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Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental APENDICITE AGUDA 1. INTRODUÇÃO Abdome agudo: toda situação de início súbito de dor abdominal, vômito e parada de eliminação de gases e fezes ● Não é obrigatório a presença concomitante desses 3 sintomas. Então, toda criança com dor abdominal pode ser um abdome agudo, só não sabemos qual deles que é. Várias causas são de tratamento clínico, maioria de tratamento cirúrgico. Diagnóstico diferencial → o mais importante em uma situação de pronto socorro é saber os diagnósticos diferenciais, quando chamar o cirurgião e os sinais de alarme. Tipos: obstrutivo, inflamatório, perfurativo, hemorrágico; 2. PASSOS História clínica: ● Questionar sintomas positivos e negativos ● Obtida a partir do relato dos pais; Exame físico: ● Prudência e cautela; ● Obter confiança dos pais e da criança; ● Paciência, prática e delicadeza; ● Se necessário, imobilizar a criança. 3. SINAIS DE ALARME Sinais de alarme na história ou no exame físico que indicam que talvez a criança precise ir para a cirurgia: Vômito persistente→ situações de alerta: ● (1) O vômito não cessa com o uso de medicação ● (2) A criança está em jejum, mas permanece vomitando ● (3) Uso de sonda nasogástrica, mas permanece vomitando ○ Se continuar vomitando pode broncoaspirar, ter síndrome de mallory weiss (ruptura da mucosa do esfíncter esofágico inferior) Distensão abdominal Massa palpável Sangramento intestinal baixo → hematoquezia (limpa o bumbum e vem sangue), enterorragia (fezes com sangue ou apenas o sangue). Peristaltismo intestinal visível → nunca é normal ver peristaltismo na barriga, provavelmente necessitará de tratamento cirúrgico. 4. RADIOGRAFIA DE ABDOME AGUDA Tórax AP + abdome AP (em pé e deitado) O diagnóstico de pneumoperitônio e pneumotórax é clínico, não se deveria fazer Rx para confirmar o diagnóstico. Se tiver suspeita de pneumoperitônio, com história compatível, não se faz rx para diagnosticar, faz cirurgia para confirmar. Hoje, diante da medicina “defensiva”, é complicado indicar uma cirurgia para um pneumoperitônio se não há um exame de imagem. Deve-se solicitar para ver se não tem uma patologia torácica que simule um abdome agudo → pneumonia de base (rápida e mais fácil de irritar diafragma) Pneumonia de base esquerda (simulam abdome agudo inflamatório). → consolidação e obliteração em todo hemitórax esquerdo inferior. Pneumoperitônio - não precisaria de RX para suspeitar, RX só confirma a hipótese, o diagnóstico deve ser clínico Pouco ar no reto e presença de bolha gástrica → paciente provavelmente em pé Ar no reto / ampola retal (significa que não está obstruído) → paciente provavelmente deitado Anotações falas da professora: Dentro das vísceras, sempre tem ar e líquido → deglute ar enquanto fala, respira; tem líquido pela deglutição da saliva, suco biliar, etc → sempre tem nível líquido e aéreo, sempre tem peristalse também; as alças não são fixas, exceto o duodeno (retroperitoneal fixo até ângulo de treitz), parte posterior do colo ascendente e do colo descendente e o reto extraperitoneal. Se está em pé, o ar sobe e o líquido desce; em pé, o órgão que mais acumula concentração de ar é o estômago (mais alto e cavidade maior, vai ver mais a bulha gástrica, mas não somente quando está de pé, porque Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental existe concentração maior de ar ali.). Quando deita, a maior quantidade de ar se concentra no reto, por isso falamos de ausência ou presença de ar no reto. Quando tem processo inflamatório, algo acontece nas alças e elas vão se distender, não vão se movimentar; o ar não vai chegar até a ampola retal; ter bulha gástrica bem definida é bom. Quando não tem, algo está errado, o ar não está passando, algo na barriga não deixa o ar passar. O raio x coloca a chapa, o paciente fica na frente e vem o raio-x que atravessa o paciente, tudo que fica branco o raio NÃO PASSOU, o que fica preto o raio PASSOU e queimou a tela; O psoas é o maior músculo que tem e existe uma linha mínima preta, como se fosse ar, que passa entre peritônio parietal e o psoas; quando tem qualquer coisa na frente do psoas, não consegue ver o psoas, tem o borramento do psoas; não quer dizer que é apendicite; No 2º raio-x (DEITADA), consegue ver a linha do psoas no lado esquerdo e no lado direito começa a aparecer e depois some; raio-x branco; No 1º raio-x tem alça