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Aula 05 - Economia, Trabalho e Crise a partir dos anos 1930 no Brasil

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20/04/2024, 20:00 Economia, Trabalho e Crise a partir dos anos 1930 no Brasil
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03470/index.html?brand=estacio# 1/89
Economia, Trabalho e Crise a partir dos anos 1930 no
Brasil
Prof. Daniel Pinha
20/04/2024, 20:00 Economia, Trabalho e Crise a partir dos anos 1930 no Brasil
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03470/index.html?brand=estacio# 2/89
Descrição O papel dos modelos econômicos adotados no Brasil, a partir dos anos de 1930, e seus impactos
no país e nos brasileiros.
Propósito Compreender o modo como os trabalhadores são impactados pelos modelos econômicos, e sua
adoção política, é fundamental para entender as relações de trabalho no Brasil.
Objetivos
Módulo 1
A industrialização
em perspectiva
histórica
Módulo 2
Do milagre ao
neoliberalismo
Relacionar a crise econômica no Brasil
da década de 1980 com a adoção de
políticas econômicas de orientação
neoliberal.
Módulo 3
Crise da dívida
externa na década
de 1980 e a
emergência do
neoliberalismo
20/04/2024, 20:00 Economia, Trabalho e Crise a partir dos anos 1930 no Brasil
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03470/index.html?brand=estacio# 3/89
Identificar o modelo econômico
nacional desenvolvimentista
implementado no Brasil da década de
1950.
Reconhecer as características da
economia neoliberal no Brasil.
Introdução
Para entendermos as características da economia brasileira entre as décadas de
1930 e 1950, é preciso compreender, primeiramente, que foram anos de mudança
no eixo dinâmico do processo de acumulação econômica no Brasil: o país tornou-
se urbano e industrial, deixando de ser apenas agrário, exportador centrado no
café, como era durante a chamada Primeira República (1890-1930).
Entre 1930 e 1954, na Era Vargas, procurou-se estabelecer as determinações
internas do processo de industrialização, com a implantação pelo Estado do setor
industrial de bens de produção e tendo como base desse modelo a legislação
sindical e trabalhista.

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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03470/index.html?brand=estacio# 4/89
Por outro lado, esse modelo de desenvolvimento econômico atendia aos
interesses dos setores agroexportadores, já que o Estado realizava investimentos
que os beneficiava, tais como em obras de construção e ampliação da rede de
transportes, vias de acesso e comunicação. Além disso, politicamente, o Estado
garantia a manutenção da estrutura fundiária e das relações de produção no
campo. Essa política trazia, como desdobramento, o crescimento das cidades em
função do fluxo migratório.
Nesse contexto, a palavra de ordem é desenvolvimento, tornando-se sinônimo de
crescimento industrial. A conjuntura internacional adversa dificulta o ingresso de
investimentos externos e reforça a opção nacionalista, baseada na acumulação
interna e na ação do Estado. A crise decorrente do modelo, a estagnação da
década de 1980, e o modelo internacional em 1990 levam a um novo modelo de
solução, como o neoliberalismo.
20/04/2024, 20:00 Economia, Trabalho e Crise a partir dos anos 1930 no Brasil
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03470/index.html?brand=estacio# 5/89
1 - A industrialização em perspectiva histórica
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car o modelo econômico nacional
desenvolvimentista implementado no Brasil da década de 1950.
20/04/2024, 20:00 Economia, Trabalho e Crise a partir dos anos 1930 no Brasil
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/03470/index.html?brand=estacio# 6/89
Nacionalismo e petróleo
A questão do petróleo
Entre 1938 e 1948, a questão do petróleo foi motivo de diversas controvérsias, com
três posições contrapostas.
A campanha do petróleo possibilitou uma
aglutinação sem precedentes dos mais
distintos tipos de pensamento político,
frações sociais e associações pro�ssionais,
produzindo uma linha de clivagem inédita
no contexto da Guerra fria e da repressão
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política. Transversal às estruturas sociais e
políticas da sociedade brasileira, o
petróleo foi um tema típico do
nacionalismo econômico.
(MOURA, 1986, p. 90)
Nacionalismo estatizante
Defendia o controle governamental, com a criação de uma empresa estatal
monopolista. Esse modelo nacionalista estatizante tinha como pressuposto o alto
valor estratégico do petróleo na economia e nas questões militares. Temia, em
particular, a ação das poderosas companhias internacionais, sobretudo as norte-
americanas e as inglesas – Shell, Exxon, Texaco, British Petroleum.
Nacionalismo liberal
Esse modelo compartilhava, com o nacionalismo estatizante, os mesmos temores e a
mesma concepção sobre o valor estratégico do petróleo. No entanto, desconfiava da
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capacidade de gestão do Estado e propunha uma empresa privada brasileira.
Visão cosmopolita
Esse modelo considerava que o mais importante era pesquisar, encontrar petróleo, e
produzir energia para a indústria. Nesse sentido, eles tinham uma visão pragmática,
visando alcançar um meio mais eficaz de produção. Seus adversários os acusavam de
“entreguistas”, termo pejorativo para indicar que assim estariam “entregando as
riquezas nacionais” às empresas estrangeiras. Os cosmopolitas, por sua vez,
acusavam os nacionalistas estatizantes de comunistas. Argumentavam que o capital
estrangeiro daria contribuição técnica e financeira fundamental.
O debate chegou às ruas em 1948, com a proposta de um estatuto, elaborado pelo
governo Dutra.
Sob o lema O petróleo é nosso!,
foram organizados inúmeros comitês
Sob pressão popular e com um
Congresso dividido, o projeto do
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pelo país afora. estatuto foi arquivado.
A campanha voltou à tona quando Vargas, ao assumir o governo em 1951, propôs a
criação de uma empresa de petróleo, com capitais privados e estatais, com
possibilidade de aporte de capital estrangeiro. O partido do presidente, o PTB, rejeitou
a proposta, apresentando outra fórmula, que estabelecia o rígido monopólio estatal,
vedando a participação estrangeira. A UDN, partido liberal, e intensamente
antivarguista, assumiu a defesa do monopólio estatal. Diante da situação, Vargas
retirou o projeto original, sugerindo a criação de uma empresa estatal.
Em 3 de outubro de 1953, depois de sete
anos de luta e de intensa mobilização
popular, nasceu a Petróleo Brasileiro S. A.
– uma empresa de economia mista, mas
de controle nacional e participação da
União. A Petrobras é encarregada de
extrair e explorar as diferentes etapas da
indústria petrolífera, excetuando-se a
distribuição.
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Pensamento econômico
desenvolvimentista
Cepal e ISEB
O desenvolvimentismo, isto é, um projeto de industrialização planejado e apoiado pelo
Estado, figurou no centro do debate sobre a questão da soberania nacional brasileira
no pós-guerra (1945). A Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), nesse
momento histórico, foi o principal local de articulação e elaboração de um
instrumental teórico e prático para o desenvolvimento dos países considerados
periféricos, de economias subdesenvolvidas como a brasileira.
Saiba mais
A Cepal foi criada em 25 de fevereiro de 1948, pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas
(ECOSOC), e tem sua sede em Santiago, Chile. Foi criada para monitoraras políticas direcionadas à
promoção do desenvolvimento econômico da região latino-americana, assessorar as ações encaminhadas
para sua promoção e contribuir para reforçar as relações econômicas dos países da área, tanto entre si
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como com as demais nações do mundo. Posteriormente, seu trabalho ampliou-se para os países do Caribe e
incorporou o objetivo de promover o desenvolvimento social e sustentável.
Os cepalinos argumentavam que o subdesenvolvimento era produzido a partir de uma
relação desigual de troca entre países centrais e países periféricos. Uma relação em
que o estímulo para a economia vinha de fora do país e não se conseguia acumular
capital internamente. Dessa maneira, a especialização em produtos primários
exportadores retirava desses países a capacidade de negociar no comércio
internacional. E, mais grave, formava no país uma sociedade e uma economia partidas
entre o setor vinculado à demanda externa – moderno e adiantado – e um setor
marginalizado, atrasado.
