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Apostila de exames laboratoriais e ciclos da vida

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AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA DO SANGUE
HEMGRAMA – Principal ferramenta diagnóstica em
hematologia, constituído por:
- contagem total de hemácias
- hemoglobina
- hematócrito
- Índices hematiméticos: VCM, HCM, CHCM, distribuição
do tamanho das hemácias
- contagem global de leucócitos
- contagem diferencial de leucócitos
- exame microscópico do esfregaço corado
- plaquetas (opcional)
CONTAGEM TOTAL DE HEMÁCIAS (céls/mm3).
♂ 4.5000.000 – 6.000.000
♀ 4.000.000 – 5.500.000
Recém-nascidos 4.000.000 – 6.000.000
Valores aumentados: diarreias, desidratação,
queimaduras, policitemima vera, cardiopatia crônica,
intoxicações por álcool etílico ou fármacos, vômitos e
acidose metabólica.
Valores diminuídos: anemias, leucemias, após
hemorragias graves e infecções graves.
HEMOGLOBINA (g/dL).
♂ 13,5 – 18,0
♀ 12,0 – 16,0
Recém-nascidos 13,5 – 19,5
HEMATÓCRITO (%).
♂ 40 – 54%
♀ 37 – 47%
Recém-nascidos 44 – 60%
Valores aumentados: hemoconcentração, desidratação,
queimaduras, diarreia e vômitos intensos. Pode ser
indicativo de macrocitose.
Valores diminuídos: redução do número de hemácias.
Pode ser indicativo de microcitose.
VOLUME CORPUSCULAR MÉDIO – avalia o tamanho
médio da hemácia. Corresponde a relação do hematócrito
pela hematimetria.
VCM <80fl micrócitos
VCM>100fl macrócitos.
HEMOGLOBINA CORPUSCULAR MÉDIA – avalia a
concentração de hemoglobina nas hemácia. Corresponde
a relação da hemoglobina pela hematimetria.
HCM <27pg hipocromia
HCM>32pg sem relação clínica.
CONCENTRAÇÃO DE HEMOGLOBINA CORPUSCULAR
MÉDIA – avalia a porcentagem de hemoglobina em 100mL
de hemácias.
CHCM <32% hipocromia
CHCM>35% presença de esferócitos.
RDW – avalia a dispersão das hemácias em relação ao
tamanho.
RDW>14,5% anisocitose (diferentes tamanhos).
LEUCOMETRIA GLOBAL (céls/mm3).
Adultos 4.000 – 11.000
Recém-nascidos 10.000 – 18.000
Valores aumentados (leucocitose): processos
inflamatórios, infecciosos e leucemias.
Valores diminuídos (leucopenia): redução da produção de
leucócitos, destruição celular, febre tifoide, dengue,
rubéola e caxumba.
LEUCOMETRIA DIFERENCIAL
Bastonetes 3 – 5%
Segmentados 55 – 65%
Eosinófilos 2 – 6%
Basófilos 0 – 1%
Monócitos 4 – 8%
Linfócitos 20 – 30%
Neutrofilia  infecções bacterianas, leucemias,
inflamação.
Eosinofilia Parasitoses e alergias.
Basofilia  leucemia mieloide crônica e processos
alérgicos.
Monocitose Infecções.
Linfocitose  infecções virais agudas e bacterianas
crônicas, leucemia linfocítica crônica e processos
ganglionares.
RETICULÓCITOS – hemácias imaturas (com núcleo)
Adultos 0,5 – 1,5%
Recém-nascidos até 6%
Valores aumentados: anemia hemolítica, hiperplasia
medular, doença hemolítica do recém-nascido e
hemorragias pós-cirúrgicas.
Valores diminuídos: anemias carenciais, aplasias
medulares e anemias não-hemolíticas.
COAGULOGRAMA
Plaquetas (plaq/mm3) 150.000 – 400.000
Tempo de sangramento Até 3 minutos
Tempo de coagulação 5 – 10 minutos
Tempo de protrombina 10 – 14 segundos
Atividade de protrombina 70 – 100%
RNI Até 1,15
Tempo de tromboplastina
parcial
20 – 35 segundos
Tempo de protrombina  útil no risco cirúrgico, detecção
de alterações nos fatores de coagulação, principalmente
no acompanhamento de pacientes com hipovitaminose K.
AVALIAÇÃO BIOQUIMICA DO SANGUE
ACIDOS GRAXOS LIVRES – jejum 12h
Adultos 0,28 – 0,89mmol/L
Valores aumentados: deficiência / resistência insulínica,
jejum prolongado e cetoacidose.
EXAMES LABORATORIAIS Prof. José Aroldo Filho
goncalvesfilho@nutmed.com.br
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ÁCIDO ÚRICO (mg/dL) – jejum 8h
♂ 3,5 – 7,2
♀ 2,6 – 6,0
Valores aumentados: dietas de alto teor de purinas,
medicamentos e doença tipo gota.
ADIPONECTINA (mcg/mL) – jejum 12h
♂ - IMC>25kg/m2 0,8 – 16,4
♀- IMC>25kg/m2 3,7 – 23,3
Secretado pelos adiopócitos, com efeitos antiaterogênicos
e anti-inflamatório.
APOLIPOPROTEÍNA A-I (mg/dL) – jejum 12h
♂ 115 -190
♀ 115 – 220
Valores aumentados: dislipidemia familiar, exercício
vigoroso e uso moderado de álcool. Está associada ao
HDL.
Valores menores estão associados a risco de DCV.
APOLIPOPROTEÍNA B (mg/dL) – jejum 12h. Deve ser
suspenso qualquer medicamento à base de andrógenos,
diuréticos e corticoides.
♂ 70 – 160
♀ 60 – 150
Está associada ao LDL. Valores altos estão associados a
risco de DCV.
COLESTEROL TOTAL E FRAÇÕES (mg/dL) – jejum 12h
Adultos Pediatria
(2 – 19 anos)
Categoria
COL <200
200 – 239
≥240
<150
150- 169
≥170
Òtimo
Limitrofe
Alto
HDL <40
>60
-
-
-
>45
Baixo
Alto
Desejável
LDL <100
100 – 129
130 – 159
160 – 189
≥190
-
<100
100 – 129
≥130
-
Òtimo
Desejável
Limitrofe
Alto
Muito alto
TG <150
150- 199
200 – 499
≥500
<100
100 – 129
≥130
-
Òtimo
Limitrofe
Alto
Muito alto
CREATININA (mg/dL)
♂ 0,7 – 1,6
♀ 0,6 – 1,1
Marcadora de função renal, em razão da creatinina
endógena ser proporcional à massa muscular, a produção
varia com a idade e gênero. Prioriza-se o Clearence de
creatinina. Exercícios severos e ingestão de altas
quantidades de carne podem causar aumentos
significativos na excreção de creatinina, enquanto a
diminuição da massa muscular nos idosos provoca
diminuição.
FERRITINA (ng/mL) – jejum 12h. Tabagismo e dieta rica
em CHO alteram o resultado do exame.
♂ 30 – 300
♀ 10 – 200
Composto principal de armazenamento de ferro. Ferritina
inferior a 12ng/mL pode confirmar o diagnóstico de
deficiência de ferro.
FERRO (mcg/mL) – jejum 8h.
Adultos 30 - 160
Valores aumentados estão associados a hemocromatose
hereditária.
FOSFATASE ALCALINA (UI/L) – jejum 8h.
Adultos 40 - 130
Valores aumentados estão associados a distúrbios do trato
biliar, hepatites, doença de Paget, neoplasias,
hiperparatireoidismo, osteomalácia e raquitismo.
FRUTOSAMINA – jejum 8h.
Adultos Variável, de acordo com o
teor de albumina na
amostra
Corresponde ao conjunto das proteínas glicosadas, das
quais a maior parte se deve à albumina. É útil na avaliação
da eficácia de uma mudança terapêutica, sendo mais
precocemente afetada que a hemoglobina glicada.
Utilizada no monitoramento do DM gestacional.
GAMA GLUTAMILTRANSFERASE / GGT (UI/L) – jejum
8h. Suspender paracetamol e anticonvulsivantes.
♂ <50
♀ <30
Valores aumentados: doenças hepáticas, alcoolismo
crônico e icterícia obstrutiva.
GLICOSE (mg/dL) – jejum 8 a 14h.
Não DM 60 – 99
Pré-DM 100 – 126
DM >126
HEMOGLOBINA GLICADA (%) – jejum não obrigatório.
Não DM <6%
DM controlados 6 – 8%
DM descompensados >8%
Associada ao controle glicêmico de pacientes diabéticos.
INSULINA (mcUI/mL) – jejum 8h
Adultos 2,5 - 25
Para avaliação da resistência à insulina, utiliza-se o
método HOMA, onde:
HOMA = [glicose de jejum x insulina de jejum] / 22,5
LEPTINA (ng/mL) – jejum 4h.
♂ 70 – 160
♀ 60 – 150
Peptídeo sintetizado pelos adipócitos, desempenha função
na regulação da ingestão alimentar e no aumento do gasto
energético.
PROTEÍNA C-REATIVA (PC-R mg/dL) – jejum 8h.
Risco de DCV
-baixo
-moderado
- alto
<1
1 – 3
>3
Prova inflamatória Normal <0,5
3
Principal proteína de fase aguda dos processos
inflamatórios. Pode estar elevada nos processos
infecciosos, inflamatórios e neoplasias.
PROTEÍNAS TOTAIS E FRAÇÕES (g/dL) – jejum 4h.
Proteínas totais 5,5 – 8
Albumina 3,5 – 5,5
Globulinas 2 – 3,5
Rel Albumina/globulina >1,0
Utilizadas como apoio ao diagnóstico nutricional.
Resultados baixos da relação albumina/globulina ocorrem
nos casos de cirrose, glomerulopatias, mieloma,
sarcoidose, doenças granulomatosas, colagenoses,
infecções agudas, caquexia, queimaduras e doenças
inflamatórias intestinais.
TRANSAMINASES HEPÁTICAS (UI/L) – jejum 8h.
AST <35
ALT <35
Provas de função hepática, valor no diagnóstico de
hepatites virais, tóxicas e doenças necróticas do fígado.
TRANSFERRINA (mg/dL) – jejum 8h.
Adultos 230 – 390
Principal proteína de transporte de ferro. Em situações
carenciais de ferro sua produção é aumentada. Utilizada
no diagnóstico diferencial de anemias e no monitoramento
do tratamento.
URÉIA (mg/dL) – jejum 8h.
Adultos 10 – 40
Principal produto nitrogenado do metabolismo de proteínas
e aminoácidos. Sofre influência de problemas renais,
desidratação, excessiva quantidadede proteína da dieta e
catabolismo proteico aumentado.
Transforma-se a ureia urinária em nitrogênio, dividindo-se
a ureia por 2,14.
TESTE DO ESTADO DE MICRONUTRIENTES.
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AVALIAÇÃO LABORATORIAL DE URINA
ELEMENTOS ANORMAIS DO SEDIMENTO – EAS.
