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Metabolismo renal Astria Dias Ferrão Gonzales 2024 Funções dos rins Regulação do conteúdo de água e eletrólitos no corpo. Retenção de substância vitais ao organismo Manutenção do balanço ácido básico do sangue. Excreção de produtos residuais, substâncias tóxicas polares e drogas. Produção de hormônios Auxiliar na manutenção da homeostase da glicemia Energia para o Transporte ATP é derivado do metabolismo oxidativo da glicose, lactato, piruvato, ácidos graxos, glicerol e aminoácidos absorvidos presentes sangue, oriundos da dieta, das reservas internas ou sintetizados endógenamente. Constituentes orgânicos g/day ureia 20 – 30 creatinina 1 – 1,5 ácido úrico 0,3 – 2,0 Hipourato 0,15 Glicose < 0,16 corpos cetônicos < 3 Aminoácidos < 1 – 3 Proteínas < 0,15 Constituentes inorgânicos m m o l / day Cl- 120 – 240 Na+ 100 – 150 K+ 60 – 80 SO4 2- 30 – 60 NH4 + 30 – 50 HPO4 2- 10 – 40 Ca2+ 4 – 11 Mg2+ 3 – 6 Composição da Urina Homeostase de glicose A insulina, secretada por células β pancreáticas, é um hormônio-chave que é agudamente aumentado em resposta ao consumo de alimentos (pós-prandialmente), quando os níveis de glicose no sangue estão elevados [18]. Esta glicose é distribuída ao redor do corpo através da corrente sanguínea, com ~14 transportadores de glicose (GLUTs) separados direcionando a absorção em vários tecidos. O grau de captação de glicose por mecanismos dependentes de insulina também é específico do tecido, com alguns tecidos expressando GLUTs predominantemente sensíveis à insulina (por exemplo, GLUT4), enquanto outros dependem do transporte independente de insulina via GLUTs, como GLUT2. A insulina não só desempenha um papel na captação de glicose no músculo e no coração, mas estimula especificamente a síntese de glicogênio. Para a maioria dos indivíduos saudáveis, os níveis de glicose no sangue estão na faixa de 72 a 99 mg·dL−1, o que pode aumentar para 140 mg·dL−1 2 horas após a ingestão. A quantidade total de glicose no sangue é de cerca de 4 g para um adulto saudável, o que mantém o metabolismo energético dos tecidos do corpo e a maioria da glicose (60%) no corpo humano é consumida pelo cérebro diariamente através de vias aeróbicas, e o restante é utilizado principalmente por eritrócitos, músculo esquelético e músculo cardíaco https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6796499/https://febs.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/febs.15648 Homeostase de glicose- Glicogênio Glicogênio em vários tecidos. O transportador de glicose predominante e o conteúdo/estrutura de glicogênio em condições diabéticas e não diabéticas é resumido para o fígado, músculo esquelético, coração, tecido adiposo e renal. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6796499/ Estado alimentado • Após uma refeição, o fígado remove o excesso de glicose do sangue e a armazena na forma de glicogênio. • O fígado tem o maior teor de glicogênio (~ 100 g) do corpo, com até 10% de seu p e s o s e r v i n d o c o m o reservatório de glicose do corpo. • Ao contrário do fígado, o m ú s c u l o t e m u m a concentração muito menor de glicogênio (1 a 2% da massa muscular), que é u s a d a p a r a a u t o - abastecimento; no entanto, a q u a n t i d a d e t o t a l d e glicogênio muscular em uma pessoa de 70 kg pode chegar a 400 g, muito mais do que 100 g da quantidade total de glicogênio hepático Jejum A maioria dos tecidos não hepáticos, incluindo o músculo e o cérebro, libera g l i c o s e d o g l i c o g ê n i o p a r a s u a s necessidades diretas de energia celular, em vez de para o uso por outros tecidos com base na falta de glicose-6-fosfatase (G6Pase) https://febs.