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Território e Territorialidade

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ESTÁGIO SUPERVISIONADO –
PRÉ-PROJETO DE INTERVENÇÃO
AULA 2
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Aline Aparecida da Cunha de Brito
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CONVERSA INICIAL
Nesta etapa abordaremos o tema do território e a territorialidade, com o objetivo de desenvolver
habilidades para identificar o perfil dos usuários dos serviços. Compreenderemos a importância de
problematizar um fenômeno social, ou seja, de analisar criticamente as suas dimensões, causas e
impactos para embasar a intervenção profissional de forma mais efetiva. Além disso, discutiremos a
relevância da dimensão investigativa no trabalho do assistente social, reconhecendo a necessidade de
aprofundar o conhecimento sobre a realidade dos sujeitos e suas demandas específicas. Por fim,
teremos a oportunidade de refletir sobre a ação interventiva no contexto do Serviço Social,
compreendendo sua importância e contribuição na instituição.
Ao desenvolver argumentos sólidos e embasados, seremos capazes de justificar por que a
intervenção do Serviço Social é fundamental para promover transformações positivas e melhorias nas
condições de vida dos usuários do serviço. A ação interventiva, por meio de estratégias e atividades
planejadas, visa não apenas responder às demandas presentes, mas também promover a autonomia e
o protagonismo dos usuários, fortalecendo sua participação ativa na construção de soluções para os
desafios enfrentados.
TEMA 1 – TERRITÓRIO E TERRITORIALIDADE
O território e a territorialidade são conceitos fundamentais no campo do Serviço Social, pois
ajudam a compreender as dinâmicas sociais e as desigualdades presentes nos espaços em que as
intervenções profissionais são realizadas. A Política Nacional de Assistência Social, entende que,
Ao agir nas capilaridades dos territórios e se confrontar com a dinâmica do real, no campo das
informações, essa política inaugura uma outra perspectiva de análise ao tornar visíveis aqueles
setores da sociedade brasileira, tradicionalmente tidos como invisíveis ou excluídos das estatísticas –
população em situação de rua, adolescentes em conflito com a lei, indígenas, quilombolas, idosos,
pessoas com deficiência. (PNAS, 2004, p. 16)
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  Koga (2011), analisa que o território pode ser entendido como um espaço físico delimitado
geograficamente, mas vai além disso. É um espaço socialmente construído, permeado por relações de
poder, lutas e resistências. Nesse sentido, o território não se resume apenas à sua dimensão territorial,
mas também envolve elementos econômicos, históricos, culturais e políticos.
A territorialidade, por sua vez, refere-se às formas como os sujeitos se apropriam e se relacionam
com determinado território. Ela está associada à capacidade de poder e controle sobre esse espaço,
uma vez que diferentes grupos sociais disputam a posse e o uso dos recursos territoriais (Koga, 2011).
No Serviço Social, o estudo do território e da territorialidade auxilia na compreensão das
expressões da questão social, pois revela como as desigualdades sociais se manifestam em diferentes
lugares. Permite também conhecer as demandas e potencialidades dos sujeitos que vivem
determinadas áreas, possibilitando a elaboração de estratégias de intervenção mais adequadas e
efetivas. “Atuar neste parâmetro territorial pressupõe romper com velhas práticas, considerando as
características sociais brasileiras em sua singularidade, entender os desafios cotidianos e a dinâmica
territorial brasileira” (Andrade, 2009, p. 130).
Ao analisar o território e a territorialidade, é essencial considerar os desafios e as contradições
presentes nesse contexto. Por exemplo, a mercantilização dos espaços urbanos, a especulação
imobiliária e as políticas públicas excludentes intensificam as desigualdades territoriais, aumentando a
vulnerabilidade social de determinadas populações (Koga, 2011).
Diante disso, é necessário pensar estratégias que fortaleçam a participação e organização dos
sujeitos em seus territórios, de forma a combater as desigualdades sociais. Isso pode ser realizado por
meio do fomento na relação entre os diversos atores sociais presentes no território e da busca pela
efetivação dos direitos sociais e da cidadania.
