Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tópico 03 Biologia Molecular e Biotecnologia Regulação da Expressão dos Genes em Organismos Eucariotos 1. Introdução Ainda que muitos tipos de regulação sejam comuns a procariotos e eucariotos, existem muitas diferenças nos processos entre esses organismos. Devido à falta de compartimentação do núcleo em procariotos, os processos de transcrição e tradução ocorrem simultaneamente. Os mRNAs dos procariotos são policistrônicos, codificando para várias proteínas de uma só vez, com mais de uma proteína sendo traduzida a partir de um mesmo mensageiro (um mRNA = várias proteínas). Em eucariotos, transcrição e tradução ocorrem em compartimentos separados, uma vez que essas células possuem o material genético separado no núcleo. Nesse caso, a integração entre transcrição e tradução não ocorre. Muitos eucariotos exibem o controle da transcrição por repressão como nos procariotos, mas há poucas evidências de que o controle negativo da expressão exista em eucariotos. No entanto, o controle positivo da transcrição também é apresentado nos eucariotos. Em eucariotos, os operons não são comuns. Nos eucariotos, o controle da expressão envolve complexos multiproteicos, diferentemente dos procariotos, nos quais o controle da expressão envolve uma enzima única, onde o mRNA é policistrônico. Ainda, não há evidências de mRNA policistrônico em eucariotos. Os mRNAs em eucariotos passam por um processo de maturação, em que as sequências ditas introns (que não codificam para a proteína a ser traduzida) são cortadas, produzindo mRNA maduro. A produção ou não desse mRNA maduro é uma forma de controle da expressão ao nível de tradução. Outra forma frequente de controle nos eucariotos é a modificação de proteínas pós tradução. A regulação de genes é a base do processo de desenvolvimento de organismos multicelulares, como ocorre na maioria dos organismos eucariotos. A regulação permite que células simples se desenvolvam em células complexas e também permite que essas células tenham papéis distintos. Esse processo de diferenciação celular requer que genes específicos se tornem ativos por um determinado e preciso tempo durante o desenvolvimento do organismo multicelular. O entendimento da regulação gênica tem um papel imprescindível no avanço da medicina. Vamos entender mais um pouco as diferenças básicas entre procariotos e eucariotos. 2. Procariotos versus Eucariotos Em todos os tipos celulares (procariotos, eucariotos) a definição de gene é a mesma, um segmento de DNA que possui informação para a síntese de uma proteína específica. A regulação gênica é mais complexa em eucariotos do que em procariotos. Primeiro pelo tamanho: uma célula procariótica como Escherichia coli, possui um cromossomo único e cerca de 2.000 proteínas. Um simples eucarioto como a levedura, usada para fermentar a massa de pão, Saccharomyces cerevisiae, possui 16 cromossomos que codificam para aproximadamente 6 mil proteínas. O genoma de uma célula humana possui 23 pares de cromossomos. Aproximadamente 40 mil genes estão presentes nos 3000 Mb do DNA humano (1 MB= 106 pares de bases). Certamente, seria bem difícil para uma proteína se ligar ao lugar certo do DNA para promover transcrição. Por causa disso, mecanismos mais elaborados são necessários para promover a especificidade e melhorar a sinalização da regulação. Outro tipo de problema na complexidade da regulação gênica dos eucarióticos está na variedade dos tipos de células presentes. As células são diferentes umas das outras em um organismo multicelular porque produzem tipos diferentes de moléculas de RNA e proteínas. Os vários tipos diferentes de células que coletivamente formam um organismo multicelular dependem da ativação dos genes adequados, nas células corretas, no momento necessário. Por exemplo, células do pâncreas expressam genes diferentes das células do fígado. O mais fascinante é que elas possuem o mesmo genoma e fazem isso sem alterar a sequência de DNA. Ainda, os genes dos eucarióticos não estão organizados