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Distinguir as etapas de formação do movimento sindical

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TRABALHADORES SE ORGANIZAM E LUTAM
Poderíamos iniciar uma breve memória sobre a organização e luta dos trabalhadores desde a Baixa Idade Média na Europa (séc. XI ao séc. XV), com o renascimento das cidades provocando o aumento da oferta de mão de obra. Essa realidade estimulou o crescimento de antigas profissões e a criação de novas atividades profissionais.
Com o aumento dos trabalhadores, houve a necessidade de se organizarem em torno de suas necessidades e demandas. Nascem, assim, as corporações de ofício, cada uma com seus regulamentos, suas atribuições e seus símbolos distintivos.
O termo ofício designava o exercício por obrigação de algum tipo especializado de trabalho; o realizado manualmente e/ou com o auxílio de instrumentos era conhecido como um “ofício mecânico”. O “oficial mecânico” também era chamado de “artista mecânico” ou artesão, derivando-se desta designação as denominações de artista e artífice, verbetes que têm, entre dicionaristas dos séculos XVIII e XIX, acepções sobrepostas.
(REIS, 2006, p. 12)
Palácio mercantil em Bologna.
Era comum que as corporações também funcionassem como escolas de aprendizagem profissional, estimulando a entrada de aprendizes que ficavam sob a tutela de seus mestres de ofício para aprender a profissão.
Vamos conhecer as sociedades de artistas fundadas no Brasil?
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Fonte: Secretaria de Cultura da Bahia
No Brasil, colonizado a partir do séc. XVI, somente em 1832 (especificamente na Bahia), se constituiu uma das primeiras associações de auxílio mútuo e de organização da classe operária do país com a fundação da Irmandade de Nossa Senhora da Soledade Amparo dos Desvalidos, cujos estatutos previam que deveria ser composta, exclusivamente, por negros nascidos no Brasil, tornando-se um importante espaço de afirmação racial.
Medalha comemorativa da Imperial Sociedade Auxiliadora das Artes. | Fonte: Museu Imperial de Petrópolis
Em março de 1835, foi fundada a Sociedade Auxiliadora das Artes e Beneficente, na Corte, a fim de tratar do melhoramento das artes e de beneficiar os associados e suas famílias.
Fonte: Prefeitura Municipal de Salvador
Em 1853, foi fundada, em Salvador, a Sociedade Montepio dos Artífices da Bahia. Assim como a Irmandade de Nossa Senhora da Soledade Amparo dos Desvalidos, tinha como objetivo principal prestar auxílio aos seus sócios ou familiares a partir de um caixa formado pela contribuição mensal de seus associados.
Fonte: PSTU
A Liga Operária, também fundada no Rio de Janeiro, tinha objetivos mais pragmáticos que se assemelham às funções dos sindicatos atuais, como reivindicar o aumento dos salários e a diminuição das horas de trabalho.
Essas sociedades de artistas, além de atuarem na valorização do trabalho manual e na garantia de alguns direitos mínimos aos trabalhadores filiados, também visavam proporcionar espaços de sociabilidade e entretenimento para seus sócios, estimulando a realização de festas dançantes, jogos e brincadeiras em suas sedes.
Somente a partir do contexto da Revolução Industrial, na Inglaterra, no final do século XVIII e começo do século XIX, forçando a substituição da produção manufatureira e artesanal pela produção em massa de mercadorias, é que se pode falar de organização sindical dos trabalhadores. Ali nascia o capitalismo contemporâneo e, também, o sindicalismo. Oriundo do contexto da industrialização, o sindicalismo logo se expandiu para outras frentes de atuação que demandavam organização e defesa dos trabalhadores, como as atividades campesinas.
Saiba mais
Artista foi um termo largamente empregado para denominar os trabalhadores manuais especializados: sapateiros, pedreiros, marceneiros etc., que contavam com sociedades próprias ou em conjunto.
