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Tópico 05 Fisiologia Humana Fisiologia Cardiovascular [parte 02] 1. Introdução O coração, assim como qualquer outro músculo do corpo, tem como função contrair e relaxar. Esse movimento faz com que o coração funcione como uma bomba propulsora de sangue. Para que isso funcione de uma forma harmônica e, com isso, aumente a eficiência e eficácia do sistema cardiovascular, suas estruturas precisam trabalhar em sincronia. Nesta Lição, vamos entender como a estrutura governa a função no sistema cardiovascular. 2. Ciclo cardíaco A cada contração e relaxamento do coração, temos um ciclo cardíaco, por isso, ele é definido como todas as alterações que acontecem no coração, como início de um batimento cardíaco até o início do batimento cardíaco seguinte. Lembrando que essa contração só é possível se tivermos um potencial de ação, sendo gerado e propagado por todo o coração. Em um ciclo cardíaco, temos o período de contração, também chamado de sístole, e o período de relaxamento, também chamado de diástole. Durante a diástole, ocorre o enchimento do coração e, durante a sístole, ocorre o esvaziamento do coração. Para que isso seja possível durante o ciclo cardíaco, ocorrem alterações de volume e pressão nas câmaras cardíacas. Veja o vídeo abaixo que servirá para ilustrar melhor o assunto que vamos estudar neste Tópico. Para entender melhor como o ciclo cardíaco funciona, vamos dividi-lo em quatro fases: Fase de enchimento rápido e lento (fase I); Fase de contração ventricular isovolumétrica (Fase II); Fase de ejeção rápida e lenta (Fase III); Fase de relaxamento ventricular isovolumétrico (Fase IV). Essas fases estão interligadas e o bom funcionamento de uma depende do bom funcionamento da outra, pois o que provoca o término de uma fase desencadeia o inicia da fase seguinte. Agora, vamos entender cada uma fase separadamente. Para isso, vamos utilizar o ventrículo esquerdo, tendo-o como referência. Sistema Cardiovascular 3/6: Ciclo Cardíaco, Sistema Cardiovascular 3/6: Ciclo Cardíaco, …… https://www.youtube.com/watch?v=eg_QCX1e1mg Fases do Ciclo Cardíaco Fase I – Diástase: Enchimento rápido e lento No coração, após o término de um ciclo cardíaco, fica um volume residual de aproximadamente 45ml de sangue no ventrículo esquerdo, isso gera uma pressão ventricular próxima a 0 mmHg; como a pressão no átrio esquerdo é aproximadamente -2mmHg, a valva atrioventricular permanece fechada no início do ciclo cardíaco. O átrio esquerdo está vazio, existe uma pressão mais negativa no átrio em relação às veias pulmonares, favorecendo o retorno venoso. O sangue, então, chega no átrio esquerdo e começa a se acumular, pois a valva atrioventricular esquerda está fechada. Com aumento da pressão do átrio esquerdo, a valva atrioventricular esquerda abre e cerca de 2/3 do sangue do átrio esquerdo flui de forma rápida para o ventrículo esquerdo sem que haja nenhuma contração, essa fase chamamos de enchimento rápido. Posteriormente, o átrio esquerdo contrai, ejetando 1/3 do volume de sangue que ainda estava no átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo, deixando um volume total de sangue no ventrículo esquerdo, após o término dessa fase, cerca de 115 ml (45 ml do volume residual e 70 ml de volume mobilizado nessa fase). A pressão de sangue no final dessa fase é de 10 mmHg. Fase II: Contração ventricular isovolumétrica Como o nome já diz, nesta fase, ocorre a contração do ventrículo sem variação de volume, isso é possível porque todas as valvas estão fechadas (atrioventricular e semilunar). Com isso, ao final dessa fase, permanecemos com um volume total no ventrículo de 115 ml. Apesar de não acorrer alteração de volume, acorre uma alteração de pressão significativa. Nessa fase, a pressão se eleva