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Projeto Integrado Multidisciplinar: Ambiente Estratégico Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. José Joaquim do Nascimento Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Planejamento Estratégico • Planejamento. • Ampliar a discussão sobre planejamento, entender o que é, compreender a operação de planejar, tratando a Área Estratégica e a de Produção; • Tratar dos conceitos das Forças de Porter, como meio de estudo sobre cenário competitivo. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Planejamento Estratégico Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Planejamento Estratégico Planejamento Para dar sequência ao que vimos na Unidade I, tratamos das etapas para efetuar as jogadas no SDE. Iniciou-se pela Preparação, momento em que se fez estudo do Mercado proposto e conheceu as regras e as características das regiões estudadas, depois da busca das informações que, na prática, poderíamos chamar de Estudo de Mercado, para somente após fazer o Planejamento. Observação Só se planeja o que se conhece!! Planejar é traçar o caminho a ser seguido para alcançar os resultados esperados; considera as informações estudadas, mas vai percorrer caminhos desconhecidos. Planejar é garantia de que dará tudo certo? Certamente, não, mas planejar minimiza as chances de erros. As falhas previsí- veis são identificadas, mas ainda assim é possível sofrer as dificuldades dos aconte- cimentos aleatórios, fora do controle humano. Mesmo sem poder oferecer qualquer garantia de sucesso, vez que lida com o desconhecido, um Processo de Planejamento é fundamental. É mais do que necessário! Podemos afirmar que um Plano Estratégico bem elaborado é indispensável para reduzir os riscos e melhorar significativamente as chances de sucesso. Um bom plano estratégico deve considerar as circunstâncias ambientais atuais. Caso não as conheça, deve estudá-las. Deve pensar nos cenários ambientais fu- turos mais prováveis de ocorrer, nas condições pessimista, real e otimista, e deve avaliar se essas identificações estudadas estão ou não alinhadas às capacidades e aos recursos da Organização. No SDE, o Planejamento Estratégico é abordado tratando nos seguintes conceitos: • Processo do Planejamento Estratégico; • Diagnóstico Estratégico; • Macroestratégia; • Estratégias Funcionais; • Premissas do Planejamento Estratégico. 8 9 O Planejamento Estratégico Em qualquer empreitada empresarial, do início da Empresa ao seu desenvolvi- mento, espera-se que seja um desenvolvimento bem-sucedido. Boa parte do trabalho de gestão tem como suporte um pensamento estratégico. O Processo Estratégico Racional envolve a formulação, a implementação e a ava- liação estratégica, conforme será desenvolvido aqui, na simulação do SDE. Neste ponto, queremos compreender um pouco mais o primeiro momento desse Processo Estratégico mais amplo, o momento da formulação da estratégia, a tarefa fundamental do Planejamento Estratégico. O Planejamento Estratégico é uma importante ferramenta gerencial. É um pro- cesso metodológico que permite formular uma estratégia para a Empresa ou, em outras palavras, é um método que direciona as ações de uma Empresa para alcan- çar os resultados planejados. Para que entendamos o uso do SDE como ferramenta de simulação de es- tratégia, iremos discutir algumas premissas que suportam e, de certa forma, limitam esse processo, e a importância de compreendê-las para o uso adequado da ferramenta. Nesse momento, porém, cabe destacar que o Planejamento Estratégico, depois das indispensáveis ações preparatórias de motivação, organização e homogeneiza- ção da cultura sobre o tema, desenvolve-se por meio de três grandes momentos, claramente definidos: • O diagnóstico estratégico; • A formulação da macroestratégia; • A formulação das estratégias funcionais. Aqui, a ideia é que façamos uma leitura de aplicação em Empresas reais. As eta- pas são as mesmas. Vamos seguir um roteiro e, mais adiante, avaliar os resultados daquilo que foi planejado e implementado. Naturalmente, devemos também destacar que existem inúmeros roteiros para se formular a estratégia, porém a grande maioria parece seguir mais ou menos a mesma lógica, que pode ser consubstanciada nas etapas apresentadas aqui. Pode acontecer que, dependendo da Escola estratégica, tenhamos um fluxo dife- rente. Não temos a intenção de ter o modelo como regra. Aliás, em Administração, nada é exato; segue-se uma Escola, um pensamento, uma linha de raciocínio. Cada grande etapa mencionada subdivide-se em etapas menores, conforme ve- remos a seguir. 