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Tópico 01 Biologia Molecular e Biotecnologia Estrutura e Organização das Células Procarióticas e Eucarióticas 1. Introdução A variedade impressionante de sistemas vivos esconde uma semelhança: a molécula de DNA como código genético, revelando, assim, para todos os seres, um ancestral comum. A diversidade da vida é gerada por processos evolucionários, resultado de adaptações dos componentes bioquímicos pré- existentes a novas regras. Levando em consideração as características bioquímicas, os diversos organismos podem ser divididos em três grupos fundamentais: eucariontes, bactérias e arqueobactérias. Eucariontes (Eukarya) compreendem todos os organismos que possuem núcleo, onde está o seu material genético. Os organismos que não possuem núcleo são classificados em dois domínios: bactérias (Eubacteria) e arqueobactérias (Archaea), sendo que as arqueobactérias divergem evolutivamente das bactérias (LODISH et al., 2014). Veja a árvore da vida na figura abaixo: Diversidade de espécies. Ainda que haja semelhança entre bactérias e arqueias, os organismos procarióticos são um grupo bem diversificado do ponto de vista de suas constituições genéticas em relação aos organismos eucarióticos. Vamos ver como os procariotos estão organizados! 2. A Célula em Procariotos e seu Genoma Como as bactérias, as arqueobactérias são procariontes, sem um núcleo e sem organelas, com material genético disposto no citoplasma, sem separação dos outros componentes da célula por uma membrana. O local onde o material genético se concentra é chamado de nucleoide. No entanto, arqueobactérias se diferenciam das bactérias bioquimicamente. Elas são capazes de sobreviver em condições extremas, sendo consideradas extremófilos; são encontradas em ambientes como em altas profundidades oceânicas, salmouras e em fontes de águas quentes. A parede celular das arqueobactérias é formada por um pseudopeptídeoglicano, são constituídas de polissacarídeos, glicoproteínas ou proteínas. Archaea não segue a via da glicólise ou ciclo de Krebs para obtenção de energia. Elas são autotróficas quimiossintetizantes. Algumas arqueas são capazes de usar compostos orgânicos para obter energia, mas a maioria é capaz de utilizar compostos inorgânicos, como a obtenção de energia do gás metano (metanogênicas). Arqueobactérias se reproduzem por fissão binária, fragmentação ou brotamento. Pyrolobus fumarii, Sulfolobus acidocaldarius, Pyrococcus furiosus, Methanobacterium formicum são exemplos de arqueobactérias. As bactérias possuem parede celular, localizada do lado de fora da membrana; a parede celular possui ligações éster da membrana lipídica com ácidos graxos. O domínio Bactéria possui uma enorme variedade de procariotos com uma grande variedade de morfologia (formas) e fisiologia (modo de obtenção de nutrientes e metabolismo) (LODISH et al., 2014). As bactérias algumas vezes possuem, revestindo a membrana plasmática, uma cápsula, um envoltório mucilaginoso que está relacionado à capacidade de causarem doenças. Veja na imagem de abaixo como a célula procariótica está organizada. Célula bacteriana As bactérias podem se dividir assexuadamente (formando outra célula por fissão – divisão em duas). Elas não apresentam reprodução sexuada, mas recombinam seu material genético através de três processos: transformação, transdução ou conjugação. Veja na imagem abaixo como os processos de troca de material genético acontecem entre as bactérias: Na transformação, elas podem absorver fragmentos de DNA que se encontram dispersos no ambiente. Após incorporarem esse DNA exógeno, diz-se que elas estão transformadas. Na transdução bacteriana o material genético é trocado entre bactérias com a participação de um bacteriófago (vírus de bactéria). Já na conjugação, ocorre a passagem de DNA de uma célula doadora para uma receptora. Para isso, é necessária uma estrutura conhecida como pili, que permite o contato entre as células bacterianas. A bactéria doadora possui um plasmídio conjugativo, que possui genes que codificam para o pili