em, aproximadamente, 90 mmHg, chegando em uma pressão final de 100mmHg. Isso é necessário para que a valva semilunar da artéria aorta seja aberta e, então, o sangue possa ser ejetado e seja dado início à fase III. Fase III: Ejeção ventricular rápida e lenta A contração do ventrículo esquerdo na fase III faz com que a pressão ventricular chegue a 100mmHg, pressão suficiente para abrir a valva semilunar da artéria aorta. Após a abertura dessa valva, cerca de 70% do volume total do ventrículo esquerdo é ejetado rapidamente, caracterizando a fase de ejeção rápida. Logo em seguida, com o ventrículo perdendo volume e pressão, após contração atrial, os 30% restantes do sangue são ejetados – correspondendo à fase de ejeção lenta e permanecendo no ventrículo esquerdo penas 45ml. Fase IV: Relaxamento ventricular isovolumétrico Como o próprio nome já diz, nesta fase, ocorre o relaxamento do ventrículo sem alterar o volume de sangue, que permanece em 45ml. O volume não altera, porque todas as valvas estão fechadas neste momento, finalizando, assim, um ciclo cardíaco. A figura 1.0 representa todas as alterações de volume e pressão durante as quatro fases do ciclo cardíaco. Figura 2A – Relaxamento isovolumétrico – A pressão ventricular reduz, mas sem alteração de volume no ventrículo.B- Fase de enchimento (Diástase) – Aumento do volume ventricular com uma ligeira elevação da pressão ventricular.C – Contração Isovolumétrica – Aumento da pressão ventricular, sem variação de volume até aproximadamente 80 mmHg. Quando a válvula aórtica se abre para iniciar a ejeção.D – Ejeção ventricular – O volume de sangue no ventrículo reduz, porque o sangue está sendo ejetado pela aorta e a pressão ventricular aumenta até aproximadamente 120 mmHg. 3. Bulhas cardíacas Uma maneira legal de entender a importância do ciclo cardíaco é olhando um ecocardiograma. Convido você a procurar um eletrocardiograma antigo em sua casa e tentar buscar as nomenclaturas que aprendeu nesta aula de hoje. Durante o ciclo cardíacao, um momento muito importante é a abertura e o fechamento das valvas, porém, existem algumas patologias que alteram o funcionamento dessas valvas cardíacas, patologias, como a doença inflamatória sistêmica aguda, febre reumática e infecção estreptocócica na garganta, que podem danificar essas valvas. Por isso, é importante conhecer como identificar o bom funcionamento delas através das bulhas cárdicas. Durante a fase de contração ventricular isovolumétrica, as valvas precisam estar fechadas; se, neste momento, as valvas não fecham totalmente por estarem deficientes, ocorre o reflexo de sangue (condição patológica das valvas chamada insuficiência valvar). Agora, se a valva não abrir ou abrir parcialmente na fase de enchimento ventricular, teremos uma estenose de valva. Quando ocorre a fase de ejeção ventricular, as valvas semilunares estão abertas e o sangue do ventrículo esquerdo flui para artéria aorta, e o sangue do ventrículo direito para artéria pulmonar; após o término desta fase, as valvas semilunares se fecham. O fechamento das valvas semilunares ocorre mais suavemente, em comparação com o fechamento das valvas atrioventriculares, devido à sua menor abertura, porém, a valva atrioventricular demora mais a fechar. Podemos avaliar toda essa dinâmica de abertura e fechamento das valvas através dos sons que eles emitem ao fechar. A abertura das valvas não está produzindo nenhum ruído, porém, o fechamento das valvas produz um ruído que é propagado do tórax em várias direções. Como o fechamento das valvas atrioventriculares demora mais tempo, o ruído mantém-se por período relativamente longo, correspondendo à primeira bulha cardíaca. A segunda bulha cárdica reflete o fechamento da valva semilunar. Esse fechamento produz um ruído relativamente rápido. Um terceiro ruído pode ser auscultado, mas ele não está relacionado ao fechamento de valvas e sim à contração atrial. Esse ruído ocorre devido ao grande volume de sangue que está fluindo para os ventrículos, pois, como o ventrículo está cheio, com maior pressão, pode gerar essa terceira bulha. 