Buscar

FICHAMENTO LEITURA 1 constitucionalismo abusivo (1)

Prévia do material em texto

TURMA: Mestrado em Direitos Humanos. 1º semestre, 2024.
FICHAMENTO LEITURA 1: Teoria das Constituições
DOCENTE: DR. FLÁVIO MARTINS
MESTRANDO: MARCELINO FREITAS DA SILVA
Leitura 1. Constitucionalismo abusivo de David Landau
Na obra "Abusive Constitutionalism", o Autor trata de uma abordagem em que os líderes políticos usam a Constituição como uma ferramenta para consolidar o poder e minar os princípios democráticos. Landau argumenta que, enquanto os governantes seguem formalmente as regras constitucionais, eles as manipulam de maneira abusiva para perpetuar seu controle, minando assim a democracia. Ele discute exemplos ao redor do mundo onde líderes políticos adotaram essa prática, desafiando as normas democráticas e prejudicando a separação de poderes e o Estado de direito. O autor destaca a importância de reconhecer e combater esse fenômeno para proteger a democracia e garantir o respeito aos direitos constitucionais.
Desta forma, temos em "Abusive Constitutionalism" um texto provocativo e perspicaz, que analisa o fenômeno global de líderes políticos que usam a Constituição como uma ferramenta para consolidar o poder e minar os princípios democráticos. Landau introduz o conceito de "Constitucionalismo Abusivo" como uma prática na qual os governantes, apesar de seguirem formalmente as regras constitucionais, as manipulam de maneira abusiva para perpetuar seu controle sobre o governo e a sociedade.
A obra oferece uma visão profunda de como essa forma de governança é praticada em diversas partes do mundo, desafiando as normas democráticas e prejudicando a separação de poderes e o Estado de direito. Landau utiliza exemplos concretos de países onde líderes políticos adotaram esse modelo, ilustrando como eles minam a democracia ao reprimir a oposição, controlar o Judiciário e enfraquecer as instituições democráticas.
O autor argumenta de forma convincente que, embora esses líderes possam alegar seguir a Constituição, sua interpretação e aplicação são distorcidas para servir aos seus interesses pessoais ou partidários. Isso resulta em um ambiente em que as liberdades civis são restringidas, a mídia é censurada e as vozes dissidentes são silenciadas.
Landau destaca a importância de reconhecer e combater o constitucionalismo abusivo para proteger a democracia e garantir o respeito aos direitos constitucionais. Ele sugere que a comunidade internacional deve estar atenta a esses abusos e tomar medidas para responsabilizar os líderes que os perpetuam.
Além disso, o autor enfatiza a necessidade de fortalecer as instituições democráticas e promover uma cultura de respeito ao Estado de direito. Ele argumenta que isso pode ser alcançado através da educação cívica, do fortalecimento da sociedade civil e do engajamento cidadão.
O constitucionalismo é frequentemente considerado um pilar da democracia e do Estado de Direito, visando limitar o poder do governo por meio de leis fundamentais. No entanto, o fenômeno do "Constitucionalismo Abusivo", conforme discutido por estudiosos como David Landau, lança uma luz crítica sobre como os regimes políticos podem distorcer e subverter as normas constitucionais para consolidar seu próprio poder.
Em sua essência, o Constitucionalismo Abusivo envolve o uso estratégico da Constituição para alcançar objetivos antidemocráticos ou autoritários. Em vez de servir como um instrumento de limitação do poder, a Constituição é manipulada para reforçar a concentração de poder nas mãos de uma elite política ou governante. Isso pode ser feito de várias maneiras, incluindo a interpretação seletiva da Constituição pelos tribunais, a aprovação de emendas constitucionais que minam os direitos individuais e a supressão da oposição política sob o pretexto de defender a ordem constitucional.
Uma característica marcante do Constitucionalismo Abusivo é a sua natureza subversiva e muitas vezes gradual. Os líderes autoritários podem inicialmente adotar medidas que parecem estar em conformidade com a Constituição, mas que, ao longo do tempo, minam suas instituições democráticas e consolidam seu próprio poder. Isso pode incluir a erosão da independência do judiciário, a cooptação dos meios de comunicação e a marginalização da sociedade civil.