Inauguração do Instituto Superior de Estudos
Brasileiros
O Instituto Superior de Estudos
Brasileiros (ISEB) foi, também, um
importante espaço para elaboração das
perspectivas de desenvolvimento
oferecidas no período. O ISEB foi
incumbido de elaborar uma ideologia
desenvolvimentista de cunho
nacionalista. Para Caio Navarro de
Toledo, o ISEB se apresentou como uma
verdadeira fábrica de ideologias,
cumprindo o papel de delinear o projeto
nacional de desenvolvimento.
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Uma construção ideológica que, por meio da ação planejadora do Estado e de uma
frente política de aliança de classes, nortearia o desenvolvimento proposto para a
superação do “atraso” que marcava a realidade brasileira.
O Iseb foi criado pelo Decreto nº 37.608
de 14 de julho de 1955, ainda na gestão
transitória de Café Filho à frente da
presidência da República, como órgão do
Ministério da Educação e Cultura. Foi
criado por um grupo de intelectuais
egressos do Grupo de Itatiaia que tinha
como objetivos o estudo, o ensino e a
divulgação das ciências sociais, cujos
dados e categorias seriam aplicados à
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análise e à compreensão crítica da
realidade brasileira e deveriam permitir o
incentivo e a promoção do
desenvolvimento nacional.
(ABREU, s.d.)
Apesar das marcantes divergências entre os teóricos desse instituto, alguns pontos
são considerados chaves na elaboração da ideia de desenvolvimento proposta pelo
ISEB.
A defesa de uma perspectiva dualista existente na configuração da sociedade
brasileira:
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Um grupo ligado à agroexportação, entendido como arcaico, tradicional, e relacionado ao
imobilismo social.
Outro grupo ligado aos setores urbanos, verdadeiramente dinâmicos do país, que representavam a
“burguesia industrial”, entendido pelos isebianos como o principal agente das transformações,
“vanguarda” da “revolução” propugnada para o país.
Assim, o estímulo aos setores urbanos seria o caminho a ser percorrido para a
superação do subdesenvolvimento. Aqui o ISEB, sem formular uma análise
propriamente econômica como feita pela Comissão Econômica para a América Latina
(Cepal), acabava por compartilhar o diagnóstico feito pelos economistas cepalinos
para explicar as razões do subdesenvolvimento.
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Segundo Mendonça (2003), a contradição básica a ser superada, para os teóricos
isebianos, estava caracterizada na relação entre a nação e a antinação, o que permitia
envolver todos os setores sociais na tarefa de promover o crescimento. A ideia de
pacto entre diferentes segmentos da sociedade, interessados no viés industrialista
para superação do “atraso brasileiro”, atravessava o conjunto das formulações
isebianas.
Política econômica
Desenvolvimentismo e Plano de Metas
Essa noção de Estado como indutor de determinada estratégia elaborada para o
desenvolvimento econômico/industrial reflete-se, na prática, em diversos momentos
no Brasil dos anos 1950. A segunda metade dessa década é esclarecedora sobre a
presença e contribuição dessas análises estruturalistas cepalinas.
O próprio Plano de Metas do governo JK foi elaborado em uma parceria entre o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e Cepal. A novidade trazida pelos
cepalinos foi a implementação de técnicas de planejamento na formulação de
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direcionamento das políticas econômicas industriais e desenvolvimentistas do
período.
Comentário
O Estado assumia um papel de direção da estratégia de desenvolvimento, criando condições propícias para a
expansão do setor privado, estimulando o estabelecimento de uma sólida poupança interna para
consolidação de um mercado interno que atendesse o crescimento da produção industrial.
A partir de meados da década de 1950, a industrialização por substituição de
importações passa a ter como carro-chefe a implantação da indústria de bens de
consumo duráveis, como automóveis e eletrodomésticos.
Durante o governo Juscelino Kubitschek
(1956-1961), a taxa de crescimento da
economia foi de 8% ao ano, em média,
mas a produção industrial cresceu 100%.
Todo esse desenvolvimento foi definido a
partir do Plano de Metas, que priorizou a
substituição de importações nos setores
de bens de capitais e, principalmente,
bens de consumo duráveis.
Inauguração da Fábrica da General Motors em São
José dos Campos (SP) pelo Presidente Juscelino
Kubitschek, 1959.
O Estado, especialmente por meio do BNDE, continuou a financiar grande parte das
indústrias de base, com novas emissões de moedas ou por meio de empréstimos
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externos. Já o setor de bens de consumo duráveis desenvolveu-se a partir da
internacionalização da economia, e para isso utilizou a instrução da Superintendência
da Moeda e do Crédito (Sumoc), baixada no início de 1955, no curto governo Café
Filho (1954-1955), que garantia a importação de máquinas e equipamentos no exterior,
sem impostos ou cobertura cambial, desde que os empresários estrangeiros tivessem
sócio nacional.
A criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) pelo
governo Juscelino pretendia minimizar os problemas provocados pela seca e
promover o desenvolvimento da região Nordeste. No período entre 1960 e 1964, o
Plano da Sudene para a agricultura nordestina estava apoiado no estudo da realidade
da região e tinha os seguintes programas prioritários:
Produção de alimentos na zona úmida do Nordeste.
Desenvolvimento no semiárido de uma agricultura resistente aos efeitos da seca.
Colonização do Maranhão.
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Desenvolvimento da irrigação no Vale do rio São Francisco.
Tendo como base a política econômica construída por Getúlio Vargas e a massa
crítica da Cepal, Juscelino Kubitschek inovou no gerenciamento da economia
brasileira, lançando seuPlano de Metas. Um plano que deveria realizar 50 anos em 5.
A meta síntese era a construção da nova capital no planalto
central – Brasília.
O plano abrangia os seguintes setores estratégicos:

Energia

Transportes

Alimentação

Indústria de base
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Seus objetivos principais visavam enfrentar os pontos de estrangulamento da
economia, por meio de investimentos do Estado em infraestrutura, expansão da
indústria de base, desenvolvimento da indústria automobilística, incentivando
investimentos privados nacionais e estrangeiros, principalmente
Composto de 31 metas distribuídas em seis grandes grupos, o programa incorporava
a noção de planificação e planejamento da economia. Segundo Benevides (1979),
tratava-se de um documento de caráter estritamente econômico, que estipulava metas
para os setores de:
Energia (metas de 1 a 5; energia elétrica, nuclear, carvão, produção e refino
de petróleo).
Transportes (metas de 6 a 12; investimentos em estradas de ferro,
pavimentação de estradas de rodagem, portos, barragens, marinha mercante
e transportes aéreos).
Alimentação (metas de 13 a 18: trigo, armazéns e silos, frigoríficos,
matadouros, mecanização da agricultura, fertilizantes).
Indústria de base e bens de consumo duráveis (metas de 19 a 29: aço,
alumínio, metais não ferrosos, cimento, álcalis, papel, celulose, borracha,
exportação de ferro, indústria de veículos motorizados, construção naval,
maquinaria pesada e equipamento elétrico).
Educação (meta 30).
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A meta 27 do Plano de JK merece destaque, pois versava sobre a
implantação da indústria automobilística, símbolo do crescimento
econômico do período.
Com capacidade de produção de 170 mil veículos em 1960, o desempenho do setor
era surpreendente. A capacidade instalada, ao final da década, permitia a superação
da meta fixada em 1955 em 17,2%, segundo Moreira (2003).
A meta 31, referente à construção de Brasília, seria incorporada ao longo da campanha
presidencial; no entanto, foi a que melhor encarnou as utopias desenvolvimentistas
dos setores que chegaram ao poder naquele contexto histórico.
A construção da nova capital, ao sugerir
a integração do território nacional e
simbolizar a modernidade do que
posteriormente seria qualificado como
“anos dourados”, ganharia contornos de
“meta síntese” do governo Kubitschek.
Saiba mais
A Instrução 113 da Superintendência de Moeda e Crédito (Sumoc) foi um dos instrumentos-chave da política
econômica desenvolvimentista, na medida em que facilitava a entrada de bens de capitais estrangeiros.
