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Políticas de Saúde Pública com Ênfase na Saúde do Trabalhador

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Núcleo de Educação a Distância
GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO
Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino
PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.
O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para 
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por 
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.
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Prezado(a) Pós-Graduando(a),
Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!
Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança 
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se 
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as 
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma 
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a 
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. 
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas 
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são 
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver 
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-
ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo 
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de 
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) 
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. 
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos 
conhecimentos.
Um abraço,
Grupo Prominas - Educação e Tecnologia
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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!
É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha 
é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é 
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização. 
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como 
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua 
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo 
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de 
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.
Estude bastante e um grande abraço!
Professoras: Sirlene Aparecida Sarvin Tsukamoto
Emiliana Cristina Melo
Maria José Quina Galdino
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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao 
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela 
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes 
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao 
seu sucesso profisisional.
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Esta unidade analisará os conceitos do trabalho e trabalha-
dor, bem como as políticas de saúde do trabalhador. Tratou-se o tema 
partindo da história do trabalho no mundo até sua concepção no Bra-
sil. Os eixos das conferências nacionais de saúde do trabalhador fo-
ram esmiuçados a fim de se compreender a trajetória da saúde do 
trabalhador. Trata-se de um estudo realizado a partir da revisão siste-
mática da literatura. Justifica-se este estudo devido à importância do 
conteúdo para o curso de pós-graduação em Saúde do Trabalhador 
direcionado às políticas públicas neste âmbito. Considera-se que o 
desenvolvimento das ações de saúde do trabalhador não representa 
algo novo, a ser anexado à agenda das equipes, mas busca incorpo-
rar competências, conhecimentos, habilidades e atitudes relativas ao 
cuidado à saúde do trabalhador, nas práticas cotidianas. A Enferma-
gem do Trabalho caracteriza-se por um conjunto de ações educativas, 
preventivas e assistenciais, que visam proporcionar mecanismos que 
interfiram direto ou indiretamente no processo de trabalho, saúde e 
ou adoecimento dos trabalhadores, no sentido de promover conheci-
mentos para prevenir os adoecimentos, mantendo a prevenção para 
promover a saúde dos trabalhadores.
Trabalho. Saúde do Trabalhador. Políticas de Saúde do Trabalhador.
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 CAPÍTULO 01
HISTÓRIA DO TRABALHO
Apresentação do Módulo ______________________________________ 11
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Conceitos de Trabalho e Trabalhador ___________________________
Saúde do Trabalhador – Conceitos, Objetivos e Finalidade _______
Consolidação das Leis do Trabalho _______________________________
 CAPÍTULO 02
POLÍTICAS PÚBLICAS NO CAMPO DA SAÚDE
Iniciativas Direcionadas à Saúde do Trabalhador ________________ 33
27Recapitulando ________________________________________________
36Conferências Nacionais de Saúde do Trabalhador _______________
Recapitulando _________________________________________________ 60
 CAPÍTULO 03
POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR E TRABALHA-
DORA
RENAST – Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Traba-
lhador ________________________________________________________ 64
CEREST – Centro de Referência à Saúde do Trabalhador _________ 67
Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde __ 69
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Recapitulando __________________________________________________ 78
Fechando a Unidade ____________________________________________ 82
Referências _____________________________________________________ 87
Enfermeiro do Trabalho _________________________________________ 75
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A palavra Trabalho está relacionada com alguma atividade ou 
serviço desempenhado por um indivíduo que exige ou não esforço físico. 
É através do trabalho que o homem se relaciona com a na-
tureza, com grupos sociais, com a família. O labor produz significado 
da existênciae do sentido de vida. Contudo, o trabalho na atualidade 
ocupa de tal forma um espaço no desejo do indivíduo, que os mesmos 
buscam somente neste papel o sentido de suas vidas, deixando muitas 
de lado sua saúde física e psíquica. 
Num primeiro momento deste estudo serão colocados os con-
ceitos do trabalho, do trabalhador, bem como dados históricos a respei-
to do tema. Entender a dinâmica do trabalho e suas consequências para 
vida do trabalhador faz com que se entenda o porquê da necessidade 
de políticas públicas neste sentido.
A Organização Internacional do Trabalho sempre preocupada com 
a questão de proteção ao trabalhador permanece há quase um século, na 
defesa dos direitos dos trabalhadores, acreditando em um mundo mais jus-
tiça e paz passa pela questão da proteção ao trabalho e aos trabalhadores, 
observados parâmetros mínimos internacionalmente estabelecidos.
No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) apresen-
ta-se com o objetivo principal de proteger o trabalhador, com base no 
princípio da proteção. Esse princípio serve para diminuir a relação de de-
sigualdade de poder que existe entre o trabalhador e o seu empregador.
A CLT é composta por oito capítulos que abrangem e especifi-
cam direitos de grande parte dos grupos trabalhistas brasileiros. Em seus 
artigos fornece informações como: identificação profissional, jornada do 
trabalho, salário mínimo, férias anuais, segurança e medicina do trabalho, 
proteção ao trabalho da mulher e do menor, previdência social.
Será abordada também a Reforma Trabalhista, que aprovada 
em 2017, traz as perspectivas de: terceirização do trabalho, jornada de 
12 horas para qualquer categoria, teletrabalho, redução do horário de 
refeição para 30 minutos, grávida e lactante trabalhar em locais de insa-
lubridade média ou reduzida.
O relatório da VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986, 
já apontava que o trabalho em condições dignas, o conhecimento e o 
controle dos trabalhadores sobre processos e ambientes de trabalho é 
um pré-requisito central para o pleno exercício do acesso à saúde.
A Saúde do Trabalhador passa a ser um direito constitucional 
e universal no art. 200 da Constituição Federal de 1988 coloca que ao 
SUS compete, dentre outras atribuições, nos termos da lei: Inciso II – 
executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como 
as de saúde do trabalhador; Inciso VIII – colaborar na proteção do meio 
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ambiente e nele compreendido o do trabalho. 
Considera-se a saúde do trabalhador complexa em nível de 
definição, pois engloba vários aspectos além da saúde propriamente 
dita como: emprego, assistência à saúde, lazer, informação, bem-estar 
psíquico, físico e social.
O entendimento de que saúde dos trabalhadores extrapola os 
limites da saúde ocupacional possibilita conceituá-la como resultante de 
um conjunto de fatores de ordem política, social e econômica. Em resu-
mo, saúde dos trabalhadores significa: condições dignas de vida; pleno 
emprego; trabalho estável e bem remunerado; oportunidade de lazer; 
organização livre, autônoma e representativa de classe e informação 
sobre todos os dados que digam respeito aos direitos.
A Política Nacional de Saúde e Segurança do Trabalhador 
(PNSST) propôs: ampliação das ações de saúde e segurança do trabalha-
dor, visando à inclusão de todos os trabalhadores brasileiros no sistema de 
promoção e proteção da saúde; harmonização das normas e articulação 
das ações de promoção, proteção e reparação da saúde do trabalhador; 
precedência das ações de prevenção sobre as de reparação; estruturação 
da rede integrada de informações em saúde do trabalhador; reestrutura-
ção da formação em saúde do trabalhador e em segurança no trabalho e 
incentivo à capacitação e à educação continuada dos trabalhadores res-
ponsáveis pela operacionalização da PNSST; e promoção de uma agenda 
integrada de estudos e pesquisas em segurança e saúde do trabalhador.
Dada a relevância das políticas públicas direcionadas à saú-
de do trabalhador, a enfermagem do trabalho ocupa papel fundamental 
nas ações educativas, preventivas e assistenciais, que visam propor-
cionar mecanismos que interfiram direto ou indiretamente no processo 
de trabalho, saúde e ou adoecimento dos trabalhadores, no sentido de 
promover conhecimentos para prevenir os adoecimentos, mantendo a 
prevenção para promover a saúde dos trabalhadores.
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CONCEITOS DE TRABALHO E TRABALHADOR
“Todo trabalho supõe tendência para um fim e esforço” 
(ALBORNOZ, 1994)
A palavra Trabalho deriva do latim tripalium ou tripalus, uma 
ferramenta de três pernas que imobilizava cavalos e bois para serem 
ferrados. A propósito era também o nome de um instrumento de tortura 
usado contra escravos e presos, que originou o verbo tripaliare cujo 
HISTÓRIA DO TRBALHO
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primeiro significado era "torturar". (CELIS, 2003)
Considerado uma atividade humana, individual ou coletiva, 
de caráter social, dinâmica, oscilante, o trabalho, que se distingue de 
qualquer outro tipo de prática animal por sua natureza desatenta, cons-
ciente, moral e estratégica, é considerado complexo e exige diferentes 
olhares para sua compreensão. (COUTINHO, 2009; NEVES et al, 2018)
Através do trabalho, o homem se relaciona com a natureza, 
constrói sua realidade, inclui-se em grupos sociais, atua em papéis e 
finalmente promove a perpetuação de sua existência. Por viabilizar a 
relação dos indivíduos com o meio, em um dado contexto, o trabalho 
expressa-se como incessante fonte de construção de subjetividade, 
produzindo significado da existência e do sentido de vida. Contudo, o 
trabalho na pós-modernidade ocupa de tal forma um espaço no desejo 
do indivíduo, que as pessoas buscam somente neste papel o sentido de 
suas vidas, inviabilizando a autorrealização plena do ser humano. 