Refere-se à pesquisa qualitativa de vários elementos na
urina – proteínas, açúcares, corpos cetônicos, pigmentos
biliares, hormônios, cristais e células anormais e
verificações de características da amostra (pH, aspecto,
cor, odor, densidade, transparência e volume).
O exame microscópico pode relevar a presença de
eritrócitos (0 – 2/campo), leucócitos (0 – 5), bactérias
(ausentes e raras) e cristais (ausentes).
ANÁLISE DA URINA DE 24 HORAS - A principal análise é
a microalbuminúria, sendo normal entre 30 – 300mg.
Valores elevados estão associados a lesão glomerular,
principalmente entre hipertensos e DM.
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AVALIAÇÃO LABORATORIAL DE FEZES
INVESTIGAÇÃO DE PROCESSOS INFECCIOSOS
A investigação dos processo infecciosos em amostras
fecais compreende, especialmente, os exames
parasitológicos de fezes, a detecção de antígenos e a
coprocultura.
O exame parasitológico de fezes é um procedimento de
rotina quando há suspeita de infecções causadas por
protistas e metazoários, os quais podem ser encontrados
nas fezes. Não existe um método capaz de investigar
todos os agentes infecciosos nas fezes.
A detecção de antígenos específicos de Entamoeba e
Giardia tem apresentado resultados satisfatórios, podendo
ser útil para a investigação daqueles enfermos que
apresentam sinais e sintomas das doenças e que tenha
exames persistentemente negativos.
A coprocultura é o exame bacteriológico do material fecal.
Na coprocultura, as fezes devem ser examinadas o mais
precoce possível.
Micro-organismos envolvidos em diarreias, fonte provável de infecção, período de incubação:
Micro-organismo Fonte de infecção ou
condição predisponente
Período de incubação
Aeromonas spp. Água Desconhecido
Bacilus cereus Carnes, vegetais 6 a 24 horas
Campylobacter jejuni Água, leite, carnes 3 a 11 dias
Clostridium difficile Terapia antimicrobiana 4 a 9 dias
Clostridium perfringens Carnes 8 a 16 horas
Escherichia coli
enterotioxinogênica
Alimentos em geral, água 4 a 24 horas
Escherichia coli enteroinvasiva Alimentos em geral 8 a 24 horas
Escherichia coli
enterohemorragica
Carnes, leite 3 a 5 dias
Plesiomonas shigelloides Água, pescados 1 a 2 dias
Salmonella spp Alimentos em geral 8 a 72horas
Shigella dysenteriae Água 3 a 5 dias
Outras Shigella Água, alimentos em geral 8 a 72 horas
Staphylococcus aureus Carnes, laticínios 1 a 6 horas
Vibrio cholerae Água, pescados 1 a 5 dias
Vibrio parahaemolyticus Pescados 15 a 24 horas
Yersínia enterocolitica Água, alimentos em geral 16 a 48 horas
COPROLOGIA FUNCIONAL
É denominado prova de digestibilidade. Compreende o
estudo das funções digestivas do TGI e das glândulas
anexas, permitindo diagnosticar as diferentes síndromes
corpológicas, como:
- insuficiência gástrica, pancreática e biliar;
- hipersecreção biliar;
- desvios de microbiota bacteriana;
Síndrome ileal e cecal;
- constipação;
- colites; e
- outras alterações do trânsito intestinal.
Dieta e coleta:
Algumas precauções devem ser tomadas na realização da
coprologia funcional:
- o enfermo não deve usar laxantes e antiácidos nos três
dias anteriores e durante a coleta;
- deve evitar o uso de bebidas gasosas e alcoólicas
durante os três dias que antecedem a coleta;
- crianças até 12 anos devem consultar o médico para
avaliar a necessidade de alterar a dieta;
- Para enfermos maiores de 12 anos e adultos,
recomenda-se que nas 72h que antecedem o exame
sejam consumidos – no desjejum e no lanche – alimentos
com manteiga, leite e queijos. No almoço e jantar – arroz,
batata cozida, feijão, carnes e, de sobremesa,
preferencialmente banana.
- No quarto dia deve coletar todo o material fecal da
primeira evacuação (o volume mínimo necessário para o
exame é de 20g);
- coletar em recipientes limpos e secos;
- Entregar ao laboratório em no máximo 2h após coleta ou,
mantê-la refrigerada em 2 – 8ºC.
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PESQUISA DE GORDURA FECAL
A deficiência de lipases intestinais na doença do pâncreas
aumenta o teor de gorduras neutras e proteínas não
digeridas, pela falta concomitante de proteases
pancreáticas. As doenças do fígado e do trato biliar
capazes de produzir esteatorréia geralmente são
acompanhadas de icterícia e outras alterações
bioquímicas do sangue anteriores ao quadro típico.
AMOSTRA: Com o paciente sob dieta adequada, as fezes
são recolhidas em 72 horas e mantidas na geladeira com
indicação de data e hora de coleta (vasilhame plástico, lata
ou vidro de boca larga).
VOLUME NECESSÁRIO: Todo o volume de fezes colhidas
nas evacuações do quarto, quinto e sexto dias (mantendo-
se a dieta).
Consideram-se patológicas as fezes que contêm alto teor
de gordura acima de 25%.
Dieta: no mínimo 1g/kg de gordura além da dieta habitual,
mantida por 6 dias. Adultos devem aumentar (além do
habitual) 3 colheres de sopa (CS) de azeite de oliva, 2 CS
creme de leite, 1 CS manteiga e duas fatias de queijo.
Crianças abaixo de 1ano não necessitam de gordura
adicional. Crianças de 1 a 2 anos devem acrescentar
creme de leite, requeijão ou queijo prato ás refeições.
OBSERVAÇÕES:
– Consultar o médico assistente quanto ao uso de outros
medicamentos;
– Não usar purgativos, laxantes, antiácidos e talco. Em
caso de constipação intestinal, pode ser administrado
supositório de glicerina;
– Não colher as fezes no período menstrual;
– Evitar a contaminação com urina, água ou outros
elementos;
– Em caso de crianças pequenas, recolher as fezes da
fralda, logo após a evacuação;
– Para esse exame, é contra-indicado o uso de óleos
minerais, óleo de rícino e enemas (bário).
PESQUISA DE SANGUE OCULTO NAS FEZES
Permite diagnosticar ulceração no trato digestivo. As
causas mais comuns de sangramento gastrointestinal
superior são úlcera péptica, varizes esofagianas, gastrite e
câncer gástrico.
No intestino baixo, as causas mais freqüentes de
sangramento são colite, carcinoma de cólon e diverticulite.
Medicamentos como aspirina, salicilatos, esteróides,
derivados de rauwolfia, indometacina e colchicina também
são responsáveis por sangramentos gastrointestinais.
Devem ser evitados por 3 dias antes do exame.
Quando houver esse tipo de suspeita, pelo menos três
amostras de fezes devem ser examinadas.
Medicamentos à base de ferro podem levar a resultados
falso-positivos.
AMOSTRA: Fezes recentemente colhidas (frasco plástico)
após dieta adequada.
VOLUME NECESSÁRIO: 5g (1/3 do recipiente coletor)
para fezes moldadas ou líquidas.
ORIENTAÇÕES: Dieta mantida por dois dias consecutivos.
Devem ser evitados:
- Alimentos ricos em ferro: Carnes vermelhas e/ou
sanguinolentas, ovos, broto de feijão e feijão preto;
- Vegetais verdes e com grande quantidade de peroxidase:
brócolis, couve-flor, espinafre, nabo e rabanete.
–Alimentos ricos em vitamina C;
– Bebidas alcoólicas.
COLETA: Ao final do segundo ou terceiro dia pela manhã,
mantendo a dieta, coletar uma amostra de fezes e enviar
ao laboratório.
OBSERVAÇÕES:
– Não usar purgativos. Em caso de constipação intestinal,
pode ser administrado supositório de glicerina;
– Não colher fezes durante a menstruação ou quando
houver sangramento local;
– Consultar o médico assistente quanto ao uso de outros
medicamentos;
– Evitar a contaminação com urina, água ou outros
elementos;
– Em caso de crianças pequenas, recolher as fezes da
fralda logo após a evacuação;
– Para esse exame é contra-indicado o uso de óleos
minerais e enemas (bário);
– A dieta poderá ser dispensada por solicitação médica, o
que deve ser informado no recebimento da amostra.
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DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTÉICA
ALBUMINA SÉRICA (mg/dL)
Nutrido >3,5
Leve 3 – 3,5
Moderada 2,4 – 2,9
Grave <2,4
Meia-vida 20 dias.
Reduzida na desnutrição, doenças hepáticas, ICC,
doenças hepáticas, inflamação e infecções.
TRANSFERRINA SÉRICA (mg/dL)
Leve 150 – 200
Moderada 100 – 150
Grave <100
Meia-vida 8 dias.
PREALBUMINA SÉRICA (mg/dL)Nutrido 15,1 – 42
Leve 10 – 15
Moderada 5 – 9,9
Grave <5,0
Meia-vida 2 a 3 dias.
PROTEÍNA LIGADA AO RETINOL SÉRICA (mEq/dL) –
mais sensível
Nutrido 3 – 5
Meia-vida 10 – 12h. Mais sensível ás alterações
nutricionais.
Reduzida na carência de vitamina A e zinco, doenças
hepáticas e infecções graves.
ÍNDICE CREATININA-ALTURA (ICA)
Durante a desnutrição e patologias hipercatabólicas, a
degradação intensa do músculo-esquelético pode ser
aferida a partir da dosagem da creatinina urinária
utilizando o ICA.
Representa um bom indicador de reserva protéica
muscular. Depende da coleta adequada de urina de 24h
ou oligúria.
ICA = creatinina urinária 24h x 100 / excreção ideal por
sexo
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ICA
Nutrido >80
DEP Moderada 60 – 80
DEP Grave <60
3-METIL-HISTIDINA
Associada ao catabolismo protéico. Parâmetro de
seguimento nutricional, recuperação nutricional e
catabolismo muscular.
BALANÇO NITROGENADO (BN)
Reflete a dinâmica protéica.
BN = (PTN ingerida)/6,25 – (uréia urinária)/2,14 + 4 +
outras perdas
0 Equilíbrio
+ Anabolismo
- Catabolismo
CONTAGEM TOTAL DE LINFÓCITOS (CTL)
Avalia a competência imunológica.
CTL = [% linfócitos x leucócitos]/100
Depleção leve 1.200 – 2.000 céls/mm3
Depleção moderada 800 – 1.199 céls/mm3
Depleção grave <800 céls/mm3
ÍNDICE DE PROGNÓSTICO NUTRICIONAL (IPN)
Foi desenvolvido por Buzby para pacientes cirúrgicos, na
tentativa de prever o risco de morbidade pós-cirúrgica.
Este índice permite uma intervenção nutricional
objetivando melhorar o quadro clínico e nutricional antes
do ato cirúrgico.