Ao analisar a territorialidade em Serviço Social, é relevante considerar também as relações de
gênero, raça/etnia e classe social presentes nos territórios. A interseccionalidade dessas opressões
contribui para a produção das desigualdades territoriais, demandando uma abordagem intersetorial
em que sejam consideradas as especificidades e demandas de cada grupo social. Esse enfoque
possibilita uma maior compreensão das múltiplas faces da desigualdade no território e uma
intervenção mais abrangente e equitativa.
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As relações de gênero, por exemplo, podem influenciar as formas de apropriação do espaço e de
acesso a recursos territoriais. Mulheres podem estar sujeitas a maiores restrições de mobilidade e
enfrentar obstáculos específicos nas suas interações sociais, o que afeta diretamente as
oportunidades de realização pessoal e acesso a serviços e benefícios.
No que diz respeito à raça/etnia, os territórios têm uma dinâmica influenciada pela estrutura
racial da sociedade em que se inserem. Grupos racializados enfrentam desigualdades estruturais,
como acesso limitado a emprego, moradia digna e serviços essenciais, repercutindo diretamente na
qualidade de vida e nas oportunidades de desenvolvimento.
A classe social também é uma dimensão importante a ser considerada na análise da
territorialidade. A distribuição de recursos e oportunidades varia de acordo com a posição
socioeconômica, resultando em desigualdades territoriais expressivas. A segregação residencial e a
falta de infraestrutura em determinadas regiões são reflexos diretos de processos de exclusão social e
econômica. Santos (2000) esclarece que,
O território em si, para mim, não é um conceito. Ele só se torna um conceito utilizável para análise
social quando o consideramos a partir do seu uso, a partir do momento em que pensamos
juntamente como os atores que dele se utilizam. A globalização amplia a importância desse
conceito. Em parte por causa da competitividade, cujo exercício, levando a uma busca desesperada
de uma maior produtividade, depende de condições oferecidas nos lugares da produção, nos
lugares da circulação e nos lugares de consumo. (Santos et al., 2000, p. 22)
Nesse sentido, uma abordagem intersetorial se propõe a dialogar com as especificidades e
demandas de cada grupo, articulando políticas sociais, ações de promoção da igualdade e
empoderamento dos sujeitos. O olhar sensível às interseccionalidades fortalece a análise crítica do
território, permitindo uma intervenção mais efetiva na transformação das desigualdades territoriais.
Nessa perspectiva, o aluno inserido no campo de estágio tem a capacidade de identificar o
território da unidade concedente de estágio para entender quem são os atores envolvidos na
dinâmica do cotidiano desse espaço. Por exemplo, uma instituição filantrópica constrói uma grande
escola para atender crianças e adolescentes em determinado território. Essa escola é dotada de
tecnologias, ensino de línguas estrangeiras, vínculo com intercâmbios que sistematiza mecanismos de
aprendizagens e de culturas outras. Porém a maioria dos moradores desse território são idosos e
mulheres vítimas de violência. Em determinado momento, a adesão às vagas dessa escola cai
consideravelmente. Por quê? Qual o sentido de implementar uma escola estruturada para atender
crianças e adolescentes se às demandas territoriais levam, a pensar estratégias para atender a
população idosa, mulheres vítimas de violência?
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Entendemos que ao se apropriar dos elementos que constituem o território, é possível para o
assistente social propor estratégias de enfrentamento vinculadas a territorialidade do espaço levando
em consideração os usuários dos serviços propondo saídas sociais que de fato vão de encontro com a
necessidade do território e seus atores. 
TEMA 2 – PERFIL DOS USUÁRIOS DOS SERVIÇOS
É muito importante que o aluno, inserido no campo de estágio, consiga traçar o perfil dos
usuários que acessam os serviços das unidades concedentes de estágio. Por exemplo, se você está
estagiando no Tribunal de Justiça, em qual setor está lotado? Quem são, e quais os perfis dos usuários
que buscam por esses serviços?
