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Processos Grupais na Educação

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OS PROCESSOS GRUPAIS EM SALA DE AULA 
 
Adriana J. F. Chaves1 
Unesp – Universidade Estadual Paulista 
 
Introdução 
 
Dentre os elementos que constituem a prática pedagógica, a relações interpessoal de 
professores e alunos é um dos aspectos mais difíceis e conflituosos. Isto porque, além de sua 
capacidade de liderança, do domínio técnico-pedagógico dos conteúdos e da própria natureza 
do trabalho pedagógico, exige-se do professor o domínio dos processos de interação que 
perpassam toda ação educativa no processo ensino-aprendizagem. 
A Psicologia do desenvolvimento humano explica de um lado, a natureza da infância e 
da adolescência, bem como as complexas relações dos fatores sociais ambientais e familiares 
do processo de crescimento e desenvolvimento do ser humano nos vários períodos da vida, do 
nascimento até a maturidade. Por outro lado, a educação formal, que se realiza na instituição 
escolar, acontece em grupos ou classes: aglomerado de crianças e/ou de jovens e adultos que 
com a convivência diária se transformam em grupos, manifestando através desses grupos (no 
espaço da sala de aula) fenômenos que só se explicitam quando as crianças e/ou jovens 
quebram a barreira do anonimato recíproco e iniciam um processo de interação que leva à 
coesão grupal. Enfim, os processos que os estudiosos da psicologia social, chamam de 
processos grupais ou dinâmica dos grupos, conforme os denominou em seus estudos Kurt 
Lewin (1940). 
O professor desavisado ou despreparado no domínio das relações interpessoais ou o 
professor inseguro, tímido, que não superou seus limites emocionais e afetivos ou o professor 
equivocado, pensando que com atitudes autoritárias em relação à classe (ao grupo) irá 
conseguir disciplina ou resultados no controle da classe ou no produto da aprendizagem dos 
alunos, terá grandes dificuldades de ensinar, de lidar com a classe, isto é, com o grupo que 
será tanto mais coeso, quanto mais ameaçado pelo professor. 
 
1 Docente aposentada da UNESP. Professora voluntária da Faculdade de Ciências. UNESP, campus de Bauru. 
Doutora em Filosofia da Educação pela PUC de São Paulo. Email: adri.chaves@terra.com.br 
 
 
 
2 
É preciso observar também que o professor trabalha com uma classe, turma, grupo, mas 
ensina para cada aluno individualmente: a argüição é individual, a avaliação (a prova) é 
individual, a nota é individual... 
A aula, a exposição é coletiva: essa contradição atinge diretamente o processo de 
ensino-aprendizagem: o ensino é coletivo, a aprendizagem é individual. Os fenômenos que 
ocorrem na sala de aula, no grupo: cooperação, coesão, comunicação, interação, simpatia, 
antipatia, empatia, competição, organização, amizade, etc, não são aproveitados para a 
aprendizagem, não só do conteúdo, mas da própria vida: ética, cidadania, participação, 
liderança, compromisso, responsabilidade social, cooperação, etc. É em função da 
especificidade da educação escolar que o domínio das processos grupais é tão importante na 
formação do professor. 
A seguir são apresentados alguns temas teórico-práticos que contribuem para o para 
conhecimento de grupos: 
1 Algumas precisões terminológicas e conceituais. 
2 Conceito e abrangência da Dinâmica de Grupo. 
3 Os princípios básicos dos processos grupais. 
5 Papéis no grupo. 
6 Técnicas de grupo. 
7 Uso das técnicas de dinâmica de grupo. 
8 Avaliação grupal. 
 
1 Algumas precisões terminológicas e conceituais 
 
Quando no convívio humano fala-se em “trabalho em ou de grupo”, “Dinâmica de 
Grupo”, “técnicas grupais”, “animação de grupos”, “reunião em ou de grupos”, etc, trata-se 
de expressões relacionadas com a vivência grupal; embora sejam denominações semelhantes 
entre si, elas contêm diferenças, mas passam muitas vezes a ser usadas indiscriminadamente 
como se significassem a mesma coisa. No campo do Serviço Social, da Psicologia Social, 
Pedagogia, Psicologia Escolar, Educação Popular, Administração e em qualquer área teórico-
prática das Ciências Humanas, onde o desenvolvimento e a animação de grupos podem 
ocorrer, os estudiosos voltam-se muito mais para a aplicação da Dinâmica de Grupo e muito 
pouco para os esclarecimentos necessários sobre o alcance da terminologia científica dos 
processos grupais. A confusão generalizou-se devido às várias tendências no campo da 
Psicologia, bem como devido à bibliografia existente sobre os temas grupais, principalmente 
 
