Buscar

Batismo A Circuncisão Cristã

Prévia do material em texto

Batismo: A Circuncisão Cristã 
(Gn 17:1-14; Cl 2:8-15; Mt 28:-18-20; Tt 3:5) 
por 
Rev. Paulo R. B. Anglada 
 
Clique aqui para baixar a fonte grega usada neste artigo. 
 
I. INTRODUÇÃO 
O batismo e a ceia do Senhor são os dois sacramentos ordenados por 
Jesus para serem observados na dispensação da graça. A ceia foi 
instituída quando da última participação de Cristo na páscoa (Mt 26:26-
30) [1]. O batismo está incluído na grande comissão, mencionada em 
Mateus 28:18-20 e Marcos 16:15-16). Na concepção reformada, “os 
sacramentos são santos sinais e selos do pacto da graça, imediatamente 
instituídos por Deus para representar Cristo e seus benefícios, e confirmar 
o nosso interesse nele, bem como para fazer uma diferença visível entre os 
que pertencem à Igreja e o restante do mundo, e solenemente comprometê-
los no serviço de Deus em Cristo, segundo a sua Palavra. [2] 
1. Importância do Assunto 
Há algumas questões controvertidas relacionadas ao batismo, 
especialmente no que diz respeito ao batismo de crianças e ao modo do 
batismo. Nossos irmãos batistas e pentecostais (a maioria em nosso 
contexto) não batizam crianças e só reconhecem o batismo por imersão. As 
outras denominações protestantes históricas (luterana, reformada, 
anglicana, presbiteriana, metodista, etc.), diferentemente, batizam 
crianças e reconhecem a legitimidade de ambos os métodos (imersão e 
aspersão), preferindo o segundo. 
Isto, além da prática católica de batizar, indiscriminadamente, qualquer 
criança, torna necessário que forneçamos as razões das nossas práticas 
concernentes ao assunto. Este artigo tem como propósito apresentar um 
resumo da teologia reformada concernente ao batismo, especialmente no 
que concerne a estas questões controvertidas. 
2. O Problema Básico 
Do ponto de vista reformado, o erro básico daqueles que não batizam 
crianças e exigem a imersão consiste em perderem de vista a continuidade 
da revelação da obra da redenção. A progressividade da revelação da obra 
da redenção, planejada por Deus na eternidade, não deve eclipsar a sua 
continuidade. 
Antes de mais nada, é preciso compreender que o Antigo e o Novo 
Testamento não ensinam duas religiões diferentes. A Igreja Cristã não é 
Page 1 of 12Batismo: A Circuncisão Cristã - Rev. Paulo R. B. Anglada
22/3/2008http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
uma outra igreja. O Apóstolo Paulo revela claramente que a Igreja Cristã 
não é uma nova árvore, mas apenas um galho enxertado na mesma árvore 
cuja raiz é Abraão (Rm 11:13-24), o ‘‘pai de todos os crentes’’ (Rm 4:11). 
Abraão é o pai tanto de incircuncisos como de circuncisos, ‘‘que andam 
nas pisadas da fé que teve nosso pai Abraão antes de ser 
circuncidado’’ (Rm 4:11-12). 
 
II. O SIGNIFICADO DO BATISMO 
 
1. Não É um Atestado de Salvação 
Não é necessariamente o sinal visível de que a pessoa está salva. Não se 
trata de um rito de admissão pública na igreja invisível, mas na igreja 
visível — e esta inclui salvos e não salvos: 
Nem todos os de Israel são de fato israelitas; nem por serem descendência 
de Abraão são todos seus filhos; mas em Isaque será chamada a sua 
descendência. Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da 
carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da 
promessa (Rm 9:6-8) 
Há diversos exemplos de membros professos da igreja tanto no AT como no 
NT, os quais foram circuncidados/batizados, mas que nunca 
experimentaram o lavar regenerador do Espírito Santo. Auxiliares diretos 
do Apóstolo Paulo, como Demas, abandonaram a fé cristã por amarem o 
presente século (2 Tm 4:10). Referindo-se a essa classe de pessoas, o 
Apóstolo João explica que ‘‘Eles saíram do nosso meio (da igreja visível), 
porque não eram dos nossos (membros da igreja invisível); porque se 
tivessem sido dos nossos (da igreja invisível), teriam permanecido conosco 
(na igreja visível); todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que 
nenhum deles é dos nossos (da igreja invisível)’’ (1 Jo 2:19). 
Parece desnecessário provar o que a História da Igreja e a experiência 
tornam mais do que evidente. 
 
