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1 AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA DO SANGUE HEMGRAMA – Principal ferramenta diagnóstica em hematologia, constituído por: - contagem total de hemácias - hemoglobina - hematócrito - Índices hematiméticos: VCM, HCM, CHCM, distribuição do tamanho das hemácias - contagem global de leucócitos - contagem diferencial de leucócitos - exame microscópico do esfregaço corado - plaquetas (opcional) CONTAGEM TOTAL DE HEMÁCIAS (céls/mm3). ♂ 4.5000.000 – 6.000.000 ♀ 4.000.000 – 5.500.000 Recém-nascidos 4.000.000 – 6.000.000 Valores aumentados: diarreias, desidratação, queimaduras, policitemima vera, cardiopatia crônica, intoxicações por álcool etílico ou fármacos, vômitos e acidose metabólica. Valores diminuídos: anemias, leucemias, após hemorragias graves e infecções graves. HEMOGLOBINA (g/dL). ♂ 13,5 – 18,0 ♀ 12,0 – 16,0 Recém-nascidos 13,5 – 19,5 HEMATÓCRITO (%). ♂ 40 – 54% ♀ 37 – 47% Recém-nascidos 44 – 60% Valores aumentados: hemoconcentração, desidratação, queimaduras, diarreia e vômitos intensos. Pode ser indicativo de macrocitose. Valores diminuídos: redução do número de hemácias. Pode ser indicativo de microcitose. VOLUME CORPUSCULAR MÉDIO – avalia o tamanho médio da hemácia. Corresponde a relação do hematócrito pela hematimetria. VCM <80fl micrócitos VCM>100fl macrócitos. HEMOGLOBINA CORPUSCULAR MÉDIA – avalia a concentração de hemoglobina nas hemácia. Corresponde a relação da hemoglobina pela hematimetria. HCM <27pg hipocromia HCM>32pg sem relação clínica. CONCENTRAÇÃO DE HEMOGLOBINA CORPUSCULAR MÉDIA – avalia a porcentagem de hemoglobina em 100mL de hemácias. CHCM <32% hipocromia CHCM>35% presença de esferócitos. RDW – avalia a dispersão das hemácias em relação ao tamanho. RDW>14,5% anisocitose (diferentes tamanhos). LEUCOMETRIA GLOBAL (céls/mm3). Adultos 4.000 – 11.000 Recém-nascidos 10.000 – 18.000 Valores aumentados (leucocitose): processos inflamatórios, infecciosos e leucemias. Valores diminuídos (leucopenia): redução da produção de leucócitos, destruição celular, febre tifoide, dengue, rubéola e caxumba. LEUCOMETRIA DIFERENCIAL Bastonetes 3 – 5% Segmentados 55 – 65% Eosinófilos 2 – 6% Basófilos 0 – 1% Monócitos 4 – 8% Linfócitos 20 – 30% Neutrofilia infecções bacterianas, leucemias, inflamação. Eosinofilia Parasitoses e alergias. Basofilia leucemia mieloide crônica e processos alérgicos. Monocitose Infecções. Linfocitose infecções virais agudas e bacterianas crônicas, leucemia linfocítica crônica e processos ganglionares. RETICULÓCITOS – hemácias imaturas (com núcleo) Adultos 0,5 – 1,5% Recém-nascidos até 6% Valores aumentados: anemia hemolítica, hiperplasia medular, doença hemolítica do recém-nascido e hemorragias pós-cirúrgicas. Valores diminuídos: anemias carenciais, aplasias medulares e anemias não-hemolíticas. COAGULOGRAMA Plaquetas (plaq/mm3) 150.000 – 400.000 Tempo de sangramento Até 3 minutos Tempo de coagulação 5 – 10 minutos Tempo de protrombina 10 – 14 segundos Atividade de protrombina 70 – 100% RNI Até 1,15 Tempo de tromboplastina parcial 20 – 35 segundos Tempo de protrombina útil no risco cirúrgico, detecção de alterações nos fatores de coagulação, principalmente no acompanhamento de pacientes com hipovitaminose K. AVALIAÇÃO BIOQUIMICA DO SANGUE ACIDOS GRAXOS LIVRES – jejum 12h Adultos 0,28 – 0,89mmol/L Valores aumentados: deficiência / resistência insulínica, jejum prolongado e cetoacidose. EXAMES LABORATORIAIS Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br 2 ÁCIDO ÚRICO (mg/dL) – jejum 8h ♂ 3,5 – 7,2 ♀ 2,6 – 6,0 Valores aumentados: dietas de alto teor de purinas, medicamentos e doença tipo gota. ADIPONECTINA (mcg/mL) – jejum 12h ♂ - IMC>25kg/m2 0,8 – 16,4 ♀- IMC>25kg/m2 3,7 – 23,3 Secretado pelos adiopócitos, com efeitos antiaterogênicos e anti-inflamatório. APOLIPOPROTEÍNA A-I (mg/dL) – jejum 12h ♂ 115 -190 ♀ 115 – 220 Valores aumentados: dislipidemia familiar, exercício vigoroso e uso moderado de álcool. Está associada ao HDL. Valores menores estão associados a risco de DCV. APOLIPOPROTEÍNA B (mg/dL) – jejum 12h. Deve ser suspenso qualquer medicamento à base de andrógenos, diuréticos e corticoides. ♂ 70 – 160 ♀ 60 – 150 Está associada ao LDL. Valores altos estão associados a risco de DCV. COLESTEROL TOTAL E FRAÇÕES (mg/dL) – jejum 12h Adultos Pediatria (2 – 19 anos) Categoria COL <200 200 – 239 ≥240 <150 150- 169 ≥170 Òtimo Limitrofe Alto HDL <40 >60 - - - >45 Baixo Alto Desejável LDL <100 100 – 129 130 – 159 160 – 189 ≥190 - <100 100 – 129 ≥130 - Òtimo Desejável Limitrofe Alto Muito alto TG <150 150- 199 200 – 499 ≥500 <100 100 – 129 ≥130 - Òtimo Limitrofe Alto Muito alto CREATININA (mg/dL) ♂ 0,7 – 1,6 ♀ 0,6 – 1,1 Marcadora de função renal, em razão da creatinina endógena ser proporcional à massa muscular, a produção varia com a idade e gênero. Prioriza-se o Clearence de creatinina. Exercícios severos e ingestão de altas quantidades de carne podem causar aumentos significativos na excreção de creatinina, enquanto a diminuição da massa muscular nos idosos provoca diminuição. FERRITINA (ng/mL) – jejum 12h. Tabagismo e dieta rica em CHO alteram o resultado do exame. ♂ 30 – 300 ♀ 10 – 200 Composto principal de armazenamento de ferro. Ferritina inferior a 12ng/mL pode confirmar o diagnóstico de deficiência de ferro. FERRO (mcg/mL) – jejum 8h. Adultos 30 - 160 Valores aumentados estão associados a hemocromatose hereditária. FOSFATASE ALCALINA (UI/L) – jejum 8h. Adultos 40 - 130 Valores aumentados estão associados a distúrbios do trato biliar, hepatites, doença de Paget, neoplasias, hiperparatireoidismo, osteomalácia e raquitismo. FRUTOSAMINA – jejum 8h. Adultos Variável, de acordo com o teor de albumina na amostra Corresponde ao conjunto das proteínas glicosadas, das quais a maior parte se deve à albumina. É útil na avaliação da eficácia de uma mudança terapêutica, sendo mais precocemente afetada que a hemoglobina glicada. Utilizada no monitoramento do DM gestacional. GAMA GLUTAMILTRANSFERASE / GGT (UI/L) – jejum 8h. Suspender paracetamol e anticonvulsivantes. ♂ <50 ♀ <30 Valores aumentados: doenças hepáticas, alcoolismo crônico e icterícia obstrutiva. GLICOSE (mg/dL) – jejum 8 a 14h. Não DM 60 – 99 Pré-DM 100 – 126 DM >126 HEMOGLOBINA GLICADA (%) – jejum não obrigatório. Não DM <6% DM controlados 6 – 8% DM descompensados >8% Associada ao controle glicêmico de pacientes diabéticos. INSULINA (mcUI/mL) – jejum 8h Adultos 2,5 - 25 Para avaliação da resistência à insulina, utiliza-se o método HOMA, onde: HOMA = [glicose de jejum x insulina de jejum] / 22,5 LEPTINA (ng/mL) – jejum 4h. ♂ 70 – 160 ♀ 60 – 150 Peptídeo sintetizado pelos adipócitos, desempenha função na regulação da ingestão alimentar e no aumento do gasto energético. PROTEÍNA C-REATIVA (PC-R mg/dL) – jejum 8h. Risco de DCV -baixo -moderado - alto <1 1 – 3 >3 Prova inflamatória Normal <0,5 3 Principal proteína de fase aguda dos processos inflamatórios. Pode estar elevada nos processos infecciosos, inflamatórios e neoplasias. PROTEÍNAS TOTAIS E FRAÇÕES (g/dL) – jejum 4h. Proteínas totais 5,5 – 8 Albumina 3,5 – 5,5 Globulinas 2 – 3,5 Rel Albumina/globulina >1,0 Utilizadas como apoio ao diagnóstico nutricional. Resultados baixos da relação albumina/globulina ocorrem nos casos de cirrose, glomerulopatias, mieloma, sarcoidose, doenças granulomatosas, colagenoses, infecções agudas, caquexia, queimaduras e doenças inflamatórias intestinais. TRANSAMINASES HEPÁTICAS (UI/L) – jejum 8h. AST <35 ALT <35 Provas de função hepática, valor no diagnóstico de hepatites virais, tóxicas e doenças necróticas do fígado. TRANSFERRINA (mg/dL) – jejum 8h. Adultos 230 – 390 Principal proteína de transporte de ferro. Em situações carenciais de ferro sua produção é aumentada. Utilizada no diagnóstico diferencial de anemias e no monitoramento do tratamento. URÉIA (mg/dL) – jejum 8h. Adultos 10 – 40 Principal produto nitrogenado do metabolismo de proteínas e aminoácidos. Sofre influência de problemas renais, desidratação, excessiva quantidadede proteína da dieta e catabolismo proteico aumentado. Transforma-se a ureia urinária em nitrogênio, dividindo-se a ureia por 2,14. TESTE DO ESTADO DE MICRONUTRIENTES. 