ÍNDICE DE RISCO NUTRICIONAL (IRN)
Esse índice associa parâmetros empregados na avaliação
nutricional em fórmula específica que tem por objetivo
estabelecer associação entre o estado nutricional e a
morbimortalidade, ou seja, visa determinar o risco que o
paciente apresenta submetido a um fator injúria qualquer,
estando sob uma condição nutricional insatisfatória.
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ÍNDICE PROGNÓSTICO NUTRICIONAL HOSPITALAR
(INH)
Foi desenvolvido por Harley et al (1981), sendo calculado
a partir da seguinte fórmula:
ÍNDICE PROGNÓSTICO INFLAMATÓRIO NUTRICIONAL
(IPIN)
O IPIN é calculado a partir dos valores de duas proteínas
positivas, proteína C reativa e alfa-1-glicoproteína ácida e
duas negativas, albumina e transtirretina. Este índice tem
sido usado para caracterizar pacientes críticos, tendo
invariabilidade e precisão para prever o risco de
complicações e morte desses pacientes.
DIABETES (DM)
DIAGNÓSTICO E ACOMPANHAMENTO LABORATORIAL
- Glicemia
Diagnóstico Glicemia (mg/dL)
Jejum 2h após 75g
de glicose
Casual
Normal <100 <140 -
Pré-DM ≥100 e <126 ≥140 e <200 -
DM ≥126 ≥200 ≥200 +
sintomas
- Hemoglobina Glicada (%)
Normal 5 – 5,5
Maior risco de Pré-DM 5,5 – 6
Pré-DM 5,7 – 6,4
DM ≥6,5
DIABETES GESTACIONAL
Glicemia (mg/dL)
Jejum 1h após
75g de
glicose
2h após 75g de
glicose
SBD 2009 ADA 2011 ADA 2011 SBD 2009 ADA 2011
110 92 180 140 153
SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes
ADA – Associação Americana de Diabetes
CONTROLE ADEQUADO DO DM
Definido pelos seguintes critérios:
- Ausência de glicosúria;
- Glicemia de jejum <110mg/dL;
- Pós-prandias (2h após refeições) <140mg/dL; sendo
inaceitáveis <60 ou >240mg/dL;
- Hb1AC ≤7%.
INSULINA
É um peptídeo sintetizado pelas células beta das ilhotas de
Langerhans do pâncreas, e sua secreção é controlada
pelos níveis de glicemia, estímulos nervosos e hormonais.
Diversas formas de resistência à insulina, por diferentes
mecanismos, vêm sendo descritas.
A causa mais conhecida é a que acompanha a obesidade,
com níveis de insulina elevados e resposta exagerada
após a sobrecarga glicídica. Nestes casos, há elevação da
insulinemia diante de níveis normais ou altos de glicemia.
A dosagem da insulinemia se altera com a presença de
anticorpos anti-insulina; nesses casos, a dosagem do
peptídeo C pode ser usada para o estudo de secreção da
insulina.
VR: 2,5 – 25UI/mL.
Para avaliação da resistência insulínica podem ser
utilizados os índices:
HOMA-IR
Prediz o nível de resistência à insulina a partir da glicemia
e insulinemia basal. Requer cautela e acompanhamento
individual.
HOMA: glicose de jejum (mmol/L) x insulina de jejum
(μU/mL) / 22,5
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QUICKI
Método simples e de baixo custo para avaliação de
resistência à insulina.
QUICKI: 1 / [log (insulina de jejum) + log (glicemia de
jejum)]
PEPTÍDIO C
Após a clivagem da pró-insulina, o peptídeo C é secretado
em proporção equimolar, junto com a insulina, embora, ao
contrário dela, não sofra extração hepática. Sua dosagem
não se altera na presença de anticorpos anti-insulina,
refletindo, nestes casos, melhor que a insulina, a
capacidade secretória das células beta.
Sua principal utilização é a avaliação da reserva de
insulina endógena, auxiliando na orientação terapêutica.
Valores baixos indicariam indivíduos insulino-dependentes;
porém, não se consegue uma identificação completa
destes pacientes pela avaliação dos níveis basais ou
estimulados do peptídeo C. A hipoglicemia factícia
caracteriza-se por níveis elevados de insulina e níveis
indetectáveis do peptídeo C. Na presença de hipoglicemia,
valores elevados podem ser encontrados em casos de
insulinoma.
Em jejum 0,5 – 3ng/mL
Após estímulo com glucagon 1,5 - 9ng/mL
CLAMP EUGLICÊMICO
Objetiva avaliar a sensibilidade tecidual à insulina, além de
avaliar a sensibilidade tecidual em situações constantes de
glicemia e insulinemia.
CROMO
A deficiência pode predispor o indivíduo à resistência à
insulina.
Soro 0,05 – 5,0mcg/L
Hemácias 20 – 36mcg/L
Urina 0,1 – 2,0mcg/L
DOENÇAS DE TIREÓIDE
HIPOTIREOIDISMO CLÍNICO
T4 baixo associado a TSH elevado.
HIPERTIREOIDISMO
T4 elevado associado a TSH baixo.
BOCIO NODULAR TÓXICO
T4 normal associado a TSH baixo e T3 alto.
VR – segundo laboratório.
METABOLISMO DE CÁLCIO VITAMINA D, PTH E
OSTEOPOROSE
OSTEOPOROSE
O diagnóstico é feito mediante densitometria óssea (DMO),
onde:
Normalidade: DMO com escore T >-1DP;
Osteopenia: DMO com escore T -1DP a > -2,5DP;
Osteoporose: DMO com escore T <-2,5DP.
O escore T corresponde aos valores do pico de massas
óssea para jovens, segundo sexo.
Risco acentuado de fraturas: DMO <-2,5DP.
CÁLCIO SÉRICO (TOTAL E IONIZADO)
Constitui cerca de 1,5 – 2% do peso corporal e 39% dos
minerais do corpo humano. Aproximadamente 99% está
presente nos ossos e dentes, na forma de hidroxiapatita,
sendo o cálcio dos dentes não-permutável.
FÓSFORO SÉRICO
A concentração de fósforo sérico é regulada, conforme
metabolismo do cálcio, depende da tríade PTH, vitamina D
e calcitonina.
PARATORMÔNIO (PTH)
PTH, em conjunto com vitamina D e calcitonina, tem por
função manter a homeostase de cálcio e fósforo. A
homeostase resulta de um equilíbrio entre ingestão
alimentar e absrção intestinal em relação à reabsorção
tubular renal e à remodelagem óssea regulada por esses
hormônios.
VITAMINA D
Utiliza-se a 25(OH)D, pois é o único metabólito da vitamina
D utilizado para determinar o estado nutricional de
vitamina D. Meia vida de 2 a 3 semanas. Consiste na
soma da vitamina D ingerida pela dieta e da exposição à
luz solar (produção endógena).
FOSFATASE ALCALINA ÓSSEA ESPECÍFICA (OE)
Auxilia no diagnóstico diferencial, orientando ainda quanto
às avaliações hormonais e bioquímicas específicas a
serem realizadas como complementação diagnóstica de
doenças ósseas.
Cálcio sérico (mg/dL)
Total
Ionizado
8,8 – 10,2
4,0 – 5,6
Fósforo sérico (mg/dL) 2,7 – 4,5
Fosfatase alcalina OE VR do laboratório
PTH (pg/mL) 10 - 65
25(OH)D (pg/mL) 20 – 76
DISLIPIDEMIA
CLASSIFICAÇÃO DAS DISLIPIDEMIAS
- Hipercolesterolemia isolada – elevação isolada do
colesterol total (CT), em geral por aumento de LDL.
- Hipertrigliceridemia isolada elevação isolada dos
triglicerídeos (TG).
- Hiperlipidemia mista – aumento de CT e TG.
- HDL baixo.
14
CLASSIFICAÇÃO FENOTÍPICA (FREDRICKSON)
Se baseia no padrão das lipoproteínas associadas a
concentrações elevadas de CT e/ou TG.
Fenótipo QM VLDL IDL LDL
Tipo 1:
CT: N ou ↑
TG: ↑↑
X
Tipo IIa
CT: ↑
TG: N
X
Tipo IIb
CT: ↑↑
TG: ↑↑
X X
Tipo III
CT: ↑
TG: ↑
X
TipoIV
CT: N
TG: ↑
X
Tipo V
CT: ↑
TG: ↑↑
X X
N – normal; ↑ - pouco elevado; ↑↑ - muito elevado.
ASPECTOS LABORATORIAIS DAS DISLIPIDEMIAS
Segundo o NCEP, a avaliação do perfil lipídico deve ser
realizado em todos os indivíduos com idade superior a 20
anos, com acompanhamento a cada 5 anos para aqueles
com valores dentro da normalidade.
COLESTEROL TOTAL E FRAÇÕES (mg/dL) – jejum 12h
Adultos Pediatria
(2 – 19 anos)
Categoria
COL <200
200 – 239
≥240
<150
150- 169
≥170
Òtimo
Limitrofe
Alto
HDL <40
>60
-
-
-
>45
Baixo
Alto
Desejável
LDL <100
100 – 129
130 – 159
160 – 189
≥190
-
<100
100 – 129
≥130
-
Òtimo
Desejável
Limitrofe
Alto
Muito alto
TG <150
150- 199
200 – 499
≥500
<100
100 – 129
≥130
-
Òtimo
Limitrofe
Alto
Muito alto
LIPOPROTEÍNA (a)
A Lp(a) é uma lipoproteína com grande semelhança
estrutural com o colesterol LDL (low density lipoprotein). É
considerada por muitos autores como um fator de risco
independente para o desenvolvimento de doença
cardiovascular aterosclerótica. Níveis acima de 30mg/dL
são considerados de risco para DCV. Não deve ser
realizada rotineiramente.
ÍNDICE DE CASTELLI (IC)
Consiste na combinação entre níveis plasmáticos de CT,
LDL e HDL, para verificar a influência de cada uma das
frações de colesterol no risco de DCV.
IC – 1 = CT / HDL
♂ Até 5,1
♀ Até 4,4
IC – 2 = LDL / HDL  mais indicado para visualizar o risco
de enfermidade cardiovascular.
♂ Até 3,3
♀ Até 2,9
PANCREATITE AGUDA
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
É realizado o diagnóstico de pancreatite aguda pelo
quadro clínico (dor abdominal, distensão, náuseas e
vômitos); exames de imagem (TC de abdômen) e por
métodos bioquímicos (níveis de enzimas pancreáticas em
soro).
Os níveis séricos de amilase aumentam dentro de 2 –
12hapós início do quadro clínico, permanecendo elevada
durante 3 a 5 dias. É a enzima mais solicitada na prática
clínica, pois possui 94% de sensibilidade.
AMILASE – VR 28 – 100UI/L.
A lipase eleva-se no sangue em 4 – 8 horas após
manifestação dos sintomas. Atinge pico em 24h e
normaliza em 8 – 14 dias. Possui alta especificidade.