4. Contratilidade miocárdica O ser humano possui três tipos de tecidomuscular. Músculo estriado esquelético, músculo estriado cardíaco e músculo liso. O músculo estriado esquelético é um músculo que apresenta estrias longitudinais e transversais; é formado por células multinucleadas, está sob controle voluntário e tem como principal função a locomoção. Já o músculo liso possui estrias longitudinais, é formado por células mononucleadas, é involuntário e está presente nos órgãos internos viscerais. O músculo estriado cardíaco, que é o alvo do nosso estudo, é formado por células do miocárdio que são binucleadas, possui estrias, é involuntários e está presente único e exclusivamente no coração. A contração do músculo cardíaco pode ser modulada em relação à força de contração, velocidade de contração e frequência de contração. Essas modulações chamamos de efeito inotrópico, dromotrópico e cronotrópico respectivamente. Agora, vamos descrever um pouco sobre esses efeitos. Efeito inotrópico – Esse efeito está relacionado com a capacidade intrínseca do coração em gerar força de contração. Alguns agentes são responsáveis por esse inotropismo cardíaco. Esses agentes exercem seu efeito inotrópico positivo e aumentam tanto o pico de tensão, quanto a velocidade do desenvolvimento de tensão. Já os agentes que reduzem a contratilidade cardíaca, ou seja, têm efeito inotrópicos negativos, diminuem tanto a tensão de pico quanto a velocidade do desenvolvimento de tensão. Efeito dromotrópico – Se refere à capacidade de condução de estímulos nas células musculares cardíacas. Agente dromotrópico positivo aumenta a velocidade de condução nodo atrioventricular, além dos impulsos elétricos no resto do coração. Já o agente dromotrópico negativo reduz a velocidade de condução do nodo atrioventricular e a condutividade através do miocárdio. Efeito cronotrópico – O feito cronotrópico positivo gera um aumento da frequência cardíaca, enquanto o efeito negativo gera redução da frequência cardíaca. Mecanismos para a variação da contratilidade Quando falamos de contração muscular, a primeira coisa que precisamos pensar é na concentração intracelular de cálcio, uma vez que a contratilidade é dependente da concentração de cálcio. Essa concentração está relacionada à quantidade deCa > liberada do retículo sarcoplasmático, durante a contração muscular. A quantidade de Ca liberada pelo retículo sarcoplasmático, por sua vez, depende da amplitude da corrente de influxo de Ca durante o platô do potencial de ação, e da quantidade de Ca armazenada no retículo sarcoplasmático antes da contração. Quanto maior o influxo e o estoque de cálcio, maior a força de contração. Efeito do sistema nervoso autônomo na contratilidade cardíaca A contratilidade miocárdica tem o efeito inotrópico como o efeito que mais sofre influência do sistema nervoso autônomo. O sistema nervoso simpático desencadeia o efeito inotrópico positivo no coração, devido à sua capacidade de aumentar a 2+ 2+ 2+ 2+ contratilidade cardíaca, através da liberação catecolaminas circulantes, que ativa os receptores β1 que, através da proteína Gs, ativa adenilil ciclase, levando à produção de monofosfato cíclico de adenosina (AMPc); este, após fosforilar as proteína, aumenta a contratilidade cardíaca, pois acrescenta o estoque de cálcio através da estimulação Ca ATPase do retículo sarcoplasmático; Ca ATPase aumenta a captação e armazenamento de Ca pelo retículo sarcoplasmático. Se existe mais cálcio durante a contração, essa contração