Adotada ainda no governo Café Filho, permitia ao investidor estrangeiro introduzir equipamentos sem
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cobertura cambial (a taxa livre de câmbio), isto é, sem dispêndio de divisas; ou seja, poderiam se instalar no
país trazendo máquinas que já possuíssem ou que tivessem condições de adquirir no exterior por sua conta.
Esses equipamentos seriam incorporados ao ativo das empresas, que tanto poderiam ser uma filial do
investidor no Brasil ou uma empresa brasileira à qual o investidor estrangeiro ficava associado. A Sumoc foi
a instituição que precedeu o Banco Central do Brasil, criado apenas em 1965, no trato das políticas cambiais.
Desdobramentos sociais do modelo
desenvolvimentista
Crescimento econômico
O crescimento da economia brasileira durante a vigência do modelo econômico
desenvolvimentista pode ser notado em números:
Na produção de cimento, foram produzidas 914 mil toneladas em 1947 e 4.680 mil toneladas em
1961, alcançando-se a autossuficiência.
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A produção de aço em lingotes passou de 1,4 milhão de toneladas em 1956 para 2,7 milhões de
toneladas em 1962.
A produção de veículos automotores passou de 31.000 em 1957 para 200.000 em 1962.
A capacidade instalada de geração de energia elétrica passou de 2,8 milhões de Kw em 1954 para
5,8 milhões de Kw (1962).
A extensão de rodovias pavimentadas passou de 3.200Km em 1956 para 9.000Km em 1962.
O crescimento médio anual da economia brasileira foi de 8,1 %.
Dessa maneira, realizou-se a abertura do mercado nacional para as grandes empresas
estrangeiras, que passaram a investir maciçamente no Brasil com a disponibilidade de
capitais. Assim, os Estados Unidos e as nações europeias retomavam a expansão
imperialista.
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Vale lembrar que a Europa Ocidental e o Japão se recuperavam dos prejuízos
causados pela Segunda Guerra Mundial, como resultado do Plano Marshall e de
outros investimentos realizados pelos Estados Unidos.
O governo Kubitschek soube aproveitar a nova conjuntura econômica internacional,
com maior disponibilidade de capitais e a retomada da disputa por mercados pelas
empresas das economias centrais. Assim, as reticências e as condições impostas
pelos norte-americanos à cooperação para o desenvolvimento industrial brasileiro
podiam ser contornadas com essas novas parcerias, ávidas por oportunidades de
investimentos rentáveis.
 O modelo de desenvolvimento dependente-associado rapidamente apresentou as suas
contradições, dificultando a satisfação de todos os interesses.
 Sem o apoio esperado do governo norte-americano de Eisenhower e do Fundo
Monetário Internacional, JK rompeu com o FMI em 1959, optando pela manutenção da
política econômica expansionista.
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 A crise econômica manifestou-se com intensidade no final do governo, com denúncias
de corrupção e aumento do déficit público e da inflação, além das perdas salariais a
partir de 1958, eliminando grande parte do ufanismo desenvolvimentista.
 O crescimento urbano foi acompanhado pelo crescimento de uma classe média, em
grande parte vinculada ao setor de serviços, ampliando também o consumo.
 A inflação voltou a crescer e, apesar dos investimentos públicos no setor de serviços, as
cidades não estavam preparadas para o crescimento, pois atraíam milhares de
migrantes.
 A política para o setor agrário caracterizou-se pela manutenção do modelo tradicional.
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Dessa maneira, os financiamentos tradicionais garantiram a manutenção do latifúndio
ao mesmo tempo em que a não existência de uma nova política para o campo
garantia o fluxo constante de mão de obra barata, expulsa do campo e atraída pelas
novas oportunidades nas grandes cidades.
O movimento desenvolvimentista não cessou com o fim dos anos
JK, muito pelo contrário, é um modelo político que emerge –
adaptado, ressignificado – em momentos diversos do Brasil.
Durante o governo civil-militar entre 1964 e 1985, tivemos o chamado milagre
econômico: mesmo que em termos de fundamento tenham um papel diferenciado, é
um exemplo de como determinadas tendências aparecem e são reutilizadas em
outros momentos políticos.
 A concentração fundiária manteve-se e foi menos questionada, uma vez que toda a
discussão econômica passou a basear-se no desenvolvimento industrial.
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Outro comparativo possível é a adoção
de inspirações desenvolvimentistas
durante o governo Luíz Inácio – ainda
que com fortes tendências neoliberais e
com o foco na inclusão pelo consumo –,
traços desse valor são mantidos e
trabalhados.
Comparando modelos:
desenvolvimentismo de JK
O professor Tadeu Lemos discute agora um pouco sobre as semelhanças e diferenças
dos anos Vargas e JK, e como podemos perceber traços no modelo econômico da
ditadura civil-militar no Brasil.

20/04/2024, 20:00 Economia, Trabalho e Crise a partir dos anos 1930 no Brasil
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(PUC-RIO 2008- Adaptada) Leia o texto a seguir antes de responder:
“Como nasceu Brasília? A resposta é simples. Como todas as grandes iniciativas,
surgiu quase de um nada. A ideia da interiorização da capital do país era antiga,
remontando à época da Inconfidência Mineira. A partir daí viera rolando através das
diferentes fases da nossa História: o fim da era colonial, os dois reinados e os
sessenta e seis anos de República até 1955. [...] Coube a mim levar a efeito a
audaciosa tarefa. Não só promovi a interiorização da capital no exíguo período do
meu governo, mas que essa mudança se processasse em bases sólidas, construí,
em pouco mais de três anos, uma metrópole inteira – moderna e urbanisticamente
revolucionária – que é Brasília” (KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília?
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Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2000, p. 7. Coleção Brasil 500 Anos).
A partir da citação e de seus conhecimentos sobre o governo de Juscelino
Kubitschek (1956-1960), examine as afirmativas a seguir:
I – O projeto nacional-desenvolvimentista do governo JK caracterizou-se pelo
compromisso com a democracia e pela intensificação do desenvolvimento industrial
de tipo capitalista.
II – Integração do território nacional com a localização da capital no centro
geográfico simbolizando as entradas dos bandeirantes no mundo colonial.
III – A política econômica do governo JK, definida no Plano de Metas, apoiou-se no
incentivo aos investimentos privados de capital nacional e estrangeiro, bem como
nos investimentos estatais na infraestrutura nacional.
IV – Kubitschek apoiou-se na ideia de modernidade que resultou na qualificação do
período como “anos dourados”.
Assinale a alternativa correta:
A Somente as afirmativas I e II estão corretas.
B Somente as afirmativas I e III estão corretas.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
O constructo das frases aponta corretamente para o caminho desenvolvimentista,
mostrando suas variações e interpretações ao longo da história do Brasil. O governo
JK se caracterizou por um projeto nacional-desenvolvimentista no campo ideológico
e econômico, e com compromisso com a democracia e industrialização. A
integração do território nacional, com a localização da capital no centro geográfico,
simbolizava a modernidade. O Plano de Metas se baseou em investimentos privados
de capital nacional e estrangeiro, e nos investimentos estatais na infraestrutura
nacional. Kubitschek apoiou-se na ideia de modernidade que resultou na
qualificação do período, posteriormente, como “anos dourados”.
C Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
D Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.
E Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.
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Questão 2
(PUC-RIO 2007- Adaptada) Durante o governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira
(1956-1961), o setor socioeconômico caracterizou-se pelo desenvolvimentismo,
expressado pelo Plano de Metas, que continha trinta e um objetivos estratégicos
para o desenvolvimento do país.
Com base no exposto, examine as afirmativas a seguir.
I - Energia, transporte, alimentação e indústria básica foram os setores estratégicos
do governo JK.
II - A agricultura de exportação foi o setor econômico de maior expansão durante os
anos JK, permitindo acumulação de divisas estrangeiras.
III - O desenvolvimento industrial foi possível pela conjugação de investimentos
estatais e privados, entre os quais merece destaque a presença de capital
estrangeiro.
IV - A construção da nova capital – Brasília – foi considerada a meta síntese, pois
expressava, de um lado, os esforços de integração do território brasileiro e, de outro,
a modernidade do momento vivido.