F (F= fertilidade). Uma fita desse plasmídeo passa através do pili para a célula receptora. As fitas simples dos plasmídeos serão os moldes para que seja formada uma fita dupla em cada uma das células. Recombinação bacteriana. Esse processo é importante porque através dele muitas bactérias acabam por se tornar resistentes a antibióticos, uma vez que a resistência está codificada no plasmídeo. Os plasmídeos possuem todas as sequências necessárias para sua autoduplicação, sem interferência do DNA nuclear (LODISH et al., 2014). A clonagem molecular amplamente utilizada na ciência, medicina, agricultura e indústria usa o plasmídeo bacteriano para colocar um gene, pedaço do DNA de outro organismo, dentro da bactéria para estudar seus efeitos. Essa técnica é conhecida como DNA recombinante. Genes de qualquer fonte podem ser quebrados em pedaços em um processo de manipulação No entanto, os processos de transformação, transdução ou conjugação não geram outra célula, por isso não são considerados como reprodução, mas há uma troca de material genético caracterizando a recombinação. Os pili ou fimbria também são importantes componentes que permitem ancoragem da bactéria no meio em que ela se encontra, pode aparecer em bactéria e arqueas (LODISH et al., 2014). Além dos pilli, as bactérias podem apresentar flagelos. Eles são constituídos de uma proteína chamada flagelina, são muito importantes para locomoção bacteriana para encontrar alimentos, mas nem todas as bactérias possuem flagelos. As bactérias podem produzir esporos, uma forma de resistência celular para sobreviver à escassez de alimentos. Alguns exemplos de bactérias são Streptococcus pneumoniae, Yersinia pestis, Escherichia coli (E.coli), Salmonella entérica. Diferentemente das arqueobactérias, as bactérias possuem espécies que são patogênicas (LODISH et al., 2014). Acabamos de ver as diferenças entre arqueas e bactérias. Ambas são microrganismos procariontes, mas possuem algumas artificial de DNA para obtenção de moléculas de interesses industriais. Você sabia que flagelo funciona como órgão sensorial para as bactérias? Eles podem reagir a estímulos como luz, compostos químicos, fazendo com que as bactérias se movam em direção aos compostos ou fujam deles! variações nas suas características. Vamos ver agora como o genoma está organizado nesses organismos ORGANIZAÇÃO GENÉTICA EM PROCARIOTOS Bactérias e arqueobactérias possuem um tamanho que varia de 0.5 a 4 microns (um micro equivale a um milionésimo de metro), são as menores células que existem. Os componentes como os ácidos nucleicos (ácido desoxirribonucleico- DNA, ácido ribonucleico-RNA), água, proteínas, ribossomos e vários íons inorgânicos importantes para as funções celulares estão dissolvidos no citoplasma. Os procariotos possuem um DNA circular, com um único cromossomo, por isso, estes microrganismos são chamados de haploides. Nesse cromossomo, estão as informações (genes) para todas as funções da bactéria. O gene é a unidade básica da hereditariedade que contém as instruções para formação de outra molécula (seja mRNA, rRNA, tRNA, proteína). Já o tamanho do genoma, ou seja, todas as sequências contidas no DNA, pode variar mesmo entre bactérias da mesma espécie (JOHNSON et al., 2017). Veja na tabela abaixo contendo espécies de procariotos e a quantidade de genes dessas espécies: Mas como é possível que todos esses genes estejam dentro da célula? COMPACTAÇÃO DO DNA As enzimas topoisomerases promovem compactação da molécula de DNA e permitem que esse DNA fique compactado no nucleoide, já que essas células não possuem núcleo. O DNA procariótico possui domínios topológicos. Esses domínios são formados devido à capacidade da molécula de DNA de se enrolar formando regiões supertorcidas. Estas regiões estão associadas a grupos de genes que interagem com proteínas de cromatina, formando osdomínios. A expressão do gene pode ser reprimida se ele se encontrar em uma região do genoma que está relaxada, próximo à origem de replicação, enquanto um gene pode ser induzido pelo relaxamento da supertorção, se