LIPASE – VR <160UI/L.
Outras alterações incluem: elevação de hematócrito,
leucócitos, escórias nitrogenadas, creatinina, VHS,
desidrogenase láctica, PC-R, IL-6, AST, ALT e calcemia.
DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO HEPÁTICA
A seguir serão descritos os principais marcadores
laboratoriais utilizados na avaliação e no acompanhamento
das doenças hepáticas crônicas.
ALBUMINA E PROTROMBINA
São proteínas de síntese hepática, A atividade de
protrombina reduzida e a hipoalbuminemia confirmam
disfunção hepatocelular.
PROVAS DE FUNÇÃO E MARCADORES
INFLAMATÓRIOS
A seguir são descritas as provas de função hepáticas.
15
16
17
18
CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA E
ÍNDICES DE PROGNÓSTICO
Determinar o prognóstico de pacientes com doença
hepática crônica é imprescindível para verificar quais
teriam indicações e maiores benefícios em caso de
transplante hepático.
Torna-se necessário a classificação da gravidade de
doença com base nos índices Child-Pugh e pelo MELD
(model for end-stage liver disease), usados classicamente
como índices de prognóstico.
INDICE DE CHILD-PUGH
Classificação de acordo com o grau de disfunção hepática
para direcionar a terapia, leva em consideração o grau de
encefalopatia hepática, ascite, albumina, bilirrubina total,
tempo de protrombina, RNI (relação normatizada
internacional no coagulograma). Soma-se os pontos para
cada variável critério.
Critério 1 ponto 2 pontos 3 pontos
Encefalopatia - Grau 1 – 2 Grau 3 – 4
Ascite - Leve Moderada,
grave ou
refratária
Albumina >3,5 2,8 – 3,5 <2,8
Bilirrubina
Total
<2,0 2 – 3 >3,0
Tempo de
protrombina
<4s 4 – 6s >6s
RNI <1,7 1,7 – 2,3 >2,3
MELD
Baseia-se no risco do paciente morrer aguardando o
transplante de fígado e considera a creatinina sérica,
bilirrubina total e RNI.
A equação para calcular o escore é a seguinte:
MELD = {9,57 x loge creatinina mg/dL + 3,78 x loge
bilirrubina (total) mg/dL + 11,20 x loge RNI + 6,42]
Arredonda-se o resultado para o próximo número inteiro.
O valor mínimo aceitável para qualquer uma das variáveis
é 1,0.
Escore Abordagem
≥25 Repetir exames a cada 7 dias.
24 a 19 Repetir exames a cada 30 dias.
18 a 11 Repetir exames a cada 90 dias.
≤10 Repetir exames a cada ano.
ÍNDICE DE PROGNÓSTICO GLASGOW HEPÁTICO
Prediz risco de mortalidade após cirurgia de ressecção de
CA hepático primário. Leva em consideração os níveis de
PC-R e albumina.
IPGH Valores séricos Sobrevida
0 PC-R <0,3mg/dL
Albumina ≥3,5g/dL
9,7 anos
1 PC-R >0,3mg/dL
Albumina ≥3,5g/dL
8 anos
2 PC-R >0,3mg/dL
Albumina <3,5mg/dL
4 anos
FUNÇÃO INTESTINAL
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DE MÁ-ABSORÇÃO DE
CARBOIDRATOS (CHO)
Incluem as provas da D-xilose, pesquisa de substâncias
redutoras nas fezes e pH fecal, e o teste de tolerância à
lactose.
TESTE DE D-XILOSE
É um monossacarídeo inexistente no sangue em
condições normais. Sua má-absorção é indicativa de lesão
de mucosa de intestino delgado.
PESQUISA DE SUBSTÂNCIAS REDUTORAS (PSR) NAS
FEZES E PH FECAL
Exames úteis na determinação de deficiência de
dissacaridases, ocorrendo fermentação dos dissacarídeos
em cólon.
PSR (+) quando há mono ou dissacarídeos nas fezes.
pH fecal < 5,5  indicativo de má-absorção de CHO.
TESTE DE TOLERÂNCIA À LACTOSE
É usado para avaliar insuficiência enzimática (lactase)
intestinal, resultante de dano ou disfunção da mucosa em
casos de deficiência idiopática, espru, doença celíaca e
gastroenterite.
Deve-se considerar a diferença entre a glicemia basal e o
maior valor da glicose em qualquer momento da curva. O
indivíduo é considerado intolerante quando for menor que
20mg/dL.
São colhidas amostras basais e aos 30 e 60 minutos após
uma sobrecarga de lactose. A dose ingerida por adultos é
de 50g.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DE MÁ-ABSORÇÃO DE
PROTEÍNAS (PTN)
Faz-se a determinação da alfa-1-antitripsina. Sua presença
nas fezes correlaciona-se positivamente com a perda
protéica intestinal.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DE MÁ-ABSORÇÃO DE
GORDURAS
Faz-se a pesquisa de gordura fecal. A deficiência de
lipases intestinais na doença do pâncreas aumenta o teor
de gorduras neutras e proteínas não digeridas, pela falta
concomitante de proteases pancreáticas. As doenças do
fígado e do trato biliar capazes de produzir esteatorréia
geralmente são acompanhadas de icterícia e outras
19
alterações bioquímicas do sangue anteriores ao quadro
típico.
O teste padrão-ouro é o Van de Kamer. É um exame de
difícil realização.
Com o paciente sob dieta adequada, as fezes são
recolhidas em 72 horas e mantidas na geladeira com
indicação de data e hora de coleta (vasilhame plástico, lata
ou vidro de boca larga), após uma ingestão por 5 a 7 dias
de uma dieta com 35% do VCT em gordura.
Valores de 5 a 7g são considerados sugestivos de
esteatorréia. Superiores a 7g são diagnósticos de
esteatorréia.
O teste qualitativo verifica o tamanho e número de
gotículas de gordura em campo microscópico e é dado em
cruzes.
Normal (+) até 100gts/campo, com diâmetro de 4mcm.
Aumentada (++)  até 100gts/campo, com diâmetro de 4
– 8mcm (esteatorréia moderada).
Muito aumentada (+++)  mais que 100gts/campo, com
diâmetro de 6 a 75mcm (esteatorréia acentuada).
Outro teste é após a preparo laboratorial das fezes em
tubo capilar, onde é dita inferior (fezes sólidas não
gordurosas), intermediária (fezes líquidas) ou superior
(camada gordurosa).
ALERGIAS ALIMENTARES
Reação adversa ao alimento é a denominação empregada
para qualquer reação anormal à ingestão de alimentos ou
aditivos alimentares, independentemente de sua causa.
Podendo ser tóxicas ou não.
As principais manifestações clínicas de alergia alimentar estão relacionadas aos agentes etiológicos envolvidos.
Para o diagnóstico, o ponto de partida é a anamnese, que
deve ser bastante minuciosa. Os dados obtidos permitem
ao médico decidir sobre a possibilidade do sintoma se
tratar de alteração imunológica (alergia), sugerir o alimento
desencadeante e estabelecer o mecanismofisiopatológico
envolvido, direcionando a investigação para confirmação
diagnóstica. Abaixo seguem os principais fatores de risco
para alergia alimentar.
20
A avaliação laboratorial é complementar à anamnese, sendo
importante ressaltar que os exames acessíveis ao
diagnóstico estão em sua parte relacionados À fração IgE. A
pesquisa de IgE específica é feita pelo teste de puntura ou
skin prick test ou in vitro através de teste de ImmunoCAP, a
técnica mais utilizada atualmente.
Alérgeno (idade de
introdução do alimento)
IgE (kUI/L)
Leite de vaca (< 2 anos) ≥5,0
Leite de vaca (> 2 anos) ≥15,0
Ovo (<1 ano) ≥10,9
Ovo (>1 ano) ≥13,2
Amendoim ≥14,0
Frutas oleaginosas ≥15,0
ANEMIAS CARENCIAIS
A anemia é uma condição clínica relacionada a alterações
no tamanho ou número de eritrócitos (hemácias).
Segundo a OMS, tem-se os seguintes pontos anormais de
hemoglobina que necessitam de investigação adicional:
Ciclo de vida Hb
Homens adultos <13g/dL
Escolares, adolescentes e
mulheres adultas
<12g/dL
Gestantes, lactentes e pré-
escolares
<11g/dL
As anemias podem surgir por deficiência de nutrientes (ferro,
vitamina B12, ácido fólico, cobre, piridoxina, riboflavina e
proteína) ou por patologias (anormalidades genéticas,
doenças de TGI, toxicidade por fármacos e cirro hepática).
21
22
23
NUTRIÇÃO NA ADOLESCÊNCIA
A adolescência é marcada por intensas modificações físicas,
psíquicas, comportamentais e sociais.
Após o nascimento, é o único momento em que o ser
humano apresenta aceleração na velocidade de crescimento
estatural e no ganho de peso, nos demais casos, mesmo
com crescimento intenso, há desaceleração dessa
velocidade.
Compreende o período dos 10 aos 19 anos de idade. A lei
Brasileira, segundo Estatuto da Criança e do Adolescente,
considera adolescente o indivíduo de 12 a 18 anos de idade
(WEFFORT & LAMOUNIER, 2009).
É dito pré-púbere na faixa de idade de 10 a 14 anos, púbere
de 14 a 16 anos e pós-púbere dos 16 aos 20 anos
(WEFFORT & LAMOUNIER, 2009).
OMS adolescência – intervalo entre os 10 aos 19 anos.
Comparando-se os sexos, as meninas iniciam o
desenvolvimento púbere dois anos antes dos meninos. A
fase de pico de crescimento é dependente da fase de
maturação sexual.
Entre as alterações biológicas, destaca-se o estirão de
crescimento, maturação sexual e modificações na
composição corporal.
Os adolescentes ganham cerca de 20% da altura e 50%
do peso corpóreo e massa óssea de um indivíduo, no
início de sua vida adulta.
AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO E MATURAÇÃO
SEXUAL
Os estágios de maturação sexual serão verificados
através da aplicação das tábuas de maturação de
Tanner.
Tabela 1: Maturação sexual segundo Tanner - meninos.
Tabela 1 (continuação): Maturação sexual segundo Tanner - meninas.
Durante a puberdade, o crescimento estatural médio anual
dos meninos é de 9 a 10 cm e o ganho ponderal é de 8kg.
O crescimento estatural médio anual das meninas é de
8cm/ano e o ganho ponderal é de 6 a 8kg.
ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS (KRAUSE, 2013)
O desenvolvimento cognitivo e emocional do adolescente
pode ser dividido em adolescência inicial, intermediária e
final.
 Adolescência inicial
O adolescente possui as seguintes características:
- preocupação com o corpo e a imagem corporal;
- confia e respeita os adultos;
- é ansioso quanto às suas relações com os colegas;
- é ambivalente quanto a sua autonomia.