4 5 6 AVALIAÇÃO LABORATORIAL DE URINA ELEMENTOS ANORMAIS DO SEDIMENTO – EAS. Refere-se à pesquisa qualitativa de vários elementos na urina – proteínas, açúcares, corpos cetônicos, pigmentos biliares, hormônios, cristais e células anormais e verificações de características da amostra (pH, aspecto, cor, odor, densidade, transparência e volume). O exame microscópico pode relevar a presença de eritrócitos (0 – 2/campo), leucócitos (0 – 5), bactérias (ausentes e raras) e cristais (ausentes). ANÁLISE DA URINA DE 24 HORAS - A principal análise é a microalbuminúria, sendo normal entre 30 – 300mg. Valores elevados estão associados a lesão glomerular, principalmente entre hipertensos e DM. 7 AVALIAÇÃO LABORATORIAL DE FEZES INVESTIGAÇÃO DE PROCESSOS INFECCIOSOS A investigação dos processo infecciosos em amostras fecais compreende, especialmente, os exames parasitológicos de fezes, a detecção de antígenos e a coprocultura. O exame parasitológico de fezes é um procedimento de rotina quando há suspeita de infecções causadas por protistas e metazoários, os quais podem ser encontrados nas fezes. Não existe um método capaz de investigar todos os agentes infecciosos nas fezes. A detecção de antígenos específicos de Entamoeba e Giardia tem apresentado resultados satisfatórios, podendo ser útil para a investigação daqueles enfermos que apresentam sinais e sintomas das doenças e que tenha exames persistentemente negativos. A coprocultura é o exame bacteriológico do material fecal. Na coprocultura, as fezes devem ser examinadas o mais precoce possível. Micro-organismos envolvidos em diarreias, fonte provável de infecção, período de incubação: Micro-organismo Fonte de infecção ou condição predisponente Período de incubação Aeromonas spp. Água Desconhecido Bacilus cereus Carnes, vegetais 6 a 24 horas Campylobacter jejuni Água, leite, carnes 3 a 11 dias Clostridium difficile Terapia antimicrobiana 4 a 9 dias Clostridium perfringens Carnes 8 a 16 horas Escherichia coli enterotioxinogênica Alimentos em geral, água 4 a 24 horas Escherichia coli enteroinvasiva Alimentos em geral 8 a 24 horas Escherichia coli enterohemorragica Carnes, leite 3 a 5 dias Plesiomonas shigelloides Água, pescados 1 a 2 dias Salmonella spp Alimentos em geral 8 a 72horas Shigella dysenteriae Água 3 a 5 dias Outras Shigella Água, alimentos em geral 8 a 72 horas Staphylococcus aureus Carnes, laticínios 1 a 6 horas Vibrio cholerae Água, pescados 1 a 5 dias Vibrio parahaemolyticus Pescados 15 a 24 horas Yersínia enterocolitica Água, alimentos em geral 16 a 48 horas COPROLOGIA FUNCIONAL É denominado prova de digestibilidade. Compreende o estudo das funções digestivas do TGI e das glândulas anexas, permitindo diagnosticar as diferentes síndromes corpológicas, como: - insuficiência gástrica, pancreática e biliar; - hipersecreção biliar; - desvios de microbiota bacteriana; Síndrome ileal e cecal; - constipação; - colites; e - outras alterações do trânsito intestinal. Dieta e coleta: Algumas precauções devem ser tomadas na realização da coprologia funcional: - o enfermo não deve usar laxantes e antiácidos nos três dias anteriores e durante a coleta; - deve evitar o uso de bebidas gasosas e alcoólicas durante os três dias que antecedem a coleta; - crianças até 12 anos devem consultar o médico para avaliar a necessidade de alterar a dieta; - Para enfermos maiores de 12 anos e adultos, recomenda-se que nas 72h que antecedem o exame sejam consumidos – no desjejum e no lanche – alimentos com manteiga, leite e queijos. No almoço e jantar – arroz, batata cozida, feijão, carnes e, de sobremesa, preferencialmente banana. - No quarto dia deve coletar todo o material fecal da primeira evacuação (o volume mínimo necessário para o exame é de 20g); - coletar em recipientes limpos e secos; - Entregar ao laboratório em no máximo 2h após coleta ou, mantê-la refrigerada em 2 – 8ºC. 8 9 PESQUISA DE GORDURA FECAL A deficiência de lipases intestinais na doença do pâncreas aumenta o teor de gorduras neutras e proteínas não digeridas, pela falta concomitante de proteases pancreáticas. As doenças do fígado e do trato biliar capazes de produzir esteatorréia geralmente são acompanhadas de icterícia e outras alterações bioquímicas do sangue anteriores ao quadro típico. AMOSTRA: Com o paciente sob dieta adequada, as fezes são recolhidas em 72 horas e mantidas na geladeira com indicação de data e hora de coleta (vasilhame plástico, lata ou vidro de boca larga). VOLUME NECESSÁRIO: Todo o volume de fezes colhidas nas evacuações do quarto, quinto e sexto dias (mantendo- se a dieta). Consideram-se patológicas as fezes que contêm alto teor de gordura acima de 25%. Dieta: no mínimo 1g/kg de gordura além da dieta habitual, mantida por 6 dias. Adultos devem aumentar (além do habitual) 3 colheres de sopa (CS) de azeite de oliva, 2 CS creme de leite, 1 CS manteiga e duas fatias de queijo. Crianças abaixo de 1ano não necessitam de gordura adicional. Crianças de 1 a 2 anos devem acrescentar creme de leite, requeijão ou queijo prato ás refeições. OBSERVAÇÕES: – Consultar o médico assistente quanto ao uso de outros medicamentos; – Não usar purgativos, laxantes, antiácidos e talco. Em caso de constipação intestinal, pode ser administrado supositório de glicerina; – Não colher as fezes no período menstrual; – Evitar a contaminação com urina, água ou outros elementos; – Em caso de crianças pequenas, recolher as fezes da fralda, logo após a evacuação; – Para esse exame, é contra-indicado o uso de óleos minerais, óleo de rícino e enemas (bário). PESQUISA DE SANGUE OCULTO NAS FEZES Permite diagnosticar ulceração no trato digestivo. As causas mais comuns de sangramento gastrointestinal superior são úlcera péptica, varizes esofagianas, gastrite e câncer gástrico. No intestino baixo, as causas mais freqüentes de sangramento são colite, carcinoma de cólon e diverticulite. Medicamentos como aspirina, salicilatos, esteróides, derivados de rauwolfia, indometacina e colchicina também são responsáveis por sangramentos gastrointestinais. Devem ser evitados por 3 dias antes do exame. Quando houver esse tipo de suspeita, pelo menos três amostras de fezes devem ser examinadas. Medicamentos à base de ferro podem levar a resultados falso-positivos. AMOSTRA: Fezes recentemente colhidas (frasco plástico) após dieta adequada. VOLUME NECESSÁRIO: 5g (1/3 do recipiente coletor) para fezes moldadas ou líquidas. ORIENTAÇÕES: Dieta mantida por dois dias consecutivos. Devem ser evitados: - Alimentos ricos em ferro: Carnes vermelhas e/ou sanguinolentas, ovos, broto de feijão e feijão preto; - Vegetais verdes e com grande quantidade de peroxidase: brócolis, couve-flor, espinafre, nabo e rabanete. –Alimentos ricos em vitamina C; – Bebidas alcoólicas. COLETA: Ao final do segundo ou terceiro dia pela manhã, mantendo a dieta, coletar uma amostra de fezes e enviar ao laboratório. OBSERVAÇÕES: – Não usar purgativos. Em caso de constipação intestinal, pode ser administrado supositório de glicerina; – Não colher fezes durante a menstruação ou quando houver sangramento local; – Consultar o médico assistente quanto ao uso de outros medicamentos; – Evitar a contaminação com urina, água ou outros elementos; – Em caso de crianças pequenas, recolher as fezes da fralda logo após a evacuação; – Para esse exame é contra-indicado o uso de óleos minerais e enemas (bário); – A dieta poderá ser dispensada por solicitação médica, o que deve ser informado no recebimento da amostra. 10 DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTÉICA ALBUMINA SÉRICA (mg/dL) Nutrido >3,5 Leve 3 – 3,5 Moderada 2,4 – 2,9 Grave <2,4 Meia-vida 20 dias. Reduzida na desnutrição, doenças hepáticas, ICC, doenças hepáticas, inflamação e infecções. TRANSFERRINA SÉRICA (mg/dL) Leve 150 – 200 Moderada 100 – 150 Grave <100 Meia-vida 8 dias. PREALBUMINA SÉRICA (mg/dL)Nutrido 15,1 – 42 Leve 10 – 15 Moderada 5 – 9,9 Grave <5,0 Meia-vida 2 a 3 dias. PROTEÍNA LIGADA AO RETINOL SÉRICA (mEq/dL) – mais sensível Nutrido 3 – 5 Meia-vida 10 – 12h. Mais sensível ás alterações nutricionais. Reduzida na carência de vitamina A e zinco, doenças hepáticas e infecções graves. ÍNDICE CREATININA-ALTURA (ICA) Durante a desnutrição e patologias hipercatabólicas, a degradação intensa do músculo-esquelético pode ser aferida a partir da dosagem da creatinina urinária utilizando o ICA. Representa um bom indicador de reserva protéica muscular. Depende da coleta adequada de urina de 24h ou oligúria. ICA = creatinina urinária 24h x 100 / excreção ideal por sexo 11 ICA Nutrido >80 DEP Moderada 60 – 80 DEP Grave <60 3-METIL-HISTIDINA Associada ao catabolismo protéico. Parâmetro de seguimento nutricional, recuperação nutricional e catabolismo muscular. BALANÇO NITROGENADO (BN) Reflete a dinâmica protéica. BN = (PTN ingerida)/6,25 – (uréia urinária)/2,14 + 4 + outras perdas 0 Equilíbrio + Anabolismo - Catabolismo CONTAGEM TOTAL DE LINFÓCITOS (CTL) Avalia a competência imunológica. CTL = [% linfócitos x leucócitos]/100 Depleção leve 1.200 – 2.000 céls/mm3 Depleção moderada 800 – 1.199 céls/mm3 Depleção grave <800 céls/mm3 ÍNDICE DE PROGNÓSTICO NUTRICIONAL (IPN) Foi desenvolvido por Buzby para pacientes cirúrgicos, na tentativa de prever o risco de morbidade pós-cirúrgica. Este índice permite uma intervenção nutricional objetivando melhorar o quadro clínico e nutricional antes do ato cirúrgico. ÍNDICE DE RISCO NUTRICIONAL (IRN) Esse índice associa parâmetros empregados na avaliação nutricional em fórmula específica que tem por objetivo estabelecer associação entre o estado nutricional e a morbimortalidade, ou seja, visa determinar o risco que o paciente apresenta submetido a um fator injúria qualquer, estando sob uma condição nutricional insatisfatória. 