O trabalho é visto pelas pessoas de acordo com a interação 
existente entre eles e a interpretação decorrente das mudanças ao lon-
go dos anos no mundo do mesmo. Tais mudanças definem novas prá-
ticas de produção, bem como podem gerar a precarização do trabalho, 
desvalorização de suas relações e o avanço do desemprego. (PEREI-
RA; MUNIZ; BRITO, 2009)
Filme sobre o assunto: Ladri di Biciclette – Vittorio de Sic-
ca – 1948
Metropolis – Fritz Lang – 1927
O Capital – Costa Gravas - 2012
A busca de uma vida dotada de sentido a partir do trabalho per-
mite explorar as conexões decisivas existentes entre trabalho e liberdade. 
Uma vida desprovida de sentido no trabalho é incompatível com uma vida 
cheia de sentido fora do trabalho. Dessa forma, para que haja uma vida do-
tada de sentido é necessário que o indivíduo encontre realização no labor. 
O trabalho se for autônomo, também será provido de sentido ao possibilitar 
o uso independente do tempo livre que o ser social necessita para se hu-
manizar e se emancipar em seu sentido mais profundo. (ANTUNES, 2000)
O trabalho é um fator determinante para a saúde da população, 
bem como as condições de alimentação, habitação, educação e renda, 
e como consequência disso passou a ser determinado que o Estado fi-
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casse responsável pela a execução das ações de saúde do trabalhador. 
(BRASIL, 1988)
Posicionadoem lugar essencial na vida, o labor, torna-se eixo 
entre investimentos e apreensão individual e coletiva, proporciona ren-
da, inclusão social. Também exerce um papel de grande importância 
na autorrealização do ser humano, assim como contribui para o seu 
desenvolvimento pessoal e profissional, proporcionando atingir metas e 
objetivos. (MONTEIRO, 2014; NEVES et al, 2018)
Segundo o Ministério da Saúde, o trabalho ocupa papel orga-
nizador na vida das pessoas. Possibilita ao indivíduo a possibilidade 
de obter formação técnica, política, cultural, estética e artística, além de 
constituir possível fonte de realização, de desenvolvimento de habilida-
des, de crescimento e satisfação. (BRASIL, 2010)
Descrito como característica humana, o trabalho é estrutura-
do na forma de processo: primeiro é idealizado pelo homem, onde o 
mesmo emprega suas forças, apropria-se dos recursos da natureza e, 
então, transforma a realidade. (MARX, 2009)
O labor é capaz de ser considerado um dos valores fundamen-
tais do ser humano e ainda exerce um papel importante na constituição 
da sua autorrealização, de suas subjetividades e de sua sociabilidade, 
bem como contribui para o desenvolvimento de sua identidade, pro-
porciona renda e sustento, possibilita atingir metas e objetivos de vida, 
possibilita demonstrar suas ações, iniciativas e habilidades, podendo, 
dessa forma, ser considerada uma categoria fundante do ser humano, à 
medida que este só pode existir trabalhando. (NEVES et al, 2018)
Assim como proporciona prazer e realização, o trabalho pode 
representar castigo, estigma, coerção, esforço e penalidade e como 
mera função instrumental a serviço da sobrevivência material, a qual 
cabe dedicar toda e só a atenção necessária para o alcance desse ob-
jetivo. (BLANCH, 2003)
O trabalho pode ter um efeito protetor, ser promotor de saúde, 
mas também pode causar mal-estar, sofrimento, adoecimento e morte 
dos trabalhadores, aprofundar desigualdades e a fragilidades das pes-
soas e das comunidades e produzir a desgaste do ambiente. Esta visão 
do trabalho enquanto determinante social de saúde e doença orienta 
este capítulo que apresenta elementos para reconhecer e lidar com os 
agravos relacionados ao trabalho. (BRASIL, 2018)
As situações que geram sofrimento são normalmente, as que 
exigem aumento do ritmo de trabalho, pressão, constrangimentos (entre 
chefe e trabalhador) das mais diversas formas que são suportadas e 
toleradas pelos trabalhadores. (CHAGAS; REIS, 2014)
As condições de trabalho que predispõem as cargas laborais 
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evidenciam as consequências na saúde da equipe de enfermagem por 
meio dos adoecimentos, que se manifestam através de afastamento, 
desgastes físicos e emocionais e estresse. 
A relação entre o trabalho desenvolvido e o processo saúde-
-doença necessita de um olhar mais aprofundado, pois os efeitos nega-
tivos na saúde consequentes do trabalho são geralmente evidenciados 
nos acidentes e doenças relacionadas ao labor. (BRASIL, 2018)
A nocividade do trabalho pode estar relacionada a insumos e 
matérias-primas, objetos, máquinas e ferramentas utilizados, que po-
dem produzir lesões e situações de risco à saúde, como: a presença de 
poeiras, substâncias químicas e agentes físicos perigosos ou nocivos; a 
organização do trabalho, expressa na duração, intensidade, exigências 
de produtividade, jornada de trabalho em turnos e noturno, relações 
conflituosas com a chefia e os colegas, que podem causar sofrimento e 
adoecimento. Além disso, a nocividade pode se estender para além do 
trabalho, afetando o ambiente domiciliar, os familiares, a vizinhança e o 
ambiente geral. (BRASIL, 2018)
Desde a época das sociedades grega e romana é que o mundo 
do trabalho toma formas novas e mais claras nas relações de produção 
e nas relações do homem para o homem. Formas claras, pois se define 
a quem caberia o trabalho e a produção, a obtenção de mão-de-obra, as 
justificativas da divisão do trabalho e da sociedade e das desigualdades 
humanas como elemento que, também, regia a produção de riqueza; e 
novas por ser a escravidão um elemento diferente do que ocorria nas 
comunidades aldeãs e superiores sendo à base de tudo, enquanto no 
modo de produção asiático seu uso foi esporádico e aleatório, e por 
classificar as relações na espécie humana em hierarquias do trabalho.
A organização do trabalho pode ser entendida como um pro-
cesso que envolva atividades dos trabalhadores e as relações de tra-
balho com a hierarquia e que ocorre numa determinada estrutura insti-
tucional. Compreende a divisão do trabalho, o sistema hierárquico e as 
relações do poder, significando que ao dividir o trabalho se impõe uma 
divisão entre os homens. Assim, busca alcançar a coordenação de es-
forços através da concepção de uma estrutura de relacionamentos de 
tarefas e autoridades, e seus dois conceitos básicos são concessão e 
estrutura. A concessão implica que os gestores façam um esforço cons-
ciente para determinar a forma como os seus trabalhadores realizarão 
suas tarefas e a estrutura refere-se ao relacionamento e aspetos da 
organização. (DEJOURS, et al, 1993)
Além disso, a organização do trabalho pode ser definida como 
um conjunto de regras e normas que determinam a maneira de 
realizar a produção na empresa. Essas regras e normas associam-se 
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ao local de trabalho, sendo este um conjunto de condições que ser-
vem para realizar um produto. É o sistema homem-máquina em ação 
que se relaciona entre si, com as condições gerais do ambiente de tra-
balho e o método de organização adotado. (GOMES; MÁSCULO, 2011)
Constatam-se três áreas muito particulares da organização do 
trabalho: a organização material (incluem-se os elementos básicos 
referentes à forma como o trabalho se organiza, tarefas, postos e fun-
ções), a organização temporal (destacam o tempo biológico, o tempo 
psicológico e o tempo social, bem como os horários de trabalho) e a 
organização social (o papel que o trabalhador adquire no desempenho 
de um determinado trabalho). (HERA et al, 2004)
A organização do trabalho desencadeia na ocorrência dos 
afastamentos, por meio de atestados, desses trabalhadores, sendo um 
dos motivos as faltas ao trabalho como forma de protesto ou sentimento 
de desvalorização e o outro motivo realmente estaria associado a mo-
tivos de saúde onde é necessário se afastar para tratamento médico.