 Adolescência intermediária
Um adolescente na fase intermediária caracteriza-se por:
- é muito influenciado por seu grupo de colegas;
- desconfia dos adultos;
NUTRIÇÃO NOS CICLOS DA VIDA
ADOLESCÊNCIA, ADULTO E GERIATRIA
Prof. José Aroldo Filho
goncalvesfilho@nutmed.com.br
24
- vê a independência como algo muito importante;
- experimenta um desenvolvimento cognitivo significante.
 Adolescência final
O adolescente possui as seguintes características:
- estabeleceu uma imagem corporal;
- está orientado em direção ao futuro e está fazendo plano;
- está cada vez mais independente;
- é mais consistente em seus valores e crenças;
- está desenvolvendo intimidade e relações permanentes.
AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO
- ESTIMATIVA DA ESTATURA EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES COM LIMITAÇÕES FÍSICAS
Existe a estimativa de altura de crianças e adolescentes com
limitações físicas  uso das medidas de membros
superiores (CSB), do membro inferior a partir do joelho (CJ)
e do comprimento tibial (CT).
MEDIDA DO
SEGMENTO
ESTATURA ESTIMADA (cm) DP (cm)
CSB E = (4,35 X CSB) + 21,8 +1,7
CT E = (3,26 X CT) + 30,8 +1,4
CJ E = (2,69 X CJ) + 24,2 +1,1
Tabela 2: Estimativa de altura em crianças e
adolescentes com limitações físicas segundo WEFFORT
& LAMOUNIER (2009)
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL PARA A IDADE (IMC/I)
Para avaliar o estado nutricional do adolescente, a OMS
preconiza o uso do IMC, o qual deve ser avaliado de acordo
com a idade e sexo (o IMC aumenta com o passar da idade).
Os pontos de corte foram definidos por meio de estudo de
validação, considerando a morbimortalidade por doenças
associadas ao baixo peso e ao sobrepeso.
Segundo CHEMIN & MURA, é um indicador para triagem e
não para diagnóstico de alterações nutricionais.
No caso de adolescentes, a justificativa para preconização
do IMC/I baseia-se em:
- inadequação do uso do P/I, isolado na avaliação de
adolescentes (a fase de intenso crescimento necessita de
avaliação de altura);
- possibilidade do ajuste do IMC pela idade (levando em
consideração as modificações ao longo do tempo);
- utilização do mesmo critério de avaliação desde os dois
anos de idade até a fase adulta/idosa;
- estudos mostram que crianças e adolescentes com alto
IMC/I tendem a manter essa condição na vida adulta.
Desvantagem: não diferencia os componentes do peso
corporal.
Pontos de corte para classificação do estado nutricional pelo
IMC/IDADE(OMS 2007 – CHEMIN & MURA 2011 / VITOLO
2014):
Magreza acentuada  <p0,1 (VITOLO, 2014)
 Baixo peso / Magreza <p3;
Normalidade p3 |– p85 ;
 Sobrepeso p85 |- p97
Obesidade ≥p97.
Obs.: Vitolo (2014) considera Risco de sobrepeso p85 |- p97;
Sobrepeso p97 |- p99,9 e Obesidade >p99,9.
- CLASSIFICAÇÃO OMS/NCHS 2000 para o IMC segundo
WEFFORT & LAMOUNIER (2009):
Percentil OMS (1977) NCHS (2000)
<p5 Risco de desnutrição Baixo peso
p 5 |- 85 Eutrofia Eutrofia
>p85 (OMS)
≥p85 (NCHS)
Risco de Sobrepeso Sobrepeso
>p95 (OMS)
≥p95 (NCHS)
Risco de Obesidade Obesidade
ESTATURA PARA A IDADE
- PERÍMETRO TORÁCICO: na adolescência a fita passa no
apêndice xifoide (WEFFORT & LAMOUNIER, 2009).
- SEGMENTOS CORPORAIS: as proporções entre
segmento superior e inferior alteram–se com a idade. Essa
relação tem valor para exame físico. O segmento inferior (SI)
é definido pela distância entre o solo e a borda superior da
sínfise púbica, estando o indivíduo de pé, descalço, com os
barcos pendentes ao lado e os pés ligeiramente afastados.
O segmento superior (SS) é definido no ponto da sínfise
púbica até o ápice da cabeça. Para indivíduos com idade
superior a 10 anos, a relação SS/SI deve ser menor que 1,0
WEFFORT & LAMOUNIER (2009).
- AVALIAÇÂO LABORATORIAL segundo WEFFORT &
LAMOUNIER (2009):
Indicador Valor normal
Albumina ≥3,5 g/dL
Transferrina 170 a 250 mg/dL
Fibronectina 30 a 40 mg/dL
Contagem de
linfócitos circulantes
Aceitável: >1200cels/mm3
Moderadamente reduzidos: 800 a
1200cels/mm3
Reduzidos: <800cels/mm3
Glicemia de jejum 70 a 100 mg/dL
Folato sérico >6ng/mL
Tempo de
protrombina
11 a 15 segundos
Alfatocoferol ≥0,7 mg/dL
Ácido ascórbico ≥30 mg/dL
Retinol ≥30mg/dL
Glutation redutase <20%
Vitamina B12 ≥200pg/mL
Fósforo 5 a 8mg/dL
Zinco 60 a 120 mcg/dL
Colesterol total Desejável: <150mg/dl
Limítrofe: 150 a 169mg/dl
Aumentando: >170mg/dl
LDL colesterol Desejável: <100mg/dl
Limítrofe: 100 a 129mg/dl
Aumentando: >130mg/dl
HDL colesterol ≥45mg/dL
Triglicerídeos Desejável: <100mg/dl
Limítrofe: 100 a 129mg/dl
Aumentando: >130mg/dl
A OMS (2007), na CHEMIN & MURA (2011) <p3 ou <-
2EscZ.= Baixa estatura para idade.
A normalidade é dada àqueles com E/I >p3.
25
Gravidade Dosagem de albumina sérica
(g/dL)
Depleção leve 3,5 a 2,8Depleção moderada 2,7 a 2,1
Depleção grave Inferior a 2,1
NECESSIDADES E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
Energia
Para estimativa das necessidades de energia (EER ou VCT)
deve-se levar em consideração o gasto energético total e a
energia de deposição.
Idade
Necessidades de energia – sexo masculino
Sedentário Pouco
ativo
Ativo Muito
ativo
10 1601 1875 2149 2486
11 1691 1985 2279 2640
12 1789 2113 2428 2817
13 1935 2276 2618 3038
14 2090 2459 2829 3283
15 2223 2618 3013 3499
16 2320 1736 3152 3663
17 2366 1796 3226 3754
18 2383 2823 3263 3804
Tab. 2: Necessidades de Energia segundo sexo –
meninos (KRAUSE).
Idade
Necessidades de energia – sexo feminino
Sedentário Pouco
ativo
Ativo Muito
ativo
10 1470 1729 1972 2376
11 1538 1813 2071 2500
12 1798 2113 2428 2817
13 1617 1909 2183 3640
14 1718 2036 2334 3831
15 1731 2057 2362 2870
16 1729 2059 2368 2883
17 1710 2042 2353 2871
18 1690 2024 2336 2858
Tab. 2 (CONTINUAÇÃO): Necessidades de Energia
segundo sexo – meninas (KRAUSE).
Estima-se que 9% da ingestão calórica total em
adolescentes do sexo masculino e 8% do consumo de
adolescentes do sexo feminino, sejam atribuídos ao
consumo de refrigerantes.
WEFFORT & LAMOUNIER (2009)  O cálculo energético
pode ser realizado das seguintes formas:
1)De acordo com as recomendações da RDA (1989) por
centímetro de altura real, onde:
Faixa etária (anos) Meninas Meninos
11 - 14 14kcal/cm 16 kcal/cm
15 – 18 13,5 kcal/cm 17kcal/cm
2) Ou segundo a FAO/OMS: onde a Taxa de Metabolismo
Basal seria dada por:
Faixa etária (anos) Meninas Meninos
10 – 18 12,2 x P + 746 17,5 x P + 651
Após o cálculo da TMB, deve-se multiplicar o fator atividade:
Atividade Meninas (g/dia) Meninos (g/dia)
Escola e atividade
leve
1,5 1,6
Atividade moderada 2,2 2,5
Atividade intensa 6 6
3) Pode-se ainda utilizar o gasto energético com base no
centímetro de altura real (VITOLO, 2014):
Faixa etária (anos) Meninos Meninas
1 14,1 13,6
2 a 3 15,0 13,5
4 a 6 15,2 13,8
7 a 10 16,7 14,1
11 a 14 16,8 13,0
15 a 16 15,9 11,8
Considerar ainda se o adolescente é sobrepeso ou não,
seguem as tabelas do CHEMIN & MURA:
Tabela 3: Cálculo da estimativa das necessidades de
energia para adolescentes (CHEMIN & MURA 2011 /
VITOLO 2014).
O IOM preconiza que, para adolescentes com risco de
sobrepeso ou sobrepeso (IMC/I ≥p85 e 95,
respectivamente), não se deve incluir a energia de
deposição no cálculo da EER.
A não inclusão da energia de deposição leva em
consideração que haveria a utilização do tecido adiposo
excedente para promover o crescimento.
Contudo, essa recomendação deve ser avaliada
individualmente, considerando o período de crescimento,
maturação sexual, histórico familiar e estilo de vida de cada
adolescente.
Tabela 3 (continuação): Cálculo da estimativa das
necessidades de energia para adolescentes com
sobrepeso (CHEMIN & MURA).
Carboidratos: Recomenda-se cerca de 130g/dia.
Proteínas (VITOLO, 2014)
Idade EAR (g/kg/d) RDA (g/kg/d)
9 – 13 0,76 0,95 ou 34g/d
14 – 18
Meninos
Meninas
0,73
0,71
0,85 ou 52g/d
0,85 ou 46g/d
26
WEFFORT & LAMOUNIER (2009)  a recomendação
proteica seria:
Idade RDA (g/kg/d)
11 – 14 1,0 g/kg
15 – 18
Meninos
Meninas
0,90 g/kg
0,80 g/kg
Corresponderia de 12 a 14% do VCT.
Fibras
A ingestão adequada (AI) de fibras possui variação com a
faixa etária e sexo. Vitolo (2014), idade +5 até os 15 anos.
Após, a mesma recomendação de adultos: 20 a 30g diários.
Segundo CHEMIN & MURA, estabeleceu-se uma AI de
14g/1000kcal.
Tabela 7: Recomendação de fibras para adolescentes
(CHEMIN & MURA).
Faixa etária
(anos)
Meninas (g/dia) Meninos (g/dia)
9 – 13 26 31
14 – 18 26 38
19 – 50 25 38
 CHO - Recomenda-se cerca de 130g/dia.
Lipídios - Recomenda-se cerca de 30 – 35% do VET, com
não mais de 10% das calorias de ácidos graxos saturados.