Assinale a alternativa correta:
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A lógica é de perceber uma política de heranças e reestruturação de modelo por
conta do Plano de Metas, assim é no investimento de um Brasil urbano que
reconhecemos as características do governo Juscelino.
A Somente as afirmativas I e II e III.
B Somente as afirmativas II e IV.
C Somente as afirmativas I, III e IV.
D Somente as afirmativas II, III e IV.
E Somente as afirmativas I e IV.
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2 - Do milagre ao neoliberalismo
Ao �nal deste módulo, você será capaz de relacionar a crise econômica no Brasil da década
de 1980 com a adoção de políticas econômicas de orientação neoliberal.
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Antes de 1960
Antecedentes na década de 1960
O início do governo de Jânio Quadros foi marcado pelo julgamento contundente de
seu antecessor. A inflação alta e a desorganização administrativa formavam o núcleo
das críticas dirigidas a Kubitschek. O modelo econômico desenvolvimentista de JK
ocasionava uma crescente concentração de capitais, na introdução e incorporação de
novas e sofisticadas tecnologias, reforçando o domínio dos monopólios, a
concentração de renda e a internacionalização da economia.
A redução da taxa de
investimento, a partir de 1962,
faz parte do processo de
maturação do capital, em
resposta ao ritmo de
crescimento internacional.
Tais medidas agradaram ao
Esse processo encontrava
caminhos próprios, de acordo
com as condições externas,
com o crescimento da classe
média e do mercado
consumidor interno e por
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FMI, que deu sinal verde para a
renegociação da dívida externa
brasileira.
causa da corrosão dos
salários pela inflação.
FMI
O Fundo Monetário Internacional (FMI) foi criado em 1944 na Conferência de Bretton Woods. O objetivo era
auxiliar a reconstrução do sistema monetário internacional no período pós-Segunda Guerra Mundial, utilizando o
seguinte mecanismo: os países contribuem com dinheiro para o fundo por um sistema de cotas e, como
contrapartida, podem requisitar fundos emprestados temporariamente. O fundo funciona também como modo
de controlar o desenvolvimento econômico de seus membros, demandandopolíticas de autocorreção.
Estamos falando de um contexto de grande ebulição política. E tal agitação interferia
diretamente no ambiente econômico. As lutas políticas se sobrepunham à questão
econômica, com a organização e mobilização crescente dos trabalhadores em defesa
de seus salários e de suas bandeiras históricas. Com forte instabilidade política desde
a renúncia de Jânio Quadros, da tentativa de golpe, da imposição do Parlamentarismo,
da retomada das prerrogativas presidenciais após o plebiscito, intensificava-se um
quadro de crise econômica que o Plano Trienal do ministro Celso Furtado não
conseguiria reverter.
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Diante de um cenário econômico que apresentava perceptíveis
di�culdades no gerenciamento das contas públicas e dos contratos
externos, foi anunciada, em 30 de dezembro de 1962, a adoção de
um novo modelo geral de orientação da política econômica do
governo. Elaborado pela equipe che�ada pelo ministro
extraordinário do Planejamento, o economista Celso Furtado, o
Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social procurou
estabelecer regras e instrumentos rígidos para o controle do dé�cit
público e refreamento do crescimento in�acionário. No diagnóstico
apresentado e na terapêutica proposta, as linhas-mestras do plano
estão muito mais próximas do receituário ortodoxo acerca do
controle in�acionário do que das interpretações alternativas da
escola cepalina, da qual Furtado era um dos mais notáveis
representantes.
(SARMENTO, s/d)
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A regulamentação da Lei de Remessa de Lucros, limitando a saída dos ganhos das
multinacionais gerados no Brasil, aprofundou a crise em 1962. Acusando o governo de
atacar a propriedade privada e de instalar o comunismo, as forças políticas de direita
passaram a conspirar abertamente pelo golpe contra o presidente João Goulart.
Diante desse quadro, o governo insistiu em uma política econômica voltada a
solucionar a crise, com a retomada do desenvolvimento, conciliando interesses e
buscando a colaboração de classes. Não conseguiu.
Saiba mais
Reformas de base foi um conjunto de iniciativas do governo, como as reformas bancária, fiscal, urbana,
administrativa, agrária e universitária. Seu objetivo era a promoção de medidas nacionalistas tendo como
principal foco a intervenção do Estado na economia e a regulação do envio de lucros para o exterior. Entre as
reformas de base, a reforma agrária era a principal e objeto de maiores disputas políticas, visando eliminar
os conflitos pela posse da terra, por meio do acesso à propriedade de terra.
Política econômica na Ditadura
Militar
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PAEG e o milagre econômico
Logo após o golpe de 1964, o governo iniciou um programa econômico de
estabilização e reformas comandado pelo ministro do Planejamento, Roberto Campos,
e pelo ministro da Fazenda, Octavio de Gouvêa Bulhões. Eles lançaram as bases para
um novo ciclo de acumulação e desenvolvimento econômico no Brasil. Algumas
dessas reformas fizeram parte do Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG), que
havia sido discutido e elaborado em parte nos círculos do IPES antes do golpe.
Alguns objetivos do PAEG eram:
Devolver ao país o crescimento da segunda metade dos anos 50.
Pôr fim à inflação anual de três dígitos.
Corrigir o déficit externo; equilibrar as contas públicas.
Reduzir desigualdades regionais e sociais.
Gerar empregos.
IPES
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Foi um dos principais articuladores do movimento que culminou no golpe de 1964. Fundado em 1962 por
empresários e militares de alta patente, apresentava como objetivo fins educacionais. No entanto, o instituto
desenvolveu nos bastidores uma ampla campanha político-ideológica para desestabilizar o governo João
Goulart. Entre as ações estavam o financiamento de parlamentares e grupos oposicionistas, a infiltração em
movimentos populares e a disseminação de propagandas anticomunistas através de filmes, programas de TV,
publicações etc.
Entre 1964 e 1967, a economia brasileira cresceu a média anual de 4,2%, em um ritmo
dentro dos padrões da época. Antes do golpe, no primeiro trimestre de 1964, a
inflação acelerou em um nível anualizado de 140%, depois de ter atingido o nível
recorde de 81% em 1963.
A reversão do processo inflacionário foi
um dos objetivos primordiais da política
econômica no início do período militar e
teve como pilar principal o arrocho
salarial, por meio da correção de salários
com base na “inflação futura”.
Foi a fase da “inflação corretiva”, em que
houve aumentos nos preços
artificialmente represados, como tarifas
públicas, gasolina, trigo e outros
produtos.
A inflação fechou 1964 em 91%, e caiu para 34% em 1965, sem que houvesse um
grande aperto monetário, mas baseado no arrocho salarial. A partir de 1966, quando a
política monetária foi mais dura, houve dois anos seguidos de inflação em torno de
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25%, e nos três anos consecutivos, ela estacionou no nível de 20%. Percebe-se,
claramente, uma estratégia de transferência de renda nessa política econômica, que
tem seus efeitos agravados pelo conjunto do plano.
O PAEG incluiu uma reforma tributária, que criou impostos sobre valor agregado (ICM
e IPI), e universalizou o Imposto de Renda. O aumento dos impostos reduziu
substancialmente o déficit público, de 1964 a 1966. Outras medidas foram:
Unificação da Previdência, com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).
Criação de um mercado para títulos da dívida pública e da correção monetária.
Criação do Banco Central (inicialmente com independência, posteriormente retirada pelo presidente
Costa e Silva).
Fim da estabilidade de emprego aos 10 anos de trabalho, substituída, como “mecanismo de
proteção ao trabalhador”, pelo Fundo de Garantia do Tempo de Trabalho (FGTS).
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Lançamento das cadernetas de poupança e do financiamento da casa própria em larga escala, com
a fundação do Banco Nacional da Habitação (BNH) e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
Essas medidas resultaram em forte capitalização do Estado, na alavancagem das
empresas, em uma intensa rotatividade de mão de obra, e viabilizaram o período de
acelerado crescimento econômico a partir de 1968, conhecido como “milagre
econômico”.
Nesse contexto, o marechal Costa e Silva
chegou à presidência e elegeu como
prioridade o crescimento econômico.