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/febs.15648 Sobrevivência ao jejum Jejum Metabolismo de glicídios Glicogênio e glicose se transformam um no outro através das vias de síntese e degradação do glicogênio. A glicose é armazenada como glicogênio principalmente no citoplasma do fígado e do tecido celular muscular, e em pequenas quantidades nos tecidos cerebrais. Enquanto o glicogênio no fígado atua como a principal fonte de depósito que mantém a homeostase da glicose no sangue, o glicogênio nos músculos esqueléticos fornece energia aos músculos durante o esforço de alta intensidade. Metabolismo de glicídios A glicose é o principal combustível energético para o cérebro humano. A manutenção da homeostase da glicose é, portanto, crucial para atender às demandas de energia celular em ambos os estados fisiológicos normais e durante o estresse ou o aumento das demandas. A g l icose é armazenada como g l icogênio principalmente no fígado e no músculo esquelético, com uma pequena quantidade armazenada no cérebro. O glicogênio hepático mantém principalmente os níveis de glicose no sangue, enquanto o glicogênio do músculo esquelético é utilizado durante o esforço de alta intensidade, e o glicogênio cerebral é uma fonte de energia cerebral de emergência. Metabolismo renal de glicose • Os rins desempenham um papel cada vez mais apreciado nos sistemas de controle de glicose do corpo. • O glicogênio é um polímero de armazenamento de glicose altamente ramificado encontrado em muitos tecidos, com seu papel dependente do tecido. • O diabetes mellitus envolve uma ruptura no controle da glicemia e está associado a mudanças no conteúdo e na estrutura do glicogênio, sendo essa a causa predominante de doença renal crônica e renal terminal (~20-40% de pessoas). • O glicogênio se acumula nos rins com diabetes, no entanto, seus efeitos na glicose no sangue e na função renal permanecem desconhecidos. • Os rins são cada vez mais reconhecidos como importantes reguladores da homeostase da glicose no sangue. Isso ocorre porque eles não apenas reabsorvem ativamente a glicose filtrada na corrente sanguínea, mas também produzem glicose via gliconeogênese. • Os rins são responsáveis por ~20-25% da liberação total de glicose no corpo, sendo assim responsáveis por ~40% de toda a gliconeogênese no corpo. • Na ausência de DM, níveis muito baixos de glicogênio renal são encontrados. No entanto, em indivíduos com DM, há um acúmulo significativo de glicogênio renal. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6796499/ Metabolismo energético renal TIAN & LIANG,(2021) NATURE COMMUNICATIONS 12:963, p. 1-12. Principais vias metabólicas em cada região do néfron. • Glicólise • Gliconeogênese • β-oxidação dos ácidos graxos • Cetogênese e cetólise • Metabolismo de lactato • Ciclo de Krebs • Metabolismo de glutamina • A glicose na corrente sanguínea como uma pequena molécula é filtrada livremente pelos glomérulos, que são componentes-chave do sistema de filtração do rim. Aproximadamente 160 g de glicose são filtrados pelos rins a cada dia, mas sob condições hiperglicêmicas isso pode aumentar até um limite de ~450 g. • Quando as concentrações de glicose no sangue estão dentro de uma faixa fisiológica de 4,0 a 7,8 mmol/L, efetivamente toda a glicose filtrada é reabsorvida, já que a perda de glicose na urina seria energeticamente ineficiente. • No estado pós-prandial, o rim libera uma quantidade equivalente de glicose recém-formada (gluconeogênese) à do fígado, mas esses órgãos usam diferentes precursores de aminoácidos para a síntese de glicose, ou seja, glutamina e alanina, respectivamente. • Além disso, os rins estão diretamente envolvidos na degradação da insulina, de modo que pelo menos 25% da insulina secretada diariamente é limpa por filtração glomerular e degradação tubular. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6796499/ Glicólise x gliconeogênese *A gliconeogênese ocorre somente nos hepatócitos e células renais. A gliconeogênese ocorre em todos os animais, vegetais, fungos e microrganismos. As reações são essencialmente as mesmas em todos ostecidos e em todas as espécies. Os precursores importantes da glicose em animais são compostos de três carbonos como o lactato, o piruvato e o glicerol, assim como certos aminoácidos. Em mamíferos, a gliconeogênese ocorre principalmente no fígado (cerca de 60%), e em menor extensão no córtex renal e nas células epiteliais que revestem internamente o intestino delgado. A glicose assim produzida passa para o sangue e vai suprir outros tecidos. Após exercícios vigorosos, o lactato produzido pela glicólise anaeróbia no músculo esquelético retorna para o fígado e é convertido a