Para identificar o perfil dos usuários que acessam múltiplas políticas públicas, é necessário
realizar uma análise e a articulação de diferentes fontes de informação e dados básicos como por
exemplo idade, gênero, nível de educação, ocupação, renda, entre outros. Essas informações podem
oferecer uma visão inicial de quem são os usuários dessas políticas.
Além disso, é importante entender as circunstâncias socioeconômicas de cada usuário. Isso inclui
aspectos como condições de vida, situação de emprego, condições de saúde, acesso a serviços
básicos, entre outros.
Detalhes sobre o uso das políticas públicas pelos usuários também são essenciais. Isso inclui
informações sobre quais serviços são mais utilizados, quais são menos acessados, que problemas os
usuários encontram ao tentar acessar esses serviços, entre outros detalhes. Compreender essa
dinâmica poderá ajudar a identificar o que funciona e o que precisa ser melhorado nas políticas
públicas.
É importante ressaltar que a identificação do perfil dos usuários que acessam múltiplas políticas
públicas deve ser feita de maneira ética e respeitando os princípios de privacidade e proteção de
dados pessoais. Além disso, é fundamental considerar uma abordagem interseccional, levando em
conta as diferentes dimensões sociais, como gênero, raça/etnia, classe social, entre outras, para
compreender as particularidades das trajetórias e necessidades dos usuários.
Esse reconhecimento do perfil dos usuários é uma das perspectivas de atuação nos territórios. No
tópico acima, entendemos a importância de compreender e entender o território, isso
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automaticamente leva ao reconhecimento do perfil dos usuários. Mas para que? Por que é importante
perceber quem são esses usuários?
O Serviço Social é intrínseco às demandas da classe trabalhadora, isso significa que sua atuação é
direcionada ao empoderamento, fortalecimento e defesa dos interesses dessa classe. Os usuários dos
serviços e políticas públicas são a classe trabalhadora! Logo, os usuários são a centralidade do
exercício profissional, e como atuar, intervir ou planejar estratégias de enfrentamento se não sabemos
quem são esses usuários?
Identificar o perfil dos usuários de múltiplas políticas públicas é essencial para o trabalho do
assistente social, pois proporciona um entendimento mais profundo e contextualizado sobre quem
são os usuários dessas políticas, suas necessidades, desafios e expectativas. Conhecer o perfil desses
usuários auxilia o assistente social a criar intervenções e estratégias que sejam realmente eficazes e
relevantes para o público-alvo. Ao compreender as características e circunstâncias específicas dos
usuários, o assistente social é capaz de proporcionar um serviço que atenda às suas demandas de
forma qualificada e comprometida.
Além disso, a identificação do perfil dos usuários permite um melhor planejamento e gestão dos
serviços prestados. Isso inclui o direcionamento apropriado de recursos, a criação de programas que
atendam às necessidades específicas dos usuários e a avaliação contínua da eficácia das políticas e
serviços implementados. Com um conhecimento profundo dos desafios e obstáculos que os usuários
enfrentam, o assistente social pode lutar por políticas e serviços que realmente façam a diferença na
vida dessas pessoas.
Portanto, na construção do seu pré-projeto de intervenção e do diário de campo, é
imprescindível que você se atente e identifique quem são os usuários que acessam os serviços no seu
campo de estágio. Lembre-se que o exercício profissional atua diretamente com os interesses da
classe trabalhadora, logo, o assistente social tem um compromisso ético com os usuários dos serviços,
por isso, identificar esses usuários fortalece a análise crítica dentro do campo de estágio
potencializando o usuário na centralidade das intervenções.
TEMA 3 – FENÔMENOS SOCIAIS: PROBLEMATIZAÇÃO
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Os fenômenos sociais são eventos ou padrões observáveis que ocorrem nas interações e
estruturas sociais (Kauchakje, 2012). Eles podem abranger uma ampla gama de aspectos da vida em
sociedade, como comportamentos coletivos, instituições, relações de poder, identidades e processos
culturais. Alguns exemplos de fenômenos sociais incluem movimentos sociais, desigualdades
socioeconômicas, discriminação racial, violência de gênero, transformações tecnológicas e mudanças
demográficas. Cada fenômeno social possui suas próprias características e dinâmicas que podem ser
analisadas e problematizadas (Kauchakje, 2012).