2. Não é Meio de Salvação 
O batismo não tem poder divino inerente. Em si mesmo ele não pode 
regenerar ninguém. Esta doutrina (da regeneração batismal) é ensinada 
pela Igreja Católica. Para eles, o batismo confere os mérito de Cristo e o 
poder do Espírito Santo, purificando da corrupção interna, garantido 
remissão da culpa do pecado e infusão da graça santificadora, unindo o 
batizado com Cristo, abrindo-lhe as portas dos céus. Na teologia Católico-
romana, a eficácia do batismo não depende nem dos méritos do oficiante 
nem dos méritos do batizado, mas da própria ação sacramental. 
Para nós, reformados, entretanto, o batismo não é eficaz em si mesmo; ele 
não opera uma nova vida; ele a pressupõe e a fortalece, mas não a opera 
Page 2 of 12Batismo: A Circuncisão Cristã - Rev. Paulo R. B. Anglada
22/3/2008http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
nem garante. Eis o que diz a Confissão de Fé de Westminster: 
Posto (ainda) que seja grande pecado desprezar ou negligenciar esta 
ordenança, contudo a graça e a salvação não se acham tão 
inseparavelmente ligadas com ela, que sem ela ninguém possa ser 
regenerado e salvo ou que sejam indubitavelmente regenerados todos os 
que são batizados. 
 
3. Não é Essencial à Salvação 
A Igreja Católica pensa assim, mas nós, protestantes, não. O batismo é 
obrigatório, por obediência aos preceitos de Deus. E a nossa desobediência 
a este preceito, naturalmente resultará em empobrecimento espiritual, 
como acontece com a desobediência a qualquer outro preceito do Senhor. 
Entretanto esta concepção do batismo como essencial à salvação é 
contrária ao caráter espiritual do Evangelho, que não condiciona a 
salvação à formas externas (Jo 4:21-24). O ladrão arrependido na cruz é 
evidência incontestável disso. Jesus afirmou que naquele mesmo dia ele 
estaria consigo no paraíso, sem batismo algum. 
 
4. É a Continuação da Circuncisão 
Os dois sacramentos do Antigo Testamento não foram abolidos, mas 
substituídos. 
A páscoa (o sacramento comemorativo da igreja visível) transformou-se na 
santa ceia, quando Jesus dela participou pela última vez (Mt 26:26-30). 
A circuncisão (sacramento de admissão na igreja visível) transformou-se 
no batismo cristão, visto que não mais havia necessidade de 
derramamento de sangue, pois o Cordeiro Pascal estava preste a ser 
imolado. Em Colossenses 2:11-12, o batismo cristão é chamado 
explicitamente de ‘‘circuncisão de Cristo’’ (o mesmo que circuncisão 
cristã) : 
Nele também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no 
despojamento do corpo da carne que é a circuncisão de Cristo; tendo sido 
sepultados juntamente com ele no batismo, no qual igualmente fostes 
ressuscitados, mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os 
mortos. 
O argumento do Apóstolo Paulo é evidente: nós cristãos também fomos 
circuncidados, não com o corte do prepúcio, mas com o batismo cristão 
que tem a mesma função da circuncisão judaica, podendo portanto até 
mesmo ser chamado de circuncisão cristã. 
 