 
3 
propostas e sugestões das chamadas técnicas de Dinâmica de Grupo. Há contradições internas 
na área de aplicação da Dinâmica de Grupo quando psicólogos, pedagogos, professores, 
assistentes sociais, animadores de grupos, ou principalmente, quando leigos nestas áreas 
aplicam as técnicas, a maioria das vezes sem o embasamento teórico mínimo para a 
compreensão dos fenômenos que ocorrem nos grupos. É o que se quer evitar, oferecendo o 
mínimo de embasamento no que se refere aos processos grupais. 
Algumas terminologias e conceitos a esclarecer – trabalho de, em, com grupos: 
São todas as ações e atividades que são realizadas de maneira coletiva. Para que possa 
existir trabalho grupal (em grupos, de grupos, com grupos, expressões equivalentes) é 
necessário que as ações se desenvolvam coletivamente, isto é, se realizem mediante a 
interação de pessoas de, em, com grupos (IDÁÑEZ, 2004). 
Para desenvolver um trabalho em grupo não é necessário a existência de um animador 
ou coordenador, nem a aplicação e o uso de técnicas elaboradas, o que é fundamental é a 
intencionalidade, a interação mútua e o resultado da ação coletiva. A reunião de um grupo de 
pessoas num ônibus para uma viagem a São Paulo, por exemplo, não é uma ação grupal, mas 
se for com a finalidade de uma excursão para visitar o Museu de Arte Moderna (MAM) e 
dessa visita resultar um estudo, essa atividade caracteriza-se como um trabalho grupal, 
coletivo. Para se fazer um trabalho eficaz em Dinâmica de Grupo, é preciso saber que existem 
teorias, pesquisas, técnicas, procedimentos que facilitam a compreensão dos objetivos, das 
ações e relações da vida grupal. 
Técnicas grupais: conjunto de procedimentos que, aplicados a uma situação de grupo, 
favorece a consecução dos objetivos grupais: coesão, interação, produtividade e gratificações 
grupais. O uso das técnicas grupais facilita e estimula a ação de grupos, possibilitando o 
alcance de objetivos, metas, projetos e/ou programa propostos pelo grupo. As técnicas não 
operam por si mesmas. Supõem uso adequado e oportuno aos objetivos do grupo. 
Dinâmica de Grupo: entre os vários autores da teoria da Dinâmica de Grupo, tal 
expressão tem alcances e significados diferentes, embora em todos eles, há elementos 
comuns. Assim, para o criador da expressão, Kurt Lewin, a Dinâmica de Grupo como teoria 
estuda cientificamente o conjunto de fenômenos psico-sociais que se desenvolvem nos grupos 
primários e as leis que os produzem e regulam. A partir das pesquisas de Kurt Lewin 
estudiosos desenvolveram um sistema aprofundado, na base da pesquisa empírica, dos 
aspectos estruturais e funcionais dos chamados processos grupais. 
Essas elaborações teóricas constituem um dos principais aspectos da Psicologia Social, 
cujo objeto de estudo são os grupos humanos e os processos gerados como conseqüência de 
 
 
4 
sua existência; o estudo dos fenômenos psico-sociais constitui a teoria da Dinâmica dos 
Grupos e sua experimentação prática evidencia-se mediante as chamadas técnicas de 
Dinâmica de Grupo. Tanto as técnicas (prática), quanto a teoria orientam o modo de atuar em 
grupo expressando, conforme alguns autores, o espírito grupal: regras do jogo, participação 
democrática, papéis e diferenciação dos papéis e tarefas grupais, avaliação grupal etc, 
elementos que constituem a base dos grupos de formação. 
A Dinâmica de Grupo constitui um campo de pesquisa voltado ao estudo da natureza do 
grupo, das leisque regem o seu desenvolvimento e das relações indivíduos-grupo, grupo-
grupo, instituições-grupo. 
O pioneiro da Dinâmica de Grupo foi Kurt Lewin que, com seus seguidores (Schultz, 
Bavelas, Berne, Bradford, Lippitt, etc) e seus estudos e pesquisas sobre a Psicologia Social 
(teoria do campo) praticamente marcou o aparecimento da Dinâmica de Grupo nas primeiras 
décadas do século XX. Lewin trabalhou com a dinâmica dos fenômenos grupais a partir das 
condições concretas da existência dos indivíduos (experiência de Bethel), buscando uma 
orientação mais experimental, funcional e criativa das relações interpessoais no interior dos 
grupos. Dedicou muitos anos de sua vida à pesquisa dos pequenos grupos (psico-grupos e 
sócio-grupos), aplicando técnicas de análise científica aos grupos, principalmente as das 
instituições educativas. Fundou o Centro de Pesquisa em Dinâmica de Grupo, onde aplicava 
os princípios de sua teoria grupal, aferia os resultados e elaborava teoria, testava hipóteses, 
reformulava as leis grupais e analisava os problemas de comunicação verificando e avaliando 
as interações grupais, nas situações criadas em laboratórios de Psicologia Social. 
 
2 Conceitos e abrangência da dinâmica de grupo 
 
A Dinâmica de Grupo é um vasto campo de conhecimentos da realidade e abrange um 
conjunto de fenômenos psico-sociais e de leis naturais que regem tais fenômenos. 
Esses fenômenos (coesão, coerção, pressão social, simpatia, conflito, atração, rejeição, 
resistência à mudança, dependência, interdependência, equilíbrio, liderança, hegemonia, 
antipatia, amor, amizade etc) são objeto de pesquisa e base para a elaboração de teorias no 
campo da Psicologia Social. O objeto de estudo da Dinâmica de Grupo são os psico-grupos 
(grupos de formação estruturados, orientados e dirigidos em função dos próprios membros 
 