glicose, que volta para os músculos e é convertida a glicogênio – circuito chamado de ciclo de Cori. Catabolismo de aminoácidos Aminoácidos glicogênicos Gliconeogênese renal Principal substrato é a glutamina Outros substratos são alanina, lactato, glicerol ou frutose (todos obtidos a partir do plasma sanguíneo) A amônia derivada dos AA serve para tamponar o pH da urina. Gliconeogênese é induzida por cortisol (produzido pelo córtex da suprarrenal em resposta ao estresse- que inclui a hipoglicemia como fator desencadeador) Gliconeogênese hepática x renal •Após um jejum de 16h aproximadamente 10 μmol ⁄ (kg /min)de glicose é liberada na circulação. •Quase 50% dessa é resultante da glicogenólise hepática e a outra metade é produzida pela gliconeogênese hepática e renal. •O córtex renal (assim como o fígado) contém enzimas gliconeogênicas e pode sintetizar glicose 6-fosfato a partir dos seus precursores (lactato, glicerol, alanina e glutamina). •Como ambos os tecidos contém glicose 6-fosfatase são capazes de liberar glicose na corrente sanguínea, sendo assim esses dois órgãos os únicos capazes de realizar a gliconeogênese para manutenção da glicemia. •Após o jejum noturno, o fígado produz de 75-80 % da glicose liberada na circulação, enquanto 20-25% são derivadas da gliconeogênese renal. Rins e homeostase da glicose • O nefron, a unidade funcional do rim, é heterogêneo no que diz respeito ao metabolismo da glicose. • A reabsorção de glicose e a gliconeogênese são atividades quase exclusivas do túbulo renal proximal, onde a glicose não pode ser metabolizada e a oxidação de ácidos graxos serve como fonte exclusiva de energia celular. • Em contraste, a utilização de glicose, ou seja, a síntese e o armazenamento de glicogênio renal, e a oxidação de glicose com formação de lactato (metabolismo anaeróbico), ocorre somente nas células do túbulo distal e na medula renal. Estas diferenças são decorrentes da distribuição diversificada de enzimas nos túbulos renais proximal, distal e na célula da medula renal. • A função renal dedicada à manutenção da homeostase da glicose depende, em grande parte, da integridade destes fatores físicos (fluxo de sangue) e bioquímicos (enzimas e transporte). Portanto, qualquer alteração no fluxo sangüíneo renal, no ritmo de filtração glomerular e na função tubular pode gerar distúrbios na homeostase da glicose. Captação de glicose e gliconeogêse Síntese e degradação de glicogênio e formação de lactato Glicólise e gliconeogênese renal Síntese e utilização de corpos cetônicos • Produção de corpos cetônicos: acetoacetato, β hidroxibutirato e acetona •Realizado nas mitocôndrias do tecido hépático a partir de moléculas de Acetil coA •Em condições normais: utilizado como fonte de energia para músculo cardíaco e esquelético, rins e cérebro. Cetogênese Síntese e utilização de corpos cetônicos • Acetoacetato e β-hidroxibutirato são lançados no sangue para uso dos tecidos extra-hepáticos. PUCHALSKA & CRAWFORD, Cell Metabolism25, February 7, 2017 Síntese e utilização de corpos cetônicos Síntese e utilização de corpos cetônicos • A cetogênese aumenta durante o jejum e na diabetes tipo I • A presença de corpos cetônicos no sangue é chamado de cetonemia e seu aumento de hipercetonemia. • A presença de corpos cetônicos na urina é chamada de cetonúria O excesso de β-OHB no sangue reduz a lipólise no tecido adiposo e diminui a taxa metabólica nos tecidos. Ácido úrico O ácido úrico é um sólido incolor, inodoro e insípido. O ácido úrico é uma purina, classe de compostos químicos que engloba a adenina e a guanina (as purinas presentes nas bases do DNA), e a cafeína. É praticamente insolúvel em água. Contudo, possui pKa de 5,8 e pode formar sais os quais são também, em sua maioria, pouco solúveis O ácido úrico é um produto de excreção final do catabolismo de ácidos nucléicos sendo encontrado em quantidades elevadas nas fezes (guano) de aves, répteis e morcegos. É a presença de ácido úrico nas fezes de aves que faz com que estas danifiquem a pintura dos carros. Em humanos, é encontrado em pequenas quantidades no sangue e na urina humana. Digestão e absorção de ácidos nucleicos Os ácidos nucléicos ingeridos não sofrem efeito das