em operons. Ao invés disso, genes que codificam para uma via enzimática, por exemplo, estão espalhados no genoma. Observe a imagem abaixo mostrando que determinado segmento de DNA codifica para uma proteína específica e, para que essa proteína seja produzida, várias etapas são necessárias. A regulação da expressão de uma determinada proteína pode acontecer em diferentes níveis. Desde o acesso da maquinaria de síntese do mRNA até modificações que acontecem após a produção da proteína, chamadas de modificações pós traducionais. Fluxo de informação genética: DNA, mRNA, Proteína. Sobretudo, como a transcrição e tradução não estão acopladas em eucarióticos, os mecanismos de regulação genérica para expressão de genes como acontece em procariotos são eliminados (JOHNSON, et al., 2017, LODISH, et al., 2014, ULRICH et al., 2015). Em todas as células, proteínas essenciais para a manutenção da vida (housekeeping gens), como geração de energia, replicação e manutenção do material genético, são expressas continuamente. No entanto, a regulação da expressão gênica permite que genes sejam expressos em resposta a um estímulo, ou são expressos de acordo com um tecido, ou momento do desenvolvimento. Vocês conseguiram perceber o grau de complexidade que envolve a regulação dos genes nos eucariotos? Vamos entender como o genoma dos eucariotos está compactado para ajudar a descobrir como a regulação ocorre! 3. Compactação do DNA em Eucariotos O DNA dos eucarióticos está disposto no cromossomo em pares envolvidos por um grupo de proteínas histonas, formando associações, nucleossomos. Essas associações favorecem a compactação do DNA. Os nucleossomos se associam a fibras de cromatina que apresentam graus variados de condensação. Veja o vídeo para entender melhor essa compactação do DNA A cromatina pode ser entendida como longa fita de DNA envolvido pelas proteínas histonas. O estado de condensação da estrutura da cromatina é um dos mecanismos usado como controle da expressão gênica em eucariotos, porque ela interfere no acesso aos sítios de ligação do DNA, mecanismo de controle transcricional ausente em bactérias. Assim, em eucariotos multicelulares, os genes inativos estão agrupados em cromatina condensada (heterocromatina), o que inibe a ligação das RNA- polimerases e dos fatores gerais de transcrição necessários para O DNA está compactado dentro da célula em associação com as histonas, veja no vídeo que separamos para você: Núcleo - Como o DNA é compactado? (LegenNúcleo - Como o DNA é compactado? (Legen…… https://www.youtube.com/watch?v=1iFsb2f7bLs a iniciação da transcrição. As proteínas ativadoras se ligam aos elementos controladores localizados tanto na proximidade do sítio de início da transcrição de um gene quanto a quilobases de distância e promovem a descondensação (relaxamento) da cromatina, a ligação da RNA-polimerase ao promotor e a elongação da transcrição ao longo da cromatina. As proteínas repressoras se ligam a elementos controladores alternativos, provocando a condensação da cromatina e a inibição da ligação da polimerase ou da elongação. Veja na figura abaixo como o relaxamento da cromatina permite o acesso ao gene a ser transcrito: Estrutura do DNA nos eucariotos Como isso acontece? Podemos entender melhor analisando como exemplo os genes requeridos para utilização da galactose em leveduras. Esses genes são ativados por uma proteína que se liga ao DNA chamada de GAL 4. Ela reconhece sítios com duas sequências separadas por 11 pares de base 5´-CGG-3´. No entanto, aproximadamente 4.000 potenciais sítios de ligação estão presentes no genoma da levedura, porém somente 10 regulam os genes necessários para o metabolismo da galactose. Esse fato foi evidenciado experimentalmente e comprovou que a estrutura da cromatina é alterada para possibilitar o acesso aos verdadeiros sítios de ligação da GAL 4 escondendo os sítios inativos (JOHNSON, et al.,2017, LODISH, et al., 2014). Outros fatores estão envolvidos na regulação da transcrição relacionados à cromatina. Vamos entender melhor! 