distendida, concentração maior de ar naquela alça; também está tudo muito branco, algo não deixou passar, pode ser xixi, sangue, pus, fezes, comida, parenteral, enteral, pode ser alça em íleo paralítico → o que tem que chamar atenção são as alças estendidas com nível hidroaéreo; Raio-x anteroposterior, está deitado Decúbito dorsal, com raios laterais Pneumoperitônio volumoso → a criança precisa ir para cirurgia. Precisa drenar para estabilizar. Anotações falas da professora: Não adianta fazer raio x de abdome simples para abdome agudo, tem que ter sempre uma incidência para ver níveis hidroaéreos; Na neonatal, faz raio-x para ver se tem pneumoperitônio; Sempre lembrar que se opera o paciente e não o exame → precisa ter uma história compatível Bebê prematuro extremo na UTI neonatal com suspeita de enterocolite. Anotações falas da professora: 1 raio-x: distensão de alça; ele está rodado, porque é prematuro extremo super instável; provavelmente ele está em decúbito lateral direito e ele está tão distendido que as alças ficaram na frente do fígado, pois é exame 2D, e o coração está todo pra direita do paciente → ele está rodado; 2 raio-x: anteroposterior → pouco importa o que é aquela bola branca gigante, tem que operar, é um raio-x cirúrgico, depois disso tem que ver a criança, que provavelmente estava morrendo, estava difícil de respirar, foi para cirurgia de emergência → a alça estava fazendo volvo em alça fechada (sinal do grão de café) e se não operasse a necrosar e perfurar; 3 raio-x: era pra imagem estar de lado Imagens de alarme no raio-x: ● Pneumoperitônio ● Distribuição irregular das alças intestinais ● Diferenças de calibre das alças intestinais ● Presença de líquido na cavidade peritoneal 5. APENDICITE AGUDA Causa mais frequente de AAI na infância; pico de incidência entre 4-15 anos e pico máximo aos 12 anos; Rara nos primeiros 2 anos de vida; incomum antes dos 5 anos; raríssima em RN (associada ao megacólon congênitos) FISIOPATOLOGIA Obstrução do lúmen apendicular – por compressão extrínseca → tumor, corpo estranho, fecalito, etc. Retenção de muco com distensão e aumento de pressão intraluminal (após a obstrução, a parede do intestino continua a produzir muco, então com a retenção de muco ocorre distensão, aumento da pressão intra-luminal) Proliferação bacteriana e penetração na parede apendicular; Obstrução linfática e venosa (edema) e hipóxia tecidual (pressão intraluminal ultrapassa a capilar); Bactérias começam a atravessar a parede apendicular (diapedese), inflamando órgão adjacentes; Omento e as alças de delgado mais próximas tentam bloquear o processo inflamatório local; Necrose da parede apendicular, seguida por perfuração e peritonite generalizada. FASES DA APENDICITE I – Flegmonosa, edematosa ou catarral: apenas obstrução e inflamação (não há pus, ou seja, sem proliferação bacteriana ainda) II – Fibrinopurulenta: infecção bacteriana (pus e fibrina dentro e fora do apêndice) III – Necrótica ou perfurativa: possibilidade de bloqueio por epíplon (fazendo abscesso) ou peritonite difusa *Apendicite hiperplástica: bloqueio intenso e fibrose SEM infecção. (é uma classificação à parte, ela é hiperplásica desde sempre, não é uma evolução) Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental ● É uma apendicite que apresenta bloqueio intenso de alça, tem um processo inflamatório super intenso, mas não há uma gota de pus. ● Quando se opera, parece tumor. É duro, sangra bastante. ● Nesses casos é super indicado o tratamento conservador da apendicite. As fases são de acordo com a evolução da doença. A apendicite é evolutiva, só vai complicar se não tiverdiagnóstico precoce. LOCALIZAÇÃO ● Retrocecal: 55-60% (escondido atrás do ceco, fica localizado bem na FID) ● Pélvica: 35-40% ● Descendente ou subcecal: 2% ● Mesocecal pós-ileal ou posterior: 1% ● Pré-ileal ou anterior: 1% ● Outros: 1% Quando é pré ou anterior ao íleo é mais difícil, pois pode lesionar o íleo da criança. QUADRO CLÍNICO Dor abdominal: ● Visceral: dor difusa, mal localizada, podendo ser periumbilical, epigástrica ou difusa; X ● Parietal: FID – inflamação acomete peritônio parietal; Blumberg + ○ Dor localizada → processo inflamatório já atingiu o peritônio parietal Se pegou apendicite inicial, menos de 12h, pode NÃO ter blumberg no exame físico Náuseas (35-90%) e vômitos (80%) Anorexia (45-75%): ● É comum a falta de apetite/inapetência na apendicite. ● Quando a criança está com fome, geralmente é