12 ÍNDICE PROGNÓSTICO NUTRICIONAL HOSPITALAR (INH) Foi desenvolvido por Harley et al (1981), sendo calculado a partir da seguinte fórmula: ÍNDICE PROGNÓSTICO INFLAMATÓRIO NUTRICIONAL (IPIN) O IPIN é calculado a partir dos valores de duas proteínas positivas, proteína C reativa e alfa-1-glicoproteína ácida e duas negativas, albumina e transtirretina. Este índice tem sido usado para caracterizar pacientes críticos, tendo invariabilidade e precisão para prever o risco de complicações e morte desses pacientes. DIABETES (DM) DIAGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO LABORATORIAL - Glicemia Diagnóstico Glicemia (mg/dL) Jejum 2h após 75g de glicose Casual Normal <100 <140 - Pré-DM ≥100 e <126 ≥140 e <200 - DM ≥126 ≥200 ≥200 + sintomas - Hemoglobina Glicada (%) Normal 5 – 5,5 Maior risco de Pré-DM 5,5 – 6 Pré-DM 5,7 – 6,4 DM ≥6,5 DIABETES GESTACIONAL Glicemia (mg/dL) Jejum 1h após 75g de glicose 2h após 75g de glicose SBD 2009 ADA 2011 ADA 2011 SBD 2009 ADA 2011 110 92 180 140 153 SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes ADA – Associação Americana de Diabetes CONTROLE ADEQUADO DO DM Definido pelos seguintes critérios: - Ausência de glicosúria; - Glicemia de jejum <110mg/dL; - Pós-prandias (2h após refeições) <140mg/dL; sendo inaceitáveis <60 ou >240mg/dL; - Hb1AC ≤7%. INSULINA É um peptídeo sintetizado pelas células beta das ilhotas de Langerhans do pâncreas, e sua secreção é controlada pelos níveis de glicemia, estímulos nervosos e hormonais. Diversas formas de resistência à insulina, por diferentes mecanismos, vêm sendo descritas. A causa mais conhecida é a que acompanha a obesidade, com níveis de insulina elevados e resposta exagerada após a sobrecarga glicídica. Nestes casos, há elevação da insulinemia diante de níveis normais ou altos de glicemia. A dosagem da insulinemia se altera com a presença de anticorpos anti-insulina; nesses casos, a dosagem do peptídeo C pode ser usada para o estudo de secreção da insulina. VR: 2,5 – 25UI/mL. Para avaliação da resistência insulínica podem ser utilizados os índices: HOMA-IR Prediz o nível de resistência à insulina a partir da glicemia e insulinemia basal. Requer cautela e acompanhamento individual. HOMA: glicose de jejum (mmol/L) x insulina de jejum (μU/mL) / 22,5 13 QUICKI Método simples e de baixo custo para avaliação de resistência à insulina. QUICKI: 1 / [log (insulina de jejum) + log (glicemia de jejum)] PEPTÍDIO C Após a clivagem da pró-insulina, o peptídeo C é secretado em proporção equimolar, junto com a insulina, embora, ao contrário dela, não sofra extração hepática. Sua dosagem não se altera na presença de anticorpos anti-insulina, refletindo, nestes casos, melhor que a insulina, a capacidade secretória das células beta. Sua principal utilização é a avaliação da reserva de insulina endógena, auxiliando na orientação terapêutica. Valores baixos indicariam indivíduos insulino-dependentes; porém, não se consegue uma identificação completa destes pacientes pela avaliação dos níveis basais ou estimulados do peptídeo C. A hipoglicemia factícia caracteriza-se por níveis elevados de insulina e níveis indetectáveis do peptídeo C. Na presença de hipoglicemia, valores elevados podem ser encontrados em casos de insulinoma. Em jejum 0,5 – 3ng/mL Após estímulo com glucagon 1,5 - 9ng/mL CLAMP EUGLICÊMICO Objetiva avaliar a sensibilidade tecidual à insulina, além de avaliar a sensibilidade tecidual em situações constantes de glicemia e insulinemia. CROMO A deficiência pode predispor o indivíduo à resistência à insulina. Soro 0,05 – 5,0mcg/L Hemácias 20 – 36mcg/L Urina 0,1 – 2,0mcg/L DOENÇAS DE TIREÓIDE HIPOTIREOIDISMO CLÍNICO T4 baixo associado a TSH elevado. HIPERTIREOIDISMO T4 elevado associado a TSH baixo. BOCIO NODULAR TÓXICO T4 normal associado a TSH baixo e T3 alto. VR – segundo laboratório. METABOLISMO DE CÁLCIO VITAMINA D, PTH E OSTEOPOROSE OSTEOPOROSE O diagnóstico é feito mediante densitometria óssea (DMO), onde: Normalidade: DMO com escore T >-1DP; Osteopenia: DMO com escore T -1DP a > -2,5DP; Osteoporose: DMO com escore T <-2,5DP. O escore T corresponde aos valores do pico de massas óssea para jovens, segundo sexo. Risco acentuado de fraturas: DMO <-2,5DP. CÁLCIO SÉRICO (TOTAL E IONIZADO) Constitui cerca de 1,5 – 2% do peso corporal e 39% dos minerais do corpo humano. Aproximadamente 99% está presente nos ossos e dentes, na forma de hidroxiapatita, sendo o cálcio dos dentes não-permutável. FÓSFORO SÉRICO A concentração de fósforo sérico é regulada, conforme metabolismo do cálcio, depende da tríade PTH, vitamina D e calcitonina. PARATORMÔNIO (PTH) PTH, em conjunto com vitamina D e calcitonina, tem por função manter a homeostase de cálcio e fósforo. A homeostase resulta de um equilíbrio entre ingestão alimentar e absrção intestinal em relação à reabsorção tubular renal e à remodelagem óssea regulada por esses hormônios. VITAMINA D Utiliza-se a 25(OH)D, pois é o único metabólito da vitamina D utilizado para determinar o estado nutricional de vitamina D. Meia vida de 2 a 3 semanas. Consiste na soma da vitamina D ingerida pela dieta e da exposição à luz solar (produção endógena). FOSFATASE ALCALINA ÓSSEA ESPECÍFICA (OE) Auxilia no diagnóstico diferencial, orientando ainda quanto às avaliações hormonais e bioquímicas específicas a serem realizadas como complementação diagnóstica de doenças ósseas. Cálcio sérico (mg/dL) Total Ionizado 8,8 – 10,2 4,0 – 5,6 Fósforo sérico (mg/dL) 2,7 – 4,5 Fosfatase alcalina OE VR do laboratório PTH (pg/mL) 10 - 65 25(OH)D (pg/mL) 20 – 76 DISLIPIDEMIA CLASSIFICAÇÃO DAS DISLIPIDEMIAS - Hipercolesterolemia isolada – elevação isolada do colesterol total (CT), em geral por aumento de LDL. - Hipertrigliceridemia isolada elevação isolada dos triglicerídeos (TG). - Hiperlipidemia mista – aumento de CT e TG. - HDL baixo. 14 CLASSIFICAÇÃO FENOTÍPICA (FREDRICKSON) Se baseia no padrão das lipoproteínas associadas a concentrações elevadas de CT e/ou TG. Fenótipo QM VLDL IDL LDL Tipo 1: CT: N ou ↑ TG: ↑↑ X Tipo IIa CT: ↑ TG: N X Tipo IIb CT: ↑↑ TG: ↑↑ X X Tipo III CT: ↑ TG: ↑ X TipoIV CT: N TG: ↑ X Tipo V CT: ↑ TG: ↑↑ X X N – normal; ↑ - pouco elevado; ↑↑ - muito elevado. ASPECTOS LABORATORIAIS DAS DISLIPIDEMIAS Segundo o NCEP, a avaliação do perfil lipídico deve ser realizado em todos os indivíduos com idade superior a 20 anos, com acompanhamento a cada 5 anos para aqueles com valores dentro da normalidade. COLESTEROL TOTAL E FRAÇÕES (mg/dL) – jejum 12h Adultos Pediatria (2 – 19 anos) Categoria COL <200 200 – 239 ≥240 <150 150- 169 ≥170 Òtimo Limitrofe Alto HDL <40 >60 - - - >45 Baixo Alto Desejável LDL <100 100 – 129 130 – 159 160 – 189 ≥190 - <100 100 – 129 ≥130 - Òtimo Desejável Limitrofe Alto Muito alto TG <150 150- 199 200 – 499 ≥500 <100 100 – 129 ≥130 - Òtimo Limitrofe Alto Muito alto LIPOPROTEÍNA (a) A Lp(a) é uma lipoproteína com grande semelhança estrutural com o colesterol LDL (low density lipoprotein). É considerada por muitos autores como um fator de risco independente para o desenvolvimento de doença cardiovascular aterosclerótica. Níveis acima de 30mg/dL são considerados de risco para DCV. Não deve ser realizada rotineiramente. ÍNDICE DE CASTELLI (IC) Consiste na combinação entre níveis plasmáticos de CT, LDL e HDL, para verificar a influência de cada uma das frações de colesterol no risco de DCV. IC – 1 = CT / HDL ♂ Até 5,1 ♀ Até 4,4 IC – 2 = LDL / HDL mais indicado para visualizar o risco de enfermidade cardiovascular. ♂ Até 3,3 ♀ Até 2,9 PANCREATITE AGUDA DIAGNÓSTICO LABORATORIAL É realizado o diagnóstico de pancreatite aguda pelo quadro clínico (dor abdominal, distensão, náuseas e vômitos); exames de imagem (TC de abdômen) e por métodos bioquímicos (níveis de enzimas pancreáticas em soro). Os níveis séricos de amilase aumentam dentro de 2 – 12hapós início do quadro clínico, permanecendo elevada durante 3 a 5 dias. É a enzima mais solicitada na prática clínica, pois possui 94% de sensibilidade. AMILASE – VR 28 – 100UI/L. A lipase eleva-se no sangue em 4 – 8 horas após manifestação dos sintomas. Atinge pico em 24h e normaliza em 8 – 14 dias. Possui alta especificidade. LIPASE – VR <160UI/L. Outras alterações incluem: elevação de hematócrito, leucócitos, escórias nitrogenadas, creatinina, VHS, desidrogenase láctica, PC-R, IL-6, AST, ALT e calcemia. DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO HEPÁTICA A seguir serão descritos os principais marcadores laboratoriais utilizados na avaliação e no acompanhamento das doenças hepáticas crônicas. ALBUMINA E PROTROMBINA São proteínas de síntese hepática, A atividade de protrombina reduzida e a hipoalbuminemia confirmam disfunção hepatocelular. PROVAS DE FUNÇÃO E MARCADORES INFLAMATÓRIOS A seguir são descritas as provas de função hepáticas. 