3.1 EPIGENÉTICA Existem mecanismos de repressão ou ativação que são herdados, mas não alteram a sequência do genoma. Esses mecanismos estão presentes somente em eucariotos e têm ganhado evidência à medida que as técnicas para desvendar o conhecimento do DNA têm evoluído. O epigenoma é o conjunto de modificações químicas que ocorrem no próprio genoma e na cromatina. Uma dessas modificações é a adição de um radical metil (CH3) no carbono 5 da base nitrogenada citosina, feita pela enzima histona metil- transferase (HMTs). A metilação do DNA leva ao recrutamento de proteínas que causam a compactação da cromatina, impedindo que a enzima RNA-polimerase se ligue à molécula, tendo como consequência a repressão do gene que recebeu o radical metil. As mulheres possuem dois cromossomos X. Um processo conhecido como compensação de dose faz com que haja a inativação de 85% dos genes de um dos cromossomos X, tornando os genes de um desses cromossomos inativos através da metilação e da compactação do DNA. Outra modificação da epigenética é a acetilação de histonas, que consiste na adição de um radical acetil (COCH3) nos resíduos de lisina das histonas e ocorre por meio de enzimas chamadas Histona Acetil-Transferases (HATs). Vá para a imagem abaixo para entender melhor esse mecanismo. Mecanismo de epigenética. A acetilação das histonas resulta na descompactação da cromatina, o que permite a ativação do gene, e sua expressão. Esse grupo acetil pode ser retirado pelas histonas desacetilases (HDACs) promovendo a comparação da cromatina e inibindo a ligação da RNA polimerase e por consequência transcrição (LODISH, et al., 2014, JOHNSON, et al., 2017). Descubra mais sobre epigenética lendo o artigo abaixo: Outros mecanismos de regulação da transcrição estão presentes em eucariotos. Vamos estudá-los agora! 4. Regulação da Transcrição A regulação da transcrição é mediada pela interação entre várias proteínas e o promotor do DNA em eucarióticos. A expressão de um gene é regulada por uma combinação de elementos trans ou cis. Elementos trans são as proteínas regulatórias que são codificadas por um gene distante do promotor que elas irão regular. Essas proteínas reguladoras da transcrição reconhecem sequências específicas de DNA (geralmente com 5 a 10 pares de nucleotídeos de comprimento) chamadas cis-atuantes, pois devem estar no mesmo cromossomo (ou seja, em cis) dos genes que elas controlam. Veja na imagem abaixo como essas sequências estão organizadas no genoma dos eucariotos: Sequências de regulação do DNA em eucariotos. As proteínas reguladoras transcricionais ligam-se a essas sequências cis, que se encontram dispersas pelos genomas, e https://www.embrapa.br/busca-de- publicacoes/-/publicacao/1110162/epigenetica- mecanismos-heranca-e-implicacoes-no-melhoramento- animal#:~:text=Existem%20dois%20mecanismos%20e pigen%C3%A9ticos%20principais,ou%20da%20m%C3 %A3e)%20se%20expressa. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1110162/epigenetica-mecanismos-heranca-e-implicacoes-no-melhoramento-animal#:~:text=Existem%20dois%20mecanismos%20epigen%C3%A9ticos%20principais,ou%20da%20m%C3%A3e)%20se%20expressa. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1110162/epigenetica-mecanismos-heranca-e-implicacoes-no-melhoramento-animal#:~:text=Existem%20dois%20mecanismos%20epigen%C3%A9ticos%20principais,ou%20da%20m%C3%A3e)%20se%20expressa. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1110162/epigenetica-mecanismos-heranca-e-implicacoes-no-melhoramento-animal#:~:text=Existem%20dois%20mecanismos%20epigen%C3%A9ticos%20principais,ou%20da%20m%C3%A3e)%20se%20expressa. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1110162/epigenetica-mecanismos-heranca-e-implicacoes-no-melhoramento-animal#:~:text=Existem%20dois%20mecanismos%20epigen%C3%A9ticos%20principais,ou%20da%20m%C3%A3e)%20se%20expressa. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1110162/epigenetica-mecanismos-heranca-e-implicacoes-no-melhoramento-animal#:~:text=Existem%20dois%20mecanismos%20epigen%C3%A9ticos%20principais,ou%20da%20m%C3%A3e)%20se%20expressa. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1110162/epigenetica-mecanismos-heranca-e-implicacoes-no-melhoramento-animal#:~:text=Existem%20dois%20mecanismos%20epigen%C3%A9ticos%20principais,ou%20da%20m%C3%A3e)%20se%20expressa. essas ligações dão início a uma série de reações que, por último, especificam quais genes serão transcritos e em quais taxas isso deve acontecer. Os promotores dos eucariotos possuem uma sequência conhecida como TATA box (elemento de ação cis) que se encontra a 5“ do ponto de início da transcrição da grande maioria dos genes. Em contraste com os procariotos, os fatores de transcrição não realizam um efeito provocado por eles propriamente, como fator de transcrição sigma que se liga a RNA polimerase nos procariotos. Nos eucariotos, cada fator recruta outras proteínas para construir um complexo de interação, máquina de transcrição por assim dizer, e é esse complexo que vai ativar ou reprimir a expressão de determinado gene. Vamos entender melhor como esses complexos proteicos se formam para sinalizar qual gene deverá ser transcrito! 4.1 ATIVAÇÃO GÊNICA EM EUCARIOTOS Para que a transcrição ocorra, a RNA polimerase precisa reconhecer e se ligar à região promotora do gene. Adicionalmente, vários fatores de transcrição gerais (TF- transcription factor) são necessários para que a RNA polimerase reconheça seu sítio. Em eucariotos existem três tipos de RNA polimerase: Pol I, II e III. A formação de complexos de iniciação de transcrição envolvendo a Pol I e a Pol III é semelhante, em alguns aspectos, à formação dos complexos de iniciação da Pol II. No entanto, cada uma das três RNA-polimerases nucleares eucarióticas requer seus próprios fatores de transcrição específicos e reconhece diferentes elementos controladores de DNA. Além disso, a RNA polimerase I (Pol I) transcreve genes de RNA ribossomal (5S, 5.8S, 18S e 28S), a RNA polimerase II (Pol II) transcreve genes que codificam para pre-mRNA que irá dar origem a proteínas, formadas por regiões codificantes e não codificantes. A RNA polimerase III (Pol III) transcreve outros RNA funcionais tais como RNAs transportadores (tRNA). Em organismos multicelulares, é comum dezenas de reguladores transcricionais controlarem um único gene. No DNA dos organismos eucarióticos, os elementos de controle frequentemente estão localizados mais distantes do promotor que regulam. Além disso, as mesmas proteínas reguladoras da transcrição podem frequentemente atuar como ativadores ou como repressores da transcrição, dependendo da sua associação com fatores de transcrição. Em muitos casos, essas ligações de proteínas ao DNA influenciam a iniciação da transcrição por exporem o gene ou seu sítio regulatório para a ligação da proteína regulatória, mais do que diretamente interagindo com a RNA polimerase, como em procariotos. Vamos observar a associação de fatores de transcrição para reconhecimento da RNA polimerase do seu sítio, analisando a imagem abaixo: Ativação gênica em eucariotos. Perceba na imagem que a formação de alças de DNA possibilita que proteínas reguladoras ligadas ao DNA interajam umas com as outras e, por consequência, com a RNA-polimerase no promotor. Os fatores de transcrição se ligam a sequências específicas de DNA, os promotores, que caracterizam o local de início da transcrição e recrutam a RNA polimerase. Vamos entender a seguir como os complexos de proteína atuam para dar início à transcrição. Em eucariotos, o fator TFIID (Transcription Factor IID) reconhece primeiramente o local de início e se liga ao TATA box) através de sua subunidade TBP. Essa enzima faz parte do fator de transcrição TFIID e tem uma alta afinidade pela sequênciaconsenso desse elemento. Ligado, o TFIID recruta, então, o TFIIA seguido pelo TFIIB. Assim, a RNA polimerase (Pol II) é recrutada e ligada aos fatores TFIIF e TFIIE. Em seguida junta-se ao TFIIH e aos acentuadores e ativadores (JOHNSON, et al., 2017, LODISH, et al., 2014). Retorne a imagem acima para conferir como esses complexos se organizam formando o complexo de transcrição. Vamos entender como a regulação da transcrição é afetada pelos acentuadores! 