5. É o Selo do Pacto da Graça 
Page 3 of 12Batismo: A Circuncisão Cristã - Rev. Paulo R. B. Anglada
22/3/2008http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
Já que o batismo cristão corresponde à circuncisão judaica, o batismo é, 
para a Igreja visível no Novo Testamento, o que foi para a Igreja visível no 
Antigo Testamento: a confirmação (o sinal visível) da aliança que Deus fez 
com Abraão, o “pai de todos os crentes.” É exatamente este o papel da 
circuncisão, conforme as palavras do próprio Senhor a Abraão, quando da 
instituição desta ordenança em Gênesis 17:1-13: 
Quando atingiu Abraão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o 
Senhore disse-lhe: Eu sou o Deus todo-poderoso: anda na minha 
presença e sê perfeito. Farei uma aliança (um pacto) entre mim e ti, e te 
multiplicarei extraordinariamente... será contigo a minha aliança; serás 
pai de numerosas nações... estabelecerei a minha aliança (pacto) entre 
mim e ti e a tua descendência no curso das gerações, aliança perpétua, 
para ser o teu Deus, e da tua descendência. Disse mais Deus a Abraão: 
Guardareis a minha aliança, tu e a tua descendência no decurso das suas 
gerações... Circundareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de 
aliança entre mim e vós. O que tem oito dias será circuncidado entre vós, 
todo macho nas vossas gerações, tanto o escravo nascido em casa, como o 
comprado a qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe. Com efeito, 
será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; a 
minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua. 
A circuncisão dos Israelitas e dos prosélitos do judaísmo era, portanto, um 
sinal externo da aliança de Deus com Abraão, segundo a qual ele (Abraão) 
e seus descendentes constituiriam a igreja visível de Deus na terra. O 
batismo cristão, assim como a circuncisão judaica, é, portanto, o sinal 
externo solene de admissão na igreja visível. 
Isto não implica necessariamente em que todos os de Israel (da igreja 
visível no AT) fossem ou seriam verdadeiros israelitas (membros da igreja 
invisível), ou seja: que necessariamente fossem ou seriam objeto da graça 
salvadora. Nem implicava em que aqueles que não fossem de Israel 
(judeus), não pudessem vir a ser verdadeiros israelitas (membros da igreja 
invisível). 
A circuncisão implicava, sim, em que seriam considerados povo de Deus, e 
seriam objeto do seu especial cuidado, da sua bênção e da sua revelação. 
De fato, os compatriotas de Paulo segundo a carne desfrutaram de 
privilégios especiais, tais como ‘‘a adoção, e também a glória, as alianças 
(os pactos da graça e da lei), a legislação, o culto e as promessas; deles são 
os patriarcas e também deles descende o Cristo, segundo a carne...’’ (Rm 
9:3-4). Depois de demonstrar a culpabilidade universal (de gentios e 
judeus), o Apóstolo Paulo pergunta: ‘‘Qual pois a vantagem do judeus? ou 
qual a vantagem da circuncisão?’’ Ele mesmo responde: ‘‘Muitas, sob todos 
os aspectos. Principalmente porque aos judeus foram confiados os 
oráculos de Deus.’’ (Rm 3:1-2). 
Conclusão: O batismo, assim como a circuncisão, é o rito ou forma 
externa determinada por Deus para simbolizar e selar a admissão de 
pessoas na igreja visível, como beneficiários do pacto da graça e objeto do 
seu cuidado especial. É verdade que o símbolo pressupõe, em geral, o 
gracioso lavar regenerador do Espírito Santo pela Palavra (Tt 3:5), por meio 
do arrependimento e da fé; mas não o opera nem garante. 
Page 4 of 12Batismo: A Circuncisão Cristã - Rev. Paulo R. B. Anglada
22/3/2008http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
 