15 16 17 18 CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA E ÍNDICES DE PROGNÓSTICO Determinar o prognóstico de pacientes com doença hepática crônica é imprescindível para verificar quais teriam indicações e maiores benefícios em caso de transplante hepático. Torna-se necessário a classificação da gravidade de doença com base nos índices Child-Pugh e pelo MELD (model for end-stage liver disease), usados classicamente como índices de prognóstico. INDICE DE CHILD-PUGH Classificação de acordo com o grau de disfunção hepática para direcionar a terapia, leva em consideração o grau de encefalopatia hepática, ascite, albumina, bilirrubina total, tempo de protrombina, RNI (relação normatizada internacional no coagulograma). Soma-se os pontos para cada variável critério. Critério 1 ponto 2 pontos 3 pontos Encefalopatia - Grau 1 – 2 Grau 3 – 4 Ascite - Leve Moderada, grave ou refratária Albumina >3,5 2,8 – 3,5 <2,8 Bilirrubina Total <2,0 2 – 3 >3,0 Tempo de protrombina <4s 4 – 6s >6s RNI <1,7 1,7 – 2,3 >2,3 MELD Baseia-se no risco do paciente morrer aguardando o transplante de fígado e considera a creatinina sérica, bilirrubina total e RNI. A equação para calcular o escore é a seguinte: MELD = {9,57 x loge creatinina mg/dL + 3,78 x loge bilirrubina (total) mg/dL + 11,20 x loge RNI + 6,42] Arredonda-se o resultado para o próximo número inteiro. O valor mínimo aceitável para qualquer uma das variáveis é 1,0. Escore Abordagem ≥25 Repetir exames a cada 7 dias. 24 a 19 Repetir exames a cada 30 dias. 18 a 11 Repetir exames a cada 90 dias. ≤10 Repetir exames a cada ano. ÍNDICE DE PROGNÓSTICO GLASGOW HEPÁTICO Prediz risco de mortalidade após cirurgia de ressecção de CA hepático primário. Leva em consideração os níveis de PC-R e albumina. IPGH Valores séricos Sobrevida 0 PC-R <0,3mg/dL Albumina ≥3,5g/dL 9,7 anos 1 PC-R >0,3mg/dL Albumina ≥3,5g/dL 8 anos 2 PC-R >0,3mg/dL Albumina <3,5mg/dL 4 anos FUNÇÃO INTESTINAL AVALIAÇÃO LABORATORIAL DE MÁ-ABSORÇÃO DE CARBOIDRATOS (CHO) Incluem as provas da D-xilose, pesquisa de substâncias redutoras nas fezes e pH fecal, e o teste de tolerância à lactose. TESTE DE D-XILOSE É um monossacarídeo inexistente no sangue em condições normais. Sua má-absorção é indicativa de lesão de mucosa de intestino delgado. PESQUISA DE SUBSTÂNCIAS REDUTORAS (PSR) NAS FEZES E PH FECAL Exames úteis na determinação de deficiência de dissacaridases, ocorrendo fermentação dos dissacarídeos em cólon. PSR (+) quando há mono ou dissacarídeos nas fezes. pH fecal < 5,5 indicativo de má-absorção de CHO. TESTE DE TOLERÂNCIA À LACTOSE É usado para avaliar insuficiência enzimática (lactase) intestinal, resultante de dano ou disfunção da mucosa em casos de deficiência idiopática, espru, doença celíaca e gastroenterite. Deve-se considerar a diferença entre a glicemia basal e o maior valor da glicose em qualquer momento da curva. O indivíduo é considerado intolerante quando for menor que 20mg/dL. São colhidas amostras basais e aos 30 e 60 minutos após uma sobrecarga de lactose. A dose ingerida por adultos é de 50g. AVALIAÇÃO LABORATORIAL DE MÁ-ABSORÇÃO DE PROTEÍNAS (PTN) Faz-se a determinação da alfa-1-antitripsina. Sua presença nas fezes correlaciona-se positivamente com a perda protéica intestinal. AVALIAÇÃO LABORATORIAL DE MÁ-ABSORÇÃO DE GORDURAS Faz-se a pesquisa de gordura fecal. A deficiência de lipases intestinais na doença do pâncreas aumenta o teor de gorduras neutras e proteínas não digeridas, pela falta concomitante de proteases pancreáticas. As doenças do fígado e do trato biliar capazes de produzir esteatorréia geralmente são acompanhadas de icterícia e outras 19 alterações bioquímicas do sangue anteriores ao quadro típico. O teste padrão-ouro é o Van de Kamer. É um exame de difícil realização. Com o paciente sob dieta adequada, as fezes são recolhidas em 72 horas e mantidas na geladeira com indicação de data e hora de coleta (vasilhame plástico, lata ou vidro de boca larga), após uma ingestão por 5 a 7 dias de uma dieta com 35% do VCT em gordura. Valores de 5 a 7g são considerados sugestivos de esteatorréia. Superiores a 7g são diagnósticos de esteatorréia. O teste qualitativo verifica o tamanho e número de gotículas de gordura em campo microscópico e é dado em cruzes. Normal (+) até 100gts/campo, com diâmetro de 4mcm. Aumentada (++) até 100gts/campo, com diâmetro de 4 – 8mcm (esteatorréia moderada). Muito aumentada (+++) mais que 100gts/campo, com diâmetro de 6 a 75mcm (esteatorréia acentuada). Outro teste é após a preparo laboratorial das fezes em tubo capilar, onde é dita inferior (fezes sólidas não gordurosas), intermediária (fezes líquidas) ou superior (camada gordurosa). ALERGIAS ALIMENTARES Reação adversa ao alimento é a denominação empregada para qualquer reação anormal à ingestão de alimentos ou aditivos alimentares, independentemente de sua causa. Podendo ser tóxicas ou não. As principais manifestações clínicas de alergia alimentar estão relacionadas aos agentes etiológicos envolvidos. Para o diagnóstico, o ponto de partida é a anamnese, que deve ser bastante minuciosa. Os dados obtidos permitem ao médico decidir sobre a possibilidade do sintoma se tratar de alteração imunológica (alergia), sugerir o alimento desencadeante e estabelecer o mecanismofisiopatológico envolvido, direcionando a investigação para confirmação diagnóstica. Abaixo seguem os principais fatores de risco para alergia alimentar. 20 A avaliação laboratorial é complementar à anamnese, sendo importante ressaltar que os exames acessíveis ao diagnóstico estão em sua parte relacionados À fração IgE. A pesquisa de IgE específica é feita pelo teste de puntura ou skin prick test ou in vitro através de teste de ImmunoCAP, a técnica mais utilizada atualmente. Alérgeno (idade de introdução do alimento) IgE (kUI/L) Leite de vaca (< 2 anos) ≥5,0 Leite de vaca (> 2 anos) ≥15,0 Ovo (<1 ano) ≥10,9 Ovo (>1 ano) ≥13,2 Amendoim ≥14,0 Frutas oleaginosas ≥15,0 ANEMIAS CARENCIAIS A anemia é uma condição clínica relacionada a alterações no tamanho ou número de eritrócitos (hemácias). Segundo a OMS, tem-se os seguintes pontos anormais de hemoglobina que necessitam de investigação adicional: Ciclo de vida Hb Homens adultos <13g/dL Escolares, adolescentes e mulheres adultas <12g/dL Gestantes, lactentes e pré- escolares <11g/dL As anemias podem surgir por deficiência de nutrientes (ferro, vitamina B12, ácido fólico, cobre, piridoxina, riboflavina e proteína) ou por patologias (anormalidades genéticas, doenças de TGI, toxicidade por fármacos e cirro hepática). 21 22 23 NUTRIÇÃO NA ADOLESCÊNCIA A adolescência é marcada por intensas modificações físicas, psíquicas, comportamentais e sociais. Após o nascimento, é o único momento em que o ser humano apresenta aceleração na velocidade de crescimento estatural e no ganho de peso, nos demais casos, mesmo com crescimento intenso, há desaceleração dessa velocidade. Compreende o período dos 10 aos 19 anos de idade. A lei Brasileira, segundo Estatuto da Criança e do Adolescente, considera adolescente o indivíduo de 12 a 18 anos de idade (WEFFORT & LAMOUNIER, 2009). É dito pré-púbere na faixa de idade de 10 a 14 anos, púbere de 14 a 16 anos e pós-púbere dos 16 aos 20 anos (WEFFORT & LAMOUNIER, 2009). OMS adolescência – intervalo entre os 10 aos 19 anos. Comparando-se os sexos, as meninas iniciam o desenvolvimento púbere dois anos antes dos meninos. A fase de pico de crescimento é dependente da fase de maturação sexual. Entre as alterações biológicas, destaca-se o estirão de crescimento, maturação sexual e modificações na composição corporal. Os adolescentes ganham cerca de 20% da altura e 50% do peso corpóreo e massa óssea de um indivíduo, no início de sua vida adulta. AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO E MATURAÇÃO SEXUAL Os estágios de maturação sexual serão verificados através da aplicação das tábuas de maturação de Tanner. Tabela 1: Maturação sexual segundo Tanner - meninos. Tabela 1 (continuação): Maturação sexual segundo Tanner - meninas. Durante a puberdade, o crescimento estatural médio anual dos meninos é de 9 a 10 cm e o ganho ponderal é de 8kg. O crescimento estatural médio anual das meninas é de 8cm/ano e o ganho ponderal é de 6 a 8kg. ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS (KRAUSE, 2013) O desenvolvimento cognitivo e emocional do adolescente pode ser dividido em adolescência inicial, intermediária e final. Adolescência inicial O adolescente possui as seguintes características: - preocupação com o corpo e a imagem corporal; - confia e respeita os adultos; - é ansioso quanto às suas relações com os colegas; - é ambivalente quanto a sua autonomia. Adolescência intermediária Um adolescente na fase intermediária caracteriza-se por: - é muito influenciado por seu grupo de colegas; - desconfia dos adultos; NUTRIÇÃO NOS CICLOS DA VIDA ADOLESCÊNCIA, ADULTO E GERIATRIA Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br 24 - vê a independência como algo muito importante; - experimenta um desenvolvimento cognitivo significante. Adolescência final O adolescente possui as seguintes características: - estabeleceu uma imagem corporal; - está orientado em direção ao futuro e está fazendo plano; - está cada vez mais independente; - é mais consistente em seus valores e crenças; - está desenvolvendo intimidade e relações permanentes. AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO - ESTIMATIVA DA ESTATURA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM LIMITAÇÕES FÍSICAS Existe a estimativa de altura de crianças e adolescentes com limitações físicas uso das medidas de membros superiores (CSB), do membro inferior a partir do joelho (CJ) e