4.2 REGULAÇÃO POR ACENTUADORES Os acentuadores (enhancers) são proteínas que se ligam a sequências de DNA em sítios específicos. Essas sequências nas quais os acentuadores vão se ligar não possuem promotores próprios, porém, elas aumentam grandemente a atividade de muitos promotores em eucariotos. Esses acentuadores estão muitas vezes localizados a vários milhares de pares de base do gene a ser expresso. Os acentuadores aumentam a afinidade da maquinaria de transcrição por um certo promotor. Além disso, eles interagem com coativadores e ativadores em um sítio específico, favorecendo a formação dos complexos multiproteicos da transcrição. Retome a figura da ativação gênica em eucariotos para entender melhor a formação desses complexos. O início da transcrição é mais complexo em eucariotos por eles serem organismos mais complexos (JOHNSON, et al., 2017, LODISH, et al., 2014). No entanto, tanto a ativação como a repressão da transcrição também existem nesses organismos. Vejamos como esse tipo de regulação acontece. 5. Regulação Transcricional por Ativação ou Repressão Vimos que interações entre proteínas e DNA como CAP (proteína catabólica ativadora) e RNA polimerase podem ativar a transcrição em procariotos. Já em eucariotos, interações proteína-proteína são a forma mais comum de regulação da expressão. Além disso, em eucariotos cada fator de transcrição recruta várias outras proteínas para construir um complexo que interage com a maquinaria de transcrição para ativar ou reprimir genes. A maior vantagem desse modelo de regulação é que uma proteína regulatória pode ter diferentes efeitos, esse efeito depende da presença de outras proteínas na célula. Esse fenômeno é chamado de controle combinatório e é essencial em organismos multicelulares que possuem diferentes tipos de células no mesmo organismo. Assim como os procariotos, os eucariotos podem ajustar a expressão de um gene em resposta à presença de uma substância química em seu ambiente. Veja no vídeo abaixo como a variação na expressão gênica pode permitir que a célula seja susceptível ao vírus da Zika: Veja no video abaixo como a biotecnologia ajuda a explicar como bebês afetados possuem uma enzima (TSC2) mais ativa do que bebês não afetados pelo zika vírus! Os eucariotos possuem muitos sistemas para responder aos estímulos de moléculas específicas. Vamos analisar como exemplo o sistema que detecta a presença de estrogênio na célula. Sintetizado e liberado pelos ovários, os estrogênios, como estrona, são moléculas derivadas do colesterol, hormônio esteroide. Eles são requeridos para as características femininas e junto com progesterona participam do ciclo ovariano. Acompanhe como esse processo acontece, observando a imagem abaixo. A diferença está nos genes “ligados” ou “desligados”: o padrão de expressão gênica A diferença está nos genes "ligados" ou "deslA diferença está nos genes "ligados" ou "desl…… https://www.youtube.com/watch?v=CXNl-2UsfAI Resposta a hormônios esteroides. O hormônio estrogênio é uma molécula hidrofóbica (repelido pela água), ele se difunde facilmente através da membrana celular. Dentro da célula, o estrogênio se liga a um receptor específico (1). Os receptores são proteínas citoplasmáticas. Quando o receptor do estrogênio está ligado ao estrogênio, (ligante), o complexo receptor-ligante entra no núcleo (2) e modifica a expressão de genes específicos por meio de ligações a elementos de controle no DNA (3). Algumas moléculas de receptores são conhecidas como receptores nucleares e constituem uma superfamília de fatores de transcrição regulados pela interação com hormônios. Fazem parte dessa família de receptores de hormônios: tireoidiano, estrogênio, androgênio, glicocorticoides. Como o complexo receptor-ligante altera a expressão gênica? A ligação do receptor ao ligante altera suas propriedades e regula a expressão de genes DNA. O receptor do hormônio (molécula ligante) tem