Outros autores também consideram a atual organização do 
trabalho como sinônimo da deterioração das condições de labor, con-
siderando-se questões como: aumento da violência doméstica devido 
ao cansaço, irritação, medo e ansiedade, aumento da dependência quí-
mica e do alcoolismo, assim como do Burnout e do suicídio. (SELLG-
MANN, 2011; ASKENAZY, 2005)
A proporção da proteção ao trabalho como direito humano pri-
mordial evidencia-se com a instituição da Organização Internacional do 
Trabalho (OIT), a partir de 1919, entidade que sobreviveu ao fim da Liga 
das Nações e se mantém, há quase um século, na defesa dos direitos dos 
trabalhadores, acreditando que um mundo de mais justiça e paz passa pela 
questão da proteção ao trabalho e aos trabalhadores, observados parâme-
tros mínimos internacionalmente estabelecidos. (SALADINI, 2018)
A Convenção nº 155, da Organização Internacional do Traba-
lho, sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores e o Meio Ambiente de 
Trabalho, em 1981 determina que deva ser exigida dos empregadores, 
na medida em que for razoável e possível, garantia de que determina-
dos aspectos do trabalho que estejam sob seu controle sejam seguros, 
e não envolvam risco algum para a segurança e a saúde dos traba-
lhadores. Na medida emque for razoável e possível, garantam que os 
locais de trabalho, o maquinário, os equipamentos e as operações e 
processos que estiverem sob seu controle são seguros e não envolvem 
risco algum para a segurança e a saúde dos trabalhadores. Assim como 
garantam que os agentes e as substâncias químicas, físicas e biológi-
cas que estiverem sob seu controle não envolvem riscos para a saúde 
quando são tomadas medidas de proteção adequadas.
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E ainda quando for necessário, os empregadores deverão for-
necer roupas e equipamentos de proteção adequados a fim de prevenir, 
na medida em que for razoável e possível, os riscos de acidentes ou de 
efeitos prejudiciais para a saúde. (OIT, 1981)
A partir da década de 1990, com a internacionalização de mer-
cados, o aumento da competitividade e o avanço tecnológico, tem-se 
verificado novos desenhos organizacionais, flexibilização e mudanças 
nas relações de trabalho instituídas dentro das novas práticas de ges-
tão. Essas mudanças tiveram início no fim dos anos 1960 e início dos 
anos 1970 com a crise do sistema taylorista-fordista, sendo necessária 
uma transição para um novo formato de acumulação, que ficou conheci-
do como flexível, e que acarretou mudanças nos processos de trabalho 
e no contexto organizacional. (MANDARINI; MARTINS; STICCA, 2016)
A velocidade das transformações socioeconômicas verificadas 
nas últimas quatro décadas tem provocado impacto grande no trabalho. 
Dentre elas estão aquelas que são mais visíveis para a sociedade e 
aparecem na pauta política, como o desemprego, a flexibilização do tra-
balho e a desregulamentação dos direitos trabalhistas. Contudo, outras 
ficam fora do foco de discussão por serem menos evidentes. Como por 
exemplo, o constante aumento da pressão, a implantação da gestão 
"pelo estresse", a intensidade do trabalho, o aumento da pressão, do 
controle, e da sobrecarga mental e emocional. (CARDOSO, 2013)
Hoje a realidade do mundo do trabalho é a intensificação da 
exploração do trabalhador, desemprego, precarização das relações de 
trabalho, flexibilização das relações de trabalho, desregulamentação 
dos direitos trabalhistas, entre outros aspectos nefastos dessa dura re-
alidade que assola a classe operária e que acaba por provocar a exclu-
são social de uma crescente massa de trabalhadores.
A informalidade é histórica do mercado de trabalho brasileiro, 
sendo, portanto, um importante indicador de desigualdades. Traz um 
elevado número de trabalhadores sem acesso aos direitos de proteção 
social resultantes da formalização e limita o acesso a direitos básicos 
como a remuneração pelo salário mínimo e aposentadoria.
 
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Figura 1 Participação relativa das categorias do trabalho informal - Brasil – 
2017
 Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2017
Ainda segundo dados do IBGE (2018), o cenário atual do setor 
produtivo brasileiro evidencia uma concentração no setor de serviços, se-
guido pela indústria, revelando assim o perfil desenvolvido do País, princi-
palmente quando comparado com outros países da América Latina. Esta 
diferenciação passa a acontecer na década de 1930 e aprofundou-se nos 
últimos 50 anos, quando o País sofreu um forte processo de urbanização e 
industrialização, ocorrendo à evasão da população rural para as cidades e 
metrópoles que se formaram. O setor da construção civil com número ex-
pressivo de trabalhadores também é indicador desta dinâmica progressiva.
O desemprego estrutural, oriundo do contexto socioeconômico 
e político, aumenta a inserção informal no mercado de trabalho, repre-
sentando a substituição da estabilidade e dos direitos trabalhistas para 
iniciar no ramo do empreendedorismo, da autonomia profissional.
Evidencia-se que a organização do trabalho impacta na ocorrên-
cia dos afastamentos, por meio de atestados, desses trabalhadores por 
dois motivos distintos: o primeiro deles diz respeito à faltas ao trabalho 
como forma de protestar algum descontentamento ou sentimento de des-
valorização; e o outro motivo estaria associado a motivos de saúde física 
onde esses trabalhadores se afastam para realizarem tratamento médico.
No Brasil atual, conforme o IBGE, a taxa de desemprego está 
em 12, 6%. Isso significa que o número de desempregados vem subin-
do. Ao mesmo tempo, a chamada Reforma Trabalhista, implementada 
pelo atual Governo abriu todas as portas e janelas para a terceirização 
de todas as atividades empresariais e a precarização do trabalho. O 
objetivo da reforma foi desmontar os direitos trabalhistas e diminuir as 
garantias que os trabalhadores tinham na lei. 
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A finalidade disso é a redução de preços de produção e assim 
aumentar o lucro das empresas. Para esse fim, a automação do traba-
lho faz com que, dentro de cinco anos, desaparecerão do mundo quin-
ze milhões de empregos. Trabalhos que até agora são realizados por 
trabalhadores serão totalmente cumpridos por robôs ou mesmo nem 
existirem. Em todas as categorias de produção, isso gera desemprego 
em massa. Antigamente, o trabalhador que perdia, hoje, o seu emprego, 
tinha esperança de, em breve tempo, conseguir outro trabalho. Atual-
mente, a perda do emprego tem um caráter trágico porque é o próprio 
trabalho que, ao ser automatizado pode desaparecer. 
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de-
monstram que a taxa de desocupação vem aumentando nos últimos anos:
Figura 2 – Taxa de desocupação.
 
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2018
Trabalhadores são considerados pessoas inseridas no mer-
cado de trabalho, formal ou informal, na área urbana ou rural, inde-
pendente do vínculo empregatício, seja público ou privado, autônomo, 
temporário, cooperativados, estagiário, doméstico, aposentado ou de-
sempregado. (BRASIL, 2012)
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é composta por 
oito capítulos que abrangem e especificam direitos de grande parte dos 
grupos trabalhistas brasileiros. Em seus artigos fornece informações 
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como: identificação profissional, jornada do trabalho, salário mínimo, fé-
rias anuais, segurança e medicina do trabalho, proteção ao trabalho da 
mulher e do menor, previdência social.
Devido a uma necessidade constitucional após a criação da Justi-
ça do Trabalho em 1939, a CLT foi criada. O país passava por um momento 
de desenvolvimento, mudando a economia de agrária para industrial. Em 
janeiro de 1942 o então presidente Getúlio Vargas e o Ministro do Trabalho 
e Emprego Alexandre Marcondes Filho trocaram as primeiras ideias sobre 
a necessidade de fazer uma Consolidação das Leis do Trabalho. A ideia 
primária foi de criar a "Consolidação das Leis do Trabalho e da Previdência 
Social". Seu objetivo principal é a regulamentação das relações individuais 
e coletivas do trabalho, nela previstas. (CAMPANA, 2008)
A Consolidação das Leis do Trabalho foi editada em 1943, sob 
a vigência da Constituição Federal de 1937. Ela tratava, em matéria tra-
balhista, em seu art. 137, de salário mínimo, jornada de trabalho, férias, 
estabilidade, seguro e assistência médica, mas, por outro lado, criava 
uma estrutura sindical atrelada ao Estado. (VILLA, 2011)
 Através do Decreto-lei no 5.452/1943, fica aprovada a Consoli-
dação das Leis do Trabalho, que é a Lei Trabalhista do Brasil. Nela estão 
incluídasas normas que regulam as relações de trabalho entre o emprega-
dor e os empregados. Na CLT estão definidos os direitos e deveres, tanto 
do empregador quanto do empregado. As normas se referem às relações 
de trabalho e também às regras dos processos trabalhistas na Justiça.
Um dos objetivos da CLT é proteger o trabalhador, com 
base no princípio da proteção. Esse princípio serve para diminuir 
a relação de desigualdade de poder que existe entre o trabalhador 
e o seu empregador.
 No decorrer dos anos houve muitas propostas de promover 
reformas da CLT, os artigos nela constantes já sofreram 497 modifica-
ções desde 1943.
A Reforma Trabalhista no Brasil mais recente ocorreu em 2017, 
onde houve uma mudança significativa na Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT) operacionalizada pela Lei nº 13.467 de 2017. Segundo 
o governo, o objetivo da reforma foi combater o desemprego e a crise 
econômica no país.
O projeto de lei foi proposto pelo Presidente da República Mi-
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chel Temer e começou a tramitar na Câmara dos Deputados em 23 de 
dezembro de 2016. Desde então, em sua tramitação, o projeto vinha 
passando por sucessivas discussões e também aglutinando emendas, 
como por exemplo, a proposta do fim da obrigatoriedade da contribui-
ção sindical (COSTA et al, 2018).