 
5 
que os constituem) e os sócios-grupos, (grupos de tarefas organizados, orientados e dirigidos 
em função de uma tarefa 2). 
A Dinâmica de Grupo abrange também um conjunto de métodos e técnicas de 
orientação didática e/ou psicoterapêutica que permitem atuar com pequenos grupos dentro de 
organizações e instituições. Portanto, em sentido amplo a Dinâmica de Grupo é a ciência dos 
fenômenos de grupo e no sentido restrito é um método de ação com pequenos e grandes 
grupos. A expressão “dinâmica de grupo” tem vários significados conforme sua aplicação e é 
mais usual quando se trata dos processos grupais: 
a) quando acentua a importância da liderança democrática, a participação dos membros de um 
grupo nas decisões e soluções dos problemas políticos e sociais... a expressão adquire 
conotação ideológica, porque supõe participação militante na verificação da eficácia dos 
dirigentes face aos programas de um partido político; 
b) quando visa ao estudo e prática de trabalhos técnicos em grupos, num processo de sala de 
aula, cursos, treinamentos etc, a Dinâmica de Grupo é um conjunto de métodos e técnicas que, 
organizados num plano de ação, orientam os membros de um grupo no desempenho de 
papéis, discussão, interação etc, sob a direção de um coordenador, animador ou tutor etc; 
c) quando se refere à pesquisa sobre a natureza dos grupos, seu funcionamento, as relações 
interpessoais indivíduo-grupo, grupo-sociedade, a Dinâmica de Grupo significa ciência 
empírica que depende da observação, mensuração, quantificação, experimental, análise 
quantitativa e qualitativa dos fenômenos 
 
3 Os princípios básicos dos processos grupais 
 
A maioria dos estudiosos da área define grupo como um conjunto de pessoas 
interdependentes entre si que se reúnem buscando realizar objetivos comuns; estas mesmas 
pessoas visam estabelecer um relacionamento interpessoal satisfatório enquanto estão 
envolvidos na vivência grupal. 
A busca de realização de objetivos comuns cria no grupo um processo de interação e faz 
com que as pessoas se influenciem reciprocamente, expressando por palavras, gestos etc, os 
elementos de sua identidade com o outro no grupo. Este movimento em direção do outro 
favorece o auxílio e o apoio mútuos, mas também gera dificuldades porque o processo de 
comunicação não é natural nem espontâneo, mas exige esforço e aprendizagens; quanto mais 
 
2 Classificação de K. Lewin citada por Minicucci, p. 25 (1991) 
 
 
6 
autênticas são as relações interpessoais no grupo, maior maturidade social o grupo revela: não 
temos obrigação de amar todas as pessoas do grupo, mas temos obrigação de compreendê- las 
e de sermos empáticas a todas. 
Para participar e trabalhar com grupos que se reúnem para cumprir uma tarefa (grupo de 
trabalho) é fundamental ter o domínio dos princípios básicos que orientam a ação grupal. 
Segundo Idáñez (2004), para que um grupo seja capaz de resolver problemas de modo efetivo 
e satisfatório é preciso estabelecer algumas condições: 
• Ambiente ou clima grupal favorável ao trabalho coletivo. 
• Relações interpessoais que permitam reduzir a intimidação (medo do outro) e facilitem a 
confiança e a comunicação no grupo. 
• Estabelecimento de acordos sobre a forma como serão resolvidos os problemas. 
• Liberdade do grupo para definir seus objetivos e estratégias e tomar decisões. 
• Aprendizagens das formas mais adequadas para adotar as melhores decisões. 
Chegar a essas condições não é só questão de decisão, é preciso considerar que o 
trabalho de grupo ou em grupo é um processo, isto é, exige uma hierarquia de ações, 
primeiramente voltadas para o conhecimento das pessoas entre si, depois para os objetivos do 
grupo, para por último chegar-se aos papéis e às tarefas que cada membro do grupo poderá 
desenvolver no coletivo grupal. 
Neste sentido, é extremamente útil para coordenadores de grupos ou para qualquer ação 
que se desenvolva em grupos, ter presente os princípios básicos que orientam a ação grupal 
visando à criação de grupos participativos e operativos. Ao reuni- los neste texto, pretende-se 
esclarecer o rol de ações que facilitam o processo grupal: atmosfera grupal; comunicação no 
grupo; participação e espírito de grupo; liderança distribuída; formulação de objetivos; 
flexibilidade; consenso; compreensão do processo; avaliação contínua. 
 
3.1 Atmosfera grupal 
É um fenômeno psico-sociológico que ocorre na vida grupal – é disposição, ânimo, tom 
emocional ou sentimento de bem-estar ou desconforto que se difunde no grupo em relação às 
pessoas e aos acontecimentos. O clima ou a tonalidade emocional faz com que a atmosfera 
grupal seja hostil ou amistosa, calorosa ou fria, rígida ou flexível, cordial, harmoniosa, 
equilibrada ou irritadiça ou agressiva. É o que alguns autores chamam “espírito de grupo”. O 
grupo só produz em atmosfera favorável. Caso contrário geram-se “ruídos”, manifestações 
constantes de insatisfação “o ambiente fica pesado”, “atmosfera carregada”, o grupo está 
 