dois domínios. Enquanto um domínio se liga ao ligante (C-terminal), o outro domínio central da proteína irá se ligar ao DNA. Receptores-ligantes atravessam o núcleo, ligam-se ao DNA, alterando a expressão dos genes-alvo em resposta a um sinal hormonal específico. Esse mecanismo é parecido com o lac repressor em procariotos (BERG et al., 2004, JOHNSON, et al., 2017, LODISH, et al., 2014). Ainda é importante mencionar que genes eucarióticos raramente estão organizados no genoma de acordo com a função. Eles não estão dispostos em operons, em vez disso, a maior parte dos repressores eucarióticos age gene a gene. Os repressores bacterianos competem diretamente com a RNA-polimerase pelo acesso ao DNA, já os repressores dos eucariotos atuam por vários outros mecanismos para bloquear a transcrição pela RNA- polimerase. Repressores transcricionais eucarióticos atuam juntamente com correpressores para impedir a transcrição do DNA. Assim como no caso da ativação transcricional, a repressão da transcrição pode atuar por meio de mais de um mecanismo em um dado gene-alvo, garantindo uma repressão especialmente eficiente. Esse mecanismo é importante, por exemplo, no desenvolvimento do indivíduo, na embriogênese, no crescimento de plantas (JOHNSON, et al., 2017, LODISH, et al., 2014). Outros sistemas de controle são específicos dos eucariotos, como a regulação pós-transcricional que veremos a seguir. 6. Regulação Pós-Transicional Uma vez que o RNAm foi transcrito, nos eucariotos, a regulação do processamento do pré-mRNA (retirada das regiões não codificantes, introns pelo processamento-splicing), a exportação a partir do núcleo, a tradução e a localização das moléculas de mRNA são reguladas para que as novas proteínas sintetizadas se concentrem onde são necessárias. As etapas de processamento do mRNA incluem, além do splicing, o capeamento 5“, e a poliadenilação 3”. A capeamento é a adição de uma guanina (G) modificada adicionada ao primeiro nucleotídeo transcrito do mRNA e protege o transcrito de ser quebrado e auxilia o ribossomo a se ligar ao mRNA para ser traduzido. Uma cauda de adenina é adicionada a extremidade 3“ do mRNA. Veja na figura abaixo como a maturação do mRNA acontece. Maturação do mRNA Esse processamento é importante para tornar os mRNA estáveis e protege-los de enzimas que digerem rapidamente as moléculas de RNA. A cauda e o capeamento ainda ajudam a exportar o RNA maduro do núcleo para o citosol. Além disso, pré-mRNAs processadas inadequadamente (splicing) são impedidas de serem transportadas para o citosol ou têm a sua degradação induzida, caso tenham sido transportadas. Etapas adicionais de controle da expressão gênica podem ocorrer no citoplasma. È extremamente importante que apenas moléculas maduras de mRNA completamente processadas sejam exportadas do núcleo para o citoplasma, pois tradução de pré-mRNAs incompletamente processadas, contendo íntrons, levaria à produção de proteínas que poderiam interferir no funcionamento da célula. A estabilidade e a taxa de tradução de um mRNA contribuem para a quantidade de proteína expressa a partir de um gene. Além disso, splicing é alternativo, ou seja, existe alteração do pedaço de pré-mRNA que será retirado, alterando a proteína a ser expressa. Esse processamento alternativo é regulado por proteínas específicas e não é feito aleatoriamente (LODISH, et al., 2014, JOHNSON, et al., 2017). Assim que o mRNA deixa o núcleo, agora processado, a quantidade de proteína para a qual ele codifica dependerá de doisfatores, quanto tempo o mRNA vai flutuar no citosol e quão prontamente o ribossomo, pode se ligar a ele para começar a tradução. Nesse processo, pequenas moléculas de RNA fita simples de aproximadamente 22 nucleotídeos, conhecidas como microRNAs (miRNAs) e RNA curto de interferência (siRNAs, do inglês, short interfering RNA), são responsáveis pela regulação pós-transcricional. Os miRNAs funcionam como um tipo de edição de mRNA, pareando com o mRNA maduro (que passou pelo splicing). Se esse pareamento por complementação