O projeto foi aprovado na Câmara dos deputados em 26 de abril 
de 2017 por 296 votos favoráveis e 177 votos contrários. No Senado Fe-
deral, foi aprovado em 11 de julho por 50 a 26 votos. Foi sancionado pelo 
Presidente da República no dia 13 de julho sem vetos. A Lei passou a va-
ler no país a partir de 11 de novembro do mesmo ano. (BRASÍLIA, 2017)
A reforma foi criticada pela Central Única dos Trabalhadores e 
outros Sindicatos, pelo Ministério Público do Trabalho, pela Organiza-
ção Internacional do Trabalho, entre outros. Foi defendida por econo-
mistas e empresários, bem como pelo presidente do Tribunal Superior 
do Trabalho (TST), Ives Gandra Martins Filho.
Em síntese a Reforma Trabalhista, aprovada em 2017, traz as 
possibilidades de: terceirização do trabalho; jornada de 12 horas para 
qualquer categoria; tele trabalho; redução do horário de refeição para 
30 minutos; grávidas e lactantes trabalharem em locais de insalubridade 
média ou reduzida. As modificações que a reforma trouxe, não alteram 
a Política Nacional de Saúde do trabalhador, que protege os trabalhado-
res independentes de serem terceirizados ou não. (COSTA et al, 2018)
 De acordo com a Coordenadoria de Estatística do Tribunal Su-
perior Trabalho, entre janeiro e setembro de 2017, as Varas do Trabalho 
receberam 2.013.241 reclamações trabalhistas. No mesmo período de 
2018, o número caiu para 1.287.208 reclamações trabalhistas. 
Estudo realizado em 2018 revela que o cenário da reforma 
trabalhista evidencia que, com essa lei, poderia ocorrer um aumento 
significativo dos acidentes de trabalho, tendo inclusive dificuldades de 
conseguir as garantias da Previdência Social. Empresas terceirizadas, 
geralmente pequenas empresas, investem menos em segurança, ex-
pondo os trabalhadores a riscos de acidentes. O aumento da jornada 
de trabalho e a diminuição do horário de refeição e descanso geram 
estresse ocupacional, isto reflete na qualidade de vida do trabalhador 
e de seus familiares. Contudo, a Reforma Trabalhista aumenta a pos-
sibilidade de maior número de trabalhadores contratados, diminuindo 
o impacto social da mão de obra desempregada. (COSTA et al., 2018)
 
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Figura 3 – Reclamações Trabalhistas. TST, Brasil, 2018
 
Fonte: Coordenadoria de Estatística do TST, 2018
O trabalho exerce um efeito protetor sobre a saúde, tanto a 
mental quanto a física e a psíquica. O risco de depressão é muito maior 
em pessoas inativas e as taxas de suicídio aumentam nos períodos de 
crise econômica.
O desemprego se torna prejudicial à saúde porque gera um es-
tado de estresse, sensação de insegurança, desamparo e incompetên-
cia. A ameaça à integridade financeira e o sentimento de incapacidade 
leva o indivíduo à tristeza, que em efeito dominó pode se agravar e se 
transformar em uma depressão. A insônia é um reflexo da ansiedade e 
pode potencializar o surgimento de várias doenças.
A partir da década de oitenta, as mudanças no mercado de 
trabalho têm alterado, de forma significativa, os pensamentos dos tra-
balhadores em relação ao trabalho e do emprego. A perda do emprego 
tem se mostrado mais presente nas duas últimas décadas, dadas às 
políticas públicas que restringem a geração de emprego, causando es-
tresse na população ativamente produtiva. 
O trabalhador desempregado perde o poder de decisão sobre 
a condução das próprias vidas, visto que se tornam dependentes de 
outras pessoas, que são os provedores de suas necessidades básicas. 
De maneira geral, essa situação de dependência causa uma impressão 
de submissão, já que os dependem de outros para seu sustento.
 
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REFORMA TRABALHISTA 2017
CARVALHO, S.S. Uma visão geral sobre a reforma traba-
lhista. Política em foco, v. 63, p. 83-94, out. 2017. 
KREIN, J. D. O desmonte dos direitos, as novas configura-
ções do trabalho e o esvaziamento da ação coletiva: consequências 
da reforma trabalhista. Tempo soc., São Paulo, v. 30, n. 1, p. 77-104, 
Apr. 2018. Available from http://www.scielo.br/scielo.php?scrip-
t=sci_arttext&pid=S010320702018000100077&lng=en&nrm=iso
Nas circunstâncias das mudanças políticas e sociais ocorridas 
nas décadas de 1980 e 1990 e no cenário da reforma sanitária, o campo 
do trabalho e da atenção à saúde dos trabalhadores passou por significa-
tivas reformulações. Dentre essas, destaca-se a superação do protótipo 
da medicina do trabalho e a definição da área da saúde do trabalhador no 
campo da abrangência da saúde pública. Até então, a saúde no Brasil ou 
era um benefício previdenciário restrito aos contribuintes ou um bem de 
serviço pago na forma de assistência médica, ou ainda uma ação bene-
volente oferecida aos que não tinham acesso à previdência, nem fundos 
para pagar a assistência privada, prestada por hospitais filantrópicos.
Não raramente, o local de trabalho apresenta riscos que afe-
tam a saúde do trabalhador. Eles podem vir sob forma de ruídos, calor, 
poeiras, bactérias, produtos químicos e muitas outras fontes. Existem 
também riscos oriundos da organização do trabalho, que podem causar 
doenças osteomusculares e transtornos mentais.
 O estresse, o ritmo intenso de trabalho, longas jornadas, con-
tribuem para a fragilidade da saúde, concomitante a isto a falta de reco-
nhecimento e baixa remuneração, culminam em se acumular atividades 
profissionais, o que restringe o tempo para as demais áreas da vida, 
como família, lazer, entre outros.
Assim sendo, evidencia-se que o trabalho está intrinsicamente 
relacionado às demais dimensões da vida, influenciando no processo 
saúde-doença dos trabalhadores.
No âmbito da saúde o trabalho se diz contraditório, pois ao 
passo que os trabalhadores participam da produção de saúde dos indi-
víduos e da coletividade, seu labor pode ocasionar efeitos negativos na 
sua própria saúde, cujos impactos se mostram na baixa qualidade da 
assistência prestada à população, também podem interferir na qualida-
de de vida dos seus familiares. (ROSADO; RUSSO; MAIA, 2015)
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Os agravos aos trabalhadores da Enfermagem costumam ser 
frequentes podendo causardanos a sua própria saúde. Cargas horárias 
excessivas destinadas às atividades laborais pode ser um grande pro-
blema a ser enfrentado. A jornada de trabalho pode se tornar elemento 
que propicia desgaste e sofrimento ao trabalhador, quando o contexto 
organizacional desencadeia sofrimento, o indivíduo busca desenvolver 
mecanismos de defesa para tentar diminuí-lo. (ALVIM, 2017)
Conhecer a Cultura Organizacional de uma empresa é muito 
importante visto que dependendo da cultura e a falta de conhecimento 
do trabalhador em relação a ela pode ocasionar doenças ocupacionais, 
causando sérios impactos na qualidade de vida do trabalhador. Seu en-
tendimento é crucial para a eficiência de políticas a serem implementa-
das para a saúde do trabalhador.
A Saúde do Trabalhador é o campo da Saúde Pública que tem 
como objetivo as relações de trabalho e o processo saúde-doença dos 
trabalhadores. Assim sendo, o trabalho pode ser considerado como ali-
cerce organizador da vida social, e determinante das condições de vida 
e saúde das pessoas. Fundamentado neste princípio, as intervenções 
devem buscar a transformação dos processos produtivos, no sentido de 
torná-los promotores de saúde, e não de adoecimento e morte, além de 
garantir a atenção integral à saúde dos trabalhadores. (BRASIL, 2018)
Portanto tem por objetivos a promoção e a proteção da saúde 
dos trabalhadores, independentemente de seu vínculo empregatício, ou 
mesmo se desempregado, compreendendo procedimentos de diagnós-
tico, tratamento e reabilitação de forma integrada.
Também descrita como campo de práticas e conhecimentos 
que buscam conhecer e intervir nas relações de trabalho e saúde-doen-
ça. Pode ainda ser entendida enquanto prática teórica interdisciplinar e 
prática político-ideológica, desenvolvidas por diversos atores situados 
em lugares sociais distintos e informados por uma perspectiva comum. 