III. AS CRIANÇAS NO PACTO DA GRAÇA NO ANTIGO 
TESTAMENTO 
A questão realmente importante com relação ao batismo infantil como “a 
circuncisão cristã” é a seguinte: as crianças foram incluídas como 
beneficiárias do pacto da graça que Deus fez com Abraão? E a resposta é 
evidentemente positiva. Na instituição da circuncisão as crianças foram 
explicitamente incluídas como beneficiárias do pacto da graça, como 
membros da igreja visível no AT. Por isso deveriam ser circuncidadas: ‘‘O 
que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas 
gerações.’’ (Gn 17:9-12). Não haveria nenhum impedimento em instituir a 
circuncisão apenas para os adultos! Mas isso não ocorreu. As crianças 
também foram incluídas, porque era o propósito do Senhor que sua 
aliança fosse com Abraão e com a sua descendência. 
O que precisa ser entendido é que esta aliança que Deus fez com Abraão, 
chamada pelos reformados de pacto da graça, é a implementação histórica 
de uma aliança eterna, e nunca foi ab-rogada (anulada). Esta aliança, cujo 
selo era a circuncisão e agora é o batismo (a circuncisão de Cristo) é 
anterior à lei de Moisés e portanto continua vigorando. O pacto da lei 
passou (um adendo), é verdade, bem como suas leis cerimoniais. Mas não 
a aliança da graça com Abraão, a qual foi instituída cerca de quatrocentos 
anos antes da lei de Moisés. A aliança com Abraão não passou, é ‘‘aliança 
eterna’’. As ordenanças, os símbolos dessa aliança, mudaram: primeiro só 
a circuncisão; depois foi acrescentado a páscoa, e depois ambas foram 
substituídas pelo batismo e pela ceia do Senhor. Mas a aliança é a mesma. 
É isto o que o Apóstolo Paulo afirma em Gálatas 3:17. Demonstrando que 
a lei de Moisés não pode invalidar a aliança com Abraão, ele diz: ‘‘Uma 
aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos 
e trinta anos depois não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a 
promessa.’’ 
Logo, a aliança mencionada no Novo Testamento não é uma outra aliança, 
uma aliança recentemente estabelecida, que ab-rogou a aliança feita com 
Abraão; mas a mesma aliança renovada, por Aquele que é o Mediador da 
aliança: Jesus (cf. Gl 3:27,29). A palavra usada não é “nevo”, mas “kainov” 
como em novos céus e nova terra (não outros céus e outra terra, mas estes 
céus e esta terra renovados). 
O fato é que a igreja é a mesma. Somos membros de um mesmo corpo. 
Somos a ‘‘comunidade de pacto’’. Somos os verdadeiros descendentes de 
Abraão. ‘‘Os da fé é que são filhos de Abraão’’(Gl 3:7). Somos (a igreja 
cristã) os ramos que foram enxertados; nos tornamos participantes da 
mesma raiz e da mesma seiva da oliveira (Rm 11:17). O meio de salvação 
também não mudou. Somos salvos hoje do mesmo modo como foram os 
crentes na época do Antigo Testamento; isto é, pela graça soberana de 
Deus mediante o arrependimento e a fé nas Suas promessas, entre as 
quais a principal era a vinda do Messias, o Redentor de Israel (Rm 4:1-17). 
Logo, por que razão os filhos dos membros da nova aliança deveriam ser 
excluídos da comunidade do pacto, da igreja visível? Por que negar-lhes o 
Page 5 of 12Batismo: A Circuncisão Cristã - Rev. Paulo R. B. Anglada
22/3/2008http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
selo da pacto: o batismo? 
 
IV. AS CRIANÇAS E O PACTO DA GRAÇA NO NOVO 
TESTAMENTO 
O Novo Testamento exclui as crianças da condição de beneficiárias do 
pacto da graça? Não, em nenhum lugar do Novo Testamento os filhos dos 
que pertenciam a aliança — os quais tão enfática e explicitamente nela 
foram incluídos em Gênesis 17 — foram excluídos. Pelo contrário, há 
afirmações também explícitas de que continuam incluídos. 
1. O próprio Senhor Jesus afirmou que eles pertencem ao seu reino: 
‘‘Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraceis, porque dos tais é o 
reino dos céus’’ (Lc 18:16). 
2. Pedro confirma que a promessa os inclui: ‘‘Pois para vós outros é a 
promessa, para vossos filhos, e para todos os que ainda estão longe’’ (At 
2:39) 
3. O Apóstolo Paulo reconhece a posição dos filhos como ‘‘santos’’, quando 
pelo menos um dos pais é crente. Escrevendo aos Coríntios, Paulo orienta 
os cônjuges que haviam se convertido a não se separarem pelo fato do 
outro cônjuge continuar descrente dizendo: ‘‘o marido incrédulo é 
santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no 
convívio do marido crente. Doutra sorte, vossos filhos seriam impuros; 
porém, agora são santos’’ (I Co 7:14) 
4. Há ainda exemplos implícitos de sua prática nas páginas do Novo 
Testamento: 
 