do comprimento tibial (CT). MEDIDA DO SEGMENTO ESTATURA ESTIMADA (cm) DP (cm) CSB E = (4,35 X CSB) + 21,8 +1,7 CT E = (3,26 X CT) + 30,8 +1,4 CJ E = (2,69 X CJ) + 24,2 +1,1 Tabela 2: Estimativa de altura em crianças e adolescentes com limitações físicas segundo WEFFORT & LAMOUNIER (2009) ÍNDICE DE MASSA CORPORAL PARA A IDADE (IMC/I) Para avaliar o estado nutricional do adolescente, a OMS preconiza o uso do IMC, o qual deve ser avaliado de acordo com a idade e sexo (o IMC aumenta com o passar da idade). Os pontos de corte foram definidos por meio de estudo de validação, considerando a morbimortalidade por doenças associadas ao baixo peso e ao sobrepeso. Segundo CHEMIN & MURA, é um indicador para triagem e não para diagnóstico de alterações nutricionais. No caso de adolescentes, a justificativa para preconização do IMC/I baseia-se em: - inadequação do uso do P/I, isolado na avaliação de adolescentes (a fase de intenso crescimento necessita de avaliação de altura); - possibilidade do ajuste do IMC pela idade (levando em consideração as modificações ao longo do tempo); - utilização do mesmo critério de avaliação desde os dois anos de idade até a fase adulta/idosa; - estudos mostram que crianças e adolescentes com alto IMC/I tendem a manter essa condição na vida adulta. Desvantagem: não diferencia os componentes do peso corporal. Pontos de corte para classificação do estado nutricional pelo IMC/IDADE(OMS 2007 – CHEMIN & MURA 2011 / VITOLO 2014): Magreza acentuada <p0,1 (VITOLO, 2014) Baixo peso / Magreza <p3; Normalidade p3 |– p85 ; Sobrepeso p85 |- p97 Obesidade ≥p97. Obs.: Vitolo (2014) considera Risco de sobrepeso p85 |- p97; Sobrepeso p97 |- p99,9 e Obesidade >p99,9. - CLASSIFICAÇÃO OMS/NCHS 2000 para o IMC segundo WEFFORT & LAMOUNIER (2009): Percentil OMS (1977) NCHS (2000) <p5 Risco de desnutrição Baixo peso p 5 |- 85 Eutrofia Eutrofia >p85 (OMS) ≥p85 (NCHS) Risco de Sobrepeso Sobrepeso >p95 (OMS) ≥p95 (NCHS) Risco de Obesidade Obesidade ESTATURA PARA A IDADE - PERÍMETRO TORÁCICO: na adolescência a fita passa no apêndice xifoide (WEFFORT & LAMOUNIER, 2009). - SEGMENTOS CORPORAIS: as proporções entre segmento superior e inferior alteram–se com a idade. Essa relação tem valor para exame físico. O segmento inferior (SI) é definido pela distância entre o solo e a borda superior da sínfise púbica, estando o indivíduo de pé, descalço, com os barcos pendentes ao lado e os pés ligeiramente afastados. O segmento superior (SS) é definido no ponto da sínfise púbica até o ápice da cabeça. Para indivíduos com idade superior a 10 anos, a relação SS/SI deve ser menor que 1,0 WEFFORT & LAMOUNIER (2009). - AVALIAÇÂO LABORATORIAL segundo WEFFORT & LAMOUNIER (2009): Indicador Valor normal Albumina ≥3,5 g/dL Transferrina 170 a 250 mg/dL Fibronectina 30 a 40 mg/dL Contagem de linfócitos circulantes Aceitável: >1200cels/mm3 Moderadamente reduzidos: 800 a 1200cels/mm3 Reduzidos: <800cels/mm3 Glicemia de jejum 70 a 100 mg/dL Folato sérico >6ng/mL Tempo de protrombina 11 a 15 segundos Alfatocoferol ≥0,7 mg/dL Ácido ascórbico ≥30 mg/dL Retinol ≥30mg/dL Glutation redutase <20% Vitamina B12 ≥200pg/mL Fósforo 5 a 8mg/dL Zinco 60 a 120 mcg/dL Colesterol total Desejável: <150mg/dl Limítrofe: 150 a 169mg/dl Aumentando: >170mg/dl LDL colesterol Desejável: <100mg/dl Limítrofe: 100 a 129mg/dl Aumentando: >130mg/dl HDL colesterol ≥45mg/dL Triglicerídeos Desejável: <100mg/dl Limítrofe: 100 a 129mg/dl Aumentando: >130mg/dl A OMS (2007), na CHEMIN & MURA (2011) <p3 ou <- 2EscZ.= Baixa estatura para idade. A normalidade é dada àqueles com E/I >p3. 25 Gravidade Dosagem de albumina sérica (g/dL) Depleção leve 3,5 a 2,8Depleção moderada 2,7 a 2,1 Depleção grave Inferior a 2,1 NECESSIDADES E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS Energia Para estimativa das necessidades de energia (EER ou VCT) deve-se levar em consideração o gasto energético total e a energia de deposição. Idade Necessidades de energia – sexo masculino Sedentário Pouco ativo Ativo Muito ativo 10 1601 1875 2149 2486 11 1691 1985 2279 2640 12 1789 2113 2428 2817 13 1935 2276 2618 3038 14 2090 2459 2829 3283 15 2223 2618 3013 3499 16 2320 1736 3152 3663 17 2366 1796 3226 3754 18 2383 2823 3263 3804 Tab. 2: Necessidades de Energia segundo sexo – meninos (KRAUSE). Idade Necessidades de energia – sexo feminino Sedentário Pouco ativo Ativo Muito ativo 10 1470 1729 1972 2376 11 1538 1813 2071 2500 12 1798 2113 2428 2817 13 1617 1909 2183 3640 14 1718 2036 2334 3831 15 1731 2057 2362 2870 16 1729 2059 2368 2883 17 1710 2042 2353 2871 18 1690 2024 2336 2858 Tab. 2 (CONTINUAÇÃO): Necessidades de Energia segundo sexo – meninas (KRAUSE). Estima-se que 9% da ingestão calórica total em adolescentes do sexo masculino e 8% do consumo de adolescentes do sexo feminino, sejam atribuídos ao consumo de refrigerantes. WEFFORT & LAMOUNIER (2009) O cálculo energético pode ser realizado das seguintes formas: 1)De acordo com as recomendações da RDA (1989) por centímetro de altura real, onde: Faixa etária (anos) Meninas Meninos 11 - 14 14kcal/cm 16 kcal/cm 15 – 18 13,5 kcal/cm 17kcal/cm 2) Ou segundo a FAO/OMS: onde a Taxa de Metabolismo Basal seria dada por: Faixa etária (anos) Meninas Meninos 10 – 18 12,2 x P + 746 17,5 x P + 651 Após o cálculo da TMB, deve-se multiplicar o fator atividade: Atividade Meninas (g/dia) Meninos (g/dia) Escola e atividade leve 1,5 1,6 Atividade moderada 2,2 2,5 Atividade intensa 6 6 3) Pode-se ainda utilizar o gasto energético com base no centímetro de altura real (VITOLO, 2014): Faixa etária (anos) Meninos Meninas 1 14,1 13,6 2 a 3 15,0 13,5 4 a 6 15,2 13,8 7 a 10 16,7 14,1 11 a 14 16,8 13,0 15 a 16 15,9 11,8 Considerar ainda se o adolescente é sobrepeso ou não, seguem as tabelas do CHEMIN & MURA: Tabela 3: Cálculo da estimativa das necessidades de energia para adolescentes (CHEMIN & MURA 2011 / VITOLO 2014). O IOM preconiza que, para adolescentes com risco de sobrepeso ou sobrepeso (IMC/I ≥p85 e 95, respectivamente), não se deve incluir a energia de deposição no cálculo da EER. A não inclusão da energia de deposição leva em consideração que haveria a utilização do tecido adiposo excedente para promover o crescimento. Contudo, essa recomendação deve ser avaliada individualmente, considerando o período de crescimento, maturação sexual, histórico familiar e estilo de vida de cada adolescente. Tabela 3 (continuação): Cálculo da estimativa das necessidades de energia para adolescentes com sobrepeso (CHEMIN & MURA). Carboidratos: Recomenda-se cerca de 130g/dia. Proteínas (VITOLO, 2014) Idade EAR (g/kg/d) RDA (g/kg/d) 9 – 13 0,76 0,95 ou 34g/d 14 – 18 Meninos Meninas 0,73 0,71 0,85 ou 52g/d 0,85 ou 46g/d 26 WEFFORT & LAMOUNIER (2009) a recomendação proteica seria: Idade RDA (g/kg/d) 11 – 14 1,0 g/kg 15 – 18 Meninos Meninas 0,90 g/kg 0,80 g/kg Corresponderia de 12 a 14% do VCT. Fibras A ingestão adequada (AI) de fibras possui variação com a faixa etária e sexo. Vitolo (2014), idade +5 até os 15 anos. Após, a mesma recomendação de adultos: 20 a 30g diários. Segundo CHEMIN & MURA, estabeleceu-se uma AI de 14g/1000kcal. Tabela 7: Recomendação de fibras para adolescentes (CHEMIN & MURA). Faixa etária (anos) Meninas (g/dia) Meninos (g/dia) 9 – 13 26 31 14 – 18 26 38 19 – 50 25 38 CHO - Recomenda-se cerca de 130g/dia. Lipídios - Recomenda-se cerca de 30 – 35% do VET, com não mais de 10% das calorias de ácidos graxos saturados. Idade W3 W6 9 – 13 Meninos Meninas 1,2 1,0 12 10 14 – 18 Meninos Meninas 1,6 1,1 16 11 WEFFORT & LAMOUNIER (2009) A faixa de distribuição aceitável de energia proveniente dos macronutrientes segundo as DRIs (2002) seria: - CHO de 45 a 65%; - PTN de 10 a 30%; - LIP de 25 a 35%. Minerais e vitaminas A EAR deve ser utilizada na avaliação dietética de adolescentes, bem como no cálculo de dietas para grupos de adolescentes. Nesse último caso, é preciso conhecer o desvio-padrão de ingestão no grupo. O limite superior tolerável (UL) não é uma recomendação, pois níveis de ingestão superiores causam efeitos deletérios à saúde. No entanto, é um guia importante para limitar o apetite de adolescentes, especialmente aqueles que, em culto ao melhor desempenho físico, fazem uso indiscriminado de suplementos nutricionais. ESPECIFICIDADES DOS MICRONUTRIENTES ( KRAUSE) 1. Ferro Todos os adolescentes têm alta necessidade de ferro, decorrente da síntese muscular, aumento de volume sangüíneo nos meninos e menarca nas meninas. Anemia fisiológica do crescimento reservas adequadas de ferro, mas, em vista do rápido crescimento e aumento de massa magra, tem-se diminuição do ferro circulante. Faixa etária (anos) Meninos (mg) Meninas (mg) 9 – 13 8 8 14 – 18 11 15 19 – 50 8 18 2. Cálcio recomenda-se 1300mg diários para ambos os sexos. KRAUSE Em função dos desenvolvimentos muscular, esquelético e endócrino acelerados, as necessidades de cálcio são maiores durante a puberdade e adolescência, que na infância ou fase adulta. A DRI de cálcio para adolescentes é de 1300mg, o que está entre os valores recomendados pelo NIH para ingestão de cálcio ótima (1200 – 1500mg) para adolescentes de 11 a 24 anos. Entretanto, segundo as pesquisas NHANES II e III, observou-se diminuição do consumo de cálcio e consumo inadequado frente às recomendações, o que pode ser decorrente do alto consumo de refrigerante e diminuição do consumo de leite. IOM maiores níveis de ingestão para indivíduos de 9 a 18 anos que adultos, uma vez que, em meninas, há construção de 92% da massa óssea ao redor dos 18 anos de idade. 