(SOUZA; VIRGENS, 2013)
A Saúde do Trabalhador tem como referência Saúde Ocupacio-
nal, a Medicina do Trabalho e a Engenharia de Segurança, constituindo um 
campo de saber próprio da saúde coletiva. Ela se estrutura a partir do tripé 
epidemiologia, administração e planejamento em saúde e ciências sociais 
em saúde, ao que se somam disciplinas auxiliares. Busca a compreensão 
dos vários níveis de complexidade entre o trabalho e a saúde e, tendo como 
conceito central, o processo de trabalho. Originado na economia política, o 
processo de trabalho é entendido como o cenário primário da organização 
dos processos produtivos, situando-se, portanto, na origem dos agravos à 
saúde em coletivos diferenciados de trabalhadores. (MINAYO, 2011)
Foi no final dos anos 70 que o movimento de saúde do trabalha-
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dor se moldou no Brasil, partindo dos princípios que envolviam a partici-
pação dos trabalhadores na tomada de decisões sobre a gestão e orga-
nização dos seus processos produtivos, bem como a busca pela atenção 
integral à saúde do trabalhador. Após as duas grandes guerras, ocorreu 
uma evolução no modo de pensar, onde se vislumbrou mais a promoção e 
prevenção da saúde do trabalhador, com isso foram surgindo novas áreas 
de trabalhos voltadas para a saúde dos trabalhadores, tais como: Enge-
nheiro de Segurança do Trabalho e Médico do Trabalho; mudando assim o 
formato da saúde ocupacional. Mesmo com uma visão multidisciplinar as 
ações de saúde continuavam voltadas para o ambiente de trabalho, porém 
passaram a buscar sempre limites ou parâmetros de tolerância que eram 
baseados em pesquisas cientificas. (RIBEIRO; SOUZA, 2014)
O intercâmbio entre sindicatos brasileiros e alguns participan-
tes da Reforma Sanitária Italiana, que resultou na vinda do próprio Gio-
vanni Berlinguer ao Brasil, foi um incentivo para a realização das sema-
nas de saúde do trabalhador, ocorridas em São Paulo, e para a criação 
do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos 
Ambientes de Trabalho (DIESAT), que cumpriu importante papel no pro-
cesso de luta dos trabalhadores pela saúde no Brasil. (GOMEZ; VAS-
CONCELLOS; MACHADO, 2018)
O DIESAT (Departamento Intersindical de Estudos e Pes-
quisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho) foi criado, em 1979, 
por um conjunto de Sindicatos de diferentes categorias profissio-
nais. Seu principal objetivo consiste em pesquisar, estudar, siste-
matizar e divulgar as correlações entre saúde/doença e trabalho, 
desde o ponto de vista dos trabalhadores, em suas reivindicações, 
em conjunto com os Sindicatos.
 
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QUESTÕES DE CONCURSO
QUESTÃO 1
Ano: 2017 Banca: AOCP Órgão: Prova: Técnico de Enfermagem 
Nível: Médio.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a política de tra-
balho apropriada deve ter uma base em princípios éticos. Assinale 
a alternativa que NÃO condiz com esses princípios:
a) A saúde física, segurança e bem-estar serem trabalhadas de forma 
amostral.
b) Cobrir todas as exposições perigosas dentro do ambiente de trabalho.
c) Aplicar normas de bom comportamento, atenção e responsabilidade.
d) Abordagens que impeçam comportamentos antiéticos.
e) Promover a responsabilidade de prestação de contas de todos no 
local de trabalho.
QUESTÃO 2
Ano: 2017 Banca: IADES Órgão: ECT Prova: Enfermeiro do Traba-
lho Nível: Médio.
 
A respeito das doenças profissionais e doenças relacionadas ao 
trabalho, é correto afirmar que:
a) A redução da carga emocional associada à crescente responsabilização 
e às mudanças constantes no trabalho causa danos aos trabalhadores.
b) Receber uma carga de trabalho nova e maior é uma vitória pessoal, 
sobretudo, porque, muitas vezes, é acompanhada de uma bonificação 
financeira. Tal evento não é considerado um agente estressor.
c) Se as fontes de estresse da pessoa forem relacionadas ao ambiente 
ocupacional, pode-se cogitar o desenvolvimento da Síndrome de Bur-
nout, que é caracterizada por três fatores principais: exaustão emocio-
nal, despersonalização e redução da realização pessoal.
d) Nem todos os trabalhadores reagem da mesma maneira ou são afe-
tados da mesma forma pelo estresse; por isso, é possível individualizar 
o processo de adoecimento, que, na maior parte das vezes, é respon-
sabilidade das pessoas.
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e) O estresse é revelador da fragilidade dos indivíduos, e não uma ma-
nifestação do mau funcionamento e da desorganização das empresas.
QUESTÃO 3
Ano: 2017 Banca: IADES Órgão: ECT Prova: Enfermeiro do Traba-
lho Nível: Médio.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de 317 
milhões de pessoas são vítimas de acidentes de trabalho em todo o 
mundo e 2,34 milhões de pessoas morrem em razão de acidentes ou 
doenças ocupacionais. O Brasil subscreve várias convenções da OIT, 
como a nº 155, que trata da Segurança e da Saúde dos Trabalhadores. 
A respeito do referido assunto, assinale a alternativa correta.
a) A expressão “local de trabalho” abrange todos os lugares, com exce-
ção aos insalubres, onde os trabalhadores devem permanecer ou aos 
quais têm que comparecer, de modo que estejam sob o controle direto 
do empregador.
b) Outros dispositivos da citada convenção facultam a adoção de uma po-
lítica nacional em matéria de segurança e saúde dos trabalhadores e do 
meio ambiente de trabalho, com o objetivo de prevenir os acidentes e os 
danos à saúde decorrente do exercício do trabalho, reduzindo ao mínimo 
possível às causas dos riscos inerentes ao meio ambiente de trabalho.
c) A Convenção nº 155 se aplica a todas as áreas da atividade econômica, 
facultando ao Estado-membro, após consulta prévia às organizações sin-
dicaisde empregadores e trabalhadores interessadas, excluir total ou par-
cialmente da sua aplicação determinadas áreas da atividade econômica.
d) De acordo com a OIT, o termo “saúde”, com relação ao trabalho, 
abrange a ausência de afecções ou de doenças.
e) A mencionada convenção estabelece que as ações devam ser em-
preendidas em âmbito nacional, com a inclusão das questões de segu-
rança, higiene e meio ambiente de trabalho em níveis que serão deter-
minados por legislação específica.
QUESTÃO 4
Ano: 2017 Banca: IADES Órgão: ECT Prova: Enfermeiro do Traba-
lho Nível: Médio.
Com relação às ações de Saúde do Trabalhador a serem imple-
mentadas pelo enfermeiro do trabalho, assinale a alternativa que 
apresenta uma situação vinculada à área de Vigilância em Saúde.
a) Investigar o local de trabalho para verificação de relação entre as 
situações de risco existentes e o agravo identificado.
b) Cadastrar as atividades produtivas existentes na área, bem como os 
perigos e os riscos potenciais para a saúde dos trabalhadores, da popu-
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lação e do meio ambiente.
c) Promover orientações trabalhistas e previdenciárias pertinentes a 
cada situação.
d) Emitir a Comunicação de Acidentes do Trabalho (CAT), quando se tra-
tar de trabalhador com carteira assinada, cabendo ao médico-assistente 
o preenchimento do campo 2 da CAT (diagnóstico, laudo e atendimento).
e) Informar ao trabalhador as causas de seu adoecimento.
QUESTÃO 5
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: TRT Prova: Técnico Judiciário Ní-
vel: Médio.
De acordo com o Instituto Nacional de Seguro Social, o nexo es-
tabelecido entre o trabalho e o agravo denominado “Nexo Técnico 
Profissional” é:
a) Quando o acontecimento súbito ou a contingência imprevista causou 
dano à saúde do trabalhador e ocorreu durante o desempenho da ativi-
dade profissional ou por circunstâncias a ela ligadas.
b) Aquele decorrente da constatação de uma doença do trabalho, isto é, 
aquela adquirida em função das condições especiais em que o trabalho 
é realizado.
c) Aquele decorrente da constatação de uma doença profissional, isto 
é, aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho pecu-
liar a determinada atividade cujos trabalhadores tenham sido expostos, 
ainda que parcial ou indiretamente.
d) O acidente que ocorre no percurso do segurado de sua residência 
para o trabalho ou vice-versa ou de um local de trabalho para outro da 
mesma empresa, bem como o deslocamento do local de refeição para 
o trabalho ou deste para aquele, independentemente do meio de loco-
moção, sem alteração ou interrupção do percurso por motivo pessoal.
e) A doença degenerativa endêmica adquirida por segurado habitante 
de região em que ela se desenvolva, sem exposição ou contato direto 
determinado pela natureza do trabalho.
QUESTÃO 6
Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: Polícia Militar – SP Prova: Téc-
nico Oficial Nível: Médio.
Quais são as consequências sociais das transformações no mun-
do do trabalho nas últimas décadas, marcadas pela intensa racio-
nalização, a introdução de novas tecnologias e flexibilização das 
relações de trabalho?
a) Aumento do poder sindical e redução do desemprego. 
b) Erradicação do trabalho degradante e aumento da participação dos 
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trabalhadores nos lucros das empresas. 
c) Aumento do desemprego e precarização das condições de trabalho. 
d) Ampliação da gestão participativa e redução dos salários. 
e) Redução do desemprego e redução dos salários.