der certo, esse mRNA será traduzido, caso contrário, ele não será traduzido e sim clivado. Os miRNAs reduzem, assim, a expressão de determinados genes (LODISH, et al., 2014, JOHNSON, et al., 2017). Os siRNAs, também conhecidos como silenciadores, são capazes de reconhecer especificamente uma sequência de Os fibroblastos (células do tecido conjuntivo) produzem certo tipo da proteína fibronectina extracelular, os hepatócitos (células do fígado) produzem outro tipo. Ambas as isoformas de fibronectina são codificadas pela mesma unidade transcricional, a qual sofre splicing diferente em cada um dos tipos celulares, gerando dois mRNAs diferentes. mRNA-alvo e mediar sua clivagem ou repressão traducional (LODISH, et al., 2014, JOHNSON, et al., 2017). Vimos até aqui como são os processos de regulação em nível de transcrição e processamento de mRNA. Vamos ver como a regulação da tradução funciona! 7. Regulação ao Nível da Tradução A regulação da tradução modula a expressão dos genes em diferentes condições e etapas de vida, desde o desenvolvimento embrionário, crescimento e metabolismo celular. Nos eucariotos, diferentes sinais podem regular a tradução de uma proteína globalmente ou individualmente, possibilitando respostas à demanda, como mudança no meio celular ou extracelular. O início da síntese proteica em eucariotos envolve participação de um complexo de proteínas. Para que a síntese comece, as subunidades ribossomais (grande e pequena) se associam em torno do mRNA que tem um tRNA iniciador. Nesse processo, há formação de um complexo ternário metionil tRNA que se liga ao fator de iniciação da tradução elF2 e a GTP. Todo o processo de tradução conta com os fatores de iniciação da tradução eucariótica. Durante a tradução, o ribossomo move-se ao longo da cadeia de mRNA interagindo com vários fatores de iniciação de tradução (eIF 1, 1A, 2,3,4,5) e tRNAs que passam por várias miRNAs são pequenas moléculas de RNA não codificantes mas importantes para a regulação gênica. Mudanças nos níveis de expressão dos miRNAs estão implicadas no câncer, obesidade e doenças cardíacas. mudanças conformacionais. Vários dos fatores de iniciação se ligam a GTP (trifosfato de guanosina) e a quebra de GTP a GDP (difosfato de guanosina) atua como um fator de edição da transcrição. O passo seguinte só acontece se a etapa anterior foi realizada corretamente. Antes da hidrólise do GTP, o complexo é instável, o complexo só se estabiliza se for o correto para aquela etapa, e tem como consequência a hidrólise (quebra do GTP). A tradução é encerrada pelo reconhecimento do códon de parada pelo tRNA. Uma ou mais proteínas de ligação a GTP participam em cada estágio da tradução. Essas proteínas pertencem à superfamília das GTPases, proteínas que se alternam entre a forma ativa ligada a GTP e a forma inativa ligada a GDP; elas atuam em várias etapas de controle de qualidade da tradução. A maneira mais global de controle de tradução em eucarióticos é realizada através do controle da atividade ou na quantidade dos complexos evolvidos no início da tradução. Esse controle da tradução é modulado pela fosforilação e desfosforilação de vários sítios-alvo presentes nos fatores de iniciação realizados através da troca de GTP a GDP. (LODISH, et al., 2014, JOHNSON, et al., 2017). Outro exemplo de regulação da tradução é o que acontece com a ferritina, proteína de reserva do ferro. Vamos verificar como essa regulação acontece observando a figura abaixo: Regulação da tradução da ferritina. A tradução da ferritina somente acontece quando a concentração de ferro está alta na célula. Nesse momento, a proteína que inibe a tradução está ligada ao ferro (IRE- iron responsive element). A ferritina pode ser então produzida (reserva de ferro). Quando a concentração de ferro está baixa, a tradução da ferritina é impedida pela ligação da IRE no seu sítio ao mRNA, já que não há ferro sobrando para ser guardado em reserva. Existem ainda modificações das proteínas após sua tradução, o que vamos ver agora! 