será mais eficaz na ejeção do sangue; com isso, ocorre a redução do tempo de contração e o aumento do tempo de relaxamento. A outra função do AMPc é aumentar o influxo de cálcio durante o platô do potencial de ação, isso acaba por aumentar o pico de tensão, amplia a velocidade ou intensidade de desenvolvimento de tensão, expandindo ainda mais a contratilidade cardíaca. O sistema nervoso parassimpático é responsável pelo efeito inotrópico negativo, pois o sistema nervoso parassimpático libera ACh, que se liga a receptores muscarínicos, acoplados pela proteína Gi, à adenilil ciclase. A ativação da proteína G inibitória diminui a corrente de influxo de Ca durante o platô do potencial de ação e aumenta a corrente de potássio estimulada por ACh. Tanto a diminuição da corrente de cálcio quanto o aumento da corrente de potássio encurtam a duração do potencial de ação, por reduzir a quantidade de Ca no miocárdio durante o potencial de ação. A redução do Ca intracelular diminue a quantidade de Ca liberado pelo retículo sarcoplasmático. Isso acaba por reduzir o pico de tensão, diminui a velocidade ou intensidade de desenvolvimento de tensão, reduzindo, assim, a contratilidade cardíaca. O vídeo abaixo irá ajuda a esclarecer melhor como funcionam essas vias. 2+ 2+ 2+ 2+ 2+ 2+ 2+ Efeito da frequência cardíaca sobre a contratilidade cardíaca O aumento da frequência cardíaca é diretamente proporcional ao aumento da contratilidade. Isso acontece porque, quando a frequência cardíaca aumenta, expande a quantidade total de Ca intracelular devido à quantidade de vezes que a fase de platô do potencial de ação aparece. Caso esse aumento da frequência cardíaca seja por estimulação simpática ou por catecolaminas, além do aumento da amplitude da corrente de influxo do Ca na fase do platô do potencial de ação, temos também o aumento do cálcio armazenado pelos motivos já explicados acima. Efeito dos glicosídeos cardíacos sobre a contratilidade cardíaca Os glicosídeos cardíacos são fármacos que atuam como agentes inotrópicos positivos. Um exemplo deles é a ouabaína. Eles exercem seus efeitos através da inibição de Na /K ATPase. Quando essa bomba é inibida, menos Na é bombeado para fora da célula, aumentando a concentração de Na intracelular. Assista ao vídeo sobre sistema nervoso autônomo, efeito inotrópico negativo e positivo. Fisiologia Cardiovascular - Coração - Efeito InFisiologia Cardiovascular - Coração - Efeito In…… 2+ 2+ + + + + https://www.youtube.com/watch?v=HqPJCb2BYTU O aumento da concentração de Na intracelular altera a função de trocador de Ca Na que, normalmente, bombearia Ca para fora da célula em troca do Na , que se move em direção à célula, reduzindo, assim, a quantidade de Ca que entrou na célula durante o platô do potencial de ação. Devido à inibição da bomba de Na /K ATPase pelos glicosídeos cardíacos, o sódio não reduz no interior da célula e, como resultado, a troca de Ca Na não diminui a concentração de Ca intracelular. Como a tensão é diretamente proporcional à concentração intracelular de Ca , ocorre um aumento da tensão, levando a um efeito inotrópico positivo (Figura 1). Esses glicosídeos cardíacos são muito utilizados no tratamento da insuficiência cardíaca congestiva para aumentar a contratilidade da musculatura ventricular que, nesses pacientes, está reduzida. Isso diminui a falência ventricular e, com isso, a falência do coração. Mecanismo do efeito inotrópico positivo dos glicosídeos cardíacos. (Figura 4) Relação comprimento-tensão no músculo cardíaco A fisiologia da relação comprimento-tensão dos músculos está relacionada com a sobreposição dos filamentos finos e grossos e com o número de pontes cruzadas. Com isso, a tensão máxima + 2+/ + 2+ + 2+ + + 2+/ + 2+ 2+ de um músculo é totalmente dependente do seu comprimento