 
7 
pronto para explodir. O que interessa do ponto de vista do trabalho grupal são os fatores que 
podem criar uma boa atmosfera grupal que desenvolva um trabalho de grupo produtivo e 
satisfatório. São eles: a) ambiente físico; b) sentimento de igualdade e redução da 
intimidação; c) forma de iniciar a reunião. 
a) Ambiente físico: o ambiente físico ou as condições materiais nas quais o grupo atua, influi 
positiva ou negativamente na atmosfera grupal. Esse ambiente se configura pela iluminação, 
ventilação, tamanho do local em relação ao número de participantes, disposição das cadeiras, 
tipos de cadeiras etc. 
Exemplo: sala com iluminação insuficiente, ventilação precária, temperatura acima de 30 
graus, ambiente sem nenhum atrativo ou conforto são fatores desfavoráveis ao bom clima 
grupal. Uma reunião que se realiza num ambiente abafado, enfumaçado, depois de um certo 
tempo provoca embotamento mental. As pessoas se tornam inquietas, irritadiças, agressivas, 
prejudicando o bom funcionamento grupal. 
Outro aspectodo ambiente físico que é preciso estar atento é a disposição das cadeiras. 
Sentar em forma de círculo é o ideal: não há posição dominante de ninguém e revela que 
todos são importantes no grupo. Isso favorece um ambiente de amizade e integração grupal. 
Outro aspecto do ambiente físico que precisa ser considerado é o tamanho da sala em relação 
ao número de participantes do grupo. 
• Local muito grande gera distração e dissipação, reduz a participação e leva a pouco 
compromisso com o grupo. 
• Local muito pequeno gera a sensação de “lata de sardinha”, traz desconforto do grupo, 
aborrecimentos na locomoção, problemas de nervosismo etc. 
Se o grupo se reúne para estudo, o ambiente físico adequado gera produtividade; se as 
reuniões são recreativas, o ambiente físico adequado leva à expansão, animação, cordialidade; 
se as reuniões são de reflexão, planejamento e decisões, o ambiente físico favorece a 
seriedade dos resultados. 
b) Sentimento de igualdade e redução do medo do grupo : é preciso que as pessoas no 
grupo se sintam em clima de igualdade. Tudo o que intimida as pessoas no grupo deve ser 
evitado: a posição das cadeiras (conforme já discutido aqui); o uso do nome, sem títulos, 
apelidos; a recepção informal sem excessos de espontaneidades. É preciso que as pessoas se 
sintam à vontade, com expectativas positivas. O número de participantes é muito importante 
no favorecimento da atmosfera grupal: no máximo 25 e no mínimo 15 pessoas para facilitar a 
interação grupal. 
 
 
8 
c) A primeira reunião e seu início: é fundamental para definir a atmosfera grupal; a maneira 
como o coordenador, animador, tutor, mediador ou líder apresenta os objetivos do encontro, 
reunião, curso, etc, o modo como fala, a forma que se dirige aos participantes, define a futura 
organização grupal. Um coordenador, animador, tutor, mediador ou líder (o nome que se 
queira dar) não é um professor, chefe, mas alguém que emerge do grupo, cuja função é 
coordenar as “regras do jogo” grupal e não dominar, ensinar, mandar no grupo. Se mudar sua 
função não forma o grupo. 
 
3.2 Comunicação no grupo 
a) O processo de comunicação é algo contínuo e constante em nossas vidas. Como 
participantes de vários grupos o processo de comunicação também é diferente. Sem 
comunicação o grupo não pode surgir. A comunicação é comparável ao sistema nervoso do 
processo grupal. Assim, a coesão, cooperação e decisões coletivas dependem em grande parte 
da existência ou não da comunicação. 
b) Princípios básicos da comunicação: para manter boa comunicação interpessoal no grupo é 
preciso: 
• Capacidade de diálogo: ouvir o outro antes de responder, não falar ao mesmo tempo em 
que o outro; analisar o problema e/ou a situação antes de julgar ou dar opiniões. 
• Capacidade de questionar-se e retificar suas posições ou pontos de vista, pedir e aceitar 
desculpas diante dos possíveis equívocos ou mal entendidos. 
• Procurar melhorar a comunicação grupal, criando um clima favorável, sem cochichos, 
conversas paralelas, falando alto para que todos ouçam (sem gritar), com linguagem clara 
(sem modismos ou estrangeirismos). 
• Estar atento às barreiras que dificultam a comunicação, como: 
Ø falta de clareza nas expressões; 
Ø falar em códigos, linguagem com subterfúgios, com sujeitos ocultos, verborréia; 
Ø incapacidade de concretizar idéias e ter coerência na linguagem; 
Ø criticar e reprovar outras pessoas diminuindo sua auto-estima, humilhando, “jogando 
indiretas”, “jogando verde para colher maduro”; 
Ø abusar dos tímidos, dos que possuem dificuldades na linguagem ou não dominam toda sua 
forma culta; 
Ø abusar da retórica fora de hora e sem ser convidado pelo grupo; 
 
 
9 
Ø vasculhar a vida dos outros para expô- los ao ridículo, às gozações e piadas sem graça às 
custas de defeitos e falhas das quais o outro não tem responsabilidade ou culpa. 
• Buscar meios para superar as barreiras à comunicação: 
Ø ouvir e respeitar os outros; 
Ø respeitar profundamente as diferenças das pessoas (gênero, raça, religião, classe social, 
cultura, defeitos, qualidades); 
Ø receber as pessoas com calor humano, favorecendo sua liberdade de ser, pensar, querer; 
Ø fomentar a verdade e a sinceridade sem grosseria de jogar na cara das pessoas a primeira 
impressão que se tem delas; 
Ø ultrapassar a antipatia: se não for possível a simpatia, desenvolver a empatia (se colocar 
no lugar do outro). 
Ø compreender que um problema não tem só um ponto de vista e uma solução: 
compreender, aceitar provisoriamente o ponto de vista do outro até que todos possam chegar 
ao consenso; 
Ø não condenar o outro em face de possibilidade de mudanças (pontos de vistas, atitudes, 
comportamento etc). Quando ele mudar não cobrá- lo a contradição; saber que tudo na vida é 
um processo; 
Ø buscar no outro sempre algo novo, positivo, que favoreça seu crescimento e auto-estima; 
não destacar nada que o diminua em face de si próprio e aos demais. 
 