9 UNIDADE Planejamento Estratégico Diagnóstico Estratégico Quando você ou qualquer pessoa pretender atuar em um negócio qualquer, o Planejamento Estratégico é indispensável. Muitas vezes, o Plano de Negócios leva a isso. É o momento em que vai estudar o cenário, conhecer o Mercado, as neces- sidades do Setor, as Regras, as Leis etc. Para ter uma ideia geral, podemos pegar o modelo do SEBRAE, que aponta a necessidade de conhecer os concorrentes, quem são os principais, como traba- lham, seus pontos fortes e fracos etc. É importante conhecer os fornecedores, quem são, como trabalham, como ven- dem, se unidades ou lotes, como negociam, se a vista ou a prazo. Faz-se necessário, ainda, conhecer os parceiros em serviços, como transporte, caso necessário, seguros e embalagens customizadas, entre outros. Quem são os clientes, como compram, por que compram e com que frequência compram completam a lista. Normalmente, uma ferramenta muito utilizada nessa etapa é Matriz de SWOT, explicada a seguir. SWOT Abro espaço para apresentar a ferramenta, pois, se nosso objetivo é preparar o aluno para fazer um planejamento estratégico, essa ferramenta tem sua importância. A Análise SWOT é uma ferramenta clássica da Administração, e não há indícios de que deixará de ser uma ferramenta amplamente utilizada. Se você é gestor de média ou grande Empresa, tem obrigação de conhecer a ferramenta, mas deve gostar de ir além, e buscar uma quebra de tabu, que é esse pensamento aplicado na Micro e na Pequena Empresa, pois deve buscar conheci- mento do Mercado e é só com conhecimento que se toma decisão. Noentanto, a ferramenta ainda é pouco conhecida e, consequentemente, pouco usada por Empresas de menor porte. O conceito central da Análise SWOT não tem um criador definido, mas muitos acreditam que ela tenha sido desenvolvida na década de 1960, por professores da Universidade Stanford, a partir da análise das 500 maiores Empresas dos Estados Unidos e, a partir de então, sendo aplicada em análises pontuais, de segmentos, de regiões etc. Assim, como qualquer ferramenta clássica na Administração, a Análise SWOT também foi desenhada considerando o ambiente das grandes Empresas e, poste- riormente, passou a ser adotada também em outras situações, como em Empresas de menor porte. 10 11 Pode ser usada de diversas formas, mas o empreendedor de Empresas de menor porte pode empregá-la como uma ferramenta de exploração, de autoconhecimento e, nesse caso, trata-se de conhecimento mais aprofundado a respeito do seu pró- prio negócio, análise contextual ou mesmo um guia para a definição de um plano de ação. O termo SWOT é uma sigla que, em Inglês, significa: • S: Strengths, ou pontos fortes; • W: Weaknesses, ou pontos fracos; • O: Opportunities, ou oportunidades para o seu negócio; • T: Threats, ou ameaças para o seu negócio Os pontos fortes e fracos são aqueles que estão dentro da própria Empresa; seria um olhar interno, enquanto as oportunidades e as ameaças têm origem externa; é um olhar para o Mercado. Um modelo de formulário a ser utilizado em um Projeto real pode ser o modelo a seguir: Figura 1 – Análise SWOT Fonte: Adaptado de Sebrae 11 UNIDADE Planejamento Estratégico Naturalmente, não é possível formular uma estratégia de qualidade, com objeti- vos de longo prazo e meios para atingi-los, sem conhecer o ambiente de negócios em que a Empresa atua, ou vai atuar, e sem conhecer as próprias forças e fraquezas internas da Empresa. É aí que se dá a importância da Análise SWOT: é a base para planejar as ações e as decisões da Empresa. Sempre gostei de fazer um comparativo entre um médico e um gestor, ambos fazem diagnósticos e, a partir dele, tomam suas decisões. A diferença é que um médico cuida de Pessoa Física e o gestor de Pessoa