QUESTÃO 7
Ano: 2013 Banca: CESP Órgão: TRT Prova: Analista Judiciário 
Nível: Médio.
Em relação ao Contrato de Trabalho e ao Contrato de Emprego, 
assinale a opção correta.
a) Nos termos da Consolidação das Leis do Trabalho, inclui-se no con-
ceito de empregado a empresa individual que presta serviço o empre-
gador mediante salário.
b) As expressões relação de trabalho e relação de emprego referem-se 
à mesma situação fático-jurídica, visto que, em ambas, é caracterizada 
uma prestação de serviços com pagamento em contraprestação pelos 
serviços prestados, razão pela qual deve haver o mesmo tratamento 
jurídico no que se refere ao direito das partes envolvidas.
c) Considera-se relação de trabalho a prestação de serviço autônomo.
d) Para a caracterização de contrato de emprego, é imprescindível a 
existência concomitante dos seguintes requisitos: onerosidade, pessoa-
lidade, subordinação jurídica, não eventualidade e exclusividade.
e) Considera-se empregador a empresa individual ou coletiva que assu-
mir os riscos da atividade econômica, pagar salário e dirigir a prestação 
pessoal do serviço, não se admitindo, conforme a lei, a equiparação da 
figura do empregador para efeito de relação de emprego.
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
Nas circunstâncias das mudanças políticas e sociais ocorridas nas dé-
cadas de 1980 e 1990 e no cenário da Reforma Sanitária, o campo do 
trabalho e da atenção à saúde dos trabalhadores passou por significati-
vas reformulações. Dentre essas, destaca-se a superação do protótipo 
da medicina do trabalho e a definição da área da saúde do trabalhador 
no campo da abrangência da saúde pública.
Discorra sobre os objetivos da Vigilância em Saúde do Trabalhador
TREINO INÉDITO
Da execução de ações de Vigilância em Saúde do Trabalhador que 
estão incluídas no campo de atuação do Sistema Único de Saúde, 
assinale a alternativa que não está nas ações:
a) Vigilância na educação em saúde.
b) Vigilância sanitária. 
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c) Vigilância epidemiológica. 
d) Vigilância epidemiológica e sanitária.
e) Saúde do trabalhador.
NA MÍDIA
ADVOGADO EXPLICA A PRINCIPAL POLÊMICA GERADA PELA 
REFORMA TRABALHISTA.
Advogado Marcelo Mascaro Nascimento explica como ficaram as re-
gras sobre a contribuição sindical.
Por Marcelo Mascaro Nascimento, sócio do escritório Mascaro Nasci-
mento Advocacia Trabalhista e diretor do Núcleo Mascaro.
Uma das principais polêmicas geradas pela Reforma Trabalhista foi o 
fim da contribuição sindical obrigatória, também conhecida como impos-
to sindical. Até então, todo trabalhador, fosse filiado ou não ao sindicato 
de sua categoria profissional, tinha um dia de salário, ao ano, desconta-
do em sua folha de pagamento, em benefício da entidade sindical.
Com a reforma, o desconto passou a ser devido apenas àqueles que 
previamente o autorizarem. Ocorre que parte dos sindicatos passou a 
entender que essa autorização prévia não necessitaria ser concedida 
por cada trabalhador individualmente, podendo ser concedida mediante 
aprovação em assembleia realizada no sindicato e com efeitos para 
todos os trabalhadores da categoria, filiados e não filiados.
Em razão disso, foi editada a recente Medida Provisória nº 873, que 
introduz duas importantes mudanças em relação à contribuição sindical.
A primeira é que a lei passa a determinar, expressamente, que as con-
tribuições devidas ao sindicato, inclusive a contribuição sindical, só po-
dem ser cobradas se houver autorização prévia, voluntária e individual 
do trabalhador. Desta forma, fica proibida a autorização por Assembleia.
A outra mudança, de grande impacto, diz respeito à forma de pagamento 
da contribuição sindical. Era previsto na CLT que o desconto seria realiza-
do pelo empregador, diretamente, na folha de pagamento do empregado. 
Agora, o desconto em folha está proibido e o pagamento deve, obrigato-
riamente, ser feito por boleto bancário ou equivalente eletrônico.
Fonte: Revista Exame
Data: 21 mar. 2019.
Leia a notícia na íntegra:
https://exame.abril.com.br/carreira/advogado-explica-a-principal-pole-
mica-gerada-pela-reforma-trabalhista/NA PRÁTICA
Na Reforma Trabalhista, o ponto que mais chama a atenção foi a queda 
brusca de reclamações trabalhistas ajuizadas a partir do fim 2017. As 
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alterações nas regras processuais tiveram um claro e imediato impacto 
na quantidade de novos processos. As mudanças incorporadas à CLT - 
principalmente o risco de o autor ter que realizar um efetivo desembolso 
com o ajuizamento de uma reclamação trabalhista -, também causaram 
uma diminuição significativa dos pedidos de indenizações, incluindo 
aquelas relativas a dano moral. Ou seja, além de haver uma redução no 
número de ações ajuizadas, a Reforma também causou um impacto no 
objeto dos novos casos, que passaram a conter pedidos mais cuidado-
sos e parcimoniosos.
Outra consequência bastante relevante da Reforma Trabalhista foi a di-
minuição na arrecadação sindical. Considerando os valores recolhidos 
em março de 2017 e as contribuições repassadas em março deste ano, 
é possível notar uma redução vertiginosa, de aproximadamente 80%. 
Numa tentativa de tentar manter sua principal fonte de financiamento, 
os sindicatos profissionais passaram a realizar Assembleias buscando 
suprir a necessidade de aprovação individual para desconto da contri-
buição sindical. Da mesma forma, tem crescido o número de ações judi-
ciais propostas por sindicatos, pleiteando que os empregadores sejam 
obrigados a fazer o desconto da contribuição sindical no salário de seus 
empregados. Se, por um lado, a Reforma Sindical deveria ter previs-
to formas alternativas de financiamento para os sindicatos, não parece 
razoável, porém, que os sindicatos simplesmente ignorem as opções 
feitas pelos próprios empregados que representam.
Apesar da atual sensação generalizada de incerteza nas relações de 
trabalho, inclusive em razão da incipiente jurisprudência a respeito das 
novas regras, algumas alterações trazidas pela Reforma Trabalhista fo-
ram recepcionadas com bastante tranquilidade e já vêm sendo aplica-
das na prática, sem maior relutância. O fracionamento de férias em três 
períodos, os acordos mútuos de rescisão e o processo de jurisdição 
voluntária para homologação de acordos já são uma realidade.
PARA SABER MAIS
Filme sobre relações no trabalho
Terra Fria (EUA, 2005)
12 anos de escravidão (Canadá, 2013)
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INICIATIVAS DIRECIONADAS À SAÚDE DO TRABALHADOR
A partir dos anos 1980 surgiram diversas outras iniciativas em 
direção à Saúde do Trabalhador, pois setores do movimento sindical 
(como metalúrgicos e petroquímicos) começaram a exigir dos serviços 
de saúde pública maior envolvimento com questões de saúde relaciona-
das ao trabalho. (LEÃO, CASTRO, 2013)
 Ainda na década de 80 a Saúde do Trabalhador passou a ser 
agente de preocupação mundial, onde a Organização Mundial de Saú-
de (OMS), juntamente com a Organização Pan-Americana da Saúde 
(OPAS) propuseram políticas públicas de saúde para beneficiar a clas-
se trabalhadora. Com essas novas políticas públicas iniciou-se o Pro-
grama de Saúde do Trabalhador (PST). O PST tinha como missão ser 
POLÍTICAS PÚBLICAS NO CAMPO
DA SAÚDE
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um serviço de promoção à saúde dos trabalhadores, tinha como objeti-
vo prevenir doenças e acidentes decorrentes do trabalho, bem como to-
mar medidas que controlassem os riscos existentes. (LEÃO; CASTRO, 
2011; RIBEIRO; CASTRO, 2014)
No início dos anos 1990, novos Programas de Saúde do Tra-
balhador emergiam em todo o país, porém nem todos se estabeleciam. 