enzimas gástricas, mas no intestino delgado, ribonuclease e deoxiribonuclease I e II, que são secretadas no suco pancreático, hidrolisam os ácido nucléicos, principalmente a oligonucleotídeos. Estes são então hidrolisados por fosfodiesterases, também secretadas pelo pâncreas, para a liberação de 5’- e 3’-mononucleotídeos. A maioria destes é hidrolisada a nucleosídeos por variáveis grupos específicos de nucleotidases ou por uma variedade de não-específicas fosfatases. Os nucleosídeos resultantes podem ser absorvidos intactos pela mucosa intestinal, ou eles podem ser submetidos a nucleosídeo fosforilases -nucleosidases (de purinas em geral, de pirimidinas em geral, de uridina e de timina) e fosforilados então a bases livres. A mucosa do intestino delgado é rica em nucleosídeo fosforilases, assim, mesmo os nucleosídeos absorvidos provavelmente serão, em sua maioria, hidrolisados a bases neste tecido. Experimentos indicam que tanto as purinas como pirimidinas de ácidos nucléicos ingeridos são usados apenas em pequena quantidade para a síntese de ácidos nucléicos para os tecidos, e, no caso das purinas, a maioria das bases é catabolisada. http://us.expasy.org/cgi-bin/nicezyme.pl?3.1.27.7 http://us.expasy.org/cgi-bin/nicezyme.pl?3.1.21.1 http://us.expasy.org/cgi-bin/nicezyme.pl?3.1.4.1 http://www.lbqp.unb.br/bioq/htm/biomoleculas/enzimas/3-1-3-5.HTM http://www.lbqp.unb.br/bioq/htm/biomoleculas/enzimas/3.1.3.1.2.htm http://www.lbqp.unb.br/bioq/htm/biomoleculas/enzimas/2-4-2-1.HTM http://www.lbqp.unb.br/bioq/htm/biomoleculas/enzimas/2-4-2-2.HTM http://www.lbqp.unb.br/bioq/htm/biomoleculas/enzimas/2-4-2-3.HTM http://www.lbqp.unb.br/bioq/htm/biomoleculas/enzimas/2-4-2-4.HTM Catabolismo de pirimidinas As vias para a degradação das pirimidinas geralmente levam à produção de NH4+ e assim, à síntese de ureia. Catabolismo de pirimidinas Catabolismo de purinas Reutilização de bases nitrogenadas As bases púricas e pirimídicas livres são constantemente liberadas nas células durante a degradação metabólica dos nucleotídeos. As purinas livres são, em grande parte, salvas e reutilizadas para sintetizar nucleotídeos, em uma via muito mais simples que a síntese de novo dos nucleotídeos púricos. Uma das principais vias de salvação consiste em uma única reação, catalisada pela adenosina-fosforribosil-transferase, na qual adenina livre reage com PRPP para produzir o correspondente nucleotídeo da adenina: Guanina e hipoxantina (produto da desaminação da adenina) livres são salvas por essa mesma via, pela hipoxantina-guanina-fosforribosil-transferase. Existe uma via de salvação semelhante para bases pirimídicas em microrganismos e, possivelmente, em mamíferos. Hiperuricemia e gota O ácido úrico é um ácido fraco (pKa 5,8) que existe largamente como urato, a forma ionizada, em pH fisiológico. A quantidade de urato no organismo é o resultado do balanço entre a ingesta dietética, a síntese endógena e a taxa de excreção. A hiperuricemia pode ser o resultado da redução da excreção de ácido úrico(85% a 90%) ou do aumento da produção (10% a 15%). Mesmo em indivíduos cuja excreção diária de ácido úrico esteja acima do normal (hiperprodutores), pode ocorrer redução relativa na eliminação renal do ácido úrico, ou seja, tanto a hiperprodução quanto a hipoexcreção contribuiriam para a hiperuricemia. Tratamento de hiperuricemia A gota pode ser tratada de maneira eficiente por uma c o m b i n a ç ã o d e t e r a p i a s nutricionais e farmacológicas. Alimentos especialmente ricos em nucleotídeos e ácidos nucleicos, como fígado ou produtos glandulares, devem ser removidos da dieta. Um grande alívio dos sintomas p o d e s e r o b t i d o p e l a administração de alopurinol, que inibe a xantina-oxidase, a enzima que catalisa a conversão de purinas em ácido úrico. O alopurinol é um substrato da x a n t i n a - o x i d a s e , q u e o c o n v e r t e e m o x i p u r i n o l (aloxantina). Quando a xantina--oxidase é inibida, os produtos de excreção do metabolismo das purinas são xantina e hipoxantina, que são mais hidrossolúveis que o ácido úrico e apresentam menor probabilidade de formar depósitos de cristais.
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