Lídia: o Senhor abriu o seu coração para crer, e logo foi batizada, ela e 
toda a sua casa (At 16:14,15). 
O carcereiro de Filipos: Tendo perguntado a Paulo e Silas o que deveria 
fazer para ser salvo, eles responderam-lhe: ‘‘Crê no Senhor Jesus, e serás 
salvo, tu e a tua casa. E lhe pregaram a palavra de Deus e a todos os de 
sua casa... A seguir foi ele batizado,e todos os seus’’ (At 16:30-33) 
Estéfanas: Dentre as poucas pessoas que o apóstolo Paulo havia batizado 
estava a ‘‘casa de Estéfanas’’ (I Co 1:16) 
5. Os Pais da Igreja, de um modo geral, reconhecem e mencionam a 
prática do batismo infantil. Nove, dentre doze Pais que viveram nos dois 
primeiros séculos, referem-se à prática do batismo infantil; ex: Justino 
Mártir (130), Irineu (180), Orígenes (230). Posteriormente, Agostinho 
afirmou que ‘‘nenhum concílio jamais ordenara o batismo infantil por ser 
este uma prática que vinha desde os tempos apostólicos; e que nunca 
ouvira ou lera de alguém na igreja que sustentasse o contrário’’. O Concílio 
de Cartago recebeu consulta se era lícito batizar crianças antes de oito 
dias. O que significa que a prática do batismo infantil após o oitavo dia de 
vida era comum. 
Page 6 of 12Batismo: A Circuncisão Cristã - Rev. Paulo R. B. Anglada
22/3/2008http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
6. Deve-se se observar que, se não há exemplo explícito de batismo infantil 
no Novo Testamento, também não há a menor referência a batismos de 
adultos nascidos e criados em lares cristãos! 
 
V. OBJEÇÕES 
 
1. Não existe mandamento para batizar crianças 
E nem era necessário, pois as crianças (filhos da aliança) sempre foram 
reconhecidas como membros da igreja visível do Antigo Testamento. Seria 
de se esperar o contrário: um mandamento para não mais incluí-las na 
igreja do Novo Testamento. Também não existe mandamento explícito 
instituindo o domingo como o dia do descanso cristão, nem mandamento 
explícito incluindo as mulheres na Ceia do Senhor! 
 
2. As crianças não preenchem as condições necessárias: 
arrependimento e fé 
O mesmo argumento as excluiria do céu! “Se não vos arrependerdes, todos 
igualmente perecereis” (Lc 13:3). “Quem nele crê não é condenado; o que 
não crê já está condenado” (Jo 3:18). Mas Jesus não as excluiu, e mesmo 
os que fazem essa objeção não as excluem. 
O argumento é válido apenas para os adultos que podem exercer a fé, mas 
não para as crianças. A Bíblia também diz: ‘‘Quem não trabalha não 
coma’’. E as crianças! Devemos deixá-las com fome, porque não podem 
trabalhar?! 
No AT as crianças (filhos da aliança) também não poderiam se arrepender 
e ter fé nas promessas (condição para a salvação também no AT), mas 
mesmo assim eram circuncidadas e consideradas membros do povo de 
Deus (da igreja visível) e beneficiárias da aliança. 
 
3. Que benefícios pede produzir na criança? 
Que benefício poderia produzir na criança a circuncisão? Muitos, não 
apenas para a criança, como também para a igreja e para os pais, como 
veremos a seguir. 
 