inicial. No miocárdio, essa tensão máxima ocorre quando o comprimento dos sarcômeros está em, aproximadamente, 2,2 μm. Essa é a medida na qual temos maior sobreposição dos filamentos espessos e finos. Além do grau de sobreposição dos filamentos, outros mecanismos que alteram a tensão desenvolvida no músculo cardíaco é o aumento da sensibilidade ao Ca da troponina C e a liberação de Ca pelo retículo sarcoplasmático. Como o músculo cardíaco tem alta tensão de repouso, pequenos aumentos no comprimento do músculo produzem grandes aumentos na tensão de repouso. O comprimento de trabalho (comprimentono final da diástole) das fibras do músculo cardíaco é de 1,9 μm e seu comprimento máximo é de 2,2 μm. Na medida que o volume diastólico final aumenta, a pressão ventricular também aumenta de forma passiva. Isso faz com que tenhamos crescente tensão das fibras musculares à medida que elas são esticadas, o que repercute diretamente na pré-carga no músculo cardíaco, sendo a pré-carga definida como a pressão de sangue (pressão diastólica final) presente no coração após a fase de enchimento lento e rápido do ciclo cardíaco. Em outras palavras, é o comprimento diastólico final do ventrículo. Quanto maior o grau de sobreposição dos filamentos espessos e finos nessa fase, maior será a pré-carga e maior será a ejeção do coração na hora da contração ventricular. A pós-carga ventricular também influencia no comprimento- tensão do miocárdio, uma vez que obtemos a velocidade máxima de encurtamento do músculo cardíaco quando a pós-carga é zero, e essa velocidade diminui à medida que a pressão aórtica aumenta. Muitas doenças estão relacionadas com alteração na contratilidade cardíaca. Para entender isso na prática, assista ao vídeo abaixo sobre insuficiência cardíaca congestiva. 2+ 2+ 5. Débito cardíaco e sua regulação Débito cardíaco é definido como total de sangue ejetado por unidade de tempo, ou seja, o débito cardíaco é igual ao volume ejetado a cada batimento (volume sistólico) multiplicado pelo número de batimentos por minuto (frequência cardíaca). Se pegarmos como exemplo um homem de 70Kg que possui um volume de ejeção de 70ml e uma frequência cardíaca de 72 Vamos aproveitar esse momento e pesquisar sobre insuficiência cárdica congestiva que tem tudo a ver com nosso estudo de hoje. Insu�ciência Cardíaca - Saiba tudo sobre a DInsu�ciência Cardíaca - Saiba tudo sobre a D…… Agora, chegou a hora de você buscar seu conhecimento de forma independente. Faça uma pesquisa na internet e tente entender como a insuficiência cárdica pode levar uma pessoa à morte . https://www.youtube.com/watch?v=PJmUInrzXyk batimentos por minuto, teremos um débito cardíaco de cerca de 5.000 ml/min. Esse é um cálculo muito fácil de fazer é muito importante, pois, com ele, podemos avaliar eficácia da contração ventricular, uma vez que ele mostra a diferença entre o volume ventricular antes e depois da contração ventricular. Lei Frank-Starling na regulação do débito cardíaco Podemos dizer que a pressão desenvolvida durante a sístole no ventrículo é influenciada diretamente pelo volume presente no ventrículo imediatamente antes da sístole, ou seja, o volume que o ventrículo ejeta na sístole foi determinado pelo volume diastólico final. Essa relação é baseada na relação de Frank- Starling ou lei Frank-Starling. A lei de Frank-Starling afirma que o “volume de sangue ejetado pelo ventrículo depende do volume presente no ventrículo ao final da diástole”. O volume diastólico final, por sua vez, depende do retorno venoso (sangue que retorna ao coração pelas veias); por esse motivo, no estado de equilíbrio, o débito cardíaco é igual ao retorno venoso. A relação de Frank-Starling mostra que o débito cardíaco e o volume sistólico refletem a função da pressão diastólica atrial ou do volume