Idade W3 W6
9 – 13
Meninos
Meninas
1,2
1,0
12
10
14 – 18
Meninos
Meninas
1,6
1,1
16
11
WEFFORT & LAMOUNIER (2009)  A faixa de distribuição
aceitável de energia proveniente dos macronutrientes
segundo as DRIs (2002) seria:
- CHO de 45 a 65%;
- PTN de 10 a 30%;
- LIP de 25 a 35%.
Minerais e vitaminas
A EAR deve ser utilizada na avaliação dietética de
adolescentes, bem como no cálculo de dietas para grupos
de adolescentes. Nesse último caso, é preciso conhecer o
desvio-padrão de ingestão no grupo.
O limite superior tolerável (UL) não é uma recomendação,
pois níveis de ingestão superiores causam efeitos deletérios
à saúde.
No entanto, é um guia importante para limitar o apetite de
adolescentes, especialmente aqueles que, em culto ao
melhor desempenho físico, fazem uso indiscriminado de
suplementos nutricionais.
ESPECIFICIDADES DOS MICRONUTRIENTES ( KRAUSE)
1. Ferro  Todos os adolescentes têm alta necessidade de
ferro, decorrente da síntese muscular, aumento de volume
sangüíneo nos meninos e menarca nas meninas.
Anemia fisiológica do crescimento  reservas adequadas de
ferro, mas, em vista do rápido crescimento e aumento de
massa magra, tem-se diminuição do ferro circulante.
Faixa etária
(anos)
Meninos (mg) Meninas (mg)
9 – 13 8 8
14 – 18 11 15
19 – 50 8 18
2. Cálcio  recomenda-se 1300mg diários para ambos os
sexos.
KRAUSE  Em função dos desenvolvimentos muscular,
esquelético e endócrino acelerados, as necessidades de
cálcio são maiores durante a puberdade e adolescência, que
na infância ou fase adulta.
A DRI de cálcio para adolescentes é de 1300mg, o que
está entre os valores recomendados pelo NIH para ingestão
de cálcio ótima (1200 – 1500mg) para adolescentes de 11 a
24 anos.
Entretanto, segundo as pesquisas NHANES II e III,
observou-se diminuição do consumo de cálcio e consumo
inadequado frente às recomendações, o que pode ser
decorrente do alto consumo de refrigerante e diminuição do
consumo de leite.
IOM maiores níveis de ingestão para indivíduos de 9 a 18
anos que adultos, uma vez que, em meninas, há construção
de 92% da massa óssea ao redor dos 18 anos de idade.
3. Zinco (KRAUSE)  O zinco é essencial para o
crescimento e maturação sexual. A retenção de zinco
aumenta significativamente durante o estirão de
crescimento.
A ingestão limitada de zinco pode afetar o crescimento
físico, assim como o desenvolvimento de características
sexuais secundárias.
Faixa etária
(anos)
Meninos (mg) Meninas (mg)
9 – 13 8 8
14 – 18 11 9
19 – 50 11 8
4. Folato  RDA de 300mcg para adolescentes de 9 a 13
anos e de 400mcg quando têm 14 a 18 anos.
5. Vitamina A  grande importância devido à aceleração do
crescimento e por contribuir para a amanutenção da
integridade do sistema imunológico. Recomenda-se 600mcg
para ambos os sexos dos 09 aos 13 anos, de 900mcg para o
sexo masculino de 14 a 18 anos e 700mcg para o sexo
feminino na mesma faixa etária (WEFFORT & LAMOUNIER,
2009).
6. Vitamina C  participa da síntese de colágeno, na
cicatrização, formação de dentes e integridade capilar.
Recomenda-se 45mg diários para aqueles com idade de 9 a
13 anos. Meninos de 14 a 18 anos necesitam de 75mg/dia e
meninas na mesma faixa etária cerca de 65mg diários
(WEFFORT & LAMOUNIER, 2009).
7. Vitamina D  pela sua atuação na síntese de massa
óssea e homeostase de cálcio, recomenda-se 7mcg/dia para
ambos os sexos, indendente da faixa de idade (WEFFORT &
LAMOUNIER, 2009).
27
NUTRIÇÃO NA IDADE ADULTA
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA
A primeira etapa do atendimento nutricional de um adulto
consiste na avaliação do estado nutricional.
A prescrição da dieta deve atender ao objetivo dietoterápico,
caso exista alguma enfermidade associada, considerando
ainda o uso de medicamentos e suplementos.
Para avaliação nutricional de adultos, são utilizados como
parâmetros essenciais o peso e a altura, os perímetros da
cintura e do quadril e as dobras cutâneas do tríceps,
bicipital, subescapular e supra-ilíaca.
PESO
O peso corporal é constituído por massa óssea, tecido
adiposo, tecido muscular e água. Variações no curto espaço
de tempo estão mais relacionadas a perda ou retenção
hídrica do que modificações no tecido adiposo ou muscular.
O peso sofre variação normal de 1,0 a 1,5kg entre o período
damanhã e o período da noite, sem significar que é
aumento de gordura.
CIRCUNFERÊNCIA DE CINTURA (CC)
Tem como objetivo avaliar a adiposidade abdominal em
função de sua associação com doenças crônicas.
A OMS recomendou o uso do ponto médio entre o último
rebordo costal e a crista ilíaca.
O perímetro de cintura é o melhor indicador da gordura
visceral, mais relacionado às doenças cardiovasculares
ateroscleróticas.
A RCQ está mais relacionada à resistência à insulina.
Tabela 8: Pontos de corte de perímetro de cintura
segundo sexo.
Sexo Perímetro de cintura (cm)
Risco Aumentado de
DCV
Risco Muito
aumentado de DCV
♂ ≥94 ≥102
♀ ≥80 ≥88
INDICADORES E CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
IMC
Por recomendação da OMS tem-se utilizado para avaliação
do peso corporal de adultos o IMC.
As principais limitações do IMC apontadas por alguns
autores referem-se ao fato do IMC estabelecer correlação,
com a altura, embora baixa, com a massa magra,
principalmente nos homens, e com proporcionalidade
corporal (relação do tamanho das pernas / tronco), o que
compromete sua utilização como indicador de gordura
corporal.
Para auxiliar na avaliação dos componentes do IMC,
Vanitallie et al. propuseram a separação do IMC com base
no peso de gordura corporal e de massa livre de gordura,
onde:
IMCG (índice de massa corporal de gordura) = peso de
gordura (kg) / altura em m2
IMCLG (índice de massa corporal livre de gordura) = peso
de massa magra (kg) / altura em m2
RELAÇÃO CINTURA-QUADRIL (RCQ)
Indicador de gordura visceral, onde, risco aumentado para
doenças cardiovasculares; HOMENS RCQ>1 e MULHERES
RCQ>0,85.
COMPOSIÇÃO CORPORAL
A avaliação da composição corporal pode ser definida como
a mensuração e a interpretação dos valores obtidos acerca
dos compartimentos corporais, sendo os mais avaliados:
gordura corporal, massa livre de gordura, água corporal e
conteúdo mineral ósseo total.
Obesidade  excesso de gordura corporal total e não de
peso corporal.
As medidas de dobras cutâneas predizem a quantidade de
gordura corporal localizada ou total, por meio da avaliação
subcutânea.
Seu emprego na avaliação da gordura total se deve ao fato
de apresentar boa correlação (r) com métodos mais precisos
de avaliação de composição corporal (r entre 0,6 a 0,9,
estando em alguns estudos em torno de 0,85).
Em relação à composição corporal, avaliam-se os
compartimentos corporais e, em especial, sua associação
com o risco de adoecer (tanto por distúrbios associados à
desnutrição, quantos aqueles associados à obesidade).
Na área de Nutrição, tem-se utilizado o protocolo de soma
das quatro dobras (tríceps, bíceps, supra-ilíaca e
subescapular) e densidade corporal proposto por Durnin e
Rahaman.
Em geral considera-se como aceitável, para adultos, um
percentual de gordura corporal de até 25% para homens e
30% para mulheres.
Tabela 09: Pontos de corte de adiposidade e risco
(CHEMIN & MURA)
NECESSIDADES E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
a)Energia (EER)  considerando peso e altura de
referência, a EER para indivíduos ativos de 19 anos é
calculada em 3.067kcal/dia para homens e 2.403kcal/dia
para mulheres.
Tabela 11: Estimativa de necessidades de energia para
indivíduos com idade igual ou superior a 19 anos
(CHEMIN & MURA).
28
O cálculo de energia pode ser feito utilizando Harris &
Benedict (1919) ou pela FAO/OMS (1985).
b) Proteínas 0,8g/kg/dia para ambos os sexos.
O que corresponde a 56g/dia para homens e 46g/dia para
mulheres, levando-se em conta o peso corporal de
referência.
Assumiu-se um coeficiente de variação de 12% para o
cálculo da RDA, levando-se em consideração características
como digestibilidade.
c) Carboidratos  EAR = 100g/dia e a RDA = 130g/dia.
d) Fibras
Os valores de ingestão diária de referência para fibras totais
são dados segundo sexo e idade.
Tabela 13: Recomendação de fibras para adultos
(CHEMIN & MURA).
Faixa etária
(anos)
Mulheres
(g/dia)
Homens
(g/dia)
19 – 50 25 38
≥ 51 21 30
e) Lipídeos
Com base na população americana, o Institute of Medicine
(2002) estabeleceu a ingestão adequada para ácido linoléico
(ômega 6) e alfa-linolênico (ômega 3) segundo idade e sexo.
Para o ácido linoléico (ômega 6), a AI foi estabelecida como
segue:
Tabela 14: Recomendação de lipídeos para adultos
segundo o IOM.
Faixa etária
(anos)
Mulheres
(g/dia)
Homens
(g/dia)
19 – 30 12 17
51 – 70 11 14
Atenção, pois a CHEMIN & MURA não apresenta a
recomendação para adultos de 31 a 50 anos de idade.
Para ômega 3, foi estabelecida a ingestão adequada em
1,6g/dia para homens e 1,1g/dia para mulheres.
FAIXA DE DISTRIBUIÇÃO ACEITÁVEL DE
MACRONUTRIENTES
Segundo CHEMIN & MURA são aceitáveis os seguintes
valores de ingestão diária de referência de macronutrientes:
 Proteínas 10 – 35%;
 Lipídeos 20 – 35%, sendo:
o Ácido linoléico 5 – 10%;
o Ácido alfa-linolênico 0,6 – 1,2%;
 EPA ou DHA  até 10% da faixa de distribuição aceitável
de macronutrientes;
Carboidratos 45 – 65%.
NUTRIÇÃO EM GERIATRIA
O processo de envelhecimento humano é considerado um
processo irreversível, natural, progressivo e dinâmico,
promovendo alterações morfológicas, bioquímicas,
fisiológicas, comportamentais e psicossociais.
ALTERAÇÕES ORGÂNICAS, FISIOLÓGICAS E
METABÓLICAS DECORRENTES DO ENVELHECIMENTO
1. Alteração da composição corporal
Com o envelhecimento ocorre aumento progressivo da
massa gordurosa e diminuição da massa magra (água,
tecido ósseo e muscular).