VI. IMPORTÂNCIA DO BATISMO INFANTIL 
 
Para a Igreja 
 
1) Edificação dos membros. 
Page 7 of 12Batismo: A Circuncisão Cristã - Rev. Paulo R. B. Anglada
22/3/2008http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
2) Responsabilidade da igreja na orientação dos pais e dos 
filhos. 
Para os Pais 
1) Conforto no sentido de que os filhos pertencem ao pacto. A 
não ser que rejeitem quando adultos, essa é a condição deles. 
2) Responsabilidades: fazer os filhos conhecerem a sua condição 
de pertencentes ao pacto. Serem fiéis (dando-lhes bom 
testemunho). Educá-los no temor do Senhor. 
Para as Crianças 
 
1) Quando chegarem à idade da razão, saberão que pertencem à 
aliança e se perguntarão: O que isto significa? E serão tão 
beneficiadas com o batismo quanto aqueles que são batizados 
quando adultos. 
2) Gozam de todos os privilégios da Igreja Visível: oração, 
conselhos, disciplina, ensino da Palavra, exemplo dos outros 
fiéis, e principalmente das promessas referentes ao pacto. 
 
VII. O SIMBOLISMO E MODO DO BATISMO 
 
1. A Prática Batista e Pentecostal 
Os nossos irmão batistas e pentecostais (estes historicamente procedentes 
dos primeiros), insistem na imersão como sendo a única forma legítima do 
batismo. 
A primeira razão que apresentam está relacionada ao simbolismo do 
batismo. Para eles, baseados em Romanos 6:3ss e Colossenses 3:12, o 
batismo é uma prescrição para imergir, como símbolo da morte, 
sepultamento e ressurreição de Cristo. Eis os textos: 
Ou, porventura, ignorais que todos os que fomos batizados em Cristo 
Jesus, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na 
morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os 
mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de 
vida. Porque se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, 
certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição (Rm 
6:3-5). 
Tendo sido sepultados juntamente com ele no batismo, no qual igualmente 
fostes ressuscitados, mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou 
dentre os mortos (Cl 2:12). 
A segunda razão diz respeito à inexistência, segundo eles, de exemplos de 
batismos por imersão no Novo Testamento. 
Page 8 of 12Batismo: A Circuncisão Cristã - Rev. Paulo R. B. Anglada
22/3/2008http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
 
 
2. A Prática Reformada e Protestante 
A prática reformada não insiste na necessidade de imersão (nem de 
aspersão). As razões são as seguintes: 
1) O simbolismo do batismo não está na imersão, mas na purificação, no 
lavar purificador. Assim como a circuncisão simbolizava a remoção da 
impureza, o batismo com água (que é a circuncisão cristã) simboliza o 
lavar purificador do Espírito Santo em virtude da obra de Cristo (por meio 
de Cristo): “ele [Deus] nos salvou mediante o lavar regenerador do Espírito 
Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, 
nosso salvador” (Tt 3:5). 
Este simbolismo do batismo é exemplificado no relado do apóstolo Paulo 
das palavras de Ananias no seu próprio batismo: “levanta-te, recebe o 
batismo e lava os teus pecados...” (At 22:16). Isto é, o batismo não purifica 
do pecado, ele simboliza a purificação do pecado. 
 
Eis o que diz o Catecismo de Heidelberg sobre o batismo: 
Cristo instituiu este lavar externo com água e por ele prometeu que me 
encontro tão seguramente lavado com o seu sangue e com o seu Espírito 
das impurezas de minha alma e de todos os meus pecados, como lavado 
externamente com água que é usada para remover a sujeira do meu corpo 
(resposta 69). 
É claro que num sentido mais amplo, todas as bênçãos espirituais 
decorrentes da salvação estão implícitas no símbolo: a morte para o 
pecado, o novo nascimento, o ingresso no corpo de Cristo por meio da 
nossa união com ele, etc. E muitas figuras são empregadas neste sentido: 
morrer com Cristo, ser sepultados com Cristo, ressuscitar com Cristo, 
viver em Cristo, andar em Cristo, revestir-se de Cristo (Gl 3:27), ser 
plantados com Cristo, etc. Mas isso não significa que alguma dessas 
figuras seja a única simbologia indicada no batismo. 
A simbologia do batismo está no lavar, na purificação pela lavagem de 
água, na ação purificadora do Espírito Santo, o qual nos separa do uso 
comum (impuro) e nos une a Cristo; e não no modo como essa lavagem é 
efetuada. Convém observar que, mesmo em Romanos 6, o contexto geral é 
a purificação do pecado: 
Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado para que seja a graça mais 
abundante? De modo nenhum. Como viveremos ainda no pecado, nós que 
para ele morremos?... Sabendo, isto, que foi crucificado com ele o nosso 
velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído e não sirvamos o 
pecado como escravos... Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo 
mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões... (vs. 1-2, 6, 12). 
O essencial no batismo, é explicitamente ensinado na sua instituição e nos 
demais textos do Novo Testamento: que seja feito com água (At 10:47) e em 
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28:19). 
Page 9 of 12Batismo: A Circuncisão Cristã - Rev. Paulo R. B. Anglada22/3/2008http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
 