diastólico final do ventrículo. O aumento do retorno venoso, aumenta o volume diastólico final do ventrículo, isso aumenta a relação comprimento-tensão do ventrículo, aumenta força de contração, expande o volume sistólico e, com isso, eleva o débito cardíaco. Na faixa fisiológica, quando aumenta o volume diastólico final, consequentemente, aumenta o volume. Porém, quando o volume diastólico final fica muito elevado, o ventrículo atinge seu limite e não é capaz de “manter” o retorno venoso. Agentes que aumentam a contratilidade têm efeito inotrópico positivo. Esses efeitos de variação da contratilidade cardíaca atuam na relação de Frank-Starling. Agentes inotrópicos positivos produzem aumentos do débito cardíaco devido ao acréscimo do volume diastólico final e volume sistólico. O resultado é um aumento na fração de ejeção. Agentes inotrópicos negativos reduzem a contratilidade cardíaca, diminuem o volume sistólico e o débito cardíaco. O resultado é que a fração menor do volume diastólico final é ejetada por batimento, com redução na fração de ejeção. Débito cardíaco e retorno venoso O retorno do sangue da periferia para o corpo é chamado de retorno venoso. O débito cardíaco e o retorno venoso estão intimamente relacionados, com isso, a redução do retorno venoso causa uma redução do débito cardíaco e vice-versa. Por isso, quando a capacidade do coração em ejetar o sangue está diminuída, há aumento do volume diastólico final, isso faz com que a pressão atrial aumente, reduzindo a diferença de pressão entre o átrio e as veias; além disso, faz com que o sangue se acumule na circulação sistêmica, reduzindo o retorno venoso. Consequentemente, com a diminuição do retorno venoso, o bombeamento cardíaco diminui ainda mais. Relação pré-carga, pós-carga e débito cardíaco A pré-carga é o volume diastólico final. Se a pré-carga estiver aumentada devido ao aumento do retorno venoso, teremos volume diastólico final também aumentado. Nesse momento, a pós-carga e a contratilidade permanecem sem alterações. Quando o ventrículo contrai, ejeta o sangue, relaxa e reenche de sangue, o aumento da pré-carga pode ser observado. Isso é explicado pela relação de Frank-Starling que afirma que, quanto maior o comprimento final das fibras na diástole, maior o volume sistólico ejetado na sístole. Quanto maior o volume ejetado na sístole, maior o débito cardíaco. Já a relação pós-carga e débito cardíaco é inversamente proporcional. Aumento da pós-carga (pressão aórtica) faz com que o ventrículo esquerdo tenha que ejetar sangue contra a pressão maior do que a normal, para que o ventrículo esquerdo consiga vencer essa resistência maior que o normal. Como consequência do aumento da pós-carga há a redução da diferença de pressão entre o ventrículo esquerdo; a artéria aorta faz com que sangue seja ejetado pelo ventrículo durante a sístole, reduzindo volume sistólico e aumentado o volume residual do ventrículo. Então, quanto maior a pós-carga, menor o débito cardíaco. Figura 5 A, pré-carga aumentada;B, pós-carga aumentada;C, contratilidade aumentada.O ciclo normal ventricular é mostrado pelas linhas contínuas e o efeito da variação é mostrado pelas linhas tracejadas. Regulação neural do débito cardíaco O débito cardíaco pode ser ajuestado tanto pela regulação do aumento ou redução da frequência cardíaca, quanto pelo aumento e redução do volume sistólico. O sistema nervoso simpático libera catecolaminas que agem sobre os receptores ß1 dos miócitos, desencadeando uma cascata intracelular previamente discutida. Essa cascata faz com que aumente o influxo de cálcio nas fibras contrateis, tendo como resultado o efeito inotrópico positivo. O efeito inotrópico positivo aumenta a força de contração do miocárdio, com isso, há o volume de ejeção e, consequentemente, o débito