3.3 Participação e espírito de grupo 
Participar de um grupo é muito mais do que intervir pela palavra. É sentir o grupo como 
algo próprio: inclusão pessoal e psicológica de cada pessoa na vida grupal é estar presente, 
querer estar presente, sentir-se dentro do grupo, co-participante da vida grupal. 
Por isso é muito importante para o tutor (mediador, coordenador, líder etc) conseguir a 
efetiva participação de todos no processo grupal. Para isso há algumas regras: 
a) Disposição das cadeiras para que todos se vejam. O ideal é o círculo, ninguém tem 
destaque. Todos são importantes. 
b) Integração do grupo: olhe para todos, não se fixe numa pessoa só; diga sempre “nós”, 
nunca “vocês”, excluindo-se do grupo quando tiver que fazer críticas ou sugestões. Lembre-se 
que a responsabilidade é de todos; não forme sub-grupos; não se sente perto daqueles que 
você gosta ou tem afinidades. Procure fazer novos amigos, sente-se perto de quem você não 
conhece; evite cochichos – falar baixinho com a pessoa ao lado. Você corre o risco de 
desqualificar a intervenção de algum membro do grupo que estiver com a palavra; dirija-se 
 
 
10 
sempre a todos, esperando sempre a sua vez de falar – não fale em cima da fala dos outros... 
além de ser falta de educação, ninguém entenderá o que você diz. Ouça, entenda o argumento 
do outro para concordar ou discordar. 
c)Respeito ao grupo: gerando coesão 
Mantenha-se atento e interessado à evolução da reunião; não se aliene e nem se isole; 
seja tolerante às intervenções, mesmo daquelas que parecem inadequadas; aceite as diferenças 
de idéias e propostas, mesmo que não sejam melhores que as suas; intervenha 
construtivamente, procurando encadear as idéias e referindo-se sempre às intervenções 
anteriores às suas. Não discorde só para contrariar... discorde quando tiver de fato argumentos 
que sustentem a opinião contrária, sem abatê- la ou eliminá- la... buscar compreender o 
argumento do outro e o que o leva a pensar de tal modo; nunca perder os objetivos da reunião, 
da discussão ou do encontro grupal. Não faça digressões desnecessárias, nem dê conselhos a 
quem não lhe pediu, principalmente em grupo; procure ir ao cerne da discussão, concretize, dê 
fatos, exemplos etc, não descambe para pormenores, nem exemplos pessoais, nem divague 
trazendo assuntos inadequados... restrinja-se ao tema. 
Lembre-se que uma discussão é uma operação mental: tem que ter introdução, análise 
(desenvolvimento) e conclusão – síncrese, análise e síntese. Não monopolize a palavra, como 
se fosse dono da verdade; lembre-se que você não é professor do grupo. 
d)Estimule o grupo: ajude todos a crescerem. 
• Manifeste a sua concordância, quando você concordar com alguém; 
• Estimule a participação dos outros, com gestos e palavras favoráveis, realçando o que 
cada um tem de positivo; 
• Não destrua a imagem do outro destacando erros, falhas e incongruências; não o deixe 
sem saída numa discussão (derrotado) pois é muitodifícil reconstruir a auto-estima das 
pessoas. Ás vezes, há no grupo os mais lentos, os que menos intervêm, os mais tímidos, não 
os menospreze, nem faça de conta que não ouviu suas contribuições; dê atenção a eles, peça 
para os mais falantes calarem para todos ouvirem suas palavras e participações; não deixe 
ninguém falar por eles. 
e) Ajude o amadurecimento do grupo – os passos da autonomia (amadurecimento / auto-
gestão) do grupo: 
Anomia: início; sem regras, falta de clareza dos objetivos, falta de participação e 
coesão. Não há grupo, mas um bando comandado por alguém. 
Heteronomia: o grupo busca organização, objetivos, mas ainda precisa de comando. 
 
 
11 
Autonomia: grupo maduro, auto-gestão. O grupo se comanda, as chefias tornam-se 
lideranças. 
Regras para se chegar à autonomia: 
• Se a reunião vai mal, faça uma parada, peça um tempo para examinar o que está 
acontecendo: o que está impedindo o progresso do grupo no assunto: planejamento, 
organização, participação, decisão etc; 
• Não deixe para depois, para analisar e criticar quando todos se dispersam: isto não serve 
para melhorar a reunião que terminou e nem garante as melhorias futuras; 
• Não considere a sua competência acima da competência do grupo (o conhecimento e a 
experiência servem para ajudar a todos) Não fique ansioso, louco para colocar seu ponto de 
vista, sua compreensão do problema. Espere com paciência a sua vez de intervir, não atropele 
a fala dos outros. Favoreça e colabore para que todos no grupo possam se expressar (opinar, 
analisar, sugerir, criticar, avaliar etc). É preciso que todos conheçam a posição, idéias, visão 
de mundo de todos os participantes do grupo. Isto ajuda a coesão e o amadurecimento grupal. 
Lembre-se que pode existir no grupo pessoas socialmente imaturas, emocionalmente frágeis, 
dependentes, desconfiadas, enciumadas, invejosas, que se negam muitas vezes a despojar-se 
de seus mitos, estereótipos, preconceitos, dificultando as trocas, a coesão, a transparência, 
autenticidade e autonomia grupal. O processo grupal precisa ser um processo educativo que 
paulatinamente conduz todos à participação homogênea, madura e produtiva. 
 
