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Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental TUMORES BENIGNOS DA MAMA 1. EMBRIOLOGIA A mama tem origem ectodérmica; 5ª sem Início do desenvolvimento, há migração de células epidérmicas para o interior do mesênquima subjacente → produção cristas lácteas ventralmente. Ao final da 6ª sem, as extremidades dessas cristas começam a regredir, restando um par na região peitoral 7ª - 8ª sem Há espessamento do primórdio mamário e depois invaginação da parede torácica para o mesênquima (estágio de disco) e há seguimento do crescimento tridimensional (estágio globular) 10ª - 14ª sem Há achatamento da crista mamária pela invasão do mesênquima (estágio de cone); entre 12 e 16 semanas as células mesenquimais se diferenciam em músculo liso da aréola e mamilo; No estágio de brotamento, há o desenvolvimento de botões epiteliais e no estágio de ramificação, esses botões se ramificam e serão responsáveis por formar os futuros alvéolos secretores; 16ª - 20ª sem Desenvolvimento do primórdio mamário secundário com diferenciação do folículo piloso, glândula sebácea e elementos da glândula sudorípara (sendo que apenas essas se desenvolvem completamente nessa fase) 20ª semana: formação da aréola; glândulas apócrinas especiais se desenvolvem para formar as glândulas de Montgomery em torno do mamilo → todo esse processo NÃO depende de estímulo hormonal; 20ª - 32ª sem Formação de luz nas ramificações ductais induzidas por hormônios esteróides placentários (estágio de canalização); 32ª - 40ª sem Diferenciação do parênquima com o desenvolvimento de estruturas tubuloalveolares (fase vesicular) → a glândula cresce 4x em volume, e o complexo areolomamilar se desenvolve e sofre pigmentação. No recém-nascido, o estímulo hormonal placentário pode levar à secreção de colostro, às vezes denominado "leite de bruxa", que pode ser percebido até 7 dias após o parto e ocorre em torno de 5% dos recém-nascidos. 2. ANATOMIA A glândula mamária está localizada na parede anterior do tórax, estendendo-se da 2ª-6ª costela (sulco inframamário) e da linha axilar média até a borda lateral do esterno. O parênquima mamário é constituído por tecido glandular, tecido conjuntivo (estroma e ligamentos de Cooper), por onde passam vasos sanguíneos, linfáticos e nervos, e tecido adiposo, que é o principal responsável pelo volume mamário; A mama é encapsulada entre as camadas superficial e profunda da fáscia superficial; profundamente, a fáscia e a camada superficial da fáscia peitoral são indistintas, apartadas somente por uma faixa de tecido conjuntivo frouxo → espaço retromamário de Chassaignac. Medialmente, são limitadas pelas bordas laterais do esterno e, lateralmente, pelas linhas axilares médias de cada lado. Além disso, repousam sobre o músculo peitoral maior, e parte do tecido mamário estende-se em direção à axila, formando a cauda axilar de Spence. A mama é envolta pela fáscia superficial da parede torácica anterior, a qual tem projetado, do folheto posterior ao anterior, o ligamento de Cooper (suspensores da mama) feitos de tecido conjuntivo espesso (o qual contribui para suspensão da mama) A glândula mamária é formada pelo sistema lobular e ductal e composta por 15 a 20 lobos, cada lobo é formado por 20-40 lóbulos e cada lóbulo é formado por 10-100 alvéolos (ácinos) Suprimento sanguíneo e drenagem linfática: Suprimento arterial: principalmente, pelos ramos da artéria torácica interna (ou mamária interna) (60%) e da artéria torácica lateral (ou mamária externa) (30%) Suprimento venoso: veia axilar, veia torácica interna e veias intercostais Drenagem linfática: para a cadeia axilar ipsilateral; Inervação: Feita pelos ramos cutâneos laterais e anteriores, do 2º-6º nervo intercostal e nervos supraclaviculares, ramos do plexo braquial. Destaque para dois nervos na abordagem cirúrgica: ● Torácico longo, ou nervo de Bell → inervação do músculo serrátil anterior, que estabiliza a escápula na parede torácica e que, se lesado, leva à chamada escápula alada; ● Intercostobraquial → inervação sensitiva da porção medial do braço, o qual, quando lesado, pode causar parestesias e formigamentos na região 3. EXAME FÍSICO Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental Inspeção estática: paciente sentada, braços pendentes → observar volume, forma, simetria e possíveis alterações da rede venosa, pele e complexo areolar; procurar retrações ou abaulamentos. Inspeção dinâmica: paciente eleva os braços acima da cabeça → observar retrações, abaulamentos, simetrias; repetir inspeção com a paciente