Para problematizar fenômenos sociais, você pode começar formulando perguntas que estimulem
uma análise crítica. Por exemplo, perguntas sobre as causas e consequências desses fenômenos, as
relações de poder envolvidas, as desigualdades sociais geradas ou reforçadas por eles e as possíveis
estratégias de transformação social. Qual fenômeno social específico você está interessado em
problematizar no seu campo de estágio?
O Serviço Social tem um papel fundamental na problematização dos fenômenos sociais, pois
busca compreender e intervir nas questões que afetam a vida das pessoas e comunidades. Por meio
de uma abordagem crítica, os profissionais de serviço social analisam os fenômenos sociais à luz das
desigualdades e injustiças presentes na sociedade, buscando transformação e superação da realidade
posta (Guerra, 2009).
Ao problematizar um fenômeno social o profissional pode utilizar diferentes instrumentos
teóricos e metodológicos. Isso inclui a utilização de conceitos como classe social, gênero, raça/etnia,
para compreender como essas categorias influenciam a forma como as pessoas vivenciam e são
afetadas pelos fenômenos sociais. “O complexo dos fenômenos que povoam o ambiente cotidiano e
a atmosfera comum da vida humana, que, com a sua regularidade, imediatismo e evidência, penetram
na consciência dos indivíduos agentes, assumindo um aspecto independente e natural [...]” (Kosik
2010, p. 15).
Nessa perspectiva o Serviço Social também busca a participação dos indivíduos afetados pelos
fenômenos sociais na problematização e tomada de decisões sobre políticas públicas e ações de
intervenção. A escuta ativa e o diálogo são fundamentais para garantir uma abordagem inclusiva e
transformadora.
Ao problematizar os fenômenos sociais na construção do pré-projeto de intervenção ou na
elaboração do seu diário de campo, é essencial ter em mente que a análise crítica vai além da simples
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descrição ou identificação dos problemas. É necessário compreender as estruturas e relações sociais
que sustentam esses fenômenos, buscando desvendar as causas raiz e as dinâmicas complexas que
contribuem para sua existência e perpetuação.
As relações de poder são elementos centrais na análise crítica dos fenômenos sociais (Guerra,
2009).
Ao problematizar, é importante investigar como as estruturas de poder influenciam a formação e
perpetuação dos fenômenos em questão. Isso inclui analisar quais grupos têm mais poder e
privilégios, enquanto outros são oprimidos e marginalizados pelas estruturas sociais existentes.Além disso, a problematização também busca evidenciar as consequências desses fenômenos
para os indivíduos, grupos e comunidades. Isso envolve identificar e analisar os impactos sociais,
culturais, econômicos e outros que determinado fenômeno pode causar, com o objetivo de
desenvolver estratégias de enfrentamento e transformação.  “Ora, para isso é necessário um
cuidadoso conhecimento das situações ou fenômenos sociais que são objeto de trabalho do
assistente social” (Iamamoto: 2004; p. 56).
Por exemplo, você está no seu campo de estágio, no Sistema Prisional. Qual o fenômeno que os
usuários desse serviço apresentam? Quais as relações de poder que estruturam o encarceramento
dessas pessoas? Quais as dinâmicas econômicas que fazem a manutenção do mesmo perfil de
pessoas privadas de liberdade?
Por fim, a problematização busca uma análise crítica dos fenômenos e padrões observáveis nas
interações e estruturas sociais. Isso envolve levantar questionamentos acerca das causas,
consequências, relações de poder, desigualdades sociais geradas ou reforçadas pelos fenômenos e
estratégias de transformação social.
