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ITU na infância 1 ITU na infância PREVALÊNCIA 4 A ITU é uma das principais causa de febre sem sinais localizatórios em lactentes. É causada pelo crescimento de bactérias gram-negativas no trato urinário, podendo se manifestar como cistite ou como pielonefrite. É mais comum em meninas, exceto no primeiro ano de vida, em que pode haver predomínio do sexo masculino. Tem pico de incidência bimodal, sendo mais comum nos pré-escolares entre 3 e 5 anos e na adolescência. Fatores de risco do hospedeiro incluem: Idade 1 ano. Sexo feminino. Raça branca. Ausência de circuncisão nos meninos. A colonização do prepúcio, prinicpalmente por Proteus, propicia a ascensão bacteriana. Malformações do trato urinário: Obstrutivas: obstrução da junção pieloureteral e ureterovesical, válvula de uretra posterior. Refluxo vesicoureteral. Anormalidades funcionais: bexiga neurogênica, disfunção miccional. Instrumentação do trato urinário (procedimentos, cateteres, cálculos). Constipação intestinal. Imunossupressão. Atividade sexual. Predisposição genética. Na maioria dos casos, a ITU decorre da ascensão (pela uretra até a bexiga) das bactéiras que colonizam a região periuretral, provenientes da flora intestinal, as enterobactérias — a principal é a E. coli. A ocorrência de ITU por outras ITU na infância 2 bactérias que não E. coli está associada a malformações do trato urinário, idade jovem e antibioticoterapia prévia. Existem fatores de risco associados à ITU por determinados agentes etiológicos, como: Proteus mirabilis: lactentes não circuncidados. Staphylococcus saprophyticus: adolescentes do sexo feminino com vida sexual ativa. Pseudomonas: imunossupressão ou pós-manipulação cirúrgica do trato urinário. Candida e outros fungos: antibioticoterapia de amplo espectro prolongada, cateteres urinários e imunossupressão. A ITU também pode ser viral, manifestando-se principalmente como cistite. Apenas imunodeprimidos evoluem com pielonefrite viral. O quadro clínico varia conforme a idade, sendo tão mais inespecífico quanto menor a idade da criança. É a partir da idade pré-escolar que as crianças conseguem localizar e referir os sintomas do trato urinário inferior. Os RN apresentam: Baixo ganho ponderal, irritabilidade ou letargia, febre, anorexia. Quadros mais graves cursam com distensão abdominal, vômitos e até icterícia. Os lactentes apresentam: Febre sem sinais localizatórios. Pode cursar com baixo ganho ponderal, alterações no odor da urina e choro às micções. Pré-escolares, escolares e adolescentes apresentam: Cistite: disúria, polaciúria, urgência miccional, incontinência urinária, enurese noturna, dor suprapúbica, febre baixa 38ºC. Pielonefrite: queda do estado geral, inapetência, febre alta, calafrios, vômitos e dor lombar (sinal de Giordano +). ITU na infância 3 💡 Em RN e lactentes não é possível diferenciar cistite de pielonefrite apenas com a sintomatologia. Por isso, nesses casos, sempre devemos tratar como pielonefrite. O diagnóstico clínico de ITU é insuficiente na pediatria, devendo estar sempre associado à análise urinária. Os fatores de risco para ITU em lactentes com febre sem sinais localizatórios incluem: Meninas: Etnia branca. Idade 1 ano. Temperatura 39ºC. Febre 2 dias. Ausência de outra causa da febre. Meninos: Etnia não negra. Temperatura 39ºC. Febre 24h. Ausência de outra causa da febre. O diagnóstico laboratorial de ITU é baseado no encontro de inflamação (leucocitúria/piúria) associada à urocultura positiva. O tratamento deve ser baseado na epidemiologia local, no uso recente de antibiótico pelo paciente na gravidade atual do quadro. Deve ser iniciado precocemente, principalmente na suspeita de pielonefrite, visando minimizar a ocorrência de cicatrizes renais. O tratamento VO tem eficácia similar ao EV, mas quando houver risco de evolução grave, estão indicadas a internação e antibioticoterapia EV. As indicações de internação na ITU são: Idade 3 meses. Má aceitação oral do medicamento ou dificuldade de adesão ao tratamento. ITU na infância 4 Desidratação ou vômitos frequentes. Suspeita de sepse com comprometimento do estado geral. Doenças obstrutivas e malformações complexas do trato urinário. Insuficiência renal aguda associada. Imunossupressão. Dúvida quanto ao diagnóstico de ITU. A escolha do antibiótico para o tratamento deve levar em conta a epidemiologia local de resistência das bactérias mais implicadas em ITU. Atualmente, existe um aumento da resistência da E. coli ao bactrim, amoxicilina e às cefalosporinas de primiera geração (cefalexina), devendo-se considerar a introdução empírica de antibióticos de maior espectro, como clavulin e cefuroxima, já desde o início do tratamento. Com o resultado da urocultura e antibiograma, o tratamento deve ser escalonado. A nitrofurantoína é reservada para o tratamento das cistites pois não apresenta penetração adequada no parênquima renal. Em RN recomenda-se a associação da ampicilina para cobertura de estreptococos do grupo B e enterococos. A duração do tratamento varia conforme o quadro clínico. Quando há suspeita de pielonefrite, o tratamento deve ser de 7 a 14 dias. Se o quadro for de cistite, o tratamento pode ser de 3 a 7 dias. Em relação aos exames de imagem utilizados no seguimento, temos como indicação: USG de rins e vias urinárias: Fase aguda: se evolução clínica desfavorável (sem melhora após 48 a 72h do antibiótico). Após 1 a 2 semanas: em todos os 2 anos com ITU febril. Cintilografia renal com DMSA Fase aguda: se evolução clínica desfavorável ou dúvida diagnóstica. Após 4 a 6 meses: em todos os 2 anos com ITU febril e nos pacientes com refluxo vesicouretral. Uretrocistografia miccional: Realizar após 2 a 3 semanas do tratamento. ITU na infância 5 Em todos os 2 anos com ITU febril e alteração na USG e/ou cintilografia renal ou na presença de ITU febril recorrente. A cintilografia é o padrão-ouro para diagnóstico de pielonefrite aguda, evidenciando as áreas de hipocaptaçao do radiofármaco.
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