AMPLIAÇÃO DAS REIVINDICAÇÕES E AS PRIMEIRAS ORGANIZAÇÕES SINDICAIS
Esta é a função primeira dos sindicatos: impedir que o operário se veja obrigado a aceitar um salário inferior ao mínimo indispensável para o seu sustento e o da sua família. E, para isso, era necessária tal união.
Os sindicatos representaram, nos primeiros tempos do desenvolvimento do capitalismo, um progresso gigantesco da classe operária, pois propiciaram a passagem da dispersão e da impotência dos operários aos rudimentos da união de classe.
(ANTUNES, 1982, p. 14)
As primeiras formas de união entre trabalhadores aparecem no movimento ludista, na Inglaterra, por volta de 1811, caracterizado pela quebra de máquinas fabris por parte de operários e pequenos artesãos do ramo têxtil. Em resposta às condições cruéis de trabalho, o ludismo propunha provocar a quebra de máquinas das grandes indústrias para pressionar os empregadores nas negociações, obter aumentos ou impedir a redução dos seus salários. Já os pequenos artesãos aderiram ao movimento porque se viram diante de uma concorrência desleal, uma vez que as grandes fábricas faziam tecidos mais baratos e em maior quantidade do que eles, levando muitos artesãos a ficarem sem fonte de renda.
Em 1824, o Parlamento inglês permitiu, pela primeira vez, que os operários se unissem em associações sindicais chamadas de Trade unions, cuja função era negociar os direitos dos trabalhadores com os patrões, evitando que o operário atuasse isoladamente, o que poderia ser desvantajoso para o trabalhador. O salário também passou a ser fixado a partir do lucro das empresas, de modo que o trabalhador teria aumentos que acompanhavam a produtividade industrial. Em 1830, surgiu a Associação Nacional para a Proteção do Trabalho, unindo todos os sindicatos.
POR UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA
O movimento sindical, em seus primórdios, foi impactado por diferentes correntes de pensamento:
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REFORMISTAS
Com origem direta do tradeunionismo, eram contrários às ideias de revolução dos trabalhadores e atuavam apenas na defesa dos interesses imediatos, sem uma atuação politicamente engajada.
Influenciado pelas teorias anarquistas e revolucionárias, em 1838 surgiu o movimento cartista, que escreveu um documento chamado de Carta do Povo, no qual reivindicava, entre outras coisas:
· O direito do sufrágio universal secreto, permitindo que os operários e trabalhadores proletários pudessem votar;
· O direito dos trabalhadores em participar do Parlamento;
· A limitação dos mandatos políticos e a diminuição da jornada de trabalho. Um dos líderes do movimento, Bronterre O’Brien (1804-1864), afirmava que toda propriedade era um roubo, pois havia sido construída por meio da exploração do rico em prejuízo do pobre.
SINDICALISMO CRISTÃO
Foi a tentativa de a Igreja Católica afastar os trabalhadores da influência socialista e, ao mesmo tempo, conciliar os interesses do capitalismo com o tratamento justo aos trabalhadores, mas sem reformar as estruturas mais profundas da sociedade e que geravam as desigualdades sociais. Foi inspirado pela encíclica Rerum Novarum, do papa Leão XIII, de 1891.
ANARQUISMO OU SINDICALISMO REVOLUCIONÁRIO
Enfatizava a importância e a exclusividade dos sindicatos na emancipação da classe trabalhadora, além de ser contrário a todas as formas de atuação do poder do Estado. Bakunin (1814-1876), Proudhon (1809-1865), Kropotkin (1842-1921) e Malatesta (1853-1932) foram os principais teóricos dessa corrente.
Mas foi o movimento socialista, contudo, que mais influenciou na organização dos trabalhadores. Ele teve diferentes vertentes:
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SOCIALISMO UTÓPICO
Recebeu esse nome dos seus contestadores, entre eles Friedrich Engels (1820-1895), por imaginarem uma sociedade ideal onde as transformações pudessem ocorrer por convencimento e aceitação ampla da sociedade, sem as lutas de classe e as revoluções. As ideias que embasam o socialismo utópico nasceram em meio aos conflitos, na Europa do século XIX, com forte impacto do movimento revolucionário francês de 1848 chamado de “Primavera dos Povos”. Conde de Saint-Simon, François-Charles Fourier e Robert Owen foram os principais representantes.