Jurídica. O diagnóstico, portanto, cumpre o importante papel de permitir aos dirigentes da Empresa construírem uma visão panorâmica do ambiente externo, compreen- dendo como estão configuradas as variáveis ambientais, individualmente, e nas relações que podem estabelecer entre si. O que é uma variável ambiental? O conceito está resumido no Gráfico acima. São variáveis que a Empresa não con- trola, mas deve conhecer, e muito bem, para assim poder agir conforme o cenário. Ambiente Político Ambiente Legal Ambiente Econômico Ambiente Cultural Ambiente Demográ�co Ambiente Social Ambiente Ecológico Ambiente Tecnológico A Empresa A Indústria Competitiva Figura 2 Mas de forma direta, as variáveis ambientais mais relevantes são aquelas que podem, com a sua dinâmica, impactar a Empresa e seus resultados. Basicamente, o diagnóstico busca compreender como estão configuradas as vari- áveis econômicas, sociais, políticas, tecnológicas e aquelas relacionadas ao ambiente 12 13 competitivo da Empresa, como fornecedores, clientes, concorrentes etc. Essas variá- veis do ambiente competitivo serão mais detalhadas no tópico “Análise Competitiva”. No processo de diagnosticar o cenário empresarial, além de considerar o am- biente atual, no momento do diagnóstico, alguns prognósticos acerca do ambiente futuro são estabelecidos. Podemos dizer que são cenários ambientais possíveis e que devem ser conside- rados para a formulação da estratégia. Então, no diagnóstico, busca-se, identificar aquele cenário futuro mais provável de ocorrer e no qual vale a pena apostar. Mas eu pergunto: e se você errar nesse diagnóstico? Pode ter certeza que vai agir de forma errônea. Conceito A estratégia é uma aposta que a Empresa faz em um provável ambien te futuro, vez que não podemos nos esquecer de que estamos lidando com o desconhecido. Para que um diagnóstico seja bem feito, toda a análise do ambiente externo deve orientar-se para aqueles aspectos estruturais do ambiente, sobre os quais a Empre- sa não tem controle, e que podem se constituir em uma ameaça ou oportunidade para o desenvolvimento da Empresa. Quanto melhor isso for identificado e inter- pretado, mais provável o sucesso da Empresa. Já a análise interna deve orientar-se para os recursos e as capacidades que a Em- presa controla e que podem se constituir em seus pontos fracos ou pontos fortes. Observação Na prática, é comum gestores dotados de excesso de otimismo ou amor pelo negócio que gerenciam ou que irão construir não conseguirem apontar pontos fracos. Isso configura um problema, pois se não identificar, não vai trabalhar para desenvolvê-los. Vamos nos lembrar de que esse projeto não deve ser somente para aprovação na Disciplina. Eu sei o quanto isso é importante, mas o mais relevante é saber quanto as ações aqui simuladas vão contribuir para sua formação, aproximando-o do am- biente empresarial real. É fundamental entender que, neste momento analítico do diagnóstico, a Empre- sa não deve tomar qualquer decisão sobre a estratégia, apenas as decisões sobre o cenário; é um estudo. Não é interessante comprometer-se com qualquer objetivo ou curso de ação an- tes de concluir sua análise, pois é com base nela que vai começar a decidir. O fundamental é aproveitar esse momento para ampliar a compreensão sobre como está configurado o ambiente e como poderá se configurar no futuro. 13 UNIDADE Planejamento Estratégico Deve entender o que é o seu Mercado, sua dimensão hoje e amanhã, seus riscos e oportunidades, assim como as especificidades do segmento. A macroestratégia Feito o diagnóstico, com o estudo muito bem feito em mãos, a Empresa pode for- mular a sua macroestratégia, uma visão macro do negócio. Basicamente, neste pon- to, as decisões começam a ser tomadas. Como vimos, deve-se decidir naquelas duas dimensões características da decisão estratégica: decisões fins e decisões meios. Para entender o que seria estratégia FIM e estratégia MEIO, faz-se necessário entender as áreas fins e meio de uma Empresa. A macroestratégia envolve, na dimensão fim, a definição da missão empresarial e da visão da Empresa, um olhar para o futuro e, ainda, os valores que desejam fazer parte do dia a dia. A missão, como