estiver localizado perto do sinal de término da replicação. Existe uma enzima, do tipo topoisomerase, denominada DNA-girase, que introduz supertorções no DNA, mantendo, dessa forma, o DNA sob tensão constante. Na imagem abaixo você pode perceber que o DNA relaxado se apresenta em uma forma circular e as supertorções positivas têm sentido contrário de supertorções negativas (LODISH et al., 2014). Compactação do DNA em bactérias. Vamos entender agora como os genes estão organizados dentro dos cromossomos! UNIDADES DE REPLICAÇÃO Os cromossomos estão organizados em unidades de replicação. Uma unidade de replicação tem uma origem, a partir dessa origem esse cromossomo será replicado. Toda vez que a célula se divide, ela precisa duplicar seu material genético, isso começa na origem, o ponto de origem é chamado replicon. A partir dessa origem, formam-se duas forquilhas de replicação movendo-se em direções opostas como você pode ver na figura abaixo: Replicação do DNA. Em bactérias a origem de replicação é única (OriC). A DNA polimerase cria polímeros por associação de nucleotídeos, usando para isso uma fita DNA molde. A replicação do DNA, pela DNA polimerase, ocorre apenas na direção 5´-3´ onde está a hidroxila livre-OH. Para a síntese de novas fitas, a DNA polimerase necessita de uma extremidade hidroxila livre-OH para fazer o alongamento da nova fita. Para que ocorra a replicação, uma enzima chamada helicase abre as duas fitas de DNA. Como a DNA polimerase necessita de uma extremidade livre-OH, a DNA primase sintetiza um pequeno pedaço de RNA, chamado de primer. No lado contínuo da forquilha, a fita molde tem orientação 3´para 5´ e basta um primer para iniciar a replicação. No lado descontínuo, a fita molde tem orientação 5´para 3´,por isso vários primers são sintetizados e então a replicação poderá ocorrer no sentido 5’- >3’´. Como são sintetizados pequenos pedaços, esses fragmentos sintetizados, conhecidos como fragmentos de Okazaki, serão ligados um ao outro pela DNA ligase.. Em bactérias, a origem de replicação é única, no entanto, nas arqueias é possível encontrar duas ou três origens. A origem de E. coli tem um comprimento de 245 nucleotídeos, por exemplo. Além disso, em todos os organismos, o gene que codifica para uma molécula pode ser separado de outro por regiões intergênicas. Essas regiões são geralmente curtas em bactérias, podendo não ter nenhum par de base separando os genes ou até 1000 pares de bases (JOHNSON et al., 2017). Vamos continuar aprendendo como os genes estão organizados em procariotos. MOTIVOS Outra forma de se organizar o gene são os chamados motivos. Motivos são sequências curtas de algumas dezenas de pares de base e que codificam para uma função, por exemplo, motivo para recombinação. O motivo que possibilita recombinação se repete no cromossomo com sequências consensuais 5“-GCTGGTGG-3”, em E. coli, e 5“-G(G/C)TGGAGG-3”, em Haemophilus influenzae. Sequências são ditas consensuais quando elas são parecidas. Motivos são sequências repetidas e permitem também outras funções, como sítios específicos para ligação de uma proteína ao DNA. Já existem muitos motivos conhecidos por eles serem conservados no DNA dos procariotos. Essas sequências são curtas (10 pares de base) e constituem por volta de 2% do genoma. Essas sequências repetidas estão agrupadas em famílias e podem estar em sequência, uma na frente da outra, ditas em tandem. Podem estar na mesma orientação, ditas convergentes, ou em orientações distintas, ditas divergentes. As sequências podem ser palindrômicas, ou seja, iguais se lidas da direita para a esquerda, ou da esquerda para direita, como na palavra ANA. Dentre as sequências palindrômicas, vale ressaltar as repetições CRISPR (de clustered regularly interspaced short palindromic repeats, repetições palindrômicas curtas agrupadas e regularmente espaçadas). As CRIS-PRs impedem que um vírus se prolifere nas bactérias. Cerca de 40% dos genomas bacterianos e 90% dos genomas de arqueias possuem essas sequências. Apesar dessas sequências repetidas, o genoma dos procariontes