SOCIALISMO CIENTÍFICO
Termo criado, em 1840, por Pierre-Joseph Proudhon para sereferir a uma sociedade na qual o governo toma decisões baseado na razão, ao invés da pura vontade e dos impulsos. Seus principais representantes foram: Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels. Marx e Engels achavam que o socialismo seria apenas uma etapa intermediária, porém necessária, para se alcançar a sociedade comunista. Para isso, o primeiro passo seria a organização da classe trabalhadora, e os sindicatos teriam um papel relevante.
Como veremos a seguir, os primeiros movimentos operários e sindicais, no Brasil, tiveram influência direta dessas correntes ideológicas em vigor na Europa, especialmente o socialismo “científico” e o movimento anarquista.
ORGANIZAÇÃO SINDICAL NO BRASIL
Embora o Brasil já tivesse várias experiências de sociedades e corporações de auxílio mútuo e que também reivindicavam direitos aos seus membros, o surgimento dos sindicatos, no contexto das mudanças capitalistas de relações de trabalho, só ocorreu no final do século XIX – momento de grande transformação política (fim da monarquia e início da república) e social (fim da escravidão) – com grande participação de imigrantes europeus, especialmente espanhóis e italianos, que aqui chegavam trazendo suas experiências de trabalhadores assalariados – ante um país com forte ranço escravocrata – e engajados politicamente. Jornais operários, panfletos e outros meios de divulgação das ideias operárias também tiveram grande importância na difusão das ideias de cunho socialista e na organização sindical do país.
Rua de São Paulo tomada por trabalhadores com bandeiras vermelhas na greve geral de 1917.
O marco desse processo é a primeira greve geral que ocorreu no Brasil, em 1917, cujas reivindicações incluíam: jornada de oito horas diárias de trabalho; direito a férias; proibição do trabalho infantil; proibição do trabalho noturno para as mulheres e aposentadoria. Também tinha uma pauta mais abrangente: fim da exploração capitalista e a implantação de uma sociedade mais igualitária. A greve durou trinta dias, e foi organizada pelos trabalhadores da indústria e do comércio com a participação de organizações operárias anarquistas.
Resumindo
Como resultado da greve de 1917, os patrões aceitaram aumentar o salário, mas a principal vitória dos trabalhadores foi o reconhecimento do movimento operário como instância legítima, obrigando os patrões a negociarem com os representantes dos trabalhadores – os sindicatos. O trabalhador passa a entender-se como classe quando identifica-se com o “ambiente físico no qual vivia, por um estilo de vida e de lazer, por certa consciência de classe cada vez mais expressa em uma tendência secular a afiliar-se a sindicatos e a identificar-se com um partido de classe” (HOBSBAWM, 1987, p. 273).
A relativa liberdade e autonomia que os sindicatos conquistaram, nos anos iniciais da república, sofreu um duro golpe na década de 1930, no governo de Getúlio Vargas (1882-1954), quando ele passou a submeter os sindicatos ao controle do Estado.
Com o decreto nº 19.770, de 1931, Vargas passou o controle financeiro dos sindicatos ao Ministério do Trabalho. Além disso, baixou uma série de proibições:
Realização de atividades políticas por parte dos sindicatos
Sindicalização dos funcionários públicos
Participação dos operários estrangeiros nos sindicatos
Getúlio Vargas ainda atuou para cooptar as principais lideranças sindicais a fim de evitar greves e manifestações contrárias ao seu governo. Quando isso não era possível, perseguia e prendia os líderes trabalhistas e, em seu lugar, colocava lideranças que o apoiassem. Resultado: um sindicalismo de fachada, também chamado de pelego, atendendo aos interesses do Estado.
Na década de 1960, as manifestações grevistas se intensificaram e o principal destaque foi a realização do III Congresso Sindical Nacional, no qual foi criada a primeira central de sindicatos: o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT). O período que antecedeu o golpe militar de 1964 foi marcado por inúmeras greves e grande mobilização dos trabalhadores urbanos em busca de melhores salários e condições de trabalho.