8. Regulação Pós-Tradução Outro tipo de regulação muito comum em eucariotos é o que ocorre com modificações das proteínas após a tradução. Existem muitos tipos de modificações pós-traducionais de proteínas, sendo essas modificações determinantes para sua ativação, degradação, sinalização celular entre outras funções. No caso de proteínas quinases, elas fosforilam outras proteínas transferindo um grupo fosfato do ATP para resíduos de treonina, serina ou tirosina. Como consequência, essa adição de grupo fosfato irá servir de estímulos extracelulares ou intracelulares, e acabam por regular a atividade dessas proteínas. Entre essas proteínas, estão a proteína quinase A (pKA), proteína quinase C (pKc), proteína quinase dependente de calmodulina e cálcio (CaMK), entre outras. Veja na tabela abaixo alguns tipos de modificações de proteínas pós-traducionais. Existem também modificações conformacionais, como nas proteínas relacionadas ao movimento na miosina por exemplo (LODISH, et al., 2014, ZAHA et al., 2014, JOHNSON, et al., 2017). 9. Conclusão Este tópico procurou mostrar que devido à complexidade do genoma dos eucarióticos, os mecanismos de regulação da expressão gênica são mais complexos do que os encontrados em procariotos. O DNA desses organismos está ligado a proteínas chamadas histonas e essa combinação é chamada de cromatina. O envolvimento do DNA em volta de octameros de histona forma os nucleossomos. Essa formação acaba por bloquear o acesso ao DNA impedindo a ligação de proteínas e por fim atuando como regulação, uma vez que, dessa forma, o gene se tornará inacessível para transcrição. Mudanças na estrutura da cromatina também atuam na regulação da expressão gênica. Existem ainda mecanismos de repressão ou ativação que não levam a alteração da sequência do genoma, mecanismos epigenéticos. A ativação e repressão da transcrição é comumente mediada por interação proteína-proteína-DNA, formando complexos multiprotéicos. Os acentuadores podem modular a expressão de genes que estão a uma distância de até 1000 pares de base do sítio de início da transcrição. Ainda existem a regulação pós transcricional de maturação do pré-mRNA, de seleção e edição realizadas pelos microRNAs (miRNAs) e silenciamento de genes pelos RNA interferência (siRNAs). A regulação da tradução está relacionada ao agrupamento de proteínas e fatores de iniciação, onde as GTPases são o ponto chave de regulação e controle para a tradução. Os receptores nucleares regulam genes específicos por meio de ligações a elementos de controle no DNA. Regulação pós-tradução com modificação de proteínas ocorre frequentemente em eucariotos. 10. Referências ANTUNES D. Casa da ciência, 2020. Mecanismos epigenéticos. BERG, Jeremy Mark; TYMOCZKO, John L.; STRYER, Lubert. Bioquímica. 5. ed. Rio de Janeiro (RJ): Guanabara Koogan, 2004. 1059 p. ISBN 8527708728. LODISH, Harvey F et al. Biologia celular e molecular. 7.ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014. xxxiv, 1210 p., ISBN 9788582710494. JOHNSON, Alberts et al. Biologia molecular da célula. 6 ed. Porto Alegre RS: Artmed, 2017. 1464 p., ISBN 978-85-8271-423- 2. ULRICH, Henning et al. (Org.). Bases moleculares da biotecnologia. Rio de Janeiro, RJ: Roca, 2015. xi, [1], 5218 p. ISBN 9788572417594. ZAHA, Arnaldo et al. Biologia molecular básica. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 407 p. ISBN 978-85-8271-058-6.YouTube. (2011). Biologia molecular e celular NF. Núcleo – Como o DNA é compactado. 01min42. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=1iFsb2f7bLs>. YouTube. (2018, Fevereiro, 02). ABTDPR. A diferença está nos genes “ligados” ou “desligados”: o padrão de expressão gênica. 4min00. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch? v=CXNl-2UsfAI> Parabéns, esta aula foi concluída! O que achou do conteúdo estudado? https://www.youtube.com/watch?v=1iFsb2f7bLs https://www.youtube.com/watch?v=CXNl-2UsfAI https://www.youtube.com/watch?v=CXNl-2UsfAI Mínimo de caracteres: 0/150 Péssimo Ruim Normal Bom Excelente Deixe aqui seu comentário Enviar
Compartilhar