2) Do uso da palavra batizar (baptivzw) na Septuaginta. Nas quatro vezes 
que o verbo aparece, todas podem ser traduzidas por lavar, mas nem todas 
podem ser traduzidas por imergir. Exemplos: Daniel 4:33, onde lemos que 
o corpo de Nabucodonosor “...foi molhado do orvalho do céu...” Conferir 
Levítico 6:28: “e o vaso de barro em que for cozida [a carne da oferta pelo 
pecado] será quebrado; porém se for cozida num vaso de bronze, esfregar-
se á na água.” Mesmo em 2 Reis 5:14, onde a imersão é provável, o 
propósito é claramente de lavagem como símbolo de purificação, conforme 
indicam os versos 10, 12 e 13. 
3) Dos ritos de purificação no Antigo Testamento: freqüentemente por meio 
de aspersões de sangue ou de água. Conferir números 19:9, 13 e 20. Estes 
ritos de purificação de utensílios, etc., são chamados de batismos no Novo 
Testamento: 
E vendo que alguns dos discípulos dele comiam o pão com as mãos 
impuras, isto é, por lavar [ajnivpta] (pois os fariseus e todos os judeus, 
observando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar [niywntai] 
cuidadosamente as mãos; quando voltam da praça não comem sem se 
aspergirem [baptivswntai]; e há muitas outras coisas que observam, como 
a lavragem [baptismonv] de copos, jarros e vasos de metal e camas), 
interpelaram-no os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus 
discípulos de conformidade com a tradição dos anciãos, mas comem com 
as mãos por lavar [koinai - impuras]? (Mc 7:2-5). 
Hebreus 9:10, 13, 19 e 21, fala da prática de abluções (baptismoi), de 
aspergir cinzas e sangue (rJantivzonsa), o povo, o tabernáculo e os 
utensílios sagrados com vistas à purificação religiosa. 
 
4) Do uso da palavra no Novo Testamento: 
a) Intercambiável com nivptw (lavar): maços 7:3-4 (já citado); Lucas 11:38; 
Mateus 15;2 e 20. Observação: o modo comum de lavar as mãos no oriente 
era pelo derramamento de água, como hoje. 
b) A contenda dos discípulos de João sobre o batismo (Jo 3:22-30) é 
reconhecidamente uma contenda sobre purificação (v. 25). 
 
5) Do caráter espiritual do culto no Novo Testamento, que não enfatiza a 
forma mas o espírito. A ênfase do culto no Novo Testamento não está na 
roupa dos oficiantes, no templo, no rito, mas na sua natureza espiritual e 
verdadeira. Em conformidade com isso, em nenhum lugar no Novo 
Testamento é especificada a forma do batismo (imersão ou aspersão). Logo, 
por que enfatizaríamos nós? 
6) É interessante observar também que não há um só exemplo de batismo 
no Novo Testamento que especifique de modo explícito e inequívoco a 
forma de batismo (imersão ou aspersão) praticada. Na verdade, o contexto 
e alguns desses exemplos de batismos torna até improvável a imersão. É o 
Page 10 of 12Batismo: A Circuncisão Cristã - Rev. Paulo R. B. Anglada
22/3/2008http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
caso do batismo das grandes multidões na cidade de Jerusalém, onde a 
água era escassa (at 2:37-41); do eunuco no deserto (); de Paulo na casa 
de Judas, por Ananias (nada no relato indica que saíram da casa, At 9:17-
19); e do carcereiro de Filipos (At 16:30-33). 
7) Os desenhos, gravuras e pinturas mais antigos (do segundo e terceiro 
séculos) de cenas de batismos cristãos retratam o derramamento de água 
sobre o batizado. 
CONCLUSÃO 
 