TEMA 4 – DIMENSÃO INVESTIGATIVA EM SERVIÇO SOCIAL
A dimensão investigativa desempenha um papel fundamental na intervenção profissional do
assistente social. Ela se refere à habilidade de realizar pesquisas e investigações com o objetivo de
embasar a exercício profissional, compreender melhor as expressões da questão social e desenvolver
intervenções efetivas. Guerra (2009) estanque que,
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Para atender as competências profissionais, ressaltam-se as possibilidades da pesquisa, tendo em
vista, de um lado, a apreensão das reais condições de trabalho dos assistentes sociais como
elemento fundamental para o exercício profissional qualificado, visando alcançar os objetivos e
metas pretendidos, e, de outro, a apropriação dos objetos de intervenção – as diversas sequelas que
a exploração da força de trabalho no capitalismo causa na vida da classe trabalhadora –, suas
condições de vida e formas de enfrentamento. (p. 4)
A importância da dimensão investigativa está ligada a várias razões. Em primeiro lugar, a
investigação possibilita a obtenção de conhecimento atualizado e embasado sobre os fenômenos
sociais que afetam os indivíduos e comunidades que são atendidos pelo Serviço Social. Isso permite
uma compreensão mais aprofundada da questão social, suas causas e consequências, bem como dos
fatores que contribuem para sua perpetuação.
Além disso, a dimensão investigativa também ajuda a identificar lacunas no conhecimento
disponível e a preencher essas lacunas por meio de estudos e pesquisas específicas. Isso é
especialmente importante nos casos em que o Serviço Social lida com problemas complexos e
emergentes, que exigem respostas inovadoras e baseadas em evidências. “A necessidade de atuarmos
sobre a realidade é o que nos conduz ao conhecimento. Não obstante, para intervir, é preciso
conhecer, para o que há que se ter procedimentos adequados” (Guerra, 2009, p. 7).
A realização de investigações também permite o desenvolvimento de parcerias e colaborações
com outras áreas do conhecimento. Essas parcerias podem enriquecer o arsenal de ferramentas
conceituais e metodológicas disponíveis para os profissionais de serviço social, ampliando assim suas
capacidades de intervenção. Netto (2009),
Mas é preciso dizer, também claramente, que todo/a assistente social, no seu campo de trabalho e
intervenção, deve desenvolver uma atitude investigativa: o fato de não ser um/a pesquisador/a em
tempo integral não o/a exime quer de acompanhar os avanços dos conhecimentos pertinentes ao
seu campo de trabalho, quer de procurar conhecer concretamente a realidade da sua área particular
de trabalho. Este é o principal modo para qualificar o seu exercício profissional, qualificação que,
como se sabe, é uma prescrição do nosso próprio Código de Ética. (Paulo Netto, 2009, p. 800)
A dimensão investigativa não apenas auxilia na compreensão dos fenômenos sociais, mas
também na avaliação e monitoramento das intervenções profissionais. Por meio da coleta de dados e
análise dos resultados, é possível verificar a efetividade das ações realizadas, identificar pontos fortes
e limitações, e fazer ajustes necessários para garantir uma prática mais qualificada e orientada por
resultados. Por meio da investigação, é possível compreender as complexidades dessas questões,
identificar suas causas e entender as implicações que elas têm na vida das pessoas e nas
comunidades. Brun e Albiero (2019), entendem que,
Nesse movimento as dimensões profissionais, a práxis e a atitude investigativa vão construindo
novos cenários, nos espaços de intervenção profissional, com base nas perspectivas sócio-histórica,
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tanto na profissão como dos sujeitos sociais, imprimindo direção ético-política no seu fazer
profissional, o que expressa no cotidiano e evidenciada pelos acadêmicos durante o estágio. (Brun;
Albiero, 2019, p. 104)
No campo de estágio, ao realizar pesquisas, os alunos adquirem embasamento teórico-prático
que lhes permitem analisar criticamente os problemas sociais. Isso contribui para o desenvolvimento
de intervenções que sejam mais adequadas, eficazes e embasadas em evidências. A investigação
proporciona informações essenciais para a tomada de decisões informadas, a elaboração de planos
de ação e a busca por soluções viáveis.