tem uma baixa taxa de repetição. Normalmente, um gene está presente apenas uma vez no cromossomo, isso é conhecido como um baixo grau de redundância gênica. Quando se deseja comparar espécies bacterianas, faz-se a análise da homologia de genes, ou seja, analisa-se quanto os genes são parecidos. Em procariotos essa homologia demonstra uma grande ocorrência de genes ortólogos: genes que divergiram por especiação, sendo que cada descendente irá possuir uma cópia, com conservação da função. OPERONS Os genes bacterianos estão organizados em operons. Essa unidade operon conta com um promotor único e com sequências de regulação para a frequência de sua transcrição. Essa sequência de regulação permite a ligação a proteínas que podem induzir ou reprimir a expressão desses genes. O número de genes para cada operon varia. O operon apresenta sequências de início e término para a transcrição. Os operons são separados uns dos outros por sequências chamadas de intercistrônicas. O número de operons varia de espécie para espécie. Veja na imagem abaixo como os genes estão dispostos em um operon bacteriano: Operon bacteriano O local na molécula de DNA que sinaliza o início da transcrição é chamado de promotor. Faz parte do promotor uma sequência de nucleotídeos que são necessárias para regular eficiência da transcrição. Nos procariotos, essas sequências são 10 pares de bases antes do promotor (sequência –10 ou caixa de Pribnow) e outra a 35 pares de bases (sequência –35 ou sequência de reconhecimento para a RNA polimerase). Os genes bacterianos não possuem sequências de intervenção ou introns, como são chamados. O mRNA é dito policistrônico porque codifica para mais de uma proteína ao mesmo tempo. Além disso, o gene possui regiões que não codificam, mas que estão envolvidas na regulação da sua transcrição (LODISH et al., 2014, ZAHA et al., 2014). As regiões reguladoras contribuem para o tamanho do gene. E esse tamanho é proporcional ao tamanho da proteína para o qual ele codifica. No entanto, as sequências de nucleotídeos que têm função reguladora são curtas e os genes em procariotos são consequentemente curtos. A espécie bacteriana Escherichia coli (linhagem K-12) tem o tamanho médio das regiões codificadoras de aproximadamente 4.300 genes identificados e de 951 pb (equivalente a 317 aminoácidos) (ZAHA et al., 2014). ILHAS GENÔMICAS As bactérias também possuem elementos transponíveis (TEs). TEs são sequências que mudam de lugar no genoma, se transpõem no genoma do próprio organismo. Esses elementos móveis, TEs, são sequências de DNA que codificam enzimas capazes de catalisar a replicação e a transferência desses elementos para outro sítio do genoma. Esses elementos transponíveis estão localizados em ilhas genômicas. Outros genes podem estar contidos nessas ilhas genômicas que vão conferir patogenicidade à bactéria, como a capacidade de infectar a célula hospedeira. Metabolismo de compostos aromáticos, resistência a metais pesados, resistência antimicrobiana são algumas das vantagens oferecidas pelas ilhas genômicas. Até aqui, vimos como os genes estão organizados nos procariotos, genes podem ser diferentes para cada espécie, conferindo variedade a elas. DIVERSIDADE DE ESPÉCIES Os procariotos possuem capacidade de se adaptar a diversas condições do ambiente, luz, oxigênio, calor, frio, muita comida ou sua escassez. Essa capacidade de adaptação acaba gerando a diversidade no seu genoma. Os microrganismos apresentam diversidade na estrutura e função de suas células, resultado de bilhões de anos de adaptação. Essa diversidade pode ser vista, por exemplo, nasvariações no tamanho e formato de suas células, em estratégias metabólicas, mobilidade, mecanismos de divisão celular, adaptação a ambientes extremos. Assista ao vídeo que separamos para perceber como estratégias metabólicas possibilitam a adaptação desses organismos. Essas variações acabam por tornar os microrganismos interessantes para produção de alimentos, bebidas, produção de substâncias úteis na medicina, agricultura e indústria. Essa produção em larga escala com uso de manipulação genética do microrganismo ou não é conhecida como biotecnologia (BORZANI et al., 2001). Até aqui vocês viram como o genoma dos organismos procariotos estão organizados, no próximo item exploraremos como essa organização se dá em seres mais complexos, os eucariotos. Aproveite a leitura! 