Algumas características do movimento sindical entre o fim do governo Vargas e a ditadura militar:
O número de greves aumentou de 31, em 1958, para 172, em 1963
As paralisações alcançaram também o setor público, antes proibido de se sindicalizar
As mobilizações grevistas saíram da região do moda ABC Paulista e se estenderam para outras regiões do país
No campo, as coisas não eram tão diferentes. A atuação de grandes fazendeiros que invadiam e expulsavam os pequenos proprietários, ou submetia-os a desmandos, deu origem às ligas camponesas, cujo objetivo era organizar os trabalhadores rurais e pequenos proprietários para lutarem por seus direitos. As ligas camponesas, posteriormente, deram origem aos sindicatos rurais.
Toda essa mobilização só foi interrompida pelo golpe militar de 1964, quando o governo passou a interferir, inclusive com violência, nas entidades sindicais. Cerca de 10 mil sindicalistas foram presos no Brasil, durante a ditadura, por participarem ou organizarem greves e manifestações, ou mesmo por serem considerados “subversivos”. Desse grupo, mais de duzentas pessoas foram torturadas, muitas foram mortas ou ainda se encontram desaparecidas. O preso político mais famoso foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi preso duas vezes, uma em 1980 e outra em 1981. A sua segunda prisão, que o encarcerou por 31 dias, reacendeu a greve de metalúrgicos em São Bernardo do Campo, que já durava 17 dias e estava em vias de finalizar.
Como veremos a seguir, em reação à ditadura militar e em resposta à nova ordem capitalista, surge, nos anos 1980, um novo sindicalismo, mais plural e com novas demandas.
NEOLIBERALISMO E REORDENAMENTO SINDICAL
O novo sindicalismo surge em torno da atuação dos operários da indústria metalúrgica do ABC Paulista ainda no contexto da ditadura, nos anos 1980. É chamado de “novo” porque possui três marcos que o distingue do “antigo” sindicalismo que existia até o fim dos anos 1970:
1. Forte oposição à legislação sindical (resquício da Era Vargas) e as políticas salariais baseadas no arrocho.
2. Uma política sindical antipatronal e de oposição ao regime militar.
3. Ter por base o coletivo dos trabalhadores das fábricas ao invés de centrar apenas nas lideranças sindicais.
Com essa linha, o movimento sindical se torna “novo” porque rompe, radicalmente, com a estrutura sindical que ainda era atrelada ao Estado, imposta por Vargas, e que, mesmo questionada, até então nunca tinha sido combatida.
Comentário
A fundação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) foi o ponto alto de reorganização sindical, pois era “composta nesse período pelas correntes sindicais mais ativas, teve grande expressividade no movimento operário dos anos 1980, organizando as greves gerais em oposição às políticas adotadas pelo governo brasileiro” (ANTUNES, 1982, p. 90).
As classes médias migraram para o apoio ao sindicalismo quando se viram desiludidas com os resultados do “milagre econômico” da ditadura, e se chocaram com as denúncias de violência e arbitrariedade do regime militar. Isso ampliou não só numericamente, mas também atraiu um grupo de trabalhadores que até então não era representado, inserindo-o no contexto político.
O novo sindicalismo reorganizou a pauta reivindicatória e, ao mesmo tempo, o perfil do movimento. Os principais pontos giraram em torno:
1. Do fim do imposto sindical e da burocracia sindical à época.
2. Das estratégias para garantir o livre exercício da liberdade e autonomia sindical.
3. De assegurar formas de participação das bases nas decisões do sindicato.
4. De pautar-se contrário ao Estado capitalista e ao regime militar.
5. De denunciar as políticas econômicas de arrocho e a exploração dos trabalhadores.
Essas reivindicações determinaram os grupos que se identificavam com o novo sindicalismo e aqueles que queriam permanecer nas velhas estruturas.