porque ela estava há muito tempo em jejum ou a criança é gordinha e tem o hábito de comer mais. ● Se criança mais gordinha não quer comer: algo errado. Alteração hábito intestinal: diarreia (5-15%) ou constipação (5-25%) ● Diarreia: importante nos < 5 anos; faz diarreia porque faz ileíte, processo inflamatório no íleo terminal que está colado no apêndice, faz processo inflamatório no reto sigmóide e fica hipersecretivo. ○ É menos comum na apendicite, mas ter diarreia NÃO exclui a apendicite. Parada eliminação flatos (gases e fezes) Sintomas urinários: o apêndice pode tocar a bexiga e fazer serosite Pode alterar também exame de urina (ex: leucocitúria) EXAME FÍSICO Impressão geral: normalmente em BEG, mas está prostrada, pálida, “não quer papo”. Temperatura: começa com febre baixa, até 38,5ºC; ● Se tiver febre alta e apendicite = peritonite; ● Não existe apendicite que inicia com febre de 40ºC Sinal de Blumberg: dor à descompressão brusca da FID. Sinal de Rovsing: deslocamento de ar do cólon esquerdo para direito Testes de peritonite: teste da percussão, tosse e do saltitar Plastrão palpável: inespecífico, ocorre quando há bloqueio das alças Sinal de Lenander: diferença da temperatura retal com axilar de pelo menos 1ºC - retal tem que estar em temperatura superior) – ● PROSCRITO pois não tem importância prática, pois a ausência deste sinal não descarta apendicite EXAMES COMPLEMENTARES Lembrar que o diagnóstico de apendicite é clínico, porém, lembrar do cenário da medicina defensiva. Exames laboratoriais e de imagem devem ser solicitados somente nos casos atípicos/duvidosos. Hemograma: leucocitose e desvio, se normal não exclui apendicite. Urina I – bacteriúria ou normal → para descartar infecção urinária, mas isso pode acontecer se o apêndice estiver colado na bexiga. Rx Abdome Agudo Ultrassonografia Tomografia computadorizada: gold standard, mas quando normal não exclui apendicite (principalmente em crianças magras). ● Problema em paciente magro → não tem diferença de gordura e não é bom; ● Mas para prova, é essa escolha Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental Deitado (não tem ar no reto) Ar no estômago está espalhado e não localizado no fundo, presença de ar na ampola retal. Ar no cólon ascendente. Podemos ver o ceco e o apêndice dilatado (está hipodenso). Rx branco → não é normal. Em pé; bolha gástrica. Concentração de ar no QID com nível hidroaéreo. Em comparação com a imagem anterior, alças permanecem na fossa ilíaca direita, edemaciadas e distendidas - ar no lado direito, algo está bloqueando o ar de sair. → alça sentinela. Se a história clínica for compatível, é apendicite. Nível hidroaéreo para todo lado, Tem fecalito (circulado); está com peritonite difusa, apêndice necrosado O que vamos ver no USG em um paciente com apendicite? Uma alça em fundo cego, não compressível, com borramento de gordura adjacente, espessamento da parede do ceco e do íleo, presença de líquido livre na cavidade pericecal Espessura do apêndice independente da idade é normal até 6 mm; mas se tiver paciente com dor abdominal com < 12h, parece apendicite, faz USG e o apendice está de 6 mm é apendicite; se tem paciente com dor abdominal há 3 dias, no USG está 6 mm, não é apendicite, lembrar que é evolutivo!!! Não ter alteração no USG não exclui apendicite Alça em fundo cego, borramento da gordura do mesentério (está mais cinza, menos preto, mas também não está branco); Já está no sacro, apêndice quase encostado no reto, alça de colo ascendente e tem alça saindo dele que termina em fundo cego, espessamento e borramento da parede TRATAMENTO Sempre cirúrgico → videolaparoscopia é sempre melhor do que a cirurgia aberta. Independente de qual fase a apendicite aguda está, quanto mais avançada, mais indicado. Não faz mais a bolsa de tabaco. Pois pode gerar um abcesso evoluindo para fístula (processo inflamatório dentro de um lugar fechado). Fator de risco para invaginação intestinal. 2ª imagem: apendicite flebonosa; solta mesentério, vai na base do apêndice e liga a base com clipe. Casos especiais - tratamento conservador: ● Apendicite hiperplástica ○ Situação: quando se está operando o apêndice e sangra muito, mas não há nada de pus. Suspende a cirurgia e encaminha o paciente para a enfermaria sem tirar o apêndice. Receita antibiótico, anti-inflamatório e opera depois (esperar a inflamação diminuir). ● Abscesso localizado ●
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