cardíaco. Outra forma de aumentar o débito cárdico é a estimulação direta do sistema nervoso simpático no nodo sinoatrial. Isso aumenta a frequência cardíaca. Como ela é diretamente proporcional ao débito cardíaco, o débito cardíaco aumenta. O sistema nervoso parassimpático tem o efeito desencadeado pela liberação de acetilcolina. O efeito fisiológico da acetilcolina no coração é reduzir o volume de ejeção e a frequência cardíaca, tendo como consequência a redução do débito cardíaco. A figura 3.0 ilustra a variação de pressão no ventrículo esquerdo durante o ciclo cardíaco, dando ênfase à influência da pré-carga aumentada, pós-carga aumentada e contratilidade aumentada durante o ciclo cardíaco. Figura 6 – Em negrito, temos os potenciais de ação do nodo sino atrial normal. Pontilhados, os potenciais sobre ação simpática e parassimpática. A ação simpática antecipa o potencialde ação, causando mais potenciais por minuto, já o parassimpático retarda o potencial, causando menos por minuto. Agora, procure refletir um pouco mais sobre os três tópicos apresentados sobre fisiologia cardiovascular e Agora, você já é capaz de aprofundar um pouco mais o conteúdo. Leia a entrevista disponível no link abaixo e entenda um pouco sobre contratilidade cardíaca. 6. Conclusão reflita sobre sua grande importância na manutenção da vida do indivíduo. Um destaque da regulação do débito cardíaco é a lei de Frank-Starling. Vamos aproveitar esse momento e pesquisar um pouco mais sobre a lei de Frank-Starling. Coração - parte 3 (débito cardíaco)Coração - parte 3 (débito cardíaco) http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0102-76381998000400008 https://www.youtube.com/watch?v=6LXEZRmggqQ http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-76381998000400008 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-76381998000400008 Este Tópico procurou mostrar de forma simples e dinâmica mais uma parte do sistema cardiovascular. Abordamos como funciona o ciclo cardíaco, contratilidade miocárdica, débito cardíaco e suas relações. A partir de agora, o aluno poderá fazer uma análise das alterações decorrentes de disfunções no ciclo cardíaco, contratilidade cardíaca e débito cardíaco, além de correlacionar essas disfunções com algumas doenças, o que fará grande diferença na sua prática clínica. Agora, querido aluno, só depende de você querer mergulhar no mundo do sistema cardiovascular, pois você já está de posse de todo equipamento necessário para esse mergulho. 7. Referências AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. COSTANZO, Linda S. Fisiologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. GUYTON, Arthur C. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. YouTube. (2019, julho, 07). Albert Einstein. Insuficiência Cardíaca – Saiba tudo sobre a Doença. Doze minutos e quarenta e dois segundos. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=PJmUInrzXyk>. YouTube. (2019, julho, 07). Anatomia Fácil com Rogério Gossi. Ciclo Cardíaco: Sístole e Diástole – Sistema Cardiovascular – Anatomia Humana. Onze minutos e https://www.youtube.com/watch?v=PJmUInrzXyk cinquenta e seis segundos. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=vbCjbg47ilQ>. YouTube. (2019, julho, 07). Med. Ativa. Mecanismo de Frank-Starling. Cinco minutos e vinte e cinco segundos. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch? time_continue=11&v=y6v-HqOPDbU >. Parabéns, esta aula foi concluída! https://www.youtube.com/watch?v=vbCjbg47ilQ https://www.youtube.com/watch?time_continue=11&v=y6v-HqOPDbU https://www.youtube.com/watch?time_continue=11&v=y6v-HqOPDbU Mínimo de caracteres: 0/150 O que achou do conteúdo estudado? Péssimo Ruim Normal Bom Excelente Deixe aqui seu comentário Enviar
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