3. Zinco (KRAUSE) O zinco é essencial para o crescimento e maturação sexual. A retenção de zinco aumenta significativamente durante o estirão de crescimento. A ingestão limitada de zinco pode afetar o crescimento físico, assim como o desenvolvimento de características sexuais secundárias. Faixa etária (anos) Meninos (mg) Meninas (mg) 9 – 13 8 8 14 – 18 11 9 19 – 50 11 8 4. Folato RDA de 300mcg para adolescentes de 9 a 13 anos e de 400mcg quando têm 14 a 18 anos. 5. Vitamina A grande importância devido à aceleração do crescimento e por contribuir para a amanutenção da integridade do sistema imunológico. Recomenda-se 600mcg para ambos os sexos dos 09 aos 13 anos, de 900mcg para o sexo masculino de 14 a 18 anos e 700mcg para o sexo feminino na mesma faixa etária (WEFFORT & LAMOUNIER, 2009). 6. Vitamina C participa da síntese de colágeno, na cicatrização, formação de dentes e integridade capilar. Recomenda-se 45mg diários para aqueles com idade de 9 a 13 anos. Meninos de 14 a 18 anos necesitam de 75mg/dia e meninas na mesma faixa etária cerca de 65mg diários (WEFFORT & LAMOUNIER, 2009). 7. Vitamina D pela sua atuação na síntese de massa óssea e homeostase de cálcio, recomenda-se 7mcg/dia para ambos os sexos, indendente da faixa de idade (WEFFORT & LAMOUNIER, 2009). 27 NUTRIÇÃO NA IDADE ADULTA AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA A primeira etapa do atendimento nutricional de um adulto consiste na avaliação do estado nutricional. A prescrição da dieta deve atender ao objetivo dietoterápico, caso exista alguma enfermidade associada, considerando ainda o uso de medicamentos e suplementos. Para avaliação nutricional de adultos, são utilizados como parâmetros essenciais o peso e a altura, os perímetros da cintura e do quadril e as dobras cutâneas do tríceps, bicipital, subescapular e supra-ilíaca. PESO O peso corporal é constituído por massa óssea, tecido adiposo, tecido muscular e água. Variações no curto espaço de tempo estão mais relacionadas a perda ou retenção hídrica do que modificações no tecido adiposo ou muscular. O peso sofre variação normal de 1,0 a 1,5kg entre o período damanhã e o período da noite, sem significar que é aumento de gordura. CIRCUNFERÊNCIA DE CINTURA (CC) Tem como objetivo avaliar a adiposidade abdominal em função de sua associação com doenças crônicas. A OMS recomendou o uso do ponto médio entre o último rebordo costal e a crista ilíaca. O perímetro de cintura é o melhor indicador da gordura visceral, mais relacionado às doenças cardiovasculares ateroscleróticas. A RCQ está mais relacionada à resistência à insulina. Tabela 8: Pontos de corte de perímetro de cintura segundo sexo. Sexo Perímetro de cintura (cm) Risco Aumentado de DCV Risco Muito aumentado de DCV ♂ ≥94 ≥102 ♀ ≥80 ≥88 INDICADORES E CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO IMC Por recomendação da OMS tem-se utilizado para avaliação do peso corporal de adultos o IMC. As principais limitações do IMC apontadas por alguns autores referem-se ao fato do IMC estabelecer correlação, com a altura, embora baixa, com a massa magra, principalmente nos homens, e com proporcionalidade corporal (relação do tamanho das pernas / tronco), o que compromete sua utilização como indicador de gordura corporal. Para auxiliar na avaliação dos componentes do IMC, Vanitallie et al. propuseram a separação do IMC com base no peso de gordura corporal e de massa livre de gordura, onde: IMCG (índice de massa corporal de gordura) = peso de gordura (kg) / altura em m2 IMCLG (índice de massa corporal livre de gordura) = peso de massa magra (kg) / altura em m2 RELAÇÃO CINTURA-QUADRIL (RCQ) Indicador de gordura visceral, onde, risco aumentado para doenças cardiovasculares; HOMENS RCQ>1 e MULHERES RCQ>0,85. COMPOSIÇÃO CORPORAL A avaliação da composição corporal pode ser definida como a mensuração e a interpretação dos valores obtidos acerca dos compartimentos corporais, sendo os mais avaliados: gordura corporal, massa livre de gordura, água corporal e conteúdo mineral ósseo total. Obesidade excesso de gordura corporal total e não de peso corporal. As medidas de dobras cutâneas predizem a quantidade de gordura corporal localizada ou total, por meio da avaliação subcutânea. Seu emprego na avaliação da gordura total se deve ao fato de apresentar boa correlação (r) com métodos mais precisos de avaliação de composição corporal (r entre 0,6 a 0,9, estando em alguns estudos em torno de 0,85). Em relação à composição corporal, avaliam-se os compartimentos corporais e, em especial, sua associação com o risco de adoecer (tanto por distúrbios associados à desnutrição, quantos aqueles associados à obesidade). Na área de Nutrição, tem-se utilizado o protocolo de soma das quatro dobras (tríceps, bíceps, supra-ilíaca e subescapular) e densidade corporal proposto por Durnin e Rahaman. Em geral considera-se como aceitável, para adultos, um percentual de gordura corporal de até 25% para homens e 30% para mulheres. Tabela 09: Pontos de corte de adiposidade e risco (CHEMIN & MURA) NECESSIDADES E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS a)Energia (EER) considerando peso e altura de referência, a EER para indivíduos ativos de 19 anos é calculada em 3.067kcal/dia para homens e 2.403kcal/dia para mulheres. Tabela 11: Estimativa de necessidades de energia para indivíduos com idade igual ou superior a 19 anos (CHEMIN & MURA). 28 O cálculo de energia pode ser feito utilizando Harris & Benedict (1919) ou pela FAO/OMS (1985). b) Proteínas 0,8g/kg/dia para ambos os sexos. O que corresponde a 56g/dia para homens e 46g/dia para mulheres, levando-se em conta o peso corporal de referência. Assumiu-se um coeficiente de variação de 12% para o cálculo da RDA, levando-se em consideração características como digestibilidade. c) Carboidratos EAR = 100g/dia e a RDA = 130g/dia. d) Fibras Os valores de ingestão diária de referência para fibras totais são dados segundo sexo e idade. Tabela 13: Recomendação de fibras para adultos (CHEMIN & MURA). Faixa etária (anos) Mulheres (g/dia) Homens (g/dia) 19 – 50 25 38 ≥ 51 21 30 e) Lipídeos Com base na população americana, o Institute of Medicine (2002) estabeleceu a ingestão adequada para ácido linoléico (ômega 6) e alfa-linolênico (ômega 3) segundo idade e sexo. Para o ácido linoléico (ômega 6), a AI foi estabelecida como segue: Tabela 14: Recomendação de lipídeos para adultos segundo o IOM. Faixa etária (anos) Mulheres (g/dia) Homens (g/dia) 19 – 30 12 17 51 – 70 11 14 Atenção, pois a CHEMIN & MURA não apresenta a recomendação para adultos de 31 a 50 anos de idade. Para ômega 3, foi estabelecida a ingestão adequada em 1,6g/dia para homens e 1,1g/dia para mulheres. FAIXA DE DISTRIBUIÇÃO ACEITÁVEL DE MACRONUTRIENTES Segundo CHEMIN & MURA são aceitáveis os seguintes valores de ingestão diária de referência de macronutrientes: Proteínas 10 – 35%; Lipídeos 20 – 35%, sendo: o Ácido linoléico 5 – 10%; o Ácido alfa-linolênico 0,6 – 1,2%; EPA ou DHA até 10% da faixa de distribuição aceitável de macronutrientes; Carboidratos 45 – 65%. NUTRIÇÃO EM GERIATRIA O processo de envelhecimento humano é considerado um processo irreversível, natural, progressivo e dinâmico, promovendo alterações morfológicas, bioquímicas, fisiológicas, comportamentais e psicossociais. ALTERAÇÕES ORGÂNICAS, FISIOLÓGICAS E METABÓLICAS DECORRENTES DO ENVELHECIMENTO 1. Alteração da composição corporal Com o envelhecimento ocorre aumento progressivo da massa gordurosa e diminuição da massa magra (água, tecido ósseo e muscular). Há concentração de gordura no tronco, com aumento de gordura abdominal e diminuição da gordura periférica. Fatores que podem explicar a diminuição da massa magra em idosos: diminuição da atividade física, alimentação inadequada, diminuição da ACT e perda generalizada da massa celular. Há redução da água corporal total em cerca de 15 a 20% e redução de massa muscular em 11kg nos homens e 4kg nas mulheres, deste modo, tais alterações influenciam no desenvolvimento de atividades físicas e na necessidade calórica desses pacientes, que tende a diminuir. 2. Diminuição do Metabolismo Basal Ocorre diminuição do metabolismo basal (de 10 a 20% com o decorrer da idade, entre 30 e 75 anos). 3. Diminuição da acuidade dos órgãos dos sentidos A redução da sensibilidade por gostos primários (doce, amargo, ácido e salgado) é considerada um dos fatores mais relevantes na redução da ingestão alimentar de idosos. A perda da sensação de paladar pode estar relacionada a redução do número de papilas gustativas, logo, o idoso necessita concentrar mais sabor das preparações para ajustar ao paladar alterado. 