3. A Célula em Eucariotos e seu Genoma A característica principal deste tipo de célula é ter material genético envolvido por membrana, a carioteca verdadeira, por isso, eucariotos (LODISH et al., 2014). O material genético é separado em um núcleo, além disso, eucariotos possuem diversas organelas no citoplasma. Os eucariontes compreendem os vegetais, animais, fungos, algas e protozoários. O desenvolvimento de um núcleo envolto por membrana torna Bonnie BasslerBonnie Bassler Bonnie Bassler explica como as bactérias se comunicamBonnie Bassler explica como as bactérias se comunicam https://www.ted.com/talks/bonnie_bassler_how_bacteria_talk?language=pt-br possível a recombinação (variação genética) durante a reprodução sexual (LODISH et al., 2014). Comparação entre células eucarióticas e procarióticas. Há uma variedade de outras estruturas no citoplasma, característico de célula eucariótica, como retículo endoplasmático, complexo de Golgi, lisossomos, mitocôndria. Cada estrutura tem uma função. Entre as diversas organelas, a mitocôndria e o cloroplasto são organelas envolvidas na produção de energia. Vamos estudar um pouco mais sobre essas organelas. MITOCÔNDRIAS E CLOROPLASTOS Nos eucariontes, o suprimento de energia ATP é fornecido pelas organelas mitocôndria e cloroplastos. As mitocôndrias ocorrem em quase todas as células de animais, vegetais e fungos. Elas ocupam 20% do volume de uma célula eucariótica. Podem se mover em células como neurônios ou ter localização fixa em células como em células cardíacas, mas sempre estão distribuídas nos diversos tipos celulares onde há alta demanda energética. A membrana interna das mitocôndrias é enovelada formando cristas, importantes para a cadeia transportadora de elétrons e geração de energia. Já os cloroplastos estão presentes em plantas e algas, produzem energia de forma semelhante às mitocôndrias. No entanto, a membrana interna responsável pela geração de energia através da fotossíntese é formada por um conjunto de sacos achatados, os tilacóides. Mitocôndrias e cloroplastos podem ter sido englobadas por células maiores, tendo origem evolutiva nas bactérias (teoria endossimbiose). As mitocôndrias e os cloroplastos possuem DNA próprio em forma circular, muito semelhante ao das bactérias, apresentando-se como filamentos duplos e circulares, possuem uma membrana externa e outra interna. O DNA dos cloroplastos e o da mitocôndria são sintetizados na própria organela, e sua duplicação ocorre sem interferência do DNA nuclear (LODISH et al., 2014, ZAHA et al., 2014). A importância da mitocôndria e dos cloroplastos vai além da geração de energia. Essas duas organelas possuem importância na biotecnologia. O DNA das mitocôndrias tem sido relacionado como marcador para algumas doenças. Por exemplo, alterações no DNA mitocondrial alteram o potencial de membrana, ou seja, alteram a capacidade de produzir energia. Esse tipo de mutação pode interferir na fertilidade masculina, uma vez que o espermatozoide precisa de muita energia para alcançar o óvulo na fertilização. Você sabia que os cientistas relacionam defeitos no DNA das mitocôndrias com o envelhecimento celular? O Já os cloroplastos têm se apresentado como ferramenta para o melhoramento de plantas. A manipulação genética do DNA cloroplastidial oferece vantagens à manipulação do DNA nuclear da célula no melhoramento de plantas, atribuindo qualidades desejáveis a essas plantas ditas transgênicas, como resistência a herbicidas (JOHNSON et al., 2017). Veja na leitura que separamos um pouco mais sobre plantas transgênicas: Até agora vimos como a célula eucariótica está organizada, vamos ver como é a organização do genoma dentro dessas células. 