já tratado, deve expressar a razão maior de existir da Empresa e expressar seus propósitos de maneira clara e motivadora. Deve expressar, por meio de uma frase bem articulada, que possa servir de diretriz para a formulação e implementação da estratégia, o escopo do negócio (o que fazer?), os Mercados a serem atendidos (onde fazer?), a posição da Empresa frente à concorrência (como fazer?), o nível de compromisso para com acionistas e demais interessados (para quem fazer?). Na prática, a caráter de sugestão, este é um Modelo de Planilha que auxilia a construção desse pensamento: Tabela 1 – Ferramenta – Plano de ação de curto e médio prazo Planilha Elaborado por: Data: Atualização: O que fazer Porque fazer Onde fazer Quem Quando Como Quanto Ganho Status É o foco da ação, deve iniciar por um verbo no infinitivo É a razão da ação, um indicativo do ganho futuro É o local onde ocor rerá a ação É o respon sável pela ação. Deve ser um nome específico É o prazo final para a execução da ação (uma data) É a forma e recurso aplicados na execução da ação É o custo envolvido para executar a ação (em R$) É o retorno obtido com a ação ao longo de um período Quanto da ação está concluída Quanto à visão, ela busca responder a seguinte questão: • Que Empresa queremos ter no cenário ambiental que vislumbramos no diag- nóstico e no horizonte temporal do planejamento que estamos fazendo? A resposta à essa questão pode ser expressa por meio de um conjunto de indi- cadores ou objetivos, de resultados de Mercadoe de resultados econômico-financei- ros. Mas todos mensuráveis e temporais. 14 15 Na dimensão meio, a macroestratégia visa a estabelecer grandes decisões so- bre o negócio, seus principais investimentos em estruturas ao pensar no porte da Empresa, sua localização e o dimensionamento de sua capacidade, entre outros. Na prática, dimensionar os principais investimentos é dimensionar a necessida- de de capital para que o negócio opere, sendo o erro nessa etapa o responsável pelo fracasso de muitos negócios novos em menos de um ano de operação. Uma analogia que podemos fazer é: fazer uma viagem de trezentos quilômetros com um automóvel exige quais informações para que a viagem percorra tranquilamente? Vamos lá!! A distância sabemos: trezentos quilômetros; Qual o consumo do carro? Quantos pedágios? Qual a velocidade média do percurso? Responder a essas perguntas possibilita orçar a viagem. Se o veículo tiver uma autonomia de dez quilômetros percorridos por litro de combustível, chega-se ao número de trinta litros consumidos: 300/10 corresponde a 30 litros de consumo. Se cada litro custa R$ 5,00, sabemos que teremos um custo de R$ 150,00 com combustível. Os pedágios são conhecidos e é possível consultar os valores, facilitando, assim, o orçamento. A velocidade média é um fator que poucos consultam, mas veja: num trecho de 300km, que tenha uma velocidade na maior parte do percurso de 60km/h, serão necessárias aproximadamente cinco horas de viagem, mas deve-se considerar, tam- bém, a necessidade de paradas para alimentação. Se no mesmo trecho for possível andar a 120 km/h, o mesmo percurso será per- corrido em 2,5 horas, o que provavelmente seria feito sem paradas para alimentação. Então, um Planejamento é isso: ter as informações para construir os processos, seus custos etc. As estratégias MEIO são os grandes meios ou suportes que deverão permitir a condução da Empresa na direção dos objetivos estabelecidos na visão da Empresa. Estratégias funcionais Baseados no diagnóstico estratégico que acabamos de discutir, inspirados pela visão e delimitados pela macroestratégia, os dirigentes da Empresa deverão definir as estratégias e as políticas funcionais ou como as coisas irão operar. 