As transformações políticas e econômicas dos anos 1980 impuseram diversas lutas ao movimento sindical, que seviu impelido a atuar em novos campos de ação e a dialogar com novos atores políticos e sociais. Tanto nos governos de José Sarney (1985-1990), quanto nos governos Collor (1990-1992) e Itamar (1992-1995), mas, especialmente, com o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), o movimento sindical se ampliou com a retomada do movimento estudantil e a entrada em cena dos movimentos sociais denominados de minorias: mulheres, negros, homossexuais e sem-teto.
Outros sindicatos, englobando os grupos médios da sociedade, também levaram reivindicações às ruas, envolvendo amplos segmentos sociais. Entraram em campo algumas pautas que extrapolavam os direitos trabalhistas e que ainda são vigentes, como a defesa da saúde pública (período de constituição do Sistema Único de Saúde (SUS)) e da educação pública de qualidade (debates pelo fim do analfabetismo e ampliação de vagas escolares e creches).
Dentre todos os movimentos que se organizaram com base no novo sindicalismo, talvez o de maior expressão seja o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), resultado da perversa concentração da propriedade da terra no país, uma herança do Brasil colonial. O MST tornou os trabalhadores do campo protagonistas das próprias lutas, e incluiu outras demandas da população rural, além da reforma agrária. A saúde, a educação, o saneamento e a eletrificação rural foram alguns temas incorporados pelo MST.
EXPANSÃO CAPITALISTA E O CAMINHO DA PRECARIZAÇÃO
Nos anos 1970, o capitalismo mundial entrou em uma profunda crise, e a década seguinte, 1980, foi marcada pelas transformações que visavam reestruturar a ordem. Esse período é conhecido pela expansão do toyotismo na produção industrial mundial.
O toyotismo surgiu nas indústrias automobilísticas japonesas, mas logo os seus princípios foram adotados pelo Ocidente e, mais do que isso, radicalizados, no processo de reestruturação produtiva. Os princípios do toyotismo são:
Racionalização do processo produtivo
Aumento da produtividade
Produção sob demanda
Intensificação do ritmo de trabalho
Eliminação dos tempos “ociosos” do trabalhador
As terceirizações dos contratos
No Brasil, o toyotismo foi implantado na década de 1990, devido às movimentações operárias e às grandes greves na década de 1980.
Com a ampliação das demissões ou terceirizações, os trabalhadores que permaneceram foram responsabilizados por múltiplas tarefas a partir do discurso da “polivalência” e “multifuncionalidade” que mascara um maior acúmulo de tarefas, em um processo de desespecialização do trabalho (ALVES, 2000).
Ao mesmo tempo, os trabalhadores eram convocados a defenderem as empresas a partir da ideia de uma “gestão participativa”, na qual, supostamente, os empregados tinham poder de decisão. Na mesma linha, foram implementados programas de participação nos resultados como estratégia de cooptação dos trabalhadores, vinculando o recebimento de uma remuneração adicional anual ao cumprimento de metas de produção da empresa, o que aumentava o ritmo de produção e, consequentemente, de trabalho.
Devido à necessidade de sobrevivência e permanência no emprego, muitos trabalhadores se enquadravam e, em alguma medida, assimilavam o processo de transformações colocadas pelo capital, sem, porém, que isso tenha anulado a consciência da exploração e repressão vivida por eles, mesmo quando a resistência a essas práticas de dominação não se expressava de forma articulada e coerente (LUCAS, 2009).
O modelo capitalista usou a ideia de existência de “interesses comuns” entre trabalhadores e patrões para atrelar o trabalhador à função produtiva e, por conseguinte, limitar a atuação dos sindicatos na perspectiva do enfrentamento e do combate de massa, característica do “novo sindicalismo”.
Esses fatores seriam ainda mais agravados no transcorrer dos anos 2000, com o aprofundamento de políticas neoliberais a partir da ação do Estado, levando à instauração de modelos cada vez mais precarizados de relações de trabalho. Veremos, no próximo módulo, que esses princípios produziram não só um esvaziamento no movimento sindical, mas também uma limitação do poder de ação.
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