segurando os quadris (a fim de contrair os peitorais) Palpação: paciente deitada, com mãos atrás da cabeça; palpar os linfonodos cervicais, supra e infraclaviculares; palpar região axilar (feita com o braço da paciente apoiado no ombro do examinador, para relaxar musculatura peitoral) ● Caso ache algo, caracterizar → por exemplo, se achar um nódulo, relatar qual a localização, topografia, sensível, amolecido, qual tamanho, se é móvel, qual os limites; ● Palpar quadrante por quadrante Expressão mamilar: as mamas devem ser espremidas das bases para os mamilos; verificar se há a saída de serosidade, pus, leite ou sangue e, se houver, secreção uni ou bilateral 4. EXAMES COMPLEMENTARES Mamografia: usada em programas de rastreio em mulheres assintomáticas a partir dos 50 anos; excetuando-se situações especiais, ela é sempre bilateral e constituída basicamente de quatro situações: dois na incidência oblíqua-médio-lateral e dois na crânio-caudal, direita e esquerda ● Principais imagens são nodulares e divididas: ○ Benignas: geralmente limites precisos, arredondados ou ovalados; ○ Malignos: limites irregulares, espiculados A partir de 1998, foi adotada uma padronização dos laudos mamográficos chamada BI-RADS Ultrassom: bom complemento à mamografia, sendo bom para mamas densas; Ressonância magnética: vem sendo muito utilizada; importância para ver mamas com próteses ou ver mais detalhes ● Outras indicações: mulheres com mutação em BRCA1 e BRCA2, em carcinoma oculto, mamas com prótese de silicone e avaliação pré-cirurgia conservadora 5. DOENÇAS BENIGNAS FIBROADENOMAS Tumor benigno mais frequente nas mamas, pacientes mais jovens (entre 20-35 anos) → são ricos em receptores de estrogênio São lesões hormônio-dependentes, apresentam componente epitelial e conjuntivo e expressam receptores para estrogênio e progesterona. Características: lesões unilaterais, móveis à palpação, bem delimitadas, ovais ou lobuladas, de consistência fibroelástica, que atingem dimensões de até 3 cm; apresentam bilateralidade em 10% das vezes e são múltiplas em 10 a 15% dos casos. Diagnóstico: pode ser por palpação, idade da paciente, características dos nódulos e complementar com exames de imagem ● Paciente jovem: USG → nódulo regular ou macrolobulado, hipoecoico, horizontal (maior eixo paralelo à pele), sem sombra acústica posterior; a probabilidade de malignidade é de menos de 2% ● Paciente de mais idade ou paciente mais jovem com mama lipo substituída: mamografia Conduta: na maior parte dos casos, pode-se optar pela não realização de biópsia, porém deve ser realizado controle clínico e radiológico a cada seis meses, por dois anos. Diante da estabilidade do nódulo após dois anos, o seguimento volta a ser anual. Quando realizar exérese cirúrgica? Paciente > 35 anos e é o primeiro tumor; citologia alterada; aumentado > 30% no exame de controle; tumor grande volume; paciente com muito medo do câncer. O estroma é hipocelular. CISTOS MAMÁRIOS Lesões decorrentes do processo de involução das mamas, frequentes em mulheres na pré-menopausa, por volta dos 35 a 40 anos Características: nódulos elásticos, bem delimitados e podem ser dolorosos; costumam regredir na pós-menopausa. Diagnóstico: clínico, mas feito principalmente pelo USG (mamografia não mostra se a imagem é cística ou sólida, quem diz se é líquido ou sólido é o USG) Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental ● Anecóico: bolinha preta; ● Imagens bem delimitadas: contorno claro ● Lateral > vertical:mais achatado, mais oval ● Reforço acústico posterior: mancha branca, não é sinônimo de sombra (é mais sombrio) ● Cápsula ecogênica; Classificação: ● Simples: mais comuns, bem delimitado, parede fina e lisa, com conteúdo homogêneo ● Complicados: lesões bem circunscritas com paredes finas, porém com presença de debris internos homogêneos, sem componentes sólidos, sem septos espessos e ausência de vascularização ao Doppler. ● Complexos: material sólido internamente (muitas vezes, de ecogenicidade heterogênea à ultrassonografia), paredes espessas ou septos grosseiros (maior que 0,5 mm). Tratamento: geralmente não se faz nada, principalmente se são cistos simples; se for macrocisto (> 2 cm) ou pacientes sintomáticas, o tratamento é PAAF guiada por USG ● Líquido for amarelo-citrino (cor de palha) ou esverdeado: desprezar o conteúdo e fazer seguimento clínico. ● A análise do material ou biópsia da área podem ser consideradas se líquido sanguinolento ou ausência de líquido na PAAF LIPOMA Tumor formado a partir de células de gordura (também chamadas de células adiposas), envolto