4. Alterações na cavidade oral A ausência total ou parcial de dentes e/ou o uso inadequado de próteses (parciais ou totais), a presença de cáries e doenças periodontais ou a presença de xerostomia acarretam prejuízos no processo de mastigação. Isso faz 29 com que esses indivíduos reduzam a ingestão de alguns alimentos, como carnes, frutas, verduras e legumes crus. Com o envelhecimento há atrofia e perda de elasticidade de todos os tecidos da cavidade oral, diminuição quantitativa e qualitativa de saliva, redução da secreção de mucina e ptialina. Alterações de cavidade oral podem explicar a preferência alimentar por alimentos macios, de fácil mastigação e muitas vezes pobres em nutrientes (fibras, vitaminas e minerais). 5. Alterações esofágicas Idosos apresentam fraqueza na musculatura faríngea e relaxamento anormal do músculo cricofaríngeo, deficiência do relaxamento do EES e na peristalse primária, prejudicando a deglutição. A disfagia, comum em idosos, pode ser definida como desordem na deglutição e/ou potencial desabilidade em deglutir, com prejuízos na segurança, na eficiência e na qualidade de comer e beber. A presença de disfagia implica em risco de aspiração. Outras afecções comuns em idosos incluem hérnia de hiato e ulcerações de esôfago. 6. Alterações gástricas Ocorre declínio da secreção ácida gástrica, que se relaciona com o grau de atrofia de mucosa gástrica. A diminuição do suco gástrico implica diretamente na redução da secreção de fator intrínseco, responsável pelaabsorção da vitamina B12 pelo TGI, o que pode acarretar em anemia megaloblástica. Outro ponto é que a gastrite atrófica e acloridria são causas de anemia em idosos (diminuição da eficiência de absorção de ferro). Além disso, o esvaziamento gástrico lentificado pode prejudicar a digestão, retardar a biodisponibilidade de algumas drogas, além de aumentar a saciedade precoce, podendo contribuir para a anorexia do idoso. 7. Alterações intestinais Com o envelhecimento tem-se diminuição da capacidade absortiva de micronutrientes e há aumento da incidência de obstipação intestinal. 8. Alterações metabólicas Com o envelhecimento ocorrem alterações orgânicas funcionais no pâncreas, fígado e rins. As alterações pancreáticas podem ocasionar diminuição da secreção de enzimas (prejudicando a absorção de nutrientes e hormônios (como a insulina). No fígado pode ocorrer diminuição de fluxo sanguíneo, do tamanho dos hepatócitos e da produção de ácidos biliares, prejudicando a absorção de gorduras. Nos rins, pode-se ter capacidade diminuída para eliminação de metabólitos e toxinas. 9. Alterações na atividade física A prática de atividade física está diminuída (decorrente de doença neurológica, alterações orgânicas ou por alterações fisiológicas). FATORES PATOLÓGICOS As doenças crônicas como osteoporose, DM, DCV, dislipidemias e câncer são freqüentes no paciente geriátrico. FATORES PSICOLÓGICOS Algumas situações como perda do cônjuge; morar sozinho ou em instituições; sensação de abandono; perda de autonomia; perdas do papel social diante da sociedade e depressão podem causar desinteresse na alimentação. FATORES ECONÔMICOS O baixo poder aquisitivo aliado ao aumento do gasto com medicações dificulta o acesso dos idosos à alimentação segura, tanto em quantidade quanto em qualidade. FATORES CULTURAIS A presença de mitos, tabus, crenças, receitas e medicações caseiras podem prejudicar o tratamento de saúde, controle de doenças e oferta de alimentos. As variáveis fisiológicas que se deprimem no idoso estão apresentadas na tabela 1. Tab. 12: Variáveis fisiológicas que se deprimem no idoso segundo DAN WAITZBERG. 30 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Foi estabelecido um índice de Desnutrição do Idoso (IDI) levando-se em consideração pelo menos duas variáveis: antropometria (DCT, DCSE, AMB abaixo do p5) e/ou valores bioquímicos reduzidos, albumina <2,8g/100ml e CTLP<900céls/mm3. Tab. 13: IDI segundo DAN WAITZBERG. A história dietética deve levar em consideração as alterações do paladar e de cavidade oral, já descritas anteriormente. As variáveis antropométricas devem ser avaliadas cuidadosamente, uma vez que tem-se alterações nos depósitos musculares e gordurosos. AVALIAÇÃO MULTIDISCIPLINAR O modelo de avaliação multidisciplinar melhora significativamente o cuidado total fornecido. As medidas de estado funcional avaliam a capacidade dos indivíduos de realizar as tarefas necessárias para lidar com a vida diária e com o próprio ambiente. Deve ser realizada a avaliação de atividade diária: - Atividades da vida diária: Alimentar-se Transferência cama-poltrona Mobilidade interna/externa Vestir-se Banhar-se Toalete Continência - Atividades instrumentais de vida diária: Uso do telefone Viajar Fazer compras Cozinhar Leves serviços domésticos Tomar remédios Gerenciar as finanças NUTRITIONAL SCREENING INITIATIVE - DETERMINE A iniciativa de Avaliação Nutricional feito pela American Academy of Family Physicians (AAP), American Dietetic Association e o National Council on Aging desenvolveu um Checklist Nutricional baseado em sinais do idoso. Esta nova ferramenta está disponível em www.aafp.org/nsi/palm.html, o chamado formulário DETERMINE. Nome: ______________________________________________________________________ Idade: _______ Data: ___/___/_____ QUESTÒES RESPOSTAS AFIRMATIVAS (pontos) Você tem alguma doença que o fez mudar o tipo/quantidade de alimentos que consome? 2 Você consome menos que duas refeições por dia? 3 Você bebe três ou mais doses de cerveja, licor ou vinho quase todos os dias? 2 Você consome poucas frutas, legumes, verduras ou produtos lácteos? 2 Você tem problemas bucais que dificultam sua alimentação? 2 Você nem sempre tem dinheiro suficiente para comprar os alimentos que necessita? 4 Você come sozinho nas maiorias das vezes? 1 Você usa três ou mais medicamentos diferentes prescritos ou por conta própria ao dia? 1 Você ganhou ou perdeu cerca de 4,5kg nos últimos 6 meses, involuntariamente? 2 Você nem sempre tem condições físicas para fazer compras, cozinhar e/ou alimentar-se sozinho? 2 PONTUAÇÀO 0 – 2 – BOM! - Revisar em 6 meses. 3 – 5 – RISCO NUTRICIONAL MODERADO! – Verifique o que você pode fazer para melhorar seus hábitos alimentares e seu estilo de vida. 6 ou mais - RISCO NUTRICIONAL ALTO! – Procure ajude de um médico ou nutricionista. 31 Fig. 2: Questionário DETERMINE de avaliação nutricional do idoso. MINIAVALIAÇÃO NUTRICIONAL (MAN) O rastreamento da DEP em idosos pode ser feita com a MAN, em pacientes ambulatoriais, hospitalizados ou em clínicas geriátricas. A triagem é feita na primeira parte da MAN, onde serão considerados de risco aqueles que pontuam com 11 pontos ou menos, devendo continuar a avaliação. O melhor instrumento validado para a avaliação é a segunda parte da MAN. Valores entre 24 e 30 indicam ausência de risco nutricional, de 17 a 23,5 indicam risco e abaixo de 17 indicam alto risco de desnutrição ou desnutrição já estabelecida. Os dados de NHANES sugerem que os adultos mais velhos estão em risco de desnutrição pela presença de doenças, incapacidade física, polifármacos, saúde dental e oral prejudicadas, isolamento social, limitações financeiras ou saúde mental prejudicada. Segundo KRAUSE uma boa ferramenta para diagnóstico nutricional é a Mini Avaliação Nutricional que consiste de questões e medidas antropométricas para determinar um escore indicador de desnutrição. 32 Fig. 3: Miniavaliação Nutricional Preconiza-se, dentre outros o uso de métodos objetivos (antropometria, composição corporal e exames bioquímicos). a) Antropometria Medidas: Estatura (que pode ser estimada pela altura do joelho ou pela hemienvergadura do braço): O valor de estatura pode diminuir com o avanço da idade, em razão do achatamento dos discos intervertebrais e do arco plantar dos pés e do enfraquecimento de musculatura da perna. Há declínio (embora sem consenso) de 1,2 – 4,2cm a cada 20 anos, a partir dos 30 anos. Chumlea propõe equações para estimativa de altura. Tab. 14: Fórmula para estimar a altura a partir da altura do joelho Homem Mulher 64,19 - (0,04 x idade) + (2,02 x altura do joelho) 84,88 - (0,24 x idade) + (1,83 x altura do joelho) O valor estimado da altura pode ser usado para cálculo do IMC e das necessidades energéticas. Peso, que pode ser estimado segundo a fórmula de Chumlea, com a combinação das medidas de panturrilha, joelho e braço, onde: 33 HOMEM = (0,98 x perímetro de panturrilha) + (1,16 x altura do joelho) + (1,73 x circunferência do braço) + (0,37 x dobra cutânea subescapular) – 81,69 MULHER = (1,27 x perímetro de panturrilha) + (0,87 x altura do joelho) + (0,98 x circunferência do braço) + (0,4 x dobra cutânea subescapular) – 62,35 Quando não há possibilidade de mensuração ou estimativa do peso, pode-se utilizar o peso habitual. Perímetro do braço No caso de idosos impossibilitados de permanecerem em pé, a mensuração é feita com individuo sentado ou deitado. Em acamados, a medida é realizada em decúbito lateral. Dobra cutânea tricipital No caso de idosos impossibilitados de permanecerem em pé, a mensuração é feita com individuo sentado ou deitado. Em acamados, a