1) O batismo com água foi instituído como substituto da circuncisão, como 
sacramento de inciação na igreja visível de Cristo na nova aliança, visto 
não ser mais necessário o derramamento de sangue. É, portanto, “a 
circuncisão de Cristo” (cristã). 
2) O batismo não é um atestado de salvação (nem todos os batizados são 
necessariamente salvos). Não é meio de salvação (não opera a salvação). 
Não é essencial à salvação (mas deve ser praticado em obediência à ordem 
de Cristo). 
3) O batismo é o sinal visível e selo do pacto da graça, de ingresso na igreja 
visível, do nosso compromisso público solene com Cristo e com a sua obra. 
Por meio dele os membros da igreja são visivelmente distinguidos das 
demais pessoas como povo de Cristo e beneficiários da aliança. 
4) O simbolismo do batismo consiste não apenas ou especificamente na 
imersão (ou morte e ressurreição), mas no lavar purificador regenerador 
operado pelo Espírito Santo no coração daquele que se arrepende dos seus 
pecados e crê na eficácia e suficiência da obra de Cristo; e na sua 
conseqüência união com Cristo e com o seu corpo. O batismo não é 
símbolo de uma figura, mas de uma transformação interna espiritual. 
5) O modo do batismo não é relevante. Pode ser tanto por imersão como 
por aspersão. Sendo que a aspersão (ou ablução) é preferível, na 
concepção reformada, à luz das práticas (batismos, lavagens) purificadoras 
do Antigo Testamento e mesmo dos exemplos do Novo Testamento e do 
testemunho da história da igreja. 
NOTAS: 
[1] - Conferir também Marcos 14:22-26; Lc 22:14-20; e 1 Coríntios 11:23-
26. 
 
[2] - Confissão de Fé de Westminster 27.1. 
[3] - Newman, Lectures on Justification, 257. Citado por Alexander Hodge, 
Outlines of Theology (Edinburgh: Banner of Truth, 1972), 625. 
[4] - Capítulo XXIII, parágrafo V. 
Page 11 of 12Batismo: A Circuncisão Cristã - Rev. Paulo R. B. Anglada
22/3/2008http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
[5] - Trata-se do uso comum do genitivo (o genitivo descritivo), usado como 
um adjetivo. Ex: toswmath aJmartiva - o corpo do pecado/pecaminoso (Rm 
6:6); ejn tw/swvm ati th sarkov - no corpo da carne/carnal (Cl 1:22). Assim 
também: to bavptisma jIwavnnou - o batismo de João/Joanino (Mt 21:25). 
[6] - É esta a simbologia do batismo: o lavar regenerado do crente pelo 
Espírito Santo. 
[7] - Conferir Confissão de Fé de Westminster, 27.3. 
 
[8] - ejbavfh (no verso 30 na LXX). 
 
Fonte: Batismo Infantil, Editora Puritanos. 
Usado com permissão. 
http://www.puritanos.com.br/ 
http://www.monergismo.com/ 
Este site da web é uma realização de 
Felipe Sabino de Araújo Neto® 
Proclamando o Evangelho Genuíno de CRISTO JESUS, que é o poder de DEUS para salvação de todo aquele que crê. 
TOPO DA PÁGINA 
Estamos às ordens para comentários e sugestões. 
 
Livros Recomendados 
Recomendamos os sites abaixo: 
Academia Calvínia/Arquivo Spurgeon/ Arthur Pink / IPCB / Solano Portela /Textos da reforma / Thirdmill 
Editora Cultura Cristã /Editora Fiel / Editora Os Puritanos / Editora PES / Editora Vida Nova 
Page 12 of 12Batismo: A Circuncisão Cristã - Rev. Paulo R. B. Anglada
22/3/2008http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm
http://www.puritanos.com.br/
http://www.monergismo.com/
http://www.monergismo.com/textos/batismo/batismo_anglada.htm

Continue navegando