numa cápsula de tecido fibroso. Só retira quando incomoda a paciente. TUMOR PHYLLODES Ocorre proliferação do parênquima e do estroma mamário com alta celularidade; comum entre 30-50 anos. Análise histopatológica evidencia que a proliferação é muito similar à do fibroadenoma, porém com uma celularidade muito maior (estroma hipercelular) Características: são tumores sólidos, de consistência fibroelástica, móveis à palpação, que costumam apresentar crescimento rápido; a característica mais marcante é o risco de deformidade mamária Tratamento: ressecção do tumor com margem é suficiente ● Existem casos mais raros de tumores phyllodes malignos ou borderline → tratamento oncológico específico PAPILOMA INTRADUCTAL Lesão proliferativa dos ductos maiores, subareolares, em geral única, que acomete mulheres na pré-menopausa (30-50 anos) e se manifesta como fluxo papilar hemorrágico, espontâneo e intermitente A principal causa de derrame papilar sanguinolento é o papiloma. ● O derrame papilar do CA de mama é tipo “água de rocha”. Em cerca de 10% das vezes, encontra-se a chamada papilomatose ou síndrome do papiloma múltiplo → lesões são múltiplas e periféricas, e o fluxo papilar é menos frequente Conduta: o papiloma em si é uma lesão benigna, porém há um risco significativo de abrigar um carcinoma in situ concomitante; por isso, preconiza-se biópsia por agulha grossa (core biopsy) para identificação da lesão e, se confirmada, exérese cirúrgica. Apesar de ser lesão benigna, é considerado um marcador de risco para câncer de mama. Pacientes portadoras dessa alteração têm risco maior do que a população em geral de desenvolver câncer de mama. ECTASIA INTRADUCTAL Dilatação dos ductos com consequente acúmulo de secreção e inflamação periductal → mais comum em pacientes que tiveram bastante filhos e amamentaram ou nas pacientes tabagistas → ducto dilatado e acunula secreção que pode ter descarga papilar escurecida, esverdeada, eventualmente sanguinolenta (porque apertou) Tratamento: analgésicos e anti-inflamatórios e, raramente, exérese cirúrgica dos ductos acometidos. 6. DOENÇAS INFECCIOSAS - MASTITES Geralmente é complicação da amamentação → traumas, fissuras na pele da mama → bactérias na boca do bebê e na superfície da mama MASTITES LACTACIONAIS OU PUERPERAIS Bruna Thomas – 8º período – XLIV Saúde Mental Processos inflamatórios associados à lactação; as fissuras papilares são a principal via de entrada de agentes infecciosos → o principal agente envolvido é o Staphylococcus aureus, presente na pele. ● Outras: Staphylococcus epidermidis coagulase negativo, Streptococcus pyogenes dos grupos A e B, Corynebacterium, E. coli e Bacteroides Na maior parte das vezes, ocorrem unilateralmente e apresentam boa evolução. São mais frequentes em primíparas, por volta da segunda à sexta semana de puerpério Características: dor local, edema e hiperemia em uma das mamas, associados ou não a um quadro febril Tratamento: mantém lactação, faz compressa morna, uso de sutiã adequado e analgésicos, antitérmicos e eventualmente antibióticos ● Em caso de abscesso, pode-se suspender temporariamente a amamentação na mama acometida e o abscesso deve ser sempre drenado. MASTITES NÃO LACTOCIONAIS Abscesso subareolar crônico recidivante: chamado doença de Zuskas; infecção crônica, recorrências frequentes e evolução para fístulas, que aparecem na transição da aréola com a pele da mama ● Não se associa à lactação, mas ao tabagismo, uma vez que leva à metaplasia escamosa e obstrução por queratina nos ductos terminais da mama, ações induzidas pela nicotina. ● O diagnóstico é clínico e, na fase de abscesso, deve ser tratado com antibioticoterapia (cefalosporinas de primeira geração) e anti-inflamatórios. ● Uma vez “esfriado” o processo, realiza-se a cirurgia para a ressecção dos ductos acometidos e do trajeto fistuloso ○ Se a paciente apresentar prole constituída, a ressecção de todos os ductos principais diminui a chance de recidivas. Mastite granulomatosa idiopática: inflamação crônica com alterações granulomatosas que ocorrem em torno dos lóbulos e ductos mamários na ausência de infecção específica, trauma, corpo estranho ou sarcoidose → doença autoimune que responde ao tratamento com corticosteróide sistêmico (prednisona costuma ser a mais utilizada na prática). Mastite granulomatosa: comum em indivíduos de ambos os sexos que injetam silicone líquido, parafina ou cera de abelha nas mamas Tuberculose mamária: frequentemente, causa o aparecimento de fístulas crônicas não periareolares
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