Hélio Beltrão (Planejamento) e Antonio
Delfim Netto (Fazenda), apresentaram
novo diagnóstico e uma nova receita para
a crise brasileira, que desencadeou o
mais longo ciclo de crescimento
econômico do país.
Alavancada pelo confortável caixa do
Estado e pelo excesso de liquidez
internacional, a taxa de investimento
passou de 20% do PIB. Completavam o
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modelo: uma grande oferta de crédito e
subsídios ao setor privado,
especialmente nas áreas ligadas à
exportação; um rigoroso sistema de
controle de preços (implementado em
1967) e o arrocho salarial. Foi amaterialização do milagre econômico.
Entre 1968 e 1973, sobretudo no governo Médici, ainda com Delfim à frente da
economia, o país cresceu, em média, 12% ao ano. Houve o estímulo à atividade
econômica, como a expansão do crédito – incluindo, especificamente, o crédito ao
consumidor –, baixas taxas de juros e redução de compulsórios.
Destaca-se o desempenho do setor de bens de consumo
duráveis, como eletrodomésticos e carros, que cresciam
de 20% a 25% ao ano.
Uma iniciativa importante do governo foi a criação da Embrapa e as medidas de apoio
ao setor agrícola, que acompanharam a fase inicial do plantio de soja no Brasil,
modernizando setores agrícolas tradicionais, lançando as bases dos complexos
agroindustriais (CAIs). Foi o período das chamadas grandes obras para o Brasil
Grande:
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Transamazônica Ponte Rio-Niterói
Apesar da economia aquecida, a inflação caiu no período, saindo de 25% em 1968
para 16% em 1973. O ministro Delfim Neto, justificando a concentração de renda, dizia
que era necessário primeiro fazer crescer o bolo para depois dividi-lo. Algo que nunca
se efetivou na prática, pois as taxas de crescimento econômico não resultaram em
distribuição dos dividendos.
Redemocratização e a economia
Crise do milagre econômico
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Desde 1974, os países capitalistas entraram em uma fase de crescimento econômico
lento, frequentemente interrompido por recessões. As causas fundamentais dessa
crise estavam ligadas à aceleração da inflação, além das dificuldades decorrentes da
desorganização do sistema internacional de pagamentos, a partir do agravamento da
crise do dólar e do abandono da sua convertibilidade pelo governo americano em
1971.
Um aspecto essencial da crise econômica naquele momento foi a reação dos países
desenvolvidos à crise do petróleo.
Comentário
A crise consistiu na redução do consumo de derivados de petróleo e no esforço de aumentar as exportações,
sobretudo aos países da OPEP – todos não industrializados – e que tiveram que utilizar grande parte de seus
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petrodólares para pagar essas importações. O peso maior, portanto, recaiu sobre os países importadores de
petróleo, como o Brasil.
Sem equilibrar suas contas externas, apesar do crescimento de suas exportações de
bens industriais, o Brasil passou, a partir de 1974, a tomar empréstimos dos
banqueiros internacionais, cujos fundos provinham, em grande parte, dos excedentes
de petrodólares.
Com juros relativamente
baixos, mas flutuantes, os
recursos externos visavam ao
pagamento da conta petróleo
e ao financiamento do II Plano
Nacional de Desenvolvimento
(PND).
Com esses recursos, foi
possível financiar projetos
grandiosos como o Programa
Nuclear e o Projeto Carajás,
além do pagamento de juros
da dívida externa.
Dívida externa
A dívida externa subiu de US$3,3 bilhões para US$102 bilhões entre 1964 e 1984. Há dois grandes saltos no
período: em 1975 e no triênio 1979/80/81. No primeiro caso, os juros absorviam 8,2% da receita das
exportações em 1974 e 17,3% em 1975. A participação dos serviços da dívida era de 29% em 1974 e subiu para
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41% em 1975. No segundo período, como resultado da segunda crise do petróleo e da elevação da taxa de juros
dos Estados Unidos, o pagamento de juros correspondia a 27.5% em 1979, 31,3% em 1980 e 37% em 1981 da
receita das exportações.
Nesse contexto, a inflação brasileira crescia a 34% ao ano.
Para um país extremamente dependente de petróleo importado, era muito grave a
dimensão restritiva desse choque para o modelo de desenvolvimento brasileiro. A
imagem de ilha de prosperidade era de vital importância para um regime que possuía
como principal base de legitimação o bom desempenho da economia.
Abertura política e impactos na
economia
Entrada do neoliberalismo no Brasil
A vitória do partido de oposição, o MDB, em 1974, elegendo um terço do Senado,
mostraria o descontentamento de grande parte da população com o regime,
acarretando a ampliação de espaços de crítica. Isso evidenciou a falta de apoio
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político interno para um ajuste que pudesse ser abertamente associado à recessão.
Com o peso maior dos condicionantes internos e a abundância de créditos externos
que financiassem os déficits em conta corrente, optou-se pela linha de menor
resistência, o endividamento externo permitindo o aumento dos investimentos e um
ajuste mais gradual.
A inflação, que tenderia a crescer como efeito colateral, nessa
visão, não seria um problema para a economia.
O II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) lançado no final de 1974, forneceria as
principais diretrizes econômicas de longo prazo gestadas pelo governo, entre as quais,
destacamos:
Grande ênfase nas indústrias básicas, notadamente no setor de bens de capital, e de eletrônica
pesada, assim como no campo dos insumos básicos, a fim de substituir importações e, se possível,
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abrir novas frentes de exportação.
No setor energético, optou-se por uma aceleração dos investimentos de prospecção, principalmente
na bacia de Campos (RJ), e na execução de um programa de elevação de 60% da capacidade
geradora de energia hidroelétrica, que viabilizaria a expansão da produção e da exportação de bens,
como o alumínio, produzidas com intenso consumo de energia.
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O investimento no domínio da tecnologia termonuclear, viabilizada pelo acordo Brasil-Alemanha.
Os principais instrumentos da política industrial, carros-chefes na estratégia de
desenvolvimento, foram:
O crédito do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) sobre a aquisição de
equipamentos.
A depreciação acelerada para equipamentos nacionais.
As isenções do imposto de importação.
O crédito subsidiado.
A reserva de mercado para alguns setores.
A garantia de preços.
Os órgãos de implementação dessa política foram o Conselho de Desenvolvimento
Industrial (CDI), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), o Conselho
de Política Aduaneira, a Carteira de Comércio Exterior (Cacex) do Banco do Brasil e o
Conselho Interministerial de Preços (CIP).
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A primeira crise do petróleo, em 1973, teve como consequências para o Brasil não só a
elevação do preço do produto e de derivados, mas também o aumento dos juros no
mercado financeiro internacional, encarecendo o fluxo de poupança externa. A política
desenvolvimentista do governo Geisel prosseguiu em ritmo menos acelerado, com
taxas de crescimento em torno de 4% ao ano, contra a média de 10% a.a. no período
anterior. Essa “marcha forçada” da economia teve em 1979 o seu limite, com o início
de uma política recessiva de ajuste, promovida pelo governo, conforme o receituário
do Fundo Monetário Internacional (CASTRO; SOUZA, 1985).
A diferença mais importanteda experiência brasileira da década de 1970, tanto em
relação às experiências anteriores quanto às de outros países, é que a opção pela
política de substituição de importações foi feita sem que houvesse descontinuidade
no incentivo às exportações. Estas passaram de 7,5% do PIB em 1974 a 8,4% em 1980,
enquanto as importações caíram de 11,9% para 9,5% do PIB no mesmo período,
apesar do segundo choque do petróleo.
A chave do sucesso da política industrial brasileira na década de
1970 foi a combinação de estímulos, incomum se comparada com
outras experiências no Terceiro Mundo.
No que se refere ao salário mínimo, tomando o valor inicial, vejamos sua trajetória:
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1943
O valor era equivalente a 100.
1964
O valor era de 92.
1968
O valor era de 68.
1975
O valor era equivalente a 55.
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Isso evidencia um processo de gradativa redução do salário mínimo como parte da
política econômica do país. O crescimento evidenciado no período não se desdobrou
em melhoria na distribuição de renda.