4. Organização Genética em Eucariotos Os eucariotos incluem todos os organismos que possuem núcleo envolvido por membrana, isso inclui microrganismos (fungos), plantas, animais e seres humanos (BORZANI et al., 2001). O número de cromossomos em eucariotos varia entre as espécies. acúmulo desses defeitos no DNA mitocondrial pode levar à perda de cabelo, envelhecimento da pele, osteoporose! https://www.embrapa.br/busca-de- noticias/-/noticia/17916880/perguntas-e-respostas- sobre-plantas-transgenicas https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/17916880/perguntas-e-respostas-sobre-plantas-transgenicas https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/17916880/perguntas-e-respostas-sobre-plantas-transgenicas https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/17916880/perguntas-e-respostas-sobre-plantas-transgenicas Eles podem se apresentar aos pares, diplóides (2n), haploides (n), tetraploides (4n), hexaplóides (6n), octaplóide (8n). Veja na tabela abaixo alguns exemplos: Vimos até agora que os cromossomos estão dentro das células dos eucariotos. Vamos entender agora como os genes presentes nesses cromossomos estão organizados. GENES EUCARIÓTICOS Os eucariotos não só possuem mais genes do que os procariotos, eles também têm muito mais DNA que não codifica proteína. Estas sequências não codificantes estão envolvidas na regulação. Para que a expressão de um gene ocorra, é necessário que ela seja regulada. As regiões codificadoras de proteínas e as reguladoras da expressão gênica são mais complexas nos eucariotos do que nos procariotos. A maioria dos genes dos eucariotos não está organizada normalmente em operons como os dos procariotos. Entretanto, existem algumas exceções que não iremos tratar neste tópico. Assim, podemos dizer que em sua maioria os genes dos eucariotos são monocistrônicos, ou seja, para cada gene existe um único promotor. Os eucariotos possuem regiões reguladoras da expressão de seus genes que estão muito distantes (milhares de bases de distância) do gene que regulam. Na sequência do gene estão incluídos os sinais de início (promotor) e de término. O genoma dos eucariotos possui regiões intergênicas (sequências que separam os genes) bem mais extensas. Além disso, possuem sequências que não serão traduzidas, os introns, que se intercalam com as regiões que vão codificar as proteínas, os exóns. Os introns e exóns são transcritos em um pré-mRNA, os introns serão removidos em um processo de maturação do mRNA (splicing) (ZAHA et al., 2014, LODISH et al., 2014, JOHNSON et al., 2017). Veja na imagem abaixo o esquema de organização de um gene eucariótico. Organização dos genes eucarióticos. Vimos que em eucariotos as unidades de transcrição são individuais para cada gene, não sendo o mRNA policistrônico como em bactérias e arqueias e sim monocistrônico. Os pré- mRNA são convertidos em mRNAs maduros pelo processo chamado de splicing (retirada dos introns). A regulação se dá principalmente depois que o mRNA foi transcrito. Vamos entender qual o tamanho dos genes em eucariotos. Os genomas dos eucarióticos possuem um tamanho maior do que os genomas procarióticos. Um gene pode ocupar tamanhos variados no genoma. A distância entre genes ao longo de um genoma é chamada de densidade gênica. A densidade gênica está relacionada à quantidade de sequências intergênicas (espaçador entre os genes) existentes. O número de genes e a densidade gênica variam noseucariotos (ZAHA et al., 2014, JOHNSON et al., 2017). Vamos ver como os genes estão organizados nos eucariotos. REPLICONS A parte do DNA que se replica de uma forma individual forma o replicon. Os cromossomos eucarióticos possuem múltiplos replicons (5 a 15KB) em tandem (lado a lado). No entanto, a cada ciclo celular nem todas as origens de replicação são ativadas. Além disso, o processo de replicação do DNA ocorre somente durante uma etapa do ciclo celular, na fase de síntese celular ou fase S (ZAHA et al., 2014, JOHNSON et al., 2017). Vamos entender como os genes estão agrupados em eucariotos. DIVERSIDADE DE GENES Genes homólogos que tiveram a mesma origem evolutiva vão gerar famílias de genes