medida é realizada em decúbito lateral. Dobra cutânea subescapular No caso de idosos impossibilitados de permanecerem em pé, a mensuração é feita com individuo sentado ou deitado. Em acamados, a medida é realizada em decúbito lateral. Perímetro da cintura No caso de idosos impossibilitados de permanecerem em pé, esta medida não se aplica. Perímetrodo quadril No caso de idosos impossibilitados de permanecerem em pé, esta medida não se aplica. Perímetro da panturrilha Em idosos é a medida mais sensível de massa muscular. Indica mudanças de massa magra que ocorrem com o envelhecimento e diminuição da atividade. IMC – 22 a 27kg/m2 (CHEMIN&MURA 2011; CUPPARI 2014; VITOLO 2014) ou 24 a 29kg/m2 (KRAUSE, 2015) Circunferência muscular do braço Área muscular do braço Área muscular do braço corrigida com ajuste da área óssea à equação de Gurney e Jellife de área muscular do braço. As medidas de perimetria e circunferência serão comparadas junto às tabelas do FRISANCHO (1990). AVALIAÇÃO DO RISCO DE DESNUTRIÇÃO (WAITZBER, 2009) Presença de pelo menos dois sinais: - perda de 2kg no ultimo mês ou 4kg nos últimos 6 meses; - perda de 15-20% do peso adulto normal; - duas refeições por dia; - dieta especial ou para perda de peso; - baixa ingestão oral; - problema oral ou dentário; - perda da autonomia física ou psicológica; - constipação (obstipação) intestinal grave; - dificuldade de deglutição; - morar sozinho ou depressão; - mais que cinco medicações por dia; - doença aguda ou crônica. RECOMENDAÇÕES DIETÉTICAS NO ENVELHECIMENTO As DRIs atuais, estabelecidas para otimizar a saúde de indivíduos e grupos, fornecem uma diretriz para avaliar a conhecimentos sobre as necessidades nutricionais. Energia As necessidades diminuem com a idade em função das alterações de composição corporal e diminuição na taxa metabólica basal e redução de atividade física. Um IMC desejável pode ser estimado com relação à idade da pessoa para determinar uma estimativa mais apropriada da necessidade de energia. ATENÇÃO: CHEMIN & MURA / VITOLO 2014 IMC adequado 22 a 27kg/m2! As necessidades energéticas totais diárias normalmente são estimadas de acordo com a taxa de metabolismo basal (TMB), que contribui com cerca de 60 a 75% do VCT. Em geral, utiliza-se a equação de Harris & Benedict. A partir da TMB, multiplicam-se os fatores atividade, lesão e térmico, onde: HOMENS: TMB = 66 + (13,7 X P) + (5 X A) – (6,8 X I) MULHERES: TMB = 655 + (9,6 X P) + (1,7 X A) – (4,7 X I) VCT = TMB x FA x FL x FT Tabela 15: Fatores atividade, lesão e térmicos a serem utilizados nas equações de Harris & Benedict (CHEMIN & MURA). Segundo CHEMIN & MURA equação de Harris & Benedict são mais indicadas, uma vez que a equação da FAO/OMS não diferencia idade (considerando como de mesma TMB indivíduos de 60 e 90 anos, por exemplo), entretanto, as equações da FAO podem ser utilizadas, onde: Tab. 16: Fórmulas de predição de TMB pela FAO/OMS 1985. Homens Mulheres TMB = 13,5 x P + 487 TMB = 10,5 x P + 596 34 A partir da TMB, para cálculo do valor calórico total, multiplica-se o fator atividade, onde: VCT = TMB x FA Tabela 17: Fatores atividade a serem utilizados na equação da FAO/OMS (CHEMIN & MURA). DISTRIBUIÇÃO DOS MACRONUTRIENTES (CHEMIN & MURA) Os valores de distribuição de macronutrientes: Proteínas 10 – 35% ou 0,8g/kg/dia; Lipídeos 20 – 35%, sendo: o Ácido linoléico 5 – 10% (14g/dia para homens e 11g/dia para mulheres); o Ácido alfa-linolênico 0,6 – 1,2% (1,6g/dia para homens e 1,1g/dia para mulheres); EPA ou DHA até 10% da faixa de distribuição aceitável de macronutrientes; Carboidratos 45 – 65% (RDA de 130g/dia). KRAUSE Segundo KRAUSE, uma ingestão de proteína de 1,0 a 1,25g/kg é geralmente segura para adultos mais velhos. Tabela 18: Necessidades de proteína segundo estado nutricional (KRAUSE) Condição Albumina (g/dL) Necessidade de proteína (g/kg/dia) Estado nutricional adequado >3,5 0,8 Depleção suave 2,8 – 3,5 1,0 – 1,2 Depleção moderada 2,1 – 2,7 1,2 – 1,5 Depleção grave <2,1 1,5 – 2,0 Tab. 18: Fator de correção de necessidades energéticas. NECESSIDADES HÍDRICAS As sensações de sede diminuídas, a ingestão reduzida, o acesso limitado ao fluido, a função renal diminuída e a incontinência urinária aumentam o risco de infecção. WAITZBERG (2009) 1ml/kcal ou 30ml/kg. CHEMIN & MURA recomenda no mínimo 1500mL/dia ou 1,0 a 1,5mL/kcal. NECESSIDADES DE MICRONUTRIENTES Minerais CÁLCIO A manutenção dos níveis adequados de cálcio não está limitada apenas à ingestão do mineral, pois outros fatores afetam sua retenção: - estado hormonal menopausa; - sexo incidência de osteoporose é maior nas mulheres; - etnia; - genética; - componentes dietéticos baixa ingestão de alimentos ricos em cálcio, alimentação rica em proteínas; ingestão hiperfíbrica que diminui a absorção de cálcio e alimentação deficiente em vitamina D; - medicamentos diuréticos e antiácidos à base de alumínio; - redução da lactase; - alterações no metabolismo hipocloridria; e - inatividade física. O aumento da recomendação de cálcio para idosos foi estabelecido em razão das intercorrências que ocorrem neste estágio de vida. Recomenda-se 1200mg /dia para prevenir ou reduzir a doença óssea do idoso. WAITZBERG (2009) 1.200 a 1.500mg. A UL de cálcio é 2500mg/dia. ZINCO Um baixo consumo está associado com prejuízo imune, anorexia, diminuição do paladar, demora de cura de feridas e desenvolvimento de úlceras de pressão. Recomenda-se: Idade Homens (mg) Mulheres (mg) 51– 70 anos 11 8 >70 anos 8 8 Vitaminas È importante ressaltar a relação entre saúde e nutrição, particularmente em relação às necessidades de vitaminas antioxidantes como tocoferóis, carotenóides e vitamina C. Os antioxidantes atuam como um tampão contra o dano celular que pode ocorrer durante o funcionamento celular normal. As ingestões subótimas de vitaminas-chave podem colocar uma pessoa em risco de enfermidade crônica, especialmente nos idosos. VITAMINA C Envolvida na síntese de colágeno e carnitina. Os adultos mais velhos com freqüência possuem menores níveis séricos de vitamina C. 35 O estresse, o fumo e medicações podem aumentar as necessidades deste micronutriente. Encorajar o consumo de alimentos ricos em vitamina C pode ser eficaz. A ingestão de 150 – 250mg de vitamina C pode ser protetora para catarata. O fumo aumenta o estresse oxidativo, então para fumantes, recomenda-se o aumento de 35mg além da DRI. VITAMINA D A necessidade de vitamina D é dependente da concentração de cálcio e fósforo da dieta e a idade da pessoa, sexo, grau de exposição à luz solar e a quantidade de pigmentação da pele. A capacidade de sintetizar vitamina D a partir da luz solar é aproximadamente 60% menor nos adultos mais velhos. A influência da idade na absorção da vitamina D pelo TGI não é clara. A vitamina D pode ajudar a cicatrizar as lesões de pele, especialmente aquelas causadas por psoríase. A suplementação dietética de cálcio e vitamina D melhora a densidade óssea e pode prevenir fraturas nos adultos mais velhos saudáveis. Os menores níveis de vitamina D foram observados em idosos institucionalizados e confinados, com exposição irregular e deficiente à luz solar ou indivíduo com diminuída massa renal. O metabolismo da vitamina D pode estar afetado pelo uso de esteróides, que podem induzir perda óssea. Doses em excesso podem induzir hipercalcemia e aumentam o risco de calcificação metastática de tecidos moles. Não é conhecido se a absorção fisiológica está diminuída em razão da idade. WAITZBERG (2009) mínimo de 5mcg/dia. Recomenda-se 10mcg/dia para idosos de 51 a 70 anos e 15mcg para aqueles com idade superior a 70 anos. VITAMINA E Pode ser benéfico intensificar o consumo de vitamina E em adultos mais velhos, por sua atividade antioxidante e um papel importante na prevenção de catarata.Recomenda-se 15mg ao dia para pacientes idosos. Tab. 19 Relação entre nutrientes e cérebro – KRAUSE 2013 Função cerebral Ingestão inadequada Perda de memória de curto prazo B12, vitamina C Resultados fracos em testes de resolução de problemas B2, folato, B12, vitamina C Demência B1, zinco Capacidade cognitiva Folato, B6, B12, ferro Degeneração de tecido cerebral B6 RECOMENDAÇÕES GERAIS SEGUNDO KRAUSE (2010) Segundo a KRAUSE (2010), idosos possuem menor consumo de calorias, gorduras totais, fibra, cálcio,magnésio, zinco, cobre, ácido fólico, B12, vitaminas C, E e D. Deste modo, os requerimentos nutricionais e as recomendações devem ser realizadas com base nestas prováveis deficiências, onde: - consumir B12 em sua forma cristalina (alimentos fortificados ou suplementos); - consumo extra de vitamina D; - consultar um provedor de Health Care sobre estratégias para perda de peso, antes de iniciar programas de emagrecimento; - realizar atividades físicas regulares para reduzir o declínio funcional associado ao envelhecimento; - procurar consumir não mais que 1500mg de sódio/dia e consumir 4700mg de potássio, sempre de alimentos; - não consumir leite e laticínios não pasteurizados; - consumir certas iguarias de carne ou salsicha fervidas ou cozidas no vapor. 36
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