A chegada do neoliberalismo como opção de política econômica não pode ser
entendida como mera opção, ou uma tomada de escolha de Fernando Collor e dos
presidentes que vêm depois, o processo é mais complexo; por isso, o professor Tadeu
Lemos marca esses desdobramentos e contextos.
1980
O valor era de 60.
1985
O valor era de 52.
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Neoliberalismo e o contexto: dentro
e fora
O professor fará o exercício de relacionar o Brasil dentro e fora, pensando como
podemos notar que o contexto interno de nossa economia impulsiona o
neoliberalismo como solução e o contexto do comércio e das novas dinâmicas
internacionais são um instrumento de pressão.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
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Questão 1
A economia brasileira cresceu muito durante no período entre 1969 e 1973. Essa
fase ficou conhecida como época do milagre econômico. Qual das alternativas a
seguir aponta características desse período?
A
Investimentos nos setores culturais e educacionais, baixo índice de
endividamento externo, distribuição de renda de forma justa.
B
Forte crescimento do PIB, investimentos em infraestrutura e
elevados empréstimos vindos do exterior com aumento da dívida
externa.
C
Elevados investimentos externos (principalmente da União
Soviética), inflação muito baixa e controlada e aumento do consumo
das camadas mais pobres da sociedade.
D
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Parabéns! A alternativa B está correta.
O processo é marcado pelas dinâmicas econômicas em uma perseguição de
números e de influências estratégicas, como o endividamento externo buscado pelo
contexto internacional.
Questão 2
Do ponto de vista econômico, os anos 1980, no Brasil, são considerados como a
“década perdida”, pois os índices de crescimento da economia, que chegaram a
atingir a casa dos 10% anuais entre 1950 e 1970, caíram a taxas inferiores a 1%.
Sobre os fatos que podem explicar essa queda analise as seguintes afirmativas:
I - O excesso de intervenção do Estado na economia durante o governo militar criou
inúmeras empresas estatais, aumentando o peso da máquina estatal e o déficit
Criação de programas de distribuição de renda, incentivo à reforma
agrária, aumento significativo das exportações de máquinas e
produtos tecnológicos.
E
O maciço investimento humanitário estadunidense para evitar a
influência soviética.
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público.
II - A crise do petróleo de 1979 diminuiu a oferta do produto e, consequentemente,
aumentou o seu preço, prejudicando os países importadores desse combustível,
como o Brasil.
III - O aumento deliberado do salário mínimo ampliou a renda dos trabalhadores,
permitindo o seu maior acesso ao mercado de consumo e, dessa maneira,
provocando inflação e carência de produtos.IV - O crescimento do endividamento
externo, derivado dos empréstimos tomados pelo governo militar para ampliar os
investimentos no país, tornou-se impagável depois que os bancos internacionais
aumentaram as taxas de juros.
Estão corretas as afirmativas
A I, II e III, somente.
B I, II e IV, somente.
C I, III e IV, somente.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
A tendência de os governos brasileiros procurarem resolver os problemas do déficit
público sem cortar gastos ou ampliar receitas, mas aumentando a emissão de
moedas, com o acirramento do surto inflacionário, não visava ao aumento dos
salários para poder de compra, pelo contrário, este foi intensamente prejudicado no
modelo.
D I, III e IV, somente.
E II e III, somente.
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3 - Crise da dívida externa na década de 1980 e a
emergência do neoliberalismo
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as características da economia
neoliberal no Brasil.
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A década de 1980
Crise econômica da década de 1980
As políticas de estabilização econômica nos anos 1980 no Brasil tiveram
características pouco consistentes e contraditórias. O ponto em comum entre elas é o
fato de que seu fracasso foi sempre acompanhado de pressão de setores
exportadores por desvalorizações da moeda brasileira e ameaça de crise cambial –
isto é, crise envolvendo o valor do dólar e outras moedas estrangeiras. A política
cambial tinha como foco combater a inflação, estabelecendo uma paridade a médio
prazo, com a cotação do dólar fixada em NCz$1,00 (um cruzado novo), após uma
desvalorização da moeda em 18%.
Atenção!
Outro ponto importante nesse período é acerca da dívida externa. No período 1978-1983, as dívidas externas,
bruta e líquida, cresceram em média 16% e 20% a.a., respectivamente. Isso fez com que o passivo externo
líquido triplicasse em seis anos. Essa revalorização da dívida externa com o choque das taxas de juros e a
sobrevalorização do dólar agravaram ainda mais as dificuldades de renegociação da dívida com o cartel de
bancos privados e os órgãos oficiais internacionais, enfraquecendo a posição dos países devedores.
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Em meados de 1980, a equipe econômica já percebia os primeiros sinais de escassez
de financiamento externo, evidenciando a disposição dos credores de cobrar pesados
custos internos no curto prazo para financiar o ajuste. Todavia, manteve-se a
programação dos investimentos, incluindo-se no III PND investimentos relacionadosà
exploração do petróleo, à substituição de energia na indústria e no transporte, à
substituição de importações de insumos básicos e para atividades voltadas para a
exportação.
A vulnerabilidade financeira
externa do Brasil só ocorreu a
partir da decretação da
moratória pelo México, em
agosto de 1982, e do corte do
financiamento internacional
pelos bancos privados.
A brusca retração dos
empréstimos por parte do
sistema financeiro
internacional, desde então,
teve como complemento o
tratamento da questão da
dívida externa como um
“problema de liquidez”.
Os países devedores deveriam se submeter a um programa de ajuste ortodoxo
fiscalizado pelo FMI, baseado na obtenção de recursos financeiros que

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possibilitassem a solução do problema de liquidez. Estabelecia-se a negociação “caso
a caso”, fragilizando a posição dos países devedores e dificultando a sua articulação.
O governo brasileiro tornou-se um importante elemento nesse processo, sendo um
dos primeiros países engajados nessa estratégia. Como resultado dessa postura, o
desequilíbrio nas contas externas e a inflação passaram a ser um problema
fundamental: a crise tornou-se crônica, a instabilidade macroeconômica levou à perda
de credibilidade e a uma política de ajuste permanente.
O ano de 1983 seria marcado pela tentativa de ajuste externo e uma brutal recessão.
As difíceis negociações com o sistema financeiro internacional levariam à elaboração
de sete cartas de intenções até 1985, com promessas e metas não cumpridas de
ambos os lados.
Mesmo assim, as metas estabelecidas pela equipe econômica para as contas
externas foram atingidas em 1983. Para isso, convergiram a recessão interna, o
arrocho salarial, a maxidesvalorização do câmbio, a redução nos preços do petróleo e
nas taxas de juros e o fim da recessão nos Estados Unidos. A política econômica de
1983 e 1984 teria duas etapas:
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Resistência, com o governo limitando
o ajuste à regularização das contas
externas até novembro de 1983.
Adoção explícita de um programa de
ajuste recessivo do FMI.
A orientação econômica assentava-se em alguns pontos essenciais:
Contenção salarial.
Controle de gastos do governo e aumento da arrecadação.
Elevação das taxas de juros internas e contração da liquidez real.
Incentivo às exportações e políticas especiais para o setor energético,
agricultura e pequenas empresas.
A contenção da inflação teria decorrido principalmente dos efeitos da expansão da
agricultura e da queda dos seus preços relativos em 1980, resultado tanto de um
crescimento na produção como de um declínio nos preços dos produtos de
exportação no mercado internacional.
A base de sustentação dessa política era a compressão interna para a obtenção de
expressivos superávits na balança comercial, mas que resultou no agravamento da
inflação, das finanças públicas, da queda real dos salários (descontada a inflação) e
da recessão.
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Com os diversos decretos-lei que ditaram a política salarial, ficava claro que a
contenção – ou o arrocho – salarial funcionava como uma âncora e era condição para
a aprovação externa. As intervenções e pressões externas de banqueiros, de governos
e de instituições internacionais, como o FMI, eram decisivas. Advertências sobre o
“não desperdício de oportunidades”, ou ameaças ao “futuro do Brasil”, multiplicavam-
se na imprensa dirigidas ao governo e ao Congresso, para a aprovação de “medidas
necessárias”.