parólogos tendo funções relacionadas. Genes que não fazem parte de uma família são chamados genes únicos. Apesar de únicos, eles não têm uma distribuição aleatória no genoma, estando posicionados próximos a outros genes que são coexpressos. Eles também possuem um padrão de expressão espacial ou temporal. A proporção de genes A quantidade de DNA nos diversos organismos também varia, verifique isso na leitura que separamos para você, ela traz um gráfico comparativo muito interessante: https://darwinianas.com/2018/02/06/para-genomas- tamanho-e-documento/ https://darwinianas.com/2018/02/06/para-genomas-tamanho-e-documento/ https://darwinianas.com/2018/02/06/para-genomas-tamanho-e-documento/ pertencentes a famílias e genes únicos varia de espécie para espécie. Mutações podem levar a genes sem função conhecida, pseudogenes. Genes organizados em família podem ser muito parecidos, ou mesmo idênticos, representados em cópias múltiplas, uma estratégia que ajuda a sempre ter os produtos gênicos (proteínas) que são necessárias constantemente. Exemplos de genes múltiplos: genes que codificam para rRNA, tRNA, histonas (ZAHA et al., 2014, JOHNSON et al., 2017). DOMÍNIOS TRANSCRICIONAIS Existem locus cromossômicos que geram múltiplos tipos de transcritos, formando os domínios transcricionais complexos. Neles haverá genes que serão transcritos para proteínas e genes que serão transcritos em ncRNAs. Em eucariotos, existem RNAs não codificadores (ncRNAs, noncoding RNAs) que geram proteínas reguladoras (ZAHA et al., 2014, JOHNSON et al., 2017). As sequências podem se repetir no genoma, vamos entender como! SEQUÊNCIAS REPETIDAS Organismos mais complexos possuem sequências intergênicas repetidas no genoma. Estas sequências são sequências genômicas que não estão vinculadas diretamente a um gene. O tamanho da unidade de repetição pode variar, mas comumente se encontra entre 5 a 1 pb. Insetos podem apresentar 300 pb nas unidades de repetição. Esses elementos variam na quantidade de G+C (bases nitrogenadas guanina e citosona) e possuem nomenclatura diferente dependendo do tipo de sequência. Assim, sequências repetidas simples são chamadas de satélites, repetições menores com 2 a 3 pb são chamadas de microssatélites. Esses arranjos de sequências repetidas podem estar dispersos no genoma ou agrupadas. Outro exemplo de repetição é a sequência de DNA encontrada nos centrômeros e telômeros dos cromossomos. Essas repetições servem para a manutenção da integridade dos cromossomos, podendo existir até 1000 repetições (ZAHA et al., 2014, JOHNSON et al., 2017). Veja na tabela alguns exemplos de sequências que são repetidas. Acredita-se que essas repetições tenham origem na transposição de genes, vamos ver como isso acontece em elementos transponíveis. ELEMENTOS TRANSPONÍVEIS Elementos transponíveis são em sua maioria regiões intergênicas capazes de se integrar em outra região do cromossomo. Os transposons, como são chamados, codificam genes para mobilização e inserção de sua sequência. Essa inserção pode interromper sequências codificantes ou regiões regulatórias, alterar a expressão de genes próximos ou ainda causar deleções e inversões em sequências adjacentes. Muitos transposons encontrados no genoma humano foram derivados de processos evolutivos, sendo que por processos evolutivos, a maior parte sofreu mutação e não estão ativos. Já os retroposons têm sua movimentação no DNA possibilitada pela transcrição reversa de um intermediário de RNA. Eles também se encontram espalhados no genoma. Os retrotransposons podem mobilizar não só a si próprios, mas também outras sequências, por retrotransposição. A frequência desses retrotansposons varia, mas eles acabam por gerar um produto gênico sem função, um pseudogene. Os retrotransposons se dividem em duas categorias: os que possuem longas repetições terminais (LTRs, de long terminal repeats), relacionados aos retrotransposons virais (semelhantes a retrovírus), e os retrotransposons sem LTRs, categoria que inclui os retrotransposons não virais. Alguns vírus podem se mover também para dentro