3.4 Liderança distribuída no grupo 
A liderança é um fenômeno estreitamente ligado à estrutura grupal e às formas de 
organização de papéis e tarefas no grupo. Liderança diferencia-se de chefia. Um chefe pode 
ser ou não ser líder, assim como um líder pode ou não ser chefe. 
A chefia está ligada a papéis de comando organizacional atribuído sempre de fora para 
dentro do grupo; a liderança emerge do grupo, portanto nasce no grupo conforme a situação, 
circunstâncias, objetivos e tarefas atribuídas ao grupo. O chefe autoritário, paternalista, 
permissivo não é líder e não ajuda o amadurecimento do grupo. A liderança deve ser 
essencialmente democrática para favorecer o planejamento e decisão de um grupo e por este 
motivo ela deve ser distribuída ou revezada para que todos no grupo se exercitem em função 
de (comando) coordenação ou monitoramento do grupo, tendo em vista a autonomia e auto-
gestão grupal. 
Esta liderança “compartilhada”, distribuída, consiste na co-responsabilidade de todos os 
membros do grupo: as tarefas de coordenação, animação, moderação serão rotativas. Em cada 
 
 
12 
reunião as pessoas do grupo poderão exercer papéis diferentes, favorecendo a participação de 
todos os papéis no grupo. 
 
3.5 Formulação dos objetivos do grupo 
Desde os primeiros encontros, reuniões é necessário que haja uma clara definição dos 
objetivos do grupo. Reunir-se várias vezes sem saber “por que”, “para que” e “o que fazer” é 
motivo de sobra para debandada geral do grupo. 
Um grupo não se constitui para ser simplesmente grupo, mas para alguma finalidade. É 
em função dos objetivos, dos programas, enfim, das ações que as pessoas se unem com o 
sentido de pertencer a algo, o sentimento do “nós”, motivados à participação onde todos dão 
sua colaboração e se sentem membro de uma estrutura maior, mais eficaz e produtiva. 
 
3.6 Flexibilidade 
Além da clareza de objetivos, é necessário que haja a definição de um programa de ação 
e uma agenda que permita ir conquistando as metas e os objetivos propostos. Um programa 
definido com rigidez não significa que o grupo funcione, mas sim que à medida que as metas 
(quantitativas e qualitativas) forem atingidas, sejam realizadas avaliações constantes tendo em 
vista as adequações a situações novas. Programa, métodos e estratégias de ação devem ser 
flexíveis. Como refere Gibb (1963) 
o estabelecimento dos objetivos, a avaliação contínua e a flexibilidade são as 
chaves de um planejamento efetivo. Quando a comunicação é livre e rápida, 
os planos flexíveis e a avaliação eficiente, os membros podem proceder a um 
efetivo estabelecimento dos objetivos e uma acertada escolha de atividade. 
 
3.7 Consenso 
O consenso é a melhor forma de decisão grupal, pois é a decisão, negociada e 
compartilhada. É um tipo de solução onde cada um do grupo ganha alguma coisa porque abre 
mão de alguma coisa. Na decisão por votação (eleição), uma parte triunfa sobre a outra. O 
consenso é um tipo de solução mista, onde cada parte cede alguma coisa. É a verdadeira 
democracia grupal de uma sociedade pluralista, onde a unidade se dá pela pluralidade. 
3.8 Compreensão do processo 
O que é processo grupal? É um conjunto de fatores que constitui a natureza do grupo: 
• A forma de trabalhar do grupo; 
• As atitudes e reações de seus membros; 
• O tipo de comunicação existente; 
 
 
13 
• Os papéis; 
• A participação e o tipo de interação; 
• Os fenômenos e situações que se produzem. 
O grupo deve estar atento ao que faz e a forma de fazê- lo, porque a compreensão de 
como se desenvolve cada um dos fatores do processo grupal, aumenta ou diminui a 
produtividade ou a eficácia grupal para todos os seus membros. 
 
3.9 Avaliação contínua 
A avaliação contínua, tanto da produtividade, quanto da eficácia grupal, é um dos 
fatores do processo grupal, que permitirá introduzir as mudanças necessárias e oportunas no 
desenvolvimento grupal. É a avaliação que mede o grau de avanço do grupo em relação às 
suas metas e objetivos. 
 
4 As técnicas de grupo 
 
As técnicas grupais são um conjunto de meios e procedimentos, que aplicados numa 
situação de grupo tem finalidade de conseguir produtividade, maior participação e satisfação 
grupal. 
É preciso ter clareza na aplicação das técnicas grupais: 
• porque não existe uma técnica ideal, mais eficaz e/ou mais adequada; 
• conforme o objetivo que o grupo se propõe é preciso selecionar as técnicas; 
• é preciso dominar os passos e instruções das técnicas evitando o “fetichismo 
metodológico” no sentido de que as técnicas são meios para alcançar fins e nunca um fim em 
si mesmas; 
• as técnicas só podem ser aplicadas em situação grupal. 
 
 
Como escolher adequadamente as técnicas nos cursos, treinamentos, encontros e/ou grupos 
de formação. 
Não existe nenhuma técnica que possa ser aplicada sempre e em qualquer circunstância, 
seja qual for o tipo de grupo ou a finalidade que se tem em vista. Jamais se encontrará a 
técnica ideal aplicável a todo ou qualquer grupo. 
 