Prevalecia no governo a política de imposição de enormes perdas
para os trabalhadores assalariados.
A retomada do crescimento, a consequente dinamização do mercado de trabalho e a
resistência organizada dos trabalhadores aboliram, na prática, a lei salarial.
Das Diretas ao governo Sarney
Economia em contexto de redemocratização
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As condições políticas internas ampliariam as margens de manobra da equipe
econômica na negociação com os credores no início da década de 1980: era uma
conjuntura política da transição para um governo civil – Sarney – e, em seguida, um
governo democraticamente eleito, pós-1989.
O ano de 1984 foi marcado pela
campanha das Diretas Já, com
grandiosas mobilizações nas principais
cidades do país, com mais de um milhão
de pessoas reunidas na Candelária, no
Rio de Janeiro, e no Vale do Anhangabaú,
em São Paulo. A derrota das “Diretas” no
Congresso – da emenda Dante de
Oliveira – e a eleição indireta de Tancredo
Neves (PMDB) confirmaram o
conservadorismo no processo de
transição da ditadura para a democracia
e o caráter das alianças que a
sustentavam.
Apesar do slogan oposicionista “Fora daqui, com o FMI”, de Tancredo Neves, e de ele
ter dito que “não pagaria a dívida com a fome e a miséria do povo brasileiro”, a equipe
econômica montada por Tancredo e mantida por José Sarney, liderada pelo ministro
da Fazenda Francisco Dornelles, não apresentou qualquer resistência ao modelo
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imposto pelo FMI. A política econômica de Dornelles manteve os dogmas do FMI:
defendia a redução do déficit público através do corte nos gastos públicos. Entre as
medidas adotadas, decretou um corte de 10% no orçamento fiscal (além dos 15%
estabelecidos pela equipe anterior) e suspendeu por 90 dias os empréstimos de
fomento do Banco do Brasil.
Esperava-se diminuir a demanda interna, reduzir o patamar
inflacionário e promover as exportações, realizando
conjuntamente ajustes interno e externo.
O caminho proposto seria um “pacto social”, conforme vislumbrava o governo Sarney:
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Na prática, ele se aplicaria na
inexistência de vontade
política e de ceder,
efetivamente, por parte de
políticos ligados ao governo e
empresários.
Assim, as negociações que
poderiam conduzir a algum
“consenso mínimo” em torno
de temas como estabilização,
crescimento econômico,
reajuste de preços e salários,
fracassaram na década de
1980.
O setor público, que progressivamente foi assumindo a dívida do setor privado – e
considerado o culpado pela crise –, cada vez mais encontrou dificuldades para o seu
financiamento, pois dívidas e encargos se alimentavam mutuamente.
Entre 1985 e 1989, a política econômica passou por diversas reviravoltas, oscilando
entre o maciço apoio da população e a total perda de credibilidade. Nesse período, a
inflação se multiplicou por quatro, chegando a 1.000% ao ano e às portas da
hiperinflação.

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Modelo econômico neoliberal
O modelo econômico neoliberal e seus
limites para a democracia
No balanço da Constituição de 1988, pode-se dizer que ela representou a afirmação de
uma tentativa de conciliação de classes. Os trabalhadores urbanos, sem considerar as
divergências de posicionamento entre os partidos e centrais sindicais, obtiveram
algumas conquistas políticas, econômicas e sociais.
Apesar da intensa articulação preparatória, os empresários não
obtiveram êxito em várias reivindicações, por suas divisões
internas,dificuldades com seus representantes ou o pouco
interesse do governo.
O lobby da União dos Empresários Brasileiros (UEB) não conseguiu virar a página:
perdeu na reserva de mercado, na definição de empresa nacional, no uso do subsolo,
na regulamentação dos direitos trabalhistas e organização sindical etc.
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Entre aqueles que poderiam se considerar derrotados, destacam-se os trabalhadores
rurais (ou camponeses), liderados por CONTAG, CUT e MST, sobretudo em relação à
proposta de reforma agrária: houve uma derrota dos setores populares na
Constituinte; contudo, a derrota – as principais conquistas foram pontuais – não
ocultava o fato de um partido com pequeno número de representantes ter conseguido
estabelecer uma liderança expressiva e polarizar, de fato, o debate político no país.
A Constituição de 1988 trouxe conquistas em dois aspectos:
Do ponto de vista
político
Maior participação popular, por meio
do voto e de organização em partidos
e movimentos sociais.
Do ponto de vista
econômico
Manutenção do capitalismo liberal,
com seus pressupostos de lucro,
propriedade privada e livre iniciativa
econômica.
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O paradoxo da Constituição de 1988 é que a democracia nela inscrita significaria a
redução das desigualdades por meio de um Estado de Bem-Estar Social.
Ao mesmo tempo em que defendia as prerrogativas da democracia liberal-
representativa, de um ponto de vista político, abria-se caminho para o
desenvolvimento do programa neoliberal na economia. Esses valores primavam pelo
fortalecimento da iniciativa privada, tendo em conta o pressuposto da livre
concorrência.
Vista dessa forma, a livre concorrência assume o significado de liberdade, e liberdade
entendida como o mercado torna-se o pressuposto fundamental da atividade
econômica. Legalizam-se e legitimam-se as regras do mercado, limitando-se a
capacidade de intervenção do Estado na economia, que deveria agir somente quando
houvesse o imperativo de preservação da segurança nacional e do relevante interesse
coletivo.
Exemplo
Segundo essa lógica, o Estado não deveria atuar como empresário, salvo nos casos explicitados pela lei,
devendo o desempenho das estatais ocorrer nos parâmetros do funcionamento das empresas privadas, nas
quais eficiência e produtividade seriam destinadas à obtenção do lucro.
Como o princípio da livre iniciativa é um pressuposto básico da livre concorrência, deu-
se a equiparação entre a empresa pública e a empresa privada, colocadas ambas no
mesmo plano. Nessa visão neoliberal, para que a concorrência se tornasse possível,
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seria necessária a eliminação dos privilégios e vantagens das empresas públicas.
Essa visão de economia orientou os governos democráticos da década de 1990,
sobretudo os governos de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso.
A agenda de reformas ocorrida na década de 1990 seguia o estabelecido pelo
Consenso de Washington, onde tal reforma trabalhista deveria:
Consenso de Washington
É como ficou conhecido um conjunto de dez medidas econômicas formuladas durante uma reunião ocorrida em
Washington, Estados Unidos, em novembro de 1989, realizada por economistas de instituições financeiras,
como o Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. As
novas medidas estimulavam a competição entre as taxas de câmbio, davam incentivos às exportações e
previam a gestão de finanças públicas, se tornando a política oficial do Fundo Monetário Internacional em 1990,
no momento em que passaram a ser "receitadas" para promover o "ajustamento macroeconômico" dos países
em desenvolvimento que passavam por dificuldades. Atualmente, o termo Consenso de Washington é
relacionado à adoção de medidas neoliberais na economia.
Desonerar o capital e aumentar a competitividade da economia (no período, aumentaram a taxa de
desemprego, o subemprego, a precariedades das relações de trabalho).
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Implantar a reforma administrativa, com a diminuição dos gastos com o funcionalismo público e a
quebra da estabilidade no emprego.
Implementar a reforma da previdência, para reduzir gastos e ampliar o limite mínimo de idade para a
aposentadoria.
Executar a reforma tributária, para distribuir melhor a carga de impostos e combater a sonegação.
Governos Collor e Fernando
Henrique Cardoso
Política econômica
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Fernando Collor de Mello tomou posse em 15 de março 1990, implementando um
ambicioso programa de estabilização econômica, baseado em um inédito confisco
monetário:
O bloqueio dos saldos em
conta corrente e
cadernetas de poupança
que excedessem 50 mil
cruzeiros, procedimento
que, durante a campanha,
Collor acusara Lula de
pretender adotar caso
chegasse à presidência.
A moeda mudou de
cruzado novo para
cruzeiro. Foram adotadas
medidas de enxugamento
da máquina estatal, como
a demissão de
funcionários públicos e a
extinção de autarquias,
Ao mesmo tempo, o
processo de abertura da
economia nacional à
competição externa
facilitaria a entrada de
mercadorias e capitais
estrangeiros no país.