Os avanços para a consolidação da saúde do trabalhador dependiam 
da superação de vários desafios. Eram muitos os fatores combinados, a 
serem vencidos. (GOMEZ; VASCONCELLOS; MACHADO, 2018)
Durante o movimento da Reforma Sanitária Brasileira a saúde 
do trabalhador obteve destaque. O relatório da VIII Conferência Nacio-
nal de Saúde, em 1986, já apontava que o trabalho em condições dig-
nas, o conhecimento e o controle dos trabalhadores sobre processos e 
ambientes de trabalho é um pré-requisito central para o pleno exercício 
do acesso à saúde. (BRASIL, 1986)
Assista o vídeo sobre a VIII Conferência Nacional de Saúde 
https://www.youtube.com/watch?v=zZAHdF0fNps 
Figura 4 - Linha do tempo das Conferências Nacionais de Saúde. 2012
 
Fonte: Fio Cruz: Fundação Oswaldo Cruz, 2012
A partir das relações estabelecidas pelo processo de saúde do-
ença resultante das condições de trabalho e de vida dos trabalhadores a 
saúde do trabalhador passa a ser entendida. A saúde e o trabalho vêm so-
frendo transformações que recaem sobre a saúde do trabalhador e estão 
relacionadas às novas modalidades de trabalho, as inovações tecnológicas 
e maneiras de organização do trabalho. (MENDES; WUNSCH, 2011)
As políticas públicas no campo da saúde e segurança no traba-
lho constituem ações implementadas pelo Estado visando garantir que 
o trabalho, base da organização social e direito humano fundamental, 
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seja realizado em condições que contribuam para a melhoria da qua-
lidade de vida, a realização pessoal e social dos trabalhadores, sem 
prejuízo para sua saúde, integridade física e mental. (BRASIL, 2004)
Estas ações podem ser organizadas em três eixos: de pro-
moção à saúde; de assistência à saúde e de vigilância em saúde. A 
Promoção à Saúde compreende o fortalecimento da autonomia dos 
trabalhadores na luta por condições favoráveis de trabalho, bem como 
a articulação de políticas e práticas intersetoriais deve ser estimulada, 
especialmente aquelas com potencial para promover o controle e a in-
tervenção sobre os determinantes de saúde.
A Assistência à Saúde inicia-se pela identificação do usuário en-
quanto trabalhador, considerando sua inserção no trabalho atual e pre-
gressa, para que se estabeleça a relação entre o trabalho e o processo 
saúde-doença, com diagnóstico correto e o plano terapêutico adequado, 
incluindo a reabilitação física e psicossocial. Inclui-se também a orienta-
ção do trabalhador sobre as medidas de prevenção e direitos trabalhistas 
e previdenciários, a notificação dos agravos relacionados ao trabalho e, 
se necessário, o acionamento dos setores da vigilância em saúde.
As ações de Vigilância em Saúde abrangem a Vigilância Epi-
demiológica dos agravos e doenças relacionados ao trabalho e a Vigi-
lância dos Ambientes e processos de trabalho, em locais e serviços do 
setor público e privado, urbanos e rurais. Inclui a elaboração, a divulga-
ção e a propagação de informações em saúde, e ações de educação 
em saúde. (BRASIL, 2018)
No Brasil, a saúde do trabalhador é resultante de conhecimen-
tos acumulados no âmbito da Saúde Coletiva, com início no movimento 
da Medicina Social Latino-americana e motivado pela experiência ope-
rária italiana. (GOMEZ; VASCONCELLOS; MACHADO, 2018)
A Saúde do Trabalhador passa a ser um direito constitucional 
e universal no art. 200 da Constituição Federal de 1988 coloca que ao 
SUS compete, dentre outras atribuições, nos termos da lei: Inciso II – 
executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como 
as de saúde do trabalhador; Inciso VIII – colaborar na proteção do meio 
ambiente, nele compreendido o do trabalho. 
Historicamente o processo de desenvolvimento do capi-
talismo no Brasil, vislumbra o trabalhador comosimples peça de 
reposição, causando o descaso para com a sua saúde. Isto torna o 
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trabalho um fator de risco por que a preocupação do capital é com 
o lucro e não com indivíduo.
SAÚDE DO TRABALHADOR – CONCEITOS, OBJETIVOS E FINALI-
DADE
Entende-se por Saúde do Trabalhador um conjunto de atividades 
que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância 
sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como 
visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos 
aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho. (BRASIL, 1990)
O conceito de Saúde do Trabalhador não pode ser limitado 
apenas ao âmbito da fábrica, nem tão pouco à sua concepção pura-
mente biológica. É necessário que entenda a saúde como determina-
da pelos processos sociais mais abrangentes, assim sendo, como um 
conceito integral de dinâmico, levando- se em conta que a saúde é de-
terminada simultaneamente pelas condições de vida e pelas condições 
de trabalho. Portanto, a situação da saúde do trabalhador é resultado 
de um longo processo histórico, desde os tempos da colonização, pro-
cesso esse que se caracterizou pela constante exploração do trabalho, 
mais acentuada ainda em relação ao trabalhador rural. (BRASIL, 1989)
CONFERÊNCIAS NACIONAIS DE SAÚDE DO TRABALHADOR
A Política de Saúde do Trabalhador no Brasil, enquanto Política 
Pública começa a ser debatida a partir da 1ª Conferência Nacional de 
Saúde do Trabalhador (CNST), realizada em 1986, poucos meses de-
pois da 8ª Conferência Nacional de Saúde, que gerou as articulações 
para a concepção de saúde na nova Constituição.
O debate sobre uma política nacional de saúde do trabalhador 
emerge, portanto, desde o momento de maior fortalecimento da Refor-
ma Sanitária no Brasil e está muito associado ao processo social em 
que se inseriu. 
A primeira CNST trouxe três temas, sendo o terceiro deles a 
criação da Política Nacional de Saúde dos Trabalhadores. O interes-
sante é que, nesse primeiro momento da construção da Política, visu-
alizava-se um discurso pautado no polo trabalho-subjetividade. O que 
pode demonstrar que a articulação de saberes e poderes estavam mais 
voltados à abertura da circulação da palavra e escuta aos trabalhado-
res, compreendendo os aspectos sociais e históricos da saúde e do 
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trabalho. (Ministério da Saúde, 1986)
Neste mesmo período da história favoreciam-se as ações curati-
vas em prejuízo da promoção da saúde através de medidas preventivas, 
quando implementadas, estão voltadas para o indivíduo. (BRASIL, 1989)
Na 1ª CNST em 1989 diante de um acidente de trabalho 
considerava-se quase sempre o trabalhador como culpado pela 
ocorrência dos mesmos. As práticas de julgamento e perícia, bem 
como as ações prevenção, são voltadas para o indivíduo, descon-
siderando as condições de trabalho.
No ano de 1994 se deu a 2ª Conferência Nacional da Saúde do 
Trabalhador onde o tema principal foi “Construindo uma Política de Saúde 
do Trabalhador”. Dentre as propostas aprovadas no plenário, destaca-se, 
pela sua peculiaridade ampla e pela relevância do impacto que causará na 
reestruturação dos setores saúde, trabalho e previdência, e na definição da 
Política Nacional de Saúde dos Trabalhadores, a proposta de unificação de 
todas as ações de saúde do trabalhador no Sistema Único de Saúde.
Diferentemente da primeira conferência, que foi voltada ao tra-
balho-subjetividade e saúde-integralidade, a segunda conferência vislum-
brou trabalho-risco e saúde-controle. A reinserção da Saúde Ocupacional 
retorna explícita enquanto atenção à saúde dos trabalhadores, no con-
junto de análise das relações de poder que se articulam nesse evento, 
uma vez que a abertura fica centrada no discurso da Vigilância Sanitária, 
campo que se tornará cada vez mais participativo nas ações de saúde na 
área do trabalho ao longo dos anos seguintes. (BRASIL, 2005)
O conteúdo da 2ª CNST tem como fator dominante a diversida-
de na composição da força de trabalho. Os paradigmas baseados funda-
mentalmente no operariado industrial e nos modelos Tayloristas-fordis-
tas se tornaram insuficientes para responder e contemplar as mudanças 
no âmbito das relações de trabalho, nos mais diferentes setores, que 
acompanham o movimento mundial de reestruturação produtiva, sem 
com isso eliminar formas arcaicas de produção. Tais mudanças têm em 
comum a ênfase na globalização dos mercados, na privatização dos 
serviços públicos, na rápida incorporação tecnológica para a produção 
de bens e serviços, na dinâmica do emprego, no aumento do desempre-
go e do trabalho informal e na exclusão social. (BRASIL, 1994)
Compuseram das discussões desta conferência três eixos te-
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máticos: como garantir a integralidade e a transversalidade da ação do 
Estado em saúde dos(as) trabalhadores(as)? Como incorporar a saúde 
dos(as) trabalhadores(as) nas políticas de desenvolvimento sustentável 
no País? Como efetivar e ampliar o controle social em saúde dos(as) 
trabalhadores(as)?
No primeiro eixo temático propôs-se revisão imediata da legis-
lação vigente, com ampla participação dos trabalhadores, onde seja as-
segurada a sua participação na formulação da Política Nacional de Se-
gurança e Saúde do Trabalhador. Modificar a notificação dos acidentes 
e doenças do trabalho para garantir estatísticas mais fidedignas. Incluir 
nos atestados de óbito a atividade principal que o trabalhador exerça. 
As ações fiscalizadoras devem ser da responsabilidade dos órgãos pú-
blicos em nível federal, estadual e municipal, exercidas pelo Sistema 
Único de Saúde, de forma descentralizada e integrada. Responsabilizar 
os órgãos rodoviários federais, estaduais e municipais para fiscalização 
do transporte do trabalhador rural. (BRASIL, 1994)
A Fundacentro Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segu-
rança e Medicina do Trabalho é uma instituição criada em 1966 voltada 
para o estudo e pesquisa das condições dos ambientes de trabalho.