15 UNIDADE Planejamento Estratégico Fundamentalmente, trata-se de definir as ações a realizar em cada Área da Em- presa, como: • Marketing; • Produção; • Finanças; • Pessoas; • outras, para conduzir a Empresa a seus objetivos. Para tudo que você fizer na Empresa, deve haver uma política definida. Uma po- lítica para controlar o capital, como vai pagar, receber, investir etc.; uma política de produção, qual a capacidade, qual o plano de produção, qual o plano de estoque, qual o plano de compra etc. A Estratégia Planejada A ênfase que colocamos na Estratégia Planejada, formalmente desenvolvida por meio do Planejamento Estratégico, justifica-se pela dimensão atingida no uso dessa abordagem nas Empresas e, também, porque essa concepção será utilizada no processo de simulação dentro do SDE, assim como ocorreria se estivesse atuando em uma Empresa real. Nenhum modelo é uma receita a ser seguida sempre. Estratégia é algo com certo grau de subjetividade, que depende muito dos objetivos e das condições presentes. Muitos modelos de sucesso são criticados por outros autores, como, por Exem- plo, Mintzberg, que ressalta algumas premissas básicas desse Modelo de estratégia que, de certa forma, limitam um pouco sua efetividade em relação ao seu propósito central de prover um ajustamento adequado ao ambiente em mudança. Para ele, as premissas são: a estratégia é formulada da cúpula para a base; o processo de formulação separa o pensar do agir; e o processo de planejamento traz consigo a função controle. No entanto, entendemos que a construção da estratégia da cúpula para a base, dentro de um processo formal, mostra-se, na prática, um processo difícil e que não tem conseguido incorporar contribuições valiosas dos demais níveis da Organização. A crítica a esse processo é que, na verdade, a cúpula apenas acaba formalizando uma estratégia já existente e em operação na Empresa. Ainda, ao separar o pensar do agir, temos que a estratégia formal, na sua imple- mentação, toma como referências as decisões estabelecidas no momento anterior de análise e decisão dentro do planejamento. Assim, as referências para a ação, portanto, estão no passado, o que pode fra- gilizar a capacidade de a Empresa promover ajustes rápidos diante de conjunturas emergentes nos dias atuais. 16 17 E, finalmente, ao carregar naturalmente a função controle, pois não há pla- nejamento consequente sem controle, a implementação fica muito presa aos pa- drões de ação e de resultados estabelecidos no planejamento. Obviamente, a cúpula espera que os gerentes e os demais ocupantes de níveis inferiores atuem de acordo com o que foi planejado, limitando o espaço para experimentações e limitando a criatividade. Essas limitações sugerem que o processo de formação da estratégia nas Empre- sas parece incorporar, na prática, um mecanismo mais espontâneo. Baseado no aprendizado, a estratégia se forma como um processo emergente, não restrito à cúpula da Organização. Também, nessa dinâmica emergente da es- tratégia, o pensar e o agir vão acontecendo simultaneamente, num processo cha- mado por Mintzberg de artesanal. Mais fundamental ainda é que, ao pensar e agir construindo artesanalmente a estratégia, o referencial da reflexão e da ação é o futuro. A inspiração e os insights vão surgindo pela reflexão intuitiva e criativa a partir das percepções que se formam sobre o futuro, sejam elas caracterizadas por ameaças ou por oportunidades. De qualquer maneira, podemos concluir que possuir uma estratégia planejada racionalmente, por meio do planejamento estratégico e, ao mesmo, tempo propi- ciar espaços para experimentações e ações criativas dos executivos, parece ser uma combinação interessante para as Empresas enfrentarem esse ambiente de mudan- ças em busca de ampliar o potencial competitivo. Análise Competitiva Segundo Porter (1989), a busca da rentabilidade empresarial depende da compreensão clara de como funciona a atratividade na Indústria em que a Em- presa atua. Conhecer não só a Empresa, mas a cadeia toda, fornecedores, parceiros, con- corrência etc.: assim o planejamento se torna mais eficaz. Entender como funciona a concorrência e as demais forças competitivas, identi- ficando suas intensidades, permite projetar o potencial de rentabilidade existente na indústria, assim suas percepções e planejamento ou metas de vendas ou produção não seriam somente chutes sem nenhuma base. Por exemplo: se você identifica que um Mercado em região específica consome 10.000 unidades de um item qualquer, que há dois fornecedores na área, que um deles possui 70% do Mercado, e que seu objetivo é atender 10% do Mercado. Você já sabe que seu potencial é atender 1.000 unidades; só não sabe quem vai perder Mercado para você entrar. Não sabe se eles irão reagir com alguma pro- moção com sua entrada e como irão reagir. Mas, tendo a informação adequada, o estudo da viabilidade é mais seguro, a proposta de venda pode ser a partir de algo concreto, da demanda existente. 