 
14 
As técnicas podem ser criadas, recriadas, combinadas, adaptadas em qualquer ocasião e 
objetivos grupais: depende muito da sensibilidade, flexibilidade e competência do animador 
do grupo. 
Como procedimentos da ação grupal, cada técnica tem potencial definido de 
mobilização das forças individuais e grupais, daí o cuidado na escolha adequada, 
estabelecendo critérios que permitam escolher as técnicas, conforme o tipo de grupo e de ação 
grupal: estudo, reflexão, sensibilização, recreação, avaliação, etc. 
Alguns critérios para escolha das técnicas: 
• os objetivos que o grupo tem em vista; 
• maturidade e treinamento do grupo; 
• tamanho do grupo: 10 a 20 participantes – grupos pequenos; 30 ou mais participantes –grupos médios ou grandes. 
É muito difícil a aplicação das técnicas em grupos muito grandes; não costuma produzir 
os mesmos resultados do que nos grupos pequenos. 
• Ambiente físico: é preciso reforçar que o espaço físico, a atmosfera grupal, a iluminação, 
ventilação, número de participantes, favorece ou dificulta a aplicação das técnicas. 
Quando numa reunião, encontro, curso, não se tem condição de definir o local ideal, é 
preferível usar técnicas mais adequadas ao ambiente físico do que porventura aplicar as 
escolhidas no planejamento do treinamento. 
• Características do meio externo: grupos institucionais (escolas, igrejas etc) são diferentes de 
grupos formados na sociedade civil; um ambiente físico distante do ambiente do cotidiano das 
pessoas. Este distanciamento favorece a reflexão, evita faltas e saídas constantes das pessoas 
nas atividades grupais. 
• Características dos membros: as técnicas grupais devem ser selecionadas considerando a 
particularidade de cada grupo. Características culturais, sociais e de classe; idade, de 
instrução, de domínio da linguagem culta etc. 
• Capacidade do animador ou coordenador do grupo: as técnicas necessitam de destreza, 
habilidade, flexibilidade para a aplicação. Há técnicas de fácil aplicação e técnicas que 
exigem grande preparo por parte do coordenador. O coordenador nunca deve se colocar no 
grupo sem se preparar e ter clareza dos passos que a técnica exige. 
 
 
 
 
 
15 
O uso das técnicas grupais 
a) Algumas orientações para o coordenador e/ou animador de grupos, quanto ao uso das 
técnicas: 
• a técnica não deve ser usada como um “manual de instruções” ao pé da letra, isto 
empobrece seus resultados; 
• conforme o grupo e o objetivo do encontro deve-se adaptar a técnica que se quer usar ou 
aplicar a técnica escolhida sem prejudicar o conteúdo; 
• o mero formalismo na aplicação das técnicas esvazia o significado do encontro grupal; 
• é preciso saber adequar a técnica ao conteúdo da reunião (estudo, sensibilização, reflexão 
etc); 
• é preciso ter clareza que um curso de Dinâmica de Grupo não se reduz à aplicação de 
técnicas. 
b) Como aplicar as técnicas: 
• Comece por dar uma definição da técnica; 
• Faça comentários sobre os elementos importantes da dinâmica interna esperada dos 
componentes do grupo e do desempenho da liderança; 
• Dê uma visão das probabilidades de êxito na utilização da técnica; 
• Considere os propósitos e objetivos pelos quais se escolheu a técnica; 
• Enumere os passos da aplicação; 
• Procure verificar se a aplicação da técnica responde às perguntas: o quê? Por quê? Quando? 
Como? 
• Alerte os participantes a respeito das dificuldades que a técnica pode apresentar. 
c) Tipos de técnicas: 
Técnicas de iniciação grupal – com finalidade de propiciar: 
• conhecimento mútuo; 
• Integração grupal; 
• desinibição do grupo; 
• atmosfera grupal de confiança, comunicação, sensibilização em relação ao outro. Exemplos: 
primeiras impressões, expectativas grupais, auto-conhecimento etc. 
Técnicas de produção grupal – orientadas a organizar o grupo para uma tarefa específica, de 
forma eficaz e produtiva (estudos, reflexões, reuniões de planejamento, organização – 
exemplos: Painel aberto, Painel integrado, Painel progressivo etc). 
 
 
16 
Técnicas de mediação e avaliação grupal – para avaliar permanente ou periodicamente os 
processos grupais, seja para aferir resultados obtidos pelo grupo, seja para verificar a eficácia 
dos métodos e procedimentos empregados pelo grupo. Exemplos: questionários de avaliação 
do clima grupal, do coordenador do grupo, da maturidade grupal, participação, papéis, 
impressões, relatórios de observação grupal, etc. 
Técnicas de coesão grupal – para serem aplicadas em cursos (laboratórios de Dinâmica de 
Grupo) especificamente para psico-sociólogos, profissionais que querem se capacitar como 
formadores ou condutores de “grupos de formação” (LAPASSADE, 1989). 
Técnicas que reforçam os valores e a ideologia grupal3. 
Técnicas de construção da estrutura operacional e funcional do grupo (papéis, liderança, 
rede de comunicação etc). 
Técnicas de projeção grupal – permitem ao grupo conhecer a própria consciência grupal; 
situa o grupo face o contexto de outros grupos dentro da sociedade. 
 
5 Papéis no grupo 
 
5.1 Por que papéis no grupo? 
Quando o grupo se reúne, principalmente se for um grupo de longa duração, é 
necessário que cada membro assuma um papel, através do qual definirá a sua participação e 
ajudará por sua vez a manutenção da coesão grupal. São os participantes do grupo que 
desenvolvem a reunião, não precisam do coordenador, se todos exercerem seus papéis. 
 