Além disso, a dimensão investigativa também promove a reflexão contínua sobre a exercício
profissional. Ao realizar estudos e pesquisas, os profissionais têm a oportunidade de avaliar a
efetividade e os impactos de suas intervenções. Isso possibilita o compartilhamento de conhecimento
com a comunidade acadêmica e com outros profissionais, contribuindo para o avanço do campo do
serviço social como um todo.
Ainda em Brun e Albiero,
No entanto, ainda se constata que, ao inserirem-se no estágio obrigatório, alguns alunos deparam-
se com profissionais distantes de uma intervenção propositiva, com frágeis embasamentos nos
aportes da teoria social crítica, no debate profissional  desatualizado à realidade contemporânea
que se apresenta e pautam-se em dar respostas imediatas, com certo pragmatismo do senso
comum e do conservadorismo, a demandas dos usuários que estejam em conformidade com os
critérios dos serviço sociais ofertados pelas instituições, sejam elas públicas, privadas ou do terceiro
setor. (Brun, Albiero, 2019, p. 105)
Dessa forma, a importância da dimensão investigativa no Serviço Social está associada à busca
por uma prática mais qualificada, ética e comprometida com a transformação social. Ao entender e
problematizar a questão social por meio da investigação, os profissionais estão mais preparados para
enfrentar os desafios e promover mudanças significativas nas vidas dos usuários a partir de uma
leitura crítica e propositiva das demandas apresentadas.
Nessa perspectiva, ao pensar na proposta do seu pré-projeto de intervenção e na construção do
seu diário de campo, quais estratégias você está utilizando para investigar o seu campo de estágio?
Está investigando e pesquisando sobre as demandas que você acompanha junto ao seu supervisor de
campo? Qual a análise que você exerce ao receber e executar suas atividades no campo de estágio? É
a partir dessa dimensão investigativa que o aluno adquire propriedade e qualidade na ação
interventiva no campo de estágio.
TEMA 5 – AÇÃO INTERVENTIVA NO CAMPO DE ESTÁGIO
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As ações interventivas são as atividades ou estratégias que são planejadas e realizadas como
parte de um projeto de intervenção. Elas têm o objetivo de promover mudanças ou melhorias em
determinada situação, problema ou contexto. Essas ações podem variar de acordo com a natureza do
projeto e com os objetivos específicos definidos.As ações interventivas desempenham um papel fundamental no campo do Serviço Social, uma
vez que esse profissional é frequentemente responsável por planejar e executar projetos de
intervenção em diversos contextos sociais. Essas ações visam intervir em situações de desigualdade,
exclusão, vulnerabilidade e injustiça social, com o intuito de promover mudanças significativas e
melhorias nas vidas da classe trabalhadora, usuária dos serviços sociais.
No contexto do Serviço Social, as ações interventivas podem incluir uma série de estratégias,
como a orientação e acompanhamento de indivíduos e famílias, a realização de atividades educativas
e de conscientização, a mediação de conflitos, a mobilização comunitária, a articulação com outros
profissionais e instituições, entre outras (Cantalice, 2019).
Essas ações são planejadas de acordo com a realidade e necessidades dos indivíduos e grupos
assistidos, levando em consideração aspectos culturais, econômicos, sociais e políticos.
É importante ressaltar que o trabalho do assistente social é pautado pelos princípios éticos e
pelos direitos humanos, buscando sempre promover a autonomia, a igualdade e a transformação
social para uma nova ordem societária mantendo o vínculo intrínseco aos direitos da classe
trabalhadora. Portanto, as ações interventivas têm o objetivo de empoderar as pessoas envolvidas,
estimulando sua participação e envolvimento ativo na busca por soluções e transformações sociais.
No pré-projeto de intervenção no campo de estágio em Serviço Social, as ações interventivas
desempenham um papel crucial na definição do planejamento e das estratégias que serão adotadas
ao longo do processo de intervenção. Essas ações são fundamentais para a construção de propostas
de trabalho específicas, de acordo com as demandas e necessidades identificadas na realidade em
que se insere o estágio.
É importante ressaltar que as ações interventivas no campo de estágio devem ser embasadas nos
princípios éticos da categoria, buscando a promoção da autonomia e do enfrentamento às
desigualdades sociais.