Congelados, preços e
salários passariam a ser
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fundações e empresas
públicas.
reajustados conforme
índices de inflação
prefixados.
Tais medidas, no entanto, não tiveram êxito. A inflação retomava sua escalada
ascendente em meio à recessão, ultrapassando 400% a.a.; a taxa de desemprego era
de 5,23%, o PIB de -4,6% em 1990 e a renda per capita retornando ao valor de 1979.
Como tentativa de resposta, o governo implantou o Plano Collor II em 31 de janeiro de
1991. No dia 7 de março, o governo lançou o Projeto de Reconstrução Nacional,
constituído por sete emendas constitucionais, 42 projetos de lei e dez decretos.
O conjunto de medidas objetivava reerguer a economia, resgatar a
dívida social e quebrar o monopólio estatal em várias atividades
Após substituir Zélia Cardoso de Melo por Marcílio Marques Moreira (ex-embaixador
em Washington) no comando da economia, o governo deu início à execução do
Programa Nacional de Desestatização, com a privatização da Usiminas. A política de
privatização, um dos pilares do Plano Collor, fora objeto de contestações desde o seu
anúncio.
Na comemoração do Dia do Trabalho em 1990, em Volta Redonda (RJ), entidades
sindicais e representantes de partidos de oposição (PDT, PT, PCB, PSB) haviam
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protestado contra a recessão, o desemprego e a intenção do governo de vender a
CSN.
Afastado do poder devido a inúmeras denúncias de corrupção, Fernando Collor deixou
o cargo em 1992 para que Itamar Franco, seu vice, assumisse seu lugar. O governo
Itamar implementou o principal programa de estabilização da moeda no contexto
democrático pós-Constituição: o Plano Real.
 Em 1 de julho de 1994, o ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso (FHC) lançou
o Plano Real, que se destacou por buscar a estabilização sem usar o congelamento depreços e salários.
 As medidas visavam conter os gastos públicos, acelerar o processo de privatização das
estatais, controlar a demanda, por meio da elevação dos juros, e pressionar diretamente
os preços pela facilitação das importações.
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Após 15 dias da implantação do real, já era flagrante a vertiginosa queda da inflação.
Alguns dos segmentos mais pobres da população se atreveram a incrementar suas
compras, provocando uma corrida ao crediário, apesar da manutenção das taxas de
juros em patamares muito altos. No mercado de câmbio, a relação do real com o dólar
foi estabelecida em termos inesperados, com a moeda nacional valendo mais do que
a norte-americana.
Fernando Henrique Cardoso tomou posse em 1 de janeiro de 1995, eleito na esteira da
popularidade do Plano Real. A continuidade do plano garantiu o apoio ao governo,
sobretudo pela estabilidade monetária, embora com a supervalorização do real, houve
o aumento do desemprego e defasagem salarial. Na agricultura, cerca de 1,5 milhões
 Com o plano, a moeda, que havia mudado de cruzeiro para cruzeiro real em agosto de
1993, mudou para real em julho de 1994.
 O programa previa a continuação da abertura econômica do país e medidas de apoio à
modernização das empresas.
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de postos de trabalho desapareceram entre 1995 e 1996, em decorrência do emprego
de novas tecnologias no campo. Na indústria, a busca por novos ganhos de
produtividade, por meio da reestruturação produtiva e a intensificação do capital,
também contribuiu para o aumento do desemprego no setor. A melhoria na
distribuição de renda foi pequena. Convivendo com crises internacionais no México e
na Ásia, em fins de 1997, o governo elevou a taxa de juros e lançou um pacote fiscal
para reduzir as despesas do governo e melhorar as receitas. Em 1998, o país foi
atingido ainda mais duramente pela crise financeira mundial: houve desaquecimento
da economia e aumento do desemprego.
Com amplo apoio político, consolidado a
partir de uma sólida base no Congresso,
os governos FHC (reeleito em 1998)
obtiveram êxito em seu plano de
reformas econômicas do Estado.
A ampla base de apoio no Congresso
possibilitou a continuidade do processo
de privatizações, principalmente na
telefonia e mineração, com a quebra dos
monopólios estatais nas áreas de
Comunicação e Petróleo e a eliminação
de restrições ao capital estrangeiro.
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Era o Programa Nacional de
Desestatização.
Um dos pontos centrais para a manutenção da estabilidade econômica foi o controle
dos gastos públicos. Foi visando a esse objetivo que o governo FHC aprovou, em maio
de 2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a qual impede que os governantes gastem
mais do que a capacidade de arrecadação prevista no orçamento dos municípios, dos
estados e da União.
A agenda econômica liberal no
Brasil
Mas será que acabou? O professor Tadeu explora o conceito e aponta como os
fundamentos da economia neoliberal são fortes na história recente do Brasil.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Em junho de 1994, durante o mandato presidencial de Itamar Franco, o então
ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, anunciava à nação um novo plano
econômico, denominado Plano Real. Entre as principais características do Plano
Real podemos citar
A
a reforma monetária com equiparação do valor da moeda nacional
ao dólar e estruturação de um plano de intervenção reguladora do
Estado na economia.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
A ideia de elaborar um sistema complexo de controle de gastos públicos com a
redução da máquina do Estado foi premissa do Plano Real para gerar compreensão
B a apresentação de um programa de privatização de estatais,
elevação da taxa de juros e reforma monetária com equiparação do
valor da moeda nacional ao dólar.
C
a elevação da taxa de juros, desvalorização da moeda nacional e
aceleração do processo de privatização exclusivamente do setor de
telecomunicações.
D
a privatização de estatais, diminuição da taxa de juros e criação de
uma fiscalização popular da variação diária de preços dos produtos
considerados essenciais.
E
o estabelecimento de uma nova regra para correção da poupança,
substituindo o IPC (Índice de Preço ao Consumidor) pelas LFTs
(Letras Financeiras do Tesouro).
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clara dos gastos, valor da moeda e credibilidade internacional.
Questão 2
Inspirado no liberalismo clássico e em clara oposição ao Keynesianismo, o
neoliberalismo propõe, entre outras medidas:
I. O desenvolvimento de uma política de privatização das empresas estatais para
reduzir o papel do Estado na economia.
II. O fortalecimento dos sindicatos e a ampliação dos direitos trabalhistas.
III. A redução das barreiras para a circulação de mercadorias e capitais entre países,
promovendo, assim, uma abertura econômica.
Estão corretas
A apenas I e II.
B apenas I e III.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
A relação é entre o momento vivido e como as disputas teóricas se materializam em
decisões políticas. Assim, as formas de neoliberalismo como solução são
apresentadas item a item, com o que é criticado, mas que faz parte do escopo do
olhar necessário segundo a teoria.
C apenas II e III.
D apenas III.
E apenas II.
20/04/2024, 20:00 Economia, Trabalho e Crise a partir dos anos 1930 no Brasil
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Considerações �nais
Neste conteúdo, abordamos a presença do desenvolvimentismo, suas novas formas
em um modelo que flerta com a economia internacional e a entrada no Brasil em um
modelo neoliberal a partir da década de 1990.
As mudanças não foram rápidas, mas em camadas de sutileza e disputas políticas,
somadas a estratégias econômicas.
Podcast
Para encerrar, ouça um breve resumo sobre os principais aspectos sobre economia,
trabalho e crise a partir de 1930.
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20/04/2024, 20:00 Economia, Trabalho e Crise a partir dos anos 1930 no Brasil
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Explore +
Assista ao filme Os anos de JK (1980), de Silvio Tendler, para aprofundar seu
conhecimento sobre a política econômica empreendida por Juscelino Kubitschek na
década de 1950.
Assista ao documentário O longo amanhecer (2020), de José Mariane, para conhecer a
biografia e o pensamento econômico de Celso Furtado, membro da Cepal, ministro da
Fazenda do governo João Goulart e um dos principais economistas da história
brasileira.
Assista à entrevista do economista Antonio Delfim Netto, ministro da Fazenda no
contexto do milagre econômico da ditadura militar, no programa Roda Viva,

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