5.2 Quando o grupo for duradouro (grupo de formação), os papéis tem a função de 
comprometer cada participante com as funções grupais, assim: 
• Tomada de consciência grupal – grupo analista 
• História do grupo – repórter do grupo 
• Organizador do grupo – programador 
• Despertar para o grupo – fotógrafo 
• Degelo do grupo – animador 
• Produtividade do grupo – avaliador 
• Melhoria da imagem do grupo – incentivador 
• Nivelamento grupal – desobstrutor 
 
3 Cf. as aplicações de Kurt Lewin em Mailhiot, 1970. 
 
 
17 
• Operacionalidade do grupo – logicizador 
• Quebra do formalismo grupal – criptólogo 
• Aplicação de técnicas grupais – tecnólogo 
• Feedback grupal – comunicólogo 
• Afeto ou amorização grupal – relações humanas 
• Tipologia do grupo – sociometrista 
• Expõe as teorias dos processos grupais: professor 
• É vigilante pela coesão e interação grupal: super-ego do grupo 
• Busca de autonomia e desmistifica o coordenador – super-ego do coordenador 
 
5.3 Quando se usar a “técnica dos papéis”, os participantes assumem o compromisso com o 
grupo de cumprir enquanto durar o grupo o seu papel. É no final da reunião, na hora da 
avaliação do encontro que se avalia também o desempenho dos papéis. Os papéis no grupo 
medem a maturidade grupal, porque quando alguém não cumpre seu papel, surgem os 
dominadores que neutralizam a participação daqueles que por imaturidade social, 
negligenciam os próprios papéis, prejudicando o grupo. 
 
5.4 Para desempenhar seu papel, você precisa: 
• Levar a sério seu papel; 
• Ser criativo – cada dia fazer seu papel com atividades diferentes; 
• Peça ajuda aos companheiros; 
• Torne seu papel importante no grupo; 
• Não desculpe quando seu desempenho for medíocre. Aceite críticas; 
• Não seja prolixo no desempenho de seu papel. 
 
5.5 Lembre-se que o grupo caminha: 
• Da síncrese pela análise até chegar na síntese. 
• Da anomia para a heteronomia até chegar na autonomia. 
• Do mero movimento, para a regulação até chegar na equilibração. 
• Da anarquia para a disciplina até chegar na liderança. 
• Da aproximação física, ao bando até chegar no grupo. 
 
 
 
 
18 
6 Avaliação grupal 
 
Nenhuma reunião, encontro de um grupo pode terminar sem avaliação (verificar 
objetivos, integração, organização, planejamento etc). Avaliar é a melhor forma de melhorar a 
participação e a produtividade grupal, estabelecendo bases sólidas para o progresso grupal. 
 
O que se avalia? 
• O processo grupal – o funcionamento do grupo, relações/interações no interior do grupo; 
• O nível de conquista dos objetivos do grupo – quais as conquistas grupais? 
• Avaliar não é estabelecer mecanismos de controle, mas é ajudar o grupo a reavaliar 
permanentemente objetivos e metas para atingir os objetivos com rapidez, eficácia e 
produtividade; 
• Não é difícil avaliar. Os manuais de Dinâmica de Grupo trazem inúmeros exercícios e 
técnicas: questionários, fichas, testes etc. 
 
Referências 
 
IDANEZ, M. J. A. Como animar um grupo: princípios básicos e técnicos. Petrópolis: Vozes, 
2004. 
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. São Paulo : Duas Cidades, 1970. 
MINICUCCI, A. Dinâmica de grupo: teorias e sistemas.3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. 
GIBB, J. R. Manual de dinâmicas de grupos. Buenos Aires: Humanitas, 1963. 
 
Bibliografia 
 
AMADO, G. e GUITTET, A. A Dinâmica da comunicação dos grupos. Rio de Janeiro: 
Zahar, 1980. 
ANDREOLA, B. A. Dinâmica de grupo: jogo da vida e didática do futuro. 17. ed. Petrópolis: 
Vozes, 1999. 
ANTUNES, C. Manual de técnicas de dinâmica de grupo de sensibilização de 
ludopedagogia. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1987. 
BAREMBLITT, G. (org). Grupos - teoria e técnica. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1986. 
FRITZEN, S. J. Dinâmicas de recreação e jogos. Petrópolis: Vozes, 1991. 
 
 
19 
_________. Exercícios práticos de dinâmica de grupo. v. 1. 20. ed. Petrópolis: Vozes, 1994ª. 
_________. Exercícios práticos de dinâmica de grupo. v. 2. 15. ed. Petrópolis: Vozes, 1994b. 
KLEIN, J. O trabalho de grupo. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1968 
LAPASSADE, G. GRUPOS, organizações e instituições. Rio de janeiro: Francisco Alves, 
1977. 
LIMA, L.O. Treinamento em dinâmica de grupo no lar, na empresa, na escola. 3. ed. 
Petrópolis: Vozes, 1971. 
MARTÍN-BARÓ, I. Sistema, grupo y poder. San Salvador: UCA, 1989. 
MATTA, J. E. Dinâmica de grupo e desenvolvimento de organização. São Paulo: Pioneira, 
1975. 
MINICUCCI, A. Dinâmica de grupo - manual de técnicas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1980. 
MOSCOVICI, F. Desenvolvimento interpessoal. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e 
Científicos Editora, 1985. 
MUCHIELLI, R. Dinâmica de grupo – conhecimento do problema. São Paulo: Livros 
Técnicos e Científicos, 1979. 
PEREIRA, W. C. C. Dinâmica de grupos populares. Petrópolis: Vozes, 1982. 
PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991. 
ZIMERMAN D. E.; OSORIO, L. C. (orgs.). Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 1997.

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