Além disso, o Constitucionalismo Abusivo frequentemente se manifesta em contextos de crise política ou social, onde os líderes políticos exploram o medo e a incerteza para justificar medidas autoritárias em nome da segurança nacional ou da estabilidade. Uma vez consolidado, esse tipo de regime tende a perpetuar-se, criando um ciclo vicioso de abuso constitucional e repressão política.
Para combater o Constitucionalismo Abusivo, é crucial fortalecer as instituições democráticas e promover uma cultura de respeito ao Estado de Direito. Isso inclui a vigilância constante da sociedade civil, a defesa da independência judicial e a promoção da transparência e da prestação de contas. Além disso, a comunidade internacional desempenha um papel fundamental ao pressionar regimes abusivos a respeitar os princípios democráticos e os direitos humanos. 
Todavia, o objetivo principal deste artigo tem sido de natureza conceitual e descritiva. Argumentei que a subversão da democracia por meio da utilização de ferramentas de mudança constitucional provavelmente se tornará cada vez mais comum no futuro, e que temos escassas respostas adequadas no âmbito do direito comparado e internacional.
Assim sendo, a próxima questão que se apresenta é evidente: podemos desenvolver respostas mais eficazes tanto em nível doméstico quanto internacional? Uma resposta honesta requer algum reconhecimento da dificuldade da tarefa. Como demonstram os exemplos aqui apresentados, práticas constitucionais abusivas podem seguir diversos caminhos distintos para alcançar os mesmos objetivos - a substituição constitucional pode ser adotada se as tentativas de emenda constitucional forem bloqueadas, e aspirantes a autoritários podem recorrer à mineração de várias instituições de diferentes maneiras para atingir seus propósitos. O exemplo húngaro é possivelmente o melhor exemplo desse problema de fungibilidade: o Fidesz emendou e posteriormente substituiu a Constituição, utilizando uma série de técnicas diferentes, tanto constitucionais quanto legais, para minar o poder das instituições de controle e consolidar o poder do partido. Por exemplo, o Fidesz minou o judiciário ao alterar a jurisdição do Tribunal Constitucional, aumentar o tamanho do tribunal e em seguida nomear membros em sua favor, alterar a idade de aposentadoria para juízes comuns, e controlar a instituição com poder sobre nomeações judiciais comuns. Encontrar respostas eficazes para esse tipo de mineração estrutural é uma tarefa complexa.
No entanto, a importância da prática do constitucionalismo abusivo pode ajudar a reposicionar algumas das principais questões no campo. Por exemplo, estudos recentes têm se concentrado principalmente em sistemas políticos multiétnicos, que são vistas como mais propensas a enfrentar uma variedade de males, incluindo violência e golpes democráticos. No entanto, o problema do constitucionalismo abusivo parece mais provável de surgir em sistemas políticos relativamente homogêneos, onde as contagens de votos tendem a ser mais instáveis e os partidos políticos frequentemente menos enraizados. O problema do constitucionalismo abusivo está enraizado nas dinâmicas políticas internas de cada país, e encontrar soluções eficazes exigirá uma compreensão aprofundada dessas complexidades.
Em última análise, o Constitucionalismo Abusivo representa uma ameaça não apenas aos direitos individuais e à democracia, mas também à estabilidade e ao desenvolvimento de longo prazo de uma sociedade. É imperativo reconhecer e resistir a essa tendência insidiosa, garantindo que as Constituições sejam verdadeiramente instrumentos de liberdade e justiça para todos os cidadãos. No geral, o texto em análise é uma leitura essencial para aqueles interessados em entender os desafios enfrentados pela democracia no mundo contemporâneo. A obra ofereceuma análise abrangente e perspicaz sobre um fenômeno preocupante que ameaça os fundamentos da governança democrática. Por meio de exemplos claros e argumentos sólidos, Landau apresenta um apelo convincente para a defesa dos valores democráticos e o combate ao abuso constitucional.
image1.png

Continue navegando