Highlight
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A intervenção está relacionada com a ação em prol de um objetivo. A ação interventiva ocorre de
diversas maneiras, pode ser por meio de fomentar estratégias de combate às desigualdades e
promover o acesso à direitos e recursos necessários para uma vida digna por meio da identificação e
enfrentamento de situações de exclusão e vulnerabilidade.
Também pode agir no fortalecimento das relações interpessoais valorizando a importância das
relações humanas e busca fortalecer os laços interpessoais dentro da instituição. Por meio de
atividades de mediação de conflitos, promoção de diálogos e de trabalho em equipe. Pela ampliação
do acesso a serviços e recursos com foco na garantia de acesso aos serviços e recursos necessários
para o pleno exercício da cidadania. A ação interventiva nesse sentido visa identificar e superar
barreiras que dificultam esse acesso, como burocracias, desinformação, discriminação, entre outras.
Dessa forma, contribui para que todas as pessoas envolvidas na instituição possam usufruir de seus
direitos e benefícios.
Também se constitui como ação interventiva a prevenção e enfrentamento de problemas sociais
que possam afetar os indivíduos e a comunidade em geral. Com base em diagnósticos e análises da
realidade, o Serviço Social desenvolve estratégias de intervenção para lidar com desafios como
violência, saúde precária, falta de moradia, entre outros.
Outro exemplo de ação interventiva é a promoção do protagonismo e autonomia por meio de
ações educativas, orientações e capacitação, o Serviço Social estimula o empoderamento das pessoas
envolvidas, incentivando-as a serem agentes de mudança em suas próprias vidas e na sociedade.
Ao pensar no objetivo do seu pré-projeto de intervenção lembre-se que a ação interventiva é
uma parte fundamental dessa construção que consiste na implementação de estratégias e atividades
com o propósito de promover mudanças e melhorias em determinada situação ou contexto.
A visão crítica e reflexiva do assistente social desempenha um papel fundamental na ação
interventiva, uma vez que essa postura amplia as possibilidades de intervenção e promove uma
abordagem mais ampla e contextualizada dos problemas sociais.
Imprimir uma visão crítica significa questionar as estruturas, relações de poder e desigualdades
presentes na sociedade e compreender como elas afetam a vida das pessoas e suas condições de
acesso aos direitos. Portanto, a visão crítica e reflexiva do assistente social é essencial para a ação
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interventiva, uma vez que amplia as possibilidades de entendimento dos problemas, direciona a ação
para a transformação social e considera o contexto e as particularidades de cada situação enfrentada.
Assim, ao pensar nos objetivos do seu pré-projeto de intervenção, se questione: essa ação é
interventiva? Com esses objetivos, eu consigo imprimir mudanças na vida do meu público-alvo?
NA PRÁTICA
Na elaboração do seu diário de campo e do seu pré-projeto de intervenção, é imprescindível
imprimir suas percepções sobre as atividades executadas. Nesse momento, ao refletir sobre o seu
cotidiano no campo de estágio, se pergunte:
Em qual território estou inserido?
Qual o perfil dos usuários que acessam os serviços da instituição que estou estagiando?
Quais os fenômenos sociais vinculados aos usuários que acessam esses serviços?
Qual ação interventiva é possível executar para o enfrentamento das vulnerabilidades
apresentadas pelos usuários desses serviços?
Esses questionamentos acessam a dimensão investigativa no campo de estágio analisando suas
atividades para além do que está posto.
FINALIZANDO
Nesta etapa, avançamos um pouco mais nos elementos fundamentais para identificarmos e
refletirmos sobre as atividades realizadas no campo de estágio. Foi possível conhecer os conceitos de
território e a territorialidade, refletir sobre a importância de identificar o perfil dos usuários dos
serviços como centralidade da atuação de modo que essa reflexão, nos levam a problematizar um
fenômeno social a partir da dimensão investigativa na intervenção profissional. Por fim, e não menos
importante, aprendemos como nossas ações devem possuir um cunho interventivo no exercício
profissional.
REFERÊNCIAS
Highlight
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