e para fora dos cromossomos da célula hospedeira por mecanismos de transposição. Entre os elementos de transposição em eucariotos mais estudados, estão os elementos P de Drosophila sp. e As e Ds do milho. A capacidade dessas sequências de se moverem está relacionada à sequência presente no elemento transponível, codificando para uma enzima, a transposase. Essa enzima promove a excisão e inserção dessa sequência no genoma. Nas pontas dos elementos transponíveis estão sequências invertidas repetidas que são reconhecidas pelo sítio das transposase e permitem sua ação. Os elementos transponíveis que não codificam para a transposase mantêm essas sequências repetidas invertidas, o que poderia torná-los passíveis de corte. Esses elementos P e As e Ds do milho estão em volta de 0,1% do genoma desses organismos. A característica principal deles é que inserem mutações e permitem variações no fenótipo (ZAHA et al., 2014, JOHNSON et al., 2017). Veja na tabela abaixo as principais classes de elementos transponíveis. 5. Conclusão Nós enfatizamos nesse tópico as diferenças básicas entre a organização do genoma dos procariontes e a dos eucariontes. O genoma das células procarióticas consiste em uma molécula única e circular de DNA compactada em regiões supertorcidas, formando os domínios topológicos. A unidade de replicação tem origem única separada por regiões intergênicas muito curtas. Os operons codificam um mRNA policistrônico. Elementos transponíveis móveis estão ativos, conferindo vantagens adaptativas às células. Os procariotos se adaptam a várias condições, permitindo diversidade de espécies. Nos eucariotos, o material genético está localizado no núcleo separado por membrana. O DNA se apresenta de forma linear empacotado no cromossomo. O número de cromossomos é diferente para cada espécie. O operon codifica para uma proteína e possui regiões intergênicas longas. A expressão gênica possui regulação mais complexa. Reguladores da expressão estão muito distantes do gene que regulam. Os cromossomos dos eucariotos possuem múltiplos replicons. Os genes podem ser agrupados em famílias com função semelhante ou podem ser únicos. Domínios transcricionais são complexos, podendo codificar RNAs não codificadores. Sequências repetidas podem ser agrupadas em satélites ou microsatélites. Elementos transponíveis não estão ativos e não conferem vantagem às células. 6. Referências BORZANI, Walter et al. Biotecnologia industrial: volume I: fundamentos. São Paulo, SP: E. Blücher, 2001. xxix, 254 p. ISBN 8521202784 (v.1). LODISH, Harvey F et al. Biologia celular e molecular. 7.ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014. xxxiv, 1210 p., ISBN 9788582710494. JOHNSON, Alberts et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre RS: Artmed, 2017. 1464 p., ISBN 978-85-8271-423- 2. ZAHA, Arnaldo et al. Biologia molecular básica. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 407 p. ISBN 978-85-8271-058-6. Darwinianas a ciência em movimento, 2020. Para genomas tamanho é documento. Disponível em: <https://darwinianas.com/2018/02/06/para-genomas- tamanho-e-documento/>. Base de dados para informação biotecnológica(National Center for Biotechnology Information Search database), 2020. <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/genome>. Empresa brasileira de pesquisa agropecuária (EMBRAPA), 2020. Perguntas e respostas sobre plantas transgênicas. 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Parabéns, esta aula foi concluída! https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/17916880/perguntas-e-respostas-sobre-plantas-transgenicas https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/17916880/perguntas-e-respostas-sobre-plantas-transgenicas https://www.ted.com/talks/bonnie_bassler_how_bacteria_talk/transcript?language=pt-br https://www.ted.com/talks/bonnie_bassler_how_bacteria_talk/transcript?language=pt-br Mínimo de caracteres: 0/150 O que achou do conteúdo estudado? Péssimo Ruim Normal Bom Excelente Deixe aqui seu comentário Enviar
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