saúde conforme sua competência. • Realizar atendimento e procedimentos regulamentados no exercício da sua profissão dentro e fora da unidade quando necessário, como no domicílio, em escolas e outros. • Solicitar exames complementares, prescrever medicações conforme protocolos. • Realizar/Supervisionar o acolhimento com escuta qualificada. • Supervisionar as ações dos ACS e dos técnicos e/ou auxiliares de enfermagem. • Promover ações de educação permanente aos ACS e aos técnicos e/ou auxiliares de enfermagem. • Organizar as rotinas de trabalho da ESF (BRASIL, 2017a). O técnico de enfermagem tem como suas atribuições: • Realizar os procedimentos de enfermagem que estão como escopo da unidade, como curativos, administração de medicamentos, vacinas, coleta de material para exames e outros. • Realizar procedimentos regulamentados no exercício da sua profissão fora da unidade quando solicitado ou necessário, como no domicílio, em escolas e outros (BRASIL, 2017). Os ACS têm como responsabilidade as seguintes atribuições: • Realizar o mapeamento da área por meio da territorialização. • Realizar o cadastramento dos usuários e a manutenção dos cadastros. • Realizar o acompanhamento de todas as famílias sob sua responsabilidade. • Identificar situações de risco no território para realizar intervenções junto a equipe por meio de discussões de casos. • Desenvolver ações que gerem integração entre a comunidade e a equipe de saúde. 22 • Conhecer o funcionamento da unidade para orientar a população da maneira correta. • Informar ao paciente sobre o dia e horário agendado de consultas e exames (BRASIL, 2017a). O médico possui as seguintes atribuições: • Realizar o atendimento do paciente e das famílias sob sua responsabilidade por meio de consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgicos, atividades em grupo e fora da unidade quando necessário, como no domicílio, em escolas e outros. • Realizar encaminhamento do paciente para outros pontos de atenção, seja para realização de exames ou de atendimento com profissional especializado, sempre que necessário; • Realizar estratificação de risco dos pacientes sobre sua responsabilidade com condições crônicas pré-existentes (BRASIL, 2017a). 4.4 DESAFIOS DA ESF Segundo Arantes, Shimizu e Merchán-Hamann (2016), a ESF possui alguns desafios para sua expansão, devido à variedade de condições que encontramos no território brasileiro. O investimento dos municípios, embora seja fiscalizado, será diferente em cada um deles, devido à diferença de arrecadação dos municípios e estados brasileiros. Dessa maneira, existem unidades de saúde com estruturas deficientes e que não se enquadram ao modelo sugerido pelo Ministério da Saúde. O Manual de Estrutura Física das Unidades Básicas de Saúde (BRASIL, 2008b) recomenda, por exemplo, que as unidades de Saúde da Família possuam: • ambientes administrativos (como recepção, sala de espera, sala de prontuário, administração e gerência, sala de reuniões, sala dos ACS, almoxarifado e farmácia). • ambientes para atendimento clínico (consultórios, sala de procedimentos, sala de vacina, sala para coleta de materiais para análise clínica, sala de nebulização e sala de curativo). • ambientes para atendimento odontológico (consultório odontológico, escovário, área para compressor e bomba), quando possuir eSB. • ambientes de apoio (sanitário, banheiro para funcionário, copa/cozinha, área de serviço e depósito de material de limpeza, central de material de esterilização, sala de utilidades, depósito de lixo, abrigo de resíduos sólidos/expurgo). Além dos ambientes, o manual também recomenda os mobiliários que devem existir em cada local, com as especificidades (BRASIL, 2008b). Outro desafio refere-se à ausência de profissionais para atuar em regiões mais isoladas do país, como as regiões rurais, áridas ou as regiões do Norte do país (ARANTES; SHIMIZU; MERCHÁN-HAMANN; 2016). O Programa Mais Médicos (PMM) é uma estratégia 23 de fortalecimento das ESF, pois realiza a contratação emergencial de médicos pelo país, expandiu o número de vagas para os cursos de medicina e de residência médica em medicina de família e comunidade, e a implantou um novo currículo na formação médica, com a finalidade de incentivar ações preventivas, de promoção à saúde
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