FUNDACENTRO: http://dados.gov.br/organization/about/
fundacao-jorge-duprat-figueiredo-de-seguranca-e-medicina-do-
-trabalho-fundacentro
Com vistas a garantir a integralidade e a transversalidade das 
ações estatais na saúde dos trabalhadores, a CNST deliberou (BRASIL, 
2011, p. 17): 
“Priorizar recursos financeiros no orçamento estatal que sejam carreados para 
a formação técnica e para a pesquisa na área da saúde, que contemplem efe-
tivamente as reais necessidades da população brasileira. Garantir que no ensi-
no, desde o ensino fundamental, sejam desenvolvidas matérias sobre higiene, 
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segurança no trabalho e controle ecológico do meio ambiente, esclarecendo e 
denunciando os riscos que se estabelecem nas relações de produção. Trata-
mento equânime, sem qualquer discriminação, a todos os trabalhadores, seja 
do setor econômico primário, secundário ou terciário, na redefinição da Política 
de Saúde e Segurança do Trabalhador. Responsabilização civil e criminal do 
empregador por condições insalubres e periculosas de trabalho. Inclusão no 
Sistema Único de Saúde de programas específicos de atendimento ao tra-
balhador, realizados pela rede pública, com condições de pleno acesso aos 
diversos níveis de atendimento à saúde. A Empresa deverá ser fiscalizada pela 
autoridade sanitária local definida pelo Sistema Único de Saúde. A avaliação 
dos ambientes detrabalho deverá ser feita pelo órgão sanitário local do Siste-
ma Único de Saúde, com participação dos sindicatos. Que se integre na rede 
pública (com as necessárias ampliações e melhor qualificação) o tratamento 
acidentário, com a criação de serviços especializados no diagnóstico de do-
enças profissionais e na avaliação de incapacidade, com dotação dos neces-
sários recursos para habilitação profissional e recolocação do acidentado no 
mercado de trabalho. Ampliar o horário de atendimento dos serviços de saúde 
ao trabalhador, sem prejuízo de garantir-lhe a justificativa de ausência durante 
seu horário de trabalho, para que seja atendido nesses serviços.”
Em relação à incorporação da saúde dos trabalhadores nas 
políticas nacionais de desenvolvimento sustentável, a CNST indicou 
(BRASIL, 2011, p. 21-22): 
Obrigar as multinacionais a obedecerem, no mínimo, o mesmo padrão de pro-
teção ao trabalhador e ao meio ambiente que é dado no país de origem. Abolir 
as horas extras e reduzir a jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem 
que isso implique perdas salariais. Extinguir o contrato temporário. Obrigar as 
empresas a fornecerem a relação das substâncias por ela utilizadas e seus ris-
cos. Elaboração de uma política governamental, assegurando que os avanços 
tecnológicos levem em conta a necessidade de preservação da saúde. Elabo-
ração de uma política governamental de geração de novos empregos, orien-
tada para a garantia de condições de trabalho não prejudiciais ao trabalhador. 
Privilegiar na produção agrícola o controle biológico de pragas, a policultura e a 
adubação orgânica. Essa política deverá ser implementada por órgãos e progra-
mas específicos, financiados pelo Estado. Deve ser garantida a participação das 
entidades representativas do trabalhador rural. Obrigatoriedade de informação, 
pelo empregador, ao trabalhador, seus familiares e comunidade a respeito dos 
riscos a que estão sujeitos em virtude de contaminação indireta e ambiental de-
correntes da atividade da empresa. Elaboração de uma política governamental 
de geração de novos empregos, orientada para a garantia de condições de tra-
balho não prejudiciais ao trabalhador. Privilegiar na produção agrícola o controle 
biológico de pragas, a policultura e a adubação orgânica. Essa política deverá 
ser implementada por órgãos e programas específicos, financiados pelo Estado. 
Deve ser garantida a participação das entidades representativas do trabalhador 
rural. Obrigatoriedade de informação, pelo empregador, ao trabalhador, seus fa-
miliares e comunidade a respeito dos riscos a que estão sujeitos em virtude de 
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contaminação indireta e ambiental decorrentes da atividade da empresa. Direito 
de acesso aos serviços de saneamento básico como tratamento de água, rede 
de esgoto, além de eletrificação, incluindo, neste caso um programa específico 
para o trabalhador rural. Currículo mínimo com participação e gestão comunitá-
ria visando a mudança das relações de produção e privilegiando o conhecimento 
popular e o conhecimento de tecnologia local para a resolução dos problemas 
brasileiros, respeitando as características regionais e o calendário agrícola. Que 
o desmatamento, instalação de barragens e agroindústrias seja controlados e 
referendados pela comunidade e entidades locais. Articulação com uma política 
de importação de tecnologia que assegure a adoção obrigatória dos critérios de 
segurança segundo princípios mais rigorosos e eficientes, reconhecidos pela 
comunidade internacional. Garantia de que todos os contratos de obras públicas 
incluam nas suas cláusulas a obrigatoriedade das empresas em manter a segu-
rança dos ambientes de trabalho. Que as horas extras sejam contabilizadas para 
o cálculo de tempo de aposentadoria.
Sobre a efetivação e ampliação do controle social na saúde 
dos trabalhadores, a CNST deliberou (BRASIL, 2011, p. 22-26): 
O Estado deve realizar mapeamento de áreas de risco com acompanhamento 
dos sindicatos. Garantir estabilidade de emprego a todos os trabalhadores e 
uma legislação única, que assegure os mesmos direitos e benefícios a todos, 
independentemente de trabalharem na área urbana ou rural, no setor público 
ou no privado. Garantir a participação do trabalhador urbano e rural na fiscali-
zação. Proibir que os profissionais que atuam na fiscalização tenham vínculos 
com a empresa fiscalizada, seja ela de caráter público ou privado. É direito de 
cada trabalhador receber cópia dos resultados dos exames de saúde a que 
forem submetidos. Que seja assegurado às comissões de saúde competentes 
receberem estudos sobre o conjunto desses exames bem como das condições 
ambientais de trabalho. Garantir ao trabalhador o direito de recusar trabalhos 
que o exponham a riscos. Transformação das Cipas em Comissões de Saú-
de, regulamentadas por lei e constituídas exclusivamente por trabalhadores 
eleitos diretamente por seus pares, com mandato de três anos e com direito à 
reeleição. A esses trabalhadores serão garantidos os mesmos direitos dos diri-
gentes sindicais. Será competência de a Comissão impedir o trabalho quando 
houver risco iminente à saúde do trabalhador, tendo os seus membros direito 
a tempo livre para atuação e realização de reuniões com os trabalhadores no 
interior da empresa. Garantir a participação dos trabalhadores na administra-
ção da Previdência. Garantir que os SESMTs sejam fiscalizados pelo sindicato 
da categoria e integrados ao Sistema Único de Saúde. Acordo coletivo com 
cláusulas específicas em saúde e trabalho. Apresentação, aos trabalhadores, 
do resultado do levantamento sobre as condições de saúde dos trabalhadores 
em cada empresa. Garantia da participação dos trabalhadores e sindicalistas 
em eventos que permitam a sua formação técnica. Direito à participação dos 
trabalhadores nas decisões referentes à sua saúde, dentro e fora da empre-
sa. Os sindicatos devem evitar, sempre que possível a tarefa assistencialista 
que os descaracteriza e dificulta sua ação política. Por um Sistema Único de 
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Saúde estatal, descentralizado, regionalizado, igualitário, de boa qualidade, 
que garanta atendimento integral a toda a população, assegurando-se aos tra-
balhadores a participação na formulação da política, administração e gestão 
do sistema de saúde, em todos os seus níveis. Que os órgãos ou serviços 
responsáveis pela atenção à saúde do trabalhador sejam obrigados a fornecer 
informações aos representantes dos trabalhadores sobre: ambiente e riscos 
do trabalho, doenças e acidentes, prontuários médicos, orçamentos, dados 
estatísticos. Os profissionais de segurança e medicina do trabalho remune-
rado pelas empresas deverão ter sua ação controlada pelo Estado, dentro de 
programas específicos formulados conjuntamente pelo estado e Comissão de 
Saúde e aprovado pelos sindicatos da categoria. Garantia aos dirigentes sindi-
cais e representantes dos trabalhadores de acesso aos locais de trabalho. Os 
SESMTs devem estar sob o controle dos sindicatos ou Associações de Classe 
quando os primeiros não existirem, e sob a vigilância da autoridade sanitária 
local dentro do Sistema Único de Saúde. Deverão ser custeados diretamente 
pela empresa e ter um programa de atuação definido pelo órgão sanitário local, 
com a participação das Comissões de Saúde e do sindicato e/ou associação 
da categoria correspondente. Garantia da existência do delegado sindical e 
conselhos de fábrica livres, eleitos pelos trabalhadores de sua fábrica, com 
estabilidade igual à do dirigente sindical, com mandato de dois anos e esta-
bilidade igual após o término do mesmo garantido a reeleição. [...] Direito ao 
trabalho com controle dos trabalhadores sobre o processo

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