Há concentração de gordura no tronco, com aumento de
gordura abdominal e diminuição da gordura periférica.
Fatores que podem explicar a diminuição da massa magra
em idosos: diminuição da atividade física, alimentação
inadequada, diminuição da ACT e perda generalizada da
massa celular.
Há redução da água corporal total em cerca de 15 a 20% e
redução de massa muscular em 11kg nos homens e 4kg nas
mulheres, deste modo, tais alterações influenciam no
desenvolvimento de atividades físicas e na necessidade
calórica desses pacientes, que tende a diminuir.
2. Diminuição do Metabolismo Basal
Ocorre diminuição do metabolismo basal (de 10 a 20% com
o decorrer da idade, entre 30 e 75 anos).
3. Diminuição da acuidade dos órgãos dos sentidos
A redução da sensibilidade por gostos primários (doce,
amargo, ácido e salgado) é considerada um dos fatores mais
relevantes na redução da ingestão alimentar de idosos.
A perda da sensação de paladar pode estar relacionada a
redução do número de papilas gustativas, logo, o idoso
necessita concentrar mais sabor das preparações para
ajustar ao paladar alterado.
4. Alterações na cavidade oral
A ausência total ou parcial de dentes e/ou o uso inadequado
de próteses (parciais ou totais), a presença de cáries e
doenças periodontais ou a presença de xerostomia
acarretam prejuízos no processo de mastigação. Isso faz
29
com que esses indivíduos reduzam a ingestão de alguns
alimentos, como carnes, frutas, verduras e legumes crus.
Com o envelhecimento há atrofia e perda de elasticidade de
todos os tecidos da cavidade oral, diminuição quantitativa e
qualitativa de saliva, redução da secreção de mucina e
ptialina.
Alterações de cavidade oral podem explicar a preferência
alimentar por alimentos macios, de fácil mastigação e muitas
vezes pobres em nutrientes (fibras, vitaminas e minerais).
5. Alterações esofágicas
Idosos apresentam fraqueza na musculatura faríngea e
relaxamento anormal do músculo cricofaríngeo, deficiência
do relaxamento do EES e na peristalse primária,
prejudicando a deglutição.
A disfagia, comum em idosos, pode ser definida como
desordem na deglutição e/ou potencial desabilidade em
deglutir, com prejuízos na segurança, na eficiência e na
qualidade de comer e beber. A presença de disfagia implica
em risco de aspiração.
Outras afecções comuns em idosos incluem hérnia de hiato
e ulcerações de esôfago.
6. Alterações gástricas
Ocorre declínio da secreção ácida gástrica, que se relaciona
com o grau de atrofia de mucosa gástrica.
A diminuição do suco gástrico implica diretamente na
redução da secreção de fator intrínseco, responsável pelaabsorção da vitamina B12 pelo TGI, o que pode acarretar
em anemia megaloblástica.
Outro ponto é que a gastrite atrófica e acloridria são causas
de anemia em idosos (diminuição da eficiência de absorção
de ferro).
Além disso, o esvaziamento gástrico lentificado pode
prejudicar a digestão, retardar a biodisponibilidade de
algumas drogas, além de aumentar a saciedade precoce,
podendo contribuir para a anorexia do idoso.
7. Alterações intestinais
Com o envelhecimento tem-se diminuição da capacidade
absortiva de micronutrientes e há aumento da incidência de
obstipação intestinal.
8. Alterações metabólicas
Com o envelhecimento ocorrem alterações orgânicas
funcionais no pâncreas, fígado e rins. As alterações
pancreáticas podem ocasionar diminuição da secreção de
enzimas (prejudicando a absorção de nutrientes e hormônios
(como a insulina).
No fígado pode ocorrer diminuição de fluxo sanguíneo, do
tamanho dos hepatócitos e da produção de ácidos biliares,
prejudicando a absorção de gorduras.
Nos rins, pode-se ter capacidade diminuída para eliminação
de metabólitos e toxinas.
9. Alterações na atividade física
A prática de atividade física está diminuída (decorrente de
doença neurológica, alterações orgânicas ou por alterações
fisiológicas).
FATORES PATOLÓGICOS
As doenças crônicas como osteoporose, DM, DCV,
dislipidemias e câncer são freqüentes no paciente geriátrico.
FATORES PSICOLÓGICOS
Algumas situações como perda do cônjuge; morar sozinho
ou em instituições; sensação de abandono; perda de
autonomia; perdas do papel social diante da sociedade e
depressão podem causar desinteresse na alimentação.
FATORES ECONÔMICOS
O baixo poder aquisitivo aliado ao aumento do gasto com
medicações dificulta o acesso dos idosos à alimentação
segura, tanto em quantidade quanto em qualidade.
FATORES CULTURAIS
A presença de mitos, tabus, crenças, receitas e medicações
caseiras podem prejudicar o tratamento de saúde, controle
de doenças e oferta de alimentos.
As variáveis fisiológicas que se deprimem no idoso estão
apresentadas na tabela 1.
Tab. 12: Variáveis fisiológicas que se deprimem no idoso segundo DAN WAITZBERG.
30
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
Foi estabelecido um índice de Desnutrição do Idoso (IDI)
levando-se em consideração pelo menos duas variáveis:
antropometria (DCT, DCSE, AMB abaixo do p5) e/ou valores
bioquímicos reduzidos, albumina <2,8g/100ml e
CTLP<900céls/mm3.
Tab. 13: IDI segundo DAN WAITZBERG.
A história dietética deve levar em consideração as
alterações do paladar e de cavidade oral, já descritas
anteriormente.
As variáveis antropométricas devem ser avaliadas
cuidadosamente, uma vez que tem-se alterações nos
depósitos musculares e gordurosos.
AVALIAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
O modelo de avaliação multidisciplinar melhora
significativamente o cuidado total fornecido. As medidas de
estado funcional avaliam a capacidade dos indivíduos de
realizar as tarefas necessárias para lidar com a vida diária e
com o próprio ambiente.
Deve ser realizada a avaliação de atividade diária:
- Atividades da vida diária:
Alimentar-se
Transferência cama-poltrona
Mobilidade interna/externa
Vestir-se
Banhar-se
Toalete
Continência
- Atividades instrumentais de vida diária:
Uso do telefone
Viajar
Fazer compras
Cozinhar
Leves serviços domésticos
Tomar remédios
Gerenciar as finanças
NUTRITIONAL SCREENING INITIATIVE - DETERMINE
A iniciativa de Avaliação Nutricional feito pela American
Academy of Family Physicians (AAP), American Dietetic
Association e o National Council on Aging desenvolveu um
Checklist Nutricional baseado em sinais do idoso. Esta nova
ferramenta está disponível em www.aafp.org/nsi/palm.html, o
chamado formulário DETERMINE.
Nome: ______________________________________________________________________
Idade: _______
Data: ___/___/_____
QUESTÒES RESPOSTAS
AFIRMATIVAS
(pontos)
Você tem alguma doença que o fez mudar o tipo/quantidade de alimentos que consome? 2
Você consome menos que duas refeições por dia? 3
Você bebe três ou mais doses de cerveja, licor ou vinho quase todos os dias? 2
Você consome poucas frutas, legumes, verduras ou produtos lácteos? 2
Você tem problemas bucais que dificultam sua alimentação? 2
Você nem sempre tem dinheiro suficiente para comprar os alimentos que necessita? 4
Você come sozinho nas maiorias das vezes? 1
Você usa três ou mais medicamentos diferentes prescritos ou por conta própria ao dia? 1
Você ganhou ou perdeu cerca de 4,5kg nos últimos 6 meses, involuntariamente? 2
Você nem sempre tem condições físicas para fazer compras, cozinhar e/ou alimentar-se sozinho? 2
PONTUAÇÀO
0 – 2 – BOM! - Revisar em 6 meses.
3 – 5 – RISCO NUTRICIONAL MODERADO! – Verifique o que você pode fazer para melhorar seus hábitos alimentares e seu
estilo de vida.
6 ou mais - RISCO NUTRICIONAL ALTO! – Procure ajude de um médico ou nutricionista.
31
Fig. 2: Questionário DETERMINE de avaliação nutricional do idoso.
MINIAVALIAÇÃO NUTRICIONAL (MAN)
O rastreamento da DEP em idosos pode ser feita com a
MAN, em pacientes ambulatoriais, hospitalizados ou em
clínicas geriátricas.
A triagem é feita na primeira parte da MAN, onde serão
considerados de risco aqueles que pontuam com 11 pontos
ou menos, devendo continuar a avaliação.
O melhor instrumento validado para a avaliação é a segunda
parte da MAN.
Valores entre 24 e 30 indicam ausência de risco nutricional,
de 17 a 23,5 indicam risco e abaixo de 17 indicam alto risco
de desnutrição ou desnutrição já estabelecida.
Os dados de NHANES sugerem que os adultos mais velhos
estão em risco de desnutrição pela presença de doenças,
incapacidade física, polifármacos, saúde dental e oral
prejudicadas, isolamento social, limitações financeiras ou
saúde mental prejudicada.
Segundo KRAUSE uma boa ferramenta para diagnóstico
nutricional é a Mini Avaliação Nutricional que consiste de
questões e medidas antropométricas para determinar um
escore indicador de desnutrição.
32
Fig. 3: Miniavaliação Nutricional
Preconiza-se, dentre outros o uso de métodos objetivos
(antropometria, composição corporal e exames bioquímicos).
a) Antropometria
Medidas:
 Estatura (que pode ser estimada pela altura do joelho ou
pela hemienvergadura do braço):
O valor de estatura pode diminuir com o avanço da idade,
em razão do achatamento dos discos intervertebrais e do
arco plantar dos pés e do enfraquecimento de musculatura
da perna.
Há declínio (embora sem consenso) de 1,2 – 4,2cm a cada
20 anos, a partir dos 30 anos. Chumlea propõe equações
para estimativa de altura.
Tab. 14: Fórmula para estimar a altura a partir da altura
do joelho
Homem Mulher
64,19 - (0,04 x idade) +
(2,02 x altura do joelho)
84,88 - (0,24 x idade) +
(1,83 x altura do joelho)
O valor estimado da altura pode ser usado para cálculo do
IMC e das necessidades energéticas.
 Peso, que pode ser estimado segundo a fórmula de
Chumlea, com a combinação das medidas de panturrilha,
joelho e braço, onde:
33
HOMEM = (0,98 x perímetro de panturrilha) + (1,16 x altura
do joelho) + (1,73 x circunferência do braço) + (0,37 x dobra
cutânea subescapular) – 81,69
MULHER = (1,27 x perímetro de panturrilha) + (0,87 x altura
do joelho) + (0,98 x circunferência do braço) + (0,4 x dobra
cutânea subescapular) – 62,35
Quando não há possibilidade de mensuração ou estimativa
do peso, pode-se utilizar o peso habitual.
 Perímetro do braço
No caso de idosos impossibilitados de permanecerem em
pé, a mensuração é feita com individuo sentado ou deitado.