17 UNIDADE Planejamento Estratégico Isso é muito importante para avaliar a viabilidade de vir a atuar numa determi- nada indústria ou, caso a Empresa já esteja operando, para definir uma estratégia competitiva adequada, com valores alcançáveis, reais. Neste Módulo, serão abordados os conceitos de Estratégia Competitiva, uma nobre ferramenta de análise competitiva, a partir da estrutura das Indústrias, bem como serão apresentadas as três estratégias competitivas genéricas, que podem ser consideradas pelas Empresas com base no “Modelo Porter”. Estratégia competitiva É fundamental, no processo de Planejamento Estratégico, distinguir entre a Es- tratégia Genérica da Organização e a sua Estratégia Competitiva: • Estratégiagenérica: essa estratégia preocupa-se com o ambiente geral, macro, em termos de estar adaptada a ele ou não, em definir uma maneira adequada de desenvolver uma operação ou função que atenda às expectativas da Sociedade; • Estratégia competitiva: é a estratégia que se preocupa em fazer qualquer coi- sa melhor do que seus concorrentes. Não se deve confundir com a busca pelo ótimo; não precisa, basta ser melhor que os concorrentes. Veja no Quadro a seguir as diferentes perspectivas que são assumidas em cada uma das estratégias. Tabela 2 Itens estratégicos Estratégia Genérica Estratégia Competitiva Questão do Valor Valor Social Valor empresarial Restrição do Valor Valor do cliente > custo Preço > custo Indicadores de Sucesso Crescimento de vendas Valor empresarial maior Tarefa Estratégica Básica Adaptação à mudança Inovação, imitação, deter o rival Como a estratégia é expressa Definição produto/mercado Vantagem, posição e políticas Abordagem básica a análise Estudo amplo de uma indústria Comparação dos rivais Fonte: Rumelt (1980) apud Mintzberg et alli, 2001 Escola do posicionamento O SDE é uma ferramenta que tem como base as Escolas Teóricas amplamente estudada nas Universidades. Compreender o conceito de posicionamento competitivo é a base para as deci- sões que vamos tomar aqui. Uma das principais contribuições para a Escola Estratégica do posicionamento competitivo é a de Michael Porter, em 1990, com sua obra Competitive Strategy. Para Porter, estratégia é uma posição competitiva genérica dentro da Indústria. Nessa abordagem, a Estratégia Competitiva é construída a partir de um processo analítico rigoroso da Indústria. 18 19 Nessa análise são considerados diversos aspectos técnicos e econômicos relati- vos aos elementos estruturais da Indústria, sejam eles concorrentes, fornecedores, compradores, entrantes potenciais, sejam fabricantes de produtos substitutos, para identificar a intensidade das correspondentes forças competitivas que esses elemen- tos desenvolvem. É clássica a definição de estratégia de Porter, na qual se afirma que a rivalidade interna entre os concorrentes, a ameaça de entrada de novos concorrentes, o poder de barganha dos fornecedores, o poder de barganha dos compradores e a ameaça de substituição dos produtos da Indústria são as forças competitivas básicas que podem ser mais ou menos intensas. De forma objetiva, a intensidade dessas forças é que irão determinar os níveis de rentabilidade da Indústria e irão subsidiar a formação da estratégia competitiva de um competidor individual. Assim, é possível determinar qual das três estratégias genéricas, propostas por Porter, deve ser adotada: liderança em custos, diferenciação ou enfoque, cada uma delas vai direcionar a Empresa a uma direção estratégica, modelando, assim, as ações necessárias. Aliás, o número reduzido de alternativas estratégicas propostas para dar conta da enorme diversidade de situações, indústrias e Empresas, constitui uma das maio- res críticas ao Modelo de Estratégia competitiva de Porter. Modelo da estrutura da indústria No dia a dia, nas atuações nas Empresas, talvez essa