Em acamados, a medida é realizada em decúbito lateral.
Dobra cutânea tricipital
No caso de idosos impossibilitados de permanecerem em
pé, a mensuração é feita com individuo sentado ou deitado.
Em acamados, a medida é realizada em decúbito lateral.
Dobra cutânea subescapular
No caso de idosos impossibilitados de permanecerem em
pé, a mensuração é feita com individuo sentado ou deitado.
Em acamados, a medida é realizada em decúbito lateral.
 Perímetro da cintura
No caso de idosos impossibilitados de permanecerem em
pé, esta medida não se aplica.
 Perímetrodo quadril
No caso de idosos impossibilitados de permanecerem em
pé, esta medida não se aplica.
 Perímetro da panturrilha
Em idosos é a medida mais sensível de massa muscular.
Indica mudanças de massa magra que ocorrem com o
envelhecimento e diminuição da atividade.
 IMC – 22 a 27kg/m2 (CHEMIN&MURA 2011; CUPPARI
2014; VITOLO 2014) ou 24 a 29kg/m2 (KRAUSE, 2015)
Circunferência muscular do braço
 Área muscular do braço
 Área muscular do braço corrigida  com ajuste da área
óssea à equação de Gurney e Jellife de área muscular do
braço.
As medidas de perimetria e circunferência serão
comparadas junto às tabelas do FRISANCHO (1990).
AVALIAÇÃO DO RISCO DE DESNUTRIÇÃO (WAITZBER,
2009)
Presença de pelo menos dois sinais:
- perda de 2kg no ultimo mês ou 4kg nos últimos 6 meses;
- perda de 15-20% do peso adulto normal;
- duas refeições por dia;
- dieta especial ou para perda de peso;
- baixa ingestão oral;
- problema oral ou dentário;
- perda da autonomia física ou psicológica;
- constipação (obstipação) intestinal grave;
- dificuldade de deglutição;
- morar sozinho ou depressão;
- mais que cinco medicações por dia;
- doença aguda ou crônica.
RECOMENDAÇÕES DIETÉTICAS NO ENVELHECIMENTO
As DRIs atuais, estabelecidas para otimizar a saúde de
indivíduos e grupos, fornecem uma diretriz para avaliar a
conhecimentos sobre as necessidades nutricionais.
Energia
As necessidades diminuem com a idade em função das
alterações de composição corporal e diminuição na taxa
metabólica basal e redução de atividade física.
Um IMC desejável pode ser estimado com relação à idade
da pessoa para determinar uma estimativa mais apropriada
da necessidade de energia.
ATENÇÃO: CHEMIN & MURA / VITOLO 2014  IMC
adequado 22 a 27kg/m2!
As necessidades energéticas totais diárias normalmente são
estimadas de acordo com a taxa de metabolismo basal
(TMB), que contribui com cerca de 60 a 75% do VCT.
Em geral, utiliza-se a equação de Harris & Benedict. A partir
da TMB, multiplicam-se os fatores atividade, lesão e térmico,
onde:
HOMENS:
TMB = 66 + (13,7 X P) + (5 X A) – (6,8 X I)
MULHERES:
TMB = 655 + (9,6 X P) + (1,7 X A) – (4,7 X I)
VCT = TMB x FA x FL x FT
Tabela 15: Fatores atividade, lesão e térmicos a serem
utilizados nas equações de Harris & Benedict (CHEMIN
& MURA).
Segundo CHEMIN & MURA equação de Harris & Benedict
são mais indicadas, uma vez que a equação da FAO/OMS
não diferencia idade (considerando como de mesma TMB
indivíduos de 60 e 90 anos, por exemplo), entretanto, as
equações da FAO podem ser utilizadas, onde:
Tab. 16: Fórmulas de predição de TMB pela FAO/OMS
1985.
Homens Mulheres
TMB = 13,5 x P + 487 TMB = 10,5 x P + 596
34
A partir da TMB, para cálculo do valor calórico total,
multiplica-se o fator atividade, onde: VCT = TMB x FA
Tabela 17: Fatores atividade a serem utilizados na
equação da FAO/OMS (CHEMIN & MURA).
DISTRIBUIÇÃO DOS MACRONUTRIENTES (CHEMIN &
MURA)
Os valores de distribuição de macronutrientes:
 Proteínas 10 – 35% ou 0,8g/kg/dia;
 Lipídeos 20 – 35%, sendo:
o Ácido linoléico  5 – 10% (14g/dia para homens e
11g/dia para mulheres);
o Ácido alfa-linolênico  0,6 – 1,2% (1,6g/dia para
homens e 1,1g/dia para mulheres);
 EPA ou DHA  até 10% da faixa de distribuição aceitável
de macronutrientes;
Carboidratos 45 – 65% (RDA de 130g/dia).
KRAUSE  Segundo KRAUSE, uma ingestão de proteína
de 1,0 a 1,25g/kg é geralmente segura para adultos mais
velhos.
Tabela 18: Necessidades de proteína segundo estado
nutricional (KRAUSE)
Condição Albumina
(g/dL)
Necessidade de
proteína (g/kg/dia)
Estado
nutricional
adequado
>3,5 0,8
Depleção suave 2,8 – 3,5 1,0 – 1,2
Depleção
moderada
2,1 – 2,7 1,2 – 1,5
Depleção grave <2,1 1,5 – 2,0
Tab. 18: Fator de correção de necessidades energéticas.
NECESSIDADES HÍDRICAS
As sensações de sede diminuídas, a ingestão reduzida, o
acesso limitado ao fluido, a função renal diminuída e a
incontinência urinária aumentam o risco de infecção.
WAITZBERG (2009) 1ml/kcal ou 30ml/kg.
CHEMIN & MURA recomenda no mínimo 1500mL/dia ou 1,0
a 1,5mL/kcal.
NECESSIDADES DE MICRONUTRIENTES
 Minerais
CÁLCIO
A manutenção dos níveis adequados de cálcio não está
limitada apenas à ingestão do mineral, pois outros fatores
afetam sua retenção:
- estado hormonal menopausa;
- sexo incidência de osteoporose é maior nas mulheres;
- etnia;
- genética;
- componentes dietéticos  baixa ingestão de alimentos
ricos em cálcio, alimentação rica em proteínas; ingestão
hiperfíbrica que diminui a absorção de cálcio e alimentação
deficiente em vitamina D;
- medicamentos  diuréticos e antiácidos à base de
alumínio;
- redução da lactase;
- alterações no metabolismo hipocloridria; e
- inatividade física.
O aumento da recomendação de cálcio para idosos foi
estabelecido em razão das intercorrências que ocorrem
neste estágio de vida. Recomenda-se 1200mg /dia para
prevenir ou reduzir a doença óssea do idoso.
WAITZBERG (2009)  1.200 a 1.500mg. A UL de cálcio é
2500mg/dia.
ZINCO
Um baixo consumo está associado com prejuízo imune,
anorexia, diminuição do paladar, demora de cura de feridas
e desenvolvimento de úlceras de pressão.
Recomenda-se:
Idade Homens (mg) Mulheres (mg)
51– 70 anos 11 8
>70 anos 8 8
 Vitaminas
È importante ressaltar a relação entre saúde e nutrição,
particularmente em relação às necessidades de vitaminas
antioxidantes como tocoferóis, carotenóides e vitamina C.
Os antioxidantes atuam como um tampão contra o dano
celular que pode ocorrer durante o funcionamento celular
normal. As ingestões subótimas de vitaminas-chave podem
colocar uma pessoa em risco de enfermidade crônica,
especialmente nos idosos.
VITAMINA C
Envolvida na síntese de colágeno e carnitina.
Os adultos mais velhos com freqüência possuem menores
níveis séricos de vitamina C.
35
O estresse, o fumo e medicações podem aumentar as
necessidades deste micronutriente. Encorajar o consumo de
alimentos ricos em vitamina C pode ser eficaz.
A ingestão de 150 – 250mg de vitamina C pode ser
protetora para catarata. O fumo aumenta o estresse
oxidativo, então para fumantes, recomenda-se o
aumento de 35mg além da DRI.
VITAMINA D
A necessidade de vitamina D é dependente da concentração
de cálcio e fósforo da dieta e a idade da pessoa, sexo, grau
de exposição à luz solar e a quantidade de pigmentação da
pele.
A capacidade de sintetizar vitamina D a partir da luz solar é
aproximadamente 60% menor nos adultos mais velhos. A
influência da idade na absorção da vitamina D pelo TGI não
é clara. A vitamina D pode ajudar a cicatrizar as lesões de
pele, especialmente aquelas causadas por psoríase.
A suplementação dietética de cálcio e vitamina D melhora a
densidade óssea e pode prevenir fraturas nos adultos mais
velhos saudáveis.
Os menores níveis de vitamina D foram observados em
idosos institucionalizados e confinados, com exposição
irregular e deficiente à luz solar ou indivíduo com diminuída
massa renal.
O metabolismo da vitamina D pode estar afetado pelo uso
de esteróides, que podem induzir perda óssea. Doses em
excesso podem induzir hipercalcemia e aumentam o risco de
calcificação metastática de tecidos moles.
Não é conhecido se a absorção fisiológica está diminuída
em razão da idade. WAITZBERG (2009)  mínimo de
5mcg/dia.
Recomenda-se 10mcg/dia para idosos de 51 a 70 anos e
15mcg para aqueles com idade superior a 70 anos.
VITAMINA E
Pode ser benéfico intensificar o consumo de vitamina E em
adultos mais velhos, por sua atividade antioxidante e um
papel importante na prevenção de catarata.Recomenda-se
15mg ao dia para pacientes idosos.
Tab. 19 Relação entre nutrientes e cérebro – KRAUSE
2013
Função cerebral Ingestão inadequada
Perda de memória de curto
prazo
B12, vitamina C
Resultados fracos em testes
de resolução de problemas
B2, folato, B12, vitamina C
Demência B1, zinco
Capacidade cognitiva Folato, B6, B12, ferro
Degeneração de tecido
cerebral
B6
RECOMENDAÇÕES GERAIS SEGUNDO KRAUSE (2010)
Segundo a KRAUSE (2010), idosos possuem menor
consumo de calorias, gorduras totais, fibra, cálcio,magnésio,
zinco, cobre, ácido fólico, B12, vitaminas C, E e D. Deste
modo, os requerimentos nutricionais e as recomendações
devem ser realizadas com base nestas prováveis
deficiências, onde:
- consumir B12 em sua forma cristalina (alimentos
fortificados ou suplementos);
- consumo extra de vitamina D;
- consultar um provedor de Health Care sobre estratégias
para perda de peso, antes de iniciar programas de
emagrecimento;
- realizar atividades físicas regulares para reduzir o declínio
funcional associado ao envelhecimento;
- procurar consumir não mais que 1500mg de sódio/dia e
consumir 4700mg de potássio, sempre de alimentos;
- não consumir leite e laticínios não pasteurizados;
- consumir certas iguarias de carne ou salsicha fervidas ou
cozidas no vapor.
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