perspectiva não seja perce- bida no simulador SDE, mas aqui se faz necessário entende-la, pois o profissional gestor vai precisar ter esse conceito. Concorrentes Rivalidade Interna Poder de Negociação dos Fornecedores Poder de Negociação dos Compradores Ameaça de Produtos Substitutos Ameaça de novos Entrantes Produtos Substitutos Compradores Entrantes Potenciais Fornecedores Figura 3 – Estrutura da Indústria e Forças Competitivas Fonte: Adaptado de Porter, M., Estratégia Competitiva, Campus, 1986 O sucesso de um negócio, basicamente, está atrelado ao conjunto de fatores apontados no Gráfico acima. A força competitiva ou modelo estratégico adotado 19 UNIDADE Planejamento Estratégico vai depender do poder de negociação dos fornecedores: quanto mais forte, menos poder de barganha; assim, preços competitivos não seria concretizado. Depende, ainda, da análise do nível de ameaça de novos entrantes: quanto mais aberto para novos entrantes, maior o nível competitivo, e o oposto torna o negó- cio mais atraente, pois significa que outro concorrente dificilmente se posicionará como competidor. O poder de negociação dos clientes ou dos compradores é outro fator impor- tante, pois, em cenário em que o cliente detém esse poder, ele define o quanto e como quer pagar. A ameaça de produtos substitutos é outro fator que direciona a estratégia a ser seguida. Esses pontos não serão vistos de forma ampla no SDE, mas alguns con- ceitos devem ser conhecidos para melhor planejar a relação com os fornecedores, com os Sindicatos, em leilões etc. Conhecer o Mercado e como ele está em relação às forças de Porter dará a você base teórica para entender suas ações. É importante que o aluno, ao findar esta unidade, absorva uma base teórica do que é estratégia, o que é competição e o que é força competitiva, que são as bases traçadas pelas principais escolas de estratégia. Ao atuar no SDE, ter base teórica sabendo como pensar nas linhas estratégicas dará base para que você tome as de- cisões e discuta com seu grupo, com maior autonomia. Na próxima Unidade, vamos dar sequência conhecendo um pouco mais sobre algumas Teorias de Estratégias. 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos As escolas de estratégia e os 5 P de Mintzberg https://youtu.be/LupWXS_UdAQ Planejamento – Planejamento por cenários – Escolas do planejamento https://youtu.be/oVlFtq9XbSI EMPREENDER Como Começar? Em que área? [INSPIRAÇÃO para empreendedores] https://youtu.be/kdf0Iev3Qdo Leitura Cinco forças de Porter: Da análise à estratégia http://bit.ly/2KXK2DV Ferramenta: 5 Forças de Porter (clássico) http://bit.ly/2KWpNXf Pensamento Estratégico e Planejamento Estratégico: Possíveis Inter-relações http://bit.ly/2KTYLQr Estratégia como processo em uma organização hospitalar: um diagnóstico dos 5Ps de Mintzberg http://bit.ly/2KSJJu7 21 UNIDADE Planejamento Estratégico Referências ANDREWS, K. R. O conceito de estratégia Empresarial. In: MINTZBERG, H.; QUINN, J. B. O Processo da estratégia. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. BETHLEM, A. S. Estratégica Empresarial: conceitos, processo e administração estratégica. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2004. MINTZBERG, H. AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J. Safári da Estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre, Bookman, 2000. PORTER, M. E. Estratégia Competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1985. ________. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concor- rência. Rio de Janeiro: Elsevier, 1986. ________. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior . Rio de Janeiro: Campus, 1989. ________. Estratégia competitiva: técnicas para análise e da concorrência. 17.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1999. ________. Competição. São Paulo: Campus, 2009. THOMPSON, A. A. Planejamento estratégico: elaboração, implementação e execução. São Paulo: Pioneira, 2000. ROJO, C., COUTO, E. Diagnóstico estratégico como utilização integrada das 5 forças de Porter, análises SWOT e BSC em um atelier de alta costura. Revista TECAP, Rio de Janeiro, n. 2, ano 2, v. 2, 2008. 22
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